Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário FADERGS Vivvyan Gabriela Marques Soares Racismo, psicologia educacional e a saúde mental de estudantes negros. TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM PSICOLOGIA Porto Alegre 2021 O racismo é um processo de âmbito estrutural, e dessa forma possui impactos incalculáveis nas subjetividades das vidas negras. Tal qual uma ideologia de opressão, domina e promove a exclusão atroz de estudantes negros. Tais discriminações raciais podem, por exemplo, afetar os alunos nos âmbitos de: saúde mental, cognição, no processo de desenvolvimento pessoal, na socialização, na construção da identidade, da própria subjetividade e da autoestima. Afunilando o recorte das discriminações raciais dentro das instituição de ensino, podemos compreender melhor a situação dos alunos negros nas universidades. Neste âmbito institucionalizado, identifica-se além do racismo estrutural a presença do racismo institucional. Dores que se somam acarretando diretamente em sofrimento psíquico que afeta a saúde mental dos alunos. Os estudantes negros vivenciam o racismo de diversas formas, no que tange os espaços universitários e escolares. É preciso estar atento a grande diferença que existe entre o bullying na escola e o racismo em si. Entende-se que tal diferença circunscreve-se no fato de que o bullying é um problema que se direciona ao ambiente escolar e portanto deve ser resolvido na escola, em contraponto a isso, o racismo se configura como um crime tornando-se necessário posicionamentos e posturas que levem em consideração a justiça e as estruturas sociais de diferenciação. Salienta-se a pedagoga Benilda de Brito que enquanto o bullying te descaracteriza, o racismo te desumaniza. O impacto que esse fenomeno de deshumanização tem sobre a saúde mental dos alunos negros é estrondoso. O racismo pode acarretar em baixo desempenho escolar, baixa autoestima, bem-estar psicológico. A experiência do racismo está diretamente relacionada com a elaboração de uma identidade racial de inferioridade e negativa. O ministério da saúde adverte que crianças e jovens negros do gênero masculino entre 10 e 29 anos estão morrendo mais por suicídio do que jovens brancos na mesma faria etaria. Além disso outras pesquisas revelam que os individuos negros possuem os índices mais altos de estresse crônico. Tais traumas, acumulados, operam através das vivências com diversos níveis de intensidades e assim possibilitam o surgimento de transtornos psicológicos a longo prazo. O uso de expressões racistas na faculdade pode causar sofrimento psíquico para a comunidade estudantil negra e por esse motivo as seguintes expressões devem ser analisadas criticamente: Essa aula foi “meia tigela”; Nossa que “inveja https://www.sinonimos.com.br/elaboracao/ branca” da sua nota; Chegou “negrada” na sala aula; Você viu o que aquele aluno fez?! “Tinha que ser preto” mesmo! Hoje temos aula com aquela professora “mulata”, Vou comer até “encher o bucho”; Você é da "cor do pecado" né?!; Vou colocar você na minha lista "lista negra"; Vou ter que vender meu rim no "mercado negro" pra pagar esse livro da faculdade. A linguagem além de permitir a comunicação também carrega símbolos e signos, dessa forma cria também realidades. Sendo assim, uma linguagem racista (ilustrada nas expressões anteriores), reforça o racismo estrutural contribuindo para a perpetuação e manutenção do mesmo. Além disso, mesmo sem o uso de expressões racistas a propagação de julgamentos de cunho racial gera desconforto e discrimição, cria-se um clima de exclusão: “Aquele lá entrou só por cota”; “Aquela lá deve ser a filha da faxineira”; “Você lava seu cabelo?”