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1 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. Manejo de Vias Aéreas Aula 03 AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE INTUBAÇÃO Quatro perguntas são fundamentais na decisão de intubar de um paciente: O paciente consegue proteger a via aérea? • Pacientes sem reflexos de proteção da via aérea têm maior risco de aspiração, e há maior dificuldade na manu- tenção de ventilação adequada; • Fonação clara e desimpedia é boa evidência do controle adequado da musculatura da via aérea; • A habilidade de deglutição espontânea é bom indicador da proteção da via aérea, enquanto a observação de secreções acumuladas na orofaringe indica o que não há boa proteção da via aérea. Há falha de ventilação ou oxigenação? • Paciente que, apesar de protegerem a via aérea, não conseguem ventilar adequadamente (não conseguem uma boa troca gasosa), também podem ter indicação de intubação; ◦ Por exemplo pacientes com doenças obstrutivas das vias aéreas (angioedema), doenças neuromusculares (miastenia gravis) ou doenças que afetem a troca gasosa no parênquima pulmonar (DPOC, asma, doenças intersticiais pulmonares). • Principais indicadores de falha ventilatória: taquipneia, estridor, respiração superficial. • Não deve esperar alteração de exames laboratoriais (como acidose respiratória ou hipoxemia no contexto de doença aguda, já que tais alterações também são indicativas de atraso na intubação). Qual a evolução clínica esperada do paciente? • A avaliação de possível agravamento das condições de via aérea do paciente, mesmo que não imediatamente evidente, deve ser levada em conta na decisão de intubação. Por exemplo: ◦ Pacientes com lesão expansiva cervical ou de SNC → intubação precoce; ◦ Pacientes com anafilaxia ou queimaduras de face → intubação precoce (rápida alteração da anatomia glótica). Quais os próximos passos no manejo do paciente? • Pacientes graves que serão levados ao centro cirúrgico ou ao setor de radiologia intervencionista podem se beneficiar da intubação precoce para minimizar riscos de piora clínica durante o transporte. • Pacientes que necessitam de sedação profunda ou grandes doses de analgésicos para controle da doença de base podem necessitar de intubação. Indicações de intubação: • Proteção de via aérea; • Paciente que não oxigena e não ventila; • Des- fecho clínico desfavorável; • Sedação completa. TIPOS DE MANEJOS Via aérea facilitada por fármacos (MVFF): • Se- quência rápida de intubação (SRI); • Sequência prolongada (SPI); • Via aérea acordado (VAA). Via aérea sem fármacos: • Via aérea imediata (VAI). PREDITORES DE VIA AÉREA DIFÍCIL Quatro avaliações anatômicas + uma fisiológica. VAD = Via aérea difícil. Ventilação bolsa-válvula-máscara (BVM) difícil R – Restriction/Radiation: radioterapia cervical recente ou doenças que aumentam a resistência ou reduzam a complacência (asma, DPOC, pneu- monia ou SDRA). O – Obstruction/Obesity: IMC > 26, abscessos, tumores, laringoespasmo, angio- edema. M – Mask seal, Mallampati, Male: sondas oro/nasogástricas, barba, ♂, Mallampati III ou IV. A – Age: idade > 55 anos (maior dificuldade de ventilação). N – No teeth: ausência de dentes difi- culta o selo adequado da máscara. Pode ser reme- diada com o posicionamento de um rolo de gaze entre as gengivas ou colocação da parte inferior da máscara entre o lábio inferior e a gengiva. ATENÇÃO! Para a VBVM, mantenha a dentadura do paciente, a fim de manter a anatomia e facilitar o selo da máscara. Na hora de proceder com IOT, retire antes a dentadura, para evitar que se desloque para a orofaringe, potencialmente obstruindo a VA ou entrando no esôfago. 