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BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA: Patologia Clínica Veterinária PROFESSOR (A): Samira Pereira Batista RESUMO DE HEMATOLOGIA: ERITROGRAMA, ANEMIAS, POLICITEMIAS, LEUCOGRAMA E PLAQUETOGRAMA. Larissa Feitosa dos Santos JUAZEIRO DO NORTE – CE 2020 Hematopoiese A hematopoiese ocorre extravascularmente na medula óssea dos mamíferos, entretanto nas aves a granulopoiese ocorre em locais extravasculares, mas a eritropoiese e os trombócitos são produzidos intravascularmente. Na vida embrionária a hematopoiese inicia-se no saco vitelino, estágio em que há o início da formação vascular. Com o desenvolvimento fetal o fígado, o baço e a medula óssea são os maiores órgãos hematopoiéticos. Durante a segunda metade do desenvolvimento do feto a medula óssea e os órgãos linfóides periféricos são os maiores locais de produção de células sangüíneas. Após o nascimento a hematopoiese passa a ocorrer somente na medula óssea. Inicialmente todos os ossos participam desta atividade, mas com a idade esta função vai limitando-se à medula dos ossos chatos e às extremidades dos ossos longos. No animal adulto, os principais ossos envolvidos no processo são o esterno, o crânio, o ílio, as costelas e as extremidades do fêmur e do úmero. A medula ativa, também chamada de medula vermelha, com o tempo vai desaparecendo e deixa de ser hematopoiética, sendo substituída por tecido gorduroso, o qual forma a medula inativa ou amarela. Em casos de necessidade ocorre regeneração e a medula amarela passa a ser vermelha. Nestes casos, a hematopoiese pode voltar a ser realizada pelo fígado, baço e linfonodos. A fase de crescimento rápido do jovem esta associada à expansão do volume sanguíneo, com pesada demanda na medula por eritrócitos. Como a demanda por eritrócitos decresce com a aproximação da maturidade, a hematopoiese regride para apenas parte dos ossos do corpo. Nos demais locais a medula vermelha hematopoieticamente ativa é substituída pela medula amarela. A atividade hematopoiética continua através da vida nos ossos chatos, como esterno, costelas, vértebras e crânio, e nas epífises de ossos longos como úmero e fêmur. A medula amarela, quando há demanda eritrocitária, pode ser ativada novamente; no entanto na fase senil a medula óssea amarela é fibrosada e de difícil e vagarosa expansão. Órgãos envolvidos na hematopoiese O baço armazena e elimina hemácias (hemocaterese) e plaquetas, além de estar envolvido na hematopoiese inicial, produz linfócitos e plasmócitos, degrada hemoglobina, estoca o ferro, remove corpúsculos de Howell-Jolly, corpúsculos de Heinz e parasitas dos eritrócitos. O fígado, responsável pelo estoque de vitamina B12, folato e ferro, produz muitos dos fatores de coagulação, albumina e algumas globulinas, converte a bilirrubina livre à conjugada para excretá-la pela bile, participa da circulação entero- hepática do urobilinogênio, produz um precursor (α-globulina) da eritropoietina ou alguma eritropoietina e retém seu potencial embrionário para hematopoiese. O estômago produz HCl para liberação do ferro do complexo de moléculas orgânicas e o fator intrínseco para facilitar a absorção da vitamina B12. A mucosa intestinal está envolvida na absorção da vitamina B12 e folato e controla a taxa de absorção de ferro entre a relação das necessidades corporais. Os rins produzem eritropoietina também trombopoietina e degrada excessivamente a hemoglobina filtrada do ferro e bilirrubina para excreção na urina. O timo consiste em um órgão linfóide central responsável pela diferenciação das células precursoras derivadas da medula óssea entre linfócitos T imunologicamente competentes envolvidos na imunidade celular e produção de linfocinas. Os linfonodos e folículos produzem linfócitos e plasmócitos estão engajados ativamente na síntese de anticorpos. O sistema monocítico-fagocitário (sistema reticuloendotelial) consiste no maior sistema fagocítico do organismo encarregado da defesa celular na infecção microbiana, destrói várias células