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ESQUIZOFRENIA POR Rebeca Zilli Esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico grave, crônico, heterogêneo e com manifestações psicóticas que afetam em geral o comportamento social e a percepção de realidade do indivíduo. ► Epidemiologia: acomete ambos os sexos, mas é prevalente no masculino; acomete principalmente adultos jovens (fim da adolescência), sendo também, pior o prognóstico; tem expectativa de vida reduzida e alta taxa de suicídio quando comparada a população no geral. ► Modelo estresse-diástese: ainda não se conhece bem a etiologia da esquizofrenia, mas esse modelo é a hipótese mais aceita e consiste em uma propensão genética associada à um fator estressante ambiental que vai desencadear os sintomas. O uso de drogas que estimulam vias dopaminérgicas (cocaína, anfetamina) pode estar ligado ao aparecimento ou piora dos sintomas, um vez que acredita-se que os sintomas acontecem pelo aumento da resposta dopaminérgica. ► Clínica: as manifestações podem variar de acordo com o indivíduo e ambiente ao qual está inserido, mas destacam-se alguns sintomas descritos por Schineider: SINTOMAS DE PRIMEIRA ORDEM: sonorização do pensamento, alucinações que comentam atos do paciente, roubo do pensamento, experiência de ações controladas por fora, publicação do pensamento, percepção delirante, experiências somáticas de passividade, etc. SINTOMAS DE SEGUNDA ORDEM: perplexidade, ideias delirantes repentinas ou eventuais, sentimento de empobrecimento emocional, alterações depressivas ou eufóricas do humor, sintomas catatônicos, etc. OBS.: não é esperado que funções como memória ou capacidade cognitiva sejam afetadas, exceto os déficits decorrentes das manifestações do surto psicótico. ► Curso clínico: é uma doença de curso crônico, progressiva, com períodos de exacerbação e remissão de sintomas, geralmente acompanhados de uma deterioração geral do paciente a cada novo surto. Existe uma fase chama de pré-mórbica que antecede a manifestação da esquizofrenia, indicando que o indivíduo irá adoecer. Geralmente é uma personalidade com pouca expressão afetiva, poucos amigos, pouco comunicativo, que gradualmente se encaminha para a fase prodômica que marca o início da doença. Antes de delirar, o paciente passa por um estado de humor delirante (grau máximo de angústia psicótica), que se resolve a eclosão do delírio, tendo ele como uma “solução” (é um mecanismo de defesa). ► Formas clínicas: existem várias, entre elas: Esquizofrenia Paranóide: caracterizada por ação delirante de perseguição, sendo, das esquizofrenias, a de melhor prognóstico e início mais tardio. Esquizofrenia Hebefrênica: caracterizada por uma infantilização da personalidade e relação de dependência, sendo a de pior prognóstico e início mais precoce. Esquizofrenia catatônica: caracterizada por uma imposição da psicose e alteração grave da vontade que faz com o que o indivíduo fique parado na mesma posição por muito tempo (flexibilização cérea), além de apresentar reações em eco (ecolalia, ecopraxia, ecomimia). O tratamento nesse caso é feito pela associação de antipsicótico + lorazepam. ► Diagnóstico: não existe padrão específico ou exame que permita o diagnóstico preciso da esquizofrenia, sendo este feito através de uma análise do comportamento. A forma mais utilizada na atualidade para guiar essa análise é através da identificação e classificação dos sintomas em positivos e negativos: POSITIVOS: não usualmente encontrados na população sem a doença alucinações auditivas, visuais, sinestésicas, ideias bizarramente excêntricas/delirantes, agitação psicomotora e neologismos. NEGATIVOS: falta de uma regulação comportamental embotamento afetivo, reclusão social, mutismo, diminuição ou incapacidade de realizar tarefas prazerosas ou complexas e negligência com a própria vida, higiene ou aparência. ► Tratamento: baseia-se no uso de antipsicóticos e abordagens psicossocias (inserir o indivíduo no CAPS), apesar dos antipsicóticos serem ruins no tratamento de sintomas negativos. Há preferência para o uso de Antipsicóticos Antidopaminérgicos (também chamados de neurolépticos, antagonistas de receptores dopaminérgicos, tranquilizantes maiores e ataráxicos). As principais drogas e suas doses habituais estão descritas a seguir: 1) Antipsicóticos típicos: baixa potência: Clorpromazina (300-800mg/dia); Levomepromazina (100-300mg/dia) alta potência: Haloperidol (5-15mg/dia); Flufenazina Haloperidol (5-15mg/dia) * desencadeiam muitos efeitos colaterais nos diferentes sistemas do corpo. 2) Antipsicóticos atípicos: Risperidona (2-8mg/dia); Olanzapina (5-20mg/dia); Quetiapina (300-400mg/dia); Clozapina (200-500mg/dia). * desencadeiam menos efeitos colaterais (prefere-se). O tratamento psicossocial é fundamental na redução de hospitalizações e estabilização do paciente para realização de atividades diárias. A terapêutica deve constar de uma rede multidisciplinar e integrada à família, com profissionais capacitados ao cuidado de pacientes psiquiátricos e que visem a inserção dos indivíduos afetados em redes de convívio.
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