Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT18 SP4 – psiquiatria Delirium: O delirium é caracterizado por confusão de curta duração e altera-ções na cognição. Existem quatro subcategorias baseadas em diversas causas: condição médica geral (p. ex., infecção); induzido por substância (p. ex., cocaína, opioides, fenciclidina [PCP]); causas múltiplas (p. ex., lesão cerebral traumática e doença renal); outra etiologia ou etiologias múltiplas (p. ex., privação de sono, mediação). Demência: A demência, também denominada transtorno neurocognitivo maior, caracteriza-se por prejuízo grave na memória, no julgamento, na orientação e na cognição. As subcategorias são: Doença de Alzheimer - que normalmente ocorre em indivíduos com idade superior a 65 anos e se manifesta pela desorientação inte- lectual progressiva e demência, delírios ou depressão; Doença vascular - causada por trombose ou hemorragia dos vasos sanguíneos; Infecção por HIV Lesão cerebral traumática Degeneração lobar frontotemporal ou doença de Pick Doença do príon, como doença de Creutzfeldt-Jakob, a qual é causada por um vírus transmissível de crescimento lento Induzida por substância, causada por toxina ou medicamento (p. ex., vapores de gasolina, atropina) Etiologias múl-tiplas Não especificada. No DSM-5, consta uma forma menos grave de demência denominada transtorno neurocognitivo leve. Transtorno amnestico: Transtornos amnésticos são classificados no DSM-5 como transtornos neurocognitivos maiores devidos a outras condições médicas. Caracterizam-se principalmente pelo prejuízo da memória junto com outros sintomas cognitivos. Podem ser decorrentes de: Condições médicas (hipoxia) Toxinas ou medicamentos (p. ex., ma-conha, diazepam) Causas desconhecidas. Delirium O delirium se caracteriza por um declínio agudo nos níveis tanto de consciência quanto de cognição, com particular comprometimento da atenção. Podendo ser letal, mas ainda potencialmente um transtorno reversível do sistema nervoso central (SNC), o delirium costuma envolver perturbações da percepção, atividade psicomotora anormal e prejuízo do ciclo de sono- vigília. O sintoma inconfundível do delirium é um prejuízo da consciência, que normalmente ocorre associado a prejuízos globais das funções cognitivas. Em sua forma clássica, o delirium apresenta início repentino (horas ou dias), um curso breve e instável e melhora rápida quando o fator causativo é identificado e eliminado, mas cada um desses aspec-tos característicos pode variar de um indivíduo para outro. Idade avançada é um dos maiores fatores de risco para o de-senvolvimento de delirium. O sexo masculino também é um fator de risco independente para delirium. Alguns outros fatores predisponentes de delirium são: depressão, imobilidade, dependência funcional, prejuízo sensorial (audição, visão), desidratação, desnutrição, abuso de álcool, fármacos psicoativos, doenças graves, AVC, traumas e etc. As principais causas de delirium são doenças do SNC, doença sistêmica e intoxicação ou abstinência de agentes farmacológicos ou tóxicos. Ao avaliar pacientes com delirium, o clínico deve presumir que todos os fármacos ou drogas que o paciente consumiu podem ser etiológicamente relevantes para o transtorno. Clinica As características fundamentais de delirium incluem Consciência alterada - nível reduzido de consciência Atenção alterada - que pode incluir capacidade reduzida de concentrar, manter ou deslocar a atenção Prejuízo nos outros domínios do funcionamento cognitivo - que pode se manifestar como Julia Paris Malaco – UCT18 desorientação (em especial quanto a tempo e espaço) e diminuição da memória Início relativamente rápido (de horas a dias) Curta duração (em geral de dias a semanas); e com frequência oscilações acentuadas e imprevisíveis quanto a gravidade e outras manifestações clínicas no decorrer do dia, às vezes piores à noite (confusão noturna), e que podem variar de períodos de lucidez a prejuízo cognitivo e desorganização graves. Características clínicas associadas costumam estar presentes e podem ser proeminentes. Elas podem incluir Desorganização de processos de pensamento (desde tangencialidade leve até incoerência manifesta) Perturbações da percepção - como ilusões e alucinações, hiperatividade e hipoatividade psicomotora Distúrbio do ciclo de sono-vigília (frequentemente manifestado como sono fragmentado à noite, com ou sem sonolência diurna) Alterações do humor (desde irritabilidade sutil até disforia, ansiedade ou mesmo euforia evidentes) Outras manifestações de função neurológica alterada (p. ex., hiperatividade ou instabilidade autonômica, espasmos mioclô- nicos e disartria). Critérios diagnósticos (DSM-5): A. Perturbação da atenção (i.e., capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (menor orientação para o ambiente). B. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção e da cons-ciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia. C. Perturbação adicional na cognição (p. ex., déficit de memória, desorientação, linguagem, capacidade visuoespacial ou percepção). D. As perturbações dos Critérios A e C não são mais bem explicadas por outro transtorno neurocognitivo preexistente, estabelecido ou em desenvolvi-mento e não ocorrem no contexto de um nível gravemente diminuído de estimulação, como no coma. E. Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de substância (i.e., devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de exposição a uma toxina ou de que ela se deva a múltiplas etiologias. Exame físico: Bradicardia/taquicardia Febre Hipotensão ou hipertensão Taquipneia Ruídos anormais ou diminuídos Evidencias de traumas Rigidez nucal Papiledema Pupilas ditaladas Lacerações na língua e bochecha Tireoide inchada Força assimétrica nos membros Hiperatividade Fisiopatologia Postula-se que o principal neurotransmissor envolvido no delirium seja a acetilcolina e que a área neuroanatômica principal seja a formação reticular. A formação reticular da medula espinal é a principal área reguladora da atenção e da excitação; a principal via implicada no delirium é a via tegmentar dorsal, que se projeta desde a formação reticular mesencefálica até o teto e o tálamo. Diversos estudos relataram que vários fatores indutores de delirium resultam em redução da atividade de acetilcolina no cérebro. Uma das causas mais comuns de delirium é toxicidade decorrente da demasia de medicamentos receitados com atividade anticolinérgica. Delirium X demência Os principais pontos diferenciais entre ambos são o tempo de desenvolvimento da condição e a oscilação no nível de atenção no delirium em comparação com a atenção