sangüíneas, degrada hemoglobina em ferro, globina e bilirrubina livre, estoca o ferro e secreta macromoléculas de importância biológica, por exemplo, fatores estimulantes de colônia e complemento. Eritropoiese A eritropoiese é formada na medula óssea a partir de uma célula pluripotencial de origem mesenquimal chamada célula tronco ou célula-mãe que é estimulada a proliferar e diferenciar-se em “burst” de unidade formadora eritróide (BUF-E) pela IL-3 e fator estimulante de colônia granulocítica-monocítica na presença da eritropoietina (EPO). Esta diferenciação ocorre sob influência do microambiente medular local e por citocinas produzidas por macrófagos e linfócitos T ativados. A proliferação e diferenciação da BUF-E para unidade formadora de colônia eritróide (UFC-E) resulta da presença destes mesmos fatores e pode ser potencializado por fatores de crescimento adicional. A EPO é o fator de crescimento primário envolvido na proliferação e diferenciação de UFC-E para rubriblasto, a primeira célula morfologicamente reconhecível das células eritróides. A eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de rubriblasto, outra no estágio de pró-rubrícito e duas no estágio de rubrícito basofílico. O rubrícito basofílico matura-se em rubrícito policromático, que se transformará em metarrubrícito. Ocasionalmente o rubrícito policromático pode se dividir. A denucleação do metarrubrícito leva à formação de reticulócito, o qual finalmente matura-se, dando origem ao eritrócito. O processo de eritrogênese que resulta na formação de eritrócitos maduros é conhecido como eritropoiese, levando em torno de sete a oito dias para se completar. O núcleo expulso é fagocitado por macrófagos locais. Até a fase de metarrubrícito, as células estarão na medula óssea, já o reticulócito pode ser encontrado no sangue periférico em até 2%. Nas espécies eqüina, bovina, suína e caprina os reticulócitos não são encontrados no sangue em condições de normalidade. A fase de proliferação, compreendida entre a célula pluripotencial até o metarrubrícito leva de dois a três dias, enquanto o restante consiste na fase de maturação, levando em torno de cinco dias. A nomenclatura mais aconselhável para as células eritróides morfologicamente identificável é: rubriblasto –> pró-rubrícito –> rubrícito basofílico – > rubrícito policromático –> metarrubrícito –> reticulócito –> eritrócito. Os eritrócitos são células encarregadas de transportar oxigênio dos pulmões aos tecidos e dióxido de carbono no sentido inverso Anemias A anemia é definida como a presença de eritrócitos, concentração de hemoglobina e/ou hematócrito abaixo dos valores normais de referência. Constitui- se raramente em uma doença primária; geralmente é o resultado de um processo (doença) generalizado. Portanto, é necessário que se saiba a causa da anemia para que o tratamento racional seja empregado, pois ele não é direcionado, por si só, para a anemia, exceto como uma medida de emergência. Os sinais clínicos da anemia resultam da reduzida capacidade de o sangue carrear oxigênio e de certos ajustes fisiológicos para aumentar a eficiência da reduzida massa de eritrócitos circulantes e reduzido trabalho do coração. Assim, o desenvolvimento de vários sinais clínicos depende do grau e da causa da anemia. Baseado na resposta eritropoética medular evidente no sangue periférico, as anemias podem ser classificadas com regenerativa e arregenerativa. Na anemia regenerativa o eritrograma aresenta elementos que revelam regeneração ou resposta medular, que são: reticulocitose (contagem de reticulócitos < 1,0%), anisocitose (diferença no tamanho das hemácias verificadas no esfregaço sanguíneo)e policromasia (diferença entra as cores da hemácia observada no esfregaço sanguíneo), podendo encontrar-se, muitas vezes presença de metarrubrícitos (eritroblastos), e corpúsculos de Howell-Jolly. São necessários três dias para uma resposta regenerativa tornar-se evidente no sangue periférico. A anemia arregenerativa, por sua vez, é causada por lesões na medula óssea ou ausência de