2 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. Dificuldade com dispositivo supraglótico R – Restriction: equivalente ao R do ROMAN. Restrições na abertura oral e mobilidade cervical também. O – Obstruction/Obesity: obesidade, obstrução da via aérea. D – Distortes airway: alterações da anatomia da via aérea podem fazer com que não haja selo adequado da máscara, im- pedindo a ventilação. S – Short thyromental dis- tance: o posicionamento da língua com distância tireomentoniana ou mento-hióideo curta pode difi- cultar a inserção do dispositivo supraglótico. Laringoscopia difícil L – Look externally: avaliação subjetiva de potenciais dificuldades a serem encontradas durante a laringoscopia (alterações anatômicas, sangramentos, obesidade) . E – Evaluate: 3-3-2. Abertura oral de 3 dedos, distância mento-hióideo de 3 dedos, hio-tireóideo de 2 dedos sempre levando em conta o dedo do paciente e não o do examinador. M – Mallampati: categorias III e IV mais rela- cionadas a falha na intubação. O – Obstruction: quatro indicadores de obstrução de via aérea: voz abafada, estridor, dispneia e salivação excessiva. N – Neck mobility: possibilidade de mobilização da cabeça. Pacientes com restrição extrínseca (colar cervical) ou intrínseca (doenças reumáticas) tem maior dificuldade à laringoscopia direta (prin- cipalmente as extrínsecas). Cricotireoidostomia difícil S – Surgery: alteração de anatomia ou tecido fibrótico de cirurgias prévias pode dificultar a localização anatômica correta e o procedimento em si. Casos de manipulação recente também dificultam em decorrência do edema e/ou sangramento locais. M – Mass: tumores sólidos, hematomas e abscessos dificultam a identificação correta dos marcos anatômicos necessários para o procedimento. A – Anatomy: pescoço curto ou excesso de tecido subcutâneo podem dificultar a localização necessária ao procedimento. Enfisema subcutâneo ou infecção local também dificultam o acesso cervical. R – Radiation: radiação local por gerar aderência dos planos e fibrose local. T – Tumor: tumores cervicais ou da via aérea (alteração anatômica e sangramento). Via aérea fisiologicamente difícil C – Consumption increase (aumento do contumo): Pacientes com sepse, tireotoxidade, gestantes. Agir na otimização. R – Right ventricular faliure: Insuficiência de VD, embolia pulmonar maciça. A – Acidosis: Pacientes com acidose metabólica (cetoacidose, sepse). S – Saturation: Pacientes com hipoxemia. Otimizar a pré-oxigenação. H – Hipotension: Resolução com reposição volêmica ou vasopressores. SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO COM DUPLO PREPARO Método de escolha para a maior parte das intubações no departamento de emergência. Uso concomitante de medicação hipnótica e bloqueador neuromuscular no paciente devida- mente pré-oxigenado. O duplo preparo significa deixar os equipamentos para via aérea de resgate à disposição (plano B, C...) . ❼ P’s da IOT ❶ Preparação • Preparar medicações que serão utilizadas para o procedimento e para sedação pós-procedimento; • Monitorização do paciente: monitor com Cardioscopia, oximetria, PA e capnografia em forma de onda; • Acesso venoso fixado e funcionante; • Laringoscópio disponível, testado e do tamanho ideal: ◦ Lâmina curva (Macintosh): minimiza o estímulo da epiglote posterior; ◦ Lâmina reta (Mil- ler): vantagens quando a epiglote é longa e flexível (crianças). • Tubos traqueais do tamanho desejado e 0,5mm menor e maior, e com balonetes testados; • Se for utilizado fio-guia ele deve estar proximal ao olho de Murphy (abertura lateral do tubo) e ser reto com uma curvatura anterior < 35° proximal ao balonete (taco de hockey - evita que o tubo obstrua o campo de visão durante a passagem). 