relativamente consistente na demência. O tempo de desenvolvimento dos sintomas costuma ser curto no delirium, e, com exceção de demência vascular causada por acidente vascular, o início de demência é gradual e insidioso. Embora as duas condições incluam prejuízo cognitivo, as alterações na demência são mais estáveis com o passar do tempo e, por exemplo, em geral não oscilam ao longo de um dia. Um paciente com demência costuma estar alerta; um paciente com delirium apresenta episódios de redução da consciência. Eventualmente, delirium ocorre em um paciente com demência, uma condição conhecida como demência nebulosa. Umdiagnóstico duplo de delirium pode ser realizado quando houver uma história bem estabelecida de demência preexistente. Julia Paris Malaco – UCT18 Tratamento Ao tratar delirium, o objetivo primário é abordar a causa subjacente. Quando a condição subjacente é toxicidade anticolinérgica, pode ser indicado o uso de salicilato de fisostigmina, de 1 a 2 mg por via intravenosa ou intramuscular, com repetição da dose em 15 a 30 minu-tos. Outro objetivo importante do tratamento é fornecer apoio físico, sensorial e ambiental. O apoio físico é necessário para que o paciente delirante não se veja em situações nas quais haja risco de acidentes. A pessoa com delirium não deve ter privação sensorial nem estímulo demasiado do ambiente. Os dois principais sintomas de delirium que podem exigir tratamento farmacológico são psicose e insônia. Um fármaco de uso comum para psicose é haloperidol. O uso de antipsicóticos de segunda geração, como risperidona, clozapina, olanzapina, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol, pode ser considerado para o manejo de delirium, mas experimentos clínicos com esses agentes para essa condição são limitados. O melhor tratamento para insônia é o uso de benzodiazepínicos com meias-vidas curtas ou intermediárias (p. ex., lorazepam 1 a 2 mg na hora de dormir). Demência (transtorno neurocognitivo maior) Demência refere-se a um processo de doença marcado pelo declínio cognitivo, mas com clareza de consciência. A demência não se refere a um baixo funcionamento intelectual, nem retardo mental, porque estas são condições de desenvolvimento e estáticas, e os déficits cognitivos na demência representam um declínio de níveis anteriores de funcionamento. A demência envolve múltiplos domínios cognitivos, e déficits cognitivos causam prejuízo significativo no funcionamento social e profissional. Existem vários tipos de demência com base na etiologia: Doença de Alzheimer Demência com corpos de Lewy Demência vascular Demência frontotemporal, lesão cerebral traumática (LCT) HIV Doença do príon Doença de Parkinson Doença de Huntington. A demência também pode ser causada por outras condições médicas ou neurológicas ou produzida por várias substâncias A doença de Alzheimer é o tipo mais comum, e em seguida a demência vascular, podendo ambas ocorrerem de forma mista, em conjunto. Geralmente ocorre após os 65 anos. As três características principais da demência são: Esquecimento ou problemas com a memória Problemas de comportamento (agitação, insônia, choro fácil, comportamentos inadequados) Perda das habilidades adquiridas durante a vida (dirigir, vestir a roupa, gerenciar a vida financeira, cozinhar etc.) Clinica Nas demências ou síndromes demenciais (TNCs maiores), costuma haver, de modo geral, empobrecimento e simplificação progressiva de todos os processos psíquicos, cognitivos e afetivos. Segundo a CID-11 (2018) e o DSM-5, a demência se caracteriza por ser uma síndrome mental orgânica na qual o indivíduo apresenta: Declínio do funcionamento cognitivo prévio, em domínios cognitivos como memória, linguagem, funções executivas, julgamento, atenção, velocidade de processamento, cognição social, velocidade psicomotora e habilidades visuoespaciais ou visuoperceptivas. o Como mencionado anteriormente, a CID- 11 (assim como o DSM-5) não mais exige que haja perda da memória para o diagnóstico de demência; entretanto, o declínio da memória é frequentemente um dos elementos centrais da maior parte desses quadros (com exceção da demência por degeneração lobar frontotemporal, na qual, sobretudo em suas fases iniciais, há preservação relativa da memória, da aprendizagem e da função perceptomotora). o O déficit de memória implica a memória imediata (conceituada por alguns autores como memória de trabalho) e a memória recente, classicamente incluídas na memória de fixação. O declínio cognitivo não deve ser atribuído ao envelhecimento normal - O declínio cognitivo do envelhecimento normal afeta, principalmente, a velocidade de processamento. Deve-se sempre suspeitar de Julia Paris Malaco – UCT18 declínio cognitivo patológico quando ele afeta outros domínios cognitivos, além da velocidade de processamento. O declínio cognitivo deve interferir significativamente na independência do indivíduo em sua vida diária, em sua autonomia. O paciente precisa de ajuda para realizar atividades diárias mais complexas, como lidar com finanças, planejar e executar uma reunião de família, controlar uso de medicamentos, fazer compras, pagar contas, etc. O declínio cognitivo é atribuído a uma causa neuronal subjacente, DA, vasculopatia cerebral, degeneração lobar frontotemporal, neuroinfecção, trauma craniencefálico, uso crônico de substâncias, e etc. Algumas outras características clinicas são: Alterações da linguagem - que no início se manifestam como dificuldade em encontrar as palavras, mas posteriormente se revelam com o crescente uso de termos genéricos e inespecíficos (“aquela coisa” para se referir ao liquidificador ou “aquele homem” para se referir ao médico) e substituição de palavras específicas por termos dêiticos (“isso”, “ele”, “aquilo”, “lá”, “ali”). parafasias fonêmicas (usa bolo em vez de lobo, ou grápis em vez de lápis) parafasias verbais ou semânticas (falhas de nomeação no processo de seleção linguística, trocando, por exemplo, mãe por irmã, livro por caderno, copo por garrafa) parafasias narrativas (erros de substituição de categorias narrativas, introduzindo em certa história elementos de uma outra, sem relação necessária). A evolução da doença pode levar ao surgimento de quadros graves de afasias, ecolalia ou perda total da linguagem. Dificuldade/incapacidade de reconhecer faces conhecidas, relacionadas ao reconhecimento de locais de sua cidade ou de cores. Pode apresentar também apraxias, ou seja, déficit em processos pragmáticos das atividades gestuais no vestir-se, construir objetos (mostre-me como se escova os dentes, como se usa um martelo). Dificuldades crescentes para o raciocínio complexo, de