Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
N esse tratado que todo aluno do CRMedway recebe, fizemos um compilado de vários checklists para que você consiga saber exatamente o que revisar perto de suas provas e o provável modo como os temas serão cobrados. Nesta coleção, teremos adaptações de checklists que já caíram em outros anos e alguns checklists “extras” exclusivos para os nossos alunos. Alguns temas aparecem mais de uma vez, para que você tenha mais clareza sobre possíveis caminhos que uma estação de prova prática pode tomar. Resumindo, esse material está absolutamente completo com tudo que você precisa saber para estar preparado para as provas práticas - e por isso mesmo o batizamos de Bíblia! Quanto aos alunos do CRMedway Presencial, pode gerar aquela dúvida: os checklists do presencial já estão aqui? Vou saber o que vai cair antes de chegar no curso? De modo algum! Lá você terá mais de 30 checklists novos, mas claro… somente após passar pelo curso! Se tiver qualquer dúvida em qualquer momento, fique à vontade para nos contactar via plataforma do CRMedway que estaremos ágeis para te responder. Introdução Aproveite! A tão esperada Bíblia de Checklists! ... tenho que te informar uma coisa. Ele faz parte de um curso todo estruturado para ensinar nossos alunos a pensar como a banca e entender a fundo os checklists, além de uma preparação completa para a prova multimídia: o CRMedway. A preparação para a prova prática vai além da Bíblia! Por isso, te convido a participar de um minicurso gratuito que nós da Medway fizemos, voltado para essa etapa do seu processo seletivo. São 3 aulas, 100% online e gratuitas, que vão te mostrar a prova prática como ela realmente é! E se Você Caiu Nesse Material por Acaso... Acessar Minicurso O que Nossos Alunos Estão Falando! Conteúdos Em vez de simplesmente ler essa Bíblia, faça como o João recomenda na nossa aula do curso do módulo zero, sobre como e quando estudar: • Junte um grupo de amigos • Divida os checklists igualmente entre vocês (de preferência os que não estavam no curso) • Quem for o dono do checklist vai aplicar a estação com examinador nos outros alunos e dar a orientação ao ator da estação (se houver) • E como falamos… após ter treinado com checklists e estações existentes, vá para o que mais importa e onde você mais vai aprender: crie suas próprias estações e checklists! RECOMENDAÇÃO NÍVEL DE EVIDÊNCIA IA Sumário ATLS........................................................................12 Hemorragia Digestiva................................................19 Pielonefrite...............................................................23 Úlcera Péptica Perfurada...........................................28 Apendicite...............................................................34 Pancreatite Aguda.....................................................40 Colecistite................................................................46 Escroto Agudo..........................................................50 Queimadura.............................................................55 Abdome Agudo Obstrutivo.......................................61 Trauma Abdominal Contuso.....................................68 Pneumotórax Aberto.................................................75 Hematoma Subdural.................................................81 Fratura Exposta........................................................86 Coledocolitíase ........................................................92 Abdome Agudo Vascular ........................................101 HDB......................................................................108 Pré-Operatório.........................................................115 DAOP.....................................................................121 Infecção de Ferida Operatória..................................127 Trauma Abdominal Aberto......................................133 Avaliação de Nódulo Pulmonar................................139 Melanoma Cutâneo..................................................146 AA Inflamatório – Diverticulite Aguda....................153 Trombose Venosa Profunda......................................160 Aneurisma de Aorta Abdominal..............................165 Ureterolitíase...........................................................171 Colangite................................................................178 Drenagem de Tórax.................................................185 Trauma de Pelve......................................................190 Sutura....................................................................196 Mesa Cirúrgica........................................................201 Drenagem de Tórax ................................................205 Retirada de Dreno de Tórax.....................................210 Gasometria Arterial.................................................214 Sondagem Vesical de Demora...................................217 Toracocentese.........................................................222 Ampliação de Margem de Melanoma........................227 Exame Proctológico.................................................232 Acesso Venoso Central............................................236 Drenagem de Abscesso.............................................241 Intubação Orotraqueal............................................245 Abdome Agudo Obstrutivo......................................252 Hérnia Inguinal.......................................................258 Gasometria Arterial................................................263 Isquemia Arterial Aguda.........................................268 Esôfago de Barret.....................................................272 Ascite.....................................................................277 Câncer de Reto.......................................................282 Entorse de Joelho.....................................................287 11 Cirurgia Geral Capítulo 5 Os checklists abaixo não são oficiais e representam uma forma didática de orientar o aluno, elaborada pela Medway com base nos relatos dos candidatos. 12 Tema: ATLS Caiu em: HIAE 2015, 2018 / SCMSP 2016, 2018, 2020 / USP-RP 2017, 2020 / HSL 2017 / UNIFESP 2018 / UNICAMP 2018 / UFPR 2019 / USP-SP 2020 Tempo de estação: 10 minutos Ator / Examinador: 1 ator, 1 examinador Cenário: Ator ofegante, com colar cervical, deitado em prancha rígida Início da Estação Caso Clínico: Paciente vítima de colisão moto x carro há 1 hora, atendido no pré-hospitalar com queixa de dispneia e forte dor abdominal difusa, não houve perda de consciência na cena. Feito 2 L de Ringer Lactato durante o transporte. Sinais vitais: FR: 27 irpm SatO2: 93% em ar ambiente, FC: 131 bpm PA: 90 x 58 mmHg. Paciente com colar cervical, deitado em prancha rígida, presença de 1 acesso venoso periférico em MSD. Presença de escoriações distribuídas pelo corpo. Tarefa Única: Realize o atendimento. ATLS 13 Orientações ao Ator: • O candidato deveria interagir com o ator e o examinador a fim de obter dados do exame primário: • Ao questionar o nome do paciente, ele responderia ofegante e agitado: “Rodrigo, Dr(a), estou com muita dor na barriga, muita dor mesmo”. Orientações ao Examinador: • O candidato deveria solicitar ativamente os dados do exame primário, se solicitasse “exame da etapa B” o examinador questionaria quais dados ele queria. • Ao questionar a avaliação conforme o protocolo sistematizado do ACLS terá as seguintes informações: • A) via aérea pérvea, em uso de colar cervical • B) Conforme descrito abaixo • C) FC: 153 bpm; PA: 79 x 51 mmHg, juntamente com o exame abdominal, extremidades sem alterações • D) Neurológico: Glasgow 15, sem déficits focais • E) Exposição: sem sinais de fraturas em membros, com demais achados na inspeção mencionados no exame físico abdominal e torácico previamente • Se o candidato solicitasse inspeção, palpação,percussão e ausculta do tórax, o examinador entregava a seguinte placa: Exame torácico: Inspeção: tórax atípico, sem retrações ou abaulamentos; Palpação: 14 expansibilidade reduzida em hemitórax esquerdo e preservada em hemitórax direito; Percussão: maciça em hemitórax esquerdo e som claro pulmonar em hemitórax direito; Ausculta: abolida em base esquerda e murmúrio vesicular fisiológico presente em ápice esquerdo e em todo hemitórax direito. FR: 30 irpm, SatO2: 89% em máscara de O2 alto fluxo. • Se o candidato solicitasse drenagem torácica à esquerda, o examinador levantaria a seguinte placa: “saída imediata de 850 mL de conteúdo hemático - Exame físico sem alterações, FR: 17 irpm, SatO2: 96% em máscara de O2 alto fluxo.” • Ao solicitar o exame físico abdominal apareceria a placa: Exame abdominal: Inspeção: presença de escoriações; Ausculta: ruído hidroaéreos presentes e normoativos; Palpação: dor difusa à palpação superficial, ausência de sinais de peritonite, descompressão brusca negativa; Percussão: normotimpânico. FC: 153 bpm; PA: 79 x 51 mmHg. • Ao solicitar o FAST com as janelas corretas, o examinador lhe entregaria as seguintes imagens (apenas as imagens solicitadas corretamente): 15 • Caso o candidato não indicasse a laparotomia, o examinador levantaria a seguinte placa: “o paciente foi a óbito” e a estação se finalizaria. TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa Única Paramentou-se? Apresentou-se e definiu-se como médico? Estabilizou coluna cervical? Chamou o paciente pelo nome? Ofertou oxigênio através de máscara com reservatório em alto fluxo? Checklist 16 Instalou monitorização eletrocardiográfica e oxímetro de pulso? Iniciou o exame físico do aparelho respiratório (inspeção, palpação, percussão e ausculta)? Indicou realização de drenagem torácica em selo d’água em 5-6º espaço intercostal entre linha axilar média e anterior à esquerda? Determinou normalidade do novo exame do aparelho respiratório? Iniciou exame físico do aparelho cardiovascular? Instalou outro acesso venoso periférico? Solicitou início de protocolo de transfusão maciça? Não indicou instalação de Ringer Lactato? Indicou ácido tranexâmico nas primeiras 3 horas? Colheu exames (Hb/Ht e tipagem sanguínea)? Realizou exame físico abdominal? Realizou exame físico pélvico? Realizou a sondagem vesical, excluindo contraindicações? (Não aceitar se não questionar sobre presença de contraindicações) Solicitou FAST? Indicou as janelas corretas (subxifoide, hepatorrenal, esplenorrenal e pélvico)? Identificou presença de líquido livre em janela pélvica? Indicou laparotomia exploradora? 