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2 Coleção Estudo
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fia Frente A
01 3 O pensamento filosóficoAutor: Richard Garcia Amorim
02 15 A origem da FilosofiaAutor: Richard Garcia Amorim
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11Editora Bernoulli
Ao contrário, o filósofo acredita que não sabe nada, isto é, 
reconhece que tudo o que sabe pode ser transitório; que as 
verdades alcançadas não são últimas e que seu conhecimento 
é ínfimo diante de tudo o que há para conhecer. Por isso, 
sua postura é de abertura, de investigação, de busca 
constante da verdade, mesmo que não a encontre nunca. 
Isto é ser filósofo: reconhecer sua própria limitação, sua 
ignorância frente a tudo o que há para ser conhecido e buscar 
incessantemente o conhecimento da verdade. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Redija um texto justificando a seguinte afirmação:
“Nascer é ao mesmo tempo nascer no mundo e nascer 
do mundo.”
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 
São Paulo: Martins Fontes. 1999. p. 608.
02. A partir de seus conhecimentos, explique a seguinte 
afirmação: o homem é o único ser que vive em um mundo 
aberto. 
03. “[...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por 
quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem 
cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e 
não à razão da força.”
SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. Tradução de Mônica 
Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 2.
A partir desse trecho, justifique por que a Filosofia 
se baseia na “força da razão e não na razão da força”. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. o homem não passa de um caniço, o mais frágil da 
natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que 
o universo inteiro se arme para esmagá-lo; um vapor, 
uma gota d’água é suficiente para matá-lo. Mas quando 
o universo o esmagar, o homem será ainda mais nobre 
do que aquele que o mata, porque ele sabe que morre e 
o universo não tem nenhum conhecimento da vantagem 
que leva sobre ele. Toda a nossa dignidade consiste, pois, 
no pensamento. É nele que devemos nos revelar e não 
no espaço e no tempo que não sabemos como ocupar. 
Trabalhemos para bem pensar [...]
PASCAL, Blaise. Pensamentos. Tradução de Sérgio Millet. 
São Paulo: Abril Cultural, 1979.
A partir do trecho, Redija um texto respondendo à 
seguinte pergunta: o que é o homem? 
02. explique por que, no caso das meninas-lobo, elas, 
mesmo que de forma parcial, foram capazes de se adaptar 
ao mundo humano. Algum outro animal teria a mesma 
capacidade? justifique sua resposta. 
03. [...] o homem não aperfeiçoou seu equipamento 
hereditário através de modificações corporais perceptíveis 
em seu esqueleto. Não obstante, pôde ajustar-se a um 
número maior de ambientes do que qualquer outra 
criatura [...] 
Nos trens e carros que constrói, pode superar a mais 
rápida lebre ou avestruz. Nos aviões, pode subir mais alto 
que a águia, e, com os telescópios, ver mais longe que o 
gavião. Com armas de fogo, pode derrubar animais que 
nem o tigre ousa atacar.
CHILDE, V. Gordon. A evolução cultural do homem. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1966. p. 40-41.
De acordo com o fragmento do texto, explique as 
diferenças fundamentais entre os homens e os animais 
e como os homens podem superar suas determinações 
físicas naturais.
04. explique a seguinte citação de Freud: “[...] Mas o 
natural instinto agressivo do homem, a hostilidade de 
cada um contra todos e a de todos contra cada um, se 
opõe a esse programa da civilização.”
05. Uma aranha executa operações semelhantes às do 
tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto 
humano com a construção dos favos de suas colméias. 
Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto 
da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua 
cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo 
de trabalho, obtém-se um resultado que já no início 
deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto 
idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da 
forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na 
matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, 
como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual 
tem de subordinar sua vontade.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 
1985, V. I, p. 149-150.
De acordo com o texto de Marx, explique por que 
somente o homem pode trabalhar. 
06. explique, com suas palavras, os vários significados 
da palavra filosofia e justifique por que somente um 
deles se enquadra no conceito de filosofia tal como a 
estudamos. 
O pensamento filosófico
12 Coleção Estudo
07. (UFMG / Adaptado)
Leia o texto. 
Dos deuses nenhum filosofa, nem deseja tornar-se sábio, 
pois o é; nem se algum outro é sábio, não filosofa. Nem, 
por sua vez, os ignorantes filosofam ou desejam tornar-se 
sábios. Pois é isto mesmo que é difícil com relação à 
ignorância: aquele que não é nem belo nem bom nem 
sábio considera sê-lo o suficiente. Aquele que não se 
considera ser desprovido de algo não deseja aquilo de 
que não acredita precisar.
PLATÃO. Banquete, 204A1-7. 
identifique e explique as duas atitudes em relação 
à sabedoria descritas nesse texto. 
08. A citação socrática “Só sei que nada sei” representa a 
verdadeira atitude filosófica. explique, de acordo com 
o estudado, por que o princípio da verdadeira filosofia é 
o reconhecimento da própria ignorância. 
SEÇÃO ENEM
01. Leia o texto a seguir: 
Em seu pequeno e brilhante livro Introdução à Filosofia, 
Jaspers insiste na idéia de que a essência da filosofia é 
a procura do saber e não a sua posse. Todavia, ela ‘se 
trai a si mesma quando degenera em dogmatismo, isto 
é, num saber posto em fórmula, definitivo, completo. 
Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em 
filosofia são mais essenciais que as respostas, e cada 
resposta transforma-se numa nova pergunta’. Há, 
então, na pesquisa filosófica uma humildade autêntica 
que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático: o 
fanático está certo de possuir a verdade. Assim sendo, 
ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe 
à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando 
estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado 
de se tornar verdadeiro; a verdade é seu bem, sua 
propriedade, enquanto para o filósofo é uma exigência. 
No caso do fanático, a busca da verdade degradou-se 
na ilusão da posse de uma certeza. Ele se acredita 
o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo 
esforça-se por ser peregrino da verdade. A humildade 
filosófica consiste em dizer que a verdade não pertence 
mais a mim que a ti, mas que ela está diante de nós. 
Assim, a consciência filosófica não é uma consciência 
GAbARITO
Fixação
01. O homem é resultado de uma junção de 
características herdadas biologicamente de sua 
espécie e de características adquiridas através 
da cultura. Dessa forma, ao contrário dos 
animais que nascem somente no mundo, e por 
isso são determinados por sua herança biológica 
inalterável, o homem, ao nascer do mundo, não 
é mais determinado exclusivamente pelos limites 
biológicos. Assim, o homem se autoconstrói, uma 
vez que será fruto daquilo que aprender de sua 
cultura de forma passiva e também ativa. Por 
isso, os homens seguem padrões morais distintos 
e são tão diferentes entre si no modo de falar, 
agir, sentir, etc. 
feliz, satisfeita com a posse de um saber absoluto, 
nem uma consciência infeliz, presa das torturas de um 
ceticismo irremediável. Ela é uma consciência inquieta, 
insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma 
verdade para a qual se sente talhada.
HUISMAN, Denis; VERGEZ, A. Ação. 2. ed. São Paulo: Freitas 
Bastos, 1966, v. 1, p. 24.
A palavra filosofia é resultado da composição, em grego, 
de duas outras: philo e sophia. A partir do sentido dessa 
composição e das características históricas que tornaram 
seu uso possível, tal palavra indica
A) que o homem não possui um saber, mas o deseja, 
procurando a verdade por meio da observação das 
coisas, da natureza e do homem.B) que qualquer homem pode ser incluído na lista 
dos filósofos, pois todos são dotados de um saber 
prático, o que lhe concede sabedoria para agir de 
forma correta.
C) a posse de um saber divino e pleno, tornando os 
homens portadores de um conhecimento quase divino.
D) que Filosofia é um saber técnico, possibilitando, 
pela posse ou não de uma habilidade, tornar alguns 
homens melhores do que outros.
E) que a Filosofia, em sua essência, significa a atitude 
daquele que tem consciência de que sabe pouco e 
acredita que suas investigações o levarão à verdade 
completa sobre as causas e origem de todas as coisas. 
Frente A Módulo 01
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02. Viver em um mundo aberto, segundo o estudo 
sobre antropologia filosófica, significa dizer que 
o homem é o único “ser de possibilidades” e 
que é indeterminado. Os animais irracionais são 
seres que vivem em um mundo fechado, pois 
não têm outras possibilidades na medida em 
que são resultado única e exclusivamente das 
determinações da natureza. Não podem alterar 
um modo de viver nem tão pouco mudar os 
instintos e comportamentos de sua espécie. Por 
isso, vivem em um mundo fechado. O homem, 
ao contrário, pode superar suas determinações 
naturais utilizando sua inteligência, construindo 
para si aquilo que lhe falta naturalmente. Assim, 
viver em um mundo aberto significa viver de 
forma a poder se autodeterminar, o que em 
Filosofia representa a verdadeira liberdade. 
O homem adapta a natureza a si enquanto os 
animais irracionais simplesmente se adaptam à 
natureza.
03. O discurso filosófico se caracteriza 
fundamentalmente pela argumentação lógica e 
coerente. O que se pretende na discussão filosófica 
é que o argumento, a racionalidade, supere a 
força física ou da autoridade. Dessa forma, se 
em outras dimensões da vida humana o poder, 
a hierarquia, o autoritarismo e a força de quem 
manda ou exerce poder superam o pensamento, a 
razoabilidade, na Filosofia o que vale, o que vence 
é o poder, a força, a autoridade do argumento 
bem elaborado e inteligivelmente possível e 
entendido por todos. A razão é que exerce seu 
poder, fazendo dos homens iguais enquanto seres 
inteligentes e dispostos a discutirem para que 
a própria razão opere e estabeleça a verdade. 
A razão da força, enquanto representante da 
lógica da autoridade e do mando, não serve 
absolutamente nada à Filosofia. 
Propostos
01. Segundo Pascal, o homem pode ser compreendido 
em duas perspectivas: se por um lado é um dos 
mais frágeis seres da natureza, uma vez que uma 
simples gota-d’água é suficiente para matá-lo, ou 
seja, diante dos fenômenos naturais ele pouco 
ou nada pode fazer, por outro lado é um ser 
pensante, o que lhe dá toda dignidade e o eleva 
ao patamar de um ser superior. O pensamento, 
a razão é a característica humana mais elevada, 
que torna possível superar toda sua limitação e 
ter consciência do que faz, de planejar o futuro a 
partir do que foi vivido no passado. Então, apesar 
de ser um caniço, o homem é um caniço pensante. 
E por mais que tenha limitações e fragilidades que 
o fazem pequeno diante das forças da natureza, ele 
sabe que é fraco, o que torna possível, inclusive, 
pensar e criar alternativas e instrumentos que 
possam torná-lo maior e mais forte do que 
praticamente todos os outros seres da natureza.
02. O caso das meninas-lobo é curioso e emblemático, 
demonstrando com clareza as características 
que fazem dos seres humanos seres únicos e 
excepcionais. Qualquer outro animal, se levado 
ainda nos primeiros dias de vida para junto de 
outros animais que não sejam de sua espécie, 
não se adaptariam ao seu modo de viver. Se um 
cachorro crescesse junto a gatos, não significa, 
absolutamente, que ele adotaria os hábitos e 
instintos próprios dos gatos. No caso do ser 
humano é diferente. As meninas, criadas no meio 
de lobos, tomaram para si os hábitos e maneiras 
próprias desses seres. Uivavam, comiam carne 
crua, andavam sobre pés e mãos. Somente o 
homem, por sua capacidade de se adaptar advinda 
de seu pensamento, enfim, por ser também 
fruto da cultura, pode adquirir tais hábitos. 
As meninas somente se tornaram semelhantes 
aos lobos e depois puderam passar por um 
processo de humanização graças à capacidade 
única do ser humano de pensar e adquirir novos 
hábitos. Isso significa, claramente, que nós não 
somos determinados por nossa natureza, apesar 
de a termos como os outros animais. 
03. O texto de Gordon Childe trata, especificamente, 
da diferença fundamental entre homens e animais: 
a capacidade elaborada de pensamento, exclusiva 
dos homens. Se os animais, condicionados por 
seus instintos já nascem prontos para a vida na 
natureza, possuindo garras, penas, pelo, força, 
etc., o homem, apesar de não possuir nenhuma 
dessas características naturais, pode superar suas 
limitações criando, pela adaptação da natureza às 
suas necessidades, objetos e instrumentos que 
atendam às suas demandas. Se não temos pelos 
suficientes que nos protejam do frio, podemos 
criar roupas que nos aquecem ainda mais que os 
pelos dos animais. Se o homem não tem a força do 
touro para realizar seus trabalhos, pode construir 
máquinas e outras ferramentas que substituam a 
força bruta do animal. Dessa forma, ao adaptar a 
natureza às suas necessidades, o homem torna-se 
criador e criatura, superando suas limitações e 
transformando o mundo natural segundo suas 
necessidades. 
O pensamento filosófico
14 Coleção Estudo
04. O que Freud constata é que o homem é 
formado por características naturais e culturais 
que interagem entre si, e muitas vezes essas 
características naturais não são facilmente 
controláveis. Segundo Freud, o id representa as 
forças primitivas e mais íntimas do homem em 
busca do prazer e da satisfação dos instintos 
e deveria ser adequadamente administrado 
pelo ego, representante do eu, da consciência 
psíquica. Porém, o id não se apresenta como 
algo facilmente controlado. Pelo contrário, esses 
instintos, parte integrante da natureza humana, 
protestam contra o “programa de civilização”. 
Assim, a tentativa de controle, por meio da 
razão, da natureza humana e de adequação 
desta àquilo que se pretende correto e justo é 
tarefa demasiado difícil e em alguns casos mesmo 
impossível. 
05. Os animais, por mais que realizem tarefas, 
algumas consideradas obras incríveis, devido 
a sua beleza e minúcia, não trabalham. Isso 
porque, por mais perfeito que seja um ninho de 
pássaro ou uma colmeia de abelhas, tais objetos 
não são pensados antes de serem executados, 
ou seja, os animais os constroem seguindo 
seus instintos e sem nenhuma consciência de 
finalidade. Eles não trabalham, mas somente 
realizam tarefas de antemão determinadas pela 
sua natureza. O homem trabalha, considerando 
que possui a capacidade de planejar o que 
será realizado e por ter consciência do porquê 
está fazendo determinada atividade, de qual a 
finalidade do feito. O trabalho é caracterizado, 
dessa forma, pela interferência do homem na 
natureza com o objetivo de construir alguma 
coisa que o auxiliará no desafio da própria 
existência. Assim, compreendemos a afirmação 
feita por Max de que o pior arquiteto é ainda 
superior à melhor abelha, pois esta não sabe 
por que faz, simplesmente obedece cegamente 
a seus instintos, aquele, por pior que faça, 
constrói o que de antemão já existia em sua 
mente. 
06. A filosofia pode ser entendida como modo de 
viver ou sabedoria de vida, assumindo um caráter 
pessoal. É a maneira que um indivíduo particular 
tem de ver o mundo e de se portar diante das 
situações. 
 Também se pode compreendê-la como pensamento 
ou origem das ideias, o que significa que a filosofia 
é vista como o simples ato de pensar, o que se 
percebe quando alguém afirma “estar filosofando”.
 Porém, o modo que corresponde ao conceito de 
filosofiatal como estamos estudando se refere 
à busca da verdade e fundamentação teórica 
sobre o homem e o mundo. O que significa que 
a filosofia busca através da análise, da crítica, do 
questionamento, da reflexão, a própria verdade 
sobre o homem, sobre a sociedade, sobre o 
pensamento, enfim, sobre tudo o que pode ser 
pensado e que diz respeito à vida humana. 
07. atitude 1: A atitude dos deuses que não filosofam, 
pois já são sábios e por isso não necessitam 
buscar o conhecimento. Se entendemos a filosofia 
como caminho para o conhecimento, aqueles que 
já o possuem não necessitam da filosofia, uma 
vez que não têm o que buscar.
 atitude 2: A atitude dos ignorantes que não 
filosofam, pois acreditam já possuir o conhecimento 
sem o tê-lo de fato. Tal como os deuses, os 
ignorantes não buscam o conhecimento. Porém, 
diferente dos deuses, os ignorantes acreditam ter 
o conhecimento, mas não o possuem. Segundo 
Platão, esse é o pior estado em que o homem 
pode se encontrar: acreditar ser sábio, sendo tão 
somente um ignorante, e por isso não se dedicar 
à Filosofia por achar que não lhe falta nada. 
08. A Filosofia é antes de mais nada uma atitude. 
Atitude daquele que reconhece que não sabe e 
por isso se põe a investigar, criticar, questionar 
todas as coisas em busca de respostas que se 
apresentem ao homem coerentes e inteligíveis. 
Entendida dessa maneira, a Filosofia exige 
do filósofo a atitude de abertura, de busca, 
de reconhecimento de que o conhecimento é 
inesgotável e por mais que se tenha algum saber, 
esse saber é pouco em relação a tudo o que há 
para se conhecer. Podemos dizer que a afirmação 
“só sei que nada sei” de Sócrates é a encarnação 
da própria Filosofia: ao reconhecer que não 
sabe nada, o filósofo se dedica ao exercício do 
saber, busca conhecer. Se ao contrário, o sujeito 
acredita saber tudo, ele se fecha à possibilidade 
do conhecimento e não pode conhecer mais nada. 
Seção Enem
01. A
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25Editora Bernoulli
não divisível, a menor parte das coisas que não se pode 
dividir em outras partes. Os átomos são partículas infi nitas 
e invisíveis que compõem os objetos materiais e dão 
origem aos fenômenos observados e ao movimento de 
transformação dos seres. 
eMpÉdOCles (cerca de 490-435 a.C.)
A um dado momento, do Uno saiu o Múltiplo. Por divisão 
– fogo, água, terra e ar altaneiros; e o Uno se formou do 
Múltiplo. Ódio, temível, de peso igual a cada um, e o Amor 
entre eles.
SIMPLÍCIO. Física, 157. 
Natural de Agrigento, na Sicília, Empédocles é conhecido 
por ser um político, poeta, dramaturgo, homem de ciência, 
médico e cosmólogo, místico e inventor da eloquência. Por 
combater a tirania em Agrigento, foi expulso da cidade e 
perambulou errante por toda a Grécia. Parece que morreu 
na guerra de Peloponeso (Atenas contra Esparta), mesmo 
que a lenda diga que morreu ao se atirar no vulcão Etna para 
provar que era imortal ou um deus. Escreveu dois poemas: 
Sobre a Natureza e Purifi cações.
Sua fi losofi a: ao contrário de alguns pré-socráticos 
que buscavam um único princípio das coisas, Empédocles 
defenderá que são os quatro elementos, fogo, terra, água 
e ar que constituem o universo, ou seja, que a Arché 
da natureza são os quatro elementos que se unem e se 
separam, formando os diversos seres da natureza, porém em 
proporções diferentes em cada ser. Esses quatro elementos 
são separados e unidos pelo ódio, que busca a diferença, 
e pelo amor, que faz reunir as semelhanças, ou seja, pelo 
amor os elementos se unem e pelo ódio os seres se separam. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. explique, com suas palavras, a seguinte afi rmação: a 
Filosofi a é fi lha da Pólis. 
02. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. 
O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à 
“lógica”; é falso quando dissimula alguma burla secreta 
(sofi sma). [...] O mito, assim, atrai em torno de si toda 
parcela do irracional existente no pensamento humano; 
por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas 
as suas criações
GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. 3ª edição. São Paulo: 
Brasiliense, 1982. p. 8-9. 
Redija um texto diferenciando a racionalidade do logos e 
a irracionalidade do mito de acordo com o trecho anterior. 
03. De acordo com o estudado, faça um quadro comparativo 
diferenciando as características do mito das características 
da Filosofi a. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. explique as hipóteses do “Milagre grego” e do 
orientalismo para o nascimento da Filosofi a e justifique 
por que ambas não são corretas. 
02. Entre as transformações históricas ocorridas na Grécia dos 
séculos VII e VI a.C., uma das principais está relacionada 
às navegações marítimas. explique sua importância 
para o nascimento da fi losofi a. 
03. O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
Fernando Pessoa
Durante muitos anos, os mitos marcaram a vida dos 
gregos e seus modos de ver e interagir com o mundo 
ou a physis. Redija um texto explicando o que 
representavam os mitos para a cultura grega e suas 
diferenças em relação à Filosofi a. 
04. O mito é uma forma autônoma de pensamento e de vida. 
Nesse sentido, a validade e a função do mito não são 
secundárias e subordinadas em relação ao conhecimento 
racional, mas originárias e primárias, situando-se num 
plano diferente do plano do intelecto, porém dotado de 
igual dignidade [...]
MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
De acordo com a defi nição anterior, explique por 
que o conhecimento mítico tem a mesma dignidade do 
conhecimento fi losófi co. 
05. Na Antigüidade clássica, o mito é considerado um produto 
inferior ou deformado da atividade intelectual. A ele era 
atribuída, no máximo, “verossimilhança”, enquanto a 
‘verdade’ pertencia aos produtos genuínos do intelecto. 
Esse foi o ponto de vista de Platão e de Aristóteles. Platão 
contrapõe o mito à verdade ou à narrativa verdadeira 
(Górg., 523 a), mas ao mesmo tempo atribui-lhe 
verossimilhança, o que, em certos campos, é a única 
validade a que o discurso humano pode aspirar (Tini., 
29 d) e, em outros, expressa o que de melhor e mais 
verdadeiro se pode encontrar (Górg., 527 a). Também 
para Platão o M. constitui a “via humana mais curta” para 
a persuasão [...]
MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
explique por que, segundo essa defi nição, o mito 
é considerado mentira para pensadores como Platão 
e Aristóteles. Você concorda com esta posição? 
justifique sua resposta. 
A origem da Filosofia
26 Coleção Estudo
06. Mais que saber identificar a natureza das contribuições 
substantivas dos primeiros filósofos é fundamental 
perceber a guinada de atitude que representam. 
A proliferação de óticas que deixam de ser endossadas 
acriticamente, por força da tradição ou da ‘imposição 
religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as 
propriedades que definem a filosoficidade.
OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção 
da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.
A partir do trecho e de outros conhecimentos sobre o 
assunto, Redija um texto explicando a “guinada de 
atitude” representada pelos pré-socráticos.
07. “Necessário é o dizer e pensar que o ente é; pois é 
ser. E nada não é”.
Sobre a Natureza, vv. 3; 6.
“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, 
porque o rio não é mais o mesmo”.
PLUTARCO. Coriolano, 18 p. 392 B.
Os fragmentos anteriores se referem ao pensamento 
dos dois mais importantes pré-socráticos, Parmênides e 
Heráclito. De acordo com o estudado, faça uma relação 
entre a filosofia desses dois pensadores da physis, 
estabelecendo as semelhanças e as diferenças entre eles. 
08. Redija um texto explicando o objetivo da filosofia pré-
socrática e o que buscava encontrar para explicar a origem 
do universo. 
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2010) QuandoÉdipo nasceu, seus pais, Laio e 
Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma 
profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a 
mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse 
o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o 
entregou a um casal de camponeses que morava longe de 
Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando 
se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para 
evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos 
da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, 
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo 
reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber 
que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a 
viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. 
Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas 
e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. 
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. 
Acesso em: 28 ago. 2010 (Adaptação).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do 
destino e do determinismo. Ambos são características do 
mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e 
providência divina. A expressão filosófica que toma como 
pressuposta a tese do determinismo é:
A) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu 
tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que 
Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho
C) “Quem não tem medo da vida também não tem medo 
da morte.” Arthur Schopenhauer
D) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para 
permanecer o mesmo”. Michel Foucault
E) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua 
imagem e semelhança” Friedrich Nietzsche
GAbARITO
Fixação
1. A Filosofia, entendida como uma atitude e um tipo 
de conhecimento caracterizado pela busca do saber 
por meio da razão, surgiu como consequência das 
transformações históricas ocorridas na Grécia dos 
séculos VII e VI a.C. Pode-se dizer que a Filosofia 
foi fruto das condições históricas, políticas e 
sociais da Grécia desse tempo, opondo-se às 
teses do orientalismo e do “milagre Grego”, que 
diziam, respectivamente, que a Filosofia surgiu 
por influências dos povos orientais, anteriores 
aos gregos, ou que a Filosofia surgiu como 
um fato inesperado e miraculoso. As viagens 
marítimas, a criação do calendário, o surgimento 
da vida urbana, a criação da escrita alfabética, 
o surgimento da política com a formação da Pólis, 
governada democraticamente pelos cidadãos 
e guiada pela vontade dos homens e não pela 
vontade dos deuses entre outras condições 
contribuíram decisivamente para o aparecimento 
da Filosofia. Sem tais condições, poderíamos 
afirmar que seria impossível que este modo de 
investigar o mundo e os homens viesse a existir. 
Dessa forma, a Filosofia é filha da Pólis, pois foi 
na cidade, incluindo nela todos esses avanços 
e mudanças, que a Filosofia surge como forma 
sublime de busca do conhecimento. 
2. O logos filosófico é caracterizado por sua ligação 
intrínseca com a coerência do pensamento e 
a rigidez dos argumentos. Dentro da Filosofia 
não há espaço, em sua argumentação, para o 
erro lógico e a contradição. Pelo contrário, um 
Frente A Módulo 02
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discurso contraditório e que não siga as regras 
básicas do pensamento lógico é repreendido ou 
rejeitado, pois não atende aos requisitos básicos 
da racionalidade filosófica. A falsidade do discurso 
é verificada quando, por meio de argumentos 
aparentemente verdadeiros, mas falsos em sua 
essência, se pretende enganar o outro ou burlar 
a verdade, fazendo uma mentira passar por algo 
verdadeiro. Ao afirmar que o mito traz para si toda 
parcela do irracional existente, o autor afirma que 
o mito foge à racionalidade do logos filosófico, 
que exige coerência e não admite contradições. 
Entendido dessa forma, o mito é irracional, 
pois não tem compromisso com a coerência do 
discurso e dos argumentos lógicos. Mas há de 
se dizer que o mito tem sim uma racionalidade 
que se manifesta nas próprias histórias 
contadas, uma vez que são histórias pensadas 
e, não raras vezes, magnificamente escritas. 
Tal racionalidade mítica é diferente da 
racionalidade filosófica, mas também é uma 
forma racional de manifestação da criatividade e 
imaginação dos homens. 
3. 
MitO filOsOfia
Tem como fundamento a 
imaginação manifestada em 
discursos religiosos.
Tem como fundamento a razão.
Fictício, imaginário, histórias 
sem comprovação e que não 
se preocupam com uma lógica 
metodológica do discurso.
Busca a formulação de 
explicações que seguem um 
rigor argumentativo lógico. 
Se não houver coerência, o 
discurso e o argumento são 
rejeitados.
Baseia-se na fé / confiança 
daqueles que o recebem 
como discurso inquestionável, 
pois confiam em quem diz; 
pressupõe uma aceitação 
e adesão daqueles que o 
recebem.
Baseia-se em formulações 
racionais e não é aceito pela 
autoridade de quem diz, mas 
sim na realidade do que é dito, 
ou seja, do argumento.
Voltado para os sentimentos 
humanos.
Voltada para a construção de 
argumentos lógico-científicos.
Nasce da intuição do homem 
ou da sociedade que o constrói, 
é acrítico e muitas vezes se 
manifesta como forma ingênua 
de ver a realidade.
Nasce da atitude crítica do 
homem diante da natureza e 
de si mesmo.
Procura explicar a origem 
de todas as coisas e seu 
funcionamento por meio de 
explicações que tendem à 
totalidade.
Procura explicações mais pro-
fundas e pormenorizadas 
sobre o mundo e o homem, 
de forma a obter respostas 
provadas ou argumentativa-
mente sustentadas.
Aceita contradições em suas 
narrativas.
Não aceita contradições em 
seus argumentos.
Propostos
1. A hipótese do “milagre grego” diz que a Filosofia 
surgiu como algo inesperado e miraculoso, sem 
qualquer precedente na cultura de qualquer outro 
povo, inclusive dos gregos. Surgiu de forma 
absolutamente inexplicável. O orientalismo diz 
que a Filosofia só pôde nascer na Grécia devido 
às contribuições que os povos orientais deram 
aos gregos que, transformando-as, criaram a 
Filosofia. Apesar de reconhecermos que algumas 
contribuições dos povos orientais foram de fato 
utilizadas pelos gregos, estes deram um caráter 
qualitativo aos conhecimentos que antes eram 
somente quantitativos e práticos. Ambas as teorias, 
“milagre grego” e orientalismo não são corretas, 
uma vez que o que está na raiz da Filosofia, 
como fatores que possibilitaram seu nascimento, 
são as condições históricas, econômicas, sociais 
e culturais da Grécia dos séculos VII e VI a.C. 
que prepararam o “terreno fértil” para que surgisse 
essa atitude investigativa e crítica sobre o cosmos.
2. As navegações marítimas foram fundamentais 
para o nascimento da Filosofia, uma vez que 
por meio delas os gregos puderam verificar 
empiricamente que os mitos marítimos, sobre 
a existência de monstros que povoariam o mar, 
terras habitadas por deuses, abismos no horizonte 
não eram verdadeiros. Tais histórias, presentes 
no imaginário dos gregos, foram gradativamente 
perdendo sua força, e um dos principais motivos 
dessa transformação foram as viagens. Além 
disso, as viagens marítimas tiveram um papel 
importantíssimo no desenvolvimento do comércio 
entre os povos, o que contribuiu decisivamente 
para que houvesse uma troca de informações 
de povos diferentes, consequentemente levando 
à constatação de que as histórias míticas são 
muitas e variadas, levando também à constatação 
de que tais narrativas poderiam não ser verdades 
incontestáveis e absolutas.
3. A tradição mitológica diz respeito à tradição 
grega anterior aos séculos VII e VI a.C., 
quando nasce o pensamento filosófico. Esse 
modo de explicar o cosmos se caracteriza 
pela crença na divindade, aquela que rege e 
faz que tudo aconteça. As narrativas míticas 
representavam para os gregos a única verdade 
possível, tanto que eram indiscutíveis, como 
eram inquestionáveis também aqueles que os 
transmitiam, denominadospoetas rapsodos. 
O mito se baseia na fé / confiança daqueles que 
o recebem, uma vez que é a própria revelação 
dos deuses ao homem. O mito não necessita ser 
explicado à razão, ele encontra eco no imaginário 
de um povo, onde se fundam sua eficácia e força. 
Por outro lado, a Filosofia caracteriza-se pela 
racionalidade e necessidade de compreensão 
do que é dito. Não há mais a força da crença 
e da autoridade de quem diz, mas a força se 
estabelece naquilo que se diz, pois a ideia 
precisa ser clara à razão de todos. Um discurso 
racional, inteligível e não contraditório, baseado 
na reflexão, investigação e crítica.
A origem da Filosofia
28 Coleção Estudo
4. Quando se fala de tipos ou modos de conhecimento 
não é possível apontar aqueles que são melhores e 
aqueles que ocupam a segunda ou terceira posição 
em relação à sua importância. Se a Filosofia se 
baseia na razão como forma de compreensão 
do mundo, o mito se funda na imaginação com 
os mesmos propósitos. Com isso, não é correto 
afirmar que a razão é mais importante que a 
imaginação, portanto, que a Filosofia é mais 
“correta” ou “verdadeira” que a mitologia. Trata-se 
de tipos ou modos de conhecimento distintos. 
Ambos têm igual dignidade e ocupam a mesma 
posição em relação à necessidade de conhecer do 
homem, diferenciando-se tão somente quanto à 
sua origem, método e características.
5. Para Platão e Aristóteles, o mito pode ser 
considerado um modo inferior de conhecimento. 
Dessa forma, ele é tido como uma narrativa 
que não está preocupada com a verdade em si, 
com o conhecimento verdadeiro da realidade e 
do homem, mas está comprometido com um 
discurso explicativo que busca a satisfação 
do desejo de conhecer ou explicar, sem se 
importar com a verdade última das coisas que 
Platão julga estar no inteligível e Aristóteles no 
sensível. 
 A posição assumida pelo aluno precisa estar 
bem fundamentada. Dessa forma, pode-se 
argumentar:
 posição favorável: O mito, baseando-se na 
imaginação e não estando comprometido com 
o conhecimento das essências ou natureza 
última dos seres, não pode ser considerado 
um conhecimento verdadeiro. Não passa de 
narrativas que tentam convencer, persuadir a 
partir de fantasias que não servem para dizer 
a realidade dos seres. Segundo Platão, o mito 
encontraria respaldo como forma de explicação 
quando a razão se torna insuficiente para explicar 
a realidade.
 posição contrária: O mito é uma forma 
particular de explicar o mundo e os seres. Dessa 
forma, não há de se questionar se é válido ou 
inválido, verdade ou mentira, mas há de se 
considerar somente que é uma forma diferente de 
outras, como a Filosofia, de explicar o real. Dessa 
forma, discorda-se de Platão e Aristóteles, uma 
vez que defendem a inferioridade do mito, não 
levando em consideração as diferenças inerentes 
que constituem essa forma distinta de explicação 
da realidade. 
6. Os pré-socráticos foram os primeiros filósofos 
da história. Sua atitude diante do cosmos lança 
as raízes daquilo que se conhecerá a partir de 
então por Filosofia. A guinada de atitude que 
eles representam se constitui exatamente na não 
aceitação de respostas fictícias e imaginárias sobre 
a origem do universo e seu funcionamento. Tais 
respostas míticas representavam a autoridade da 
religião e da tradição, não sendo, por si mesmas, 
racionais e inteligíveis, mas misteriosas e acríticas. 
Tal guinada representa a busca por respostas 
racionais, baseadas no próprio homem, em sua 
observação e estudos da natureza. A partir dos 
pré-socráticos, temos o início da Filosofia que, 
mais do que um conjunto de saberes, é antes de 
tudo uma atitude crítica e investigativa em busca 
de respostas racionalmente justificáveis.
7. Podemos afirmar que o objetivo do pensamento 
de Heráclito e Parmênides é o mesmo, encontrar 
a verdade sobre os seres. Porém, as posições 
defendidas por eles são fundamentalmente 
distintas. Parmênides defenderá o imobilismo. 
Considerado como um monista, afirma que os 
seres possuem uma aparência e uma essência, 
sendo que esta é imutável, e aquela está em 
constante mudança. Por isso, afirma que o ser é, ou 
seja, o que existe é somente a essência, que será 
conhecida pela razão e não pelos sentidos. O Não 
Ser seria o nada, e por isso não é, ou seja, como 
a aparência está em constante transformação, 
ela não é nada, uma vez que aquilo que é em um 
instante deixa de ser no instante posterior. 
 Já Heráclito defenderá que não existe uma 
diferença entre essência e aparência, mas 
que todas as coisas são somente aparência 
e que mudam o tempo todo. Dessa forma, é 
um mobilista, pois afirma que tudo está em 
movimento e se altera. O conhecimento dos seres 
é somente o conhecimento obtido pelos sentidos. 
Para além da aparência dos seres, existe o 
Logos, que é aquele que dá a unidade em meio 
à pluralidade das transformações e dos opostos. 
O Logos, entendido como razão, pensamento, dá 
a lógica ao movimento e à luta dos contrários, 
fazendo com que as coisas sejam compreendidas 
mesmo na multiplicidade. 
8. Os pensadores pré-socráticos, chamados por 
Aristóteles de physiólogos ou pensadores da 
natureza, foram os primeiros homens da história 
a se dedicarem a encontrar uma explicação 
puramente racional para a origem do universo. 
Rompendo com a tradição mítica, eles queriam 
explicar a origem do universo de forma não 
fantasiosa, por meio de pensamentos próprios 
e não por revelações de seres sobrenaturais. 
Acreditando que tudo o que existe na natureza 
é resultado de uma relação de causa e efeito, 
acreditavam que, se encontrassem a primeira 
causa de todas as coisas, encontrariam a 
resposta para a origem do cosmos. A essa causa 
primeira deram o nome de arché, que seria uma 
espécie de matéria-prima inicial da qual todas 
as coisas teriam surgido. Por exemplo, Tales 
acreditava que a arché do universo era a água. 
Dessa forma, via na água o princípio de todas as 
coisas existentes. 
Seção Enem
01. B
Frente A Módulo 02
2 Coleção Estudo
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fia Frente A
03 3 Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
Autor: Richard Garcia Amorim
04 19 Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigoAutor: Richard Garcia Amorim
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O julgamento e a morte de 
Sócrates
Sócrates foi levado ao tribunal como réu pela primeira vez 
e dali saiu direto para a prisão para aguardar o dia de sua 
morte. Suas acusações: corromper a juventude e impiedade. 
Impiedade significa que ele fora acusado de introduzir novas 
crenças e de ensinar novos deuses para os cidadãos. Um dos 
argumentos que sustentam essa tese é o de que Sócrates 
dizia escutar uma voz interior, o daímon, acreditando que 
este seria como deus que lhe indicava o que não deveria fazer. 
Ao ser acusado de corromper os jovens, é acusado de 
perverter os filhos dos aristocratas com seus ensinamentos, 
levando-os a duvidarem dos valores tradicionais atenienses. 
Ao que tudo indica, o julgamento foi manipulado. Sócrates 
não se defendeu e aceitou sua condenação. Mesmo no 
período em que esteve preso, esperando o dia de sua morte, 
tendo possibilidade de fugir, ele não aceitou tal proposta em 
fidelidade às leis da cidade. 
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Sócrates no leito de morte, 1787.
A verdadeira injustiça do julgamento está no fato de 
que os juízes não aceitaram o ensinamento socrático 
mais importante: o de que, para passar da doxa, dos 
preconceitos, à ciência, à verdade, é necessário não aceitar 
passivamente o que está posto e cristalizado como verdade 
incontestável. Para saber o que é a virtude, a coragem, 
a justiça, a piedade, etc., valores caros aos cidadãos e à 
polis, é necessário, antes de tudo, saber de fato o que são 
esses valores e não simplesmente aceitar o que eles parecem 
ser, as opiniões sobre eles. No fundo, a cidade tinha medo 
de Sócrates. Seus questionamentos, seus diálogos e sua 
eloquência ameaçavam os mais poderosos,que temiam que 
o pensamento levasse à dúvida, ao desrespeito às leis e, 
ainda mais grave, que mostrasse aos homens que os que 
em primeiro lugar e antes de todos deveriam respeitar e 
serem fieis às leis não o faziam. 
EXERCÍOS DE FIXAÇÃO
01. Atenas, pelo papel de liderança na guerra contra os 
persas, pela prosperidade econômica crescente e pelos 
poetas que haviam elevado sua vida intelectual a alturas 
jamais alcançadas antes, tornou-se o centro intelectual 
da Grécia. Quem quisesse ganhar reputação como 
pensador tinha que passar por Atenas. Os produtos 
do mundo inteiro estavam à disposição do cidadão de 
Atenas. Novas estátuas dos deuses erguiam-se com 
esplendor, no imortal trabalho dos mais finos artistas. 
O povo ouvia, nos festivais de Dionisos, as palavras e 
cantos da tragédia e deliciava-se com a engenhosidade 
flamejante e barulhenta da comédia. Multidões se 
acotovelavam nas salas de conferência dos sofistas, 
com sua nova sabedoria vestida no manto belo e 
sedutor da linguagem, convidando os jovens a serem 
seus alunos. O demos aquecia-se ao sol, na serena 
consciência do poder, quando se sentava no Pnyx 
nos tribunais.
ZELLER, E. Outlines of the history of Greek Philosophy. 
Kegan Paul: Londres, 1931. p. 95. 
A partir do texto e daquilo que foi estudado sobre o 
contexto histórico de Atenas, EXPLIQUE por que foi 
necessária uma nova educação ou Areté na cidade. 
02. Não se faz democracia, nos moldes atenienses, sem 
que os homens tenham a capacidade e habilidade de 
falarem, de exporem suas ideias, de manifestarem seus 
argumentos.
A partir do trecho anterior, EXPLIQUE o papel dos sofistas 
para a vida política da cidade. 
03. Perguntando sempre “o que é ...?”, Sócrates se põe a 
serviço da verdade em busca de definições claras e únicas 
sobre aquilo que determina as ações humanas.
De acordo com o estudado, EXPLIQUE a atitude de 
Sócrates expressa no trecho anterior e sua importância 
para a filosofia. 
Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
18 Coleção Estudo
05. A filosofia socrática se baseia, fundamentalmente, nas ideias 
do “Conhece-te a ti mesmo” e do “Só sei que nada sei”.
EXPLIQUE, a partir do estudado sobre Sócrates, 
o significado dessas frases.
06. [...] E tais conhecimentos foram despertados nele como de 
um sono; e creio que se alguém lhe fizer repetidas vezes e 
de várias maneiras perguntas a propósito de determinados 
assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como 
qualquer pessoa da tua sociedade [...] Ele acabará sabendo, 
sem ter possuído mestre, graças a simples interrogações, 
extraindo o conhecimento de seu próprio íntimo [...]
 PLATÃO. Ménon. 85a-86e.
RELACIONE a citação anterior com a maiêutica socrática. 
07. A retórica ensina, em primeiro lugar, que o que conta 
não é o fato em si, mas o que dele aparece, aquilo que 
pode persuadir os homens. É a arte do logos que não é 
somente discurso e raciocínio, mas também aparência e 
opinião, na medida em que estas se opõem aos fatos, 
e sua finalidade é a persuasão. Em honra dos sofistas, 
deve ser dito que a persuasão é preferível à força e à 
violência e que a retórica é, por excelência, uma arte 
democrática que não pode florescer numa tirania. Por 
isso, Aristóteles lembra que o nascimento da retórica em 
Siracusa coincidiu com a derrubada do tirano.
GUTHRIE. W. K. C. The Sophists. Cambridge University Press: 
Londres, 1971. p. 188. 
A partir do texto anterior, EXPLIQUE por que a visão de 
que todos os sofistas eram enganadores e inescrupulosos, 
defendida por alguns autores, nem sempre é precisa. 
08. Ficai certos de uma coisa: se me condenares por ser eu 
como digo, causareis a vós mesmos maior prejuízo que a 
mim. [...] Neste momento, atenienses, longe de atuar em 
minha defesa, como poderiam acreditar, atuo na vossa, 
evitando que, com a minha condenação, cometais uma 
falta para com a dádiva que recebestes do deus. Se me 
matardes, não vos será fácil encontrar outro igual, outro 
que, embora seja engraçado dizê-lo, por ordem divina se 
agarre inteiramente à cidade, como a um cavalo grande 
e de raça, mas um tanto lerdo por causa do tamanho e 
precisado de uma mosca-de-madeira que o estimule [...] 
