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Vigilância à Saúde Vigilância Epidemiológica Disciplina: Práticas em Saúde III (Epidemiologia) 2020 Gloria Regina da Silva e Sá Prof. Adjunta IV de Saúde Coletiva/Epidemiologia Instituto de Saúde Coletiva/CCBS/Unirio Histórico e Conceitos Primórdios da vigilância no Séc XIV com os Métodos de quarentena – a partir da epidemia de peste na Europa. “ Se é verdade que a lepra suscitou modelos de exclusão... a peste suscitou esquemas disciplinares, separações múltiplas, distribuições individualizantes... uma organização aprofundada das vigilâncias e dos controles...” (Foucault, 1975). ∙ Cólera na Inglaterra - “Sobre o modo de transmissão do cólera”(Snow, 1849). ∙ Organização do sistema de coleta de dados de mortalidade na Inglaterra e País de Gales 1838-1880 - William Farr ∙ A partir de 1950: a Vigilância se volta para o conhecimento de doenças e não mais centrada nos indivíduos visando ao isolamento - embrião dos programas verticalizados de controle de doenças. ∙ Langmuir (1963) definiu Vigilância como “a coleta, análise e difusão de dados sobre enfermidades específicas” (não contemplando diretamente ações de controle). ∙ XXI Assembléia Mundial de Saúde (1968) amplia o conceito de Vigilância incluindo não apenas doenças, mas informações de saúde em geral (fatores de risco, incapacidades e práticas de saúde). ∙ Década de 60 - ênfase nas doenças transmissíveis. ∙ Década de 70 - OPAS introduz o conceito de Vigilância Epidemiológica (VE) na América Latina, resguardadas as diferenças em relação à realidade sanitária de cada país. Bases da Vigilância Epidemiológica no Brasil- passos importantes: ∙ atividades de VE incorporadas pelos serviços de saúde durante a campanha de erradicação da varíola, no início da década de 70. ∙ criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1973, devido a necessidade de controle das doenças imunopreveníveis. ∙ Redefinição conceitual da VE: “conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer, em todo momento, o comportamento ou a história natural da doença, detectar ou prever qualquer mudança que possa ocorrer por alterações dos fatores condicionantes, com o fim de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas, eficientes que levem à prevenção e controle da doença” (Fossaert, Lopis e Tigre, 1974). 1975: V Conferência Nacional de Saúde foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), formalizado através da Lei 6259 e regulamentado em 1976. Foram incluídas no SNVE: Doenças sujeitas ao Regulamento Sanitário Internacional (varíola, febre amarela, peste e cólera); Doenças vinculadas ao Programa Nacional de Imunização (poliomielite, sarampo, tétano, difteria, coqueluche, raiva, doença meningocócica); Doenças controláveis através de ações coordenadas por órgãos específicos do Ministério da Saúde (malária, hanseníase e tuberculose); Meningites em geral. Estruturação da VE em órgãos e coordenadorias no nível nacional, centrado nas doenças transmissíveis. ∙ Final da década de 70: lançado 1º manual pelo Ministério da Saúde (MS) detalhando a estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e suas competências. ∙ Conferência Mundial de Alma Ata (1978) - enfatiza o papel da Epidemiologia como disciplina básica da Saúde Pública. ∙ Década de 80 - marcada por importantes eventos que contribuíram para a consolidação da VE: Campanhas Nacionais de Vacinação antipoliomielítica (início em 1980); Desenvolvimento da produção de vacinas (principais laboratórios produtores nacionais –Fiocruz/RJ, Butantan/SP); Novo Manual de Vigilância Epidemiológica (VE) do MS. Fim da década de 80: ampliação para o conceito de Vigilância em Saúde: ⇒ objetiva contribuir para a mudança das condições de vida e trabalho da população alterando seu perfil epidemiológico, através da atuação nos próprios serviços de saúde e nos determinantes do processo saúde-doença, incluindo as condições de vida, lazer, trabalho, transporte, educação, etc. THACKER & BERKELMAN (1988) sugerem que o termo “epidemiológica” para Vigilância é equivocado e propõem a terminologia “Vigilância em Saúde Pública” para definir a coleta, análise e interpretação, de forma sistemática e constante, de dados específicos para utilizá-los na planificação, execução e avaliação da prática da Saúde Pública. Enfatizam como elemento chave a sua continuidade, e que esta deve estar ligada diretamente à ação. Década de 90: vários eventos discutem a Vigilância: conceitos, diretrizes e prática nos serviços de saúde. Primórdios da vigilância como prática cerceadora, alijadora, centrada na quarentena e voltada para a marginalização da doença e do doente; posterior desenvolvimento de sua estrutura fiscalizadora, paramilitar, solidificada nas estratégias de campanha de combate às doenças como a varíola; a partir da década de 70 estruturação da Vigilância Epidemiológica centrada nas doenças transmissíveis. a partir de 1980 introdução de agravos não