3 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. Obs.: Deixar plano B preparado: Materiais da crico, assepsia e marcação do pescoço se VAD. ❷ Pré-oxigenação • Objetivo: atingir uma saturação > 93% (se a saturação já estiver > 93%, colocar apenas o cateter nasal); • Fornecimento de O2 na maior concen- tração disponível por no mínimo 3 minutos antes da indução hipnótica, com o objetivo de saturar o máximo possível os pulmões edemais tecidos corporais com oxigênio, possibilitando maior tempo de apneia após a indução; • No paciente saudável, oxigenação equivalente pode ser obtida com 8 respirações utilizando a capacidade vital máxima (máximo de expiração e máximo de inspiração). • Os pacientes devem ser pré-oxige- nados, sempre que possível, com inclinação de 30- 45° (no mínimo 20o). • Formas de pré-oxigenação: ◦ Bolsa-válvula-máscara com reservatório, ligada a 15L/min com movimento inspiratório do paciente + cateter nasal tipo óculos; Obs.: só ligar o ambu no fluxo de oxigênio, não ventilar (“apertar”); ◦ Máscara não reinalante com reservatório com fluxo completamente aberto (aproximadamente 40L – flush rate, fluxômetro no máximo) + cateter nasal. Obs.: A colocação de cânula nasal com o maior fluxo tolerável pelo paciente durante o período de pré- oxigenação e com fluxo de 5 a 15 L por minuto após a indução aumenta o tempo de apneia sem hipoxemia. • Se não for possível obter saturação adequada com esses métodos, usar VNI, com O2 a 100%, e se não funcionar pode ventilar o paciente com bolsa- válvula-máscara com 4 a 8 ventilações. Obs.: Pré-oxigenar enquanto se prepara os materiais. ❸ Pré-medicação (Otimização) Identificar e corrigir possíveis fontes de descom- pensação durante a intubação previamente ao procedimento. Hipotensão: • Correção com volume (cristaloide 250 a 500mL – demora em média de 5 a 10 minutos para infundir. Em caso de choque hipovolêmico repor com hemocomponentes) ou DVA. Caso o paciente não esteja com taquicardia pode ser feito qualquer uma das duas drogas. EPINEFRINA – PUSH DOSE Apresentação 1mg/mL Posologia 5 a 20mcg Diluição 1 ampola + 99mL SF 0,9% [] da solução 10mcg/mL Dose inicial 0,5 a 2,0mL ◦ Pode ser repetido quantas vezes for necessário, mas na prática faz até duas vezes. ◦ Efeito adverso: causa muita taquicardia. FENILEFRINA – PUSH DOSE Apresentação 10mg/mL Posologia 50 a 200mcg Diluição 1 ampola + 99mL SF 0,9% [] da solução 100mcg/mL Dose inicial 0,5 a 2,0mL ◦ Preferível em paciente taquicárdico. Obs.: Cuidado com a reposição de volume em idosos e cardiopatas, fazer volumes menores (100-250mL). Pneumo ou hemotórax: • Drenagem torácica. Fentanil: • É um opioide de ação curta, analgésico e simpatolítico, que atenua a descarga adre- nérgica relacionada à laringoscopia e passagem do tubo; • Não deve ser usada de rotina porque pode causar hipotensão e bradicardia; • Deve ser feito em infusão lenta, no mínimo 2-3 minutos, antes da indução da hipnose (se feito rápido pode causar síndrome do tórax rígido); • Indicações (pacientes em que não é desejável um aumento rápido da PA): san- gramento intracraniano ativo, hipertensão intra- craniana ou dissecção aórtica e que se apresentem em crise hipertensiva previamente à intubação; • Quando indicado o uso e há hipotensão pode fazer a redução da dose de 30-50%. • Antidoto: Naloxona (0,4mg/mL, faz de 1 em 1 ampola). FENTANIL Apresentação 250mcg/5mL (50mcg/mL) Posologia 2,0- 3,0mcg/kg (PCM) Obs.: Se tiver indicação de fazer Fentanil, e uma contraindicação → não fazer. B2 Agonista: • Se broncoespasmo grave. ❹ Paralisia Infusão das doses previamente calculadas e prepa- radas de hipnótico e de bloqueador neuromus- cular (nesta ordem) deve ser feita rapidamente. ❺ Posicionamento • Altura da cama correspondente à altura do processo xifoide do intubador; • Paciente o mais próximo possível da cabeceira da cama; • Colocar o coxim na região occipital do paciente (de modo que o meato auditivo externo fique na mesma altura do manúbrio do esterno); • A posição olfativa (eleva- ção da cabeça + extensão cervical) alinha os eixos oral, faríngeo e laríngeo, o que promove melhor 4 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. visualização das pregas vocais, grande abertura de boca, desloca a epiglote para fora do eixo visual e diminui a resistência à passagem do ar; • Pacientes obesos pode ser usada rampa torácica para auxiliar no posicionamento, elevan- do o tórax até que seja possível posicionar