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Fichamento FREYRE, Gilberto

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Lohana Baroni da Silva Gozzi
O BRASIL como civilização européia nos trópicos. In: FREYRE, Gilberto. Nôvo Mundo nos Trópicos. 1° edição. Ed. São Paulo: Editora Nacional e Editora da USP, 1951. V. 348, cap. 5, p. 127-148.
O BRASIL COMO CIVILIZAÇÃO EUROPÉIA NOS TRÓPICOS
“Desde o século xv1 os europeus viam com certa suspeita as terras da América e do Brasil tropicais: imaginavam a América do Sul, o trópico americano, o trópico brasileiro, ora como um paraíso, ora como um inferno.” (FREYRE, Gilberto. P. 127)
O autor segue sua argumentação dando exemplo da Amazônia, e as tentativas de colonização, onde se dizia que a presença humana na região era muito difícil para alguns, e até mesmo impossível para outros. 
H. W. Bates desmitificou algumas superstições europeias acerca do clima amazônico, já que viveu 11 anos na Amazônia, tendo contato direto com os povos. Quando teve que retornar a Inglaterra, hesitou em abandonar o Brasil tropical “abandonava um país de verão eterno (...)” e voltar para os “sombrios invernos, longas e cinzentas tardes (...), quartos confinados, vida artificial (...) "”, no entanto, quando chegará a Europa, escrevera:
“"depois de três anos de renovada experiência na Inglaterra é que percebo o quanto a vida civilizada é incomparàvelmente superior" à vida não de todo civilizada como êle conhecera na Amazônia brasileira,” (FREYRE, Gilberto. P. 128)
“A mudança de opinião de Bates sugere a pergunta: é ou não possível combinar as vantagens da vida civilizada com as do clima tropical? A experiência ou tentativa brasileira parece dar resposta a essa interrogação. E a resposta parece ser um "sim". O Brasil é um dos maiores espaços nacionais do mundo. [...] E hoje a sua é talvez a maior, ou, pelo menos, a mais avançada, civilização moderna criada e em processo de desenvolvimento em região tropical.” (FREYRE, Gilberto. P. 128)
Freyre discorre um pouco sobre os desafios de lidar com as dificuldades tropicais, que são tão acentuadas na Amazônia. 
“Mas já se apresentam sinais encorajadores do esfôrço brasileiro para sobrepujá-las, criando ali a mesma civilização que os pioneiros portuguêses e seus descendentes, geralmente homens de sangue mestiço, branco e ameríndio, conhecidos como "bandeirantes", conseguiram criar em outras regiões do Brasil. [...] Ilustre historiador disse dêsses homens que não só tornaram possível o vasto Brasil de nossos dias como, também, lançaram milhões de libras de ouro na economia mundial nos anos cruciais em que a Inglaterra se transformava no maior poder bancário e industrial dos séculos XVIII e XIX” (FREYRE, Gilberto. P. 128)
“Também aqui o negro africano e seus descendentes brasileiros representaram importante papel [...] Ameríndios e africanos, assim como europeus e seus descendentes mestiços, contribuíram de forma ativa para o desenvolvimento do Brasil.” (FREYRE, Gilberto. P. 129)
“Isto parece explicar porque na América portuguêsa se encontra, atualmente, uma civilização de tão vivas características sendo descrita por alguns autores como uma democracia étnica, senão perfeita - bastante imperfeita, ainda - avançada.” (FREYRE, Gilberto. P. 129)
“Pode-se dizer que a civilização que o Brasil está desenvolvendo nos trópicos não é puramente ocidental ou européia. É, sob vários aspectos, extra-européia. Ou mais-que-européia.” (FREYRE, Gilberto. P. 130)
O autor segue sua linha de argumentação citando o cientista anglo-americano, Marston Bates, e o desenvolvimento na América tropical, que procura adaptar-se a condições que não são europeias e sim tropicais.
“O que vem acontecendo na indústria, na criação de gado e na agricultura do Brasil - sua modernização sem prejuízo de sua tropicalidade - também ocorre em relação a outras atividades humanas que fazem parte de uma civilização ou de uma cultura.” (FREYRE, Gilberto. P. 130)
Freyre diz então que, alguns estudiosos atuais acreditam que uma nova ciência deve ser criada, uma ciência voltada para problemas do ponto de vista tropicológico. 