elementos necessários para a produção de eritrócitos. Esse tipo de anemia apresenta curso crônico e início lento, é acompanhada de neutropenia e plaquetopenia. Pode ser causada por eritropoese reduzida (medula óssea hipoproliferativa), na ausência de eritropoetina (insuficiência renal crônica), na doença endócrina (hipoadrenocorticismo, hiperestrogenismo, hipoandrogenismo), na inflamação crônica, em lesões tóxicas da medula (radiação, infecção por vírus e ricketsias como a Erlichia canis). São anemias normocíticas normocrômicas. Na anemia arregenerativa não existem reticulócitos nem policromasia. Macrocítica hipocrômica: Sempre regenerativas, ocorrem quando há perda de sangue ou anemia hemolítica aguda. Macrocítica normocrômica: Anemias não regenerativas (diminuição do CHCM ainda não está presente). Deficiência de ácido fólico, FeLV (sem nenhuma reticulocitose), leucemia eritróide, deficiência de vitamina B12. Microcítica hipocrômica: Deficiência de ferro por perda crônica de sangue (tumores, úlceras, parasitoses) ou deficiência de ferro por fatores que atuam no seu metabolismo piridoxina, riboflavina, cobre. Microcítica normocrômica: Quando há doença crônica por exemplo Doença Renal Crônica. Normocítica normocrômica: Hemorragia e hemólise aguda sem tempo para resposta, deficiência de ferro (antes de predominar micrócitos), inflamação e neoplasias crônicas, deficiências endócrinas, aplasia eritróide, hipoplasia e aplasia da medula óssea, intoxicação por chumbo. Policitemias É o aumento do número de eritrócitos circulantes acima dos valores normais. Está classificada em policitemia absoluta (primária ou secundária) e relativa. Quando o hematócrito alcança 60%, suspeita-se de policitemia absoluta ou relativa. Quando alcança 70%, suspeita-se de policitemia primária. A policitemia absoluta ocorre uma elevação do número de eritrócitos circulantes, causado pelo aumento da massa total de eritrócitos, mas a concentração de proteína plasmática está normal. A cianose e a congestão características das membranas mucosas são causadas pelo fluxo lento de sangue desoxigenado que é exorbitantemente rico em células vermelhas. O excesso de massa de eritrócitos aumenta a viscosidade sangüínea e a resistência vascular pulmonar e diminui o débito cardíaco. Estas anormalidades levam a um fluxo sangüíneo reduzido, oxigenação tecidual reduzida, distúrbios neurológicos e aumento do risco de trombose. A viscosidade sangüínea e o grau de transporte de oxigênio alteram-se desproporcionalmente com aumentos do hematócrito acima de 50%. A policitemia absoluta está classificada em primária e secundária. A policitemia primária, verdadeira ou Vera consiste em uma desordem mieloproliferativa, caracterizada por uma proliferação anormal das células eritróides, dos granulócitos e dos megacariócitos, levando a um aumento absoluto da massa de eritrócitos, contagem de leucócitos e de plaquetas. A policitemia secundária ocorre pelo aumento da taxa de eritropoietina, não é acompanhada de aumento nas contagens de leucócitos e plaquetas nem de redução significante no volume plasmático. Os níveis de eritropoietina aumentam como uma resposta fisiológica compensatória pelos rins à hipóxia tecidual, ou como resultado de produção autônoma independente de suprimento de oxigênio tecidual. É vista em animais levados a grandes altitudes, doença cardíaca e pulmonar crônica, tetralogia de Fallot (provoca mistura dos sangues arterial e venoso, diminuindo a oxigenação dos tecidos). Pode ocorrer também devido à elaboração inadequada de eritropoietina, encontrada em alguns casos de hidronefrose, cistos renais, tumores secretantes de eritropoietina (nefroma embrionário) e certas doenças endócrinas como o hiperadrenocorticismo. Já na policitemia relativa é comumente encontrada nos animais como resultado da redução do volume plasmático causado pela desidratação. O consumo hídrico, por animais enfermos, geralmente é inadequado para manter o conteúdo de água corporal normal. Doenças acompanhadas por excessiva perda de água (diarréia, vômito, poliúria) podem