a cabeça da maneira citada acima (lençóis desde a cintura escapular até o occipto); • Nesse momento o cateter nasal em fluxo máximo (flush rate). ❻ Passagem e posicionamento do tubo Após o início da flacidez da musculatura facial, deve-se proceder com a laringoscopia; • Na introdução do laringoscópio (na mão esquerda) é feita a epigloscopia: abertura da boca, inserção cuidadosa do laringoscópio pelo lado direito, rebatendo a língua para a esquerda até visualizar a epiglote (é a referência que sinaliza a abertura laríngea e as cordas vocais); • Manobras de otimização da visualização: tração da rima labial, elevação da cabeça com a mão direita, manipulação externa bimanual da laringe e hiperextensão da cabeça; • O tubo deve ser introduzi- do até que as pregas vocais fiquem na altura da marca preta proximal ao balonete ou entre as marcas pretas; • Confirmação do posicionamento: medida do CO2 expirado (obrigatória) pela capno- grafia com forma de onda (padrão ouro) → exceto em casos de PCR em que ele não é o padrão ouro. Obs.: Só depois de 6 ventilações que aparece a onda. • Classificação de Cormarck e Lahane: ◦ Grau I: glote bem visível; ◦ Grau II: somente parte posterior da glote é visualizada; ◦ Grau III: somente a epiglote é visualizada; ◦ Grau IV: epiglote e glote não são visualizadas. • Laringoscopia direta com lâmina Macintosh: entra a 0o, levanta a 90o. A ponta da lâmina está adequadamente localizada na base da valécula e eleva a epiglote empurrando o ligamento hipoepiglótico. • Laringoscopia direta com lâmina Miller: entra a 0o e levanta a 45o. A ponta da lâmina é usada para levantar diretamente a epiglote. Essa lâmina é mais utilizada quando a abertura da cavidade oral é pequena, epiglote é longa (crianças) e incisivos grandes. Obs.: Pacientes em que a condição de base permita e foram devidamente pré-oxigenados podem receber mais do que 1 tentativa de IOT (máximo 2). Se oximetria de pulso < 93%, deve-se interromper o procedimento para ventilar o paciente e evitar maior hipoxemia. ❼ Pós-intubação • Após o posicionamento do tubo e a confirmação da posição, o tubo deve ser fixado para evitar extubação ou intubação seletiva acidental; • O paciente deve ser conectado ao ventilador mecâ- nico (volume corrente entre 4-6mL/kg de peso ideal e pressão de platô < 30cmH20); • Analisar as curvas de pressão e volume para descartar auto-PEEP (início da inspiração antes do término completo da expiração anterior); • Radiografia de tórax para confirmar o posicionamento do tubo (2-4cm acima da carina) e avaliar o parênquima pulmonar; • Analgesia contínua após a intubação, bloqueadores neuro- musculares e sedativos devem ser avaliados individualmente → Escala de sedação (RASS) e dor (BPS). Richmond Agitation Sedation Scale (RASS): Escala Behavioural Pain Scale (BPS): Cada indicador foi categorizado em quatro descrições do comportamento, indicando ausência de dor (1) a um máximo de dor (4). A pontuação total varia entre os 3 (sem dor) e os 12 (dor máxima). 5 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. Escolha das medicações Hipnóticos (Sedativos) A dose das medicações deve ser calculada com base no peso ideal (PCI). • Em pacientes grandes obesos deve-se calcular a dose com base no peso corporal magro (PCM); • Em pacientes idosos a dose reduzir em 30 a 50% com relação à dose descrita para adultos previamente hígidos. PCM = PCI + 30% do excesso de peso (PCT – PCI); PCl: ♂= altura (cm) – 100; ♀= altura (cm) – 110. Etomidato: • Sedativo-hipnótico de curta ação, sem ação analgésica; • Excelente perfil para o paciente crítico em geral: não causa instabilidade hemodinâmica ou disfunção miocárdica; • Útil em pacientes com elevação da PIC: redução do consumo cerebralde O2 e do fluxo sanguíneo cerebral, preservando a pressão de perfusão cerebral. É cerebroprotetor (embora não tanto quanto outros agentes, como os barbitúricos); • Efeitos adversos: Mioclonia leve. ETOMIDATO Dose