transmissíveis e inusitados. Resumindo... VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SUS Lei 8080 - organiza o Sistema Único de Saúde (SUS) em 1990 e dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Define o SUS como “o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público”. Define VE como: “um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção, ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de doenças ou agravos”. Ampliação da Vigilância: não mais restrita às doenças transmissíveis ou de notificação compulsória (DNC); início das medidas de controle para as doenças não transmissíveis (DANT). Ex.: vigilância de fatores de risco para câncer, vigilância dos programas de diabetes e hipertensão arterial. São objetivos do SUS: a execução de ações de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador e de Assistência Terapêutica Integral. Princípios e diretrizes do SUS: Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; Integralidade da assistência; Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, alocação de recursos e orientação programática; Descentralização dos serviços para os municípios; Regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; Resolutividade em todos os níveis de assistência. Em relação à organização, direção e gestão do Sistema coloca que, no nível municipal, o SUS poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde. No contexto da descentralização e distritalização enfatiza-se a importância de uma prática epidemiológica que possibilite a ampliação do conhecimento sobre a realidade local. Importância de um Sistema de VE ágil, dinâmico e integrado, articulando as informações que o alimentam. PARA UMA VIGILÂNCIA SER OPORTUNA: Importância da análise, no nível local (macro e micro territórios), dos dados coletados viabilizando maior rapidez na tomada de decisão, contemplando as dimensões conhecimento, detecção e prevenção apontadas pela legislação. SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Compreende o conjunto interarticulado de instituições do setor público e privado componentes do SUS, que, direta ou indiretamente, notificam doenças e agravos, prestam serviços a grupos populacionais ou orientam a conduta a ser tomada no controle das mesmas. Devem ser respeitados os seguintes critérios: que as doenças estejam sujeitas ao Regulamento Sanitário Internacional; que possam ser controladaspor medidas regulares de prevenção e controle (vulnerabilidade); que tenham alta incidência e/ou prevalência (magnitude); que possam ter importantes repercussões sociais e econômicas (transcendência). Estabelece como prioridade o fortalecimento de sistemas municipais de Vigilância Epidemiológica, dotados de autonomia técnico-gerencial para enfocar os problemas de saúde próprios de suas respectivas áreas de abrangência. Visa uma reorganização operacional segundo os princípios de descentralização e integralidade das ações definidas no SUS. Pressupostos do SNVE: Heterogeneidade no rol de doenças e agravos sob vigilância no nível municipal; Incorporação gradativa de novas doenças e agravos, inclusive doenças não transmissíveis; Fluxos de informação atendendo às necessidades do sistema local, porém sem prejuízo da transferência de informações para outros níveis do sistema; Construção de programas de controle localmente diferenciados, respeitadas as bases científicas de referência nacional. Informação para a ação Doenças de Notificação Compulsória PORTARIA Nº 1.061, DE 18 DE MAIO DE 2020 O Ministério da Saúde estabelece a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional. A ocorrência de suspeita ou confirmação de eventos de saúde pública, doenças e agravos listados, de acordo com a portaria vigente (Origem: PRT MS/GM 1061/2020), e/ou a notificação de surto, são de comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados. É facultado a estados e municípios incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt1061_29_05_2020.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt1061_29_05_2020.html Critérios para seleção de doenças de notificação: ⇒ Magnitude (frequência, grandes continentes, alta incidência, prevalência, mortalidade e anos potencias de vida perdidos); ⇒ Potencial de disseminação (alta transmissibilidade); ⇒Transcendência (severidade: alta letalidade, hospitalização e sequela), relevância social, relevância econômica (restrição comercial, custo do diagnóstico / tratamento); ⇒ Vulnerabilidade (fácil ou difícil de prevenir e controlar); ⇒ Compromissos internacionais e regulamento sanitário internacional (OPAS e OMS). ⇒ Epidemias, surtos e agravos inusitados. Conceitos epidemiológicos Endemia: ocorrência coletiva de determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico, acomete sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantendo sua incidência constante, permitindo variações sazonais. Ex: doença meningocócica sorogrupos A (cinturão africano), sorogrupo C ( Brasil e outros países da América do Sul). Epidemia: elevação progressivamente crescente, inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença ou agravo, ultrapassando valores acima do limiar epidêmico preestabelecido (caracterizando um excesso em relação à frequência esperada). Ex.: influenza, sarampo, poliomielite, arboviroses (dengue, Zika, chikungunya). Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial, atingindo vários países e continentes. Uma série de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo. Ex: gripe espanhola, infecção por coronavírus (COVID-19) iniciada no final de 2019 e que persiste durante todo o ano de 2020. Surto: tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.). Funções da Vigilância Epidemiológica ▪ coleta de dados ▪ processamento dos dados coletados ▪ análise e interpretação dos dados processados ▪ recomendação das medidas de controle apropriadas ▪ promoção das ações de controle indicadas ▪ avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas ▪ divulgação de informações pertinentes ▪ qualidade da informação – coleta de dados adequada Tipos de dados: Demográficos e ambientais Morbidade Mortalidade Notificações de surtos ou epidemias Notificações de agravos inusitados Fontes de dados: Notificação (passiva, busca ativa, sentinelas) Laboratórios (de referência, hemocentros) Declarações de óbitos Investigação epidemiológica Estudos epidemiológicos Imprensa População Limitações da Vigilância Epidemiológica Embora seja dever de todo cidadão e obrigação inerente à profissão médica e outras profissões na área de saúde, a notificação nem sempre é realizada oportunamente, devido aos seguintes fatores: desconhecimento sobre a sua importância desconhecimento das ações realizadas e geradas pela análise das notificações/investigações descrédito nos serviços de saúde falta de acompanhamento e supervisão da rede de serviços falta de retroalimentação dos dados coletados Quando devemos notificar uma doença? • Na suspeita de qualquer doença ou agravo de notificação; • Oportunidade para a adoção de medidas de prevenção e controle; • Confirmação do diagnóstico; • Visando a realização da Investigação Epidemiológica de casos (estudo de campo realizado a partir de casos e portadores); • De quem foi contraída a infecção? Qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente? • Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio? • Quais as pessoas a quem o caso pode ter transmitido a doença? • A quem o caso ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo? Fichas de investigação epidemiológica específicas para cada agravo Boletins de Notificação Individual - dados de identificação - dados de anamnese e exame físico - suspeita diagnóstica - informações sobre o meio ambiente - exames complementares - “origem da transmissão” – período de incubação, presença de outros casos na localidade, presença de vetores, grupo etário mais acometido, fontes de contágio comum, modos de transmissão, época de ocorrência. - Busca Ativa de casos – suspeita de outros casos não notificados Notificação + Investigação ⇒ SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) • Processamento e análise de dados • Consolidação dos dados em tabelas, gráficos, mapas, fluxos de pacientes e outros, fornecendo uma visão global do evento e a avaliação de acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas e de associação causal. • Construção de Indicadores Epidemiológicos: importantes para efeito de comparação. • Normatização: permite a uniformização dos procedimentos, garante a eficiência do sistema, viabiliza a comparabilidade dos dados e informações. • Retroalimentação do sistema: fundamental para o seu adequado funcionamento,promove a devolução de informações para os níveis de menor complexidade, garante a credibilidade do sistema a pessoas da comunidade e profissionais que o alimentam. • Permite a difusão de informações Tipos de Vigilância Epidemiológica • Passiva- baseada na notificação de doenças pelo profissional de saúde e outros profissionais; • Ativa – baseada na busca ativa de casos em prontuários, domicílios, escolas, creches, comunidades, população institucionalizada; • Sentinela – sistemas sentinelas de informações capazes de monitorar indicadores-chave que sirvam de alerta precoce de agravos para o sistema de vigilância; focaliza o local notificante ( hospitais, clínicas, laboratórios,etc); • Sindrômica –sentinela para eventos sindrômicos (ex: infecções congênitas). Epidemiologia Hospitalar Portaria 2.529 de 23/11/2004 – Institui a vigilância epidemiológica de agravos inusitados à saúde, surtos e doenças de notificação compulsória em âmbito hospitalar. Importância da Vigilância em nível hospitalar: - Porta de entrada de agravos inusitados - Sentinela para surtos e epidemias- Diagnóstico etiológico, inclusive post mortem - Estratégias: busca ativa de casos (revisão de boletins), vigilância sentinela. - Análise de óbitos - Análise de