rapidamente produzir desidratação. A hemoconcentração aumenta o hematócrito e a proteína plasmática devido à diminuição do volume de plasma. A policitemia relativa ocorre em animais facilmente excitáveis, como certas raças de cães e cavalos, tendo como resultado o aumento da massa de eritrócitos na circulação devido à contração esplênica. A contração esplênica também pode ocorrer em condições de severa dor, como por exemplo, na síndrome cólica. Leucograma O leucograma consiste na contagem das células brancas do sangue e a interpretação desses resultados auxilia na compreensão sobre possíveis disfunções relacionadas ao animal. Entretanto, a interpretação do resultado e a relação com a possível patologia ficam mais completas quando há a avaliação morfológica dos leucócitos com a pesquisa de hematozoários com a realização do leucograma com pesquisa. De entre as alterações quantitativas no número de glóbulos brancos, devemos distinguir entre as alterações que afetam toda a população de leucócitos (leucocitose e leucopenia), e as alterações nas quais apenas um subtipo celular sofre um aumento ou diminuição das suas concentrações. Os neutrófilos representam a população mais numerosa no sangue periférico, tanto nos cães como nos gatos, pelo que a maioria das leucocitoses e das leucopenias são consequência de uma neutrofilia e neutropenia, respectivamente. A neutropenia caracteriza-se por uma diminuição do número de neutrófilos da amostra, e tem como causas possíveis uma imunodeficiência, infeções virais, infeções bacterianas muito violentas, medicamentos mielossupressores, anorexia, pirexia, quadros entéricos, etc. A neutrofilia consiste no aumento do número de neutrófilos. Dependendo da forma como este aumento se produza, as causas podem ser diferentes. Uma das causas nos cães pode ser o estresse, onde o aumento de neutrófilos se dá de forma passageira. Os linfócitos também podem apresentar alterações quantitativas, como é o caso da linfocitose e da linfopenia, que se traduzem num aumento e diminuição do número de linfócitos, respectivamente. Ambas as alterações podem ter como causa principal ou secundária. Plaquetograma O plaquetograma se refere à dosagem das plaquetas, estas são fragmentos de células responsáveis pelo início do processo de coagulação. Quando um tecido de qualquer vaso sanguíneo é lesado, o organismo rapidamente encaminha as plaquetas ao local da lesão. As plaquetas se agrupam e formam um trombo, uma espécie de rolha ou tampão, que imediatamente estanca o sangramento. Graças à ação das plaquetas, o organismo tem tempo de reparar o tecido lesado sem que haja muita perda de sangue. A dosagem de plaquetas é importante principalmente antes de cirurgias e, para avaliar quadros de sangramentos sem causa definida. Os valores referenciais para cada etapa analisada são estabelecidos por idade e gênero, sendo que 95% da população mundial se encaixam dentro dos valores estabelecidos. Porém, existe um percentual de 5% das pessoas, sem sintomas clínicos, que podem apresentar valores fora da faixa referencial. Sendo assim, pequenas variações no resultado não necessariamente indicam alguma doença. Todavia, é de extrema importânciaque seu resultado seja interpretado por um médico, pois cada indivíduo possui seus próprios valores basais, que devem ser levados em consideração. REFERÊNCIAS PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA: TEXTO INTRODUTÓRIO TEXTO DE APOIO AO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLINICAS VETERINÁRIAS http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ LIFU9tZHfoekHEy_2013-6-13-15-29-29.pdf https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/leucograma-de-stress-o- que-o-causa-e-em-que-consiste/ http://www.grupoghanem.com.br/hemograma-entenda-mais-sobre-este- exame/ http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/LIFU9tZHfoekHEy_2013-6-13-15-29-29.pdf http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/LIFU9tZHfoekHEy_2013-6-13-15-29-29.pdf
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