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 
1999. Coleção Os Pensadores. p. 81.
A citação anterior foi retirada da obra Apologia de 
Sócrates, em que o filósofo se defende diante do 
tribunal devido às acusações que recebeu de corromper 
a juventude e impiedade. 
De acordo com o texto, JUSTIFIQUE a posição de 
Sócrates ao dizer que a cidade seria mais prejudicada 
com sua morte do que ele próprio. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. Registra-se também que Protágoras ensinava “a tornar 
mais forte o argumento mais fraco”. O que não quer 
dizer que Protágoras ensinasse a injustiça e a iniqüidade 
contra a justiça e a retidão, mas, simplesmente, que ele 
ensinava os modos como, técnica e metodologicamente, 
era possível sustentar e levar à vitória o argumento 
que, em determinadas circunstâncias, podia ser o mais 
fraco na discussão (qualquer que fosse o conteúdo 
em exame).
REALIE, Giovanni. História da filosofia: filosofia pagã antiga. 
v. 1. São Paulo: Paulus, 2003. p. 77. 
A partir de seus conhecimentos sobre o assunto, REDIJA 
um texto relacionando o trecho anterior com o relativismo 
sofista. 
02. A verdade, porém, é outra, ó atenienses: quem sabe 
é apenas o deus, e ele quer dizer, por intermédio de 
seu oráculo, que muito pouco ou nada vale a sabedoria 
do homem, e, ao afirmar que Sócrates é sábio, não se 
refere propriamente a mim, Sócrates, mas só usa meu 
nome como exemplo, como se tivesse dito: “Ó homens, 
é muito sábio entre vós aquele que, igualmente a 
Sócrates, tenha admitido que sua sabedoria não possui 
valor algum”.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: 
Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. p. 73.
REDIJA um texto explicando qual é a verdadeira 
educação segundo Sócrates e como o conhecimento pode 
ser alcançado. 
03. […] enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei 
de filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião 
àquele de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que 
costumo: “Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais 
importante e mais reputada por sua sabedoria, não 
te envergonhas de cuidares de adquirir o máximo de 
riquezas, fama e honrarias, e de não te importares nem 
pensares na razão, na verdade e em melhorar tua alma?” 
E se algum de vós responder que se importa, não irei 
embora, mas hei de o interrogar, examinar e refutar e, 
se me parecer que afirma ter adquirido a virtude sem a 
ter, hei de repreendê-lo por estimar menos o que vale 
mais e mais o que vale menos […].
PLATÃO. Apologia de Sócrates, 29 d-e.
De acordo com o texto e com o estudado sobre Sócrates, 
EXPLIQUE o que o filósofo quer dizer ao afirmar que os 
homens deveriam “melhorar sua alma”. 
04. O homem é a medida de todas as coisas; das que são por 
aquilo que são e das que não são por aquilo que não são.
EXPLIQUE, de acordo com o estudado, a citação do 
sofista Protágoras.
Frente A Módulo 03
19Editora Bernoulli
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GABARITO
Fixação
01. Com as transformações históricas, econômicas 
e políticas ocorridas em Atenas, a antiga 
educação dos jovens, que se voltava quase que 
exclusivamente para a aristocracia ateniense, se 
preocupando com a formação do guerreiro bom 
e belo, não atendia mais à realidade da cidade. 
Diante das transformações, marcadas pelas 
exigências de uma nova classe social formada 
pelos comerciantes, pela presença das artes e do 
artesanato e, principalmente, da democracia, foi 
necessário uma nova Areté, agora voltada para a 
política, para a formação do cidadão que buscava 
a excelência, a perfeição moral, enfim, as virtudes 
cívicas. Para isso, era necessário educar o jovem 
para que este pudesse participar ativamente da 
vida pública da cidade. 
02. Os sofistaseram mestres de retórica. Eles 
constituíam um grupo de professores, conhecidos 
como sábios em sua época, que se dedicavam a 
ensinar a arte da retórica e da oratória. Diante 
das mudanças ocorridas na Grécia, as cidades 
agora são governadas pelos homens que, em 
praça pública, discutem política. Nesse contexto, 
era fundamental que os cidadãos pudessem 
apresentar com eficiência e clareza suas ideias, 
uma vez que, em uma democracia participativa, 
todos os cidadãos têm o direito de falar e de 
apresentar seus argumentos e ideias. Dessa 
forma, os jovens eram educados na arte da 
sofística, que consiste em apresentar de forma 
convincente e sedutora os argumentos a fim de 
vencer uma discussão. 
03. Sócrates é tido por alguns como o verdadeiro 
fundador da Filosofia. Tal importância se deve ao fato 
de que Sócrates, diferentemente dos pensadores 
anteriores, os pré-socráticos, se preocupou 
com o homem e com sua vida em sociedade. 
O fundamento de sua filosofia encontra-se 
exatamente no fato de buscar verdades que 
deveriam orientar a vida dos homens em 
sociedade. Ao perguntar “o que é...?”, Sócrates 
pretende encontrar as verdades ou conceitos 
únicos que deveriam ser o fundamento de todos 
os atos humanos. Uma de suas contribuições 
definitivas à Filosofia foi orientar a investigação 
das ideias para a busca da verdade única, seu 
objeto por excelência. 
SEÇÃO ENEM
01. Um de vós poderia intervir: “Afinal, Sócrates, qual é 
a tua ocupação? Donde procedem as calúnias a teu 
respeito? Naturalmente, se não tivesses uma ocupação 
muito fora do comum, não haveria esse falatório, 
a menos que praticasses alguma extravagância. 
Dize-nos, pois, qual é ela, para que não façamos nós 
um juízo precipitado.” Teria razão quem assim falasse; 
tentarei explicar-vos a procedência dessa reputação 
caluniosa. Ouvi, pois. Alguns de vós achareis, talvez, 
que estou gracejando, mas não tenhais dúvida: 
eu vos contarei toda a verdade. Pois eu, Atenienses, 
devo essa reputação exclusivamente a uma ciência. 
Qual vem a ser a ciência? A que é, talvez, a ciência 
humana. É provável que eu a possua realmente, 
os mestres mencionados há pouco possuem, quiçá, 
uma sobre-humana, ou não sei que diga, porque essa 
eu não aprendi, e quem disser o contrário me estará 
caluniando. Por favor, Atenienses, não vos amotineis, 
mesmo que eu vos pareça dizer uma enormidade; 
a alegação que vou apresentar nem é minha; citarei 
o autor, que considerais idôneo. Para testemunhar 
a minha ciência, se é uma ciência, e qual é ela, 
vos trarei o deus de Delfos. 
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 
1999. Coleção Os Pensadores. p. 65.
Sócrates concebe a vida política como o meio legítimo de 
as pessoas encontrarem o melhor caminho para a vida em 
sociedade. Essa verdade deve, no entanto, ser a mesma 
para todos, uma vez que o conhecimento verdadeiro o é 
para todos. Segundo Sócrates, o melhor caminho seria 
aquele que
A) é decidido pela sociedade na praça pública ou em 
assembleia política, uma vez que todos têm os 
mesmos direitos na polis.
B) busca a justiça entendida como essência ou verdade 
única, pois esta seria a verdadeira guia das ações 
humanas.
C) fosse decidido pelo melhor discurso proferido pelo 
político e que conseguisse, pela retórica, convencer 
a maior parte da população. 
D) é resultado do “parto das ideias”, que é o modo pelo 
qual as pessoas decidem, por meio do diálogo, qual 
a melhor maneira de se viver em sociedade. 
E) está contido nas leis da cidade, uma vez que, para 
ser justo, é necessário que se viva segundo as leis. 
Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
20 Coleção Estudo
Propostos
01. Os sofistas eram relativistas, pois, ao contrário 
de Sócrates, não acreditavam que havia uma só 
verdade sobre as coisas, ou seja, cada pessoa, de 
acordo com suas experiências e ideias, poderia ter 
sua própria “verdade”, que são relativas a cada 
homem. Dessa forma, a ideia ou “verdade” que 
sobressairia, por exemplo, nas discussões políticas 
na Ágora seria aquela melhor argumentada. 
Dessa maneira, Protágoras, um dos mais 
importantes sofistas, ensinava às pessoas que a 
ele recorriam, e que pagavam por isso, as técnicas 
de argumentação para tornar a ideia, mesmo 
que fraca, mais “forte” que a dos demais e para 
convencer a todos de que tal ideia seria a melhor. 
Vale ressaltar que, como dito anteriormente, aos 
sofistas não importa o conteúdo da ideia, mas tão 
somente como ela é transmitida e argumentada. 
02. Segundo Sócrates, o conhecimento não é 
propriedade de ninguém, pois somente o deus sabe 
tudo, ou seja, somente o deus é sábio. Uma vez 
dito isso, podemos compreender que os mortais, 
dentre eles o próprio Sócrates, devem reconhecer 
que aquilo que eles possuem como conhecimento 
é nada, ou é ínfimo, diante de tudo o que há para 
se conhecer. Portanto, sábio não é quem sabe 
todas as coisas, mas, ao contrário, é sábio aquele 
que sabe que não sabe tudo e, por isso, em uma 
atitude humilde, reconhece sua ignorância. Só a 
partir do reconhecimento da própria ignorância é 
possível alcançar o conhecimento, pois se o homem 
acredita possuir todo o conhecimento, ele se fecha, 
não podendo conhecer mais nada. 
03. Para Sócrates, os bens materiais, a fama, a glória, 
as riquezas não podem trazer a verdadeira felicidade 
e realização ao homem. Somente o conhecimento 
verdadeiro, manifestado nas ações dos homens, 
pode fazê-los melhores. Quando Sócrates se 
refere a melhorar a alma ele está afirmando que 
as preocupações dos homens devem superar as 
preocupações materiais e passageiras, o que só é 
possível pela dialética, entendida como verdadeiro 
remédio da alma. Pelo diálogo e pela busca sincera 
do saber, o homem se torna melhor. Somente o 
conhecimento da verdade pode dar sentido à vida 
humana.
04. Protágoras é um dos mais importantes sofistas. Seu 
pensamento está na base da paidéia sofística, uma 
vez que seus pensamentos darão sentido à prática 
à qual os sofistas se dedicavam. Ao dizer que o 
homem é a medida de todas as coisas, Protágoras 
defende que as verdades são variáveis. Isto 
significa que cada homem pode ter suas próprias 
verdades, pois não existiria uma única verdade 
sobre as coisas. Cada um avalia as coisas segundo 
seus próprios critérios, sendo que a verdade que 
prevalecerá será a daquele que melhor apresentar 
seus argumentos e convencer os demais.
05. Essas afirmações emblemáticas resumem, de certa 
forma, todo o pensamento de Sócrates. A primeira 
frase, “Conhece-te a ti mesmo”, escrita no 
frontispício do Oráculo de Delfos, revela a verdade 
mais clara e evidente defendida pelo filósofo, 
a de que as verdades estão dentro do próprio 
homem. Ao buscar a verdade por meio de um 
exercício de reflexão, o homem encontra dentro de 
si a fonte do conhecimento que poderá torná-lo justo 
e virtuoso. A segunda frase, “só sei que nada sei”, 
revela a crença de Sócrates de que o conhecimento 
é uma busca constante e que o sábio verdadeiro, 
ao reconhecer sua própria ignorância, se abre à 
possibilidade do conhecimento que nunca será 
saciada. Ao contrário, segundo Sócrates, aquele que 
acredita saber tudo, ao se fechar ao conhecimento, 
torna-se ignorante. 
06. Segundo a filosofia de Sócrates, o conhecimento 
encontra-se dentro do próprio homem. Adormecido, 
esse conhecimento precisa ser despertado. Para 
o filósofo, a filosofia não teria outra função a não 
ser levar os homens a despertarem em si aquilo 
que está adormecido, ou seja, as verdades. Pelo 
diálogo, o homem faria o “parto das ideias”. Essa 
imagem do conhecimento como um parto é retirada 
da atividade da mãe de Sócrates, que era parteira. 
Tal como uma parteira ajuda a mulher a dar à luz, 
o filósofo ajuda os homens a fazerem o parto da 
ideia. Isto é a maiêutica socrática. Pelo diálogo, o 
filósofo levava seus interlocutores a encontrarem o 
conhecimento que existe dentro deles mesmos. 
07. A sofísticaocupou papel de destaque na 
democracia grega. Lembremos que a característica 
da democracia participativa é exatamente a 
possibilidade de todos discutirem, expor seus 
argumentos, pensando no que seria melhor para 
a cidade. Dessa forma, a única instância legítima 
na qual as decisões pudessem ser tomadas era a 
praça pública ou Ágora. Se não fosse a discussão 
livre, proporcionando a efetivação da igualdade 
dos cidadãos, a cidade poderia retroceder a um 
regime tirânico, em que somente um tem razão e 
os demais devem obedecê-lo cegamente. 
08. Sócrates acreditava ter recebido dos deuses uma 
missão, a de levar os homens da ignorância ao 
conhecimento verdadeiro. Para isso, utilizava da 
ironia e da maiêutica em seus diálogos, com a 
intenção de fazer o parto da ideias, mostrando para 
os homens que o conhecimento que eles possuíam 
não passava de uma opinião sobre o assunto 
tratado. Devido à sua atividade na cidade, Sócrates 
incomodou profundamente muitos poderosos, 
que se sentiam ameaçados por sua atividade e o 
acusaram por crimes falsos. Diante do tribunal, 
Sócrates afirma que ele era um dom para a cidade, 
ou seja, que ele era necessário exatamente por 
levar os homens da ignorância ao conhecimento. 
Desse forma, sua morte seria um prejuízo para a 
própria Atenas, uma vez que dificilmente surgiria 
outro ‘Sócrates’ capaz de levar os homens ao 
conhecimento verdadeiro e livrá-los da ignorância. 
Seção Enem
01. B
Frente A Módulo 03
36 Coleção Estudo
Segundo Aristóteles, o homem é um “animal político”. 
Isto significa que o homem nasceu para viver na cidade, em 
comunidade e não pode se realizar, encontrar a felicidade, 
sem que conviva com os demais homens. Aristóteles dirá 
que o homem político, o cidadão da polis, é aquele que 
participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na 
administração pública. Os escravos e estrangeiros, assim 
como os homens livres que não tinham tempo para se 
dedicar à política, acabavam sendo meios para atingir 
a felicidade dos verdadeiros cidadãos. O pensamento 
aristotélico traz o preconceito claro da cultura grega de seu 
tempo: aqueles que não são cidadãos, os escravos (bárbaros 
presos de guerra) e estrangeiros têm uma natureza inferior 
à do homem grego. 
Estela funerária de Mnesarete. Um jovem escravo encara sua 
falecida patroa. 380 a.C.. Glyptothek, Munique, Alemanha.
De acordo com o filósofo, o Estado pode ter diferentes 
formas de governo, ou seja, diferentes estruturas ou 
constituições. Assim, Aristóteles dirá que o Estado pode se 
organizar a partir do governo de um só homem, de vários 
homens ou de todos os homens. Porém, seja qual for sua 
organização, o governo do Estado deve sempre garantir o 
bem comum. Se assim não for, ele se torna corrupto, pois 
somente considera os anseios de alguns e não de todos. 
Aristóteles assim classifica os modos de governo possíveis:
Governo a favor de todos 
– Formas corretas –
Governo a favor de 
poucos – Formas 
corruptas –
Monarquia Despotismo ou tirania
Aristocracia Oligarquia
Politía Democracia ou demagogia*
Para o estagirita, as melhores formas de governo, em 
abstrato, seriam a monarquia e a aristocracia. Porém, na 
prática, a politía seria a mais adequada porque valorizaria 
o segmento médio. 
* Democracia seria um governo que se tornaria alheio ao bem 
comum e favoreceria de maneira desproporcional os interesses 
dos mais pobres. Segundo o filósofo, se todos os homens são 
iguais na liberdade, não necessariamente o seriam em outros 
aspectos da vida. 
EXERCÍOS DE FIXAÇÃO
01. É neste contexto que Platão fala do Demiurgo, uma 
espécie de deus-artífice que criou todas as coisas do 
mundo sensível tendo como base as ideias ou formas do 
mundo inteligível.
De acordo com o estudado, EXPLIQUE com suas palavras 
a relação existente entre sensível e inteligível para Platão. 
02. Você está acompanhando, Sofia? E agora vem Platão. 
Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável 
na natureza quanto pelo que é eterno e imutável na 
moral e na sociedade. Sim... para Platão tratava-se, 
em ambos os casos, de uma mesma coisa. Ele tentava 
entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. 
E, para ser franco, é para isto que os filósofos existem. 
Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais 
bonita do ano, ou os tomates mais baratos da feira. (E 
exatamente por isso nem sempre são vistos com bons 
olhos). Os filósofos não se interessam muito por essas 
coisas efêmeras e cotidianas. Eles tentam mostrar o 
que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom”.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução de João Azenha 
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 98.
De acordo com o estudado sobre Platão, EXPLIQUE 
o que querem dizer as referências feitas àquilo que 
é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e 
“eternamente bom” e por que tais termos são importantes 
para a filosofia platônica.
03. Porém, a diferença mais importante entre os mestres 
da filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles 
ao dualismo platônico expresso nas duas realidades, o 
sensível, mundo real e imperfeito, e o inteligível, mundo 
ideal, das formas perfeitas.
EXPLIQUE, segundo o estudado sobre Aristóteles, por 
que o filósofo rejeita o dualismo platônico e onde ele 
acredita poder encontrar a verdade.
Frente A Módulo 04
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37Editora Bernoulli
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
A educação, disse eu, seria uma arte da reviravolta, uma 
arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação 
do modo mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de 
produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem 
ser corretamente orientado e sem olhar na direção que 
deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo.
PLATÃO. República. VII 518D.
Na imagem proposta por Platão, sair da caverna 
representa a educação como uma reviravolta.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra, REDIJA um texto explicando o que 
significa essa reviravolta.
02. Como a temperança, também a justiça é uma virtude 
comum a toda a cidade. Quando cada uma das classes 
exerce a sua função própria, “aquela para a qual a sua 
natureza é a mais adequada”, a cidade é justa. Esta 
distribuição de tarefas e competências resulta do fato de 
que cada um de nós não nasceu igual ao outro e, assim, 
cada um contribui com a sua parte para a satisfação das 
necessidades da vida individual e coletiva. [...] Justiça é, 
portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma 
sob o domínio superior da razão; no estado, é a harmonia 
e a concórdia das classes da cidade.
PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de 
justiça. In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Org.). Ética e 
política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.
REDIJA um texto explicando o conceito de justiça para 
Platão e como essa ideia é essencial para a felicidade da 
cidade. 
03. Conhecer é relembrar.
De acordo com o estudado sobre a teoria de Platão acerca 
da reminiscência da alma, EXPLIQUE a citação anterior. 
04. Sócrates – Tomemos como princípio que todos os 
poetas, a começar por Homero, são simples imitadores 
das aparências da virtude e dos outros assuntos de que 
tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes 
nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que 
desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada 
entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo 
mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?
Glauco – Sim.
PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: 
Nova Cultural, 1997. p. 328.
De acordo com o estudado sobre Platão, REDIJA um texto 
explicando qual é a sua crítica às artes e FUNDAMENTE o 
texto com argumentos da teoria do conhecimento de Platão.
05. Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal 
disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; 
pois, ainda que não levemos em conta a suautilidade, são 
estimados por si mesmos; e, acima de todos os outros, 
o sentido da visão. [...] Por outro lado, não identificamos 
nenhum dos sentidos com a sabedoria, se bem que eles nos 
proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. 
Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma.
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. 
Porto Alegre: Globo, 1969. p. 36 e 38.
REDIJA um texto caracterizando e explicando o tipo de 
conhecimento expresso no trecho anterior.
06. (UFMG) Leia este trecho:
[...] aquele que não faz parte de cidade alguma [ápolis], 
por natureza e não por acaso, é inferior ou superior a 
um homem.
ARISTÓTELES. Política. 1253a.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA um texto 
justificando, do ponto de vista do autor, essa afirmação.
07. (UFMG–2006) Leia este trecho:
Voltemos novamente ao bem que estamos procurando 
e indaguemos o que ele é, pois não se afigura igual 
nas distintas ações e artes; é diferente na medicina, na 
estratégia e em todas as demais artes do mesmo modo. 
Que é, pois, o bem de cada uma delas? Evidentemente, 
aquilo em cujo interesse se fazem todas as outras 
coisas. Na medicina é a saúde, na estratégia a vitória, 
na arquitetura uma casa, em qualquer outra esfera 
uma coisa diferente, e em todas as ações e propósitos 
é ele a finalidade; pois é tendo-o em vista que os 
homens realizam o resto. Por conseguinte, se existe 
uma finalidade para tudo que fazemos, essa será o bem 
realizável mediante a ação [...] Mas procuremos expressar 
isto com mais clareza ainda. Já que, evidentemente, os 
fins são vários e nós escolhemos alguns entre eles [...], 
segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o 
sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, se só 
existe um fim absoluto, será o que estamos procurando 
[...] Ora, nós chamamos aquilo que merece ser buscado 
por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece 
ser buscado com vistas em outra coisa [...] Ora, esse é 
o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco (Livro I, 1097 a . 1097 b). 
Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril 
Cultural, 1979. p. 54-55.