de indução Início de ação Tempo de ação 0,3mg/kg (PCi) 15-45seg 3-12min Apresentação 2mg/mL (ampola 10mL) Gravidez Classe C Quetamina: • Anestésico dissociativo, promove analgesia, amnésia (não é tão pronunciado quanto nos BZD) e sedação, com efeito mínimo no drive respiratório; • Aumento da liberação de cateco- laminas com elevação de PA e FC, conferindo excelente perfil para o paciente hipovolêmico, hipotenso, instável, incluindo pacientes sépticos. A elevação da PA pode compensar qualquer aumento na PIC, resultando em uma PPC relativamente estável; • Possui propriedades broncodilatadoras, por isso é a droga de escolha no paciente com grave bronco-espasmo; • Evitar em SCoA, emergências hiper-tensivas e síndromes aórticas agudas; • Efeitos adversos: alucinações (quanto mais rápido faz, mais alucinação dá) e dissociação, agitação e confusão. QUETAMINA Dose de indução Início de ação Tempo de ação 1,5mg/kg (PCI) 45-60seg 10-20min Apresentação 50mg/mL (ampola 10mL) Gravidez Não definida, não usar. Propofol: • Promove sedação e amnésia, sem ação analgésica; • Causa venodilatação e significativa depressão miocárdica, frequentemente levando a hipotensão → deve ser usado com cuidado na SRI de emergência em pacientes hemodinâmicamen- te instáveis; • Reduz o consumo de O2 no SNC e atenua a HIC, embora os efeitos hemodinâmicos possam diminuir o fluxo sanguíneo cerebral; • Também possui ação anticonvulsivante; • Útil no paciente estável hemodinamicamente, grávida e no grave broncoespasmo; • Exige acesso venoso único, por ser muito lipofílico. PROPOFOL Dose de indução Início de ação Tempo de ação 1,5mg/kg (PCI) 15-45seg 5-10min Apresentação 10mg/mL (ampola 10mL) Gravidez Classe B Midazolam: • Promove amnésia, sedação e hipnose, sem ação analgésica; • Apresenta significativa depressão miocárdica e respiratória, o que pode levar a hipotensão; • Efeitos anticonvulsivantes, podendo ser útil no paciente em estado epiléptico; • É um agente de indução ruim para a SRI de emergência devido à demora no início de ação e aos efeitos hemodinâmicos adver- sos, devendo ser escolhido quando não houver outros agentes disponíveis e no mal epiléptico. MIDAZOLAM Dose de indução Início de ação Tempo de ação 0,1-0,3mg/kg (PCI) 60-90seg 15-30min Apresentação 5mg/mL (ampola 10mL) Gravidez Classe D Bloqueadores neuromusculares (BNM) O seu uso é fundamental para otimizar a qualidade da laringoscopia, melhorar a visualização laríngea e aumentar o sucesso na primeira tentativa de intubação. Dose pelo peso real do paciente. Succinilcolina (Suxametônio): • BNM despola- rizante; • Evitar usar em algumas condições: ◦ Hipercalemia documentada (ou ECG sugestivo); ◦ História pessoal ou familiar de hipertermia maligna (hipotensão, acidose lática, hipercalemia e rigidez muscular - contraindicação absoluta); ◦ 6 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. Distrofia muscular e miopatias hereditárias; ◦ Doença neuromuscular que envolva denervação (esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica); ◦ Após 72 horas de um evento (promovem aumento de potássio): AVC, queimadura extensa, trauma raquimedular, vítima de esmagamento, tétano, botulismo, prolongada imobilização, rabdomiólise; • Efeitos adversos: fasciculações, hiperpotassemia, bradicardia, bloqueio neuro- muscular prolongado, hipertermia maligna e trismo/espasmo muscular do masseter. SUCCINILCOLINA Dose de indução Início de ação Tempo de ação 1,5mg/kg 45seg 5-10min Apresentação Pó solúvel 100 ou 500mg Diluição Em 10mL de ABD Gravidez Classe C Dose máxima: 150mg; Dose IM: 5mg/kg; Dose em criança: 2-3mg/kg. Rocurônio: • BNM não despolarizante (antagonista competitivo da acetilcolina); • Droga de escolha para sedação em centro cirúrgico pela possibilidade de reversão do efeito com Sugammadex em caso de falha da intubação; • É a droga de escolha se houver contraindicação à succinilcolina ou no paciente com risco de evoluir com hipercalemia; • Contraindicação: paciente com história de anafilaxia à droga. ROCURÔNIO Dose de indução Início de ação Tempo de ação 1,0mg/kg 60seg 40-60min Apresentação 10mg/mL (ampola 5mL) Gravidez Classe C Obs.: A tendência atual é usar o Rocurônio, ainda mais se não for possível checar as contraindicações da suc- cinilcolina. Sedação pós-intubação APRESENTAÇÃO DILUIÇÃO DOSE FENTANIL 250mcg/5mL 4amp (1000mcg) + 80mL SF = [10mcg/mL] 10-50mcg/h PROPOFOL 10mg/mL - 5-50 µg/kg/min QUETAMINA 50mg/mL 4amp (100mcg) + 98mL SF = [1mg/mL] 0,5-4 mg/kg/h MIDAZOLAM 5mg/mL 4amp (150mg) + 120mL SF = [1mg/mL] 0,05-0,4 mg/kg/h DEXMEDETOMEDINA 200mcg/2mL 4amp (400mcg) + 96mL SF = [4mcg/mL] 0,2-0,7mcg/kg/h SEQUÊNCIA POLONGADA (SPI) Indicação: • Pacientes com indicação de IOT agitados ou ansiosos que dificultem a pré- oxigenação (pacientes com controle das vias aéreas e com drive respiratório mantido); • Vantajosa por evitar distensão gástrica secundária à pressão positiva aplicada com bolsa- válvula-máscara em pacientes em apneia. Passos: • Preparação; • Dissociação (sedação): ◦ Quetamina 1mg/kg (pode ser feita dose adicional de 0,5mg/kg) em 2-3 minutos (60-90seg); ◦ Dexmedetomedina 1mcg/kg em 10 minutos (driping). • Pré-oxigenação: ◦ Cateter nasal + máscara com reservatório por 3 minutos; ◦ Cateter nasal + bolsa- válvula-máscara por 3 minutos; ◦ Se saturação < 90% usar VNI ou CPAP (FiO2 100%, PEEP inicial de 5 aumentando até 15). • Paralisia: ◦ Succinilcolina ou Rocurônio. • Oxigenação apneica: ◦ Cateter de oxigênio com fluxo de 15L/min. • Intubação. VIA AÉREA FALHA Mnemônico DOPES: • D: Deslocamento; • O: Obstrução; • P: Pneumotórax; • E: Equipamento; • S: Sobreposição. Ocorre quando o plano principal escolhido para estabelecer a via aérea avançada falha e é necessário lançar mão de planos de resgate. Acontece nas seguintes condições: • Falha em manter uma saturação aceitável durante ou após uma ou mais tentativas falhas na laringoscopia; ou • Três tentativas falhas na IOT por um médico experiente, mesmo se a saturação de oxigênio permanecer adequada; ou • A “melhor tentativa” de intubação falha na situação em que se é “forçado a agir”. Clinicamente, a via aérea falha se apresenta de duas maneiras, definindo a urgência criada pela situação: • “Não consigo intubar, consigo ventilar”: Há tempo para avaliar a situação e decidir sobre as próximas ações a serem tomadas, pois o paciente está oxigenado; • “Não consigo intubar, não consigo oxigenar” (NINO – 7 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. mais grave): Não há tempo suficiente para avaliar ou tentar uma série de opções de resgate, e a via aérea deve ser assegurada imediatamente devido à incapacidade de manter a saturação de oxigênio pela VBVM ou com um DEG (máscara laríngea por exemplo) enquanto prepara material para cricotireoidostomia. Caso não seja possível ventilar com dispositivo extraglótico, deve-se proceder imediatamente com a cricotireo. Cricotireoidostomia Determinação anatômica da membrana cricotireoidea: • Localizada entre a cartilagem tireoide e a cartilagem cricoide. Técnicas: • Cirúrgica (contraindicada em crianças com < 10 anos); Técnica de Seldinger; • Por punção (crianças com <10 anos de idade) . Bougie Introdutor de tubo endotraqueal (bougie) facili- tando a intubação com laringoscopia difícil (classi- ficação de Cormack-Lehane 3). O introdutor azul descartável é passado abaixo da epiglote e, depois, anterior e caudalmente através da entrada da glote. Laringoscopia Indireta Uso de dispositivos ópticos para facilitara visualização da glote. O principal equipamento utilizado para laringoscopia indireta é o Airtraq. Videolaringoscopia É o uso de equipamentos de vídeo acoplados a uma lâmina de laringoscopia. É o método de larin- goscopia de escolha no departamento de emer- gência, estando relacionado a menores taxas de intu- bação esofágica e maiores taxas de sucesso na primei- ra tentativa de intubação. Máscara laríngea