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2 Coleção Estudo Su m ár io - F ilo so fia Frente A 01 3 O pensamento filosóficoAutor: Richard Garcia Amorim 02 15 A origem da FilosofiaAutor: Richard Garcia Amorim FI LO SO FI A 11Editora Bernoulli Ao contrário, o filósofo acredita que não sabe nada, isto é, reconhece que tudo o que sabe pode ser transitório; que as verdades alcançadas não são últimas e que seu conhecimento é ínfimo diante de tudo o que há para conhecer. Por isso, sua postura é de abertura, de investigação, de busca constante da verdade, mesmo que não a encontre nunca. Isto é ser filósofo: reconhecer sua própria limitação, sua ignorância frente a tudo o que há para ser conhecido e buscar incessantemente o conhecimento da verdade. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. Redija um texto justificando a seguinte afirmação: “Nascer é ao mesmo tempo nascer no mundo e nascer do mundo.” MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes. 1999. p. 608. 02. A partir de seus conhecimentos, explique a seguinte afirmação: o homem é o único ser que vive em um mundo aberto. 03. “[...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e não à razão da força.” SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. Tradução de Mônica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 2. A partir desse trecho, justifique por que a Filosofia se baseia na “força da razão e não na razão da força”. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. o homem não passa de um caniço, o mais frágil da natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo; um vapor, uma gota d’água é suficiente para matá-lo. Mas quando o universo o esmagar, o homem será ainda mais nobre do que aquele que o mata, porque ele sabe que morre e o universo não tem nenhum conhecimento da vantagem que leva sobre ele. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É nele que devemos nos revelar e não no espaço e no tempo que não sabemos como ocupar. Trabalhemos para bem pensar [...] PASCAL, Blaise. Pensamentos. Tradução de Sérgio Millet. São Paulo: Abril Cultural, 1979. A partir do trecho, Redija um texto respondendo à seguinte pergunta: o que é o homem? 02. explique por que, no caso das meninas-lobo, elas, mesmo que de forma parcial, foram capazes de se adaptar ao mundo humano. Algum outro animal teria a mesma capacidade? justifique sua resposta. 03. [...] o homem não aperfeiçoou seu equipamento hereditário através de modificações corporais perceptíveis em seu esqueleto. Não obstante, pôde ajustar-se a um número maior de ambientes do que qualquer outra criatura [...] Nos trens e carros que constrói, pode superar a mais rápida lebre ou avestruz. Nos aviões, pode subir mais alto que a águia, e, com os telescópios, ver mais longe que o gavião. Com armas de fogo, pode derrubar animais que nem o tigre ousa atacar. CHILDE, V. Gordon. A evolução cultural do homem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1966. p. 40-41. De acordo com o fragmento do texto, explique as diferenças fundamentais entre os homens e os animais e como os homens podem superar suas determinações físicas naturais. 04. explique a seguinte citação de Freud: “[...] Mas o natural instinto agressivo do homem, a hostilidade de cada um contra todos e a de todos contra cada um, se opõe a esse programa da civilização.” 05. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho, obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 1985, V. I, p. 149-150. De acordo com o texto de Marx, explique por que somente o homem pode trabalhar. 06. explique, com suas palavras, os vários significados da palavra filosofia e justifique por que somente um deles se enquadra no conceito de filosofia tal como a estudamos. O pensamento filosófico 12 Coleção Estudo 07. (UFMG / Adaptado) Leia o texto. Dos deuses nenhum filosofa, nem deseja tornar-se sábio, pois o é; nem se algum outro é sábio, não filosofa. Nem, por sua vez, os ignorantes filosofam ou desejam tornar-se sábios. Pois é isto mesmo que é difícil com relação à ignorância: aquele que não é nem belo nem bom nem sábio considera sê-lo o suficiente. Aquele que não se considera ser desprovido de algo não deseja aquilo de que não acredita precisar. PLATÃO. Banquete, 204A1-7. identifique e explique as duas atitudes em relação à sabedoria descritas nesse texto. 08. A citação socrática “Só sei que nada sei” representa a verdadeira atitude filosófica. explique, de acordo com o estudado, por que o princípio da verdadeira filosofia é o reconhecimento da própria ignorância. SEÇÃO ENEM 01. Leia o texto a seguir: Em seu pequeno e brilhante livro Introdução à Filosofia, Jaspers insiste na idéia de que a essência da filosofia é a procura do saber e não a sua posse. Todavia, ela ‘se trai a si mesma quando degenera em dogmatismo, isto é, num saber posto em fórmula, definitivo, completo. Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas, e cada resposta transforma-se numa nova pergunta’. Há, então, na pesquisa filosófica uma humildade autêntica que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático: o fanático está certo de possuir a verdade. Assim sendo, ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado de se tornar verdadeiro; a verdade é seu bem, sua propriedade, enquanto para o filósofo é uma exigência. No caso do fanático, a busca da verdade degradou-se na ilusão da posse de uma certeza. Ele se acredita o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo esforça-se por ser peregrino da verdade. A humildade filosófica consiste em dizer que a verdade não pertence mais a mim que a ti, mas que ela está diante de nós. Assim, a consciência filosófica não é uma consciência GAbARITO Fixação 01. O homem é resultado de uma junção de características herdadas biologicamente de sua espécie e de características adquiridas através da cultura. Dessa forma, ao contrário dos animais que nascem somente no mundo, e por isso são determinados por sua herança biológica inalterável, o homem, ao nascer do mundo, não é mais determinado exclusivamente pelos limites biológicos. Assim, o homem se autoconstrói, uma vez que será fruto daquilo que aprender de sua cultura de forma passiva e também ativa. Por isso, os homens seguem padrões morais distintos e são tão diferentes entre si no modo de falar, agir, sentir, etc. feliz, satisfeita com a posse de um saber absoluto, nem uma consciência infeliz, presa das torturas de um ceticismo irremediável. Ela é uma consciência inquieta, insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma verdade para a qual se sente talhada. HUISMAN, Denis; VERGEZ, A. Ação. 2. ed. São Paulo: Freitas Bastos, 1966, v. 1, p. 24. A palavra filosofia é resultado da composição, em grego, de duas outras: philo e sophia. A partir do sentido dessa composição e das características históricas que tornaram seu uso possível, tal palavra indica A) que o homem não possui um saber, mas o deseja, procurando a verdade por meio da observação das coisas, da natureza e do homem.B) que qualquer homem pode ser incluído na lista dos filósofos, pois todos são dotados de um saber prático, o que lhe concede sabedoria para agir de forma correta. C) a posse de um saber divino e pleno, tornando os homens portadores de um conhecimento quase divino. D) que Filosofia é um saber técnico, possibilitando, pela posse ou não de uma habilidade, tornar alguns homens melhores do que outros. E) que a Filosofia, em sua essência, significa a atitude daquele que tem consciência de que sabe pouco e acredita que suas investigações o levarão à verdade completa sobre as causas e origem de todas as coisas. Frente A Módulo 01 FI LO SO FI A 13Editora Bernoulli 02. Viver em um mundo aberto, segundo o estudo sobre antropologia filosófica, significa dizer que o homem é o único “ser de possibilidades” e que é indeterminado. Os animais irracionais são seres que vivem em um mundo fechado, pois não têm outras possibilidades na medida em que são resultado única e exclusivamente das determinações da natureza. Não podem alterar um modo de viver nem tão pouco mudar os instintos e comportamentos de sua espécie. Por isso, vivem em um mundo fechado. O homem, ao contrário, pode superar suas determinações naturais utilizando sua inteligência, construindo para si aquilo que lhe falta naturalmente. Assim, viver em um mundo aberto significa viver de forma a poder se autodeterminar, o que em Filosofia representa a verdadeira liberdade. O homem adapta a natureza a si enquanto os animais irracionais simplesmente se adaptam à natureza. 