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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Instituto de Relações Internacionais e Defesa Bacharelado em Defesa e Gestão Estratégica Internacional Beatriz Cristhina Pegorini Torrezam - 121172368 Disciplina: Interpretações de Brasil – IRD369 Professor: CLEYTON HENRIQUE GERHARDT Autor: Maria Isaura Pereira Queiroz Título: O Mandonismo Local na Vida Política Brasileira Editora: Alfa-Omega Local: São Paulo Data da Edição: 1976 A autora, Maria Isaura Pereira Queiroz, inicia sua análise discorrendo sobre a chegada dos portugueses no Brasil e como foi a distribuição do povoamento entre os colonizadores, assim como a vinda de instituições portuguesas ao país. É importante destacar os conflitos que existiam entre indígenas e portugueses, que levaram São Vicente a se tornar a capital da colônia e iniciou a divisão das terras brasileiras, chamadas capitanias, entre os donatários. Esse sistema funcionou por pouco tempo, principalmente devido, a luta indígena e também a falta de capital dos colonos, por isso Portugal decide reassumir as capitanias. Nessa nova fase, mais pessoas chegavam vindas de Portugal, sejam com menos ou com mais dinheiro, todas lideradas pelos senhores de engenho, que eram as pessoas que possuíam mais dinheiro no Brasil, e, ao mesmo tempo, nas Câmaras Municipais as eleições para vereadores aconteciam a pressão de homens armados, sempre com o intuito de eleger os apontados pelos mais abastados. Desse modo, a importância e o poder dos senhores de engenho aumentavam e a dependência das pessoas a eles, também. A base econômica do Brasil nesse momento já era a agricultura e os donos dos latifúndios já se tornavam as pessoas mais influentes do país. Outro conceito muito reverenciado pela autora é o dos “homens bons” que eram sempre os homens brancos e ricos da vila, e essa característica apenas evidencia o quanto do Brasil colonial ainda vivemos no nosso dia a dia, assim da mesma forma que atualmente, todas as posições administrativas e de destaque são dos “homens bons” ou dos amigos dos mesmos. Assim, os interesses privados estavam intimamente conectados aos interesses públicos, já que os latifundiários e seus familiares eram os mesmos funcionários públicos. Consequentemente, se inicia a disputa entre jesuítas e colonos acerca da escravização dos indígenas e fundação da agricultura latifundiária e escravista continua a se aprofundar na colônia. A socióloga, também fala sobre a ideia de família, que não era limitada ao núcleo e agregava todas as pessoas relacionadas a eles por sangue ou casamento, além dos escravos. Isso fazia com que houvesse uma grande dominação, pois todos precisavam estar inseridos em uma família para serem parte da sociedade e considerados alguém. Eram comuns as disputas entre as mesmas, pois a família principal era quem possuía a dominação sobre aquela terra. Outro problema era o governo geral que deveria possuir uma função conciliadora nesses casos, porém normalmente apoiava apenas os seus interesses. A partir do século XVII, iniciam-se as expedições “das bandeiras”, financiadas pelos ricos da vila de São Paulo e lideradas pelos “clãs familiares”, além de apoiados pela Coroa portuguesa. Eles avançaram a linha do Tratado de Tordesilhas e descobriram muitas riquezas ao leste do Brasil, assim começaram a colonizar as áreas do Norte e ao Sul, pertencentes a Espanha, causando alguns atritos entre as capitanias. Esses bandeirantes, que conquistaram o interior brasileiro, começaram a ser ameaças aos senhores de engenho e ao domínio exercido pela agricultura brasileira, assim surge o “regime do monopólio”. Essa foi a forma de Portugal de proteger os seus interesses e ao dos latifundiários, assim até hoje presenciamos o “mandonismo” no Brasil e a dominação da estrutura agraria.
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