habilidades aritméticas (acalculia), do julgamento, da compreensão de problemas e de novas situações ambientais, da capacidade de aprendizagem e da orientação direita- esquerda. Alterações das funções executivas associadas ao lobo frontal são bastante comuns e importantes: perda da capacidade de planejamento e monitoração de atos complexos, da capacidade para solução de problemas novos, diminuição da fluência verbal, perseveração, perda da flexibilidade cognitiva, dificuldades com o pensamento abstrato. Sintomas neuropsiquiátricos e alterações da personalidade são também frequentes nas demências, como ideias paranoides (os filhos estão roubando seus pertences, a cuidadora rouba seu dinheiro, etc.), depressão, ansiedade, disforia, alucinações e heteroagressividade. Em muitos casos, nota-se a perda dos hábitos sociais e do controle emocional, com prejuízo do tato social e atitudes às vezes grosseiras e inadequadas (uma pessoa anteriormente gentil e respeitosa passa a contar piadas fora de contexto, piadas e palavras grosseiras, dá cantadas e faz aproximações eróticas inadequadas, como com parentes próximos ou esposa/marido de amigos). Alterações na personalidade, humor, alucinações e delírios, alterações cognitivas, sonolência, confunsao, ataxia, quedas, compromentimentona capacidade de resolver problemas, fazer julgamentos são características comuns dentro da demência. Fisiopatologia Há presença de alterações geralmente difusas do tecido cerebral, sobretudo do córtex dos hemisférios cerebrais (mas há tambémacometimento do tálamo, dos núcleos da base, da substância branca subcortical e da glia). A síndrome demencial é, portanto, decorrente de doença cerebral difusa, crônica e, na maior parte dos casos, é progressiva e irreversível. Em geral, o nível de consciência apresenta-se normal; o paciente está desperto, vígil; seu sensório é claro. Não há obnubilação da consciência (ausência de delirium na maior parte do tempo). Critérios diagnósticos (DSM-5): A. Evidências de declínio cognitivo importante a partir de nível anterior de desempenho em um ou mais domínios cognitivos (atenção complexa, função executiva, aprendizagem e memória, linguagem, perceptomotor ou cognição social) com base em: Preocupação do indivíduo, de um informante com conhecimento ou do Julia Paris Malaco – UCT18 clínico de que há declínio significativo na função cog-nitiva; Prejuízo substancial no desempenho cognitivo, de preferência documentado por teste neuropsicológico padronizado ou, em sua falta, por outra investigação clínica quantificada. B. Os déficits cognitivos não interferem na independência em atividades da vida diária (i.e., no mínimo, necessita de assistência em atividades instrumentais complexas da vida diária, tais como pagamento de contas ou controle medicamentoso). C. Os déficits cognitivos não ocorrem exclusivamente no contexto de delirium. D. Os déficits cognitivos não são mais bem explicados por outro transtorno mental Diagnostico diferencial Transtorno depressivo: Denomina-se pseudodemência depressiva a perda de memória de pacientes deprimidos secundária a déficit de atenção, concentração e motivação. As perdas de memória, da atenção, da concentração e da motivação são revertidas após o tratamento exitoso da depressão. Delirium: também implica déficits cognitivos, sobretudo da atenção, da concentração e da memória. Entretanto, nele há quase sempre alteração do nível de consciência, que está na base das alterações cognitivas da condição, assim como flutuação do quadro no período circadiano (geralmente com piora ao anoitecer). Deficiência intelectual leve ou moderada: na deficiência intelectual, as dificuldades cognitivas são mais homogêneas que nas demências. No indivíduo com deficiência intelectual, as alterações da cognição e da adaptação social podem ser rastreadas desde sua infância; nas demências, o passado do sujeito revela uma vida cognitiva geralmente normal. Transtorno neurocognitivo leve No TNC leve (ou CCL), ocorre a experiência subjetiva de um declínio cognitivo a partir do nível prévio de funcionamento cognitivo. Segundo a CID-11, esse declínio deve ser notado pelo paciente; já o DSM-5 admite que o prejuízo possa ser notado pelo indivíduo ou por um informante ou clínico que o conheça bem. O declínio objetivo é referente ao que se espera para o indivíduo em termos de idade e nível de funcionamento intelectual prévio. Ele também não pode ser tão grave que comprometa significativamente a independência e a autonomia do indivíduo em sua vida diária (sua funcionalidade). O declínio cognitivo objetivo não é inteiramente explicado pelo envelhecimento normal; ele é causado por fatores neuronais (DA ou doença cerebrovascular em suas fases iniciais, DCL, DP, degeneração lobar frontotemporal, alcoolismo, trauma craniencefálico, etc.) que afetam partes específicas do cérebro. A experiência subjetiva de declínio cognitivo inclui, mais frequentemente, preocupações com a memória, a atenção e as funções executivas. Doença de Alzheimer A DA é uma condição de início insidioso e evolução lenta, gradual e constantemente progressiva, sem platôs prolongados. Os déficits de memória episódica para fatos recentes são os sintomas principais e iniciais da maior parte dos casos. A DA é uma doença decorrente de processo neurodegenerativo que se manifesta por perdas cognitivas, em particular da memória episódica (sobretudo para eventos autobiográficos recentes) e da aprendizagem. Também estão prejudicadas, sobretudo a partir das fases intermediárias da doença, a linguagem, a capacidade visuoconstrutiva e perceptomotora, assim como as funções executivas, com empobrecimento progressivo da vida mental e cognitiva nas atividades diárias. Fisiopatologia Aatualmente, enfatiza-se o diagnóstico precoce, pré-clínico, da doença, por meio dos biomarcadores (estudo no liquor de substância amiloide beta-42, que se correlaciona com a deposição no córtex de amiloide; da proteína tau, que se relaciona com a intensidade da neurodegeneração; da tau fosforilada, que se Julia Paris Malaco – UCT18 relaciona com as mudanças patológicas neurofibrilares; ressonância magnética do cérebro, de modo a avaliar atrofia temporal medial e volume do hipocampo; tomografia por emissão de pósitrons [PET] de amiloide e de tau). Alterações neuroquímicas e patológicas características da DA são, principalmente, a produção e o acúmulo anormais de duas proteínas no cérebro: o depósito de beta-amiloide no espaço extracelular e a hiperfosforilação de proteína tau, no espaço intracelular. Inicialmente, a partir de fatores genéticos e ambientais, o processamento da APP (proteína