indicadores hospitalares – avaliação de serviços - Interface com a Comissão de Controle de Infecção hospitalar (CCIH) - Vigilância e assistência aos acidentes com material biológico Vigilância em Saúde (VS) Década de 90 – discussão conceitual em vários eventos. Paim (1994) – a organização da oferta como espaço de articulação do enfoque epidemiológico- execução de ações e serviços a partir da identificação dos problemas e necessidades da população em territórios delimitados. III Congresso Brasileiro de Epidemiologia (1995) – concepções da VS: Restrita: “ um conjunto de ações voltadas para o conhecimento, a previsão, a prevenção e o enfrentamento continuado de problemas de saúde selecionados e relativos aos fatores e condições de risco, atuais e potenciais, e aos acidentes, incapacidades, doenças , incluindo as zoonoses, e outros agravos à saúde de uma população num território determinado.” Ampliação da VE, com incorporação da Vigilância Sanitária (VISA). Vigilância da saúde como análise de situações de saúde: Ampliação dos objetos de VE, não mais restritos a doenças transmissíveis , incorporando investigações e montagem de bancos de dados sobre outros agravos como mortalidade infantil, mortalidade materna, doenças crônicas, acidentes e violência, além de aspectos relativos à organização e à produção dos serviços de saúde, contribuindo para um planejamento mais abrangente (Waldman, 1992) Vigilância da saúde como proposta de integração institucional entre a VE e a VISA. Esta vertente se insere no processo de municipalização – reformas administrativas na década de 90 nas SES. Ampliada: articula novos conceitos e métodos, gerados a partir de uma visão ampliada de saúde e dos modelos atuais de interpretação dos determinantes, riscos, agravos e danos... se incorporam desde as ações sociais organizadas pelos distintos atores até as ações específicas de prevenção de riscos e agravos, bem como as de recuperação e reabilitação de doentes. Vigilância a saúde como proposta de redefinição das práticas sanitárias - modelo assistencial alternativo, conformado por um conjunto de práticas sanitárias que encerram combinações tecnológicas distintas, destinadas a controlar determinantes, riscos e danos. (Paim, 1994) - “uma prática que organiza processos de trabalho em saúde sob a forma de operações” para confrontar problemas de enfrentamento contínuo, num território delimitado através de operações montadas segundo os problemas, nos diferentes períodos do processo saúde-doença” (Mendes, 1993) A construção da Vigilância da Saúde (VS) não exige apenas a articulação entre as vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental. É uma proposta de reorganização das práticas de saúde que busca adequar as ações e serviços à situação concreta da população de cada território definida em função das características epidemiológicas, sociais e sanitárias visando como esse processo a integralidade do cuidado à saúde. CONCEPÇÃO AMPLIADA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) consiste em um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana objetivo é identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. * Atribuição da VSA : vigilância epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana, associados a contaminantes ambientais, especialmente os relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, benzeno e chumbo. Áreas de atuação da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM): Vigilância da qualidade da água para consumo humano(Vigiágua); Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos (Vigiar); Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes químicos (Vigipeq); Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes de desastres (Vigidesastres) e Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos (Vigifis). http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/agrotoxicos http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/amianto http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/mercurio http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/benzeno http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq/contaminantes-quimicos/chumbo http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiagua http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigiar http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigipeq http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigidesastres http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigidesastres http://portalms.saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental/vigifis Conceitos importantes A vigilância é a ferramenta metodológica mais importante para a prevenção e controle de doenças em saúde pública. É consensual no discurso de todas as entidades de saúde pública em todo o mundo, desde as de âmbito internacional até as de abrangência local, que não existem ações de prevenção e controle de doenças com base científica que não