17 Finalizou exame primário enquanto aguarda montagem de sala no centro cirúrgico? Indicou cálculo da escala de coma de Glasgow, exame pupilar e movimento ativo de extremidades? Despiu o paciente e realizou controle de hipotermia? Bônus: solicitou e-FAST (janela pulmonar)? Debriefing Estação que certamente irá aparecer em alguma instituição que você prestará prova este ano! Reparem que trouxemos vários pontos atuais do ATLS que ainda não foram explorados e que são nossas apostas para este ano: • Hipotensão permissiva: alcançar a perfusão e oxigenação com níveis abaixo do normal, ou seja, não encharcar o paciente! O preconizado hoje é a reposição de 1 L de Ringer Lactato e, em indivíduos refratários, considerar a transfusão de hemoderivados - o paciente da estação já havia realizado reposição de 2 L de solução! • O paciente em tela é portador de choque grau IV, indicando a realização de protocolo de transfusão maciça que consiste em: > 10 UI de concentrado de hemácias em 24 horas ou > 4 UI em 1 hora. • Além disso, em pacientes com indicação de transfusão maciça, faremos o uso de 2 doses de ácido tranexâmico - 1 g em até 3 horas do evento traumático e 1 g infundida em 8 horas já em ambiente hospitalar. • E-FAST (extensão do FAST - amplia a avaliação do paciente para a cavidade torácica, permitindo identificação principalmente de pneumotórax, hemotórax, ruptura diafragmática); Destaque para o item de “morte súbita” para simular o que acontece na prática e chamar a sua atenção! Não passe para a próxima letra se ainda 18 há pendências na atual, principalmente se isso for determinante à vida do paciente como no caso em questão: paciente chocado com lesão intra- abdominal, expressa pelo FAST positivo, provavelmente duodenal, devido ao sinal do cinto de segurança - laparotomia torna-se obrigatória. 19 Tema: Hemorragia Digestiva Caiu em: USP-SP 2015 / UFPR 2015 / Unicamp 2016 / UFG 2019 Grau de dificuldade: moderado Tempo de estação: 7 minutos Ator / Examinador: 1 manequim na maca / 1 examinador Cenário: Pronto Socorro Início da Estação Caso Clínico: AMR, sexo masculino, 65 anos, trazido ao PS do Hospital das Clínicas pela filha. Iniciou hematêmese em casa há cerca de 2 horas, referindo um total de 5 episódios. Refere uso regular de ibuprofeno 600 mg devido dores na coluna lombar. Nega história de doença ulcerosa péptica ou hepatopatia prévia. Nega tabagismo e etilismo. Paciente chegou confuso, com escala de coma de Glasgow = 13 e os seguintes sinais vitais na admissão: FC: 113 bpm PA: 88 x 50 mmHg FR: 18 irpm SatO2: 97% em ar ambiente. Tarefa 01: Conduza o atendimento. Tarefa 02: Classifique a lesão segundo Forrest. (1 linha); Hemorragia Digestiva 20 Dê o risco de ressangramento. (1 linha). Tarefa 03: Dê a conduta adequada para este momento. (1 linha) Após a conduta indicada, o paciente foi internado na enfermaria cirúrgica para acompanhamento. Evoluiu necessitando 7 UI de concentrado de hemácias nos últimos 2 dias. Tarefa 04: Qual a conduta indicada neste momento? (1 linha) Orientações ao Examinador: • Qualquer questionamento ao examinador seria ignorado; • Após medidas iniciais, o examinador sinalizava que o paciente estava estável e pedia sua conduta. • Se solicitado endoscopia digestiva alta, o examinador te mostrava a seguinte imagem: E entregava uma folha com as tarefas 02 e 03 para que o candidato respondesse. Após terminar a tarefa 3, o candidato deve solicitar a próxima tarefa, onde será entregue o próximo enunciado e a tarefa 4. 21 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Paramentou-se? Levou paciente para sala de emergência? Solicitou MOV (monitorização, oxigênio e veia)? Avaliou via aérea? Realizou estabilização hemodinâmica do paciente (instalação de solução cristalóide)? Coletou exames (Hb/Ht, tipagem sanguínea)? Considerou a possibilidade de transfusão sanguínea? Não indicou cirurgia? Indicou realização de endoscopia digestiva alta? Tarefa 02 Classificou corretamente a lesão como Forrest IIa? Indicou risco de ressangramento alto (50%)? Tarefa 03 Indicou terapia endoscópica dupla (escleroterapia / eletrocoagulação / hemoclipe)? Checklist 22 Tarefa 04 Indicou cirurgia (pilorotomia + ulcerorrafia)? Considerar correto se apenas ulcerorrafia. Debriefing Hoje é bastante comum encontramos provas práticas cada vez mais teóricas. Evento que denominamos como “teorização da prova prática”. Aqui temos um primeiro momento de estabilização deste paciente - afinal, ele chegou rebaixado, com Glasgow 13 e sinais de choque hipovolêmico. Depois, com o paciente estabilizado, começamos nossa parte teórica com menção à classificação de Forrest (muito utilizada para estimar o risco de ressangramento e orientar a terapêutica - Forrest I e Forrest IIA indicam um alto risco de ressangramento, devendo-se proceder à terapêutica endoscópica); Um outro ponto importante é em relação às indicações cirúrgicas da hemorragia digestiva alta: • Instabilidade hemodinâmica apesar da transfusão > 6 UI de concentrado de hemácias; • Falha das técnicas endoscópicas; • Sangramento contínuo com necessidade de transfusão > 3 UI / dia (caso do paciente acima). A prioridade é o controle da hemorragia que pode ser obtida através da simples sutura da lesão. Posteriormente, realizaremosa cirurgia definitiva: vagotomia troncular com piloroplastia associada no caso de uma úlcera duodenal ou algum grau de gastrectomia se úlcera gástrica. 23 Tema: Pielonefrite Caiu em: Unicamp 2017 Grau de dificuldade: moderado Tempo de estação: 10 minutos Ator / Examinador: 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: Gestante MCV, 28 anos, IG: 22s + 1 dia, sem comorbidades, procura o PS com queixa de dor lombar esquerda há 4 dias associado a febre e náuseas. Ao exame físico: Regular estado geral, PA: 98 x 60 mmHg, FC: 108 bpm. FR: 24 irpm. Abdome doloroso à palpação de hipogástrio com sinal de giordano positivo à esquerda. Tarefa 01: Cite 04 exames laboratoriais pertinentes ao caso. Tarefa 02: Cite 01 exame de imagem. Pielonefrite 24 Tarefa 03: Dê duas hipóteses diagnósticas ao caso. Tarefa 04: Dê 05 condutas para o caso. Paciente evolui estável clinicamente após a conduta e retorna ao ambulatório de litíase no pós-parto para resolução definitiva do quadro. Tarefa 05: Qual exame deve ser solicitado e por quê? (2 linhas) Tarefa 06: Qual a abordagem definitiva indicada nesta situação? (1 linha) Orientações ao Examinador: • O candidato só receberia os exames corretamente solicitados: Hemograma: leucocitose de 22.000 com 5% de bastões; Creatinina: 1,03; Urina 1: 94 hemácias/campo, leucoesterase + / nitrito + Urocultura: em andamento. • O candidato só receberia se corretamente solicitado (tarefa 02): Laudo USG: cálculo de 1,0 cm em terço proximal de ureter esquerdo com hidronefrose moderada. Hidronefrose leve à direita, sem fator obstrutivo ao método. Caso solicitada corretamente a TC de abdome na tarefa 05, entregar o laudo: 25 • Cálculo de 1,2 cm em ureter proximal esquerdo, hidronefrose moderada. Ausência de hidronefrose ou cálculos à direita TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Solicitou hemograma? Solicitou creatinina? Solicitou urina 1? Solicitou urocultura? Tarefa 02 Solicitou ultrassonografia de rins e vias urinárias? Solicitou tomografia computadorizada? Tarefa 03 Indicou como hipótese: sepse de foco urinário? Indicou como hipótese: pielonefrite complicada com nefrolitíase à esquerda? Tarefa 04 Orientou internação? Orientou hidratação venosa? Checklist 26 Orientou analgesia? Orientou ceftriaxona 1g 12/12h? Orientou desobstrução endoscópica (passagem de duplo J) OU nefrostomia esquerda? Tarefa 05 Solicitou tomografia computadorizada de rins e vias urinárias? Justificou corretamente (necessidade de programação cirúrgica para abordagem definitiva do cálculo)? Tarefa 06 Indicou ureterorrenolitotripsia OU litotripsia extra-corpórea (LECO)? Debriefing Estação de pielonefrite com uma peculiaridade interessante: gestante! Terror de muita gente, principalmente do cirurgião, mas não podemos simplesmente ignorar que elas existem e também fazem pielonefrite obstrutiva. Aliás, possuem fatores de risco importantes que propiciam este evento: temos que lembrar que, devido à produção aumentada de progesterona, elas fazem uma estase urinária que favorece a formação de cálculos! Mas no que difere a condução deste caso pelo “simples” fato da paciente ser gestante? Tome nota: a principal é em relação ao exame a ser solicitado! Aqui, devemos recorrer à ultrassonografia de rins e vias urinárias, enquanto na paciente não gestante o padrão-ouro é a tomografia. Note que, no laudo do exame, apresenta hidronefrose à direita sem fator obstrutivo, achado esperado nessas pacientes, ou seja, as alterações encontradas estão apenas no lado esquerdo! 27 Outro ponto importante: devemos realizar a abordagem definitiva do cálculo somente após a resolução do parto, nossa paciente, então, deverá permanecer com o duplo J até a abordagem. À título de curiosidade, todo paciente com duplo J deve realizar antibioticoprofilaxia - nitrofurantoína 100 mg 1x ao dia; no caso da gestante, isso se mantém, porém, utilizamos cefalexina 500 mg 1x ao dia até a abordagem definitiva. 