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APG 16

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doença renal crônica
Doença renal crônica (DRC) é a deterioração da função renal de longa duração e progressiva. 
Os sintomas desenvolvem-se lentamente e nos estágios avançados incluem anorexia, náuseas, vômitos, estomatites, disgeusia, noctúria, esgotamento, fadiga, prurido, diminuição da acuidade mental, contrações musculares e cãibras, retenção hídrica, desnutrição, neuropatia periférica e convulsões.
epidemiologia (grupos de risco)
Em países desenvolvidos, o rastreamento estima prevalência de doença renal crônica entre 10 e 13% na população adulta, com mais de 4,5 milhões de adultos com a doença no mundo. 
No Brasil, a primeira causa de DRC é a hipertensão arterial sistêmica, a segunda é o diabetes, seguido pela glomerulonefrite crônica. Nos EUA, observa-se o diabetes como principal etiologia da DRC (45%), seguido pela HAS e glomerulopatias.
Os principais fatores de risco para as doenças renais crônicas são:
· Pessoas com diabetes (quer seja do tipo 1 ou do tipo 2);
· Pessoa hipertensa, definida como valores de pressão arterial acima de 140/90 mmHg em duas medidas com um intervalo de 1 a 2 semanas;
· Idosos;
· Portadores de obesidade (IMC > 30 Kg/m²);
· Histórico de doença do aparelho circulatório (doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca);
· Histórico de Doença Renal Crônica na família;
· Tabagismo;
· Uso de agentes nefrotóxicos, principalmente medicações que necessitam de ajustes em pacientes com alteração da função renal.
etiologia
 No Brasil, a primeira causa de DRC é a hipertensão arterial sistêmica, a segunda é o diabetes, seguido pela glomerulonefrite crônica. 
fisiopatologia
A DRC consiste na perda dos néfrons funcionantes dos rins com deterioração progressiva da filtração glomerular, da capacidade de reabsorção tubular e das funções endócrinas dos rins.
Todos os tipos de DRC caracterizam-se por redução da TFG, que se reflete em uma diminuição correspondente da quantidade de néfrons funcionantes. A velocidade de destruição dos néfrons difere de caso a caso, mas varia de muitos meses a alguns anos.
A fisiopatologia da DRC caracteriza-se por dois amplos grupos gerais de mecanismos lesivos:
Causas específicas: Às vezes, a DRC é causada por coisas específicas, como genes ruins que fazem os rins não funcionarem bem desde o começo, ou quando o sistema imunológico ataca os próprios rins. Outras vezes, pode ser porque os rins foram expostos a substâncias prejudiciais, como certos medicamentos ou toxinas.
Mudanças que acontecem ao longo do tempo: Mesmo que a causa inicial da DRC seja diferente, os rins reagem de maneiras semelhantes ao longo do tempo. Eles tentam compensar o problema trabalhando mais (hiperfiltração) e crescendo em tamanho (hipertrofia). Essas são formas de os rins tentarem se manter funcionando apesar do problema. No entanto, essas mudanças compensatórias podem eventualmente causar mais danos aos rins.
Quando a quantidade de néfrons nos rins diminui, o corpo tenta se adaptar liberando hormônios, citocinas e fatores de crescimento. 
Inicialmente, essas adaptações ajudam os rins a trabalharem mais (hiperfiltração) e a crescer em tamanho (hipertrofia) para compensar a perda de néfrons. Porém, ao longo do tempo, essas adaptações se tornam prejudiciais. 
A pressão e o fluxo sanguíneo aumentados dentro dos néfrons podem danificar a estrutura dos glomérulos, causando problemas nos podócitos e rompendo a barreira de filtração. Isso leva à formação de cicatrizes (fibrose) e destruição dos néfrons restantes.
O aumento da atividade do sistema, sistema renina-angiotensina também contribui para essas adaptações prejudiciais. Esse processo explica por que, mesmo uma única lesão nos rins, pode causar um declínio na função renal ao longo de muitos anos.
SÍNDROME UREMICA
A fisiopatologia da síndrome urêmica, que é um conjunto de sintomas associados à disfunção renal avançada:
Acúmulo de toxinas: Quando os rins não funcionam corretamente, muitas substâncias que normalmente seriam filtradas e eliminadas começam a se acumular no corpo. Estas incluem uma variedade de compostos, como produtos do metabolismo das proteínas, guanidínicos, uratos, e outros, que podem causar diversos problemas.
Anormalidades metabólicas e endócrinas: Os rins desempenham papéis importantes em várias funções metabólicas e endócrinas no corpo. Quando estão comprometidos, isso pode levar a anemia, desnutrição e distúrbios no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Além disso, os níveis de muitos hormônios, como o hormônio paratireoidiano (PTH), a vitamina D e hormônios sexuais, podem estar desregulados.