“Uma coisa, pelo menos, é certa: o desenvolvimento de uma civilização moderna no Brasil está plasmando o desenvolvimento de nôvo tipo de civilização.” (FREYRE, Gilberto. P. 132)
“Os portuguêses encontraram na América tropical espaço ideal para a expansão e o desenvolvimento de sua civilização etnicamente democrática - apesar dessa civilização ter sido, em alguns aspectos, aristocrática e mesmo feudal a Civilização que começou a florescer nos trópicos africanos e asiáticos.” (FREYRE, Gilberto. P. 132)
“O Brasil é uma área tropical muito mais vasta do que a lndia Portuguêsa e no entanto aqui, em 450 anos de presença étnica e, especialmente, cultural, os portuguêses conseguiram assimilar não somente considerável número dos não muitos ameríndios encontrados na parte da América que é atualmente o Brasil, mas também os escravos africanos importados de várias regiões do continente negro para trabalhar na agricultura e, mais recentemente, além de espanhóis - por algum tempo senhores absolutos do Brasil - italianos, alemães, poloneses, sírios, japonêses e outros imigrantes. [...] O Brasil foi, e parece continuar a ser, exemplo de diversidade ou de pluralidade étnica e cultural, dentro da unidade, embora a diversidade possivelmente esteja se tornando menos evidente do que a unidade.” (FREYRE, Gilberto. P. 132, 133)
“A tendência para o fusionismo étnico e cultural tem sido no Brasil muito mais decisiva como base para atitudes de significação e de expressão nacional, de ordem política, ou mesmo cultural, do que nos Estados Unidos.” (FREYRE, Gilberto. P. 134)
“Isto não quer dizer que o Brasil seja, ou tenha sido, um paraíso comparado com as repúblicas irmãs do continente ou com as nações não-americanas de estrutura nacional semelhante à sua, isto é, formadas por elementos étnica e culturalmente heterogêneos, dos quais um venha sendo exclusivamente predominante, se não como oligarquia étnica, pelo menos cultural, econômica, ou política.” (FREYRE, Gilberto. P. 134)
“Falta ao Brasil, geogràficamente imenso e surpreendentemente firme como se tem revelado em sua unidade cultural - inclusive a política - um equilíbrio inter-regional dinâmico, baseado em um planejamento econômico no qual a indústria e a agricultura sejam melhor inter-relacionadas, e melhor interligados o litoral e os sertões.” (FREYRE, Gilberto. P. 135)
“O fato é que a situação mais próxima da guerra civil que o Brasil já conheceu [...] foram mais conflitos entre subgrupos, regionalmente diferenciados em sua cultura ou em sua atividade econômica, do que entre subgrupos "nacionais" ou "étnicos" desajustados em relação à comunidade nacional.” (FREYRE, Gilberto. P. 135)
O autor, em seguida, exemplifica a Guerra de Canudos, que é abordada em Os Sertões, de Euclides da Cunha. Além de Revolução Malê, na Bahia.
“A ausência de atitude de sistemática e contínua oposição africana ou ameríndia à dominação européia no Brasil parece ligar-se ao fato de que o predomínio europeu na América portuguêsa nunca chegou a ser agudamente exclusivo [...]” (FREYRE, Gilberto. P. 136)
“O Brasil é uma área onde se desenvolveu uma civilização nacional cujas características decisivas são européias e são, também - com tôdas as suas deficiências - cristãs - culturalmente européias e sociolôgicamente cristãs.” (FREYRE, Gilberto. P. 137)
No entanto, o autor segue desenvolvendo sua argumentação falando sobre as modificações sociais e culturais nos brasileiros.
“[...] Essa estrutura lusitana no Brasil é um fenômeno nacional e não regional. Diversos acréscimos étnicos e culturais vêm enriquecendo essa estrutura sem destruí-la [...]” (FREYRE, Gilberto. P. 138)
“''Civilização luso-tropical" é uma expressão que venho sugerindo para caracterizar aquilo que me parece uma forma particular de comportamento, e também uma forma particular do português vir-se realizando no mundo: sua tendência para preferir os trópicos para sua expansão extra-européia, a sua capacidade para permanecer com êxito em espaços e ambientes tropicais e a crescer e multiplicar-se.” (FREYRE, Gilberto. P. 138)
“Como Brasil líder em potencial dessa grande comunidade - a comunidade luso-tropical - percebe-se, o que tal concepção sugere de vitalidade cultural não só portuguêsa como também brasileira, a aptidão e a capacidade que portuguêses e brasileiros vêm demonstrando para resistir a tentativas de grupos étnicos subnacionais, como em certa época os alemães em Santa Catarina, para se constituírem em minorias étnico-culturais opostas ao todo nacional. Seria como se estivessem numa sociedade anàrquicamente plural [...]” (FREYRE, Gilberto. P. 139)
“O Brasil não está isolado como complexo sócio-histórico e ecológico. É parte, e parte vital, da grande comunidade luso-tropical [...]” (FREYRE, Gilberto. P. 140)