28 Tema: Úlcera Péptica Perfurada Caiu em: Unicamp 2016 / Unesp 2017 / UFPR 2020 Grau de dificuldade: fácil Tempo de estação: 10 minutos Ator / Examinador: 1 ator / 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: JDSM, sexo masculino, 58 anos, comparece ao PS em que você está trabalhando queixando de dor abdominal. Tarefa 01: Realize o atendimento. Tarefa 02: Solicite os dados pertinentes do exame físico. Tarefa 03: Solicite 01 exame de imagem. Tarefa 04: Dê o diagnóstico sindrômico e etiológico do caso. Úlcera Péptica Perfurada 29 Tarefa 05: Dê a conduta para o caso. Orientações ao Ator: O ator, quando questionado, responderia às seguintes perguntas: • Características da dor: dor do tipo lancinante, progressiva, há 10 horas, inicialmente em epigástrio, agora difusa em todo abdome, associado a náuseas e sudorese, sem fatores de melhora ou piora, 9/10 na escala visual analógica da dor, nega episódios prévios semelhantes. • Antecedentes pessoais: espondilite anquilosante diagnosticada há 35 anos; • Medicações em uso: infliximab e naproxeno; • Antecedentes familiares: tio com espondilite anquilosante, pai com HAS e DM2 e mãe falecida devido câncer de cólon; • Tabagista, carga tabágica = 30 maços / ano; • Nega etilismo; • Nega uso de drogas ilícitas; • Nega alergias. • Ao indicar a cirurgia, o paciente se demonstrava preocupado com a situação e era o seu dever tranquilizá-lo e responder eventuais dúvidas. • O paciente questionava se seria necessária ou outra cirurgia depois Orientações ao Examinador: Caso o candidato solicitasse ectoscopia, sinais vitais e exame físico do abdome, seriam entregues as respectivas informações: • Geral: paciente em regular estado geral, posição antálgica, afebril, 30 acianótico e anictérico, lúcido e orientado em tempo e espaço, hipocorado +/4+ desidratado +/4+ • Sinais vitais: FC: 115 bpm PA: 105 x 85 mmHg FR: 22 irpm SatO2: 97% em ar ambiente • Abdome: em tábua, ruídos hidroaéreos presentes e normoativos nos 4 quadrantes, palpação superficial difusamente dolorosa, presença de sinais de peritonite difusa, descompressão brusca positiva, percussão normotimpânica. Caso o candidato solicitasse rotina de abdome agudo, o examinador questionaria quais as incidências, se respondido corretamente às 3 incidências, receberia o seguinte exame: Após entregue o exame, o examinador questionaria qual o sinal evidenciado. TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se e definiu-se como médico? Checklist 31 Questionou quanto às características da dor (tipo, intensidade, duração, irradiação, progressão, fator de melhora ou piora, sintomas associados, episódios semelhantes - PELO MENOS 4)? Questionou antecedentes pessoais? Questionou quanto ao uso de medicações contínuas? Questionou quanto aos antecedentes familiares? Questionou quanto aos hábitos de vida (etilismo e tabagismo)? Questionou quanto à alergias? Tarefa 02 Higienizou as mãos? Solicitou exame físico geral ou ectoscopia? Solicitou sinais vitais? Solicitou exame físico abdominal? Tarefa 03 Solicitou rotina de abdome agudo? Indicou as seguintes incidências: tórax em PA, abdome em decúbito dorsal e ortostase? Descreveu o achado de pneumoperitônio? Tarefa 04 Deu diagnóstico sindrômico de abdome agudo perfurativo? Deu diagnóstico etiológico de úlcera péptica perfurada? 32 Tarefa 05 Indicou internação? Indicou jejum? Indicou reposição volêmica? Indicou IBP dose plena? Indicou antibioticoterapia? Indicou sondagem nasogástrica aberta? Indicou laparotomia OU laparoscopia de urgência? Tranquilizou o paciente e desfez eventuais dúvidas? Respondeu quanto à necessidade de realizar abordagem definitiva posterior da úlcera? Debriefing Estação clássica de abdome agudo perfurativo com o seu maior representante: úlcera péptica! Aqui, o detalhe para gabaritar a estação está em uma anamnese completa - explorando bem as características da dor do paciente (percebam que propositalmenteo caso clínico é mínimo, destacava somente uma dor abdominal, então era função do candidato extrair o máximo de informação possível através da interação com o ator), além disso, não esquecer de questionar sobre antecedentes pessoais (o paciente era portador de espondilite anquilosante e estava em uso contínuo de AINEs) e familiares, hábitos e alergias. Um outro ponto que chama atenção é em relação à importância de realmente entender o que se pede. Por exemplo: muitos decoram: abdome agudo = 33 rotina de abdome agudo, mas por vezes nem sabem no que consiste essa rotina. Cuidado para o examinador não te surpreender com perguntas que parecem “óbvias”. Saiba o porquê de indicar o exame e o que buscar quando diante do exame! Destrinchamos as condutas básicas de um paciente cirúrgico com algumas peculiaridades do caso em questão. O paciente não vai direto para o centro cirúrgico, mesmo diante de uma urgência. Salve exceções de vida ou morte. Portanto, sempre diante de paciente cirúrgicos, não esqueçam de internar, orientar jejum, prescrever fluidoterapia, antibioticoterapia se necessário e, especificamente para este caso, IBP em dose plena e sonda nasogástrica para minimizar o esvaziamento de secreção para o peritônio. Por fim, o paciente se mostra apreensivo e com medo do procedimento, neste momento a banca quer ver o seu desenrolar e avaliar sua relação médico- paciente. Vista a camisa do teatro e tranquilize o ator ou melhor, o paciente! Depois de tranquilizado, ele te perguntaria se teria que se submeter a algum outro procedimento - atenção nesta hora! Pergunta de ator / examinador = item de checklist! E a resposta é: SIM! Lembrem-se: perfuração é uma das indicações do tratamento cirúrgico da úlcera péptica! Na urgência, faremos a lavagem da cavidade, desbridamento de bordas, ulcerorrafia e a proteção local com um “patch” de omento. Em um 2º momento faremos a abordagem definitiva específica ao tipo de úlcera, se duodenal ou gástrica. 34 Tema: Apendicite Caiu em: HIAE 2016 e 2019 / HSL 2018 / UFPR 2018 / EMESCAM 2019 / USP-RP 2020 Grau de dificuldade: difícil Tempo de estação: 8 minutos Ator / Examinador: 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: Você está em uma Unidade de Emergência com todos os recursos possíveis e atende o paciente TML, 17 anos, sexo masculino, com quadro de dor abdominal periumbilical de início há 2 dias, associada a febre baixa, náuseas e alteração do hábito intestinal. Nega vômitos e disúria. Nega comorbidades e uso de medicações contínuas. Nega etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas. Nega alergias. Exame físico: Geral: regular estado geral, febril (Tax = 37,6 ºC) consciente, hidratado e normocorado. Escala de coma de Glasgow = 15. Cardiovascular: ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. FC: 110 bpm, PA: 105 x 70 mmHg. Apendicite 35 Respiratório: tórax atípico, sem deformidades. Expansibilidade preservada bilateral, frêmito toracovocal sem alterações. Percussão som claro pulmonar. Murmúrio vesicular fisiológico presente, simétrico em ápices e bases, sem ruídos adventícios. FR: 16 irpm. SatO2: 98% em ar ambiente. Abdome: atípico, ausência de abaulamentos e retrações. Ruídos hidroaéreos presentes, normoativos nos 4 quadrantes. Dor à palpação em FID com sinais de defesa e presença de massa palpável, descompressão brusca negativa. Ausência de peritonite difusa. Percussão submaciça em FID, normotimpânica no restante do abdome. Tarefa 01: Solicite 01 exame laboratorial, dê o escore de Alvarado para este caso e classifique-o em diagnóstico improvável, provável ou muito provável. Tarefa 02: Você optou por realizar os sinais do obturador e do psoas, ambos positivos. Descreva-os. Tarefa 03: Você solicitaria algum exame de imagem para definir a conduta? Se sim, qual? Tarefa 04: Dê a conduta adequada para o caso. Orientações ao Examinador: • Se o candidato solicitasse hemograma, viria o seguinte resultado: • Hb: 12,1 Ht: 33,8 Leucograma: 18.000 leucócitos com 3% de bastões Plaquetas: 248.000 36 • Se o candidato solicitasse corretamente o exame indicado, receberia a seguinte imagem: Com o laudo: apêndice de paredes espessadas, com diâmetro de 8 mm e ausência de contraste em seu interior. Presença de borramento de gordura periapendicular e massa inflamatória de 6 cm, sugestivo de abscesso. TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Solicitou hemograma? Deu escore de Alvarado = 6? Classificou o diagnóstico como provável? Checklist 37 Tarefa 02 Descreveu corretamente o sinal do obturador (dor provocada pela flexão da coxa e rotação interna do quadril)? Descreveu corretamente o sinal do psoas (dor provocada pela hiperextensão da coxa direita com o paciente deitado em decúbito lateral esquerdo)? Tarefa 03 Solicitou tomografia computadorizada de abdome com contraste? Tarefa 04 Indicou internação? Orientou antibioticoterapia? Indicou drenagem guiada de abscesso? Indicou colonoscopia após 4-6 semanas? Considerou apendicectomia de intervalo em 6-8 semanas? Debriefing Tentamos complicar um pouco a sua estação de apendicite. Conseguimos? Detalhe: nada rodapé! Se você foi capaz de passar por essa prova acertando mais de 70% do checklist, pode ter certeza que você está preparado para encarar QUALQUER estação ou questão teórica de apendicite! Não conseguiu? Não se desanime. Vamos fazer uma revisão rápida dos principais pontos que te desestabilizaram. Escore de Alvarado: avalia dados da história clínica, exame físico e 38 laboratório com o intuito de estimar a probabilidade do diagnóstico de apendicite aguda. 