estejam estruturadas sobre sistemas de vigilância epidemiológica. Segundo a Lei nº 8080/90 do SUS, a definição de Vigilância Epidemiológica é: “Conjunto de ações que propicia o conhecimento, a detecção ou preservação de qualquer mudança dos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.” As ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades e integralidade da prestação de serviços. As mudanças no perfil epidemiológico das populações, no qual se observou declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento das mortes por causas externas e doenças crônico-degenerativas (*) propiciou a incorporação de doenças e agravos não-transmissíveis ao escopo de atividades da vigilância epidemiológica (MS/SVS). (*) Transição Epidemiológica Premissas Básicas: ⇒ A distribuição dos agravos à saúde é produto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população. ⇒ O conhecimento dos fatores determinantes das doenças permite a aplicação de medidas preventivas e curativas direcionada a alvos específicos cientificamente identificados. Base de dados para a Vigilância Epidemiológica: • Estatísticas Vitais: informações sobre os nascidos vivos (SINASC) e óbitos (Sistema de Mortalidade - SIM); • Dados de Morbidade (doenças):Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), Sistema de Informação Hospitalar (SIH), Sistema de Informação Ambulatorial (SIA-SUS) • Fatores de Risco • Dados demográficos, socioeconômicos e ambientais. • Notificação de surtos e epidemias • Notificação de centros sentinelas (ex.: hospitais de referência para atendimento de crianças com malformações congênitas que servem como notificação de casos suspeitos de rubéola congênita, sífilis congênita). A notificação DEVE ser ainda na fase da suspeita, deve ser sigilosa. Em alguns casos pode haver necessidade de notificação negativa, ex: doenças recém erradicadas ( póliomielite, sarampo). Em umainvestigação epidemiológica de caso suspeito em alguns casos pode ser necessária uma investigação de campo, isto é, aprofundar a cadeia de transmissão da doença, aumentando a busca de casos em determinado local. Outras fontes de dados são estudos epidemiológicos e os sistemas sentinelas. Nos serviços preencher sempre o formulário próprio do SINAN (Sistema Nacional de Agravos e Notificação) para a notificação de casos). Além do SINAN existem outros sistemas de importância para a VE: ⇒ SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) ⇒ SINASC (Sistema de Informações de Nascidos vivos) ⇒ SIH (Sistema de Informações Hospitalares) ⇒ SIA (Sistema de Informações Ambulatoriais) ⇒ SIGAB (Sistema de Gerenciamento da Atenção Básica) Notificação É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à referência sanitária local – dotada de autonomia técnico – gerencial para enfocar os problemas de saúde próprios de sua área de abrangência – por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção e controle pertinentes. é um trabalho de campo, realizado a partir de casos notificados, clinicamente declarados ou suspeitos, e seus contatos, que tem por principais objetivos: - identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão; - os grupos expostos ao maior risco e os fatores de risco; - confirmar o diagnóstico e determinar as principais características epidemiológicas. ⇒ Seu propósito final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos. Investigação epidemiológica Funções de sistemas de vigilância • Coleta, processamento, análise e interpretação de dados • Investigação em epidemiologia de campo de agravos • Recomendação e avaliação de ações de prevenção e controle Retroalimentação e divulgação de informações Fonte: Braga & Werneck, 2009 apud Coradi, 2016 Epidemiologia de campo: Conceito Investigação realizada em resposta a problemas de saúde pública que se utiliza principalmente do método epidemiológico para dar resposta as ações de vigilância em saúde. Fonte: Adaptado de Mota, 2011 apud Coradi, 2016 Epidemiologia de campo: objetivos • Esclarecer a ocorrência do agravo • Quantificar o problema • Prevenir casos adicionais • Ampliar o conhecimento sobre o referido agravo • Servir como ferramenta de capacitação no serviço • Alterar as condições do risco sanitário encontrado • Avaliar as estratégias de prevenção e controle • Produzir recomendações para prevenção de eventos futuros similares Fonte: Mota, 2011 apud Coradi, 2016 Roteiro de investigação de casos Etapa 1. Coleta de dados sobre os casos (Identificação do paciente, anamnese e exame físico, suspeita diagnóstica,exames laboratoriais). Etapa 2. Busca de pistas: fontes de infecção (ex: água, alimentos, ambiente insalubre, etc.); período de incubação do agente; • modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial, etc.); • faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais acometidos (características biológicas e sociais); • presença de outros casos na localidade (abrangência da transmissão); • possibilidade da