precursora de amiloide) resulta na liberação de peptídeos amiloides (AB 40-42) no espaço extracelular, que, em conjunto com a redução do clearance (limpeza) desses peptídeos, geneticamente determinado pelos polimorfismos da alipoproteína E (apoE), causa a agregação desses peptídeos, formando proteínas amiloides, as quais se acumulam no espaço extracelular, resultando nas placas senis. As proteínas amiloides interferem no funcionamento das sinapses e da glia, bem como disparam processos inflamatórios que contribuem para a perda de sinapses e da integridade dos neurônios e, por fim, para a morte neuronal e a atrofia cerebral. Os peptídeos amiloides são neurotóxicos e disparam sinais intracelulares que também contribuem para a morte neuronal. Além disso, por meio desses sinais, os peptídeos amiloides induzem, dentro do neurônio, a hiperfosforilação da proteína tau (proteína de sustentação dos microtúbulos neuronais). Há, então, a desestruturação e o colabamento dos microtúbulos celulares, com formação, dentro do neurônio, dos emaranhados neurofibrilares. Com isso, há prejuízo do transporte celular de nutrientes, proteínas e neurotransmissores e, por fim, morte neuronal. Com a perda neuronal, ocorre progressivamente atrofia cerebral, a qual se inicia, na maioria dos casos, em hipocampos e regiões mesiais (parte interna) dos lobos temporais. Também ocorre morte celular no núcleo de Meynert, levando ao déficit de acetilcolina, principal disfunção neuroquímica da DA. O fator genético mais bem estudado na DA é o polimorfismo da apoE, no cromossomo 19. A observação neuroanatômica macroscópica clássica do cérebro de um paciente com doença de Alzheimer mostra atrofia difusa com sulcos corticais achatados e ventrículos cerebrais aumentados. Os achados clássicos e microscópicos patognomônicos são placas senis, emaranhados neurofibrilares, perda neuronal (em es-pecial no córtex e no hipocampo), perda sináptica (possivelmente até 50% no córtex) e degeneração granulovascular dos neurônios. Os neurotransmissores que estão envol-vidos com maior frequência na condição fisiopatológica da doença de Alzheimer são acetilcolina e norepinefrina, e supõe-se que ambos sejam hipoativos na doença de Alzheimer. Redução da atividade de norepinefrina na doença de Alzheimer é sugerida pela diminuição da quantidade de neurônios que contêm norepinefrina no locus ceruleus encontrada em alguns exames patológicos do cérebro de indivíduos com doença de Alzheimer. Outrosdois neurotransmissores envolvidos na condi-ção fisiopatológica da doença são os peptídeos neuroativos soma-tostatina e corticotrofina; concentrações reduzidas de ambos foram relatadas em pessoas com doença de Alzheimer. Clinica Depressão e apatia, no início nas fases mais avançadas, irritabilidade, agitação, sintomas psicóticos, agressividade e perambulação alterações da personalidade, ocorrem associadas ao processo degenerativo do tecido cerebral. A forma típica da DA é aquela em que predominam o déficit de memória episódica e múltiplas perdas cognitivas em outros domínios, porém perdas menos relevantes que a de memória episódica. Variantes atípicas: o Variante com atrofia cortical posterior ou visual (com alterações progressivas e proeminentes da percepção e das habilidades visuais) o Variante afásica (com afasias fluentes ou não fluentes) o Variante com atrofia frontal (com manifestações predominantemente comportamentais) o Variante disexecutiva (perda das funções executivas) o Variantes motoras (que se assemelham à síndrome corticobasal, com déficits motores, rigidez e espasmo dos músculos, lentidão e mobilidade reduzida). Diagnostico A doença é diagnosticada depois de excluídas as demais causas de demência, já que seu diagnóstico definitivo é o exame anatomopatológico do cérebro. Julia Paris Malaco – UCT18 A doença progride em fases: Fase inicial: Distração Dificuldade para lembrar nomes, palavras e números Dificuldade para aprender coisas novas Desorientação em ambiente familiar Redução das atividades sociais. Fase intermediária: Perda marcante da memória e das funções cognitivas Deterioração das habilidades verbais Alterações de comportamento Delírios e alucinações Incapacidade de convívio social Fugas ou perambulação pela casa Início da perda do controle esfincteriano. Fase avançada: Tendência de a fala desaparecer Continuam delírios e alucinações Transtornos de comportamento Perda do controle da bexiga e dos intestinos Tendência a ficar acamado Dificuldade para engolir alimentos, necessitando de sonda para alimentação. Critérios diagnóstico (DSM-5): A. São atendidos os critérios para transtorno neurocognitivo maior ou leve. B. Há surgimento insidioso e progressão gradual de prejuízo em um ou mais domínios cognitivos (no caso de transtorno neurocognitivo maior, pelo menos dois domínios devem estar prejudicados). C. Os critérios são atendidos para doença de Alzheimer provável ou possível, do seguinte modo: Para transtorno neurocognitivo maior: Provável doença de Alzheimer é diagnosticada se qualquer um dos seguintes está presente; caso contrário, deve ser diagnosticada possível doença de Alzheimer. Evidência de uma mutação genética causadora de doença de Alzheimer a partir de história familiar ou teste genético. Todos os três a seguir estão presentes o evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem e em pelo menos outro domínio cognitivo (com base em his-tória detalhada ou testes neuropsicológicos em série); o Declínio constantemente progressivo e gradual na cognição, sem platôs prolongados. o Ausência de evidências de etiologia mista (i.e., ausência de outra doença neurodegenerativa ou cerebrovascular ou de ou-tra doença ou condição neurológica, mental ou sistêmica provavelmente contribuindo para o declínio cognitivo). Para transtorno neurocognitivo leve: Provável doença de Alzheimer é diagnosticada se há evidência de alguma mutação genética causadora de doença de Alzheimer, constatada em teste genético ou história familiar. Possível doença de Alzheimer é diagnosticada se não há evidência de mutação genética causadora de doença de Alzheimer, de acor- do com teste genético ou história familiar, com presença de todos os três a seguir: o Evidências claras de declínio na memória e na aprendizagem. o Declínio constantemente progressivo e gradual na cognição, sem platôs prolongados. o Ausência de evidências de etiologia mista (i.e., ausência de outra doença neurodegenerativa ou cerebrovascular ou de outra doença ou condição neurológica ou sistêmica provavelmente contribuindo para o declínio cognitivo). D. A perturbação não é mais bem explicada por doença