03. O discurso filosófico se caracteriza fundamentalmente pela argumentação lógica e coerente. O que se pretende na discussão filosófica é que o argumento, a racionalidade, supere a força física ou da autoridade. Dessa forma, se em outras dimensões da vida humana o poder, a hierarquia, o autoritarismo e a força de quem manda ou exerce poder superam o pensamento, a razoabilidade, na Filosofia o que vale, o que vence é o poder, a força, a autoridade do argumento bem elaborado e inteligivelmente possível e entendido por todos. A razão é que exerce seu poder, fazendo dos homens iguais enquanto seres inteligentes e dispostos a discutirem para que a própria razão opere e estabeleça a verdade. A razão da força, enquanto representante da lógica da autoridade e do mando, não serve absolutamente nada à Filosofia. Propostos 01. Segundo Pascal, o homem pode ser compreendido em duas perspectivas: se por um lado é um dos mais frágeis seres da natureza, uma vez que uma simples gota-d’água é suficiente para matá-lo, ou seja, diante dos fenômenos naturais ele pouco ou nada pode fazer, por outro lado é um ser pensante, o que lhe dá toda dignidade e o eleva ao patamar de um ser superior. O pensamento, a razão é a característica humana mais elevada, que torna possível superar toda sua limitação e ter consciência do que faz, de planejar o futuro a partir do que foi vivido no passado. Então, apesar de ser um caniço, o homem é um caniço pensante. E por mais que tenha limitações e fragilidades que o fazem pequeno diante das forças da natureza, ele sabe que é fraco, o que torna possível, inclusive, pensar e criar alternativas e instrumentos que possam torná-lo maior e mais forte do que praticamente todos os outros seres da natureza. 02. O caso das meninas-lobo é curioso e emblemático, demonstrando com clareza as características que fazem dos seres humanos seres únicos e excepcionais. Qualquer outro animal, se levado ainda nos primeiros dias de vida para junto de outros animais que não sejam de sua espécie, não se adaptariam ao seu modo de viver. Se um cachorro crescesse junto a gatos, não significa, absolutamente, que ele adotaria os hábitos e instintos próprios dos gatos. No caso do ser humano é diferente. As meninas, criadas no meio de lobos, tomaram para si os hábitos e maneiras próprias desses seres. Uivavam, comiam carne crua, andavam sobre pés e mãos. Somente o homem, por sua capacidade de se adaptar advinda de seu pensamento, enfim, por ser também fruto da cultura, pode adquirir tais hábitos. As meninas somente se tornaram semelhantes aos lobos e depois puderam passar por um processo de humanização graças à capacidade única do ser humano de pensar e adquirir novos hábitos. Isso significa, claramente, que nós não somos determinados por nossa natureza, apesar de a termos como os outros animais. 03. O texto de Gordon Childe trata, especificamente, da diferença fundamental entre homens e animais: a capacidade elaborada de pensamento, exclusiva dos homens. Se os animais, condicionados por seus instintos já nascem prontos para a vida na natureza, possuindo garras, penas, pelo, força, etc., o homem, apesar de não possuir nenhuma dessas características naturais, pode superar suas limitações criando, pela adaptação da natureza às suas necessidades, objetos e instrumentos que atendam às suas demandas. Se não temos pelos suficientes que nos protejam do frio, podemos criar roupas que nos aquecem ainda mais que os pelos dos animais. Se o homem não tem a força do touro para realizar seus trabalhos, pode construir máquinas e outras ferramentas que substituam a força bruta do animal. Dessa forma, ao adaptar a natureza às suas necessidades, o homem torna-se criador e criatura, superando suas limitações e transformando o mundo natural segundo suas necessidades. O pensamento filosófico 14 Coleção Estudo 04. O que Freud constata é que o homem é formado por características naturais e culturais que interagem entre si, e muitas vezes essas características naturais não são facilmente controláveis. Segundo Freud, o id representa as forças primitivas e mais íntimas do homem em busca do prazer e da satisfação dos instintos e deveria ser adequadamente administrado pelo ego, representante do eu, da consciência psíquica. Porém, o id não se apresenta como algo facilmente controlado. Pelo contrário, esses instintos, parte integrante da natureza humana, protestam contra o “programa de civilização”. Assim, a tentativa de controle, por meio da razão, da natureza humana e de adequação desta àquilo que se pretende correto e justo é tarefa demasiado difícil e em alguns casos mesmo impossível. 05. Os animais, por mais que realizem tarefas, algumas consideradas obras incríveis, devido a sua beleza e minúcia, não trabalham. Isso porque, por mais perfeito que seja um ninho de pássaro ou uma colmeia de abelhas, tais objetos não são pensados antes de serem executados, ou seja, os animais os constroem seguindo seus instintos e sem nenhuma consciência de finalidade. Eles não trabalham, mas somente realizam tarefas de antemão determinadas pela sua natureza. O homem trabalha, considerando que possui a capacidade de planejar o que será realizado e por ter consciência do porquê está fazendo determinada atividade, de qual a finalidade do feito. O trabalho é caracterizado, dessa forma, pela interferência do homem na natureza com o objetivo de construir alguma coisa que o auxiliará no desafio da própria existência. Assim, compreendemos a afirmação feita por Max de que o pior arquiteto é ainda superior à melhor abelha, pois esta não sabe por que faz, simplesmente obedece cegamente a seus instintos, aquele, por pior que faça, constrói o que de antemão já existia em sua mente. 06. A filosofia pode ser entendida como modo de viver ou sabedoria de vida, assumindo um caráter pessoal. É a maneira que um indivíduo particular tem de ver o mundo e de se portar diante das situações. Também se pode compreendê-la como pensamento ou origem das ideias, o que significa que a filosofia é vista como o simples ato de pensar, o que se percebe quando alguém afirma “estar filosofando”. Porém, o modo que corresponde ao conceito de filosofiatal como estamos estudando se refere à busca da verdade e fundamentação teórica sobre o homem e o mundo. O que significa que a filosofia busca através da análise, da crítica, do questionamento, da reflexão, a própria verdade sobre o homem, sobre a sociedade, sobre o pensamento, enfim, sobre tudo o que pode ser pensado e que diz respeito à vida humana. 07. atitude 1: A atitude dos deuses que não filosofam, pois já são sábios e por isso não necessitam buscar o conhecimento. Se entendemos a filosofia como caminho para o conhecimento, aqueles que já o possuem não necessitam da filosofia, uma vez que não têm o que buscar. atitude 2: A atitude dos ignorantes que não filosofam, pois acreditam já possuir o conhecimento sem o tê-lo de fato. Tal como os deuses, os ignorantes não buscam o conhecimento. Porém, diferente dos deuses, os ignorantes acreditam ter o conhecimento, mas não o possuem. Segundo Platão, esse é o pior estado em que o homem pode se encontrar: acreditar ser sábio, sendo tão somente um ignorante, e por isso não se dedicar à Filosofia por achar que não lhe falta nada. 08. A Filosofia é antes de mais nada uma atitude. Atitude daquele que reconhece que não sabe e por isso se põe a investigar, criticar, questionar todas as coisas em busca de respostas que se apresentem ao homem coerentes e inteligíveis. Entendida dessa maneira, a Filosofia exige do filósofo a atitude de abertura, de busca, de reconhecimento de que o conhecimento é inesgotável e por mais que se tenha algum saber, esse saber é pouco em relação a tudo o que há para se conhecer. Podemos dizer que a afirmação “só sei que nada sei” de Sócrates é a encarnação da própria Filosofia: ao reconhecer que não sabe nada, o filósofo se dedica ao exercício do saber, busca conhecer. Se ao contrário, o sujeito acredita saber tudo, ele se fecha à possibilidade do conhecimento e não pode conhecer mais nada. Seção Enem 01. A Frente A Módulo 01 FI LO SO FI A 25Editora Bernoulli não divisível, a menor parte das coisas que não se pode dividir em outras partes. Os átomos são partículas infi nitas e invisíveis que compõem os objetos materiais e dão origem aos fenômenos observados e ao movimento de transformação dos seres. eMpÉdOCles (cerca de 490-435 a.C.) A um dado momento, do Uno saiu o Múltiplo. Por divisão – fogo, água, terra e ar altaneiros; e o Uno se formou do Múltiplo. Ódio, temível, de peso igual a cada um, e o Amor entre eles. SIMPLÍCIO. Física, 157. Natural de Agrigento, na Sicília, Empédocles é conhecido por ser um político, poeta, dramaturgo, homem de ciência, médico e cosmólogo, místico e inventor da eloquência. Por combater a tirania em Agrigento, foi expulso da cidade e perambulou errante por toda a Grécia. Parece que morreu na guerra de Peloponeso (Atenas contra Esparta), mesmo que a lenda diga que morreu ao se atirar no vulcão Etna para provar que era imortal ou um deus. Escreveu dois poemas: Sobre a Natureza e Purifi cações. Sua fi losofi a: ao contrário de alguns pré-socráticos que buscavam um único princípio das coisas, Empédocles defenderá que são os quatro elementos, fogo, terra, água e ar que constituem o universo, ou seja, que a Arché da natureza são os quatro elementos que se unem e se separam, formando os diversos seres da natureza, porém em proporções diferentes em cada ser. Esses quatro elementos são separados e unidos pelo ódio, que busca a diferença, e pelo amor, que faz reunir as semelhanças, ou seja, pelo amor os elementos se unem e pelo ódio os seres se separam. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. explique, com suas palavras, a seguinte afi rmação: a Filosofi a é fi lha da Pólis. 02. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à “lógica”; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofi sma). [...] O mito, assim, atrai em torno de si toda parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. 3ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 8-9. Redija um texto diferenciando a racionalidade do logos e a irracionalidade do mito de acordo com o trecho anterior. 