Inflamação sistêmica: A disfunção renal avançada também está associada a um aumento na inflamação em todo o corpo. Isso pode levar a problemas adicionais, como a síndrome de desnutrição-inflamação e complicações vasculares, que contribuem para o aumento do risco de doenças cardiovasculares e outras condições.
Resumindo, a síndrome urêmica não é apenas uma falha na capacidade dos rins de eliminar toxinas, mas também afeta várias outras funções do corpo, incluindo o equilíbrio de substâncias, a regulação hormonal e a inflamação. Esses fatores contribuem para os sintomas e complicações observados em pacientes com doença renal avançada.
Dá-se o nome de Síndrome Urêmica ao conjunto de sinais e sintomas que aparece na insuficiência renal grave, quando a filtração glomerular está < 30 ml/min.
manifestações clínicas
Pacientes com discreta diminuição da reserva renal são assintomáticos e a disfunção renal só pode ser detectada por exames de laboratório. 
Mesmo pacientes com insuficiência renal leve a moderada podem não apresentar sintomas, apesar das elevações de ureia e creatinina. 
· Noctúria costuma ser observada, principalmente em decorrência da incapacidade de concentrar urina. 
· Lentidão, fadiga, anorexia e diminuição da acuidade mental são geralmente as manifestações iniciais da uremia.
Na doença renal mais grave (p. ex., taxa de filtração glomerular estimada [TFGe] < 15 mL/min/1,73 m2), sintomas neuromusculares podem estar presentes, incluindo contrações musculares grosseiras, neuropatia periférica com fenômenos sensoriais e motores, cãibras musculares, hiperreflexia, síndrome das pernas inquietas e convulsões (em geral resultantes de encefalopatia hipertensiva ou metabólica).
· Anorexia, náuseas, vômitos, estomatite e gosto ruim na boca estão quase que uniformemente presentes. 
· A pele pode ser marrom-amarelada e/ou seca. 
· Ocasionalmente, a ureia do suor se cristaliza na pele formando um sedimento urêmico. 
· O prurido pode ser especialmente desconfortável. 
· Desnutrição causando perda tecidual generalizada é uma característica proeminente da uremia crônica.
A doença renal crônica (DRC) pode se manifestar de várias maneiras, tanto clinicamente quanto em exames laboratoriais. Aqui estão algumas das principais manifestações:
· Acúmulo de escórias nitrogenadas: São substâncias tóxicas que se acumulam no sangue devido à diminuição da capacidade dos rins de filtrá-las adequadamente.
· Distúrbios hidreletrolíticos e acidobásicos: Os rins desempenham um papel importante na regulação dos fluidos e eletrólitos, e sua disfunção pode levar a desequilíbrios nesses elementos, assim como em questões de pH no sangue.
· Distúrbios minerais e ósseos: A DRC pode afetar a saúde dos ossos e o equilíbrio de minerais no corpo, como cálcio e fósforo, levando a problemas ósseos e fragilidade.
· Anemia e distúrbios da coagulação: A produção de células vermelhas do sangue pode ser comprometida na DRC, levando a anemia, e a disfunção renal também pode afetar a coagulação sanguínea.
· Hipertensão e alterações cardiovasculares: Os rins desempenham um papel importante na regulação da pressão arterial, então a DRC pode levar a hipertensão e aumentar o risco de doenças cardíacas.
· Distúrbios gastrintestinais: A função renal comprometida pode afetar o trato gastrointestinal, levando a problemas como náuseas, vômitos e perda de apetite.
· Complicações neurológicas e dermatológicas:A DRC pode causar problemas neurológicos, como neuropatia e confusão, e também pode afetar a saúde da pele, levando a coceira e alterações na cor e textura da pele.
· Distúrbios do sistema imune: A função imunológica pode ser comprometida na DRC, levando a um maior risco de infecções e outras complicações relacionadas ao sistema imunológico.
diagnóstico
estadiamento
A SBD endossa o estadiamento proposto pela KDIGO para a DRD, que combina estágios de perda de função renal baseados na TFG e na excreção urinária de albumina (EUA), utilizando os dois parâmetros de forma complementar.
tratamento
· Controle das doenças subjacentes
· Possível restrição de proteína, fosfato e potássio na dieta
· Suplementos de vitamina D
· Tratamento da anemia
· Tratamento das comorbidades que contribuem (p. ex., insuficiência cardíaca, diabetes mellitus, nefrolitíase, hipertrofia prostática)
· Dosagens de todos os medicamentos ajustadas conforme necessário
· Manter o nível de bicarbonato de sódio no intervalo normal (23–29 mmol/L)
· Diálise para taxa de filtração glomerular muito diminuída se os sinais de sintomas não forem adequadamente tratados por intervenções médicas
Na hipertensão, algumas diretrizes sugerem uma PA alvo < 140 x 90 mmHg, mas a American Heart Association recomenda 130 x 80 mmHg e alguns autores continuam a recomendar cerca de 125 a 130/< 80 mmHg. Os iinibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) e os bloqueadores do receptor de angiotensina (BRAs) diminuem a velocidade de declínio do RFG em pacientes com a maioria das causas de doença renal crônica, particularmente naqueles com proteinúria.
