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Fichamento do livro CHAUÍ, Marilena d e S o u z a . E s c r i t o s s o b r e a u n i v e r s i d a d e . U N E S P , S ã o P a u l o , S P , 2 0 0 1 . 1. Introdução/ A Universidade na sociedade • “A natureza universal do direito aponta para um dos problemas centrais da sociedade brasileira, em que as desigualdades polarizam o espaço social entre o privilégio (das oligarquias) e as carências (populares); a dificuldade para instituir e conservar a cidadania.” (CHAUÍ, 2001. p. 12). O problema de qualquer sociedade, seja ela brasileira ou não. • “Em outras palavras, desde sua fundação, a democracia é inseparável da ideia de espaço público. Ou melhor, é com ela que nasce a ideia e a instituição do espaço público, à distância do espaço privado da família, da economia e da religião.” (CHAUÍ, 2001. p. 12 - 13). Como uma sociedade pode ser chamada de democrática e possuir esse espaço público quando há tamanha discriminação e preconceito nesta mesma sociedade?! • “Conservando as marcas da sociedade colonial escravista, ou da chamada "cultura senhorial", a sociedade brasileira é marcada pelo predomínio do espaço privado sobre o público(...).” (CHAUÍ, 2001. p. 13). O maior erro de um país que se diz democrático: conservar comportamentos antigos e que geraram tantos conflitos. • “As relações, entre os que julgam iguais, são de "parentesco", isto é, de cumplicidade; e, entre os que são vistos como desiguais, o relacionamento toma a forma do favor, da clientela, da tutela ou do cooptação, e, quando a desigualdade é muito marcada, assume a forma de opressão.” (CHAUÍ, 2001. p. 13). Tal cumplicidade é baseada na ganancia, no interesse próprio, raramente no altruísmo e empatia. • “(...) para os grandes, a lei é privilégio; para as camadas populares, repressão.” (CHAUÍ, 2001. p. 14). Fato, há inúmeras leis que privilegiam os maiorais por baixo dos panos, contudo as leis são de extrema importância em uma sociedade, principalmente para se ter ordem e justiça. • “(...) os mass media monopolizam a informação, e o consenso é confundido com a unanimidade, de sorte que a discordância é posta como atraso ou ignorância.” (CHAUÍ, 2001. p. 15). A mídia tem sua importância como meio de divulgação, mas perde pontos ao se deixar corromper por subornos e acabar “aumentando” ou “ignorando” certos assuntos; a regra de ser imparcial é completamente ignorada. • “(...) a política não consegue configurar-se como campo social de lutas, mas tende a passar para o plano da representação teológica, oscilando entre a sacralização e a adoração do bom-governante e a satanização e execração do mau-governante.” (CHAUÍ, 2001. p. 16). Algo que nunca se deve misturar: política e religião. Ambos só levam a mais conflitos e, convenhamos, não possuem nada em comum. • “A ideologia pós-moderna corresponde a uma forma de vida determinada pela incerteza e violência institucionalizadas pelo mercado.” (CHAUÍ, 2001. p. 22). Em uma sociedade capitalista não é de se surpreender que somos controlados pelo capital e pelo consumo desenfreado. • “(...) o paradigma do consumo tomou-se o mercado da moda, veloz, efémero e descartável.” (CHAUÍ, 2001. p. 22). Compramos o desnecessário simplesmente pelo prazer de gastar e simplesmente descartamos quando enjoamos. • “Ora, a universidade é uma instituição social. Isso significa que ela realiza e exprime de modo determinado a sociedade de que é e faz parte. Não é uma realidade separada e sim uma expressão historicamente determinada de uma sociedade determinada.” (CHAUÍ, 2001. p. 35). Estando na universidade o indivíduo descobre mais sobre si próprio e sobre o mundo, a universidade é literalmente um livro aberto do ponto de vista educacional. • “(...) neste país, educação é considerada privilégio e não um direito dos cidadãos.” (CHAUÍ, 2001. p. 36). Fato! Não somente no Brasil, no exterior muitos tem o direito de ensino negado somente por ser de uma etnia diferente, considerados apenas como um simples instrumento de trabalho. 