03. De acordo com o estudado, faça um quadro comparativo diferenciando as características do mito das características da Filosofi a. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. explique as hipóteses do “Milagre grego” e do orientalismo para o nascimento da Filosofi a e justifique por que ambas não são corretas. 02. Entre as transformações históricas ocorridas na Grécia dos séculos VII e VI a.C., uma das principais está relacionada às navegações marítimas. explique sua importância para o nascimento da fi losofi a. 03. O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo. Fernando Pessoa Durante muitos anos, os mitos marcaram a vida dos gregos e seus modos de ver e interagir com o mundo ou a physis. Redija um texto explicando o que representavam os mitos para a cultura grega e suas diferenças em relação à Filosofi a. 04. O mito é uma forma autônoma de pensamento e de vida. Nesse sentido, a validade e a função do mito não são secundárias e subordinadas em relação ao conhecimento racional, mas originárias e primárias, situando-se num plano diferente do plano do intelecto, porém dotado de igual dignidade [...] MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. De acordo com a defi nição anterior, explique por que o conhecimento mítico tem a mesma dignidade do conhecimento fi losófi co. 05. Na Antigüidade clássica, o mito é considerado um produto inferior ou deformado da atividade intelectual. A ele era atribuída, no máximo, “verossimilhança”, enquanto a ‘verdade’ pertencia aos produtos genuínos do intelecto. Esse foi o ponto de vista de Platão e de Aristóteles. Platão contrapõe o mito à verdade ou à narrativa verdadeira (Górg., 523 a), mas ao mesmo tempo atribui-lhe verossimilhança, o que, em certos campos, é a única validade a que o discurso humano pode aspirar (Tini., 29 d) e, em outros, expressa o que de melhor e mais verdadeiro se pode encontrar (Górg., 527 a). Também para Platão o M. constitui a “via humana mais curta” para a persuasão [...] MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. explique por que, segundo essa defi nição, o mito é considerado mentira para pensadores como Platão e Aristóteles. Você concorda com esta posição? justifique sua resposta. A origem da Filosofia 26 Coleção Estudo 06. Mais que saber identificar a natureza das contribuições substantivas dos primeiros filósofos é fundamental perceber a guinada de atitude que representam. A proliferação de óticas que deixam de ser endossadas acriticamente, por força da tradição ou da ‘imposição religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as propriedades que definem a filosoficidade. OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24. A partir do trecho e de outros conhecimentos sobre o assunto, Redija um texto explicando a “guinada de atitude” representada pelos pré-socráticos. 07. “Necessário é o dizer e pensar que o ente é; pois é ser. E nada não é”. Sobre a Natureza, vv. 3; 6. “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”. PLUTARCO. Coriolano, 18 p. 392 B. Os fragmentos anteriores se referem ao pensamento dos dois mais importantes pré-socráticos, Parmênides e Heráclito. De acordo com o estudado, faça uma relação entre a filosofia desses dois pensadores da physis, estabelecendo as semelhanças e as diferenças entre eles. 08. Redija um texto explicando o objetivo da filosofia pré- socrática e o que buscava encontrar para explicar a origem do universo. SEÇÃO ENEM 01. (Enem–2010) QuandoÉdipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (Adaptação). No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é: A) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre B) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho C) “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer D) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo”. Michel Foucault E) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança” Friedrich Nietzsche GAbARITO Fixação 1. A Filosofia, entendida como uma atitude e um tipo de conhecimento caracterizado pela busca do saber por meio da razão, surgiu como consequência das transformações históricas ocorridas na Grécia dos séculos VII e VI a.C. Pode-se dizer que a Filosofia foi fruto das condições históricas, políticas e sociais da Grécia desse tempo, opondo-se às teses do orientalismo e do “milagre Grego”, que diziam, respectivamente, que a Filosofia surgiu por influências dos povos orientais, anteriores aos gregos, ou que a Filosofia surgiu como um fato inesperado e miraculoso. As viagens marítimas, a criação do calendário, o surgimento da vida urbana, a criação da escrita alfabética, o surgimento da política com a formação da Pólis, governada democraticamente pelos cidadãos e guiada pela vontade dos homens e não pela vontade dos deuses entre outras condições contribuíram decisivamente para o aparecimento da Filosofia. Sem tais condições, poderíamos afirmar que seria impossível que este modo de investigar o mundo e os homens viesse a existir. Dessa forma, a Filosofia é filha da Pólis, pois foi na cidade, incluindo nela todos esses avanços e mudanças, que a Filosofia surge como forma sublime de busca do conhecimento. 2. O logos filosófico é caracterizado por sua ligação intrínseca com a coerência do pensamento e a rigidez dos argumentos. Dentro da Filosofia não há espaço, em sua argumentação, para o erro lógico e a contradição. Pelo contrário, um Frente A Módulo 02 FI LO SO FI A 27Editora Bernoulli discurso contraditório e que não siga as regras básicas do pensamento lógico é repreendido ou rejeitado, pois não atende aos requisitos básicos da racionalidade filosófica. A falsidade do discurso é verificada quando, por meio de argumentos aparentemente verdadeiros, mas falsos em sua essência, se pretende enganar o outro ou burlar a verdade, fazendo uma mentira passar por algo verdadeiro. Ao afirmar que o mito traz para si toda parcela do irracional existente, o autor afirma que o mito foge à racionalidade do logos filosófico, que exige coerência e não admite contradições. Entendido dessa forma, o mito é irracional, pois não tem compromisso com a coerência do discurso e dos argumentos lógicos. Mas há de se dizer que o mito tem sim uma racionalidade que se manifesta nas próprias histórias contadas, uma vez que são histórias pensadas e, não raras vezes, magnificamente escritas. Tal racionalidade mítica é diferente da racionalidade filosófica, mas também é uma forma racional de manifestação da criatividade e imaginação dos homens. 3. MitO filOsOfia Tem como fundamento a imaginação manifestada em discursos religiosos. Tem como fundamento a razão. Fictício, imaginário, histórias sem comprovação e que não se preocupam com uma lógica metodológica do discurso. Busca a formulação de explicações que seguem um rigor argumentativo lógico. Se não houver coerência, o discurso e o argumento são rejeitados. Baseia-se na fé / confiança daqueles que o recebem como discurso inquestionável, pois confiam em quem diz; pressupõe uma aceitação e adesão daqueles que o recebem. Baseia-se em formulações racionais e não é aceito pela autoridade de quem diz, mas sim na realidade do que é dito, ou seja, do argumento. Voltado para os sentimentos humanos. Voltada para a construção de argumentos lógico-científicos. Nasce da intuição do homem ou da sociedade que o constrói, é acrítico e muitas vezes se manifesta como forma ingênua de ver a realidade. Nasce da atitude crítica do homem diante da natureza e de si mesmo. Procura explicar a origem de todas as coisas e seu funcionamento por meio de explicações que tendem à totalidade. Procura explicações mais pro- fundas e pormenorizadas sobre o mundo e o homem, de forma a obter respostas provadas ou argumentativa- mente sustentadas. Aceita contradições em suas narrativas. Não aceita contradições em seus argumentos. Propostos 1. A hipótese do “milagre grego” diz que a Filosofia surgiu como algo inesperado e miraculoso, sem qualquer precedente na cultura de qualquer outro povo, inclusive dos gregos. Surgiu de forma absolutamente inexplicável. O orientalismo diz que a Filosofia só pôde nascer na Grécia devido às contribuições que os povos orientais deram aos gregos que, transformando-as, criaram a Filosofia. Apesar de reconhecermos que algumas contribuições dos povos orientais foram de fato utilizadas pelos gregos, estes deram um caráter qualitativo aos conhecimentos que antes eram somente quantitativos e práticos. Ambas as teorias, “milagre grego” e orientalismo não são corretas, uma vez que o que está na raiz da Filosofia, como fatores que possibilitaram seu nascimento, são as condições históricas, econômicas, sociais e culturais da Grécia dos séculos VII e VI a.C. que prepararam o “terreno fértil” para que surgisse essa atitude investigativa e crítica sobre o cosmos. 2. As navegações marítimas foram fundamentais para o nascimento da Filosofia, uma vez que por meio delas os gregos puderam verificar empiricamente que os mitos marítimos, sobre a existência de monstros que povoariam o mar, terras habitadas por deuses, abismos no horizonte não eram verdadeiros. Tais histórias, presentes no imaginário dos gregos, foram gradativamente perdendo sua força, e um dos principais motivos dessa transformação foram as viagens. Além disso, as viagens marítimas tiveram um papel importantíssimo no desenvolvimento do comércio entre os povos, o que contribuiu decisivamente para que houvesse uma troca de informações de povos diferentes, consequentemente levando à constatação de que as histórias míticas são muitas e variadas, levando também à constatação de que tais narrativas poderiam não ser verdades incontestáveis e absolutas. 