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TUTORIA 5 – NEUROLOGIA PERGUNTAS: 1. O que são os núcleos da base e do que são compostos? Consideram-se como núcleos da base os aglomerados de neurônios existentes na porção basal do cérebro. Eles são, mais especificamente, massas de substância cinzenta situadas na base do telencéfalo. 2. Quais são os núcleos da base? Os núcleos da base são: claustrem, corpo amigdaloide (amígdala), núcleo caudado, putâmen e globo pálido. Além do núcleo basal de Meynert e o núcleo accumbens. - Corpo estriado dorsal: núcleo caudado, putâmen e globo pálido. - Corpo estriado ventral: núcleos basal de Meynert e accumbens. 3. Onde estão localizados os núcleos da base (identificar em diferentes cortes, relações anatômicas)? Os núcleos da base estão localizados no centro branco medular do cérebro, no interior do qual existem massas de substância cinzenta, que são os núcleos. ● Núcleo caudado = Toda sua extensão é relacionada com os ventrículos laterais. A cabeça do núcleo caudado funde-se com a parte anterior do putâmen. Esses dois núcleos, juntamente com o globo pálido, são chamados de corpo estriado dorsal. ● Núcleo lentiforme = Situa-se profundamente no interior do hemisfério. Medialmente relaciona-se com a cápsula interna que o separa do núcleo caudado e do tálamo; lateralmente, relaciona-se com o córtex da ínsula, do qual é separado por substância branca e pelo claustrum. O núcleo lentiforme é dividido em putâmen e globo pálido por uma fina lâmina de substância branca O putâmen situa-se lateralmente e é maior que o globo pálido, o qual se dispõe medialmente. O núcleo caudado e o núcleo lentiforme constituem o chamado corpo estriado dorsal. ● Claustrum = É uma delgada calota de substância cinzenta situada entre o córtex da ínsula e o núcleo lentiforme. Separa-se daquele por uma fina lâmina branca, a cápsula extrema. Entre o claustrum e o núcleo lentiforme existe outra lâmina branca, a cápsula externa. O claustrum, situado entre o putâmen (que faz parte do núcleo lentiforme) e o córtex da ínsula. ● Corpo amigdaloide ou amígdala = É uma massa esferoide de substância cinzenta. Está situada no polo temporal do hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo caudado. ● Núcleo accumbens = Massa de substância cinzenta situada na zona de união entre o putâmen e a cabeça do núcleo caudado, integrando conjunto que alguns autores chamam de corpo estriado ventral. O núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido integram o chamado corpo estriado dorsal e os núcleos basal de Meynert e accumbens integram o corpo estriado ventral. 4. Quais são as funções dos núcleos da base? Embora os núcleos da base, em especial o corpo estriado dorsal, continuem a ser estruturas predominantemente motoras, eles também estão envolvidos com várias funções não motoras, relacionadas a processos cognitivos, emocionais e motivacionais. O corpo estriado não possui conexões aferentes ou eferentes diretas com a medula. Suas funções são exercidas por circuitos nos quais áreas corticais de funções diferentes projetam se para áreas específicas do corpo estriado que, por sua vez, liga- se ao tálamo e, através deste, às áreas corticais de origem. Áreas corticais → Corpo estriado → Tálamo → Áreas corticais de origem Há cinco tipos de circuitos: - Circuito motor - Circuito oculomotor - Circuito pré-frontal dorsolateral - Circuito pré-frontal Orbitofrontal - Circuito límbico 5. Quais são as funções dos núcleos da base sobre os atos motores? A atividade tônica inibitória das eferências do pálido medial é um freio permanente para movimentos indesejados. A necessidade de realizar o movimento interromperia este freio tônico, permitindo liberação do comando motor ordenado pelo córtex cerebral. Dessa forma, os núcleos da base têm papel na preparação de programas motores e na execução automática de programas motores já aprendidos. Os sinais para um dado movimento provavelmente são direcionados por ambas as vias para a mesma população de neurônios palidais. Assim, as aferências da via indireta poderiam frear ou suavizar o movimento, enquanto, simultaneamente, a direta o facilitaria e ambas participariam na gradação de amplitude e velocidade do movimento. O comportamento motor normal depende do equilíbrio entre a atividade das vias direta e indireta. 