0-3 pontos = diagnóstico improvável; 4-6 pontos = diagnóstico provável; 7-10 pontos = diagnóstico muito provável. Exame físico: presença de sinais CLÁSSICOS em letra maiúscula, negrito, itálico e sublinhado para você gravar! É um crime ir para a prova prática sem saber reproduzir essas manobras! Além do obturador e psoas cobrados na estação, temos: Blumberg, Rovsing, Lapinsky, Lenander, Aaron, Markle, Dunphy. Sabe todos, né? Agora em relação ao exame de imagem no quadro de apendicite, quando indicar? Nas seguintes situações: mulheres, crianças, idosos, quadros duvidosos e tardios (risco de complicação). O nosso paciente é um homem, mas ainda assim tinha indicação de uma tomografia computadorizada (exame de escolha), sabe dizer o por quê? Pois o quadro era tardio! Repare que ele chegou com dor há 2 dias, ou seja, pelo menos 48 horas, justamente o corte para classificar a apresentação em tardia! E por que indicar a tomografia no quadro tardio? Para excluir uma possível complicação, pois isso muda TODA a nossa conduta! 39 Aqui, demos uma ajudinha: já dava para suspeitar de um abscesso durante a leitura do caso. Observe a clínica do nosso paciente: presença de massa palpável em FID - é o que chamamos de plastrão. O apêndice perfura é bloqueado pelo peritônio e forma o abscesso. Quem não se atentou à complicação, não pediu uma tomografia para confirmar e indicou apendicectomia, veja quantos itens de checklist foram perdidos! Então se liga no fluxograma: veio com quadro tardio (> 48 horas)? TC! Sem abscesso = apendicectomia (mesmo tratamento do quadro precoce); Com abscesso = antibioticoterapia + drenagem se grande (> 4 - 6 cm) + colonoscopia 4-6 semanas (diagnóstico diferencial com colite e neoplasia) + considerar apendicectomia em 6-8 semanas. Tome nota: essa apendicectomia de intervalo vem sendo questionada atualmente! Ela é indicada devido ao risco de recorrência do quadro agudo, porém estudos recentes mostram que essa recorrência gira em torno apenas de 8%, tornando-se um procedimento não tão necessário assim! Para encerrar: quais as 2 incisões na apendicectomia aberta? Transversa (Davis-Rockey) ou oblíqua (McBurney). 40 Tema: Pancreatite Aguda Caiu em: HSL 2015 / UFPR 2016 / USP-SP 2018 / CERMAM 2019 Tempo de estação: 5 minutos Ator / Examinador: 1 examinador Início da Estação Caso Clínico:ADS, sexo feminino, 68 anos, viúva, católica e aposentada, natural de Goiânia - GO e procedente de São Paulo, comparece ao PS do Hospital das Clínicas queixando dor abdominal intensa em barra no abdome superior do tipo facada, contínua e progressiva, com irradiação para dorso, 10/10. Iniciou há 8 horas, após churrasco de comemoração da sobrinha que foi aprovada no vestibular de medicina. O quadro vem acompanhado de náuseas e vômitos sucessivos (7 episódios). Negava episódios semelhantes anteriores. História patológica pregressa: Hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2. Em uso de losartana 50 mg 12/12h e metformina 850 mg 1x ao dia. Nega tabagismo e etilismo. Nega alergias conhecidas. Exame físico: Geral: Paciente na maca, agitada, consciente, afebril e anictérica, hidratada e normocorada. IMC = 35,0. ECG = 15. Pancreatite Aguda 41 Cardiovascular: ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas normofonéticas, sem sopros. FC: 115 bpm PA: 95 x 65 mmHg. Respiratório: murmúrio vesicular fisiológico presente em ambos hemitóraces. FR: 20 irpm. SatO2: 96% em ar ambiente. Abdome: globoso, ruídos hidroaéreos presentes hipoativos, doloroso à palpação superficial e profunda em andar superior com sinais de defesa, ausência de sinais de peritonite, hipertimpanismo difuso. Exames laboratoriais na admissão: • Hemograma: Hb: 12,4 Ht: 36,0; Leucograma: 17.000 bastões: 5%; Plaquetas: 230.850 • Gasometria arterial: pH: 7,42 pO2: 76,0 pCO2: 38,5 HCO3: 24,5 BE: - 1,8 SatO2: 95,6% • Amilase: 480 / Lipase: 320 • Sódio: 136 / Potássio: 3,8 / Magnésio: 1,9 / Cálcio: 8,2 / Cloro: 99 • Glicemia: 250 / LDH: 360 / AST: 280 / ALT: 320 • Ureia: 35 / Creatinina: 1,18 • PCR: 190 Tarefa 01: Você solicitaria algum exame de imagem neste momento? Se sim, qual(is)? Tarefa 02: Dê o diagnóstico. Tarefa 03: Você optou por internar a paciente. Realize a prescrição. Após 6 semanas de melhora clínica, a paciente retorna com náuseas, pirose e plenitude pós-prandial, com aumento dos níveis de amilase e tomografia computadorizada evidenciando lesão hipodensa, com cerca de 6,0 cm de extensão, sem realce pelo contraste, que se estende do espaço pararrenal anterior e comprime o fundo gástrico. 42 Tarefa 04: Qual a hipótese diagnóstica mais provável e a conduta indicada neste momento? Justifique. (3 linhas). Orientações ao Examinador: • Caso solicitado ultrassonografia de abdome, o examinador perguntaria qual a necessidade do exame e, após a resposta - independente se correta ou não, o candidato receberia o seguinte: • Se solicitado tomografia, receberia: "exame não realizado" e o examinador não faria nenhum questionamento. • O examinador entrega uma folha ao candidato para realização da prescrição. 43 • Ao finalizar, questiona quanto à necessidade de realizar algum procedimento cirúrgico, se o candidato respondesse sim, ele questionaria quando. TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Solicitou ultrassonografia de abdome? Justificou corretamente (investigação etiológica do quadro)? Tarefa 02 Deu o diagnóstico de pancreatite aguda litiásica? Tarefa 03 Colocou o nome da paciente na prescrição? Datou a prescrição? Prescreveu dieta zero? Prescreveu fluidoterapia? Prescreveu analgesia? Prescreveu antiemético? Prescreveu antibiótico? • Checklist negativo! Checklist 44 Orientou realização de colecistectomia na mesma internação, após resolução dos sintomas? Tarefa 04 Deu diagnóstico de pseudocisto pancreático? Indicou drenagem? Justificou corretamente (paciente sintomático)? Debriefing Estação de pancreatite com bons conceitos teóricos a serem revisados! Era um caso extenso e uma estação curta (5 minutos), o segredo era não enrolar na leitura. Nas primeiras linhas do caso já ficava claro tratar-se de uma pancreatite. Exames de imagem na pancreatite são obrigatórios? Depende, para que? E é exatamente isso que a tarefa 01 cobrava do candidato. Se for para dar o diagnóstico, o exame de imagem torna-se dispensável! Ele é feito através dos critérios de Atlanta em que são necessários 2 dos seguintes 3: 1) Sintomas compatíveis (dor em abdome superior, náuseas, vômitos); 2) Amilase ou lipase séricas aumentadas 3x o limite superior da normalidade; 3) Imagem radiológica compatível com o diagnóstico. Reparem só: no caso já tínhamos a história clínica e o laboratório compatível, certo? Diagnóstico feito. Então por que o exame de imagem? Simples: para definir a etiologia, ou seja, o que está causando a inflamação pancreática, em outras palavras - se existe ou não colelitíase! Esta é a principal causa de pancreatite (responsável por 30-60% dos casos), portanto, a USG deve ser solicitada para TODO paciente que se apresente com clínica compatível! 45 A sua conduta deve ser de acordo com a classificação da pancreatite! Na leve, internamos o paciente em enfermaria, prescrevemos jejum, fluidos, analgesia, antieméticos e programamos a colecistectomia na mesma internação. Enquanto na grave, além dessas medidas, internamos o paciente na UTI, pensamos em suporte nutricional, avaliamos necessidade de abordagem das vias biliares através de CPRE, solicitamos tomografia em 48-72 horas para avaliação de gravidade do quadro e vamos esperar no mínimo 6 semanas para realizar a colecistectomia - permitir a resolução do processo inflamatório. No caso em questão, o paciente não tinha critérios de gravidade ou disfunção orgânica, portanto deveria ser conduzido como leve. A parte prática abordada na sua prova era em relação à prescrição do paciente! Pouco abordado em provas e, consequentemente negligenciado por muitos alunos, porém fundamental na sua prática médica! Aqui pegamos leve, bastava enumerar os itens e simplesmente colocar palavras vagas como: "analgesia" ou "antiemético" mas fiquem atentos para provas que possam cobrar um pouco mais de vocês em relação a isso: nome da medicação, posologia, via e intervalos de administração - conhecimentos básicos e obrigatórios de todos nós médicos! 46 Tema: Colecistite Caiu em: UFG 2020 Grau de dificuldade: baixo Tempo de estação: 5 minutos Ator / Examinador: 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: MRM, sexo feminino, 40 anos, natural e procedente de Campinas - SP, comparece ao pronto atendimento com dor abdominal em QSD há 12 horas, irradiando para ombro e escápula ipsilaterais, associada à anorexia, febre não aferida, náuseas e vômitos. Refere quadros semelhantes anteriores, relacionados à ingestão de alimentos gordurosos, porém de duração menor. Tarefa 01: Realize o exame físico dirigido. Foram solicitados exames laboratoriais com os seguintes resultados: Leucocitose de 19.500 com desvio à esquerda, leve aumento de transaminases, fosfatase alcalina e amilase. Bilirrubina normal. Tarefa 02: Solicite 01 exame de imagem. Colecistite 47 • Se solicitado corretamente ultrassonografia de abdome, você receberia a seguinte imagem: • Neste momento, o examinador solicitaria 2 alterações presentes na imagem acima, indicativas da sua hipótese diagnóstica. Tarefa 03: Dê o diagnóstico e responda às perguntas da paciente. Orientações ao Ator: Questionar na tarefa 03: • 1ª pergunta: Dr(a) eu preciso operar? • 2ª pergunta: Qual a cirurgia e a via de escolha? • 3ª pergunta: Quais as possíveis complicações da doença? Me dê três exemplos. Orientações ao Examinador: • O candidato, ao mencionar a palpação abdominal, seria solicitado pelo examinador que explicasse o sinal de Murphy. 