3. A tradição mitológica diz respeito à tradição grega anterior aos séculos VII e VI a.C., quando nasce o pensamento filosófico. Esse modo de explicar o cosmos se caracteriza pela crença na divindade, aquela que rege e faz que tudo aconteça. As narrativas míticas representavam para os gregos a única verdade possível, tanto que eram indiscutíveis, como eram inquestionáveis também aqueles que os transmitiam, denominadospoetas rapsodos. O mito se baseia na fé / confiança daqueles que o recebem, uma vez que é a própria revelação dos deuses ao homem. O mito não necessita ser explicado à razão, ele encontra eco no imaginário de um povo, onde se fundam sua eficácia e força. Por outro lado, a Filosofia caracteriza-se pela racionalidade e necessidade de compreensão do que é dito. Não há mais a força da crença e da autoridade de quem diz, mas a força se estabelece naquilo que se diz, pois a ideia precisa ser clara à razão de todos. Um discurso racional, inteligível e não contraditório, baseado na reflexão, investigação e crítica. A origem da Filosofia 28 Coleção Estudo 4. Quando se fala de tipos ou modos de conhecimento não é possível apontar aqueles que são melhores e aqueles que ocupam a segunda ou terceira posição em relação à sua importância. Se a Filosofia se baseia na razão como forma de compreensão do mundo, o mito se funda na imaginação com os mesmos propósitos. Com isso, não é correto afirmar que a razão é mais importante que a imaginação, portanto, que a Filosofia é mais “correta” ou “verdadeira” que a mitologia. Trata-se de tipos ou modos de conhecimento distintos. Ambos têm igual dignidade e ocupam a mesma posição em relação à necessidade de conhecer do homem, diferenciando-se tão somente quanto à sua origem, método e características. 5. Para Platão e Aristóteles, o mito pode ser considerado um modo inferior de conhecimento. Dessa forma, ele é tido como uma narrativa que não está preocupada com a verdade em si, com o conhecimento verdadeiro da realidade e do homem, mas está comprometido com um discurso explicativo que busca a satisfação do desejo de conhecer ou explicar, sem se importar com a verdade última das coisas que Platão julga estar no inteligível e Aristóteles no sensível. A posição assumida pelo aluno precisa estar bem fundamentada. Dessa forma, pode-se argumentar: posição favorável: O mito, baseando-se na imaginação e não estando comprometido com o conhecimento das essências ou natureza última dos seres, não pode ser considerado um conhecimento verdadeiro. Não passa de narrativas que tentam convencer, persuadir a partir de fantasias que não servem para dizer a realidade dos seres. Segundo Platão, o mito encontraria respaldo como forma de explicação quando a razão se torna insuficiente para explicar a realidade. posição contrária: O mito é uma forma particular de explicar o mundo e os seres. Dessa forma, não há de se questionar se é válido ou inválido, verdade ou mentira, mas há de se considerar somente que é uma forma diferente de outras, como a Filosofia, de explicar o real. Dessa forma, discorda-se de Platão e Aristóteles, uma vez que defendem a inferioridade do mito, não levando em consideração as diferenças inerentes que constituem essa forma distinta de explicação da realidade. 6. Os pré-socráticos foram os primeiros filósofos da história. Sua atitude diante do cosmos lança as raízes daquilo que se conhecerá a partir de então por Filosofia. A guinada de atitude que eles representam se constitui exatamente na não aceitação de respostas fictícias e imaginárias sobre a origem do universo e seu funcionamento. Tais respostas míticas representavam a autoridade da religião e da tradição, não sendo, por si mesmas, racionais e inteligíveis, mas misteriosas e acríticas. Tal guinada representa a busca por respostas racionais, baseadas no próprio homem, em sua observação e estudos da natureza. A partir dos pré-socráticos, temos o início da Filosofia que, mais do que um conjunto de saberes, é antes de tudo uma atitude crítica e investigativa em busca de respostas racionalmente justificáveis. 7. Podemos afirmar que o objetivo do pensamento de Heráclito e Parmênides é o mesmo, encontrar a verdade sobre os seres. Porém, as posições defendidas por eles são fundamentalmente distintas. Parmênides defenderá o imobilismo. Considerado como um monista, afirma que os seres possuem uma aparência e uma essência, sendo que esta é imutável, e aquela está em constante mudança. Por isso, afirma que o ser é, ou seja, o que existe é somente a essência, que será conhecida pela razão e não pelos sentidos. O Não Ser seria o nada, e por isso não é, ou seja, como a aparência está em constante transformação, ela não é nada, uma vez que aquilo que é em um instante deixa de ser no instante posterior. Já Heráclito defenderá que não existe uma diferença entre essência e aparência, mas que todas as coisas são somente aparência e que mudam o tempo todo. Dessa forma, é um mobilista, pois afirma que tudo está em movimento e se altera. O conhecimento dos seres é somente o conhecimento obtido pelos sentidos. Para além da aparência dos seres, existe o Logos, que é aquele que dá a unidade em meio à pluralidade das transformações e dos opostos. O Logos, entendido como razão, pensamento, dá a lógica ao movimento e à luta dos contrários, fazendo com que as coisas sejam compreendidas mesmo na multiplicidade. 8. Os pensadores pré-socráticos, chamados por Aristóteles de physiólogos ou pensadores da natureza, foram os primeiros homens da história a se dedicarem a encontrar uma explicação puramente racional para a origem do universo. Rompendo com a tradição mítica, eles queriam explicar a origem do universo de forma não fantasiosa, por meio de pensamentos próprios e não por revelações de seres sobrenaturais. Acreditando que tudo o que existe na natureza é resultado de uma relação de causa e efeito, acreditavam que, se encontrassem a primeira causa de todas as coisas, encontrariam a resposta para a origem do cosmos. A essa causa primeira deram o nome de arché, que seria uma espécie de matéria-prima inicial da qual todas as coisas teriam surgido. Por exemplo, Tales acreditava que a arché do universo era a água. Dessa forma, via na água o princípio de todas as coisas existentes. Seção Enem 01. B Frente A Módulo 02 2 Coleção Estudo Su m ár io - F ilo so fia Frente A 03 3 Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico Autor: Richard Garcia Amorim 04 19 Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigoAutor: Richard Garcia Amorim 17Editora Bernoulli FI LO SO FI A O julgamento e a morte de Sócrates Sócrates foi levado ao tribunal como réu pela primeira vez e dali saiu direto para a prisão para aguardar o dia de sua morte. Suas acusações: corromper a juventude e impiedade. Impiedade significa que ele fora acusado de introduzir novas crenças e de ensinar novos deuses para os cidadãos. Um dos argumentos que sustentam essa tese é o de que Sócrates dizia escutar uma voz interior, o daímon, acreditando que este seria como deus que lhe indicava o que não deveria fazer. Ao ser acusado de corromper os jovens, é acusado de perverter os filhos dos aristocratas com seus ensinamentos, levando-os a duvidarem dos valores tradicionais atenienses. Ao que tudo indica, o julgamento foi manipulado. Sócrates não se defendeu e aceitou sua condenação. Mesmo no período em que esteve preso, esperando o dia de sua morte, tendo possibilidade de fugir, ele não aceitou tal proposta em fidelidade às leis da cidade. Ja cq u es -L o u is D av id Sócrates no leito de morte, 1787. A verdadeira injustiça do julgamento está no fato de que os juízes não aceitaram o ensinamento socrático mais importante: o de que, para passar da doxa, dos preconceitos, à ciência, à verdade, é necessário não aceitar passivamente o que está posto e cristalizado como verdade incontestável. Para saber o que é a virtude, a coragem, a justiça, a piedade, etc., valores caros aos cidadãos e à polis, é necessário, antes de tudo, saber de fato o que são esses valores e não simplesmente aceitar o que eles parecem ser, as opiniões sobre eles. No fundo, a cidade tinha medo de Sócrates. Seus questionamentos, seus diálogos e sua eloquência ameaçavam os mais poderosos,que temiam que o pensamento levasse à dúvida, ao desrespeito às leis e, ainda mais grave, que mostrasse aos homens que os que em primeiro lugar e antes de todos deveriam respeitar e serem fieis às leis não o faziam. EXERCÍOS DE FIXAÇÃO 01. Atenas, pelo papel de liderança na guerra contra os persas, pela prosperidade econômica crescente e pelos poetas que haviam elevado sua vida intelectual a alturas jamais alcançadas antes, tornou-se o centro intelectual da Grécia. Quem quisesse ganhar reputação como pensador tinha que passar por Atenas. Os produtos do mundo inteiro estavam à disposição do cidadão de Atenas. Novas estátuas dos deuses erguiam-se com esplendor, no imortal trabalho dos mais finos artistas. O povo ouvia, nos festivais de Dionisos, as palavras e cantos da tragédia e deliciava-se com a engenhosidade flamejante e barulhenta da comédia. Multidões se acotovelavam nas salas de conferência dos sofistas, com sua nova sabedoria vestida no manto belo e sedutor da linguagem, convidando os jovens a serem seus alunos. O demos aquecia-se ao sol, na serena consciência do poder, quando se sentava no Pnyx nos tribunais. ZELLER, E. Outlines of the history of Greek Philosophy. Kegan Paul: Londres, 1931. p. 95. A partir do texto e daquilo que foi estudado sobre o contexto histórico de Atenas, EXPLIQUE por que foi necessária uma nova educação ou Areté na cidade. 