cerebrovascular, outra doença neurodegenerativa, efeitos de uma substância ou outro transtorno mental, neurológico ou sistêmico. Tratamento: Inibidores da acetilcolinesterase (Anticolinesterásicos de ação central): rivastigmina, galantamina, donepezila Agonistas glutamaérgicos (memantina) Antagonistas do receptor de glutamato (NMDA) pois o glutamato aumentado é tóxico para os neurônios Uso na fase avançada, controle comportamental Memantina: Aumenta glut à tóxico para neurônios - Apenas fase moderada e avançada Demência vascular Supõe-se que a causa principal de demência vascular, anteriormente denominada demência multi-infarto, sejam múltiplas áreas de doença vascular cerebral que resultam em um padrão de sintomas de demência. Julia Paris Malaco – UCT18 A demência vascular é causada por várias enfermidades, que têm em comum origem vascular, derrame ou trombose, além da obstrução de pequeninas artérias cerebrais (Binswanger), ou por causas cardiorrespiratórias (parada cardíaca ou outra causa de falta de oxigênio no cérebro). Clinica Apresenta quadro clínico de demência mais agudo (repentino) após evento neurológico, como derrame ou trombose. Clinicamente, na demência por doença de pequenos vasos, os circuitos cerebrais mais afetados são os da conexão córtico-subcortical pré-frontal, de forma que os domínios cognitivos mais comprometidos são as funções executivas (planejamento e monitorização das ações, flexibilidade cognitiva, perseverações), a memória de trabalho, a atenção complexa (atenção sustentada, seletiva ou dividida) e a velocidade de processamento. Além disso, ocorrem também sintomas neuropsiquiátricos de depressão e apatia. O que caracteriza, portanto, clinicamente, uma demência por doença microvascular é uma síndrome disexecutivo-apática (ou seja, a combinação de déficits nas funções executivas e apatia/depressão). Por sua vez, os domínios cognitivos afetados pela demência de grandes vasos, pós-AVC, dependem da região cerebral acometida. Entretanto, é relativamente comum encontrar-se, nesses casos, afasia motora, labilidade emocional e déficits motores lateralizados. Doença de Binswanger: A doença de Binswanger, também conhecida como encefalopatia arteriosclerótica subcortical, se caracteriza pela presença de diversos pequenos infartos da matéria branca que poupam as regiões corticais. Tratamento: tratar fatores de risco Demência frontotemporal (doença de pick) A doença de Pick caracteriza-se por uma preponderância de atrofia nas regiões fronto- temporais. Essas regiões também têm perda neuronal; gliose; e corpos de Pick neuronais, os quais são massas de elementos do citoesqueleto. Embora na degeneração lobar frontotemporal haja preservação relativa (sobretudo nas fases iniciais) da memória e da aprendizagem, assim como das funções perceptomotoras (gnosia, praxia), nessas demências há acometimento já nas fases iniciais das funções executivas, da memória de trabalho, da atenção e da cognição social, além de prejuízo no controle dos impulsos. Essas demências produzem alterações marcantes da personalidade (perda da empatia, desinibição e/ou apatia, mudanças no paladar) e do comportamento (comportamentos perseverantes, compulsivos, hiperoralidade). Há declínio na cogniçãosocial (reconhecimento das emoções nos outros, perda da “teoria da mente”) e nas funções executivas do lobo frontal (perda em planejamento, monitoração da ação e flexibilidade cognitiva). Clinicamente, chama a atenção nas alterações de personalidade a perda do “tato social” (incapacidade de entender e interpretar sinais sociais). Julia Paris Malaco – UCT18 Existem duas grandes variantes de demência frontotemporal: Na primeira, há predomínio de alterações comportamentais e da personalidade (variante comportamental), com apatia ou desinibição e prejuízo nos autocuidados e na higiene (dificuldade para se vestir, tomar banho, se arrumar). Nessa variante comportamental também se observam hiperoralidade (comer em excesso, ingerir substâncias não comestíveis), comportamento estereotipado e repetitivo (esfregar as mãos, reler o mesmo livro, cantar a mesma canção, ir ao mesmo lugar repetidamente), comportamentos socialmente inadequados, como comportamento hipersexual (piadas com conteúdo sexual fora de contexto, masturbação compulsiva), comportamentos impulsivos, irritabilidade excessiva, assim como alteração importante na responsabilidade social e perda grosseira do tato social. Na segunda variante, ocorre predomínio de declínio linguístico (na verdade, duas subvariantes linguísticas). Nessas variantes linguísticas, há duas subvariantes: afasia progressiva primária fluente (demência semântica) e afasia progressiva primária não fluente. Na afasia progressiva primária fluente, há produção de linguagem, mas perda do significado das palavras e da capacidade de nomeação de objetos e pessoas. Mais tardiamente, ocorre perda de discriminação de odores e sabores. A outra subvariante é a afasia progressiva primária não fluente; nela, há progressiva perda da produção de linguagem, mesmo com esforço. Na produção da fala empobrecida ocorrem muitos erros gramaticais, com frases grosseiramente telegráficas e alterações fonêmicas (no som do discurso) e fonéticas (na articulação das sílabas e das palavras). Demência com corpos de lewy A DCL ocorre devido a alteração patológica nos neurônios em forma de inclusões citoplasmáticas esféricas intraneuronais (os corpos de Lewy), localizadas predominantemente em neurônios do córtex cerebral (concentrando-se em regiões paralímbicas), mas também espalhadas por núcleos subcorticais e substância negra. A doença com corpos de Lewy é uma demência clinicamente semelhante à doença de Alzheimer e costuma se caracterizar por alucinações, aspectos parkinsonianos e sinais extrapiramidais. Corpos de inclusão de Lewy são encontrados no córtex cerebral. Esses pacientes com frequência têm síndrome de Capgras (paramnésia reduplicativa) como parte do quadro clínico. Ocorrem os seguintes sinais e sintomas: Prejuízo cognitivo flutuante (delirium-like) Alucinações visuais Declínio cognitivo progressivo - na DCL, o declínio cognitivo deve preceder pelo menos em um ano os sintomas motores parkinsonianos (se os sintomas parkinsonianos precedem o declínio cognitivo, deve-se pensar em demência por DP, e não em demência por DCL). Após o surgimento de declínio cognitivo progressivo, ocorrem sintomas de parkinsonismo, o qual é, entretanto, um tanto distinto daquele da DP. Na DCL ocorrem também rigidez, redução e lentificação dos movimentos (hipocinesia), porém os sintomas parkinsonianos aqui se caracterizam por serem um quadro simétrico bilateral (a