6. Como os núcleos da base exercem essas funções (explicar detalhadamente o circuito básico)? O circuito motor apresenta duas vias: direta e indireta. Via direta: O putâmen faz conexão direta com o globo pálido medial e deste para os núcleos ventral anterior (VA) e ventral lateral (VL) do tálamo de onde faz conexão direta com o córtex motor. O globo pálido medial exerce inibição constante sobre os núcleos talâmicos, resultando em inibição das áreas motoras do córtex. Nessa via o putâmen inibe o pálido medial, que consequentemente cessa a inibição sobre o tálamo resultando na ativação do córtex motor e facilitando o movimento. O circuito subsidiário age sobre este exercendo ação excitatória do putâmen (dopamina, substância negra). Via indireta: O putâmen faz conexão com o globo pálido lateral, que se projeta para o núcleo subtalâmico e deste para o medial, terminando a via da mesma forma que a direta. O circuito subsidiário age com efeito inibitório do putâmen, que passa a deixar de inibir o globo pálido medial e consequentemente inibe o tálamo, sendo resistência ao movimento. (MACHADO, pág. 238) Via indireta (amarelo) = é contra o movimento e estimula o inibidor, que é o pálido medial Via direta (verde) = pró movimento, inibe a inibição tônica pois inibe o pálido medial, assim o tálamo deixa de estimular o córtex Sinal de + = glutamato Sinal de - = GABA Pálido interno = pálido medial Pálido externo = pálido lateral A REPRESENTATIVIDADE É TUDO!! Lumena está orgulhosa 7. Explique o circuito subsidiário (papel da substância negra). O CIRCUITO SUBSIDIÁRIO POTENCIALIZA A AÇÃO DA VIA DIRETA, EFEITO PRÓ MOVIMENTO E INIBE A VIA INDIRETA QUE É CONTRA-MOVIMENTO. Ligado ao circuito motor há um circuito subsidiário, no qual o putâmen mantém conexões recíprocas com a substância negra. Este circuito é importante porque as fibras nigroestriatais são dopaminérgicas e exercem ação modulatória sobre o circuito motor. Esta ação é excitatória na via direta e inibitória na via indireta. O fato do mesmo neurotransmissor, dopamina, ter ações diferentes explica-se pelo fato de que no putâmen existem dois tipos de receptores de dopamina, D1 excitador e D2 inibidor. Vejamos como o circuito funciona. Nas duas vias o pálido medial mantém uma inibição permanente dos dois núcleos talâmicos resultando em inibição das áreas motoras do córtex. Na via direta o putâmen inibe o pálido medial, cessa a inibição deste sobre o tálamo resultando ativação do córtex e facilitação dos movimentos. Na via indireta ocorre o oposto. A projeção excitatória do núcleo subtalâmico sobre o pálido medial aumenta a inibição deste sobre os núcleos talâmicos resultando em inibição do córtex e dos movimentos. A ação excitatória das fibras dopaminérgicas nigroestriatais sobre o putâmen também inibe o pálido medial, com efeito semelhante ao de via direta, ou seja, há ativação dos núcleos talâmicos, resultando ativação do córtex motor, com facilitação dos movimentos. 8. Quais são as disfunções dos núcleos da base? Funções do corpo estriado: Os núcleos da base têm um papel na preparação de programas motores e na execução automática de programas motores já aprendidos. As aferências da via indireta poderiam frear ou suavizar o movimento, enquanto, simultaneamente, a direta o facilitaria e ambas participariam na gradação de amplitude e velocidade do movimento. O comportamento motor normal depende do equilíbrio entre a atividade das vias direta e indireta. Disfunções do corpo estriado:Os transtornos do corpo estriado são hipercinéticos, hipocinéticos ou comportamentais e emocionais. Hipercinético: aumento dos movimentos. Hipocinético: redução dos movimentos (Parkinson). 9. Descreva as manifestações das síndromes hipocinéticas? Caracteriza-se por três sintomas básicos: tremor, rigidez e bradicinesia (lentidão dos movimentos voluntários). O tremor manifesta-se nas extremidades quando elas estão paradas, e desaparece com o movimento. A rigidez resulta de uma hipertonia de toda a musculatura esquelética. A bradicinesia manifesta-se por lentidão e redução da atividade motora espontânea, na ausência de paralisia. Há também grande dificuldade para dar- se início aos movimentos. Movimento emperrado, sem movimentos automáticos/voluntários. A maioria das doenças com hipocinesia são parkinsonianas, caracterizadas por movimentos lentos e reduzidos, rigidez muscular, tremor em repouso e instabilidade postural. Ocorrem devido perda dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, levando a diminuição da atividade da via direta e aumento da via indireta. Essas alterações levam ao aumento da atividade do globo pálido e consequente aumento de inibição dos neurônios talamocorticais. 