A restrição de proteínas intensa nas doenças renais é controversa. Entretanto, a restrição proteica moderada (0,8 g/kg/dia) em pacientes com TFG estimada (TGFe) < 60 mL/min/1,73 m2 sem síndrome nefrótica é segura e bem tolerada pela maioria dos pacientes. Alguns especialistas recomendam 0,6 g/kg/dia para pacientes com diabetes e para aqueles sem diabetes se a TFG é < 25 mL/min/1,73 m2. Vários sintomas de uremia diminuem de forma significativa quando o catabolismo proteico e a geração de ureia são reduzidos.
Deve-se tratar dislipidemia. A modificação alimentar pode ser útil para hipertrigliceridemia. Estatinas são eficazes para a hipercolesterolemia.
Deve-se tratar a hiperfosfatemia com
· Restrição do fosfato alimentar
· Aglutinantes de fosfato
Recomenda-se que os níveis séricos de cálcio, fosfato, PTH, 25-OH vitamina D e a atividade da fosfatase alcalina sejam monitorados a partir do estágio 3a da doença renal crônica.
Restrição de ingestão de água só é necessária quando a concentração sérica de sódio for < 135 mmol/L ou em caso de insuficiência cardíaca ou edema grave.
Recomenda-se restrição de sódio de < 2 g/dia para pacientes com doença renal crônica com TFGe < 60 mL/m/1,73 m2 que têm hipertensão, sobrecarga de volume ou proteinúria.
Anemia é uma complicação comum da doença renal crônica moderada a avançada (≥ estágio 3) e, quando a hemoglobina for < 10 g/dL, é tratada com agentes estimuladores da eritropoiese (ESA), como a eritropoietina humana recombinante (p. ex., epoetina alfa). 
insuficiência cardíaca sintomática é tratada com:
· Restrição de sódio
· Diuréticos
· Algumas vezes, diálise
A diálise é geralmente iniciada com as manifestações de um dos seguintes:
Sintomas urêmicos (p. ex., anorexia, náuseas, vômitos, perda ponderal, pericardite, pleurite). Dificuldade de controlar a sobrecarga de líquidos, a hiperpotassemia ou a acidose com medicamentos e intervenções no estilo de vida.
impactos da automedicação
A automedicação pode ter sérios impactos na saúde, especialmente em pessoas com doença renal crônica (DRC). Aqui estão alguns dos impactos mais relevantes:
Risco de danos renais: Muitos medicamentos, incluindo analgésicos comuns como ibuprofeno e naproxeno, podem ser prejudiciais para os rins, especialmente se usados em doses elevadas ou por longos períodos. Em pessoas com DRC, esses medicamentos podem aumentar ainda mais o risco de danos renais, levando a uma progressão mais rápida da doença.
Complicações cardiovasculares: Alguns medicamentos usados na automedicação, como descongestionantes e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), podem aumentar o risco de complicações cardiovasculares em pessoas com DRC, que já têm um risco aumentado de problemas cardíacos.
Interações medicamentosas: Pessoas com DRC frequentemente precisam de múltiplos medicamentos para tratar várias condições de saúde. A automedicação pode levar a interações medicamentosas perigosas, especialmente se a pessoa não estiver ciente de como os medicamentos podem interagir entre si ou com sua condição renal.
Complicações metabólicas: Alguns medicamentos usados na automedicação podem afetar o equilíbrio de eletrólitos no corpo, como potássio e sódio, o que pode ser especialmente perigoso em pessoas com DRC, que já têm um risco aumentado de distúrbios hidroeletrolíticos.
Má gestão da dor e sintomas: A automedicação pode levar a uma má gestão da dor e outros sintomas associados à DRC, pois os medicamentos escolhidos podem não ser os mais adequados ou seguros para essa condição específica.
É importante que as pessoas com DRC evitem a automedicação e discutam qualquer sintoma ou necessidade de tratamento com seu médico. O médico pode prescrever medicamentos seguros e eficazes, levando em consideração a condição renal do paciente e quaisquer outras condições de saúde existentes. Além disso, é essencial seguir as instruções do médico quanto ao uso e dosagem dos medicamentos prescritos.
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