02. Não se faz democracia, nos moldes atenienses, sem que os homens tenham a capacidade e habilidade de falarem, de exporem suas ideias, de manifestarem seus argumentos. A partir do trecho anterior, EXPLIQUE o papel dos sofistas para a vida política da cidade. 03. Perguntando sempre “o que é ...?”, Sócrates se põe a serviço da verdade em busca de definições claras e únicas sobre aquilo que determina as ações humanas. De acordo com o estudado, EXPLIQUE a atitude de Sócrates expressa no trecho anterior e sua importância para a filosofia. Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico 18 Coleção Estudo 05. A filosofia socrática se baseia, fundamentalmente, nas ideias do “Conhece-te a ti mesmo” e do “Só sei que nada sei”. EXPLIQUE, a partir do estudado sobre Sócrates, o significado dessas frases. 06. [...] E tais conhecimentos foram despertados nele como de um sono; e creio que se alguém lhe fizer repetidas vezes e de várias maneiras perguntas a propósito de determinados assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como qualquer pessoa da tua sociedade [...] Ele acabará sabendo, sem ter possuído mestre, graças a simples interrogações, extraindo o conhecimento de seu próprio íntimo [...] PLATÃO. Ménon. 85a-86e. RELACIONE a citação anterior com a maiêutica socrática. 07. A retórica ensina, em primeiro lugar, que o que conta não é o fato em si, mas o que dele aparece, aquilo que pode persuadir os homens. É a arte do logos que não é somente discurso e raciocínio, mas também aparência e opinião, na medida em que estas se opõem aos fatos, e sua finalidade é a persuasão. Em honra dos sofistas, deve ser dito que a persuasão é preferível à força e à violência e que a retórica é, por excelência, uma arte democrática que não pode florescer numa tirania. Por isso, Aristóteles lembra que o nascimento da retórica em Siracusa coincidiu com a derrubada do tirano. GUTHRIE. W. K. C. The Sophists. Cambridge University Press: Londres, 1971. p. 188. A partir do texto anterior, EXPLIQUE por que a visão de que todos os sofistas eram enganadores e inescrupulosos, defendida por alguns autores, nem sempre é precisa. 08. Ficai certos de uma coisa: se me condenares por ser eu como digo, causareis a vós mesmos maior prejuízo que a mim. [...] Neste momento, atenienses, longe de atuar em minha defesa, como poderiam acreditar, atuo na vossa, evitando que, com a minha condenação, cometais uma falta para com a dádiva que recebestes do deus. Se me matardes, não vos será fácil encontrar outro igual, outro que, embora seja engraçado dizê-lo, por ordem divina se agarre inteiramente à cidade, como a um cavalo grande e de raça, mas um tanto lerdo por causa do tamanho e precisado de uma mosca-de-madeira que o estimule [...] PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. p. 81. A citação anterior foi retirada da obra Apologia de Sócrates, em que o filósofo se defende diante do tribunal devido às acusações que recebeu de corromper a juventude e impiedade. De acordo com o texto, JUSTIFIQUE a posição de Sócrates ao dizer que a cidade seria mais prejudicada com sua morte do que ele próprio. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. Registra-se também que Protágoras ensinava “a tornar mais forte o argumento mais fraco”. O que não quer dizer que Protágoras ensinasse a injustiça e a iniqüidade contra a justiça e a retidão, mas, simplesmente, que ele ensinava os modos como, técnica e metodologicamente, era possível sustentar e levar à vitória o argumento que, em determinadas circunstâncias, podia ser o mais fraco na discussão (qualquer que fosse o conteúdo em exame). REALIE, Giovanni. História da filosofia: filosofia pagã antiga. v. 1. São Paulo: Paulus, 2003. p. 77. A partir de seus conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto relacionando o trecho anterior com o relativismo sofista. 02. A verdade, porém, é outra, ó atenienses: quem sabe é apenas o deus, e ele quer dizer, por intermédio de seu oráculo, que muito pouco ou nada vale a sabedoria do homem, e, ao afirmar que Sócrates é sábio, não se refere propriamente a mim, Sócrates, mas só usa meu nome como exemplo, como se tivesse dito: “Ó homens, é muito sábio entre vós aquele que, igualmente a Sócrates, tenha admitido que sua sabedoria não possui valor algum”. PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. p. 73. REDIJA um texto explicando qual é a verdadeira educação segundo Sócrates e como o conhecimento pode ser alcançado. 03. […] enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei de filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião àquele de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que costumo: “Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais importante e mais reputada por sua sabedoria, não te envergonhas de cuidares de adquirir o máximo de riquezas, fama e honrarias, e de não te importares nem pensares na razão, na verdade e em melhorar tua alma?” E se algum de vós responder que se importa, não irei embora, mas hei de o interrogar, examinar e refutar e, se me parecer que afirma ter adquirido a virtude sem a ter, hei de repreendê-lo por estimar menos o que vale mais e mais o que vale menos […]. PLATÃO. Apologia de Sócrates, 29 d-e. De acordo com o texto e com o estudado sobre Sócrates, EXPLIQUE o que o filósofo quer dizer ao afirmar que os homens deveriam “melhorar sua alma”. 04. O homem é a medida de todas as coisas; das que são por aquilo que são e das que não são por aquilo que não são. EXPLIQUE, de acordo com o estudado, a citação do sofista Protágoras. Frente A Módulo 03 19Editora Bernoulli FI LO SO FI A GABARITO Fixação 01. Com as transformações históricas, econômicas e políticas ocorridas em Atenas, a antiga educação dos jovens, que se voltava quase que exclusivamente para a aristocracia ateniense, se preocupando com a formação do guerreiro bom e belo, não atendia mais à realidade da cidade. Diante das transformações, marcadas pelas exigências de uma nova classe social formada pelos comerciantes, pela presença das artes e do artesanato e, principalmente, da democracia, foi necessário uma nova Areté, agora voltada para a política, para a formação do cidadão que buscava a excelência, a perfeição moral, enfim, as virtudes cívicas. Para isso, era necessário educar o jovem para que este pudesse participar ativamente da vida pública da cidade. 02. Os sofistaseram mestres de retórica. Eles constituíam um grupo de professores, conhecidos como sábios em sua época, que se dedicavam a ensinar a arte da retórica e da oratória. Diante das mudanças ocorridas na Grécia, as cidades agora são governadas pelos homens que, em praça pública, discutem política. Nesse contexto, era fundamental que os cidadãos pudessem apresentar com eficiência e clareza suas ideias, uma vez que, em uma democracia participativa, todos os cidadãos têm o direito de falar e de apresentar seus argumentos e ideias. Dessa forma, os jovens eram educados na arte da sofística, que consiste em apresentar de forma convincente e sedutora os argumentos a fim de vencer uma discussão. 03. Sócrates é tido por alguns como o verdadeiro fundador da Filosofia. Tal importância se deve ao fato de que Sócrates, diferentemente dos pensadores anteriores, os pré-socráticos, se preocupou com o homem e com sua vida em sociedade. O fundamento de sua filosofia encontra-se exatamente no fato de buscar verdades que deveriam orientar a vida dos homens em sociedade. Ao perguntar “o que é...?”, Sócrates pretende encontrar as verdades ou conceitos únicos que deveriam ser o fundamento de todos os atos humanos. Uma de suas contribuições definitivas à Filosofia foi orientar a investigação das ideias para a busca da verdade única, seu objeto por excelência. SEÇÃO ENEM 01. Um de vós poderia intervir: “Afinal, Sócrates, qual é a tua ocupação? Donde procedem as calúnias a teu respeito? Naturalmente, se não tivesses uma ocupação muito fora do comum, não haveria esse falatório, a menos que praticasses alguma extravagância. Dize-nos, pois, qual é ela, para que não façamos nós um juízo precipitado.” Teria razão quem assim falasse; tentarei explicar-vos a procedência dessa reputação caluniosa. Ouvi, pois. Alguns de vós achareis, talvez, que estou gracejando, mas não tenhais dúvida: eu vos contarei toda a verdade. Pois eu, Atenienses, devo essa reputação exclusivamente a uma ciência. Qual vem a ser a ciência? A que é, talvez, a ciência humana. É provável que eu a possua realmente, os mestres mencionados há pouco possuem, quiçá, uma sobre-humana, ou não sei que diga, porque essa eu não aprendi, e quem disser o contrário me estará caluniando. Por favor, Atenienses, não vos amotineis, mesmo que eu vos pareça dizer uma enormidade; a alegação que vou apresentar nem é minha; citarei o autor, que considerais idôneo. Para testemunhar a minha ciência, se é uma ciência, e qual é ela, vos trarei o deus de Delfos. PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. p. 65. Sócrates concebe a vida política como o meio legítimo de as pessoas encontrarem o melhor caminho para a vida em sociedade. Essa verdade deve, no entanto, ser a mesma para todos, uma vez que o conhecimento verdadeiro o é para todos. Segundo Sócrates, o melhor caminho seria aquele que A) é decidido pela sociedade na praça pública ou em assembleia política, uma vez que todos têm os mesmos direitos na polis. B) busca a justiça entendida como essência ou verdade única, pois esta seria a verdadeira guia das ações humanas. C) fosse decidido pelo melhor discurso proferido pelo político e que conseguisse, pela retórica, convencer a maior parte da população. D) é resultado do “parto das ideias”, que é o modo pelo qual as pessoas decidem, por meio do diálogo, qual a melhor maneira de se viver em sociedade. E) está contido nas leis da cidade, uma vez que, para ser justo, é necessário que se viva segundo as leis. Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico 20 Coleção Estudo Propostos 01. Os sofistas eram relativistas, pois, ao contrário de Sócrates, não acreditavam que havia uma só verdade sobre as coisas, ou seja, cada pessoa, de acordo com suas experiências e ideias, poderia ter sua própria “verdade”, que são relativas a cada homem. Dessa forma, a ideia ou “verdade” que sobressairia, por exemplo, nas discussões políticas na Ágora seria aquela melhor argumentada. Dessa maneira, Protágoras, um dos mais importantes sofistas, ensinava às pessoas que a ele recorriam, e que pagavam por isso, as técnicas de argumentação para tornar a ideia, mesmo que fraca, mais “forte” que a dos demais e para convencer a todos de que tal ideia seria a melhor. Vale ressaltar que, como dito anteriormente, aos sofistas não importa o conteúdo da ideia, mas tão somente como ela é transmitida e argumentada. 02. Segundo Sócrates, o conhecimento não é propriedade de ninguém, pois somente o deus sabe tudo, ou seja, somente o deus é sábio. Uma vez dito isso, podemos compreender que os mortais, dentre eles o próprio Sócrates, devem reconhecer que aquilo que eles possuem como conhecimento é nada, ou é ínfimo, diante de tudo o que há para se conhecer. Portanto, sábio não é quem sabe todas as coisas, mas, ao contrário, é sábio aquele que sabe que não sabe tudo e, por isso, em uma atitude humilde, reconhece sua ignorância. Só a partir do reconhecimento da própria ignorância é possível alcançar o conhecimento, pois se o homem acredita possuir todo o conhecimento, ele se fecha, não podendo conhecer mais nada. 03. Para Sócrates, os bens materiais, a fama, a glória, as riquezas não podem trazer a verdadeira felicidade e realização ao homem. Somente o conhecimento verdadeiro, manifestado nas ações dos homens, pode fazê-los melhores. Quando Sócrates se refere a melhorar a alma ele está afirmando que as preocupações dos homens devem superar as preocupações materiais e passageiras, o que só é possível pela dialética, entendida como verdadeiro remédio da alma. Pelo diálogo e pela busca sincera do saber, o homem se torna melhor. Somente o conhecimento da verdade pode dar sentido à vida humana. 04. Protágoras é um dos mais importantes sofistas. Seu pensamento está na base da paidéia sofística, uma vez que seus pensamentos darão sentido à prática à qual os sofistas se dedicavam. Ao dizer que o homem é a medida de todas as coisas, Protágoras defende que as verdades são variáveis. Isto significa que cada homem pode ter suas próprias verdades, pois não existiria uma única verdade sobre as coisas. Cada um avalia as coisas segundo seus próprios critérios, sendo que a verdade que prevalecerá será a daquele que melhor apresentar seus argumentos e convencer os demais. 05. Essas afirmações emblemáticas resumem, de certa forma, todo o pensamento de Sócrates. A primeira frase, “Conhece-te a ti mesmo”, escrita no frontispício do Oráculo de Delfos, revela a verdade mais clara e evidente defendida pelo filósofo, a de que as verdades estão dentro do próprio homem. Ao buscar a verdade por meio de um exercício de reflexão, o homem encontra dentro de si a fonte do conhecimento que poderá torná-lo justo e virtuoso. A segunda frase, “só sei que nada sei”, revela a crença de Sócrates de que o conhecimento é uma busca constante e que o sábio verdadeiro, ao reconhecer sua própria ignorância, se abre à possibilidade do conhecimento que nunca será saciada. Ao contrário, segundo Sócrates, aquele que acredita saber tudo, ao se fechar ao conhecimento, torna-se ignorante. 06. Segundo a filosofia de Sócrates, o conhecimento encontra-se dentro do próprio homem. Adormecido, esse conhecimento precisa ser despertado. Para o filósofo, a filosofia não teria outra função a não ser levar os homens a despertarem em si aquilo que está adormecido, ou seja, as verdades. Pelo diálogo, o homem faria o “parto das ideias”. Essa imagem do conhecimento como um parto é retirada da atividade da mãe de Sócrates, que era parteira. Tal como uma parteira ajuda a mulher a dar à luz, o filósofo ajuda os homens a fazerem o parto da ideia. Isto é a maiêutica socrática. Pelo diálogo, o filósofo levava seus interlocutores a encontrarem o conhecimento que existe dentro deles mesmos. 07. A sofísticaocupou papel de destaque na democracia grega. Lembremos que a característica da democracia participativa é exatamente a possibilidade de todos discutirem, expor seus argumentos, pensando no que seria melhor para a cidade. Dessa forma, a única instância legítima na qual as decisões pudessem ser tomadas era a praça pública ou Ágora. Se não fosse a discussão livre, proporcionando a efetivação da igualdade dos cidadãos, a cidade poderia retroceder a um regime tirânico, em que somente um tem razão e os demais devem obedecê-lo cegamente. 08. Sócrates acreditava ter recebido dos deuses uma missão, a de levar os homens da ignorância ao conhecimento verdadeiro. Para isso, utilizava da ironia e da maiêutica em seus diálogos, com a intenção de fazer o parto da ideias, mostrando para os homens que o conhecimento que eles possuíam não passava de uma opinião sobre o assunto tratado. Devido à sua atividade na cidade, Sócrates incomodou profundamente muitos poderosos, que se sentiam ameaçados por sua atividade e o acusaram por crimes falsos. Diante do tribunal, Sócrates afirma que ele era um dom para a cidade, ou seja, que ele era necessário exatamente por levar os homens da ignorância ao conhecimento. Desse forma, sua morte seria um prejuízo para a própria Atenas, uma vez que dificilmente surgiria outro ‘Sócrates’ capaz de levar os homens ao conhecimento verdadeiro e livrá-los da ignorância. Seção Enem 01. B Frente A Módulo 03 36 Coleção Estudo Segundo Aristóteles, o homem é um “animal político”. Isto significa que o homem nasceu para viver na cidade, em comunidade e não pode se realizar, encontrar a felicidade, sem que conviva com os demais homens. Aristóteles dirá que o homem político, o cidadão da polis, é aquele que participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na administração pública. Os escravos e estrangeiros, assim como os homens livres que não tinham tempo para se dedicar à política, acabavam sendo meios para atingir a felicidade dos verdadeiros cidadãos. O pensamento aristotélico traz o preconceito claro da cultura grega de seu tempo: aqueles que não são cidadãos, os escravos (bárbaros presos de guerra) e estrangeiros têm uma natureza inferior à do homem grego. Estela funerária de Mnesarete. Um jovem escravo encara sua falecida patroa. 380 a.C.. Glyptothek, Munique, Alemanha. De acordo com o filósofo, o Estado pode ter diferentes formas de governo, ou seja, diferentes estruturas ou constituições. Assim, Aristóteles dirá que o Estado pode se organizar a partir do governo de um só homem, de vários homens ou de todos os homens. Porém, seja qual for sua organização, o governo do Estado deve sempre garantir o bem comum. Se assim não for, ele se torna corrupto, pois somente considera os anseios de alguns e não de todos. Aristóteles assim classifica os modos de governo possíveis: Governo a favor de todos – Formas corretas – Governo a favor de poucos – Formas corruptas – Monarquia Despotismo ou tirania Aristocracia Oligarquia Politía Democracia ou demagogia* Para o estagirita, as melhores formas de governo, em abstrato, seriam a monarquia e a aristocracia. Porém, na prática, a politía seria a mais adequada porque valorizaria o segmento médio. * Democracia seria um governo que se tornaria alheio ao bem comum e favoreceria de maneira desproporcional os interesses dos mais pobres. Segundo o filósofo, se todos os homens são iguais na liberdade, não necessariamente o seriam em outros aspectos da vida. EXERCÍOS DE FIXAÇÃO 01. É neste contexto que Platão fala do Demiurgo, uma espécie de deus-artífice que criou todas as coisas do mundo sensível tendo como base as ideias ou formas do mundo inteligível. De acordo com o estudado, EXPLIQUE com suas palavras a relação existente entre sensível e inteligível para Platão. 02. Você está acompanhando, Sofia? E agora vem Platão. Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável na natureza quanto pelo que é eterno e imutável na moral e na sociedade. Sim... para Platão tratava-se, em ambos os casos, de uma mesma coisa. Ele tentava entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. E, para ser franco, é para isto que os filósofos existem. Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais bonita do ano, ou os tomates mais baratos da feira. (E exatamente por isso nem sempre são vistos com bons olhos). Os filósofos não se interessam muito por essas coisas efêmeras e cotidianas. Eles tentam mostrar o que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e “eternamente bom”. GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 98. De acordo com o estudado sobre Platão, EXPLIQUE o que querem dizer as referências feitas àquilo que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e “eternamente bom” e por que tais termos são importantes para a filosofia platônica. 03. Porém, a diferença mais importante entre os mestres da filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles ao dualismo platônico expresso nas duas realidades, o sensível, mundo real e imperfeito, e o inteligível, mundo ideal, das formas perfeitas. EXPLIQUE, segundo o estudado sobre Aristóteles, por que o filósofo rejeita o dualismo platônico e onde ele acredita poder encontrar a verdade. Frente A Módulo 04 FI LO SO FI A 37Editora Bernoulli EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. (UFMG) Leia este trecho: A educação, disse eu, seria uma arte da reviravolta, uma arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação do modo mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem ser corretamente orientado e sem olhar na direção que deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo. PLATÃO. República. VII 518D. Na imagem proposta por Platão, sair da caverna representa a educação como uma reviravolta. Com base na leitura desse trecho e em outras informações presentes nessa obra, REDIJA um texto explicando o que significa essa reviravolta. 02. Como a temperança, também a justiça é uma virtude comum a toda a cidade. Quando cada uma das classes exerce a sua função própria, “aquela para a qual a sua natureza é a mais adequada”, a cidade é justa. Esta distribuição de tarefas e competências resulta do fato de que cada um de nós não nasceu igual ao outro e, assim, cada um contribui com a sua parte para a satisfação das necessidades da vida individual e coletiva. [...] Justiça é, portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma sob o domínio superior da razão; no estado, é a harmonia e a concórdia das classes da cidade. PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de justiça. In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Org.). Ética e política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23. REDIJA um texto explicando o conceito de justiça para Platão e como essa ideia é essencial para a felicidade da cidade. 03. Conhecer é relembrar. De acordo com o estudado sobre a teoria de Platão acerca da reminiscência da alma, EXPLIQUE a citação anterior. 04. Sócrates – Tomemos como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são simples imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência? Glauco – Sim. PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p. 328. De acordo com o estudado sobre Platão, REDIJA um texto explicando qual é a sua crítica às artes e FUNDAMENTE o texto com argumentos da teoria do conhecimento de Platão. 05. Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não levemos em conta a suautilidade, são estimados por si mesmos; e, acima de todos os outros, o sentido da visão. [...] Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a sabedoria, se bem que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma. ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 36 e 38. REDIJA um texto caracterizando e explicando o tipo de conhecimento expresso no trecho anterior. 06. (UFMG) Leia este trecho: [...] aquele que não faz parte de cidade alguma [ápolis], por natureza e não por acaso, é inferior ou superior a um homem. ARISTÓTELES. Política. 1253a. Com base na leitura desse trecho e em outras informações presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA um texto justificando, do ponto de vista do autor, essa afirmação. 07. (UFMG–2006) Leia este trecho: Voltemos novamente ao bem que estamos procurando e indaguemos o que ele é, pois não se afigura igual nas distintas ações e artes; é diferente na medicina, na estratégia e em todas as demais artes do mesmo modo. Que é, pois, o bem de cada uma delas? Evidentemente, aquilo em cujo interesse se fazem todas as outras coisas. Na medicina é a saúde, na estratégia a vitória, na arquitetura uma casa, em qualquer outra esfera uma coisa diferente, e em todas as ações e propósitos é ele a finalidade; pois é tendo-o em vista que os homens realizam o resto. Por conseguinte, se existe uma finalidade para tudo que fazemos, essa será o bem realizável mediante a ação [...] Mas procuremos expressar isto com mais clareza ainda. Já que, evidentemente, os fins são vários e nós escolhemos alguns entre eles [...], segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, se só existe um fim absoluto, será o que estamos procurando [...] Ora, nós chamamos aquilo que merece ser buscado por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vistas em outra coisa [...] Ora, esse é o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco (Livro I, 1097 a . 1097 b). Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 54-55. Com base na leitura desse trecho e considerando outras ideias presentes nessa obra de Aristóteles, JUSTIFIQUE esta afirmativa: É absurdo perguntar para que queremos ser felizes. Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo 38 Coleção Estudo 08. (UFMG–2008) Leia este trecho: Com efeito, ter a noção de que a Cálias, atingido de tal doença, tal remédio deu alívio, e a Sócrates também, e, da mesma maneira, a outros tomados singularmente, é da experiência; mas julgar que tenha aliviado a todos os semelhantes, determinados segundo uma única espécie, atingidos de tal doença, como os fleumáticos, os biliosos ou os incomodados por febre ardente, isso é da arte. ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I, cap. I. Tradução de Vinzenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultural, 1979. Com base na leitura desse trecho e considerando outras informações presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA um texto, explicando, do ponto de vista do autor, a diferença entre arte (conhecimento técnico) e experiência. SEÇÃO ENEM 01. Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os animais têm o poder de captar as impressões que atingem a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com a essência e considerar a sua utilidade, é o que só com tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a quem é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, por conseguinte, não é que reside o conhecimento, mas no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que parece, para atingir a essência e a verdade; de outra forma é impossível. PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 80. Platão acredita que o conhecimento verdadeiro é possível de ser alcançado pelo homem. A parte da filosofia que trata da possibilidade do conhecimento é denominada epistemologia. De acordo com a epistemologia de Platão, para chegar ao conhecimento seguro, seria necessário que A) os homens confiassem nas impressões que recebem do mundo sensível, pois estas levam à formação de ideias por meio da repetição das experiências. B) as impressões fossem comuns a todos os homens, uma vez que todos possuem as mesmas capacidades sensitivas que permitem o conhecimento do mundo. C) os homens desconfiassem dos sentidos, pois suas variações entre os indivíduos podem levar à imprecisão sobre os objetos, fonte do conhecimento. D) o raciocínio humano a respeito das impressões fosse analisado em seus pormenores, uma vez que o conhecimento verdadeiro não pode admitir falhas ou erros. E) os homens se dedicassem ao exercício da razão, uma vez que os sentidos, sendo imprecisos e variando em seus dados de homem para homem, podem levar ao engano. GABARITO Fixação 01. Platão separa a realidade em duas dimensões. A realidade imaterial ou inteligível é a realidade do mundo superior, em que existem as ideias perfeitas e imutáveis. A realidade material ou sensível é a realidade do mundo real que pode ser percebida pelos sentidos. Esta realidade sensível é a cópia da realidade inteligível. Lá estão as formas, os modelos ideais que foram utilizados pelo Demiurgo, espécie de semideus, para criar todas as coisas do sensível. O que há no inteligível só pode ser conhecido por meio da razão, enquanto o sensível pode ser conhecido pela experiência. 