48 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se e definiu-se como médico? Higienizou as mãos? Aqueceu as mãos antes do exame? Pediu autorização à paciente para realizar o exame? Posicionou-se ao lado direito da paciente? Menciona exposição completa do abdome? Realiza inspeção estática e dinâmica? Realiza ausculta abdominal? • Não considerar se realizada após palpação ou percussão. Realiza palpação abdominal? Indica e demonstra corretamente o sinal de Murphy(palpa- se o ponto cístico e solicita que a paciente realize uma inspiração profunda que é interrompida subitamente pela dor)? Realiza percussão abdominal? Tarefa 02 Solicitou ultrassonografia abdominal? Checklist 49 Citou duas das seguintes alterações: espessamento da parede, distensão da vesícula, presença de líquido perivesicular, cálculo impactado? Tarefa 03 Citou como diagnóstico colecistite aguda litiásica? Indicou colecistectomia? Indicou via laparoscópica? Considerar apenas se identificado os 4 pontos. Indicou três das seguintes complicações: empiema / gangrena / perfuração / abscesso / fístula / peritonite generalizada / enfisema / íleo biliar. Debriefing Pessoal, estação com o bê-a-bá da colecistite! O caso clínico não deixa dúvidas quanto ao diagnóstico, mas este era apenas 1 item do seu checklist! Nesta estação, fizemos questão de valorizar o exame físico para enfatizar passos óbvios que fazemos na nossa prática médica diária, porém esquecemos na prova, tais como: pedir autorização, higienizar e aquecer as nossas mãos, despir o abdome e a sequência correta do exame: inspeção, ausculta, palpação e percussão. Enfoque especial ao sinal de Murphy, sempre explorado em estações e questões teóricas de colecistite. 50 Tema: Escroto Agudo Grau de dificuldade: alto Tempo de estação: 7 minutos Ator / Examinador: 1 ator / 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: MMF, 14 anos, sexo masculino, sem comorbidades, comparece ao pronto atendimento queixando-se de dor testicular direita, súbita, progressiva, de forte intensidade, irradiada para região inguinal ipsilateral há 3 horas, sem outros sintomas associados. Relata episódios semelhantes prévios, porém de menor duração. Nega lombalgia e conhecimento de ureterolitíase. Tarefa 01: Conduza o atendimento. Tarefa 02: Defina 1 sinal citado no exame físico. Tarefa 03: Dê a hipótese diagnóstica e 2 diagnósticos diferenciais. Tarefa 04: Qual a conduta para o caso? Escroto Agudo 51 Orientações ao Ator: • Ao ser questionado quanto ao mecanismo da lesão, o paciente negava relação com trauma, atividade sexual, esforços ou exposição ao frio; • Nega sintomas urinários • Nega vida sexual ativa e possibilidade de ISTs • Se indicado cirurgia, o ator questionaria qual a cirurgia e se demonstraria aflito, referindo medo do procedimento e recusando sua realização. Orientações ao Examinador: Ao solicitar o exame físico, seria entregue a seguinte folha: Geral: fácies álgicas, posição antálgica, afebril. FC: 120 bpm PA: 135 x 85 mmHg Genitália: testículo direito aumentado, endurecido e doloroso à palpação, sinal de Prehn negativo, Brunzel e Angell ambos positivos, reflexo cremastérico ausente; testículo esquerdo tópico, sem alterações, ausência de dor à palpação, reflexo cremastérico preservado. Ao finalizar a tarefa, o examinador entrega a seguinte ultrassonografia testicular com Doppler- fluxometria: 52 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se e definiu-se como médico? Questionou quanto ao mecanismo da lesão (trauma, atividade sexual, exposição ao frio, esforço - PELO MENOS 2)? Questionou presença de febre? Questionou presença de sintomas urinários? Questionou se vida sexual ativa OU história de ISTs? Solicitou exame físico? Tarefa 02 Definiu corretamente o sinal de Prehn (dor que melhora com a elevação escrotal) OU o sinal de Brunzel (testículo ipsilateral elevado) OU o sinal de Angell (testículo contralateral horizontalizado)? Tarefa 03 Deu como hipótese diagnóstica torção testicular? Citou como diagnóstico diferencial orquiepididimite OU orquite OU epididimite? Citou como diagnóstico diferencial torção do apêndice testicular? Checklist 53 Tarefa 04 Indicou cirurgia de emergência? Mencionou realização de orquidopexia bilateral? • Não considerar se apenas orquidopexia Demonstrou postura atenciosa e acolhedora quando o paciente relatou medo da cirurgia? Impôs a realização da cirurgia ou subestimou as angústias relatadas? • Checklist negativo. Forneceu argumentos em prol da realização da cirurgia? Utilizou da situação para criar maior vínculo com o paciente? Debriefing Questão que ainda não foi explorada em prova prática, mas vira e mexe é cobrada nas provas teóricas e é totalmente adaptável para uma estação, aposta quente para este ano! Galerinha, o assunto aqui é escroto agudo - clássica emergência urológica! Tem como principais representantes a torção testicular e a orquiepididimite. Muitas vezes a clínica aponta mais para uma situação do que para a outra, porém, quando isso não for possível, cabe a solicitação do Doppler para excluir a possibilidade de uma torção - condição clínica muito mais grave que não permite o atraso no diagnóstico! Nesta estação, o Doppler estava ali para te ajudar (pasmem), era visualizar o exame, perceber a ausência de fluxo e diagnosticar a torção! Por fim, no final da estação, dilema ético à vista, cada vez mais explorado em provas! A banca quer avaliar o jogo de cintura do candidato: sua 54 capacidade de acolher o paciente e ouvir suas queixas sem menosprezá-las, contornando a situação com argumentos sólidos e utilizando da situação para melhorar ainda mais a relação médico-paciente. 55 Tema: Queimadura Caiu em: UFES 2019 Grau de dificuldade: alto Tempo de estação: 8 minutos Ator / Examinador: 1 manequim / 1 examinador Início da Estação Caso Clínico: Paciente, 35 anos, sexo feminino, 80 kg, vítima de queimadura por chamas há 6 horas. É trazida ao pronto-socorro do Hospital das Clínicas pelos bombeiros, apresentando queimaduras em face, MMSS, MMII, região anterior de tronco e genitália. Realizado hidratação venosa com 1,0 L de solução durante o transporte. Tarefa 01: Realize o atendimento. Orientações ao Examinador: • Caso o candidato solicitasse a avaliação da via aérea, o examinador falaria o seguinte: Queimadura 56 Via aérea pérvia, com queimaduras em face e pescoço, vibrissas nasais chamuscadas, apresentando rouquidão à fala e estridor em repouso. • Se o candidato indicasse intubação orotraqueal, o examinador iria considerar como feito e a estação seguia. • Caso o candidato não fizesse menção e seguisse para avaliação do aparelho respiratório, o examinador levantaria a seguinte placa: "o paciente foi a óbito" e a sua estação estava finalizada. • Caso o candidato solicitasse a avaliação do aparelho respiratório, o examinador verbalizaria o seguinte: Murmúrio vesicular presente bilateralmente com roncos esparsos. FR: 18 irpm, SatO2: 97%. • Caso o candidato solicitasse avaliação cardiovascular ou da circulação, ele seria direcionado para as tarefas subsequentes. Tarefa 02: Classifique a queimadura, considerando o tipo mais grave observado: 57 Finalizada a tarefa, o examinador entrega ao candidato a seguinte folha: Você avaliou e chegou à conclusão que havia queimaduras de 1º grau em MSE e face anterior de MIE, 2º grau na cabeça, pescoço, parte anterior de MSE e anterior da coxa direita. 3º grau na face anterior do tronco, períneo e genitália. Tarefa 03: Calcule a superfície corporal queimada. Tarefa 04: Considerando a 10ª edição do ATLS, indique qual solução você utilizaria para a reposição volêmica e determine o volume a ser infundido na próxima hora. • O examinador entrega uma folha e caneta para o cálculo. Tarefa 05: Dê a conduta pertinente ao caso. • Se o candidato orientasse uso de antibiótico tópico, o examinador questionaria qual o mais utilizado nestes casos e o seu principal efeito adverso. TÉRMINO DA ESTAÇÃO 58 Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Iniciou o atendimento pelo ABCDE? Avaliou via aérea? Indicou intubação orotraqueal? Fez menção à avaliação do aparelho respiratório? Fez menção à avaliação do aparelho circulatório? Tarefa 02 Classificou corretamente a queimadura como 3º grau? Tarefa 03 Calculou corretamente a superfície corporal queimada = 37%? Tarefa 04 Indicou solução de ringer lactato? Indicou980 mL de solução na próxima hora? Tarefa 05 Citou analgesia? Citou limpeza e desbridamento das lesões? Citou curativo com antibiótico tópico? Checklist 59 Respondeu corretamente sulfadiazina de prata? Respondeu corretamente leucopenia? Citou transferência para CTQ? Indicou vacinação antitetânica? Debriefing Pessoal, sempre diante de uma queimadura, seja na prova ou na vida, lembrem de tratar o paciente como vítima de trauma! Sendo assim, o seu atendimento inicial deve ser realizado de acordo com o bom e velho ABCDE! Não podemos esquecer das indicações clássicas de intubação no grande queimado, o caso clínico já te dava a dica: queimadura em toda cabeça e pescoço e, ao avaliar a via aérea, presença de estridor e rouquidão… Seu paciente vai evoluir para insuficiência respiratória - tubo nele! Quem não indicou, infelizmente não passou nem da primeira etapa. Teve dúvidas no cálculo da superfície corporal queimada? Decorem a seguinte imagem, pois isso vai ser MUITO explorado de vocês. 60 Nosso paciente tinha: "queimaduras de 1º grau em MSE e face anterior de MIE, 2º grau na cabeça, pescoço, parte anterior de MSE e anterior da coxa direita. 3º grau na face anterior do tronco, períneo e genitália". Pegadinha clássica: queimadura de 1º grau NÃO entra na conta! Então, na sequência: 9 + 4,5 + 4,5 (apenas meia perna) + 18 + 1 (frequentemente esquecido) = 37%. Em relação à reposição volêmica, de acordo com a 10ª ed. do ATLS, a fórmula é: 2 x SCQ x Peso (anteriormente era x 4, pela fórmula de Parkland). Matemática básica: 2 x 37 x 80 = 5.920 L de ringer lactato - sendo que, metade (2.960 L) deve ser feito nas primeiras 8 horas e o restante em 16 horas. A tarefa pede a quantidade na próxima hora. 1 L já foi feito no pré- hospitalar e o paciente chegou com 6 horas de evento, então precisamos fazer 1.960 L em 2 horas = 980 mL na próxima hora! Foi? Por fim, lembrar de transferir o nosso paciente para o CTQ (dêem uma olhada nas indicações), analgesia, limpeza, desbridamento e curativo da lesões com sulfadiazina e, importantíssimo, vacinação antitetânica, tenho certeza que muitos esqueceram dessa última! 