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
ideias presentes nessa obra de Aristóteles, JUSTIFIQUE 
esta afirmativa:
É absurdo perguntar para que queremos ser felizes.
Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo
38 Coleção Estudo
08. (UFMG–2008) Leia este trecho:
Com efeito, ter a noção de que a Cálias, atingido de tal 
doença, tal remédio deu alívio, e a Sócrates também, e, 
da mesma maneira, a outros tomados singularmente, é 
da experiência; mas julgar que tenha aliviado a todos os 
semelhantes, determinados segundo uma única espécie, 
atingidos de tal doença, como os fleumáticos, os biliosos 
ou os incomodados por febre ardente, isso é da arte.
ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I, cap. I. Tradução de 
Vinzenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
informações presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA 
um texto, explicando, do ponto de vista do autor, a 
diferença entre arte (conhecimento técnico) e experiência.
SEÇÃO ENEM
01. Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os 
animais têm o poder de captar as impressões que atingem 
a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com 
a essência e considerar a sua utilidade, é o que só com 
tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a quem 
é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, 
por conseguinte, não é que reside o conhecimento, mas 
no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que 
parece, para atingir a essência e a verdade; de outra 
forma é impossível.
PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: 
Universidade Federal do Pará, 1973. p. 80.
Platão acredita que o conhecimento verdadeiro é possível 
de ser alcançado pelo homem. A parte da filosofia que 
trata da possibilidade do conhecimento é denominada 
epistemologia. De acordo com a epistemologia de Platão, 
para chegar ao conhecimento seguro, seria necessário que 
A) os homens confiassem nas impressões que recebem 
do mundo sensível, pois estas levam à formação de 
ideias por meio da repetição das experiências.
B) as impressões fossem comuns a todos os homens, 
uma vez que todos possuem as mesmas capacidades 
sensitivas que permitem o conhecimento do mundo.
C) os homens desconfiassem dos sentidos, pois 
suas variações entre os indivíduos podem levar à 
imprecisão sobre os objetos, fonte do conhecimento. 
D) o raciocínio humano a respeito das impressões fosse 
analisado em seus pormenores, uma vez que o 
conhecimento verdadeiro não pode admitir falhas ou 
erros.
E) os homens se dedicassem ao exercício da razão, uma 
vez que os sentidos, sendo imprecisos e variando em 
seus dados de homem para homem, podem levar ao 
engano. 
GABARITO
Fixação
01. Platão separa a realidade em duas dimensões. 
A realidade imaterial ou inteligível é a realidade do 
mundo superior, em que existem as ideias perfeitas 
e imutáveis. A realidade material ou sensível é a 
realidade do mundo real que pode ser percebida 
pelos sentidos. Esta realidade sensível é a cópia da 
realidade inteligível. Lá estão as formas, os modelos 
ideais que foram utilizados pelo Demiurgo, espécie 
de semideus, para criar todas as coisas do sensível. 
O que há no inteligível só pode ser conhecido por 
meio da razão, enquanto o sensível pode ser 
conhecido pela experiência. 
02. O “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom” referem-se às ideias do 
inteligível, ou ideias perfeitas, que são a origem e a 
essência do mundo sensível. A preocupação central da 
filosofia platônica é com o conhecimento verdadeiro, 
aquele que não é adquirido pela impressão das coisas 
no sensível, mas que é adquirido pelos homens na 
realidade superior, que é a realidade inteligível. 
Os termos se referem exatamente às ideias que 
são a perfeitas e imutáveis, por isso eternamente 
verdadeiras, eternamente belas e eternamente boas. 
03. Aristóteles, apesar de ser discípulo de Platão, 
discorda de seu mestre em relação ao caminho para 
o conhecimento, o que é chamado na filosofia de 
epistemologia. Segundo Aristóteles, não haveria dois 
mundos, como Platão afirmara, diferenciando um 
como perfeito e imutável e outro como imperfeito e 
mutável. Para Aristóteles, existe uma única realidade, 
e é nela que os homens devem encontrar as verdades. 
Desse modo, sua metafísica não busca o que está 
fora dos seres, mas busca nos próprios seres sua 
substância ou essência, que são encontradas pelo 
método indutivo, partindo da experiência sensível 
dos seres. 
Propostos
01. Para Platão, o significado dessa reviravolta seria 
a introdução de uma ciência numa alma que 
redirecionasse o olhar que estaria atrelado ao 
conhecimento sensível, este preso às crenças e 
opiniões (doxa), no qual poderíamos afirmar que não 
havia a “luz da verdade”. Esta passagem (poreia) 
ao conhecimento inteligível, este representado pela 
saída do “homem” da caverna (filósofo), se daria 
a partir do processo educacional (paideia) no qual 
homem seria corretamente orientado. Assim, após 
inúmeras ciências trabalhadas, o homem estaria 
apto a maior de todas as ciências, a dialética. Esta 
faria a conversão da alma, da noite para o dia, das 
trevas para a luz, e afastaria o “olhar” da alma da 
lama grosseira para elevá-la para a região superior 
(topos).
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02. Segundo Platão, justiça é a ordem determinada pela 
própria natureza última dos seres. Dessa forma, 
ser justo, seria obedecer tal ordem, pois esta faz 
com que as coisas estejam de acordo com sua 
própria finalidade. Na citação anterior, Platão trata 
de sua teoria política, da ordem natural da cidade, 
formando então a cidade justa. Nesta, os melhores 
em inteligência,educados adequadamente na 
dialética pelos filósofos, seriam os responsáveis 
pelo governo, os chamados reis-filósofos. Abaixo 
destes, estaria a classe dos guerreiros ou soldados 
que, fiéis aos governantes, fariam com que as leis 
determinadas por estes fossem cumpridas pelo 
povo, que ocuparia o último estamento dessa 
pirâmide hierárquica. Dessa maneira, cumpriria-se 
a justiça na cidade, uma vez que cada homem 
ocuparia seu lugar e realizaria suas atividades 
segundo sua própria natureza. Só assim, segundo 
o filósofo, a cidade poderia ser feliz, ou seja, cada 
homem seria feliz quando ocupasse seu lugar 
devido, de acordo com sua natureza, e a própria 
cidade, governada dessa forma, proporcionaria a 
todos as condições para a felicidade. 
03. De acordo com a teoria do conhecimento de 
Platão, o conhecimento é resultado de um processo 
de lembrança de reminiscência. As ideias ou o 
conhecimento verdadeiro já estão no homem, que, 
uma vez no mundo inteligível, contemplava as 
ideias, como narra o mito de Er. Porém, a alma que 
um dia esteve na verdade perdeu suas asas e bebeu 
da água do rio do esquecimento, ao encarnar-se 
num corpo material. A partir desse momento, 
a alma daqueles que querem conhecer está em 
um contínuo processo de recordação, tentando, 
impulsionada pelo amor, recordar das ideias que 
um dia contemplou. Desse modo, o conhecimento 
é somente lembrança da verdade, que consiste nas 
ideias inteligíveis. 
04. Segundo Platão, há duas realidades que são 
essencialmente diferentes. A realidade inteligível é 
perfeita e fonte de tudo o que existe na realidade 
sensível. Ou seja, o que há na realidade sensível é 
cópia imperfeita das ideias do inteligível. Uma vez 
que o homem busca o conhecimento, este deve 
ser daquilo que é verdadeiro em si, ou seja, das 
ideias e não das cópias. As obras de arte são as 
representações do que já é representação, é a 
cópia da cópia. Dessa forma, as obras de arte não 
aproximam o homem da verdade, mas o colocam 
mais preso às coisas materiais, não libertando a 
alma para que encontre o verdadeiro conhecimento. 
05. O tipo de conhecimento da citação anterior é o 
conhecimento empírico ou sensível. Aristóteles 
acredita que o único caminho até o conhecimento 
verdadeiro é o uso da experiência, dos cinco 
sentidos. Dessa forma, a verdade é resultado das 
experiências do homem, quando este apreende, 
pelos sentidos, principalmente pela visão, os dados 
empíricos, sensíveis dos seres, que levam à ideia 
do ser, à sua essência ou substância. Tal processo 
lógico é conhecido como indução, pois parte das 
experiências particulares de seres da mesma 
espécie para se alcançar uma ideia geral sobre o ser.
06. Sabemos que Aristóteles coloca o homem como um 
“homem político”, “um ser social” dotado de um 
“instinto social”. Assim, o filósofo trabalha, nesse 
fragmento, a posição do homem perante a cidade a 
partir de dois pontos:
 1º O homem poderia ser superior se pudesse 
subsistir somente com ele próprio, sem a 
necessidade do outro. Este homem seria, acima 
de qualquer outro homem, “normal”, uma vez que 
esse homem “normal” necessariamente precisaria 
de uma sociedade para viver.
 2º O homem seria inferior, pois estaria fora da 
necessidade do homem da polis. Estaria em 
um estado de “condição natural”, ou seja, não 
estaria como homem, mas como um animal que 
não é político e subsiste de forma independente.
07. Ao analisarmos a obra de Aristóteles, Ética a 
Nicômaco, nos deparamos com o fato de que 
sermos felizes constitui uma atividade, e esta 
felicidade é realizada a partir de ações. Em cada 
ação, o homem busca um bem que é um bem si 
mesmo, um bem absoluto, e este bem se chama 
felicidade (eudaimonia). Ressaltamos que a busca 
da felicidade se dá a partir de ações que são 
realizadas no decorrer da vida, não somente restrita 
a um único momento. Dessa forma, seria absurdo 
perguntarmos para que queremos ser felizes, uma 
vez que a felicidade se constitui em cada ação 
realizada pelo homem, na busca do sumo bem 
(bem supremo) mediante a sua razão (atividade da 
alma segundo a razão). O homem deverá buscar 
o bem supremo, a felicidade, numa atividade 
constante, tendo assim o hábito para que atinja 
constantemente este bem maior no final de cada 
ação e no decorrer de sua vida, como ressaltado 
por Aristóteles. Para o filósofo, a felicidade plena 
é alcançada quando o homem exerce aquilo que o 
diferencia dos outros seres, a racionalidade, e esta, 
encontrando as virtudes entendidas com o justo 
meio entre os excessos e extremos, diz o que o 
homem deve fazer para se tornar um bom cidadão. 
08. Para Aristóteles, a primeira forma de conhecimento 
que adquirimos se faz a partir da experiência. 
Esta é formada a partir das sensações, arquivadas 
na memória e que, com a repetição, funda uma 
experiência única. A experiência é um conhecimento 
singular, particular, no qual o homem que a executa 
sabe como fazer, porém não conhece as razões, 
nem os porquês, mas sabe que resultará em uma 
ação efetiva, por exemplo, o remédio que deu alívio 
a Cálias e, logo após, a Sócrates. No momento em 
que o homem consegue unir várias experiências e 
colocá-las a partir de princípios universais, de juízos 
universais, cria-se a arte, por exemplo, saber que 
todos os doentes atingidos por tal doença serão 
aliviados. Arte é o conhecimento dos homens 
teóricos, que dominam os conhecimentos técnicos e 
que, por sua vez, sabem fazer e sabem “os porquês”. 
Portanto, Aristóteles julga que há mais saber e 
conhecimento na arte do que na experiência, que 
os homens de arte são mais sábios que os homens 
de experiência. No entanto, a arte ainda não é o 
conhecimento por excelência, obtido somente com a 
teoria ou ciência (metafísica) 
Seção Enem
01. E
Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo
2 Coleção Estudo
Su
m
ár
io
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 F
ilo
so
fia Frente A
05 3 Helenismo: a difusão da cultura grega e a busca pela felicidade
Autor: Richard Garcia Amorim
06 17 Filosofia cristã: a relação entre fé e razãoAutor: Richard Garcia Amorim
12 Coleção Estudo
Pi
er
re
 P
u
je
t
Alexandre visita Diógenes. O rei admirava tanto o “cão” que 
disse: “Na verdade, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser 
Diógenes”.
O encontro de Alexandre com Diógenes de Sinope. Pierre Pujet, 
1680. Museu do Louvre. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Intelectual e espiritualmente, de fato, a época de 
Alexandre assinala na Grécia uma mudança decisiva, 
que afetou especialmente as minorias cultas. No novo 
mundo dos grandes impérios, quando a civilização grega 
já tinha se espalhado por todo o Oriente próximo, [...] os 
horizontes do indivíduo grego viam-se consideravelmente 
alargados, mas ao mesmo tempo este havia perdido o 
sentimento de segurança que a vida da antiga cidade 
podia lhe dar.
Segundo o texto, no Período Helenístico, “os horizontes 
do indivíduo grego viam-se consideravelmente alargados, 
mas ao mesmo tempo este havia perdido o sentimento 
de segurança que a vida da antiga cidade podia lhe dar”. 
REDIJA um texto explicando o que isso representou para 
os gregos dessa época.
02. EXPLIQUE por que a ideia de cosmopolitismo foi 
importante para o Período Helenístico. 
03. No Período Helenístico “a sensação de isolamento, 
desenraizamento e insegurança era, de fato, forte o bastante 
para estimular muitos homens a buscar uma forma de vida 
que lhes proporcionasse uma íntima sensação de segurança 
e estabilidade. Isto foi o que as novas filosofias do Período 
Helenístico se puseram a proclamar.”
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando a 
importância das escolas filosóficas para o Período Helenístico. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
Dependendo das condições anteriores, o mesmo vinho 
parece azedo para aqueles que acabaram de comer 
tâmaras ou figos, mas parece ser doce para aqueles que 
consumiram nozes ou grão-de-bico. E o vestíbulo da casa 
de banhos esquenta os que entram, mas esfria os quesaem, se ficam esperando nele. Dependendo de se estar 
com medo ou confiante, o mesmo objeto parece temível 
ou terrível ao covarde, mas de forma alguma a alguém 
mais corajoso. Dependendo de se estar em sofrimento ou 
em situação agradável, as mesmas coisas são irritantes 
para os que sofrem, e agradáveis para os que estão bem.
..........................................................................
.......................................................................... 
Se, então, não se pode preferir uma aparência à outra, 
com ou sem uma demonstração ou um critério, as 
diferentes aparências que ocorrerem, em diferentes 
condições, serão indecidíveis. De modo que a suspensão 
do juízo com relação à natureza dos existentes externos 
é introduzida também desse modo.
SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes pirrônicas I, 110-117.
Com base na leitura desse trecho, REDIJA um texto 
caracterizando a corrente filosófica que defende as 
afirmações nele contidas.
02. Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não 
luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, 
como ainda proporciona ao homem os meios para 
enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos 
períodos em que conseguimos levar uma existência rica, 
predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos 
prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). 
Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. 
São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 41.
REDIJA um texto respondendo à seguinte pergunta: 
simplicidade é sinônimo de felicidade?
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03. Leia o trecho a seguir.
Mas acontecem muitos sobressaltos tristes, horríveis, 
duros de se agüentar. 
Como não podia afastar-vos deles, armei vossos espíritos 
contra todos: suportai bravamente. Nisto vós estais à 
frente de um deus: ele está à margem do sofrimento dos 
males, vós, acima do sofrimento.
Desprezai a pobreza: ninguém vive tão pobre quanto 
nasceu. Desprezai a dor: ou ela terá um fim ou vos dará 
um. Desprezai a morte: a qual vos finda ou vos transfere. 
Desprezai o destino: não dei a ele nenhuma lança com 
que ferisse o espírito.
Antes de tudo, tomei precauções para que ninguém vos 
retivesse contra a vontade; a porta está aberta: se não 
quiserdes lutar, é lícito fugir. Por isso, de todas as coisas 
que desejei que fossem inevitáveis para vós, nenhuma 
fiz mais fácil do que morrer.
Coloquei a vida num declive: basta um empurrãozinho. 
Prestai um pouco de atenção e vereis como é breve e 
ligeiro o caminho que leva à liberdade [...]
A isso que se chama morrer, esse instante em que a 
alma se separa do corpo é breve demais para que se 
possa perceber tão grande velocidade: ou o nó apertou 
a garganta, ou a água impediu a respiração, ou a dureza 
do chão arrebentou os que caíram de cabeça, ou a sucção 
de fogo interrompeu o respirar; seja o que for, voa. Por 
acaso enrubesceis?
Passa rápido o que temestes tanto tempo!
SÊNECA. Carta sobre a Providência Divina.
A partir da leitura do trecho anterior e de outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
caracterizando e explicando a corrente filosófica expressa 
por ele. 
04. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, 
teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe 
incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em 
que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só 
o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe 
ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo 
depois em uma só negação total [...]
A partir do trecho anterior, retirado do livro A cartomante, 
de Machado de Assis, REDIJA um texto identificando a 
corrente filosófica presente no trecho e explicando sua 
premissa fundamental. 
05. É por essa razão que afirmamos que o prazer é o início e 
o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o identificamos 
como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão 
dele praticamos toda escolha ou recusa, e a ele chegamos 
escolhendo todo bem de acordo com a distinção entre 
prazer e dor.
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). 
Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore. 
São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 41.
A partir do texto e de outros conhecimentos sobre o 
assunto, REDIJA um texto se posicionando a favor de ou 
contra a seguinte afirmação: o homem feliz é aquele que 
busca o prazer e se afasta da dor em todas as ocasiões. 
06. A filosofia se preocupa com muitas questões teóricas, 
como, por exemplo: o que é a verdade? O que é o 
conhecimento? O que distingue uma boa ação de uma má 
ação? O que é justiça? Ou, ainda, o que dá legitimidade 
a um governo? Para essas questões, a filosofia oferece 
muitas respostas.
SMITH, Plínio. O que é ceticismo? São Paulo: Brasiliense, 1992. 
p. 07. Coleção Primeiros Passos, 262.
A partir dessa citação, REDIJA um texto considerando a 
seguinte afirmativa: se a filosofia responde várias coisas 
sobre as mesmas questões, podemos considerar alguma 
delas realmente verdadeira?
07. Aprovo os sentimentos fortes e generosos dos estóicos, 
que dizem que as coisas externas não são impedimento 
para a felicidade, mas que o sábio é feliz, mesmo que 
o toro de Falárides o esteja queimando. Os idiotas não 
participam de nenhum bem, pois o bem é virtude ou aquilo 
que participa as virtudes; as coisas que provêm dos bens, 
que são aquelas das quais se tem necessidade, sendo 
vantajosas, cabem apenas aos sábios, assim como as 
coisas que provêm dos males, que são aquelas das quais 
não se tem necessidade, cabem apenas aos viciosos. São, 
com efeito, coisas nocivas. E por isso todos os sábios 
são estranhos ao dano em ambos os sentidos; não são 
capazes de causar dano, nem de sofrer dano, enquanto 
os idiotas estão em situação contrária.
CRISIPO. Fr. 586. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia: 
filosofia pagã antiga. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2003. p. 300. 
No texto anterior, Crisipo defende uma postura estoica 
diante das adversidades do mundo. REDIJA um texto 
definindo quais os princípios defendidos pelo estoicismo 
que levariam o homem a tal postura. 
Helenismo: a difusão da cultura grega e a busca pela felicidade
14 Coleção Estudo
08. Sustentava por isso que nada se pode obter na vida 
sem exercícios, aliás, o exercício é o artífice de qualquer 
sucesso. Eliminados, portanto, os esforços inúteis, 
o homem que escolhe as fadigas requeridas pela natureza 
vive feliz; a ininteligência dos esforços necessários é 
a causa da infelicidade humana. O próprio desprezo 
pelo prazer para quem esteja a isso habituado é algo 
dulcíssimo. E assim como os que estão habituados a viver 
nos prazeres passam de má vontade para um teor de vida 
contrário, também aqueles que se exercitam de modo 
contrário, com maior desenvoltura desprezam os mesmos 
prazeres. Estes eram seus preceitos e a eles conformou 
sua vida. Falsificou realmente a moeda corrente, porque 
dava menor valor às prescrições das leis do que às da 
natureza. Modelo de sua vida, dizia, foi Héracles, que 
nada antepôs à liberdade.
DIÓGENES, Laércio. Vida dos filósofos. In: REALE, Giovanni. 
História da Filosofia: filosofia pagã antiga. 3. ed. 
São Paulo: Paulus, 2003. p. 257-258.
REDIJA um texto relacionando a citação anterior com 
a ideia de “cão” trazida por Diógenes de Sinope, a qual 
caracteriza a escola do cinismo. 
SEÇÃO ENEM
01. Dizemos que a finalidade do cético é a tranqüilidade nas 
matérias de opinião. Pois, tendo começado a filosofar 
para julgar as representações e apreender quais são 
verdadeiras e quais são falsas, de modo a obter a 
tranqüilidade, deparou com uma discordância de igual 
força; e, não podendo decidi-la, suspendeu seu juízo 
sobre ela. Estando em suspensão de juízo, ocorreu-lhe 
casualmente a tranqüilidade nas matérias de opinião.
SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes pirrônicas.
Em virtude dessa descoberta do céticopirrônico, para 
que o homem se mantivesse no estado de tranquilidade, 
ele deveria
A) afirmar que as coisas são como aparecem. 
B) negar que as coisas são como aparecem. 
C) opor a todo argumento um argumento igual. 
D) abster-se do julgamento e não emitir opinião. 
E) recusar-se a reconhecer os dados sensíveis.
GABARITO
Fixação
01. No Período Helenístico, os gregos, por terem 
tido suas terras invadidas pelos exércitos 
macedônicos, perderam sua liberdade política e, 
como consequência, perderam a segurança 
que a cidade, sua cultura e os valores cívicos 
representavam para eles. Dessa forma, 
os gregos, em particular os atenienses, se viram 
na situação de povo dominado, o que retirou 
deles a possibilidade de se autodeterminarem e 
decidirem conjuntamente o seu futuro e o da polis. 