DP com frequência se inicia com quadros assimétricos), predominantemente axial (do tronco, afetando menos os membros) e sem resposta ao tratamento com levodopa. É muito comum, e muitas vezes pode anteceder ou ser sintoma muito precoce na doença, o transtorno comportamental do sono REM (TCSREM) (sono do movimento rápido dos olhos). No TCSREM, geralmente 90 minutos depois de ter adormecido (mas o predomínio é no final do período de sono), o indivíduo ainda dormindo apresenta vocalizações e comportamentos motores complexos (pode saltar, cair da cama, esmurrar, empurrar, chutar), relacionados a sonhos cheios de ação, eventualmente com violência. Logo em seguida, o indivíduo desperta e está alerta e orientado e com frequência consegue lembrar-se do sonho. Os pacientes com DCL são extremamente sensíveis aos efeitos colaterais dos antipsicóticos, sobretudo os de primeira geração. O paciente deve apresentar declínio cognitivo suficiente a ponto de interferir em seu funcionamento social ou profissional. Destaca-se que, no início da doença, os sintomas de memória podem não ser tão proeminentes quanto os sintomas de atenção, habilidades frontossubcorticais e capacidade visuoespacial. Provável DCL exige um ou mais sintomas fundamentais, enquanto possível DCL exige apenas um sintoma fundamental. Julia Paris Malaco – UCT18 Sintomas fundamentais: o Níveis oscilantes de atenção e estado de alerta o Alucinações visuais recorrentes o Características parkinsonianas (roda dentada, bradicinesia e tremor em repouso) Características de apoio o Quedas repetidas Síncope o Sensibilidade a neurolépticos Delírios sistematizados o Alucinações em outras modalidades (p. ex., auditivas, tát Doença de huntington A doença de Huntington costuma estar associada ao desenvolvimento de demência. A demência observada nessa doença é a do tipo subcortical, caracterizado por mais anormalidades motoras e menos anormalidades na linguagem do que no tipo cortical de demência. A demência da doença de Huntington exibe lentidão psicomotora e dificuldade em executar tarefas complexas, mas memória, linguagem e insight permanecem relativamente intactos nos estágios iniciais e intermediários da doença. Contudo, com o avançar da enfermidade, a demência torna-se completa; as características que a distinguem da demência do tipo Alzheimer são a elevada incidência de depressão e psicose junto ao clássico transtorno do movimento coreoatetoide. Doença de Parkinson Assim como a doença de Huntington, o parkinsonismo é uma doença dos gânglios da base, normalmente associada a demência e depressão. Estima-se que 20 a 30% dos pacientes com parkinso-nismo tenham demência, e outros 30 a 40% apresentem prejuízo mensurável das capacidades cognitivas. Os movimentos lentos de indivíduos com essa doença representam um paralelo com o pensamento lento de alguns pacientes afetados, uma característica que clínicos podem chamar de bradifrenia ou bradipsiquismo. É caracterizada por: Bradicinesia, rigidez muscular, tremor, prejuízo dos reflexos posturais Fisiopatologia A doença de Parkinson está associada à morte de neurônios dopaminérgicos presentes na região compacta da substância negra, ocorrendo uma diminuição da quantidade de dopamina. Tal fato compromete os movimentos realizados pelo indivíduo acometido, uma vez que ocorrem alterações nos circuitos dos núcleos da base, mais especificamente na via nigroestrial. Nesse contexto, essas modificações fisiopatológicas estão relacionadas aos sintomas motores observados nessa doença. Além disso, na doença de Parkinson, pode-se observar um acúmulo de proteína alfassinucleína no tecido neuronal, caracterizando o surgimento de corpos de Lewi. Tais componentes se espalham de forma lenta e progressiva, causando danos e morte neuronais e, consequentemente, ocasionando a perda de neurônios dopaminérgicos, fato que promove alterações no movimento. Acredita-se que alguns fatores estão relacionados à ocorrência de doença de Parkinson, como predisposição genética, contato com neurotoxinas ambientais, estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais e excitotoxicidade. Tratamento A escolha do tratamento inicial deve ser individualizada, baseadaem características do paciente e das drogas disponíveis. Temos disponíveis 4 principais: Inibidores da Monominoxidase tipo B (iMAO B), Amantadina, Agonistas dopaminérgicos e Levodopa. As iMAOB (Selegilina e Rasagilina) são indicados para pacientes de qualquer idade com sintomas brandos, pois tem um benefício pequeno, mas tendem a ser bem toleradas e possuir posologia cômoda. Amantadina também possui efeitos modestos sobre os sintomas e tende a ser bem tolerada. Ela parece ser especialmente efetiva nos pacientes que têm tremor como uma manifestação proeminente. Depois, em estágios mais tardios se mostra uma boa opção para tratamento das discinesias motoras secundárias a Levodopa. Os agonistas dopaminérgicos têm um efeito melhor do que os acima para o controle motor, mas ainda assim pior do que a Levodopa. Eles oferecem menor risco de complicações motoras que a Levodopa, mas podem causar intolerância por questões como sonolência, alucinações e distúrbios do controle dos impulsos. Por essas razões, não são recomendados para pacientes idosos e nem com histórico de adição. A Levodopa é o agente mais efetivo, e todos os pacientes eventualmente irão progredir para seu uso, independente de qual medicamento iniciaram tomando. Um detalhe importante é que muitos pacientes irão pedir para adiar o início de tratamento com ela, sob a falsa crença de que começar precocemente a droga se associa ao desenvolvimento de flutuações motoras mais precocemente também. Isso não é provado, e a Julia Paris Malaco – UCT18 resposta a Levodopa não é finita nem dose de pendente. Além disso há cada vez mais evidencias mostrando que a escolha de tratamento inicial para a doença tenha pouco impacto a longo prazo nas flutuações ou discinesias, então atrasar o início da Levodopa priva de forma desnecessária os pacientes de terem benefício terapêutico precocemente na doença, aonde o potencial de melhora funcional sustentada é o melhor. Apesar de ser o tratamento mais eficaz, ela requer mais tomadas diárias e oferece maior riscos de complicações motoras dopaminérgicas. Quais podem ser os efeitos adversos da terapia dopaminérgica? Vários pacientes com Doença de Parkinson irão desenvolver complicações relacionadas ao uso de Levodopa dentro de alguns anos após seu início. Dentre elas podemos citar náuseas, hipotensão postural, distúrbios do controle de impulsos, flutuações motoras (alternância entre períodos marcados por resposta positiva