61 Tema: Abdome Agudo Obstrutivo Caiu em: USP-SP 2014 Grau de dificuldade: baixo Tempo de estação: 10 minutos Ator / Examinador: 1 ator / examinador Início da Estação Caso Clínico: CAC, sexo masculino, 73 anos, vem ao PS referindo dor abdominal difusa com predomínio em região periumbilical e de hipogastro, do tipo cólica, há 2 meses com piora progressiva, associado a parada da eliminação de flatos e fezes nos últimos 3 dias. Hoje refere vômitos enegrecidos. Tarefa 01: Complete a anamnese. Tarefa 02: Solicite os exames laboratoriais e de imagem pertinentes ao caso. Tarefa 03: Dê o diagnóstico sindrômico e a conduta definitiva. Abdome Agudo Obstrutivo 62 Tarefa 04: Dê a terapêutica. Orientações ao Ator: Quando questionado especificamente, informaria: • Perda de peso: 10 kg em 4 meses; • Hábito intestinal prévio: constipação crônica com necessidade de laxativos; • Antecedente pessoal: nega comorbidades e uso de medicações contínuas, história de apendicectomia há 40 anos; • Antecedente familiar: mãe falecida de câncer de ovário; • Ex-tabagista há 15 anos, 10 cigarros/dia por 40 anos; • Nega etilismo; • Alérgico a contraste iodado; • Se solicitado, se negaria a realizar o toque retal. Orientações ao Examinador: O candidato, ao solicitar o exame físico, receberia: Exame físico: Regular estado geral, afebril, consciente, emagrecido, desidratado +/4+ Tax 36,3 FC 115 PA 92/58 FR 24 Abdome: distendido com ondas peristálticas visíveis, ausculta com timbre metálico, doloroso difusamente à palpação e hipertimpânico à percussão. • O candidato deveria solicitar ativamente o toque retal. 63 Toque retal: presença de plicoma à inspeção, ampola retal vazia, sem massas palpáveis, ausência de sangue. Exames laboratoriais: • Hemograma: Hb: 13,5 g/dL Ht: 45% Leucócitos: 21.000 com 8% de bastões Plaquetas: 335.000 • Gasometria: pH: 7,31 pO2: 82 pCO2: 29 HCO3: 16 SatO2: 94,2 BE: -3,5 • LDH = 350 • Sódio = 136 / Potássio = 3,5 / Cloreto = 99 • Ureia = 42 / Creatinina = 1,6 • Amilase = 180 Após a entrega dos exames, questionar ao paciente qual o distúrbio gasométrico envolvido (oferecer caneta e papel se necessário para cálculo do ânion-gap). Rotina de abdome agudo: • Posteriormente, o examinador pediria 2 achados compatíveis com a radiografia. • Se solicitado tomografia computadorizada, o examinador questionaria se seria com contraste ou não, caso optado por contraste, o paciente iria 64 a óbito e a estação finalizaria ali. Se optado por uma tc sem contraste, nada aconteceria. Se indicado corretamente a cirurgia, o candidato receberia uma folha com a seguinte instrução e tarefa: Durante a laparotomia exploradora, você se depara com uma neoplasia obstrutiva de cólon esquerdo, com alças viáveis. Prossiga para a tarefa 04 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se e definiu-se como médico? Questionou perda de peso? Questionou cirurgias prévias? Questionou comorbidades e uso de medicações contínuas? Questionou quanto aos antecedentes familiares (história de câncer na família)? Questionou quanto aos hábitos de vida (etilismo e tabagismo)? Questionou quanto à alergias? Solicitou exame físico? Solicitou toque retal? Checklist 65 Explicou ao paciente quanto à importância da realização do toque? Tarefa 02 Solicitou hemograma? Solicitou função renal? Solicitou gasometria? Solicitou LDH? Solicitou amilase? Solicitou sódio? Solicitou potássio? Solicitou cloro? Solicitou rotina de abdome agudo? Citou acidose metabólica com ânion gap aumentado? • Se apenas "acidose metabólica" = parcial. Citou alcalose respiratória? Citou: distensão periféricas de alças / ausência de gás ou fezes na ampola / visualização de haustrações colônicas - PELO MENOS 2 Tarefa 03 Deu diagnóstico de abdome agudo obstrutivo? Indicou cirurgia / laparotomia exploradora? 66 Tarefa 04 Indicou derivação à Hartmann (ressecção do segmento associado a colostomia proximal com fechamento do coto distal)? Orientou fechamento da colostomia com anastomose colorretal em um 2º tempo? Debriefing Mais uma estação de abdome agudo, desta vez obstrutivo! Ponto chave: diferenciação entre obstrução alta (delgado) e baixa (cólon) - tanto clinicamente, quanto radiologicamente. Outros 2 pontos que merecem destaques nesta estação: 1) questionar sobre alergias! Pergunta que dura 3 segundos e pode te poupar de uma estação perdida! Aqui, a TC estava indicada para identificação do ponto de obstrução, mas o paciente era alérgico à contraste iodado! Se você esqueceu de questionar alergias e de solicitar a TC, 2 erros viraram 1 acerto, mas não se acostume, nem sempre funciona. 2) Interpretação de gasometria: extremamente importante e pouco valorizada de uma maneira geral. Aqui, não bastava apenas a identificação do distúrbio como "acidose metabólica", então, na dúvida, sempre nome e sobrenome! Em todo distúrbio, lembrem sempre de identificar se há ou não compensação - neste caso, não estava compensada, havia associação com uma alcalose respiratória. Além disso, quando se trata de acidose metabólica, o cálculo do ânion GAP é imprescindível! Claro que seria importante fazer a conta para confirmar que estava aumentado, mas se na hora apertar, reflita sobre o caso: obstrução intestinal há 3 dias, paciente grave - taquicárdico, PA limítrofe, taquipneico, leuco aumentado com desvio… Somos obrigados a pensar em sofrimento de alça! A alça isquemiada entra em metabolismo anaeróbio e passa a produzir lactato - razão do aumento do AG! 67 Aqui, a estação solicitava apenas a conduta definitiva, mas fiquem atentos às que podem ser um pouco mais detalhistas, lembrem sempre de internar, orientar dieta, prescrever fluidos, corrigir distúrbios eletrolíticos, avaliar necessidade de antibióticos (profiláticos ou terapêuticos)e, neste caso em específico, inserir uma sonda nasogástrica a fim de reduzir sintomas como distensão abdominal, náuseas e o risco de vômitos e broncoaspiração. 68 Início da Estação Caso clínico: Paciente masculino, vítima de agressão há 1 hora. Nega perda da consciência. Veio trazido com colar cervical e prancha rígida. Não foi realizada nenhuma medida pela equipe de atendimento extra-hospitalar. Quatro tarefa s: Assim que terminar, solicite a próxima tarefa Tarefa 1: Realize o atendimento inicial Tarefa 2: Verbalize a conduta inicial para o paciente Trauma Abdominal Contuso Tema: Trauma Abdominal Contuso Caiu em: UFPR 2019; USP-RP 2017 e 2020; UNICAMP 2018; UNIFESP 2018; HSL 2017; HIAE 2015 e 2018; SCMSP 2016, 2018 e 2020 Tempo da estação: 5 minutos Ator/examinador: Um examinador e um ator Cenário: Pronto atendimento, ator sem colar nem prancha rígida 69 Tarefa 3: Classifique a lesão vista na tomografia Orientações ao Ator: Quando questionado sobre identificação, falar: • Que seu nome é Antônio e tem 38 anos. Fonte:https://app.figure1.com/image/ display?urlToken=53288b2a9bc83f4309 00138f&imageSize=9 TC evidenciando lesão esplênica grau IV/V. Não podemos dar certeza, pois a TC trata-se de um exame dinâmico e na imagem mostrada temos apenas um corte. Houve lesão com desvascularização >25%, mas não conseguimos afirmar com certeza que houve desvascularização esplênica. Tarefa 4: Após tomografia, durante reavaliação, paciente apresentou instabilidade hemodinâmica. Qual a conduta frente à mudança do quadro? 70 Quando questionado sobre o que aconteceu, falar: • Que durante uma briga na rua, foi agredido com socos e chutes por todo o corpo. • Negar que foi usado qualquer instrumento para agressão (taco, barra de ferro, tijolo…) e reforçar que foi somente socos e chutes. Quando questionado sobre queixa principal, falar: • Dor na barriga e que está piorando. Quando questionadas informações complementares, falar: • Apresenta escoriações nos braços e nas pernas, mas queixa apenas de dor na barriga. • Nega quaisquer outras queixas. Quando examinado abdome, falar: • Que sente dor à palpação em hipocôndrio esquerdo. Negar dor à palpação de quaisquer outros locais do abdome. Se o candidato questionar qualquer outra pergunta, falar: • Que não sabe responder e que somente a barriga que está doendo. Orientações ao Examinador: Quando o paciente solicitar a monitorização do paciente, falar: • Considere o paciente monitorizado Quando o candidato solicitar avaliação A, falar: • Considere vias aéreas pérvias. Quando candidato solicitar avaliação B, falar: • Saturação: 98% em ar ambiente. • Ausculta: sem ruídos adventícios. FR: 18irpm • Percussão: som claro pulmonar. Quando candidato solicitar avaliação C, falar: • PA: 110x70mmHg; FC: 118bpm; 71 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se como médico Checklist • Abdome: doloroso à palpação difusamente, porém sem sinais de peritonite. • Ausculta cardíaca: sem quaisquer alterações. • Pelve estável. • Sem sangramento visível ativo. Após avaliação C, falar ao candidato: • Considere D: sem quaisquer alterações • Considere E: equimose e escoriações em região de transição flanco e hipocôndrio esquerdos; escoriações em membros superiores e membros inferiores. Entregar tarefa 2 imediatamente após. Quando o candidato solicitar FAST ou Lavado Peritoneal, falar: • Não está disponível no serviço. Se o candidato solicitar TC ou a tarefa seguinte: entregar tarefa 3. Assim que o candidato verbalizar sua resposta para a tarefa 3, entregar a tarefa 4. 