existência de vetores ligados à transmissão da doença; • fatores de risco: época em que ocorreu (estação do ano); ocupação do indivíduo; situação de saneamento na área de ocorrência dos casos (fonte de suprimento de água,destino dos dejetos e do lixo, etc.); outros aspectos relevantes das condições de vida • nas áreas de procedência dos casos (hábitos alimentares, aspectos socioeconômicos,etc.); potenciais riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos, etc.). • Etapa 3. Busca ativa de casos • tratar adequadamente esses casos; • determinar a magnitude e extensão do evento; • ampliar o espectro das medidas de controle. • Etapa 4. Processamento e análises parciais dos dados • Etapa 5. Encerramento de casos • Etapa 6. Relatório final • causa da ocorrência, indicando, inclusive, se houve falhas da vigilância epidemiológica e/ou dos serviços de saúde e quais providências foram adotadas para sua correção; • se as medidas de prevenção implementadas em curto prazo estão sendo executadas; • descrição das orientações e recomendações, a médio e longo prazos, a serem instituídas tanto pela área de saúde quanto de outros setores; • alerta às autoridades de saúde dos níveis hierárquicos superiores, nas situações que coloquem sob risco outros espaços geopolíticos. Em situações de eventos inusitados, após a coleta dos dados dos primeiros casos, deve-se padronizar o conjunto de manifestações clínicas e evidências epidemiológicas, definindo-se o que será considerado como “caso suspeito”. ESPIN = Evento de saúde pública de interesse nacional Características do sistema de Vigilância Epidemiológica : exemplo de 2 modelos de vigilância das DNC A Vigilância da Doença Meningocócica (DM) possui um fluxo bem estabelecido e, certamente pelo seu impacto perante a sociedade e importância que lhe é atribuída resulte em ações mais efetivas. Até 1997 a existência de um centro de referência clínico-laboratorial e de epidemiologia, facilitando o diagnóstico, a coleta e a disseminação de informações se mostrou positivo na simplificação do fluxo. Quando da notificação de um caso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) faz o contato telefônico com o Centro Municipal de Saúde (CMS) que, rapidamente, realiza a visita domiciliar, investigação e quimioprofilaxia. Posteriormente a FIE é enviada à SMS. Quanto ao método de transmissão de informações, é rápido, eficiente e se faz, de regra, por telefone. Mobilização expressiva dos profissionais, em geral já treinados e capacitados. Pressão da mídia . Fluxograma da Vigilância das Meningites/DM segundo as Normas da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e diretrizes do Ministério da Saúde. SERVIÇOS DE SAÚDE / COMUNIDADE NÍVEL LOCAL NÍVEL CENTRAL FIE INVESTIGAÇÃO EM 24h Fluxograma da Vigilância das Hepatites Virais (B e C) no Município do RJ. COLETA DE SANGUESOROLOGIA /BIOQUÍMIC A COLETA DE SANGUESOROLOGIA /BIOQUÍMIC A BANCOS DE SANGUE BANCOS DE SANGUE PACIENT E PACIENT E SERVIÇOS DE SAUDE SERVIÇOS DE SAUDE SMSSMS INVESTIGAÇÃOINVESTIGAÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ATENDIMENTO CLÍNICODE FORMAS CRÔNICAS CENTRO DE REFERÊNCIA PARA ATENDIMENTO CLÍNICODE FORMAS CRÔNICAS LACENLACENN CMSCM S IMUNIZAÇÃ O DOS CONTATO S IMUNIZAÇÃ O DOS CONTATO S ALT A ALT A HEPATITE B HEPATITE C FICHAS BANCOS DE SANGUE N O TI FI C A Ç Ã O HEPATITE CRÔNICA FIE O Sistema de Vigilância das Hepatites Virais é complexo, insuficiente e ineficiente, requerendo diretrizes capazes de garantir um fluxo mais simples e de acordo com a realidade dos serviços de saúde (Fonte: Wakimoto & Marzochi, 1997). Em relação à Vigilância das Hepatites Virais (B e C) , observa-se uma série de fatores que comprometem o seu fluxo: participação de unidades de saúde de diversas origens institucionais e diferentes fontes de notificação; integração deficiente destas unidades, não permitindo a troca de informações dentro da perspectiva de Sistema; atraso no envio das notificações pelos bancos de sangue; necessidade de estrutura laboratorial especializada para confirmação diagnóstica e demora na liberação dos resultados; falta de uniformidade dos critérios de confirmação diagnóstica; dificuldade de articulação entre os profissionais e os diferentes serviços nas unidades do nível local; ausência de um fluxo definido no atendimento e vigilância do agravo que muitas vezes, cursa oligo ou assintomático. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019. www.saude.gov.br/bvs 2. Gordis, L. Epidemiology. Fifth edition, 2014 by Saunders, Elsevier Inc. 3. Medronho, R.A. Epidemiologia (2ª Ed),Ed. Atheneu, S. Paulo, 2009. 4. Almeida Filho, N, Rouquayrol, M Z. Epidemiologia & Saúde. 7ª edição – Rio de Janeiro, Medsi, 2013. 5. Wakimoto M, 1997. Avaliação da qualidade do sistema de vigilância epidemiológica no município do Rio de Janeiro – 1994 a 1996. Dissertação de mestrado ENSP/Fiocruz. http://www.saude.gov.br/bvs
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