Intubadora Permite a passagem do tubo endotraqueal pelo seu interior para intubação sem visualização direta Tubo Retroglótico É utilizado para intubação às cegas, possui dois balonetes e, habitualmente, duas vias de ventila- ção (distal e entre os balonetes). Seu desenho é ideal para que seja possível ventilar o paciente mesmo sem introdução direta do tubo na traqueia. INTUBAÇÃO ACORDADO Técnica de laringoscopia não precedida de indução e bloqueio neuromuscular. Em geral, indicada em pacientes com preditores de ventilação difícil ou pacientes que não toleram as medicações da sequência rápida. Objetiva-se: certificar-se que de fato é uma via aérea difícil antes de realizar indução e bloqueio neuromuscular; ou, realizar de fato a intubação traqueal sem indução e bloqueio, caso as condições do paciente não permitam outra abordagem (situações de rápida deterioração das condições da via aérea -queimadura, angioedema, etc). Contraindicações: ◦ Pacientes que precisam de via aérea avançada imediatamente ou deterioração rápida (essa técnica demanda tempo para ser realizada com segurança). Passo a passo: • Preparo: ◦ Melhorar as condições para a absorção do anestésico local: glicopirrolato 0,005mg/kg IV 10- 20 minutos antes da intubação (medicação de escolha para redução de secreções); ◦ Dose máxima de Lidocaína para o paciente: 4mg/kg (mais do que 8 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. isso, intoxicação por anestésico inalatório -hipotensão, arritmias, acidose metabólica, hipertrigliceridemia). • Nebulização: ◦ 5ml de Lidocaína 2% (equivale a 100mg de lidocaína) – adequar ao paciente, é feito para anestesia da cavidade oral, nasal e hipofaringe. • IOT: ◦ Paciente deverá gargarejar e bochechar 4ml de Lidocaína 2% sem engolir; ◦ Aplicar 5-10 jatos de lidocaína 10%, com a língua exteriorizada, na base da língua, úvula e restante da orofaringe – adequar ao paciente; ◦ 1-2g de Lidocaína gel 2% com um abaixador de língua na base da língua – adequar ao paciente, auxilia a anestesia da hipofaringe; ◦ Para anestesia da traqueia e laringe pode utilizar um dispositivo de cateter sobre a agulha 20G com o cateter reduzido a aproximadamente 1-1,5cm – após retirar agulha injetar 3-4ml de Lidocaína 2% através da punção da membrana cricotireoidea – adequar ao paciente; ◦ Laringoscopia e intubação. • Sedação: ◦ Pode ser realizada caso necessário; ◦ Quetamina (1mg/kg) em alíquotas de 25-50mg até sedação desejada para o procedimento ou precedex (1mcg/kg). ALGORÍTIMOS Algoritmo universal para VA de emergência Esse algoritmo demonstra como os demais funcionam em conjunto. Em todos os algoritmos, nesta figura e nas seguintes, o algoritmo principal é representado em verde, a via aérea difícil, em amarelo, a via aérea imediata, em azul, a via aérea falha, em vermelho, e o desfecho, em laranja. Algoritmo principal Algoritmo VA imediata 9 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Nilo. A parte inferior é essencialmente idêntica à porção correspondente do algoritmo principal da via aérea de emergência. Algoritmo VA difícil Legenda = DEG: dispositivo extraglótico; ML: máscara laríngea; MPI: manejo pós-intubação; SRI: sequência rápida de intubação. Algoritmo VA falha Legenda = TET: tubo endotraqueal. ESCORE RASS Protocolo de manejo pós-intubação: FONTE BIBLIOGRÁFICA Medicina de emergência: abordagem prática/ editores Irineu Tadeu Velasco ... [et al.]. - 14. ed., rev., atual. e ampl. - Barueri [SP]: Manole, 2020. Medicina de emergência : revisão rápida / editores Herlon Martins...[et al.]. – Barueri, SP : Manole, 2017. Manual de Walls para o manejo da via aérea na emergência [recurso eletrônico] / Organizadores, Calvin A. Brown III, John C. Sakles, Nathan W. Mick; tradução: André Garcia Islabão ; revisão técnica: Denis Colares Siqueira de Oliveira, Hélio Penna Guimarães. – 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019.
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