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Filosofia- ideal científico e razão instrumental

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TEXTO 10: O ideal científico e a razão instrumental 
O ideal científico 
O ideal científico é a ciência como a confiança que a cultura ocidental 
deposita na razão como capacidade para conhecer a realidade. A lógica 
que rege o pensamento científico contemporâneo está centrada na ideia 
de demonstração e prova 
A ciência contemporânea se funda na distinção entre sujeito e objeto do 
conhecimento, que permite estabelecer a ideia da objetividade; na ideia 
do método como um conjunto de regras, normas e procedimentos gerais 
para a confirmação ou falsificação dos resultados – a ideia do método é 
que p pensamento obedece a certos princípios internos (identidade, não 
contradição, terceiro excluído e razão suficiente). 
O objeto científico é um fenômeno submetido à análise e à síntese, que 
descrevem os fatos analisados ou constroem a própria entidade objetiva, 
ou seja, pode ser conhecida em seus elementos, propriedades, funções ou 
modo de permanência ou transformação. 
A lei científica define o que é o fato, fenômeno ou objeto construído pelas 
operações científicas, ou seja, ela diz como o objeto se constitui, como se 
comporta, como e porque permanece ou se transforma, ... ela define o 
objeto segundo um sistema de relações de causalidade, 
complementaridade, inclusão e exclusão. 
Instrumentos tecnológicos são basicamente a ciência em objetos materiais 
e destinam-se a dominar e transformar o mundo e não simplesmente 
facilitar a relação do homem com o mundo. A tecnologia confere à ciência 
precisão e controle dos resultados, aplicação prática e 
interdisciplinaridade. 
• A ciência busca afastar os dados qualitativos e percepto-emotivos 
dos objetos ou fenômenos para construir apenas seus aspectos 
quantitativos e relacionais. 
A linguagem cotidiana e literária são conotativas e polissêmicas, 
possuindo palavras com múltiplos significados e exprimem tanto o sujeito 
quanto a coisa; na linguagem científica destaca o objeto da relação com o 
sujeito, separado da experiencia, com uma linguagem completamente 
denotativa e objetiva. O simbolismo científico rompe com o simbolismo da 
linguagem cotidiano, desenvolvendo uma língua própria. 
Ciência desinteressada e utilitarismo 
Desde o humanismo, duas concepções sobre o valor da ciência estiveram 
em confronto: o ideal do conhecimento desinteressado – afirma que o 
valor de uma ciência se encontra na qualidade, no rigor e na exatidão, 
independente da sua aplicação prática, ou seja, a ciência pode ser aplicada 
na prática por ser verdadeira, mas o uso dela é consequência e não causa 
do conhecimento científico; e o utilitarismo, que afirma que o valor de 
uma ciência se encontra na quantidade de aplicação prática que possa 
permitir, ou seja, é o uso ou a utilidade imediata dos conhecimentos que 
prova a verdade de uma teoria científica e lhe confere valor. 
Ambas as percepções são verdadeiras, mas parciais. Na realidade, teoria e 
prática científicas estão relacionadas na concepção moderna e 
contemporânea de ciência, mesmo eu uma possa estar mais avançada que 
a outra. 
Ideologia cientificista 
O senso comum tende a identificar as ciências com os resultados de suas 
aplicações e essas identificações desembocam em uma atitude conhecida 
como cientificismo – fusão entre ciência e técnica e a ilusão da 
neutralidade cientifica. 
O cientificismo é a crença infundada de que a ciência pode e deve 
conhecer tudo, o senso comum cientificista desemboca numa ideologia e 
numa mitologia da ciência. 
Ideologia da ciência: crença no progresso e na evolução dos 
conhecimentos que um dia explicarão totalmente a realidade e permitirão 
manipulá-la tecnicamente. 
Mitologia da ciência: crença na ciência como se fosse magia e poderio 
ilimitado sobre as coisas e os homens, dando-lhe o lugar que muitos 
costumam dar à religião, isto é, um conjunto doutrinário de verdades 
atemporais, absolutas e inquestionáveis. 
A ideologia e a mitologia cientificista encaram a ciência não pelo prisma 
do trabalho do conhecimento, mas pelo prisma do resultado e sobretudo 
como uma forma de poder social e de controle do pensamento humano. 
Por esse motivo a ideologia da competência é aceita, sendo a ideia de que 
há os que sabem e os que não sabem, sendo os primeiros competentes e 
com o direito de mandar e exercer poderes, enquanto os outros são 
competentes, devendo obedecer e ser mandados. 
A razão instrumental 
Essa razão nasce quando o sujeito do conhecimento toma a decisão de 
que conhecer é dominar e controlar a natureza e os seres humanos. Na 
medida em que a razão se torna instrumental, a ciência vai deixando de 
ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para se tornar 
um instrumento de dominação, poder e exploração. 
A noção de razão instrumental nos permite compreender: a 
transformação de uma ciência em ideologia e mito social, isto é, em senso 
comum cientificista; que a ideologia da ciência não se reduz à 
transformação de uma teoria científica em ideologia, mas encontra-se na 
própria ciência, quando esta é concebida como instrumento de 
dominação, controle e poder sobre a Natureza e a sociedade; que as 
ideias de progresso técnico e neutralidade científica pertencem ao campo 
da ideologia cientificista. 
Confusão entre ciência e técnica 
A ciência moderna transforma a técnica em tecnologia que permite 
conhecimentos mais exatos e novos conhecimentos e essa transformação 
traz duas consequências principais: 1. O conhecimento científico é 
concebido como lógica da invenção (para a solução de problemas teóricos 
e práticos) e como a lógica da construção (de objetos teóricos); 2. Os 
objetos técnicos são criados pela ciência como instrumentos de auxílio ao 
trabalho humano, máquinas para dominar a natureza e a sociedade, 
instrumentos de precisão para o conhecimento científico, sobretudo, em 
sua forma contemporânea, como autômatos.

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