Por outro lado, seus horizontes se alargaram, uma 
vez que o mundo se tornou um único território, 
havendo um sincretismo de culturas, o que fez 
com que os gregos pensassem em si mesmos, 
individualmente, sem se preocuparem com a 
cidade, estando exatamente nesse fato a origem 
das escolas filosóficas do Período Helenístico. 
02. Com as invasões macedônicas, os gregos, por 
não mais se identificarem exclusivamente com 
sua cidade e seus valores, se viram pertencendo 
a um mundo muito maior. Dessa forma, não mais 
se definiam como cidadãos desta ou daquela 
cidade, mas agora se sentiam cidadãos do mundo 
ou cosmopolitas. Essa possibilidade permitiu que 
eles se desprendessem de sua origem, fazendo-os 
pensar no mundo todo como um único lugar, não 
havendo mais a ideia de estrangeiro ou cidadão. 
Sendo assim, independentemente da cidade que 
habitavam, a vida deveria ser vivida na busca da 
felicidade própria e particular. 
03. Com as conquistas de Alexandre, os homens 
gregos viram-se sem uma cidade e sem um 
ideal de vida cívica a seguir. Aquilo que lhes 
garantia a felicidade, que era justamente o 
poder de se reunirem na praça pública e juntos, 
como cidadãos, decidirem o futuro da polis, 
lhes foi retirado. Desse modo, um novo modo 
de vida deveria servir como caminho para que 
os homens pudessem novamente ser felizes, 
e foi isso que as escolas filosóficas do Período 
Helenístico se propuseram a fazer. Cada uma 
delas trazia uma maneira de ser e viver com a 
qual o homem poderia alcançar a paz interior e, 
consequentemente, a felicidade.
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Propostos
01. A corrente tratada é o ceticismo. Essa corrente de 
pensamento defende a tese de que é impossível 
encontrar o conhecimento verdadeiro. Além 
disso, para o ceticismo, ou pirronismo, o homem 
deveria suspender os juízos, pois ele não tem 
condições de saber emitir opiniões sobre os seres 
ou o mundo.
02. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de se posicionar argumentativamente a 
favor de ou contra essa ideia. É muito útil, quando 
possível, valer-se de outros filósofos em sua 
argumentação).
 A favor: Sim, simplicidade é sinônimo de 
felicidade. Acompanhando o argumento de 
Epicuro, podemos perceber que a posse de bens 
vários e abundantes não é garantia de uma 
vida feliz e realizada. Existem muitos exemplos 
e testemunhos de pessoas que, apesar de 
terem uma vida luxuosa proporcionada pela 
riqueza, não são felizes ou realizadas, mas 
sofrem demasiadamente pela falta de algo que 
preencha seu vazio existencial. Dessa forma, 
uma vida mais simples, menos apegada aos bens 
materiais, embora estes sejam fundamentais 
para a manutenção do mínimo de conforto para a 
vida do homem, pode ser o caminho mais viável 
para a felicidade. 
 Contra: Não, simplicidade não é sinônimo de 
felicidade. Ser simples não significa ser feliz, 
pois, se assim o fosse, teríamos de concordar 
que todas as pessoas que possuem uma vida 
mais luxuosa, mais rica, seriam necessariamente 
infelizes, e isso não se comprova. O que faz ou 
não uma existência feliz é a atitude interna do 
homem diante das situações. Dessa maneira, 
é totalmente possível e plausível que existam 
homens que gozem de luxos e sejam felizes, 
e homens que tenham uma vida simples, com 
poucos bens, e sejam profundamente infelizes. 
O que importa é a atitude interna do indivíduo, 
não o que ele possui, seja muito ou pouco. 
03. A corrente filosófica expressa no trecho em 
questão é o estoicismo. Sêneca foi um dos 
principais filósofos estoicos do período do Império 
Romano e suas influências foram sentidas, 
inclusive, no cristianismo. Essa corrente filosófica 
se caracteriza pela busca da apatheia, ou seja, 
a perfeita indiferença a todos os acontecimentos 
externos à vida humana, sejam eles bons ou 
maus. Assim, o estoicismo defenderá que o 
homem construa uma fortaleza interior que seja 
inabalável e que garanta a ataraxia ou paz interior. 
Nada pode tirar a paz do homem, nada pode 
retirar o homem de seu estado de autocontrole 
e concentração para a busca da sabedoria pelo 
estudo da Filosofia. Essa ideia de indiferença se 
manifesta no desprezo à dor, à morte, ao destino 
e à pobreza presente no texto. 
04. O texto representa a corrente filosófica do 
ceticismo antigo ou pirronismo. Segundo tal 
corrente, o homem deve duvidar de tudo, pois não 
existem verdades absolutas sobre nada. Aquilo 
que se tem como verdade são ideias particulares 
dos indivíduos que, não raras as vezes, são 
contrárias às ideias dos demais, o que leva à 
conclusão que nenhuma dessas ideias é, em si, 
a correta. Tal corrente tem seu início com Pirro, 
soldado do Império Macedônico que, em suas 
batalhas ao lado de Alexandre, percebeu que em 
cada localidade, em cada povo, em cada cultura, 
as verdades sobre os mesmos temas variavam. 
A partir disso, concluiu que não existem verdades 
absolutas sobre qualquer assunto. Tal ideia se 
manifesta na dúvida constante sobre todas as 
coisas, atitude própria do cético. 
05. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de se posicionar argumentativamente a 
favor de ou contra essa ideia. É muito útil, quando 
possível, valer-se de outros filósofos em sua 
argumentação).
 A favor: O princípio de toda escolha humana é, 
de fato, a busca pela felicidade e a recusa da 
dor. Tal atitude é plenamente humana, uma 
vez que ninguém pode, por natureza, desejar a 
dor como causa de possibilidade da felicidade. 
Os animais agem dessa forma, buscando o prazer 
que, no caso, é a satisfação de seus instintos. 
Por que o homem seria diferente, se ele também 
goza de uma natureza instintiva? Tal princípio da 
satisfação do prazer e fuga da dor encontra-se 
vastamente defendido na história da Filosofia, 
Helenismo: a difusão da cultura grega e a busca pela felicidade
16 Coleção Estudo
começando com Epicuro, passando por Stuart Mill 
e chegando a Nietzsche e Freud. Tomando como 
exemplo, para corroborar o argumento, Nietzsche 
dirá que a escolha daquilo que nega o prazer e 
busca deliberadamente a dor é próprio dos seres 
inferiores, da “moral de rebanho”, apregoada 
pela moral cristã ocidental, representando, 
segundo o filósofo, a decadência humana. Quem, 
em sã consciência, escolheria deliberadamente 
o sofrimento e rejeitaria o prazer? Não há 
justificativa razoável para tal atitude. Seria a 
própria desnaturalização do homem. 
 Contra: A felicidade não pode ser consequência 
somente das ações que trazem prazer ao 
homem. Se assim fosse, teríamos de afirmar que 
todos aqueles que lutam e, devido à sua luta, 
sofreram ou ainda sofrem por uma causa maior, 
moralmente justificável, como a democracia em 
regimes totalitários, não são felizes. Ao contrário, 
percebe-se que, apesar da dor, que nesse caso 
é o contrário do prazer, essas pessoas são sim 
felizes, pois seu sofrimento tem como justificativa 
uma causa maior. Como exemplo, temos Santo 
Agostinho, quando este fala sobre a distinção 
entre a cidade dos homens e a cidade de Deus. 
Segundo ele, vivemosna cidade dos homens e, 
para sermos fiéis a Deus, devemos deixar todos 
os prazeres dessa cidade terrena e, assumindo a 
dor e o sofrimento, esperarmos o momento em 
que possamos ir à cidade de Deus. Nesse caso, 
podemos dizer que a felicidade na Terra não é 
trazida pelo prazer, mas a dor seria o caminho 
para a felicidade perfeita e plena. 
06. O argumento mais legítimo para defender o 
ceticismo é justamente o de que o conhecimento 
verdadeiro não é possível, pois muitas são as 
respostas para as mesmas questões. Se muitas são 
as respostas, e várias são plausíveis e sustentadas 
pela razão, qual delas seria verdadeira? Como 
exemplo dessa tese, temos Descartes, que rejeita 
as bases filosóficas que sustentavam as ciências 
justamente porque poderiam ser colocadas 
em dúvida. Se algo é realmente verdadeiro, 
tal verdade deve se legitimar por argumentos 
irrefutáveis. Não é possível pensar em uma 
ciência, por exemplo, a Física Moderna, em que 
os resultados dos cálculos podem ser superados, 
encontrando-se outros resultados para o mesmo 
movimento dos corpos. Porém, a realidade das 
ciências humanas é outra, diferentemente das 
ciências exatas. Se, nestas, a verdade deve 
permanecer sempre a mesma, naquelas, pelo 
fato de terem como objeto o homem, e sendo 
este essencialmente indeterminado, poderíamos 
pensar que as verdades dessas ciências podem 
ser aprimoradas ou, mesmo, totalmente refeitas 
com o passar do tempo. 
07. O estoicismo é a corrente filosófica do Período 
Helenístico que prega a total resignação do 
homem diante dos acontecimentos da vida para se 
atingir a felicidade. Nesse caso, o homem deveria 
construir uma fortaleza interior de modo que as 
vicissitudes da vida, ou seja, os acontecimentos, 
bons ou maus, não lhe tirassem do estado de paz 
interior ou ataraxia. Para o estoico, o ideal seria 
atingir a apatheia, que é exatamente a indiferença 
diante de todas as coisas, pois só por meio dessa 
indiferença é possível alcançar a felicidade. Essa 
ideia é clara no texto de Crisipo quando ele fala 
sobre o sábio, que suporta o fogo, ou seja, as 
adversidades e acontecimentos externos, sem 
perder contudo a paz, não sendo tais coisas 
impedimento à sua felicidade. 
08. Representante mais importante da escola cínica, 
Diógenes de Sinope demonstrou o total desprezo 
pelas coisas do mundo, sejam materiais ou não, 
em vista de uma vida simples e feliz. Para ele, 
o ideal de felicidade estaria no total desapego de 
todas as coisas, a exemplo do cão, que não tem 
nada como seu e vive inteiramente de acordo 
com sua natureza. Para os cínicos, a vida natural 
é a que deve fazer sentido para o homem, pois 
nada que não seja parte da natureza deve ser 
considerado para a busca da felicidade. O cão vive 
totalmente entregue à sua natureza e, por isso, 
vive feliz. 
Seção Enem
01. D
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“Eu não estou só, somos eu e aquele que me enviou” 
(S. João, VIII, 13, 16), apoiando assim o valor da sua 
doutrina no testemunho do Pai. A religião parece, 
portanto, nos seus próprios princípios, excluir a 
investigação e consiste antes numa atitude oposta, 
a da aceitação de uma verdade testemunhada do alto, 
independentemente de qualquer investigação. Todavia, 
logo que o homem se interroga quanto ao significado 
da verdade revelada e tenta saber por que caminho 
pode realmente compreendê-la e fazer dela carne da 
sua carne e sangue do seu sangue, renasce a exigência 
da investigação. Reconhecida a verdade no seu valor 
absoluto, tal como é revelada e testemunhada por 
um poder transcendente, imediatamente se impõe a 
cada homem a exigência de se aproximar dela e de a 
compreender no seu significado autêntico para com ela 
e dela viver verdadeiramente. Esta exigência só pode 
ser satisfeita pela investigação filosófica. A investigação 
renasce, pois, da própria religiosidade, pela necessidade 
que o homem religioso tem de se aproximar, tanto quanto 
lhe for possível, da verdade revelada. Renasce com uma 
tarefa específica, que lhe é imposta pela natureza de 
tal verdade e pelas possibilidades que pode oferecer 
à sua efetiva compreensão pelo homem; mas renasce 
com todas as características, próprias da sua natureza, 
e com força tanto maior quanto maior for o valor que 
se atribui à verdade em que se acredita e se pretende 
fazer sua. Da religião cristã nasceu assim a filosofia 
cristã. Esta tomou também como objetivo conduzir o 
homem à compreensão da verdade revelada por Cristo, 
de modo a que ele possa realizar o seu autêntico 
significado. Os instrumentos indispensáveis para este 
fim encontrou-os a filosofia cristã, prontos a servirem, na 
filosofia grega. As doutrinas da especulação helênica do 
último período, essencialmente religioso, prestavam-se 
a exprimir, de modo acessível ao homem, o significado 
da revelação cristã; e com esta finalidade foram, 
efectivamente, utilizadas da maneira mais ampla.
ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. Vol. II. 
Tradução de Antônio Borges Coelho. 
Lisboa: Editorial Presença, 1969. p. 108-109. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Era extremamente necessário munir o cristianismo 
de explicações lógicas e coerentes que se fizessem 
compreender tanto pelos críticos da nova religião quanto 
pelos intelectuais neoconvertidos.
REDIJA um texto explicando o que significa dizer que era 
necessário “munir a fé de explicações lógicas”.
02. É claro que a fé ocupa lugar primordial e precedente 
à razão, mas, justamente pela necessidade de munir 
a fé de argumentos racionais, a filosofia grega se 
torna imprescindível para este processo. No entanto, 
não é qualquer filosofia que pode ser aceita, sendo os 
textos, as ideias, os pensadores gregos cuidadosamente 
selecionados.
REDIJA um texto explicando o posicionamento dos 
pensadores cristãos em relação à filosofia, com base na 
citação anterior. 
03. O estoicismo ensina ao homem a enfrentar as vicissitudes 
da vida de forma calma, resignada, tranquila e, sobretudo, 
digna. Este estado é alcançado por meio do autocontrole 
e da austeridade própria de uma vida disciplinada e 
construída somente com o que é estritamente necessário 
à sobrevivência, sem nada de luxos ou o culto às coisas 
supérfluas.
REDIJA um texto explicando como o estoicismo auxiliou 
o cristianismo na formulação de sua ética.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. REDIJA um texto explicando a impropriedade de se 
utilizar o termo “Idade das Trevas” ou “Noite dos Mil Anos” 
para se referir à Idade Média. 
02. REDIJA um texto explicando a importância do Helenismo 
como possibilitador da aproximação entre religião e 
filosofia.
03. REDIJA um texto explicando o papel de Fílon, o Judeu, 
para o nascimento da filosofia cristã. 
Filosofia cristã: a relação entre fé e razão
24 Coleção Estudo
04. O crescimento do cristianismo foi um processo longo 
e gradativo, estendendo-se de seu nascimento, com a 
morte de Cristo e a formação das primeiras comunidades 
cristãs, até sua consolidação, com a conversão e o 
batismo do imperador romano Constantino, no ano de 
337, e a consequente institucionalização da religião cristã, 
mais especificamente do catolicismo, como religião oficial 
do Império Romano no ano 391.
REDIJA um texto explicando por que, principalmente com 
a institucionalização do cristianismo como religião oficial 
do Império Romano, se tornou urgente sua explicação 
de forma racional. 
05. Eu sou cristão, glorio-me disso e, confesso, desejo 
fazer-me conhecer como tal. A doutrina de Platão 
não é incompatível com a de Cristo, mas não se casa 
perfeitamente com ela [...]
MÁRTIR, Justino. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia: 
Patrística e Escolástica. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2007. p. 39.
A partir da citação anterior, REDIJA um texto explicando 
o posicionamento de Justino Mártir em relação à filosofia 
e à religião.
06. Alguns conceitos utilizadosna filosofia cristã foram 
claramente retirados da filosofia clássica, principalmente 
de Platão e Aristóteles, e foram utilizados como base 
para defender as verdades da fé. Dentre esses conceitos, 
são importantes os de essência e alma / corpo retirados 
de Platão. REDIJA um texto explicando a relação entre 
a filosofia de Platão e o cristianismo a partir desses 
conceitos. 
07. A aproximação entre fé e razão, entre religião e 
filosofia / ciência, sempre foi um desafio, principalmente 
para a Igreja Católica. Na reportagem intitulada 
“Vaticano considera não haver contraposição entre fé 
e evolução”, o repórter Juan Lara cita uma frase do 
papa João Paulo II que diz “não basta a evolução das 
espécies para explicar a origem do gênero humano, 
como não basta a casualidade biológica para explicar 
por si só o nascimento de uma criança”. REDIJA um 
texto explicando o posicionamento da Igreja a partir da 
citação anterior. 
08. Todavia, logo que o homem se interroga quanto ao 
significado da verdade revelada e tenta saber por que 
caminho pode realmente compreendê-la e fazer dela 
carne da sua carne e sangue do seu sangue, renasce a 
exigência da investigação.
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. V. II. Tradução de 
Antônio Borges Coelho. Lisboa: 
Editorial Presença, 1969. p. 108-109.
No trecho anterior, vemos a necessidade da religião de 
se aproximar da filosofia. REDIJA um texto explicando 
a tese defendida pelo autor Nicola Abbagnano acerca de 
tal aproximação. 
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2001) O texto a seguir reproduz parte de um 
diálogo entre dois personagens de um romance.
– Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? – 
Perguntou Sofia.
– Se cada hora valer cem anos, então sua conta está 
certa. Podemos imaginar que Jesus nasceu à meia-noite, 
que Paulo saiu em peregrinação missionária pouco antes 
da meia noite e meia e morreu quinze minutos depois, em 
Roma. Até as três da manhã a fé cristã foi mais ou menos 
proibida. [...] Até as dez horas as escolas dos mosteiros 
detiveram o monopólio da educação. Entre dez e onze 
horas são fundadas as primeiras universidades.
GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da História da 
Filosofia. São Paulo: Cia das Letras, 1997 (Adaptação).
O ano de 476 d.C., época da queda do Império Romano 
do Ocidente, tem sido usado como marco para o início 
da Idade Média. De acordo com a escala de tempo 
apresentada no texto, que considera como ponto de 
partida o início da Era Cristã, pode-se afirmar que
A) as Grandes Navegações tiveram início por volta das 
quinze horas.
B) a Idade Moderna teve início um pouco antes das dez 
horas.
C) o cristianismo começou a ser propagado na Europa 
no início da Idade Média.
D) as peregrinações do apóstolo Paulo ocorreram após 
os primeiros 150 anos da Era Cristã.
E) os mosteiros perderam o monopólio da educação no 
final da Idade Média.
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GABARITO
Fixação
01. Quando o cristianismo foi reconhecido como 
religião oficial do Império Romano, tornou-se 
necessário que suas verdades e crenças 
fossem explicadas para o povo, que acabava 
de se converter juntamente com o imperador, 
e para os homens cultos do Império Romano, 
que necessitavam de explicações coerentes sobre 
a nova fé, de forma que pudessem se defender 
dos ataques daqueles que não aceitavam o 
cristianismo e que criticavam suas crenças e 
doutrinas. Dessa forma, principalmente no período 
da Patrística, o cristianismo se uniu à filosofia 
para buscar nela argumentos que justificassem 
a si mesmo, construindo, então, argumentos 
próprios, de fundo filosófico, que pudessem servir 
às suas necessidades de explicação e defesa da fé. 
Não bastava acreditar somente nas verdades do 
cristianismo, tornou-se necessário compreender 
tais verdades, embora muitas fossem impossíveis 
de ser explicadas. 
02. Para os pensadores ou filósofos cristãos, 
é evidente que a filosofia antiga, principalmente 
dos gregos Platão e Aristóteles, vem em segundo 
plano, ou seja, é um simples complemento das 
verdades religiosas. Por isso se utiliza a ideia 
de que a ‘razão é escrava da fé’. A filosofia é 
vista como um caminho para a explicação das 
verdades religiosas, tendo seu valor reconhecido 
pelos filósofos cristãos à medida que serve de 
argumento para explicar o que a fé diz. Desse 
modo, os textos e pensadores da filosofia são 
cuidadosamente selecionados para que sirvam 
a esse propósito. O que pode parecer contrário 
à fé, aquilo que pode gerar alguma dúvida e 
levar ao questionamento da verdade revelada, 
é imediatamente eliminado.
03. A ética estoica privilegia uma vida simples e 
desapegada dos bens materiais, sendo que a 
felicidade somente será atingida quando o homem 
se tornar indiferente a tudo o que é externo. 
Da mesma maneira, o cristianismo acredita 
que o caminho para a salvação, para uma vida 
correta segundo os mandamentos cristãos, seria 
exatamente uma vida simples e desapegada, 
uma vez que as coisas deste mundo, os bens 
materiais, não levariam o homem para perto de 
Deus, pelo contrário, afastariam o homem do 
caminho correto, levando-o a se apegar às coisas 
passageiras e terrenas. Dessa maneira, podemos 
dizer que tais ideias de desapego, resignação, 
abnegação, vida simples e pobre, voltada 
para dentro de si e não para o mundo exterior, 
são heranças da escola estoica para o cristianismo. 
Propostos
01. Os termos “Idade das Trevas” e “Noite dos Mil Anos” 
trazem consigo a ideia de estagnação e atraso, 
como se na Idade Média nada de bom tivesse 
acontecido, como se tudo o que ocorreu não tivesse 
nenhum valor para a história da humanidade 
e para o pensamento filosófico. Tal ideia não 
corresponde à realidade histórica. É possível 
identificarmos inúmeros progressos ocorridos 
durante a Idade Média, como a fundação das 
universidades, o desenvolvimento da arte gótica 
e o aparecimento de filósofos importantíssimos 
para a história do pensamento ocidental, como 
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, entre 
outros. Dessa forma, a ideia de que a Idade Média 
consistiu somente em um período sem qualquer 
importância, intermediário entre o Renascimento 
e a Antiguidade, é imprópria e incorreta.