ao remédio e períodos de retorno dos sintomas) ou discinesias (movimentos involuntários anormais trazidos pelo uso da Levodopa que podem ter características coreiformes, distônicas e mioclonias). Diagnosticos diferencias Demência do tipo Alzheimer X demência vascular: Classicamente, a demência vascular se distingue de demência do tipo Alzheimer pela deterioração gradual que pode acompanhar doença cerebrovascular ao longo do tempo. Embora a deterioração progressiva e insidiosa possa não ser aparente em todos os casos, sintomas neurológicos focais são mais comuns em demência vascular do que na do tipo Alzheimer, assim como os fatores-padrão de risco de doença cerebrovascular. Demência vascular X ataques isquêmicos transitórios: Ataques isquêmicos transitórios (AITs) são episódios breves de disfunção neurológica focal que duram menos de 24 horas (em geral de 5 a 15 minutos). Embora vários mecanismos possam ser responsá-veis, os episódios com frequência são o resultado de microemboli-zação de lesão arterial intracraniana proximal que produz isquemia cerebral transitória, e os episódios normalmente se resolvem sem alteração patológica relevante do tecido parenquimatoso. O clínico deve distinguir episódios envolvendo o sistema vertebrobasilar dos que envolvem o sistema arterial carotídeo. De modo geral, sintomas de doença vertebrobasilar refletem uma perturbação funcional transitória tanto no tronco encefálico quanto no lobo occipital; os sintomas de distribuição carotídea refletem anormalidade unilateral retiniana ou hemisférica. Delirium: De modo geral, distingue-se delirium por seu início rápido, curta duração, oscilação do prejuízo cognitivo no decorrer do dia; exacerbação noturna dos sintomas; perturbação acentuada do ciclo de so-no-vigília; e perturbações proeminentes na atenção e na percepção. Depressão: Alguns pacientes com depressão têm sintomas de prejuízo cognitivo difíceis de serem distinguidos dos sintomas de demência. O quadro clínico às vezes é chamado de pseudodemência, embora o termo disfunção cognitiva relacionada a depressão seja preferível e mais descritivo. Transtorno factício: Indivíduos que tentam simular perda de memória, como no transtorno factício, o fazem de modo errático e inconsistente. Na demência verdadeira, a memória de tempo e lugar é perdida antes da memória para pessoa, e a memória recente se perde antes da memória remota. Esquizofrenia: Embora esquizofrenia possa ser associada a um prejuízo intelectual adquirido, seus sintomas são muito menos graves do que os sinto- mas relacionados de psicose e de transtorno do pensamento obser-vados na demência. Envelhecimento normal: O envelhecimento não está necessariamente associado a um declí-nio cognitivo significativo, mas problemas menores de memória podem ocorrer como parte normal do processo. Essas ocorrências normais às vezes são chamadas de esquecimento senescente benig- no, prejuízo de memória associado à idade ou senescência benigna normal relacionada à idade. Elas se diferenciam da demência por sua gravidade menor e porque não interferem de forma significativa no comportamento social ou ocupacional do indivíduo. Tratamento das demências O clínico pode prescrever benzodiazepínicos para insônia e ansie-dade, antidepressivos para depressão e antipsicóticos para delírios e alucinações, mas deve estar ciente dos possíveis efeitos idiossincrá-ticos do fármaco em idosos (p. ex., excitação paradoxal, confusão e aumento da sedação). De modo geral, devem-se evitar fármacos com atividade anticolinérgica elevada. Julia Paris Malaco – UCT18 Donepezila, rivastigmina, galantamina e tacrina são inibido-res da colinesterase usados para tratar prejuízos cognitivos de leve a moderados na doença de Alzheimer. Eles reduzem a inativação do neurotransmissor acetilcolina e, assim, potencializam o neurotrans-missor colinérgico, que, por sua vez, produz uma melhora modesta na memória e no pensamento direcionado a objetivos. Esses fárma-cos são mais úteis para indivíduos com perda de memória de leve a moderada com suficiente preservação de seus neurônios colinér-gicos do prosencéfalo basal, a fim de que possam tirar proveito do aumento da neurotransmissão colinérgica. A donepezila é bem tolerada, e seu uso é disseminado. A ta-crina é raramente usada, devido a seu potencial hepatotóxico. Há menos dados clínicos disponíveis sobre rivastigmina e galantamina, as quais parecem ser mais propensas a causar efeitos adversos gas- trintestinais (GI) e neuropsiquiátricos do que a donepezila. Nenhum desses medicamentos impede a degeneração neuronal progressiva do transtorno. A memantina protege neurônios de quantidades excessivas de glutamato, as quais podem ser neurotóxicas. O fármaco, às vezes, é combinado com donepezila, e existiram casos em que houve melho-ra da demência com seu uso. Se for por causa reversível, devem-se tratar as demências o mais rápido possível. Nas degenerativas, devem-se manejar os transtornos de comportamento com antipsicóticos em doses baixas (Haldol®, 1 a 2 mg/d; risperidona, 1 a 2 mg/d). A doença de Alzheimer pode estabilizar-se com um inibidor de colinesterase (rivastigmina, donepezila, tacrina). Na demência vascular, deve-se controlara doença de base para prevenir novos infartos. São fundamentais orientação familiar e suporte psicossocial. Principais diferenças Delirium Demência Inicio Subito, agudo Insidioso Duração Curta Progressiva Consciência Flutuante Preservada Percepção Alucinações são comuns Alucinações são raras Memoria Memória recente prejudicada Memória recente e remota projudicadas Pensamento Desorganizado Dominuido Sono Perturbado Menor perturbação Reversibilidade Frequente Rara Doença de Alzheimer Demência vascular Inicio Lento e gradual Abrupto Curso Progressivo Períodos de estabilidade Deficit cognitivo Generalizado Circunscrito Comportamento Tentativa de bom desempenho Possível mudança de personalidade História familiar Demência Doença cardiovascular Exame neurológico Sem sinais localizatorios Sinais focais Testes cognitivos Linguagem, a coordenação motora, as condições perceptivas sensoriais, a capacidade de abstração, o raciocínio, a atenção, o cálculo e a memória Uma investigação completa demanda a aplicação de vários testes para que se avalie adequadamente, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo, o estado cognitivo de cada paciente Mini Exame do Estado Mental (MEEM) Do ponto de vista prático, para uma primeira análise do estado cognitivo, o teste mais difundido e de maior validade é o MEEM. Esse teste pode ser aplicado rapidamente, em 5 ou 10 minutos no máximo, e fornecer imediatamente um indicador