por gênero, estando 80% localizado no terço médio e inferior do órgão. O tumor origina-se sobretudo na camada muscular interna e pode ser múltiplo. Frequentemente, é assintomático; quando volumoso, pode provocar disfagia. O PAPILOMA ESCAMOSO, geralmente solitário e pequeno, é lesão polipoide constituída por delicado eixo conjuntivo revestido por epitélio escamoso. A maioria ocorre na região distal do órgão e não recidiva quando removida. O tumor é mais comum em homens do que em mulheres (1,8:1), com idade média de 50 anos. O aspecto morfológico e o encontro de DNA de HPV em alguns casos levantam a possibilidade de que a lesão pode ser decorrente da infecção por esse vírus. Neoplasias malignas As neoplasias malignas no esôfago são muito mais comuns do que as benignas. Como a maioria dos pacientes permanece assintomática por longo tempo, em geral as lesões são diagnosticadas tardiamente. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que em 2014 ocorreria no Brasil 10.780 casos, sendo 8.010 em homens e 2.770 em mulheres. Excetuando-se o câncer da pele, esses números indicam que o câncer do esôfago no Brasil é o sexto tumor maligno mais frequente em homens e o 15o mais frequente em mulheres. Muitos fatores são apontados na etiologia, entre eles: 1. Refluxo gastroesofágico e epitélio de Barrett, em adenocarcinomas; 2. Baixo consumo de frutas e vegetais, com deficiência de vitaminas A, B e C; 3. Nos países com alta incidência, muitas vezes os alimentos estão contaminados com Aspergillus ou contêm quantidade elevada de nitrosaminas ou seus precursores; 4. Relação entre o hábito de fumar e o consumo de álcool com a prevalência do câncer do esôfago. (5) o hábito de ingerir alimentos muito quentes, particularmente chá; 5. Casos familiares em até três gerações sucessivas. 6. A associação de câncer do esôfago com doença celíaca ou com tilose (hiperceratose palmar e plantar) 7. Estreitamentos, megaesôfago e divertículos; 8. Suspeita-se que certos tipos do vírus do papiloma humano (HPV) tenham papel na carcinogênese esofágica. CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS Em muitos países, o carcinoma de células escamosas é ainda o tipo mais comum de câncer do esôfago. No Brasil, em 60 a 70% dos casos o tumor localiza-se nas regiões distal e média do esôfago. Mais comum em homens o tumor aparece especialmente depois de 55 anos de idade. Carcinoma do terço superior é cerca de 10 vezes mais comum em mulheres, principalmente entre 40 e 50 anos e em portadoras da síndrome de Plummer-Vinson. FATORES DE RISCO incluem uso de álcool e tabaco, pobreza, lesões esofágicas cáusticas, acalásia, tilose, síndrome de Plummer-Vinson, dietas deficientes em frutas e vegetais e o consumo frequente de bebidas muito quentes. A patogenia molecular do carcinoma de células escamosas esofágicas continua incompletamente definida, mas anormalidades recorrentes incluem a amplificação do gene do fator de transcrição SOX2 (o qual se acredita estar envolvido na autorrenovação e sobrevivência das célula-tronco); a superexpressão da ciclina D1 reguladora do ciclo celular; e mutações de perda de função nos genes supressores de tumor TP53, caderina-E e NOTCH1 Aspectos morfológicos: se localiza principalmente no terço médio do esôfago No início, a lesão apresenta-se com discreta elevação da mucosa, irregular, às vezes ulcerada, que corresponde a displasia ou a carcinoma inicial do esôfago, o qual pode corresponder a carcinoma in situ ou a carcinoma minimamente invasivo, formando massas tumorais que se projetam para a luz do órgão obstruindo- a, mas com o tempo as lesões se espalham para a parede do esôfago. Este infiltra-se apenas na lâmina própria (carcinoma intramucoso) ou na mucosa e na submucosa. No carcinoma avançado, o tumor tem os seguintes aspectos: o Ulcerado, formado por lesão de bordas elevadas, irregulares e endurecidas, com escavação central anfractuosa. Pode causar hemorragia e, raramente, perfuração o Anular, com crescimento predominantemente infiltrativo e em anel, ao longo da circunferência do órgão, provocando disfagia progressiva; o Vegetante, que cresce para a luz do órgão, em geral como massa sólida, lobulada e, às vezes, de aspecto nodular; o Infiltrante difuso, com tendência de crescimento predominantemente infiltrativo na parede do órgão, menos localizado do que o tipo anular. Nos casos avançados, o crescimento infiltrativo confere aspecto de tubo rígido a grandes segmentos do esôfago e provoca deformidades no órgão. Eles podem invadir as estruturas circundantes, incluindo a árvore respiratória, causando pneumonia, a aorta, causando exsanguinação catastrófica, ou o mediastino e o pericárdio. O aspecto histológico do tumor é de carcinoma de células escamosas ou carcinoma epidermoide, geralmente bem ou moderadamente diferenciado (C). Às vezes, a neoplasia contém estruturas glandulares atípicas; quando em grande número, o tumor é denominado carcinoma adenoescamoso. O início é insidioso e apresenta-se mais comumente com disfagia, odinofagia (dor à deglutição) ou obstrução. Os pacientes se adaptam subconscientemente à obstrução, que aumenta progressivamente, alterando suas dietas de alimentos sólidos para líquidos A. Displasia do epitélio escamoso do esôfago apresentando evidente alteração da diferenciação escamosa (comparar com a Figura 22.2). B. Carcinoma de células escamosas infiltrante e ulcerado no terço inferior do esôfago. C. Aspecto histológico do tumor mostrado em B, que é formado por massas de células escamosas com ceratinização. ADENOCARCINOMA Os adenocarcinomas localizados no terço distal do esôfago, na junção esofagogástrica e na cárdia são, em conjunto, o grupo de neoplasias malignas humanas em que houve o maior aumento na taxa de incidência nas últimas décadas em países desenvolvidos. Esôfago de Barrett associado a esofagite de refluxo é a principal CONDIÇÃO DE RISCO para adenocarcinoma do esôfago. Nesses casos, encontram-se, no mesmo paciente, epitélio de Barrett, displasia e adenocarcinoma, indicando a sequência evolutiva da lesão. Entre outros fatores de risco, incluem-se tabagismo e obesidade. A progressão do esôfago de Barrett para o adenocarcinoma ocorre durante um longo período, com aquisição gradual de alterações genéticas e epigenéticas O RISCO É REDUZIDO em dietas ricas em frutas frescas e vegetais. Alguns sorótipos de Helicobacter pylori estão associados à diminuição do risco de adenocarcinoma esofágico, pois eles causam atrofia gástrica, a qual, por sua vez, resulta na redução da secreção ácida e refluxo, e uma incidência reduzida do esôfago de Barrett. Portanto, as taxas reduzidas de infecção por Helicobacter pylori também podem ser um fator na incidência do aumento do adenocarcinoma esofágico Aspectos morfológicos: Adenocarcinoma do esôfago é predominantemente ulcerado ou infiltrativo e em geral encontra-se em estágio avançado no momento do diagnóstico. A lesão tem tamanho variado e invade todas as camadas do órgão e, algumas vezes, com extensão ao estômago (cardia) (A). Inicialmente surgem como placas planas ou elevadas, na mucosa anteriormente intacta, grandes massas de 5 cm ou mais de diâmetro podem se desenvolver. Alternativamente, os tumores podem se infiltrar difusamente ou ulcerar e invadir profundamente. Quando se origina no esôfago de Barrett, o tumor é geralmente multicêntrico, formando nódulos múltiplos. Adenocarcinoma ou carcinoma da junção esofagogástrica pode ter três modos de crescimento: intraesofágico, intragástrico ou juncional. Quando muito avançado, é difícil afirmar se o tumor originou-se no esôfago ou