02. Foi no Helenismo que se observou a primeira 
aproximação entre fé e razão, ou seja, entre religião 
e filosofia. Sua contribuição se deu a partir da 
convivência de vários povos e culturas no mesmo 
território, nas mesmas cidades, aproximando 
definitivamente homens que até então se 
identificavam unicamente com sua própria cultura 
e se restringiam à convivência somente com 
aqueles que pertenciam ao seu povo. Com essa 
aproximação, houve inevitavelmente um diálogo, 
o que tornou possível uma espécie de sistematização 
ou síntese entre religião e filosofia, uma vez 
que os representantes desses pensamentos 
puderam interagir formal ou informalmente. 
Filosofia cristã: a relação entre fé e razão
26 Coleção Estudo
03. Fílon de Alexandria foi o primeiro religioso a 
realizar uma aproximação sistemática entre 
religião e filosofia. Conhecedor principalmente 
das ideias de Platão, ele pôde criar uma síntese 
entre a religião judaica, mais especificamente 
entre o Pentateuco, e a filosofia clássica, a 
partir da ideia da criação do mundo. Para Platão, 
no livro Timeu, quem criou todas as coisas do 
mundo foi um semideus chamado Demiurgo, que 
o fez a partir de ideias previamente existentes 
(as formas ou ideias inteligíveis). Porém, segundo 
a religião, Deus também criou todas as coisas a 
partir de ideias, no entanto, tais ideias não são 
entidades autônomas como concebia Platão, 
mas sim ideias provenientes do próprio Deus. 
A partir desse argumento de Fílon, torna-se clara 
a aproximação de vários pontos da religião com a 
filosofia antiga. 
04. Foi necessário tornar claras e inteligíveis as 
verdades pregadas e defendidas pelo cristianismopara que as pessoas pudessem compreender e 
aceitar essa nova fé, não somente por obrigação, 
afinal, o próprio imperador havia se convertido 
e todos estavam acompanhando-o. Além 
dessa necessidade de explicação, era urgente 
a necessidade de se construir uma unidade 
doutrinária no cristianismo, pois até então havia 
divergências quanto à sua interpretação e aos 
modos de viver. Diante disso, a única forma 
de criar tal unidade e de se fazer compreender 
em seus fundamentos foi buscar na filosofia os 
argumentos lógicos e racionais que dessem à nova 
religião sustentação diante dos desafios que esta 
vivenciava, criando então uma filosofia cristã.
05. Justino é um dos principais representantes da Escola 
Apologética, que antecedeu a Patrística, no século II. 
Como o próprio nome diz, os Padres Apologistas 
defendem a fé cristã e, para isso, constroem 
argumentos para que a fé não seja contrariada. 
No texto em questão, é clara a preferência de 
Justino pela religião, contrapondo-a, em muitos 
aspectos, à filosofia clássica, especificamente 
à filosofia platônica, dando um caráter de 
superioridade à religião e às verdades reveladas 
em relação à filosofia grega pagã.
06. Platão, como o filósofo que sistematizou a 
metafísica, buscava a verdade última das 
coisas, chamada de essência. O cristianismo se 
apropriou de tal conceito ao dizer que a essência 
do homem é, por exemplo, a alma. Dessa forma, 
a religião cristã defenderá que existe algo que 
está para além da aparência dos seres, sendo 
o fundamento da realidade, e esse ser seria o 
próprio Deus. Também os conceitos de alma e 
corpo, tratados por Platão, serão utilizados pelos 
filósofos cristãos. O homem tem, portanto, duas 
realidades em si: a alma, que seria sua essência 
e por isso é imutável e perfeita, e o corpo, 
material e imperfeito. Segundo Platão, só pela 
alma se conhece a verdade. Para o cristianismo, 
a alma seria a habitação de Deus no homem, 
sendo o corpo, segundo Santo Agostinho, a parte 
imperfeita e ruim do homem, fonte do pecado e 
da concupiscência. 
07. Para a religião, a ciência ou a filosofia não são 
capazes de explicar como as coisas acontecem, 
principalmente no que se refere à vida humana. 
Se, pela teoria da evolução, sabe-se que a vida se 
deu de forma natural, ou seja, sem necessitar de 
algo extraordinário e transcendental para que ela 
acontecesse, a Igreja se pronunciará dizendo que 
não basta a hipótese científica para explicar a vida, 
mas que há uma vontade externa e perfeita que 
quis que a vida existisse. Dessa forma, segundo 
o texto, não haveria uma clara contraposição 
entre ciência e fé, mas uma complementaria a 
outra no momento em que se reconhecesse que a 
natureza pode ter seu funcionamento iniciado ou 
promovido por uma vontade divina. 
08. Para Nicola Abbagnano, a religião deve ser 
compreendida pela filosofia justamente porque 
faz parte da natureza do homem a necessidade 
de conhecer o que as coisas são e como são. 
Assim, ele defenderá que, quando o homem 
se interroga sobre o significado da verdade, 
sendo essa verdade religiosa, revelada, 
surge consequentemente a necessidade de 
compreendê-la, de forma que ela possa ter um 
sentido pessoal para o próprio crente. Não basta 
simplesmente saber que as verdades existem, 
é preciso, para satisfazer a necessidade de 
conhecer, compreendê-las de forma inteligível. 
Só dessa forma seria possível viver essa verdade 
de maneira coerente e pessoal. Nesse sentido, 
religião e razão devem caminhar juntas. 
Seção Enem
01. A
Frente A Módulo 06
2 Coleção Estudo
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07 3 A Patrística e Santo AgostinhoAuor: Richard Garcia Amorim
08 19 A Escolástica e Santo Tomás de Aquino Autor: Richard Garcia Amorim
14 Coleção Estudo
O tempo, criação de Deus, é abordado de maneira singular 
por Santo Agostinho, pois, segundo ele, é muito comum que os 
homens compreendam o tempo dividido em passado, presente 
e futuro. Para ele, essas três dimensões fazem parte de nosso 
cotidiano e, costumeiramente, pensamos o dia, o mês, 
o ano, enfim, a vida, sob esta perspectiva:
Passado: sucessão de fatos que já aconteceram.
Presente: sucessão de fatos que estão acontecendo.
Futuro: sucessão de fatos que ainda irão acontecer. 
Porém, essa forma de entender o tempo não é precisa. 
Dessa forma, Agostinho afirma: 
Agora está claro e evidente para mim que o futuro e o 
passado não existem, e que não é exato falar de três tempos 
– passado, presente e futuro. Seria talvez justo dizer que 
o tempo são três, isto é, o presente dos fatos passados, 
o presente dos fatos presentes, o presente dos fatos 
futuros. Estes três tempos estão na mente e não os vejo 
em outro lugar. O presente do passado é a memória. O 
presente do presente é a visão. O presente do futuro é 
a espera.
AGOSTINHO. Confissões. 11, 20, 26.
Agostinho admite a existência somente do tempo 
presente, pois este é o agora, o momento, aquilo que 
acontece no instante. O passado nada mais é do que a 
memória dos fatos já ocorridos e relembrados no agora, 
no presente, por isso ele se refere ao passado como “o 
presente dos fatos passados”. 
E o presente, o que é? O presente é o momento, 
o instante. Agora, neste instante, ele é, no instante 
seguinte, já não é mais, tornou-se passado. É um tempo 
tão imediato que não pode sequer ser medido, o tempo 
presente não tem nenhum espaço, é o presente das coisas 
presentes. 
E o que é o futuro? Se não existe passado, existindo 
somente as lembranças dos fatos já ocorridos, trazidos 
ao presente pela memória, o futuro não pode ser ao 
menos trazido à memória no presente, uma vez que ele 
sequer aconteceu. Do futuro só temos a expectativa de 
sua chegada. Por isso, Agostinho se refere ao futuro como 
“presente das coisas futuras”, isto é, expectativa, espera 
por aquilo que virá. 
Assim, Agostinho, no livro Confissões, conclui a análise 
do tempo propondo uma nova terminologia: 
O que agora claramente transparece é que nem há 
tempos futuros nem pretéritos. É impróprio afirmar que os 
tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez 
fosse próprio dizer que os tempos são três: presente 
das coisas passadas, presente das presentes e presente 
das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha 
mente que não vejo em outra parte; lembrança presente 
das coisas passadas, visão presente das coisas presentes 
e esperança presente das coisas futuras. Se me é lícito 
empregar tais expressões, vejo então três tempos e 
confesso que são três.
AGOSTINHO. Confissões. 11, 20, 26.
Dessa forma, podemos concluir que, segundo Agostinho, 
não há três tempos, mas sim três dimensões do presente. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Para os filósofos da Idade Média, o fato de o cristianismo 
significar a verdade era um dado praticamente irrefutável. 
A questão era saber se tínhamos que simplesmente 
acreditar na revelação cristã, ou se também podíamos 
nos aproximar das verdades cristãs com a ajuda de nossa 
razão. Qual era a relação entre os filósofos gregos e as 
doutrinas da Bíblia? Havia uma contradição entre a Bíblia 
e a razão, ou será que a fé e o conhecimento podiam 
conviver em harmonia? Quase toda a filosofia da Idade 
Média gira em torno dessas questões.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução de 
João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 
1995. p. 193-194.
REDIJA um texto explicando a relação entre fé e razão 
durante a Idade Média. 
02. Apesar do grande trabalho pastoral, Agostinho ainda 
encontrava tempo para se dedicar ao trabalho intelectual. 
Sua missão: defender a fé.
REDIJA um texto explicando a missão agostiniana em 
relação ao seu momento histórico. 
03. O homem não tem razão para filosofar, exceto para atingir 
a felicidade.
REDIJA um texto explicando essa citação e a importância 
da obra de Cícero para a filosofia agostiniana. 
Frente A Módulo 07
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde 
Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá 
fora a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas 
formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não 
estava convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não 
existiria se não existisse em Vós. Porém me chamastes 
com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! 
Brilhastes, cintilastes e logo afugentastes a minha 
cegueira! Exalastes perfume: respirei-o suspirando por 
Vós. Eu Vos saboreei, e agora tenho fome e sede de Vós. 
Vós me tocastes e ardi no desejo da Vossa paz.
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de Maria Luiza J. 
Amarante. São Paulo: Paulus, 1984, Livro X, 27, p. 277.
A partir do trecho anterior e de outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando a seguinte 
afirmação de Santo Agostinho: 
“Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora a 
procurar-Vos!”
02. Não eram pessoas mais velhas que me ensinavam as 
palavras, com métodos, como pouco depois o fizeram 
para as letras. Graças à inteligência que Vós, Senhor, 
me destes, eu mesmo aprendi, quando procurava 
exprimir os sentimentos do meu coração por gemidos, 
gritos e movimentos diversos dos membros, para que 
obedecessem à minha vontade.
AGOSTINHO. Confissões. Tradução de J. Oliveira Santos e A. 
Ambrósio de Pina. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 15.
A partir do trecho anterior e de outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando a visão 
maniqueísta de Agostinho quanto à relação entre corpo 
e alma.
03. Liberdade, em filosofia, designa de uma maneira 
negativa a ausência de submissão, de servidão e de 
determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser 
humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia 
e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela 
qualifica e constitui a condição dos comportamentos 
humanos voluntários.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade>. 
Acesso em: 3 jun. 2010.
REDIJA um texto explicando por que Santo Agostinho 
não concordaria com o conceito de liberdade expresso 
na citação anterior. 
04. Diz o profeta: “Se não credes, não entendereis”; 
certamente não diria isto se não julgasse necessário pôr 
uma diferença entre as duas coisas. Portanto, creio tudo 
o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo.
AGOSTINHO, Santo. De Magistro. Coleção Os Pensadores. 
São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 96. 
A partir da tese defendida nesse trecho de Agostinho, 
REDIJA um texto respondendo à seguinte questão: o 
que é verdade de fato?
05. A filosofia não teria o papel de colocar em xeque as 
verdades cristãs reveladas. De maneira alguma! Na 
relação fé e razão, Agostinho reconhece claramente o 
papel da razão, que sempre e em todas as ocasiões é 
simplesmente “escrava” da fé.
A partir do trecho anterior e do que foi estudado sobre 
a filosofia agostiniana, REDIJA um texto explicando a 
relação entre fé e razão durante a Idade Média. 
06. Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e 
brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o 
pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu 
conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas 
nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, 
compreendemos o que dizemos. Compreendemos 
também o que nos dizem quando dele nos falam. O que 
é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, 
eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, 
já não sei. 
AGOSTINHO. Confissões. Tradução de J. 
Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. São Paulo: 
Nova Cultural, 2000. Livro XII, 14, 17.
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
informações contidas na obra Confissões, REDIJA um 
texto, explicando por que para Agostinho é impossível 
definir o que é o tempo em si mesmo e qual é a resposta 
dada por ele à questão “O que é o tempo?”
07. [...] a vontade não pode ser autônoma, isto é, a vontade 
humana não pode decidir por si mesma, pois, desta 
maneira, inevitavelmente, o homem se afastaria do 
bem [...].
De acordo com o trecho anterior, REDIJA um texto 
explicando a concepção antropológica agostiniana. 
08. REDIJA um texto contrapondo a Teoria da Predestinação 
Divina de Santo Agostinho ao Pelagianismo. 
A Patrística e Santo Agostinho
16 Coleção Estudo
SEÇÃO ENEM
01. A luz comum, à medida que pode, nos indica como é 
aquela Luz. Pois há alguns olhos tão sãos e vivos que, 
ao se abrirem, fixam-se no próprio Sol sem nenhuma 
perturbação. Para estes, a própria luz é, de algum modo, 
saúde, sem necessidade de alguém que lhes ensine, senão 
talvez apenas de alguma exortação. Para eles é suficiente 
crer, esperar, amar.
AGOSTINHO. Solilóquio e vida feliz. 
São Paulo: Paulus, 1998. p. 23.
Em conformidade com a Teoria da Iluminação de Santo 
Agostinho, podemos afirmar que a luz à qual o filósofo 
se refere é
A) o conhecimento humano, obtido por intermédio das 
demonstrações da lógica e da matemática, porém, 
ainda resta saber como tal conhecimento é possível.
B) o intelecto humano, que, servindo-se unicamente de 
si mesmo, encontra toda a certeza e o fundamento 
da verdade.
C) o próprio Deus, uma vez que o intelecto humano, que, 
por sua natureza, é perecível, não pode se colocar 
como certeza do conhecimento, pois a verdade é 
eterna. 
D) a saúde do espírito, que é alcançada por todos, uma 
vez que a salvação e a felicidade são unicamente o 
resultado do esforço do homem na vida terrena.
E) a atividade intelectiva humana, que pode, através 
de suas capacidades, encontrar a verdade única e 
imutável que levaria à plena felicidade. 
necessidade de também compreendê-las, com 
fins de defender o cristianismo contra as heresias, 
criar uma unidade doutrinária da nova religião 
e convencer os neoconvertidos. Para tanto, os 
Padres da Igreja, principalmente Agostinho, 
utilizam-se da filosofia pagã grega para, por meio 
dela, explicar o cristianismo, ocorrendo, assim, 
a aproximação entre fé e razão. No entanto, é 
necessário ressaltar que a razão é um meio e não 
um fim em si mesma, pois a fé nas revelações das 
Escrituras, verdades irrefutáveis, sobrepõe-se à 
razão, à filosofia. Podemos dizer que essa relação, 
ao longo da Idade Média, sofre uma mudança, na 
terceira fase da escolástica, rompendo-se quase 
por completo, pois pensadores como Guilherme 
de Ockam dirão que fé e razão tratam de coisas 
distintas e não podem se submeter uma à outra. 
02. Após se converter ao cristianismo, Agostinho 
trouxe para a religião todo o seu potencial 
como pensador, como filósofo. Em seu contexto 
histórico, era fundamental munir a fé cristã de 
argumentos racionais que pudessem defendê-
la contra as heresias e ataques daqueles que 
não acreditavam nessa manifestação religiosa. 
Também era necessário que o cristianismo 
se justificasse enquanto teologia e ainda que 
fosse construída uma unidade religiosa que 
mantivesse unidas doutrinariamente todas as 
comunidades cristãs. Dessa forma, ao elaborar 
uma teologia, Agostinho se preocupa em defender 
a fé contra seus inimigos e contra a própria 
ignorância, que poderia ser a pedra de tropeço 
dos próprios cristãos. 
03. Em sua obra intitulada Hortêncio, Cícero, com 
clara influência helenística, aponta a filosofia 
como o único caminho para que o homem 
encontre a verdadeira felicidade. Na história de 
sua vida, foi por meio da leitura da obra de Cícero 
que Agostinho se aproxima da filosofia de modo a 
compreendê-la como caminho que leva o homem 
à vida feliz. Dessa forma, ao elaborar sua filosofia 
cristã, pode-se afirmar que Agostinho tinha em 
mente um único objetivo, o de se encontrar com 
a Verdade, entendida como o próprio Deus e, 
consequentemente, com a verdadeira felicidade. 
Vê-se que felicidade e verdade são uma única e 
mesma coisa, tendo uma única e mesma fonte, o 
próprio Deus. 
GABARITO
Fixação
01.O problema central da filosofia medieval 
é justamente o da relação entre fé e razão, 
religião e filosofia. Para compreender melhor 
tal problema, deve-se esclarecer que, quando 
falamos em filosofia medieval, estamos falando 
não de verdades construídas pelo homem, mas de 
verdades reveladas por Deus, portanto, irrefutáveis. 
Tais verdades são incontestáveis, cabendo ao 
homem acreditar nelas de forma dogmática. 
Porém, na Patrística (século III ao VIII), surge a 
Frente A Módulo 07
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Propostos
01. A vida de Santo Agostinho é marcada 
definitivamente pela busca. Por isso, a palavra-
chave que resume seu itinerário espiritual 
e intelectual é inquietude. Uma inquietude 
nascida pela falta de sentido, de razão, de algo 
que pudesse trazer paz e felicidade à sua vida. 
Em busca desse algo, Agostinho, antes de sua 
conversão aos 32 anos, buscou em vários lugares 
esse sentido. Participou do maniqueísmo, do 
ceticismo e do neoplatonismo, não encontrando 
em nenhuma dessas correntes de pensamento 
aquilo que buscava, ou seja, o verdadeiro 
sentido de sua existência, que lhe traria a 
verdadeira felicidade. Porém, ao se converter, 
pôde compreender que aquilo que buscava fora 
de si estava todo o tempo dentro de si mesmo. 
A verdade que traria sentido para sua vida e, 
consequentemente, a plena felicidade, habitava 
o seu interior, estava na sua alma, e tal verdade 
era o próprio Deus. Por isso, ele afirma que 
procura fora de si aquilo que estava, na verdade, 
em seu interior. 
02. A tese central do maniqueísmo, corrente 
filosófica fundada pelo persa Mani (século III), 
era de que o universo e o próprio homem são 
formados por duas forças antagônicas, o bem e 
o mal, a luz e as trevas, radicalizando uma visão 
dualista do cosmos grego. Participante durante 
alguns anos dessa corrente filosófica, Agostinho, 
depois de sua conversão, apesar de combater 
o maniqueísmo, trouxe para sua filosofia cristã 
tal ideia, porém aplicada, evidentemente, à 
realidade do cristianismo. Tal ideia se manifesta 
na concepção dualista de Agostinho em relação 
à separação do homem em corpo e alma. A 
alma seria a luz, a própria habitação de Deus 
no homem, que o levaria ao caminho do bem. 
Por outro lado, o corpo seria mau por natureza, 
consequência do pecado original, e levaria 
o homem à prática do mal, portanto, para o 
caminho do pecado. Tais forças, o bem e o mal, 
a luz e as trevas, o corpo e a alma estariam em 
constante luta para se sobressair uma à outra. 
Essa luta de forças opostas seria manifestada na 
própria vida humana, em que o cristão encontra-
se em constante conflito consigo mesmo para 
superar o seu mal natural e fazer prevalecer o 
bem ou a alma. 
03. Segundo a filosofia agostiniana, há claramente 
uma diferença entre liberdade e livre-arbítrio. 
Livre-arbítrio é o conceito descrito na citação 
anterior, em que o homem tem total controle 
sobre si mesmo, sobre suas ações e seus 
pensamentos, fazendo o que acredita ser 
melhor, podendo, portanto, se autodeterminar 
da maneira que lhe aprouver. Ao contrário, 
liberdade seria a submissão do homem às 
vontades divinas, uma vez que Deus não 
poderia querer o mal do homem. Este, seguindo 
então as determinações e mandamentos 
divinos, fará sempre o que for melhor para 
si mesmo. Segundo Agostinho, o homem que 
se guia pelo seu livre-arbítrio, acreditando 
ser livre, é escravo de seu corpo e de suas 
vontades momentâneas. Portanto, Agostinho 
não concordaria com o conceito de liberdade da 
citação anterior, que representa exatamente o 
contrário do que ele acredita ser a verdadeira 
liberdade. Entende-se, por conseguinte, 
o porquê de o homem não poder ser autônomo, 
dono de si mesmo, na visão do filósofo. 