2. Modernização versus democracia. • “Pela simples aplicação de uma alcunha, urna pessoa sem dignidade pode levar a melhor sobre a reputação de qualquer outra, como se não molestando sujar os dedos, devêssemos sempre atirar lama sobre os outros.” (HAZLITT, 1778-1830. p. 79). Somente mais uma forma de corrupção. • “A ideologia da competência, que marca a dominação no processo de trabalho industrial e no terciário, é o apanágio do poder burocrático.” (CHAUÍ, 2001. p. 83). A competência é algo crucial na sociedade que vivemos, não importa o lugar, se não for competente você é descartado. • “(...) em lugar de um grande modelo geral e pouco flexível às necessidades locais, mais valem pequenos modelos, ajustados a seus usuários locais ou regionais.” (CHAUÍ, 2001. p. 85). Por que não mesclar ambos? Cada universidade ter seu próprio modelo, mas também existir um que englobe todas as universidades. • “(...) propõe a eliminação dessas universidades como centros de ensino superior e de pesquisa e a sua conversão em cursos avançados de segundo grau e de formação técnico-profissional.” (CHAUÍ, 2001. p. 85). A forma que a política escolheria para ter total controle sobre a população: fecham-se as universidades e escolas e ganhe mentes totalmente abertas e fáceis de manipular. • “Os farrapos da "Geração 68" deram uma nova geração universitária, no fim dos anos 70 e da década de 1980, isto é, os pós-modernos e os yuppies, cujos traços mais marcantes são: (...) a passagem da pequena psicologia social ao narcisismo (o mundo é o que vejo de minha janela e os problemas do mundo são os meus, em escala ampliada); (...) , a luta enlouquecida por cargos, postos e títulos, a ascensão social via academia, a publicação desenfreada de todas as pequenas ideias, desde que envolvidas em vocabulário esotérico (...).” (CHAUÍ, 2001. p. 94). Egocentrismo, poder, riquezas e imagem. • “Estão conscientemente tornando suas universidades atraentes para jovens gerentes e empresários, alojando-as numa estratégia global de produção informatizada de tecnologia de ponta". (TELOS, n.71, p. 5-36, Spring, 1987). Estratégia perfeita das universidades particulares para atrair alunos bem sucedidos financeiramente: crie uma ótima propaganda de seus recursos avançados e ganhe muito em retorno. • “A segunda alternativa, praticada sobretudo pelas grandes universidades, consiste em fechar setores inteiros de pesquisa, deixando que fiquem diretamente a cargo de empresas e das Forças Armadas.” (CHAUÍ, 2001. p. 95). Por que investir em pesquisas fúteis quando se ganha mais ficando a disposição das Forças Armadas? • “Essa segunda alternativa, como observou Butor, é aquela seguida pela maioria das universidades europeias, ao aceitarem a crítica de que as universidades eram perigosos focos de agitação política e estavam desadaptadas às exigências do complexo industrial-militar e às condições da sociedade pós-industrial.” (CHAUÍ, 2001. p. 95). Em épocas de conflitos armados, infelizmente, as universidades e centros acadêmicos que não apoiassem tais conflitos eram subjugadas, podendo até mesmo acabarem fechadas. • “(...)formar pessoas especialmente para esses cargos e, consequentemente, evitar- se completamente o problema do desemprego universitário (...). Verifica-se imediatamente o defeito desse tipo de ensino: (...) pode propiciar satisfação num certo contexto político, mas culminará numa sociedade conservadora, de corporações e castas, dispostas verticalmente umas ao lado das outras.” (BUTOR, M. v.10-13, p.180-91, 1981-1984). O ensino militar pode ser um dos melhores hoje em dia em termos de disciplina e saber, contudo o aluno será mais uma mente facilmente controlável e não contará mais com seu livre arbítrio e direito a voz. • “Confundem conhecimentos técnicos e discernimento político. É essaprecisa confusão que opõe as propostas de reforma universitária no Brasil, isto é, a proposta que enfatiza a modernização contra a democratização (...)”. (CHAUÍ, 2001. p. 98). Por que modernizar uma universidade ou escola seria antidemocrático? • “(...) afirmam que a inseparabilidade entre ensino e pesquisa é um mito, pois, nas condições universitárias atuais, nem sempre aquele que tem talento para o ensino o terá para a pesquisa e vice-versa.” (CHAUÍ, 2001. p. 99). Não existe isso de talento, existe dedicação e força de vontade. O ensino e a pesquisa são casados, é necessário um educador saber pesquisar. O que adianta um filósofo ou um cientista trabalhar na área e não pesquisar sobre outros assuntos? • “aqueles que vão apenas ensinar não são obrigados a conhecer todo o campo de estudos em que trabalham, mas apenas o que é necessário para a transmissão de rudimentos e técnicas aos estudantes.” (CHAUÍ, 2001. p. 99). O profissional que foca somente no necessário para ensinar não pode ser considerado um bom profissional, um professor, por exemplo, precisa saber de outros assuntos para não cometer erros e prejudicar seus estudantes; um