10. Por que na síndrome parkinsoniana tem hipertonia (Dejong)? A rigidez extrapiramidal é o aumento difuso do tônus muscular à movimentação passiva que ocorre principalmente nas lesões dos núcleos da base. O aumento da excitabilidade de interneurônios espinais mediado por vias motoras descendentes específicas pode ser a base da rigidez parkinsoniana. 11. Por que na síndrome parkinsoniana temos os tremores, mesmo sendo hipocinético? O tremor é conceituado como movimento involuntário em que a contração alternada dos músculos agonistas e antagonistas leva a oscilação rítmica de um determinado segmento corpóreo. Os tremores estão relacionados à contração dos músculos, sendo assim, em quadros de hipertonia pode haver tremores, mesmo sendo devido à uma doença hipocinética. 12. Quais são as síndromes hipercinéticas? Hemibalismo, Coréia de Sydenham, Hipercinesias são movimentos involuntários ou movimentos anormais que ocorrem em consequência de disfunções ou lesões que comprometem o sistema motor. Embora possam aparecer em decorrência do acometimento de diversas partes do sistema nervoso, as hipercinesias estão mais associadas ao acometimento dos núcleos da base. Coréia = distúrbio do movimento - movimentos amplos e aleatórios. Coréia de Sydenham = Tipo de Coréia Coreia, hemibalismo, distonia, tremor, mioclonia e tique. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4261299/mod_resource/content/1/Sindromes% 20hip ercineticas.pdf 13. Descreva cada uma das síndromes hipercinéticas. O hemibalismo é caracterizado por movimentos involuntários, de grande amplitude e forte intensidade, dos membros do lado da lesão, que se assemelham ao movimento de um indivíduo arremessando um objeto. Causa: lesões do núcleo subtalâmico, geralmente resultantes de pequenos acidentes vasculares. Os sintomas devem-se a diminuição da atividade excitatória das projeções do núcleo subtalâmico para o pálido medial, diminuindo o efeito inibidor deste sobre os núcleos talâmicos e sobre as áreas motoras do córtex. Portanto, as áreas respondem exageradamente aos comandos corticais ou de outras aferências e aumentam a tendência de os neurônios corticais dispararem espontaneamente, dando origem a movimentos involuntários. Sintomas: diminuição da atividade excitatória das projeções do núcleo subtalâmico para o pálido medial, diminuindo o efeito inibidor deste sobre os núcleos talâmicos e sobre as áreas motoras do córtex. Com isso, essas áreas respondem exageradamente aos comandos corticais ou de outras aferências e aumentam a tendência dos neurônios corticais dispararem espontaneamente, dando origem a movimentos involuntários. A Coréia de Sydenham caracteriza-se por movimentos involuntários rápidos que lembram uma dança, hipotonia e distúrbios neuropsiquiátricos como labilidade afetiva e sintomas obsessivo-compulsivo, hiperatividade. É uma doença autoimune, com anticorpos que lesam os núcleos da base. Causa: Comprometimento do circuito motor e de circuitos pré-frontais. As distonias são movimentos involuntários caracterizados por contrações musculares persistentes ou prolongadas, que resultam em movimentos repetitivos ou estereotipados que muitas vezes causam torção do segmento corporal ou posturas anormais. A principal característica que difere os movimentos coreicos dos distônicos é que os últimos são repetitivos, e, portanto, a sequência de ativação muscular no movimento anormal é previsível. Os tremores são movimentos rítmicos e repetitivos que habitualmente são prontamente reconhecidos quando afetam as mãos, mas podem acometer qualquer região corporal. 