02. O “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e “eternamente bom” referem-se às ideias do inteligível, ou ideias perfeitas, que são a origem e a essência do mundo sensível. A preocupação central da filosofia platônica é com o conhecimento verdadeiro, aquele que não é adquirido pela impressão das coisas no sensível, mas que é adquirido pelos homens na realidade superior, que é a realidade inteligível. Os termos se referem exatamente às ideias que são a perfeitas e imutáveis, por isso eternamente verdadeiras, eternamente belas e eternamente boas. 03. Aristóteles, apesar de ser discípulo de Platão, discorda de seu mestre em relação ao caminho para o conhecimento, o que é chamado na filosofia de epistemologia. Segundo Aristóteles, não haveria dois mundos, como Platão afirmara, diferenciando um como perfeito e imutável e outro como imperfeito e mutável. Para Aristóteles, existe uma única realidade, e é nela que os homens devem encontrar as verdades. Desse modo, sua metafísica não busca o que está fora dos seres, mas busca nos próprios seres sua substância ou essência, que são encontradas pelo método indutivo, partindo da experiência sensível dos seres. Propostos 01. Para Platão, o significado dessa reviravolta seria a introdução de uma ciência numa alma que redirecionasse o olhar que estaria atrelado ao conhecimento sensível, este preso às crenças e opiniões (doxa), no qual poderíamos afirmar que não havia a “luz da verdade”. Esta passagem (poreia) ao conhecimento inteligível, este representado pela saída do “homem” da caverna (filósofo), se daria a partir do processo educacional (paideia) no qual homem seria corretamente orientado. Assim, após inúmeras ciências trabalhadas, o homem estaria apto a maior de todas as ciências, a dialética. Esta faria a conversão da alma, da noite para o dia, das trevas para a luz, e afastaria o “olhar” da alma da lama grosseira para elevá-la para a região superior (topos). Frente A Módulo 04 FI LO SO FI A 39Editora Bernoulli 02. Segundo Platão, justiça é a ordem determinada pela própria natureza última dos seres. Dessa forma, ser justo, seria obedecer tal ordem, pois esta faz com que as coisas estejam de acordo com sua própria finalidade. Na citação anterior, Platão trata de sua teoria política, da ordem natural da cidade, formando então a cidade justa. Nesta, os melhores em inteligência,educados adequadamente na dialética pelos filósofos, seriam os responsáveis pelo governo, os chamados reis-filósofos. Abaixo destes, estaria a classe dos guerreiros ou soldados que, fiéis aos governantes, fariam com que as leis determinadas por estes fossem cumpridas pelo povo, que ocuparia o último estamento dessa pirâmide hierárquica. Dessa maneira, cumpriria-se a justiça na cidade, uma vez que cada homem ocuparia seu lugar e realizaria suas atividades segundo sua própria natureza. Só assim, segundo o filósofo, a cidade poderia ser feliz, ou seja, cada homem seria feliz quando ocupasse seu lugar devido, de acordo com sua natureza, e a própria cidade, governada dessa forma, proporcionaria a todos as condições para a felicidade. 03. De acordo com a teoria do conhecimento de Platão, o conhecimento é resultado de um processo de lembrança de reminiscência. As ideias ou o conhecimento verdadeiro já estão no homem, que, uma vez no mundo inteligível, contemplava as ideias, como narra o mito de Er. Porém, a alma que um dia esteve na verdade perdeu suas asas e bebeu da água do rio do esquecimento, ao encarnar-se num corpo material. A partir desse momento, a alma daqueles que querem conhecer está em um contínuo processo de recordação, tentando, impulsionada pelo amor, recordar das ideias que um dia contemplou. Desse modo, o conhecimento é somente lembrança da verdade, que consiste nas ideias inteligíveis. 04. Segundo Platão, há duas realidades que são essencialmente diferentes. A realidade inteligível é perfeita e fonte de tudo o que existe na realidade sensível. Ou seja, o que há na realidade sensível é cópia imperfeita das ideias do inteligível. Uma vez que o homem busca o conhecimento, este deve ser daquilo que é verdadeiro em si, ou seja, das ideias e não das cópias. As obras de arte são as representações do que já é representação, é a cópia da cópia. Dessa forma, as obras de arte não aproximam o homem da verdade, mas o colocam mais preso às coisas materiais, não libertando a alma para que encontre o verdadeiro conhecimento. 05. O tipo de conhecimento da citação anterior é o conhecimento empírico ou sensível. Aristóteles acredita que o único caminho até o conhecimento verdadeiro é o uso da experiência, dos cinco sentidos. Dessa forma, a verdade é resultado das experiências do homem, quando este apreende, pelos sentidos, principalmente pela visão, os dados empíricos, sensíveis dos seres, que levam à ideia do ser, à sua essência ou substância. Tal processo lógico é conhecido como indução, pois parte das experiências particulares de seres da mesma espécie para se alcançar uma ideia geral sobre o ser. 06. Sabemos que Aristóteles coloca o homem como um “homem político”, “um ser social” dotado de um “instinto social”. Assim, o filósofo trabalha, nesse fragmento, a posição do homem perante a cidade a partir de dois pontos: 1º O homem poderia ser superior se pudesse subsistir somente com ele próprio, sem a necessidade do outro. Este homem seria, acima de qualquer outro homem, “normal”, uma vez que esse homem “normal” necessariamente precisaria de uma sociedade para viver. 2º O homem seria inferior, pois estaria fora da necessidade do homem da polis. Estaria em um estado de “condição natural”, ou seja, não estaria como homem, mas como um animal que não é político e subsiste de forma independente. 07. Ao analisarmos a obra de Aristóteles, Ética a Nicômaco, nos deparamos com o fato de que sermos felizes constitui uma atividade, e esta felicidade é realizada a partir de ações. Em cada ação, o homem busca um bem que é um bem si mesmo, um bem absoluto, e este bem se chama felicidade (eudaimonia). Ressaltamos que a busca da felicidade se dá a partir de ações que são realizadas no decorrer da vida, não somente restrita a um único momento. Dessa forma, seria absurdo perguntarmos para que queremos ser felizes, uma vez que a felicidade se constitui em cada ação realizada pelo homem, na busca do sumo bem (bem supremo) mediante a sua razão (atividade da alma segundo a razão). O homem deverá buscar o bem supremo, a felicidade, numa atividade constante, tendo assim o hábito para que atinja constantemente este bem maior no final de cada ação e no decorrer de sua vida, como ressaltado por Aristóteles. Para o filósofo, a felicidade plena é alcançada quando o homem exerce aquilo que o diferencia dos outros seres, a racionalidade, e esta, encontrando as virtudes entendidas com o justo meio entre os excessos e extremos, diz o que o homem deve fazer para se tornar um bom cidadão. 08. Para Aristóteles, a primeira forma de conhecimento que adquirimos se faz a partir da experiência. Esta é formada a partir das sensações, arquivadas na memória e que, com a repetição, funda uma experiência única. A experiência é um conhecimento singular, particular, no qual o homem que a executa sabe como fazer, porém não conhece as razões, nem os porquês, mas sabe que resultará em uma ação efetiva, por exemplo, o remédio que deu alívio a Cálias e, logo após, a Sócrates. No momento em que o homem consegue unir várias experiências e colocá-las a partir de princípios universais, de juízos universais, cria-se a arte, por exemplo, saber que todos os doentes atingidos por tal doença serão aliviados. Arte é o conhecimento dos homens teóricos, que dominam os conhecimentos técnicos e que, por sua vez, sabem fazer e sabem “os porquês”. Portanto, Aristóteles julga que há mais saber e conhecimento na arte do que na experiência, que os homens de arte são mais sábios que os homens de experiência. No entanto, a arte ainda não é o conhecimento por excelência, obtido somente com a teoria ou ciência (metafísica) Seção Enem 01. E Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo 2 Coleção Estudo Su m ár io - F ilo so fia Frente A 05 3 Helenismo: a difusão da cultura grega e a busca pela felicidade Autor: Richard Garcia Amorim 06 17 Filosofia cristã: a relação entre fé e razãoAutor: Richard Garcia Amorim 12 Coleção Estudo Pi er re P u je t Alexandre visita Diógenes. O rei admirava tanto o “cão” que disse: “Na verdade, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”. O encontro de Alexandre com Diógenes de Sinope. Pierre Pujet, 1680. Museu do Louvre. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. Intelectual e espiritualmente, de fato, a época de Alexandre assinala na Grécia uma mudança decisiva, que afetou especialmente as minorias cultas. No novo mundo dos grandes impérios, quando a civilização grega já tinha se espalhado por todo o Oriente próximo, [...] os horizontes do indivíduo grego viam-se consideravelmente alargados, mas ao mesmo tempo este havia perdido o sentimento de segurança que a vida da antiga cidade podia lhe dar. Segundo o texto, no Período Helenístico, “os horizontes do indivíduo grego viam-se consideravelmente alargados, mas ao mesmo tempo este havia perdido o sentimento de segurança que a vida da antiga cidade podia lhe dar”. REDIJA um texto explicando o que isso representou para os gregos dessa época. 02. EXPLIQUE por que a ideia de cosmopolitismo foi importante para o Período Helenístico. 03. No Período Helenístico “a sensação de isolamento, desenraizamento e insegurança era, de fato, forte o bastante para estimular muitos homens a buscar uma forma de vida que lhes proporcionasse uma íntima sensação de segurança e estabilidade. Isto foi o que as novas filosofias do Período Helenístico se puseram a proclamar.” A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando a importância das escolas filosóficas para o Período Helenístico. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. (UFMG) Leia este trecho: Dependendo das condições anteriores, o mesmo vinho parece azedo para aqueles que acabaram de comer tâmaras ou figos, mas parece ser doce para aqueles que consumiram nozes ou grão-de-bico. E o vestíbulo da casa de banhos esquenta os que entram, mas esfria os que
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