razoavelmente aceitável da possibilidade de demência. Como todos os testes breves, apresenta limitações, contudo é válido especialmente na avaliação preliminar dos distúrbios cognitivos para pessoas idosas com mais de 8 anos de Julia Paris Malaco – UCT18 escolaridade O MEEM pode ser aplicado pelo próprio médico no decorrer da consulta e não requer material sofisticado. Projetado para ser uma avaliação clínica prática de mudança do estado cognitivo em pacientes geriátricos. Examina orientação temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção) e evocação, cálculo, praxia, e habilidades de linguagem e viso-espaciais Pode ser usado como teste de rastreio para perda cognitiva ou como avaliação cognitiva de beira de leito Não pode ser usado para diagnosticar demência Teste do relógio Julia Paris Malaco – UCT18 Exame do estado mental Ressonância magnética funcional Exame de imagem que tem como objetivo localizar áreas cerebrais relacionadas a determinadas funções neurais. Comparações entre momentos diferentes de atividade neural. Farmacologia Inibidores de colinesterases: O mecanismo de ação desses inibidores de acetilcolinesterase envolve o bloqueio competitivo da enzima AChE, prolongando a duração e a intensidade da ACh nos terminais sinápticos. Podem causar bradiarritmia, por isso é importante fazer ECG antes de começar o uso. Seu uso baseia-se no pressuposto déficit colinérgico que ocorre na doença, e visa o aumento da disponibilidade sináptica de acetilcolina, através da inibição das suas principais enzimas catalíticas, a acetil- colinesterase e a butirilcolinesterase. Têm efeito sintomático discreto sobre a cognição, beneficiando também certas alterações não cognitivas da demência. Drogas: Donepezil, galantamina e rivastigmina. A rivastigmina inibe a butirilcolinesterase, diferentemente das outras drogas, o que pode Julia Paris Malaco – UCT18 resultar em maior incidência de efeitos colaterais periféricos; por outro lado, a butirilcolinesterase também está envolvida na maturação das placas neuríticas, e sua inibição pode representar benefícios adicionais ao tratamento. A resposta a medicação é heterogêneo com alguns obtendo muitos benefícios e outros nenhum (20%). Benefícios a partir da 12-18 semana Atividade Física: Proteção do declínio cognitivo, aumenta fluxo sanguíneo, promove angiogênese e protege contra doenças cardiovasculares. Exames de imagem Os pontos clínicos críticos da demência são a identificação da síndrome e o exame clínico de sua causa. O transtorno pode ser progressivo ou estático; permanente ou reversível. Presume-se sempre uma causa subjacente, embora, em casos raros, seja impossível determinar uma causa específica. O potencial de reversão da demência está relacionado à condição patológica subjacente e à disponibilidade e aplicação de um tratamento eficaz. Aproximadamente 15% das pessoas com demência apresentam doenças reversíveis, se o tratamento for iniciado antes que ocorram danos irreparáveis. O papel tradicional dos exames de imagem é o de identificar causas trata ́veis de demência, tais como hidrocefalia, tumores cerebrais e hematomas subdurais. Além disso, buscam-se por sinais que sejam indicativos de síndromes demenciais, em situações clínicas apropriadas, como atrofias focais (doenças degenerativas cerebelares, demência frontotemporal), infartos corticais e de núcleos da base (deme ̂ncia vascular), aumento do acúmulo de ferro (doenc ̧as parkinsonianas), e focos de deposic ̧a ̃o de hemossiderina (compati ́veis com focos de micro- hemorragias, que sugerem comprometimento vascular). O papel tradicional dos exames de imagem é o de identificar causas trata ́veis de demência, tais como hidrocefalia, tumores cerebrais e hematomas subdurais. Além disso, buscam-se por sinais que sejam indicativos de síndromes demenciais, em situações clínicas apropriadas, como atrofias focais (doenças degenerativas cerebelares, demência frontotemporal), infartos corticais e de núcleos da base (deme ̂ncia vascular), aumento do acúmulo de ferro (doenc ̧as parkinsonianas), e focos de deposic ̧a ̃o de hemossiderina (compatíveis com focos de micro- hemorragias, que sugerem comprometimento vascular). Doenc ̧a de Alzheimer (DA) O exame neuropatolo ́gico e ́, ate ́ hoje, o único método diagnóstico definitivo da DA. O diagnóstico clínico da DA é, na maioria das vezes, presuntivo, uma vez que a constatação definitiva da doença se da ́ por meio de estudo histopatolo ́gico de material de bio ́psia ou necropsia. Assim, os indivíduos vivos incluídos como participantes de pesquisas são, na maioria das vezes, considerados como prováveis ou possíveis portadores de DA, com base em achados clínicos, laboratoriais e de neuroimagem. A avaliac ̧a ̃o estrutural por TC e RM convencional tem baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de DA, sendo então primariamente utilizadas para exclusão de outras causas de demência potencialmente tratáveis, como hidrocefalia de pressão normal (HPN) e lesões expansivas intracranianas. A RM, por sua superior capacidade de resolução anatômica e de detecção de alterações, é o método de escolha para esses pacientes. Entretanto, a RM demonstra alterações volumétricas que podem ser consideradas habituais na faixa etária até as fases mais avançadas da doença, quando existe atrofia mais acentuada, com predomínio nos lobos temporais, em comparação com a reduc ̧a ̃o volume ́trica do restante do parênquima encefa ́lico. Com a progressão da doença, o comprometimento estende-se para os lobos parietais e frontais,respectivamente. Me ́todos funcionais relacionados à medicina nuclear desempenham papel relevante no manejo de pacientes com hipótese diagnóstica de DA, haja vista que as alterações metabólicas precedem a demonstração das lesões estruturais. O exame de SPECT detecta fluxo cerebral de forma semiquantitativa ou relativo, já o exame de PET detecta o consumo de glicose. Em pacientes com DA observa-se menor fluxo relativo/consumo de glicose nas regiões têmporo-parietais, com a magnitude dessas anormalidades correlacionando-se com a gravidade do de ́ficit cognitivo. Deme ̂ncia vascular (DV) A DV e ́ a segunda maior causa de demência, sendo composta por um grupo heterogêneo de síndromes secundárias ao comprometimento vascular do SNC. Para o diagnóstico de DV é fundamental a demonstração em exames de imagem de doenc ̧a cerebrovascular (TC ou RM) incluindo infartos mu ́ltiplos de grandes vasos ou infarto único estrategicamente localizado, assim Julia Paris Malaco – UCT18 como múltiplas lacunas em ga ̂nglios da base e substância branca ou lesões extensas em substância branca.
Compartilhar