1) tremor de repouso (Parkinsonismo) 2) tremor durante a manutenção de uma postura (tremor postural) 3) tremor de intenção (cerebelar). Antagonista e agonista contraindo. Os tiques são definidos como qualquer tipo de movimento, simples ou complexo, e até a emissão de sons pode ser classificado como um tique. O que caracteriza o tique é a presença de um movimento involuntário ou a emissão de um som ou palavra que é precedido por de uma sensação de necessidade incontrolável de executar o movimento ou de emitir o som. Além disso, o paciente sente um grande alívio dessa vontade involuntária assim que a ação específica é realizada. Em geral, o paciente é capaz de controlar e inibir temporariamente o tique às custas de uma grande tensão interna. O controle voluntário é transitório e muitas vezes é seguido por um rebote com aumento momentâneo na frequência dos tiques. Em alguns casos mais graves esse controle voluntário é apenas parcial. Por esse motivo, pacientes com quadros mais leves podem não manifestar os tiques, por exemplo, durante uma consulta médica. (Pode ser por várias causas, não só núcleos da base, portanto, NÃO FOCAR) A mioclonia é um movimento abrupto e rápido que se parece com um choque. As mioclonias podem ser positivas, quando causadas por uma contração muscular ativa, ou negativas, quando causadas por uma pausa súbita numa contração muscular contínua. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4261299/mod_resource/content/1/Sindromes% 20hip ercineticas.pdf 14. Correlacione as síndromes hipercinéticas com os circuitos dos núcleos da base (nem todas conseguimos correlacionar). Admite-se que, em função de alterações estriatais atingindo preferencialmente neurônios que expressam GABA + encefalina, ocorra redução da atividade inibitória exercida pela striatum sobre o pálido externo (via indireta). Como decorrência há intensificação da atividade inibitória do pálido externo sobre o núcleo subtalâmico de Luys e, consequentemente, redução da atividade excitatória exercida por essa estrutura sobre o complexo pálido interno/substância negra para reticulata, que tem sua atividade diminuída. Na sequência das conexões do circuito ocorre redução da inibição do tálamo e hiperatividade da alça tálamo-cortical, provocando o aparecimento de movimentos anormais. 15. Quais são as relações anatômicas do cerebelo? O cerebelo fica situado dorsalmente ao bulbo e à ponte, contribuindo para a formação do teto do IV ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e está separado do lobo occipital do cérebro por uma prega da dura-máter denominada tenda do cerebelo. Liga-se à medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior e à ponte e ao mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelares médio e superior, respectivamente. ● No córtex cerebelar, da superfície para o interior distinguem-se as seguintes camadas: A) camada molecular; B) camadas de células de Purkinje; C) camada granular ● As fibras que penetram no cerebelo se dirigem ao córtex e são de dois tipos:A) fibras musgosas B) fibras trepadeiras 16. Quais são as funções do cerebelo? As principais funções do cerebelo são: manutenção do equilíbrio e da postura, controle do tônus muscular, controle dos movimentos voluntários, aprendizagem motora e funções cognitivas específicas. ● Manutenção do equilíbrio e da postura: se fazem basicamente pelo vestibulocerebelo, que promove contração adequada dos músculos axiais e proximais dos membros, mantendo a postura e o equilíbrio normais. A influência do cerebelo é transmitida aos neurônios motores pelos tratos vestibuloespinhais. ● Controle do tônus muscular: gerado pelos núcleos centrais, que agem sobre os neurônios motores das vias laterais (trato corticoespinhal e rubroespinhal). ● Controle dos movimentos voluntários: há o planejamento do movimento e correção do movimento em execução. O planejamento do movimento é elaborado no cerebrocerebelo, a partir de informações trazidas, pela via córtico-ponto-cerebelar, de áreas do córtex cerebral ligadas a funções psíquicas superiores e que expressam a 'intenção' do movimento. O 'plano' motor é então enviado às áreas motoras de associação do córtex cerebral pela via dento-tálamo-cortical. Essas áreas (pré- motora e área motora suplementar) associam os dados do plano motor do cerebelo com seus próprios dados, resultando em um plano motor comum que é colocado em execução pela ativação dos neurônios da área motora primária. Estes, por sua vez, ativam os neurônios motores medulares através do trato corticoespinhal. Uma vez iniciado o movimento, ele passa a ser controlado pelo espinocerebelo. Este, através de