04. Segundo o pensamento medieval, 
principalmente o de Santo Agostinho, verdade 
de fato é aquela que é dada ao homem por meio 
da revelação. Não importa seu conteúdo e sua 
inteligibilidade, mas tão somente sua origem, 
no caso, divina. Essas verdades reveladas são 
dadas ao homem e a este cabe aceitá-las de 
forma passiva. Não há espaço para a dúvida, 
para o questionamento, para a investigação 
crítica, pois são verdades irrefutáveis. Porém, 
se pensarmos nas verdades modernas, 
estas são alcançadas pelo labor humano de 
investigar, questionar, criticar o que está posto, 
procurando esclarecer tudo. O que não tiver 
uma justificativa racional será rejeitado, pois 
não encontra legitimidade na razão humana, 
única juíza das verdades de fato.
A Patrística e Santo Agostinho
18 Coleção Estudo
05. O principal problema de toda a Idade Média se 
constitui exatamente na relação entre fé e razão. 
A fé é a essência da religião, que se baseia nas 
verdades reveladas por Deus aos homens por 
meio das Sagradas Escrituras, da tradição e do 
Magistério da Igreja. Dessa forma, tais verdades 
são irrefutáveis e inquestionáveis para aqueles 
que têm fé. Desse modo, a função da filosofia 
não é criticar a fé nem tão pouco colocá-la em 
xeque, mas servir somente como instrumento 
de explicação da fé. É nesse contexto que 
entendemos porque a filosofia é considerada 
«escrava» da fé, uma vez que esta não tem a 
função de criticar ou purificar o que a religião 
afirma, mas sim fornecer argumentos explicativos 
da mesma. 
06. O tempo não pode ser conhecido em si mesmo, 
ontologicamente, porque o tempo não existe 
por si mesmo, e é impossível definir o que não 
existe. O passado não existe, pois já não é, 
já passou, e o que passou não existe mais. O 
futuro não existe porque ainda não é, ele não 
está presente e, por isso, não pode existir por 
si mesmo. O presente constitui o instante, 
portanto, impossível de ser compreendido, pois 
o agora, o momento, passa instantaneamente 
para o passado.
 Agostinho responde a essa questão invertendo 
o raciocínio. Não busca compreender o tempo 
em si, mas o tempo para o homem, ou seja, 
a percepção humana do tempo, por isso sua 
reflexão sobre o tempo é psicológica. Os homens 
só podem conhecer o tempo pela lembrança, 
pois ele só existe na mente como memória dos 
fatos passados e expectativa dos acontecimentos 
futuros trazidos para o agora pela atenção, que 
sintetiza o passado e o futuro, tornando-os 
presentes.
07. Segundo Agostinho, o homem é mau por 
natureza. Essa maldade não se deve totalmente 
à sua vontade e seu desejo de tornar-se assim, 
mas a um mal natural que está nele desde o 
seu nascimento e que constitui uma espécie 
de tendência que o leva a realizar o que é 
considerado pecado para o cristianismo. Porém, 
apesar de mau, o homem também é o único capaz 
de superar essa força negativa por meio da ajuda 
e da intervenção divina, pois Deus habita a sua 
alma e o ajuda por meio de sua graça. Segundo 
Agostinho, é exatamente porque o homem tende 
ao mal que ele não pode ser livre para decidir, 
por si próprio, os caminhos que trilhará, devendo, 
ao contrário, obedecer a Deus de forma total e 
irrestrita.
08. O Pelagianismo, pensamento considerado uma 
heresia pela Igreja Católica no século V, defendia 
que o homem poderia alcançar a salvação 
somente por meio de seu esforço pessoal e sua 
determinação, sem a ajuda e a intervenção divina. 
Tal doutrina foi veementemente condenada pela 
Igreja, uma vez que dispensaria a ajuda e o 
auxílio de Deus, tornando o homem autônomo, 
inclusive em relação à sua salvação. Dessa 
forma, a Igreja se posicionou a favor da Teoria da 
Predestinação Divina de Agostinho, que afirmava 
que a salvação do homem só seria possível se 
este fosse um eleito, ou seja, se tivesse recebido 
de Deus a graça divina, um dom dado a alguns 
homens, sem o qual não existiria a possibilidade 
de salvação. 
Seção Enem
01. C
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31Editora Bernoulli
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A essa altura, os homens da razão aprendem dos árabes 
que há um antigo mestre (um grego) que poderia forneceruma chave para unificar esses membros esparsos da cultura: 
Aristóteles. Aristóteles sabia falar de Deus, mas classificava os 
animais e as pedras, e se ocupava com o movimento dos astros. 
Aristóteles sabia lógica, preo cupava-se com psicologia, falava 
de física, classificava os sistemas políticos. Mas Aristóteles, 
sobretudo, oferecia as chaves (e Tomás nisso saberá tirar dele 
o máxi mo) para inverter a relação entre a essência das coisas 
(e isso significa aquela por ção das coisas que pode ser entendida 
e dita, mesmo quando as coisas não estão ali debaixo dos 
nossos olhos) e a matéria de que as coisas são feitas. [...]
Tomás não era nem herege nem revolucionário. Tem sido 
chamado de “concordista”. Para ele, tratava-se de afinar aquela 
que era a nova ciência com a ciência da revelação, e de mudar 
tudo para que nada mudasse.
Mas, nesse plano, ele aplica um extraordinário bom-senso 
e (mestre em sutilezas teológicas) uma grande aderência à 
realidade natural e ao equilíbrio terreno. Fique claro que Tomás 
não aristoteliza o cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. 
Fique claro que nunca pensou que com a razão se pudesse 
enten der tudo, mas que tudo se compreende pela fé: só quis 
dizer que a fé não estava em desacordo com a razão, e que, 
portanto, era até possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo 
do universo da alucinação. E assim compreende-se por que na 
arquitetura de suas obras os capítulos principais falam apenas 
de Deus, dos anjos, da alma, da virtude, da vida eterna: mas 
no interior desses capítulos tudo encontra um lugar, mais que 
racional, “razoável”. [...]
Não se esqueça de que antes dele, quando se estudava o 
texto de um autor antigo, o comentador ou o copista, quando 
encontrava algo que não concordava com a religião revelada, 
ou apagava as frases “errôneas” ou as assinalava em senti do 
dubitativo, para pôr em guarda o leitor, ou as deslocavam para 
a margem. O que faz Tomás, por sua vez? Alinha as opiniões 
divergentes, esclarece o sentido de cada uma, questiona tudo, 
até o dado da revelação, enumera as objeções pos síveis, tenta 
a mediação final. Tudo deve ser feito em público, como pública 
era justamente a disputatio na sua época: entra em função o 
tribunal da razão.
Que depois, lendo com atenção, se descubra que em cada 
caso o dado de fé aca bava prevalecendo sobre qualquer outra 
coisa e guiava o deslindar da questão, ou seja, que Deus e a 
verdade revelada precediam e guiavam o movimento da razão 
laica, isso foi esclarecido pelos mais agudos e aficionados 
estudiosos tomistas, como Gilson. Nunca ninguém disse que 
Tomás era um Galileu. Tomás simplesmente fornece à Igreja 
um sistema doutrinário que a concilia com o mun do natural.
ECO, Umberto. Elogio de Santo Tomás de Aquino. 
In: Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1984. p. 335-336 e 339-340.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. REDIJA um texto explicando a importância da 
Renascença Carolíngia para o ensino formal durante a 
Idade Média.
02. O problema central da Escolástica era o mesmo da 
Patrística: compreender racionalmente o que dizia a fé, 
a revelação.
REDIJA um texto explicando o que há de comum entre 
a Patrística e a Escolástica. 
03. Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as 
capacidades da razão humana, nem por isso os princípios 
inatos naturalmente à razão podem estar em contradição 
com esta verdade sobrenatural.
AQUINO, São Tomás de. Suma contra os Gentios. 
In: Coleção Os Pensadores. São Paulo: 
Abril Cultural, v. VIII, 1973, p. 70. 
De acordo com a citação anterior e com base em outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
explicando a relação entre esforço humano e revelação 
divina para São Tomás de Aquino.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. REDIJA um texto explicando a diferença entre os 
argumentos a posteriori e os argumentos a priori, 
elaborados por Anselmo de Cantuária para provar a 
existência de Deus. 
02. REDIJA um texto explicando a importância das 
universidades para o pensamento medieval no período 
da Escolástica. 
03. REDIJA um texto explicando a importância dos 
pensadores árabes Avicena e Averróis para a constituição 
do pensamento escolástico, principalmente em sua 
terceira fase. 
04. REDIJA um texto explicando a intenção essencial de 
Tomás de Aquino, ao elaborar os argumentos sobre 
a existência de Deus, e como estes argumentos 
funcionam como instrumento de legitimação da fé 
cristã. 
A Escolástica e Santo Tomás de Aquino
32 Coleção Estudo
05. Tomás não era nem herege nem revolucionário. 
Tem sido chamado de “concordista”. Para ele, 
tratava-se de afinar aquela que era a nova ciência 
com a ciência da revelação, e de mudar tudo para 
que nada mudasse. [...] Que depois, lendo com 
atenção, se descubra que, em cada caso, o dado de 
fé aca bava prevalecendo sobre qualquer outra coisa e 
guiava o deslindar da questão, ou seja, que Deus e a 
verdade revelada precediam e guiavam o movimento 
da razão laica, isso foi esclarecido pelos mais agudos 
e aficionados estudiosos tomistas, como Gilson. 
Nunca ninguém disse que Tomás era um Galileu. 
Tomás simplesmente fornece à Igreja um sistema 
doutrinário que a concilia com o mun do natural.
ECO, Umberto. Elogio de Santo Tomás de Aquino. 
In: Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1984. p. 335-336 e 339-340.
REDIJA um texto explicando a seguinte afirmação: 
“Nunca ninguém disse que Tomás era um Galileu”.
06. Em sua teoria do conhecimento, Tomás de Aquino 
substitui a doutrina da iluminação divina pela da 
abstração, de raízes aristotélicas: a única fonte de 
conhecimento humano seria a realidade sensível, pois os 
objetos naturais encerrariam uma forma inteligível em 
potência, que se revela, porém, não aos sentidos que 
só podem captá-la individualmente, mas ao intelecto.
INÁCIO, Inês C.; LUCA, Tânia Regina de. 
O pensamento medieval. São Paulo: 
Ática, 1988. p. 74.
REDIJA um texto explicando a novidade trazida pela 
epistemologia tomista. 
07. Tampouco é inevitável que, se afirmarmos que Deus 
é exclusivamente ser ou existência, caiamos no erro 
daqueles que disseram que Deus é aquele ser universal, 
em virtude do qual todas as coisas existem formalmente. 
Com efeito, este ser que é Deus é de tal condição, que 
nada se lhe pode adicionar. [...] Por este motivo afirma-se 
no comentário à nona proposição do livro Sobre as 
Causas, que a individuação da causa primeira, a qual 
é puro ser, ocorre por causa da sua bondade. Assim 
como o ser comum em seu intelecto não inclui nenhuma 
adição, da mesma forma não inclui no seu intelecto 
qualquer precisão de adição, pois, se isto acontecesse, 
nada poderia ser compreendido como ser, se nele algo 
pudesse ser acrescentado.
AQUINO, Tomás de. O ente e a essência. 
In: BARAÚNA, Luiz João (trad.). Coleção Pensadores. 
São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 15. 
Com base na leitura do trecho anterior e em outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
explicando por que, segundo Tomás de Aquino, Deus é 
Ato Puro. 
08. REDIJA um texto estabelecendo as relações hierárquicas 
existentes entre a lei eterna, a lei natural, a lei humana 
e a lei divina.
SEÇÃO ENEM
01. Embora a supracitada verdade da fé cristã exceda a 
capacidade da razão humana, os princípios que a razão 
tem postos em si pela natureza não podem ser contrários 
àquela verdade.
AQUINO, Tomás de. Suma ontra os Gentios. 
Tradução D. Odilão Moura e Ludgero Jaspers. 
Rev. Luis A. de Boni. Porto Alegre: 
EDPUCRS, 1996. I, VII, 1 (42). 
Tomás de Aquino não via contradição entre fé e razão, pois 
se a ideia é realmente verdade, ela não pode estar contra 
a revelação nem a razão humana, já que esta também 
foi dada por Deus. Desse modo, o homem, conhecedor 
da verdade, é entendido como
A) passivo diante da revelação dada por Deus e pela 
Igreja, uma vez que, como as verdades são eternas 
e imutáveis, estassó podem ser conhecidas pela 
concessão divina e nada mais.
B) pecador e, desse modo, por causa de sua natureza má, 
ele não pode alcançar as verdades divinas, pois estas 
estão além de sua capacidade.
C) pecador, porém com a capacidade de entender 
racionalmente as verdades divinas, desde que a razão 
não contrarie a fé.
D) filho de Deus, portanto capaz de alcançar as 
verdades sobre o mundo e da fé somente pela 
racionalidade, não necessitando, para isso, do 
auxílio divino. 
E) capaz de, pela ciência, alcançar um conhecimento 
do mundo que exceda a própria revelação, uma vez 
que as essências ou verdades estão nas coisas e são 
compreendidas pela investigação científica. 
Frente A Módulo 08
33Editora Bernoulli
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GABARITO
Fixação
01. A Renascença Carolíngia, um movimento iniciado 
por Carlos Magno, imperador do Sacro Império 
Romano-Germânico, teve como foco a questão 
da educação e do ensino durante a Idade Média. 
No início do século IX, Carlos Magno, com a ajuda 
do monge Alcuíno, fundou as escolas Palatinas, 
com o intuito de formar pessoas intelectualmente 
preparadas para assumirem cargos na 
administração pública. Dessa forma, juntamente 
à fundação das escolas, houve a organização do 
ensino, dividido em trivium e quadrivium. Esses 
fatores foram essenciais para que o conhecimento, 
mantido, até aquele momento, exclusivamente 
dentro dos mosteiros, pudesse ser difundido de 
forma mais ampla no mundo europeu. 
02. O grande e fundamental problema tratado 
na Idade Média diz respeito à relação entre 
fé e razão. Dessa forma, tanto no período da 
Patrística (séculos III a VIII) quanto no período 
da Escolástica (séculos IX a XV), a relação entre 
religião e filosofia foi a questão a ser respondida. 
Nesses dois momentos, observa-se a clara 
sobreposição da fé à razão, que servia somente 
como instrumento de explicação da fé. Se na 
Patrística o instrumento principal de explicação 
da fé foi o pensamento de Platão, na Escolástica, 
tal instrumento foi o pensamento de Aristóteles. 
De uma forma ou de outra, em ambas, buscou-se 
uma aproximação entre filosofia e religião 
com o intuito de que aquela oferecesse a 
esta instrumentos que pudessem garantir sua 
legitimidade também em relação à racionalidade 
filosófica. 
03. Santo Tomás de Aquino é o principal 
representante da Escolástica e o principal 
filósofo medieval. Inspirado em Aristóteles 
e contrário a Santo Agostinho, Tomás de 
Aquino acredita que o homem é dotado de 
uma inteligência natural que pode levá-lo ao 
conhecimento do mundo pela experiência e pela 
razão. No entanto, por ser um cristão coerente, 
não pode prescindir da verdade revelada. 
Assim, pode-se dizer que Tomás de Aquino faz 
concordar a filosofia aristotélica com a revelação 
divina. Se o homem tem uma inteligência, esta foi 
dada por Deus. Utilizando-se dela, não é possível 
ao homem encontrar verdades que estejam 
em contradição com aquilo que o próprio Deus 
determinou. Desse modo, o homem, esforçando-se 
para conhecer o mundo natural, alcançaria, em 
última instância, as próprias verdades divinas, 
pois estas não podem se contradizer. 
Propostos
01. Anselmo, um dos mais importantes pensadores 
da Escolástica, dedicou-se a elaborar argumentos 
que provassem, de forma lógica e racional, 
a existência de Deus. Com esse intuito, elaborou 
os argumentos a posteriori, que partem da 
existência de algo na realidade para se chegar 
à ideia da existência de Deus. Um exemplo é o 
quarto argumento que está relacionado aos graus 
de perfeição dos seres. Se os seres têm graus 
diversos de perfeição, ou seja, há aqueles que são 
mais ou menos justos ou belos, há de se considerar 
que existe um ser com o máximo de perfeição, 
e esse ser é Deus. Já o argumento ontológico, 
o mais importante de Anselmo, embora duramente 
criticado por outros pensadores, é uma prova a 
priori, ou seja, tem a intenção de provar que Deus 
existe por si mesmo, sem a necessidade de que 
algo garanta, pelo menos argumentativamente, 
sua existência. Esse argumento atesta que, para 
pensar em Deus, é necessária sua existência, 
pois se assim não fosse, ou seja, se ele não 
existisse, não seria possível nem mesmo 
pensá-lo. No entanto, já que é possível pensá-lo, 
necessariamente, Ele existe. 
02. As universidades tiveram um papel essencial 
na formação do pensamento escolástico. 
Se as escolas fundadas por Carlos Magno já 
representaram um avanço significativo em favor da 
cultura intelectual, as universidades, por gozarem 
de mais liberdade de pensamento, sobretudo 
pela presença do novo poder intelectual que 
surge representado pelos mestres, destacam-se 
como o grande feito do início do século XI. Uma 
contribuição importante das universidades foi 
o fato de terem proporcionado, pelo menos em 
seu início, aos jovens mais pobres, filhos de 
artesãos e de camponeses, a chance de estudar, 
o que representou um avanço social ímpar na 
história do pensamento ocidental. Porém, acima 
de todas essas contribuições, a grande novidade 
trazida pelas universidades foi o desenvolvimento 
do pensamento escolástico, que representou 
a tentativa, sempre crescente e cada vez mais 
apurada, de buscar o conhecimento pelo exercício 
da razão, mesmo que esta ainda estivesse presa 
às amarras da fé. 
03. Avicena e Averróis são os pensadores árabes de 
maior influência sobre o pensamento filosófico do 
Ocidente. Sabe-se que, devido aos acontecimentos 
A Escolástica e Santo Tomás de Aquino
34 Coleção Estudo
históricos ao longo dos primeiros séculos da Idade 
Média, a filosofia latina teve pouco contato com 
as obras de Platão e de Aristóteles. Ao contrário, 
o Oriente pôde se aprofundar nos estudos desses 
pensadores, em especial de Aristóteles. Dessa 
forma, com as invasões islâmicas no Ocidente, 
tais estudos e obras, já traduzidos para as 
línguas árabes, foram trazidos para as línguas do 
Ocidente pelas mãos dos orientais, dentre os mais 
importantes, Avicena e Averróis. Certamente, 
eles foram os principais responsáveis pela 
re-introdução do pensamento aristotélico no 
Ocidente, o que permitiu o desenvolvimento do 
chamado aristotelismo cristão, principalmente 
pelo trabalho espetacular de síntese entre 
cristianismo e aristotelismo realizado por Tomás 
de Aquino. 
04. Tomás de Aquino, o principal pensador medieval, 
tem, como função principal em sua filosofia, 
garantir que as verdades da fé se mantenham 
inabaláveis. Porém, para que isso aconteça, é 
necessário buscar na razão, atributo comum a 
todos os homens, a ferramenta adequada para 
alcançar seu objetivo. Ao elaborar as cinco provas 
da existência de Deus, ele parte da existência 
real dos seres para, por meio desta, chegar à 
existência divina, utilizando um argumento lógico 
irrefutável. Assim, nos cinco argumentos, Tomás 
atesta a necessidade da existência de Deus como 
fundamento da realidade da razão, a qual sem ele 
não existiria. 
05. Tomás de Aquino elaborou uma síntese entre o 
pensamento de Aristóteles, chamado de nova 
ciência, com a religião ou a ciência da revelação. 
Ao conciliar filosofia e cristianismo, a intenção 
de Tomás de Aquino era clara: fazer com que 
as verdades da fé continuassem irrefutáveis. 
Por esse motivo, não se pode dizer que Tomás 
foi um Galileu, pois ele não revolucionou o 
conhecimento tal como Galileu o fez ao corroborar 
o geocentrismo de Copérnico e propor um 
novo método científico para superar o método 
aristotélico, utilizado até então pelas ciências. 
Tomás de Aquino tão somente encontrou um 
caminho novo para deixar tudo continuar como 
estava, ou seja, para que todos os dados da fé 
continuassem incontestáveis, legitimando e 
justificando a religião cristã como verdade superior. 
Esse caminho novo foi justamente explicar a fé 
cristã por meio da filosofia aristotélica. 
06. Santo Tomás de Aquino, inspirado na filosofiaaristotélica, inova ao defender a capacidade 
humana para encontrar as verdades sobre o 
mundo. Ao contrário de Santo Agostinho, que 
defenderá que só é possível conhecer por meio 
da iluminação divina, uma vez que o homem tem 
o mal em si e é incapaz de alcançar qualquer 
verdade por seus próprios méritos e esforços, 
Tomás de Aquino dirá que a mente humana 
pode sim, pela abstração nascida do processo 
indutivo, levar o homem às verdades sobre o 
mundo natural. Assim, conhecer os seres significa 
alcançar sua essência pela abstração. Tal visão 
representa também um olhar mais otimista sobre 
o homem, o qual, se na filosofia agostiniana é vil 
e somente pecador, na filosofia tomista, apesar de 
pecador, é capaz de algo bom, no caso, alcançar o 
conhecimento verdadeiro sobre o mundo natural 
e mesmo algumas verdades sobre Deus. 