“Só poderemos compreender o estado atual dos subgrupos não-portuguêses por suas origens e nas suas culturas, presentes na comunidade brasileira - estruturalmente uma comunidade lusobrasileira e parte de uma totalidade luso-tropical transnacional - como contrastes transitórios em face do conjunto. O conjunto formado pela realidade luso-tropical, que durante mais de cinco séculos vem se desenvolvendo através de um processo gradual, em nôvo tipo de civilização nos trópicos. Uma civilização que, sendo decisivamente européia e cristã em suas características principais, não tem procurado permanecer, nem permanece, exclusivamente européia e cristã em seus estilos de vida.” (FREYRE, Gilberto. P. 140)
“Tendências a um relativo pluralismo não têm estado de todo ausentes dos esforços da colonização portuguêsa nos trópicos. Mesmo hoje em dia, são visíveis em certas subáreas do conjunto luso-tropical que inclui territórios tropicais em tão diferentes partes do mundo. Mas a verdade é que tais tendências nunca chegaram nem chegam hoje ao ponto de obscurecer, em qualquer dessas subáreas, uma característica comum a tôdas elas: a tendência para convergirem numa unidade fundamental - tanto social como psicológica - a despeito daquilo que os etnógrafos poderiam considerar, comparando as diferenças de composição étnica e mesmo configurações de cultura nessas várias subáreas luso-tropicais, como sendo "mosaicos multicores de diversidade". No próprio Brasil não há convergência absoluta de etnias e de culturas em tôdas as suas subáreas. Persiste numa ou noutra algum pluralismo ou algum paralelismo.” (FREYRE, Gilberto. P. 141)
“A posição de minorias étnicas em têrmos de côr ou de raça nunca foi problema grave no Brasil, nos dias pré-nacionais ou nos nacionais; e sim problema de menor importância.” (FREYRE, Gilberto. P. 142)
“ No Brasil, a assimilação incompleta, mas considerável não somente dos ameríndios, mas também de negros africanos, em uma sociedade nacional cujos traços decisivos vêm sendo os cultural e psicologicamente portuguêses e cristãos, tem-se processado, quase sempre, de modo relativamente suave e pacífico, embora não tenham sido de todo raros exemplos de conflitos culturais e lutas de classes, nos quais o antagonismo racial se tenha feito sentir; e de abusos de indígenas por "civilizados".” (FREYRE, Gilberto. P. 142)
Em seguida o autor fala sobre os conflitos étnicos em outros países, sobretudo durante a Segunda Grande Guerra, além de abordar as consequências na população brasileira.
“Os primeiros grupos de europeus não-portuguêses a se estabelecerem no Brasil cedo revelaram a tendência ou atitude - as exceções não invalidam a regra geral - para adotarem valôres dos luso-tropicais, assim como seus métodos de viver e de lidar com a natureza tropical, com populações tropicais e com culturas humanas tropicais.” (FREYRE, Gilberto. P. 144)
“:É verdade que brasileiros filhos de colonos não-portuguêses e que atuam na política, ou mesmo na vida industrial e comercial da nação, têm em alguns casos, revelado falta de maiores escrúpulos morais: o que lhes vem dando a reputação de serem moral ou etnicamente inferiores. [...] É claro que os filhos de imigrantes que seguem tais carreiras são mais livres do que os filhos das velhas e conhecidas famílias quanto a certas restrições morais que atuam sôbre os homens profundamente enraizados em suas cidades, países ou regiões.” (FREYRE, Gilberto. P. 145)
“Seria, contudo, injusto aceitar-se a generalização de que os filhos de imigrantes, quando empenhados em tais atividades, agem sempre dentro de padrões morais etnicamente inferiores.” (FREYRE, Gilberto. P. 145)
Logo, algumas exemplificações foram feitas pelo autor, acerca desse assunto. O autor se aprofunda mais na explicação do porque isso ocorrer, além de dar exemplo de imigrantes que chegaram à liderança do comércio, na indústria, na política, na religião, na imprensa, na medicina, na ciência, na arte, na arquitetura, na música, e na literatura.
“Quando a assimilação vai ao ponto de incluir a literatura da espécie mais lírica e íntima, isto significa que brasileiros de origem européia não-portuguêsa de fato se estão transformando em nova fôrça na vida e na cultura de nosso país, ao lado dos descendentes de portuguêses, ameríndios e negros; e empregando instrumentos de expressão para êles novos, como a língua e a tradição lírica portuguêsa com um domínio, sôbre essa língua e uma sensibilidade a essa tradição, iguais aos dos brasileiros de origem lusitana e não só netos como tetranetos de brasileiros enraizados há séculos no Brasil.” (FREYRE, Gilberto. P. 148)

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