suas inúmeras aferências sensoriais, especialmente as que chegam pelos tratos espinocerebelares, é informada das características do movimento em execução e, através da via interpósito-tálamo-cortical, promove as correções devidas, agindo sobre as áreas motoras e o trato corticoespinhal. Admite-se que, para isso, o espinocerebelo compara as características do movimento em execução com o plano motor, promovendo as correções e ajustamentos necessários para que o movimento se faça de maneira adequada. ● Aprendizagem motora: o cerebelo participa desse processo através das fibras olivocerebelares, que chegam ao córtex cerebelar como fibras trepadeiras e fazem sinapses diretamente com as células de Purkinje. Essas fibras podem modular a excitabilidade das células de Purkinje. ● Funções não motoras: funções cognitivas, principalmente executadas pelo cerebrocerebelo, que possui conexões com a área pré-frontal do córtex, evidenciando funções não motoras. Não é necessário saber detalhadamente cada um. MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO E DA POSTURA Essas funções se fazem basicamente pelo vestíbulo-cerebelo, que promove a contração adequada dos músculos axiais e proximais dos membros, de modo a manter o equilíbrio e a postura normal, mesmo nas condições em que o corpo se desloca. A influência do cerebelo é transmitida aos neurônios motores pelos tratos vestibuloespinhais. CONTROLE DO TÔNUS MUSCULAR Um dos sintomas da descerebelização é a perda do tônus muscular, que pode ocorrer também por lesão dos núcleos centrais. Sabe-se que esses núcleos, em especial o denteado e interposto mantém, mesmo na ausência de movimento, certo nível de atividade espontânea. Essa atividade, agindo sobre os neurônios motores das vias laterais (tratos corticoespinhal e rubroespinhal) é também importante para a manutenção do tônus. CONTROLE DOS MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS O papel do cerebelo no controle dos movimentos voluntários já é conhecido há muito tempo graças à observação de casos clínicos em que ele é lesado. Lesões do cerebelo têm como sintomatologia uma grave ataxia, ou seja, falta de coordenação dos movimentos voluntários decorrentes de erros na força, extensão e direção do movimento. O mecanismo através do qual o cerebelo controla o movimento envolve duas etapas: urna de planejamento do movimento e outra de correção do movimento já em execução. O planejamento do movimento é elaborado no cerebrocerebelo, a partir de informações trazidas, pela via córtico-ponto cerebelar, de áreas do córtex cerebral ligadas a funções psíquicas superiores (áreas de associação) e que expressam a 'intenção' do movimento. O 'plano' motor é então enviado às áreas motoras de associação do córtex cerebral pela via dento-tálamo- cortical (Figura 21.9). Essas áreas (pré-motora e área motora suplementar) associam os dados do plano motor do cerebelo com seus próprios dados, resultando em um plano motor comum que é, então, colocado em execução através da ativação dos neurônios da área motora primária. Estes, por sua vez, ativam os neurônios motores medulares através do trato corticoespinhal. Uma vez iniciado o movimento, ele passa a ser controlado pelo espinocerebelo. Este, através de suas inúmeras aferências sensoriais, especialmente as que chegam pelos tratos espinocerebelares, é informada das características do movimento em execução e, através da via interpósito-tálamo-cortical, promove as correções devidas, agindo sobre as áreas motoras e o trato corticoespinhal. Admite-se que, para isso, o espinocerebelo compara as características do movimento em execução com o plano motor, promo- vendo as correções e ajustamentos necessários para que o movimento se faça de maneira adequada. Assim, o papel do espinocerebelo é diferente daquele do cere- brocerebelo, o que pode ser correlacionado com o fato de que o primeiro recebe aferências espinhais e corticais, enquanto o cerebrocerebelo recebe apenas estas últimas. APRENDIZAGEM MOTORA É fato conhecido que, quando executamos a mesma atividade motora várias vezes, ela passa a ser feita de maneira cada vez mais rápida e com menos erros. Isso significa que o sistema nervoso aprende a executar as tarefas motoras repetitivas, o que provavelmente envolve modificações mais ou menos estáveis em circuitos