médico necessita saber nem que seja um terço das tantas áreas da medicina para não cometer erros graves; isso para qualquer área de atuação. • “(...) aqueles que se dedicarão apenas ao ensino, porque a natureza não lhes deu talento nem vocação para a pesquisa, formarão o grau mais baixo da hierarquia universitária meritocrática.” (CHAUÍ, 2001. p. 99). É por esse motivo que muitos recém formados chegam no mercado de trabalho sabendo pouquíssimo, pois não tiveram um ensino de qualidade pelo fato de os professores não terem tido também um ensino de qualidade, famoso ciclo vicioso. • "A noção do que viria a ser chamado de faculdades da mente que, como os músculos, são fortalecidas pelo exercício". (FINLEY, M. I. s. l.: s. n., 1975. p.198.). Leve seu cérebro para a academia e fique em forma com o sucesso. • "com o gabarito, qualquer ignorante corrige a prova." (GIANNOTTI, op. cit., 1986, p.89). Não posso discordar. • “(...) pesquisa efetuada por Hudson, pois se descobriu que os estudantes que procuram humanidades diferem dos que procuram as ciências porque, enquanto os primeiros têm uma visão muito mais livre e inquisitiva do saber, os segundos têm uma visão muito mais normativa e conformista e uma tendência ou um gosto pela autoridade.” (CHAUÍ, 2001. p. 101-102). Alunos de humanas também são autoritários e alunos de ciências também buscam a inovação. A área da ciência procura sempre a criação e a comprovação de novas teorias. Ambas as áreas se baseiam em saberes antigos e ambas buscam a inovação. • “A simples suposição de que a ciência teria algo a ver com a invenção, com a criação e com a instauração de um saber novo é imediatamente descartada e julgada anacronismo improdutivo.” (CHAUÍ, 2001. p. 104). Tal suposição não pode ser descartada. Aí entra o debate com a religião. Duas áreas que tentam ao máximo se provar como corretas, entretanto há coisas na ciência que a religião não sabe explicar e vice-versa. • “(...) a segunda natureza não é propriamente a ciência nem a tecnologia, nem são quaisquer práticas dos homens, mas é o capitalismo.” (CHAUÍ, 2001. p. 106). Infelizmente o capitalismo sempre dominou o ser humano, até bem antes de receber esse nome. • “(...) gente empenhada em melhorar a universidade considera que para fazê-lo é preciso tratar os oponentes, que também visam a melhoria universitária, como se fossem imbecis ou cães raivosos.” (CHAUÍ, 2001. p. 110). Ignorância, arrogância, ego e necessidade de competir do ser humano. O uso do trabalho coletivo para benefício coletivo já foi descartado a muito tempo, quando utilizado é visando um benefício individualista. • “Lê-se numa das propostas de modernização que a universidade não é o templo do saber, mas "uma espécie de supermercado de bens simbólicos ou culturais" procurados pela classe média.” (CHAUÍ, 2001. p. 112). Boa analogia essa, afinal na universidade você se depara com muitas opções e caminhos, basta analisar e escolher as suas preferências. 3. Vocação política e vocação científica da universidade • “Em maio de 1968, partem dos campi universitários os movimentos contra a guerra do Vietnã, pela liberação feminina, pelos direitos dos negros, pela redemocratização no Brasil.” (CHAUÍ, 2001. p. 118). A prova de que estando na universidade você descobre um mundo diferente, sem elas nos tornamos verdadeiros robôs. • “No Norte e no Nordeste, o Estado absorve serviços e pessoal produzidos pela universidade; no Sul e no Sudeste, o Estado tende a selecionar os serviços que lhe são necessários ou convenientes e a absorver os quadros de direção político- administrativa.” (CHAUÍ, 2001. p. 119). A notória diferença entre uma região com uma grande opção de centros acadêmicos com ensino de qualidade e outra sendo o total oposto, isso é provado quando profissionais de outros estados vão tentar a sorte em outras regiões, mas acabam sendo descartados pois as grandes empresas preferem e confiam mais na competência dos profissionais de suas próprias regiões. • “(...) a universidade é uma instituição social e, nessa qualidade, ela exprime em seu interior a realidade social das divisões, das diferenças e dos conflitos.” (CHAUÍ, 2001. p. 120). Os centros acadêmicos, mesmo tendo seus problemas, são sim os únicos locais com maior aceitação de diferenças. Dentro delas podemos descobrir tudo e mais um pouco do nosso passado, presente e até criar hipóteses do futuro. Autores mais citados: FINLEY, GIANNOTTI e BUTOR
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