72 Lavar as mãos Paramentou-se antes do atendimento Perguntou como foi a agressão (mecanismo do trauma) Solicitou monitoração do paciente e dois acessos periféricos calibrosos Avaliou A Avaliou B (Pontuar somente se verbalizar: saturação e exame físico do tórax) Avaliou C (Pontuar somente se verbalizar: pressão arterial, frequência cardíaca e exame abdominal) Tarefa 02 Verbalizou: 1000ml de SF 0,9% ou RL ou Ringer ou cristaloide? (Não pontua se não verbalizar o volume) Verbalizou: Ac. tranexâmico ou Transamin 1g ou 4 ampolas? (Não pontua se não verbalizar a dose) Verbalizou: FAST ou Lavado Peritoneal Diagnóstico? Verbalizou tomografia de abdome? Tarefa 03 Verbalizou: lesão esplênica grau IV ou V? Tarefa 04 Verbalizou: iniciar protocolo de transfusão maciça? Verbalizou: laparotomia e esplenectomia? (Pontua se verbalizar somente laparotomia ou esplenectomia) 73 Debriefing Galera, estação bem tranquila, hein?! Boa pra treinar e deixar o atendimento ao politraumatizado bem medular. Porém o enfoque da estação não foi no ATLS, como vocês perceberam. O enfoque foi em condutas no trauma abdominal fechado e, em específico, na lesão esplênica. Em relação ao trauma abdominal fechado o primeiro parâmetro que precisamos ter é o status hemodinâmico do paciente. Se o paciente estiver estável, a Tomografia é o melhor exame para avaliar o abdome. Ela serve para avaliar principalmente vísceras sólidas (baço, fígado e rins), parede abdominal e grandes vasos. Lembrando que ela não tem uma sensibilidade boa para trauma de vísceras ocas, principalmente em poucas horas após o trauma. Caso o paciente esteja instável e o paciente não tiver nenhuma outra lesão além da abdominal, está indicada a laparotomia. Basta pensar assim: o paciente levou um golpe com taco de baseball somente na barriga e está instável. Qual o foco provável dessa instabilidade? Claro que não vai ser o tórax, né?! Nesse caso, temos que tratar a lesão com a laparotomia. Mas se paciente seja vítima de politrauma (o paciente da estação, agredido, devemos pensar em politrauma porque ele perdeu a consciência e dificilmente foi agredido somente na barriga, né?!), o FAST ou o Lavado Peritoneal Diagnóstico está indicado. Lembrando que são exames que se estiverem negativo não afasta lesão abdominal. Mas se estiverem positivos, num paciente instável, está indicada laparotomia. Em relação ao tratamento “não cirúrgico” importante pontuar que, obviamente, não significa que vamos ficar apenas olhando para o doente sem fazer nada. Vamos instalar medidas para tentar estabilizá-lo com: ácido tranexâmico se o tempo entre o trauma e a primeira dose for menor que 3h (conceito novo); reposição volêmica (máximo de 1000ml de cristaloide AQUECIDO) e caso não responda ao volume, 74 está indicado protocolo de transfusão maciça. Já em relação ao trauma esplênico, é um tema que tem caído muito nas provas teóricas e que pode ser cobrado aqui de várias formas! Vocês perceberam que cobramos a classificação e a conduta do trauma esplênico de uma forma bem rápida, né?! Em relação à conduta, pra ficar bem fácil de lembrar, está indicada cirurgia: Instabilidade hemodinâmica; abdome cirúrgico (peritonite); lesão esplênica grau IV ou V (pra lembrar: BAÇO tem 4 letras, então cirurgia a partir do grau IV). 75 Pneumotórax Aberto Tema: Pneumotórax Aberto Caiu em: UFPR 2019; USP-RP 2017 e 2020; UNICAMP 2018; UNIFESP 2018; HSL 2017; HIAE 2015 e 2018; SCMSP 2016, 2018 e 2020 Tempo da estação: 5 minutos Ator/examinador: 1 examinador Cenário: UPA Início da Estação Caso clínico: Você está de plantão em uma UPA e é chamado para atender um paciente masculino, vítima de acidente moto há mais ou menos 15 minutos. Foi trazido por cidadão que presenciou o acidente sem colar cervical nem prancha rígida. Acompanhante diz que o paciente estava a mais ou menos 60km/h quando perdeu controle da moto, e bateu com o tórax contra caçamba de entulho. Paciente encontra-se em maca, muito agitado, com dificuldade para conversar. Queixa muita dor no tórax e dor mais discreta em pescoço. Tarefa 1: Verbalize o atendimento inicial e a(s) conduta(s) imediata(s) para o caso. Quando terminar, solicite a tarefa 2. 76 Orientações ao Examinador: Se o candidato não for específico em relação ao que deseja avaliar (solicitarapenas “A” ou “avaliação do B”), falar: • Seja mais específico; ou • O que você quer avaliar? Quando for solicitado avaliação A: • Vias aéreas pérvias, sem sinais de lesão de face, de boca ou de traqueia. Quando for solicitado avaliação B: • Inspeção: lesão em hemitórax direito, com perda de partes moles e exposição de parênquima pulmonar (que se encontra retraído e íntegro), de mais ou menos 10cm de extensão • Ausculta: Pulmão esquerdo sem quaisquer alterações. Direita diminuída. Cardíaca: Ritmo regular em 2T, bulhas normofonéticas, sem sopros. • Saturação 90% em ar ambiente. FR: 38irpm. Quando solicitar C: • PA: 100x65mmHg. FC: 112bpm. • Abdome: Plano, flácido, indolor à palpação. • Pelve: estável, indolor. • Sem sinais de sangramento comprometedor ativo. Tarefa 2: Após medidas iniciais, paciente evoluiu com melhora do padrão respiratório. • Saturação 94% em ar ambiente. • PA: 120x75 mmHg. FC: 100bpm. Qual(is) a(s) conduta(s) subsequente(s)? 77 TÉRMINO DA ESTAÇÃO Quando solicitar D: • ECG: 14 (perde por resposta verbal confusa) • Movimenta os 4 membros ativamente Quando solicitar E: • Dor à palpação de coluna cervical • Várias escoriações em dorso. • TR: esfíncter normotônico, sem palpação de espículas, sem sangue em dedo de luva. Se o candidato solicitar colar cervical e prancha rígida, falar: • Considere colar cervical e prancha rígida posicionados. Se o candidato solicitar drenagem de tórax, falar: • Não há dreno de tórax disponível na unidade Se o candidato solicitar curativo de 3 pontas, falar: • Considere curativo realizado. Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Apresentou-se como médico Checklist 78 Paramentou-se: verbalizou gorro, óculos, máscara, luva e avental Sim: 4 ou todos; Parcial: 2 ou 3; Não: qualquer outro cenário Colocou colar cervical no paciente antes de iniciar o exame físico. Avaliou A Avaliou B Sim: solicitou inspeção, ausculta e saturação Parcial: solicitou apenas um ou dois dos três Não: qualquer outro cenário Indicou realização de curativo com 3 pontas em tórax. Avaliou C Sim: solicitou PA, FC, exame abdominal e pélvico Parcial: solicitou apenas dois ou três dos quatro Não: qualquer outro cenário Avaliou D Fez exposição total do paciente e preveniu contra hipotermia (parcial se realizar somente exposição) Solicitou monitorização do paciente Solicitou dois acessos periféricos calibrosos. Tarefa 02 Prescreveu analgesia Solicitou transferência para centro de referência em trauma 79 Debriefing Galera, a gente sempre fala isso, mas imaginem só essa cena: você está de plantão (seja como médico ou como interno) e de repente chega alguém desesperado, gritando por socorro, dizendo que trouxe algum acidentado. Já aconteceu com você? Se sim, você já sabe que o fundamental nesse momento é manter a calma e lembrar que TRAUMA = ABCDE!!! Nas provas que você fará, não se esqueça nunca de mostrar de alguma forma o que você está fazendo ou o que está pensando! Nessa estação, não adiantava só dizer que ia fazer o ABCDE. Lembrando que em todo paciente que chegue com potencial quadro grave, devemos monitorá-lo: cardioscopia, saturação e pressão arterial não invasiva (famoso MOV). No A, a primeira coisa que precisamos checar é se a coluna está protegida! Não caiam nessa pegadinha! Se o paciente chega sem colar ou prancha, coloque-os até descartar lesões da coluna! Além disso, você precisa dizer que está avaliando a perviedade das vias aéreas, algum sinal de que esse paciente vai precisar ser intubado. No B, o mínimo é Saturação e exame (inspeção, palpação, percussão e ausculta) do tórax! Nessa estação, já encontramos aqui um paciente com uma lesão potencialmente fatal: um provável pneumotórax aberto. No trauma, levem uma coisa no coração de vocês: quando você encontra alguma alteração que ameace a vida no paciente, você não passa para a próxima letra sem resolver esse problema. O tratamento para pneumotórax aberto vocês sabem que é a drenagem em selo d’água e a correção da lesão. Mas aqui o cenário é de uma UPA! Cenário de guerra! Nesse caso, você propõe uma solução temporária, que é o curativo de três pontas. 80 No C, você não pode esquecer de avaliar a PA, a FC e examinar os sistemas que podem cursar com choque hipovolêmico (tórax - já examinado no B, abdome e pelve). No D, sempre lembrar de estimar a escala de coma de Glasgow e avaliar possível lesão medular. Para isso, movimentamos o paciente em bloco, palpamos a coluna e pedimos que o paciente movimente os membros. No E, vamos realizar a exposição total do paciente, tirar todas as roupas e adornos e proteger o paciente contra hipotermia. Depois de ter feito tudo isso, passamos para a avaliação secundária. Nessa parte do exame, devemos prestar atenção mais a detalhes que possam ter passado batido na avaliação primária (hematomas, escoriações, fraturas). Para isso, examinamos desde a cabeça até o dedão do pé. Não podemos esquecer aqui do toque retal, hein? Por fim, como estamos num ambiente sem centro cirúrgico e esse paciente provavelmente vai precisar de cirurgia, devemos prescrever analgesia e encaminhá-lo para centro de referência de trauma. 