nervosos. Admite-se que o cerebelo participa desse processo através das fibras olivocerebelares, que chegam ao córtex cerebelar como fibras trepadeiras e fazem sinapses diretamente com as células de Purkinje. Há evidência de que essas fibras podem modular a excitabilidade das células de Purkínje, em resposta aos impulsos que essas células recebem do sistema de fibras musgosas e paralelas. As fibras trepadeiras mo- dificam por tempo prolongado as respostas das células de Purkinje aos estímulos das fibras musgosas. As fibras trepadeiras fornecem o sinal de erro durante o movimento que deprimiria as fibras paralelas simultaneamente ativas, permitindo que os movimentos certos surgissem. Através de sucessivos movimentos, um padrão de atividade cada vez mais apropriado surgiria ao longo do tempo. FUNÇÕES NÃO MOTORAS Inicialmente considerava-se que o cerebelo teria apenas funções motoras. No entanto, estudos de neuroimagem funcional demonstraram ele que participa também de funções cognitivas, executadas principal- mente pelo cerebrocerebelo. Este, além de suas co- nexões relacionadas com a motricidade, tem também conexões com a área pré-frontal do córtex, evidencian- do funções não motoras, como, por exemplo, resolver quebra-cabeças, associar palavras a verbos, resolver mentalmente operações aritméticas, reconhecer figuras complexas. Estas observações não determinam uma causalidade e sim que cerebelo e cérebro estão forte- mente relacionados neste tipo de função. 17. Quais são as grandes vias que estão relacionadas ao cerebelo? Trato corticoespinhal, tratos vestibuloespinhais lateral e medial, trato espinocerebelar posterior e anterior, trato rubroespinhal. 18. Quais as áreas funcionais do cerebelo? Vestibulocerebelo: Compreende o lobo floculonodular e tem conexões com o núcleo fastigial e os núcleos vestibulares. Espinocerebelo: Compreende o vérmis e a zona intermédia dos hemisférios e tem conexões com a medula.Cerebrocerebelo: Compreende a zona lateral e tem conexões com o córtex cerebral. Zona medial – vérmis Zona intermediária – paravermiana Zona lateral – maior parte dos hemisférios 19. Quais as manifestações clínicas das síndromes cerebelares? Síndrome do vestibulocerebelo – ocorre perda da capacidade de usar informações vestibulares para o movimento do corpo durante a marcha ou na postura de pé, e perda do controle dos movimentos oculares durante a rotação da cabeça, além de ocorrer marcha com base alargada e movimentos irregulares das pernas (ataxia), tanto com olhos abertos, como fechados, e tendências de queda. Síndrome do espinocerebelo – levam a erros na execução motora porque a área afetada deixa de processar informações proprioceptivas dos feixes espinocerebelares e não é mais capaz de influenciar as vias descendentes. Observa-se ataxia de membros em que a tentativa de alcançar um objeto se faz por um caminho sinuoso. A tentativa de corrigir resulta em novos erros e oscilação da mão ao redor do alvo, tremor terminal. Lesões do espinocerebelo podem causar nistagmo e alterações da fala, como fala arrastada por lesão do vérmis ou núcleo fastigial. Síndrome do cerebrocerebelo – manifesta-se por sinais e sintomas ligados ao movimento: a) Atraso no início do movimento b) Decomposição do movimento multiarticular – movimentos complexos são decompostos, ou seja, realizados em etapas sucessivas por cada uma das articulações. c) Disdiadococinesia – é a dificuldade de fazer movimentos rápidos e alternados. d) Rachaço – os músculos extensores custam a agir e o movimento é muito violento. e) Tremor – trata-se de um tremor característico, que se acentua ao final do movimento ou quando o paciente está prestes a atingir um objetivo. f) Dismetria – execução defeituosa de movimentos que visam atingir um alvo, pois o indivíduo não consegue dosar exatamente a “quantidade” de movimentos necessários para isso. Sinais das lesões cerebelares em geral: ● Ataxia (movimento desordenado – distúrbio da coordenação) ● Dismetria (index-nariz, index-index, calcanhar-joelho) ● Decomposição dos movimentos (dissinergia) ● Disdiadococinesia (incapacidade de realizar movimentos rápidos alternadamente) ● Perda do equilíbrio (estático, dinâmico) ● Manobra de rechaço → verifica-se esse sinal mandando o paciente forçar a flexão do antebraço contra uma resistência que se faz no pulso. No indivíduo normal, quando se retira essa resistência, a flexão para por imediata ação dos músculos extensores, coordenada pelo cerebelo. Entretanto, no doente neocerebelar, essa coordenação não existe, os músculos extensores custam a agir e o movimento é muito violento, levando quase sempre o paciente a dar um tapa no próprio rosto. ● Marcha atáxica (ebriosa) → sensibilização com andar pé ante pé ● Fala escandida (disartria) ● Tremor de ação ● Nistagmo ● Hipotonia ● ROTs pendulares ● Romberg NÃO é positivo na doença cerebelar! 