. As falas de superioridade em geral comunicam que os estudantes negros não estejam no mesmo nível de intelectual dos outros alunos. Também é racismo instituciuonal impedir alunos negros de entrarem na sala de aula com seus acessórios representativos da cultura negra, tal como turbante simbolo importantíssimo de resistencia negra. Também é preciso ter em mente que nem todo racismo é explícito e óbvio. Existem situações que o racismo é insinuado, que só quem sente na pele entende, e não é por não ser um ato explícito que não se encaixa em ato de racismo ou deixa de causar sofrimento para a vítima. Expressar ideias de que os estudantes negros não têm o mesmo nível educacional e condições de vida de outros estudantes e por isso sua presença irá diminuir a qualidade dos cursos. Serem os únicos estudantes em que para entrarem em determinados espaços da Universidade precisam apresentar a carteira estudantil da Universidade. Exclusão recorrente dos estudantes negros de grupos de trabalho, festas, viagens, projeto de iniciação científica e outras atividades comuns à vida acadêmica.serem seguidos nas dependencia da faculdade; como se ele não perctenmcece a esse ambiente. Perseguições, constrangimento intencional frente à turma, menosprezo das capacidades acadêmicas e intelectuais dos alunos, atribuição de apelidos que buscam ridicularizar a imagem dos estudantes fazendo menção aos fenótipos raciais, comparação direta com alunos de outros grupos étnicos. Josiane de Souza Medeiros Ações como as já citadas acima, somadas a dar voz e ouvidos às discussões raciais compreendendo sempre o poder do lugar de fala, além de se conscientizar sobre os privilégios raciais que estudantes brancos possuem. Questionar o currículo institucional e as ausências de representatividades nos cursos e assim buscar diversificação dos referenciais eurocêntricos. Não se calar diante de um caso de racismo no ambiente universitário, estar presente em coletivos organizados e engajar por igualdade as lutas raciais, incentivar a visibilidade dos estudantes não brancos. Essas são algumas das possibilidades de atuação anti-racista do âmbito escolar e universitário, algumas alternativas que contribuam com a diminuição progressiva da desigualdade racial e promovam o desenvolvimento de um ambiente mais acolhedor e inclusivo a todos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Leandro Ribeiro. Vida universitária e saúde mental: um estudo junto a estudantes da UFRB. Cruz das Almas/BA: UFRB, 2019 https://edoc.ufam.edu.br/bitstream/123456789/3753/1/1%C2%AA%20edi%C3%A7% C3%A3o%20do%20PsicoEducA%C3%A7%C3%A3o%20_Racismo%20e%20sa%C 3%BAde%20mental%20na%20Universidade.pdF https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/desigualdade-ra cial-na-educacao/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=1135818 3974&utm_content=110865315986&utm_term=preconceito%20racial&gclid=Cj0KCQ iAy4eNBhCaARIsAFDVtI2HP1_1ngBdd3bOWb6JR4SlSr4BW-PEV89rJJkSqZtrWUi7 zz2Q0uwaAig8EALw_wcB https://www.youtube.com/watch?v=KZGNu4NcWLs https://www.youtube.com/watch?v=WtnGECLPaAk&t=982s https://saude.abril.com.br/blog/saude-negritude-atitude/precisamos-falar-sobre-a-sau de-mental-da-populacao-negra/ https://blogfc.pucminas.br/colab/racismo-e-saude-mental/ https://saude.abril.com.br/blog/saude-negritude-atitude/precisamos-falar-sobre-a-sau de-mental-da-populacao-negra/ https://edoc.ufam.edu.br/bitstream/123456789/3753/1/1%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o%20do%20PsicoEducA%C3%A7%C3%A3o%20_Racismo%20e%20sa%C3%BAde%20mental%20na%20Universidade.pdf https://edoc.ufam.edu.br/bitstream/123456789/3753/1/1%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o%20do%20PsicoEducA%C3%A7%C3%A3o%20_Racismo%20e%20sa%C3%BAde%20mental%20na%20Universidade.pdf https://edoc.ufam.edu.br/bitstream/123456789/3753/1/1%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o%20do%20PsicoEducA%C3%A7%C3%A3o%20_Racismo%20e%20sa%C3%BAde%20mental%20na%20Universidade.pdf https://www.youtube.com/watch?v=WtnGECLPaAk&t=982s
Compartilhar