81 Início da Estação Caso clínico: Você está de plantão em um hospital referência, quando é chamado para atender um paciente masculino, 82 anos, que apresentou queda da própria altura há mais ou menos 2h. Queda foi presenciada por filho, que conta que o paciente escorregou em tapete, caiu e bateu com região temporal no chão. Logo após a queda, apresentou convulsão que durou cerca de 30 segundos. Foi trazido por SAMU e estava com colar cervical e prancha rígida. Tarefa 1: Verbalize o atendimento inicial. Tarefa 2: Estime a pontuação na escala de Glasgow e verbalize a conduta imediata para o paciente. Hematoma Subdural Tema: Hematoma Subdural Caiu em: UFPR 2019; USP-RP 2017 e 2020; UNICAMP 2018; UNIFESP 2018; HSL 2017; HIAE 2015 e 2018; SCMSP 2016, 2018 e 2020 Tempo da estação: 5 minutos Ator/examinador: 1 examinador Cenário: Pronto Atendimento de hospital referência 82 Tarefa 3: Após analisar tomografia, verbalize o diagnóstico e a(s) conduta(s) subsequente(s). Fonte: https://app.figure1.com/image/ display?urlToken=583b45466d6370cb797ac7f0&imageSize=9 Na imagem, observa-se um hematoma subdural extenso, com compressão de ventrículo e desvio de linha média. Orientações ao Examinador: Se o candidato solicitar quaisquer informações sobre o estado do paciente, não responder nada. Se o candidato não for específico em relação ao que deseja avaliar (solicitar apenas “A” ou “avaliação do B”), falar: • Seja mais específico; ou 83 • O que você quer avaliar? Quando for solicitado exame das vias aéreas (A): • Vias aéreas pérvias, sem sinais de lesão de face, de boca ou de traqueia. Quando for solicitado exame do tórax e da respiração (B): • Inspeção: boa expansão bilateralmente, sem sinais de lesão torácica. • Ausculta: Murmúrio presente bilateralmente, sem ruídos adventícios. • Saturação 95% em ar ambiente. FR: 20irpm. Quando solicitar exame cardiovascular (C): • PA: 168x102 mmHg. FC: 122bpm. • Abdome: Plano, flácido, indolor à palpação. • Pelve: estável, indolor. • Sem sinais de sangramento ativo que possa comprometer hemodinâmica do paciente. Quando solicitar avaliação neurológico (D): • Abertura ocular somente ao estímulo doloroso • Emite apenas sons incompreensíveis • Não localiza e apresenta flexão anormal dos membros ao estímulo doloroso. Assim que o paciente solicitar D ou avaliação neurológica, entregar tarefa 2. Quando o candidato indicar Intubação Orotraqueal, falar: • Considere Intubação realizada com sucesso. • Parâmetros pós IOT: Saturação de 98% com 21% de O2; PA: 132x96 mmHg. FC: 98bpm. TÉRMINO DA ESTAÇÃO 84 Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Paramentou-se: verbalizou gorro, óculos, máscara, luva e avental (pontua se verbalizou 3 ou mais) Lavou as mãos antes de iniciar o atendimento Avaliou A (exame/avaliaçãodas vias aéreas) Avaliou B (pontua se solicitou pelo menos ausculta e saturação) Avaliou C (ponta se solicitou pelo menos Pressão Arterial e Frequência Cardíaca) Avaliou D ou solicitou/realizou exame neurológico Tarefa 02 Estimou escala de Glasgow = 7 Indicou Intubação Orotraqueal Solicitou tomografia de crânio Tarefa 03 Verbalizou corretamente o diagnóstico: Hematoma Subdural Contactou equipe de Neurocirurgia Prescreveu Fenitoína (Dose não é necessário) Checklist 85 Debriefing Galera, mais uma estação de trauma! Aqui vocês já estão craques que TRAUMA = ABCDE! Então vamos focar um pouco mais no cerne da questão! Essa estação é importante para vocês aprenderem a metodizar o atendimento de vocês. Na vida real, esse paciente ganharia um tubo logo na admissão. Mas se você atende esse paciente na prova como atende na vida real, pode ser que você atropele alguns checklists e deixe de ganhar alguns pontinhos. Bora ver aqui rapidinho! Comece sempre pelo ABCDE! Nesse caso, como não temos informação nenhuma sobre o estado do paciente, vamos começar pelo A (sem alterações), seguindo para o B (sem alterações), C (chama atenção para uma hipertensão, mas nenhuma outra informação é significativa) e chegamos no D. Quando fazemos o exame neurológico do paciente, percebemos que ele tem um Glasgow de 7. Aqui está a indicação do tubo! Assim que indicarmos o tubo, como a estação não é de procedimento, o examinador considera que o paciente foi entubado com sucesso. Após isso, devido ao TCE grave, está indicada a TC de crânio. Na TC, é possível ver um hematoma subdural extenso, o que justifica todo o quadro neurológico que temos. Esse paciente precisa de uma avaliação neurocirúrgica, certo?! Devemos contatar a equipe! Além disso, é importante lembrar que em pacientes vítimas de TCE, a fenitoína diminui a incidência de crises convulsivas e pode ser usada nesse caso (principalmente porque o paciente já apresentou uma crise logo após a queda). 86 Tema: Fratura Exposta Caiu em: UNESP 2018 Tempo da estação: 5 minutos Ator/examinador: 1 Examinador e 1 ator Cenário: UPA Início da Estação Caso clínico: Você é o médico de plantão em uma UPA, quando é chamado para atender Gilberto, de 26 anos. O paciente foi vítima de uma colisão de moto x carro, estava na moto. Conta que estava em um cruzamento, quando foi surpreendido pelo carro avançando semáforo vermelho e colidindo contra a lateral da moto e do paciente. Nega perda da consciência. Conta que estava de capacete. Foi trazido pelo SAMU de colar cervical e prancha rígida. Paciente atendido conforme protocolo do ATLS. Já foi monitorizado. Equipe de enfermagem já conseguiu dois acessos calibrosos e já foi iniciado 1000ml de RL. A - Vias aéreas pérvias, sem sinais de lesão em face ou de trauma em traqueia. B - MV+ bilateralmente, sem RA. Eupneico. StO2: 98% em ar ambiente. C - PA: 135x85mmHg. FC: 105bpm. Abdome plano e indolor. Pelve estável. Fratura Exposta 87 Sem sangramento ameaçador à vida visível. D - Glasgow 15. Ausência de déficits neurológicos. Movimenta os quatro membros. Tarefa 1: Continue o atendimento do paciente. Ao finalizar, solicite a próxima tarefa. Tarefa 2: Frente ao quadro, qual(is) a(s) conduta(s)? Orientações ao Ator: Quando o candidato questionar, responder: • Alergias: não; • Medicamentos de uso: nenhum; • Comorbidades: nenhuma; • Última refeição: há mais ou menos 5 horas (almoço); • Ambiente/Fatores relacionados ao trauma: Falar que estava indo para o trabalho na sua moto, quando foi atravessar cruzamento, quando um carro furou o sinal vermelho e te atingiu pelo lado direito. Você caiu ao solo e não conseguiu se levantar porque estava com muita dor na perna. Quando o candidato explicar que o toque retal deverá ser realizado, autorizar a realização do exame. • Se o candidato questionar sobre carteira de vacinação, falar: • Perdeu a carteira de vacinação há anos. Não se recorda do status vacinal. 88 Orientações ao Examinador: Quando o candidato solicitar ou avaliar os seguintes itens, responder: • Cabeça: sem nenhum sinal de lesão; • Face: sem nenhum sinal de lesão; • Pescoço e coluna cervical: indolor, com algumas escoriações pequenas em dorso; • Tórax e abdome: sem nenhum sinal de lesão. • Toque Retal: esfíncter anal externo normotônico, mucosa íntegra, ausência de espículas, sem qualquer outro achado. • Membros: desvio com visualização de ponta óssea em região medial de perna direita. Sangramento discreto no local. • Pulsos: pulsos periféricos presentes e fortes. Quando o candidato solicitar imobilização do membro, falar: • Considere o membro imobilizado. Se o candidato solicitar RX, falar: • O aparelho de raio-x está quebrado. TÉRMINO DA ESTAÇÃO Itens avaliados Sim Não Tarefa 01 Realizou exposição do paciente ou despiu totalmente o paciente Checklist 89 Protegeu contra hipotermia (considerar se solicitou cobrir o paciente com cobertor) Verbalizou que iniciará avaliação secundária. Realizou questionário AMPLA (Alergias; Medicamentos de uso; Patologias pregressas; Última refeição; Fatores ou eventos relacionados ao trauma) Sim: Pelo menos 3 Não: 2 ou menos Examinou/Inspecionou cabeça e face Examinou/Inspecionou/palpou pescoço e coluna Pediu permissão e realizou toque retal (incorreto se candidato apenas verbalizar que realizará o exame) Inspecionou membros e identificou fratura exposta de perna direita. Examinou pulsos distais Tarefa 02 Prescreveu analgesia Prescreveu cefalosporina de 1º geração ou cefalexina e aminoglicosídeo ou gentamicina Prescreveu “profilaxia antitetânica” ou “vacina antitetânica” ou “toxoide tetânico” Imobilizou o membro fraturado Encaminhou para serviço especializado 90 Debriefing Pessoal, a gente tá tão acostumado que trauma = ABCDE que às vezes a gente patina quando já tem tudo isso pronto. Mas isso não vai acontecer com vocês! Temos certeza! Nessa estação, temos um paciente vítima de trauma e que a banca já nos dá quase todo o atendimento primário! E agora?! O que restou pra fazer? Sentar e chorar? Claro que não, jovem! Vem com a gente aqui… Depois do ABCD vem o E, quando realizamos exposição total do paciente e prevenimos hipotermia (cobertor ou manta térmica). Assim encerramos a avaliação primária! O que vem depois? Depois do primário vem o que? O secundário! Tá vendo? Cirurgia não é difícil! hehehe A avaliação secundária nada mais é do que uma revisão minuciosa do paciente. Já excluímos lesões ameaçadoras à vida na avaliação primária. Agora vamos procurar todas as outras lesões. Começamos com a anamnese AMPLA (sigla para: Alergias; Medicamento em uso; Patologias pregressa/Pregnancy; Líquidos - refeição -; Ambiente do trauma, que nada mais é do que identificar o mecanismo do trauma). No exame físico secundário inspecionamos a cabeça/calota craniana do paciente, examinamos a face de novo, pescoço, tronco (anterior e posterior) e avaliamos os membros! Aqui a gente descobre que o paciente apresenta uma fratura exposta de perna direita, mas sem sangramento ativo importante. Frente a qualquer tipo de fratura, devemos examinar o membro acometido! Principalmente examinar a parte vascular (se há pulso distal ou não). Algumas vezes, o paciente vem com o membro não imobilizado e o simples fato de “colocar o membro em posição anatômica” e imobilizá-lo já restaura o fluxo sanguíneo e você salvou a perna da vítima. 91 Após imobilizar o membro, não podemos esquecer das profilaxias (tétano e bacteriana). Devemos perguntar se o paciente tem o cartão vacinal ou já orientar realizar profilaxia conforme status vacinal. Por fim, como a fratura é exposta, devemos fazer antibioticoprofilaxia com Cefalexina e Gentamicina! Por fim, não podemos esquecer da analgesia (osso quebrado dói pra burro!) e de encaminhar o paciente para serviço especializado para o tratamento definitivo. 92 Tema: Coledocolitíase Tempo da estação: 10 minutos
Compartilhar