20. Qual é a região anatômica do cerebelo é o vestibulocerebelo, sua função e as relações funcionais (quem manda informação para ele e para quem ele manda informações)? Região anatômica: Compreende o lobo floculonodular e tem conexões com o núcleo fastigial e os núcleos vestibulares. Função: Importante para a manutenção do equilíbrio, controle da musculatura axial e extensora dos membros para manter o equilíbrio e postura na marcha, além de coordenar movimentos da cabeça e olhos. Conexões aferentes: as fibras aferentes chegam ao cerebelo pelo fascículo vestibulocerebelar, têm origem nos núcleos vestibulares (núcleos na ponte, no tronco encefálico) e se distribuem ao lobo floculonodular. Trazem informações originadas na parte vestibular do ouvido interno sobre a posição da cabeça, importantes para manutenção do equilíbrio e da postura básica. Conexões eferentes: as células de Purkinje do vestibulocerebelo projetam-se para os neurônios dos núcleos vestibulares medial e lateral. Através do núcleo lateral, modulam os tratos vestibuloespinhais lateral e medial que controlam a musculatura axial e extensora dos membros para manter o equilíbrio na postura e na marcha, fazendo parte do sistema motor medial da medula. Projeções inibitórias das células de Purkinje para os núcleos vestibulares mediais controlam os movimentos oculares e coordenam os movimentos da cabeça e dos olhos através do fascículo longitudinal medial. 21. Qual é a região anatômica do cerebelo é o espinocerebelo, sua função e as relações funcionais (quem manda informação para ele e para quem ele manda informações)? Região anatômica: Compreende o vérmis e a zona intermédia (paravermiana) dos hemisférios e tem conexões com a medula. Conexões aferentes: Através do trato espinocerebelar posterior, o cerebelo recebe sinais sensoriais originados em receptores proprioceptivos e, em menor grau, de outros receptores somáticos, o que lhe permite avaliar o grau de contração dos músculos, a tensão nas cápsulas articulares e nos tendões, assim como as posições e velocidades do movimento das partes do corpo. Já as fibras do trato espinocerebelar anterior são ativadas principalmente pelos sinais motores que chegam à medula pelo trato corticoespinhal, permitindo ao cerebelo avaliar o grau de atividade nesse trato. Conexões eferentes: Os axônios das células de Purkinje da zona intermédia fazem sinapse no núcleo interpósito, de onde saem fibras para o núcleo rubro e para o tálamo do lado oposto. Através das primeiras, o cerebelo influencia os neurônios motores pelo trato rubroespinhal, constituindo-se a via interpósito-rubro-espinhal. Os impulsos que vão para o tálamo seguem para as áreas motoras do córtex cerebral (via interpósito- tálamo-cortical), onde se origina o trato corticoespinhal. Através desses dois tratos, o cerebelo exerce sua influência sobre os neurônios motores da medula situados do mesmo lado. A ação do núcleo interpósito se faz diretamente sobre os neurônios motores do grupo lateral da coluna anterior, que controlam os músculos distais dos membros responsáveis por movimentos delicados. 22. Qual é a região anatômica do cerebelo é o cerebrocerebelo, sua função e as relações funcionais (quem manda informação para ele e para quem ele manda informações)? Região anatômica: Compreende a zona lateral e tem conexões com o córtex cerebral. Conexões aferentes: As fibras pontinas (ponto-cerebelares), têm origem nos núcleos pontinos, penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio, distribuindo- se ao córtex da zona lateral dos hemisférios. Fazem parte da via córtico-ponto- cerebelar, através da qual chegam ao cerebelo informações oriundas de áreas motoras e não motoras do córtex cerebral. Conexões eferentes: Os axônios das células de Purkinje da zona lateral do cerebelo fazem sinapse no núcleo denteado, de onde os impulsos seguem para o tálamo do lado oposto e daí para as áreas motoras do córtex cerebral (via dento-tálamo-cortical), onde se origina o trato corticoespinhal. Através desse trato, o núcleo denteado participa da atividade motora, agindo sobre a musculatura distal dos membros responsáveis por movimentos delicados. 23. Qual o papel do sistema vestibular? A informação sensorial proveniente do sistema vestibular é usada para promover uma imagem visual estável na retina (enquanto a cabeça se move) e fazer ajustes na postura, para manter o equilíbrio. Controla a postura e movimentos do corpo e dos olhos em relação ao ambiente. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4283739/mod_resource/content/1/Equil%C3% ADbri o-Sistema%20Vestibular%20-%202018.pdf O aparelho vestibular funciona continuamente, inclusive durante o sono, de forma inconsciente. A assimetria da resposta labiríntica, seja pela estimulação excessiva ou pela hipoestimulação, leva a vertigem, nistagmo (olho tremendo) e reflexo vagal quesão sensações conscientes. Funções do labirinto vestibular: ● Transformar as forças provocadas pela aceleração da cabeça e da gravidade em um sinal biológico. ● Informar os centros nervosos sobre a velocidade da cabeça e sua posição no espaço. ● Iniciar alguns reflexos necessários para a estabilização do olhar, da cabeça e do corpo. Todas essas funções são importantes para o equilíbrio (capacidade de manter a postura apesar de circunstâncias adversas). https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_33.pdf 24. Qual o papel de cada uma dessas estruturas nos atos motores: a) Primeiro neurônio motor Levar as informações do córtex motor ao segundo neurônio motor. b) Segundo neurônio motor Levar as informações provenientes do primeiro neurônio motor para o músculo através da placa motora. Comanda a contração muscular. c) Cerebelo O cerebelo desempenha papéis importantes no ritmo das atividades motoras e na progressão homogênea rápida de um movimento muscular para o seguinte. Ele também ajuda a controlar a intensidade da contração muscular, quando a carga muscular varia, bem como controlar a necessária inter-relação instantânea, entre grupos musculares agonistas e antagonistas. Basicamente participa do planejamento motor e coordenação dos movimentos voluntários. d) Sistema vestibular Ajustes posturais e movimentação ocular de reflexo. e) Núcleos da base Realizam os circuitos básico e subsidiário, modulando os movimentos, sua amplitude e velocidade. 25. Cite quais disfunções acontecem na lesão de cada uma dessas estruturas: a) Primeiro neurônio motor (piramidal) Fraqueza muscular, hemiparesia, hipertonia, hiperreflexia do lado oposto do da lesão. b) Segundo neurônio motor Fraqueza muscular, hipotonia, arreflexia, miofasciculações. c) Cerebelo Incoordenação dos movimentos (ataxia): se manifesta principalmente nos membros, sendo característica a marcha atáxica, na qual também há perda do equilíbrio. Também pode se manifestar na articulação das palavras. ● Perda do equilíbrio: doente tende a abrir as pernas para ampliar sua base de sustentação. ● Diminuição do tônus da musculatura esquelética (hipotonia) ● Diadococinesia ● Romberg não é positivo ● Fala escandida ● Tremor de ação ● Nistagmo ● Reflexos pendulares: tônus frouxo d) Sistema vestibular ● Vertigem ● Ataxia ● Nistagmo ● Desequilíbrio e) Núcleos da base As síndromes extrapiramidais caracterizam-se pelas alterações do tônus muscular, pela dificuldade em iniciar movimentos e pela presença de movimentos involuntários. ● Transtornos hipercinéticos ● Transtornos hipocinéticos ● Transtornos comportamentais e emocionais 26. Explique o conceito de síndromes piramidais e extrapiramidais. Destaca-se entre os distúrbios do movimento o grupo relacionado às disfunções dos gânglios da base (por exemplo, parkinsonismo, coréia, balismo, distonia, atetose), que tradicionalmente são englobadas sob a denominação “síndromes extrapiramidais”. Piramidal = síndrome do primeiro neurônio motor. Extrapiramidal = relacionados aos núcleos da base Periféricas = (“resto”) relacionadas ao corpo do segundo neurônio motor, axônio do segundo neurônio motor, placa motora e músculo.
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