07. Em Deus não pode haver mudança, uma vez 
que o que muda é imperfeito. A mutabilidade 
ocorre quando da transformação da potência 
em ato. Portanto, para que haja mudança, 
é necessário que o ser tenha a potência de se 
transformar, o que não é, absolutamente, o caso 
de Deus. A mutabilidade é característica dos 
seres imperfeitos, pois tudo o que se transforma é 
imperfeito. Assim, Deus não pode se transformar, 
pois seria imperfeito. Logo, Ele não possui 
potência, característica dos seres que podem 
se transformar, pois potência é justamente o 
conjunto de transformações possíveis ao ser. 
Conclui-se, portanto, que Deus é Ato Puro, uma 
vez que é impossível que se transforme ou mude. 
08. Segundo Tomás de Aquino, as leis são necessárias 
à vida humana em sociedade. A mais importante 
delas leis é a lei eterna, que representa a própria 
racionalidade divina em si mesma e que é 
parcialmente acessível a todos os homens. Abaixo 
dela, temos a lei divina, expressão da vontade de 
Deus por meio das Sagradas Escrituras, caminho 
que leva à salvação. Em seguida, encontra-se a 
lei natural, reflexo das anteriores, a qual está 
inscrita na natureza humana e dos outros seres, 
ditando o que estes devem fazer, como devem se 
comportar, segundo a natureza própria de cada um. 
Em última instância, está a lei humana, que 
constitui o direito positivo, criado pelo homem. 
Essa lei deve refletir a lei natural, que, por sua 
vez, reflete a lei divina e a lei eterna. 
Seção Enem
01. C
Frente A Módulo 08
2 Coleção Estudo
Su
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 F
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so
fia Frente A
11 3 Epistemologia Moderna
Autor: Richard Garcia Amorim
12 27 Kant
 Autor: Richard Garcia Amorim
22 Coleção Estudo
Hábito e crença
Hume defende, então, que o costume e o hábito é que 
levam o homem a acreditar nas relações de causa e efeito, 
e não algo real e verificável na realidade. Esse costume leva 
o homem à crença de que tais fenômenos sempre ocorrerão. 
Essa crença nos dá a ilusão de que estamos diante de um 
fenômeno determinado por causa e efeito, ilusão esta que 
nos leva à convicção de que, uma vez ocorrida a causa, 
o efeito inevitavelmente a sucederá.
Ao fim de sua reflexão, Hume afirma que aquilo 
que possibilita a relação de causa e efeito não são 
proposições ou princípios racionais, mas somente um 
sentimento afetivo-irracional, que é a crença. 
O ceticismo de Hume
Hume afirma que todo o conhecimento humano nasce 
de impressões sensíveis da realidade e da reflexão das ideias 
que surgem na mente do homem. Porém, essas ideias são 
sempre variáveis, uma vez que nascem das experiências 
particulares dos homens, e as relações entre tais ideias são 
frutos das relações de causalidade, as quais não passam 
de crenças ilusórias provenientes do hábito. 
Desse modo, para Hume, nenhum conhecimento é certo 
e seguro. Toda a Ciência é resultado de induções que 
não garantem certeza alguma, já que essas induções 
são generalizações estéreis, sem grau de certeza ou verdade. 
Portanto, o único conhecimento que o homem pode obter 
da realidade são probabilidades. A Ciência, que acreditava 
poder permitir o conhecimento do mundo tal como ele é, que 
acreditava ser possível encontrar certezas e verdades claras 
e distintas sobre as coisas, precisa agora contentar-se com 
hipóteses prováveis, que nunca poderão ser confirmadas 
como certeza científica.
É nesse sentido e por esses motivos que Hume é considerado 
um cético. Nosso conhecimento, nossas pretensões à ciência, 
em última análise, não podem ser fundamentadas, justificadas 
ou legitimadas por nenhum princípio ou argumento racional. 
A maneira pela qual conhecemos e pela qual agimos 
no real depende apenas de nossa natureza, de nossos 
costumes e de nossos hábitos. [...] Alguns o consideram 
[Hume] um cético, na medida em que nega a possibilidade 
de um conhecimento certo, definitivo e justificado. Outros 
o consideram um naturalista, na medida em que o ceticismo 
dá lugar ao naturalismo, isto é, à posição segundo a qual 
é nossa natureza que nos impulsiona a julgar e a agir.
MARCONDES. Danilo. Iniciação à história da Filosofia: 
dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar editor, 1997. p. 185.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Tomemos [...] este pedaço de cera que acaba de ser 
tirado da colméia: ele não perdeu ainda a doçura do mel 
que continha, retém ainda algo do odor das flores 
de que foi recolhido; sua cor, sua figura, sua grandeza, 
são patentes; é duro, é frio, tocamo-lo e, se nele batermos, 
produzirá algum som. Enfim, todas as coisas que podem 
distintamente fazer conhecer um corpo encontram-se neste. 
Mas eis que, enquanto falo, é aproximado do fogo: o que 
nele restava de sabor exala-se, o odor se esvai, sua cor 
se modifica, sua figura se altera, sua grandeza aumenta, 
ele torna-se líquido, esquenta-se, mal o podemos tocar e, 
embora nele batamos, nenhum som produzirá. A mesma 
cera permanece após essa modificação? Cumpre confessar 
que permanece: e ninguém o pode negar. O que é, pois, 
que se conhecia deste pedaço de cera com tanta distinção?
DESCARTES, René. Meditações. Tradução de Jacó 
Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: 
Nova Cultural, 1996. p. 272.
A partir desse trecho e de outros conhecimentos sobre 
o assunto, REDIJA um texto explicando a tese defendida 
por Descartes e explicitando a importância desse 
problema para a Filosofia. 
02. Para Bacon, o método científico é um conjunto 
de regras para observar fenômenos e inferir conclusões 
a partir de tais observações. O método de Bacon é, 
pois, indutivo. As regras de Bacon eram simples, a tal 
ponto que qualquer pessoa [...] poderia apreendê-las 
e aplicá-las. Eram também infalíveis: bastava aplicá-las 
para fazer a ciência avançar. Naturalmente, nem Bacon nem 
qualquer outro lograram jamais contribuir para a ciência 
usando os cânones indutivos – nem os de Bacon, nem 
os de Mill, nem os de qualquer outro. Porém, a idéia de que 
existe tal método e de que a sua aplicação não requer talento, 
e tão-pouco uma extensa preparação prévia, é tão atrativa 
que ainda existem os que acreditam na sua eficácia. [...] 
Descartes, que, ao contrário de Bacon, era um 
matemático e cientista de primeira linha, não acreditava 
na indução, mas na análise e na dedução. Enquanto 
Bacon exagerava a importância da experiência comum 
e ignorava a experimentação e a existência de teorias, 
particularmente teorias matemáticas, Descartes 
menosprezava a experiência. Com efeito, deveria 
partir-se de princípios supremos, de natureza metafísica 
e mesmo teológica, para deles obter verdades matemáticas 
e verdades acerca da natureza do homem. [...] 
A Ciência Natural moderna nasce à margem dessas 
fantasias filosóficas. Galileu não se conforma com 
a observação pura (teoricamente neutra) e tão-pouco 
com a conjectura arbitrária. Galileu propõe hipóteses 
e submete-as à prova experimental. Funda assim 
a dinâmica moderna, primeira fase da Ciência Moderna.
BUNGE, Mario. A Epistemologia. 
Tradução de Cláudio Navarra. São Paulo: 1980.
A partir desse trecho e de outros conhecimentos sobre 
o assunto,REDIJA um texto explicando a importância 
do método científico para a Ciência Moderna. 
Frente A Módulo 11
23Editora Bernoulli
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03. Se um objeto nos fosse apresentado e fôssemos solicitados 
a nos pronunciar, sem consulta à observação passada, 
sobre o efeito que dele resultará, de que maneira, eu 
pergunto, deveria a mente proceder nessa operação? 
Ela deve inventar ou imaginar algum resultado para atribuir 
ao objeto como seu efeito, e é óbvio que essa invenção 
terá de ser inteiramente arbitrária. O mais atento exame 
e escrutínio não permite à mente encontrar o efeito 
na suposta causa, pois o efeito é totalmente diferente 
da causa e não pode, conseqüentemente, revelar-se nela. 
HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano 
e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de 
Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004. p. 57-58.
Exemplo de causalidade: ciclones tropicais formam-se 
quando a energia liberada pela condensação da umidade em 
correntes de ar ascendentes causa uma retroalimentação 
positiva sobre as águas mornas dos oceanos.
EMANUEL, Kerry. Anthropogenic Effects on Tropical Cyclone 
Activity. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Causalidade#cite_note-0. Acesso em: 23 nov. 2010.
De acordo com a filosofia de Hume, REDIJA um texto 
respondendo à seguinte questão: toda causa tem um efeito? 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. [a razão] é naturalmente igual em todos os homens; e, 
destarte, que a diversidade de nossas opiniões não provém 
do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas 
somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias 
diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não 
é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem.
DESCARTES, René. Discurso do método, para bem conduzir 
a própria razão e procurar a verdade nas ciências. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 29.
A partir do trecho anterior e de outros conhecimentos 
sobre o assunto, IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese 
defendida por Descartes. 
02. O exercício da dúvida é o procedimento identificado com 
o ceticismo. Descartes, no entanto, utilizou do expediente 
da dúvida com outro propósito. A respeito de sua conduta 
e do comportamento dos céticos, Descartes manifestou-se 
na terceira parte do Discurso do Método:
Não que imitasse, para tanto, os céticos, que duvidam 
apenas por duvidar e afetam ser sempre irresolutos: 
pois, ao contrário, todo o meu intuito tendia tão-somente 
a me certificar e remover a terra movediça e a areia, para 
encontrar a rocha ou a argila.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: 
Nova Cultural, 1979. p. 44. Coleção Os Pensadores. 
REDIJA um texto explicando que outros propósitos 
levaram Descartes a utilizar o caminho dos céticos. 
03. (UFMG–2006) Leia este trecho:
Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que 
é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, 
não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que 
empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei 
que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons 
e todas as coisas exteriores que vemos são apenas 
ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender 
minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo 
absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, 
de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado 
da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei 
obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, 
por esse meio, não está em meu poder chegar 
ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está 
ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei 
zelosamente de não receber em minha crença nenhuma 
falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos 
os ardis desse grande enganador que, por poderoso 
e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo.
DESCARTES, René. Meditações. Tradução de J. Guinsburg 
e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 88-89.
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
ideias contidas nessa obra de Descartes, REDIJA 
um texto explicando como o filósofo se mostra capaz 
de vencer o gênio maligno.
04. 
Senhora,
Algumas vezes eu coloquei a mim mesmo uma dúvida: 
saber se é melhor estar alegre e contente, imaginando 
que os bens que possuímos são maiores e mais estimáveis 
do que eles são e ignorando os que nos faltam, ou não 
parando para considerá-los, ou se é melhor ter mais 
consideração e saber, para conhecer o justo valor 
de uns e de outros, e com isto tornar-se mais triste. 
Se eu pensasse que o soberano bem fosse a alegria, 
eu nunca duvidaria de que deveríamos dedicar-nos 
a tornarmo-nos alegres a qualquer preço, e eu aprovaria 
a brutalidade daqueles que afogam suas mágoas no vinho 
ou as atordoam com o fumo. Mas eu distingo entre 
o soberano bem, que consiste no exercício da virtude 
[...] e a satisfação do espírito que acompanha esta 
posse. É por isto que é uma maior perfeição conhecer 
a verdade, mesmo que desvantajosa a nós, que ignorá-
la, e eu confesso que é melhor estar menos alegre e ter 
mais conhecimento.
DESCARTES, R. Carta a Elizabeth, de 6 de outubro de 1645.
IDENTIFIQUE a tese defendida por Descartes nesta 
passagem e, em seguida, REDIJA um texto posicionando-se 
contra ou a favor dessa tese.
Epistemologia moderna
24 Coleção Estudo
05. Que ninguém espere um grande progresso nas ciências, 
especialmente no seu lado prático, até que a filosofia natural 
seja levada às ciências particulares e as ciências particulares 
sejam incorporadas à filosofia natural. [...] De fato, 
desde que as ciências particulares se constituíram 
e se dispersaram, não mais se alimentaram da filosofia 
natural, que lhes poderia ter transmitido as fontes 
e o verdadeiro conhecimento dos movimentos, dos raios, 
dos sons, da estrutura e do esquematismo dos corpos, das 
afecções e das percepções intelectuais, o que lhes teria 
infundido novas forças para novos progressos.
BACON, Francis. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis 
de Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988 p. 48.
REDIJA um texto explicando as condições de possibilidade 
do progresso da Ciência, segundo o trecho anterior. 
06. As idéias, especialmente as pertencentes aos princípios, 
não nascem com as crianças. Se consideramos 
cuidadosamente as crianças recém-nascidas, teremos 
bem poucos motivos para crer que elas trazem consigo 
a este mundo muitas idéias. Excetuando, talvez, algumas 
pálidas idéias de fome, sede e calor, e certas dores, que 
sentiram talvez no ventre, não há a menor manifestação 
de idéias estabelecidas nelas, especialmente das idéias 
que respondem aos termos que formam proposições 
universais que são consideradas princípios inatos.
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. 
São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 51.
De acordo com esse trecho e com outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando qual 
é a origem das ideias para Locke. 
07. [...] embora nosso pensamento pareça possuir esta 
liberdade ilimitada, verificamos, através de um exame 
mais minucioso, que ele está realmente confinado dentro 
de limites muito reduzidos e que todo poder criador 
do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, 
de transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos 
foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência.
HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. 
São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 70. Coleção Os Pensadores. 
A partir do trecho anterior e de outros conhecimentos 
sobre o assunto, IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese 
defendida por Hume. 
08. (UFMG–2007) Leia estes trechos:
Podemos, por conseguinte, dividir todas as percepções 
do espírito em duas classes ou espécies, que se distinguem 
por seus diferentes graus de força e de vivacidade. As menos 
fortes e menos vivas são geralmente denominadas 
pensamentos ou idéias. A outra espécie não possui um 
nome em nosso idioma e na maioria dos outros, porque, 
suponho, somentecom fins filosóficos era necessário 
compreendê-las sob um termo ou nomenclatura geral. 
Deixe-nos, portanto, usar um pouco de liberdade de 
denominá-las impressões, empregando essa palavra num 
sentido de algum modo diferente do usual. Pelo termo 
impressão, entendo, pois, todas as nossas percepções 
mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, 
odiamos, desejamos ou queremos.
[...] todas as nossas idéias ou percepções mais fracas são 
cópias de nossas impressões ou percepções mais vivas.
HUME, David. Investigação acerca 
do entendimento humano. 5. ed. Tradução de Anoar Alex. 
São Paulo: Abril Cultural, 1992. p. 69-70. (Os Pensadores).
Com base na leitura desses trechos e considerando 
outras informações presentes na obra citada, 
EXPLIQUE, segundo Hume, a origem da ideia de Deus.
SEÇÃO ENEM
01. É de grande utilidade para o marinheiro saber a extensão 
de sua linha, embora não possa com ela sondar 
toda a profundidade do oceano. É conveniente que 
saiba que ela é suficientemente longa para alcançar 
o fundo dos lugares necessários para orientar sua 
viagem, e preveni-lo de esbarrar contra escolhos que 
podem destruí-lo.
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. 
São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 32.
John Locke é um dos grandes pensadores da Modernidade, 
fazendo parte de um seleto grupo de filósofos que 
receberam o nome de empiristas ingleses. Sua teoria 
busca responder a um dos problemas filosóficos mais 
importantes, tanto para a Filosofia quanto para todas 
as outras ciências: como o homem pode conhecer? 
Na citação anterior, ele expressa essa questão utilizando 
uma metáfora. Por meio dessa metáfora, é possível dizer 
que Locke acredita que o pensamento humano pode
A) conhecer toda a realidade, independentemente 
de qual ela seja, pois ele é o único ser racional e sua 
racionalidade constitui exatamente nessa capacidade. 
B) conhecer somente algumas coisas que estão à sua 
volta, pois a liberdade de conhecimento é limitada 
pela capacidade de pensar do homem.
C) conhecer somente as realidades materiais, de forma 
que as realidades abstratas, como os sentimentos, 
não podem ser conhecidos.
D) conhecer somente aquilo que é experimentável, 
e o que inclui tanto as coisas materiais do mundo 
como os sentimentos, como tristeza, alegria, 
dentre outros. 
E) conhecer somente os objetos e de forma precária, 
pois o conhecimento é sempre passageiro e incerto, 
uma vez que muda de pessoa para pessoa.
Frente A Módulo 11
25Editora Bernoulli
FI
LO
SO
FI
A
GABARITO
Fixação
01. Descartes defende que o conhecimento dos seres 
não se dá através dos sentidos. Ao contrário, 
como demonstra no argumento citado, os dados 
observados por meio da experiência são fugidios, 
ou seja, não são estáveis, e, portanto, não podem 
ser a fonte do conhecimento verdadeiro sobre o 
mundo. Se a cera aparece aos sentidos com algumas 
características sensíveis próprias, tais características 
se alteram à medida que é aproximada do fogo. 
Dessa forma, o conhecimento que se obteve da 
cera, baseado nos dados empíricos, não pode 
ser o único, uma vez que os dados empíricos 
sofreram alterações. Conclui-se, portanto, que 
a fonte do conhecimento verdadeiro não pode ser 
a experiência, mas sim a razão.
 O problema representado pela citação cartesiana 
diz respeito ao método científico que permite 
o conhecimento verdadeiro sobre o mundo. 
Empirismo e racionalismo se confrontam, 
cada um com seus argumentos, para ver qual 
deles prevalece como caminho seguro para 
o conhecimento de fato. Esta é a grande questão 
da Filosofia Moderna e, para alguns filósofos, 
o problema mais sério de toda a história da 
Filosofia, começando pelos pré-socráticos, 
passando por Platão e Aristóteles e chegando até 
os modernos Descartes, Locke e Hume.
02. Na Modernidade, a natureza passou por 
um processo de desencantamento, ou seja, 
foi possível, a partir daquele momento, conhecer 
o funcionamento da natureza e do Universo por 
meio da razão investigativa, inclusive com fins 
de dominação e de modificação da natureza, que 
deve estar a serviço do homem e não o contrário. 
O mundo desencantado é um mundo passível 
de ser conhecido pelo homem e por isso se fala na 
formação de um mundo antropocêntrico. Porém, 
isso não significa que tudo o que o homem diz sobre 
a natureza e seu funcionamento seja verdade, 
já que a única coisa que garante a verdade 
é o método. Por método, entende-se o caminho 
que leva à verdade. Só o método científico garante 
que aquilo que se afirma é correto ou incorreto, 
verdadeiro ou falso. A verdade não é fruto mais 
da autoridade, mas das razões racionalmente 
expostas e que são inteligíveis e provadas, 
principalmente, pela Matemática. 
03. Para Hume, a relação causa e efeito é uma 
ilusão, uma crença nascida do hábito de 
se ver sempre uma experiência acompanhada 
de outra, como o fogo acompanhado da fumaça. 
Porém, tal relação não se justifica, uma vez que, 
se ela existisse, todas as vezes que se observasse 
um fenômeno natural acontecido, ele deveria, 
sem exceção, vir acompanhado de sua causa; 
por exemplo, em toda combustão, deveria haver 
a liberação de fumaça, o que não acontece. 
Outro argumento utilizado pelo filósofo para 
contestar a relação causa-efeito é que, se tal 
relação fosse verdadeira, os homens deveriam 
ser capazes de determinar os efeitos das causas 
sem antes tê-las observado em nenhuma outra 
ocasião, pois se trataria, como no exemplo 
do ciclone do segundo trecho, de uma lei natural 
que, por si mesma, não poderia admitir nenhum 
outro resultado. 
Propostos
01. A tese defendida por Descartes é a de que todos 
os homens possuem as mesmas capacidades 
e condições racionais ou de pensamento 
para encontrar as verdades. Se as condições 
são as mesmas em todos, o que difere entre 
eles é a aplicação correta dessas condições, 
ou, dito de outra forma, alguns homens não 
aplicam sua razão de maneira adequada, 
resultando, então, em um conhecimento falso 
do mundo. Observa-se a ênfase que o pensador 
dá ao método científico como caminho adequado 
que levará o homem ao encontro da verdade. 
Sendo um racionalista, Descartes defende que 
só por meio da razão, e não da experiência, 
é possível encontrar conhecimentos verdadeiros 
sobre o mundo, desenvolvendo o seu método 
cartesiano, que se resume em: regra da evidência, 
regra da análise, regra da síntese e regra 
da enumeração. 
02. Ao contrário do ceticismo (em um sentido geral), 
que se caracteriza por duvidar de tudo acreditando 
não existirem verdades absolutas sobre nada, 
Descartes utiliza-se do caminho dos céticos, 
ou seja, da dúvida, para encontrar uma verdade 
que seja irrefutável. O caminho é o mesmo, 
mas os objetivos são completamente distintos. 
A dúvida cartesiana tem como objetivo 
a purificação para, a partir dela, buscar encontrar 
uma verdade clara e distinta que possa servir como 
a base para o seu novo edifício do saber. Como 
o fogo que retira as impurezas do ouro, deixando 
somente o metal puro, a dúvida tem o objetivo de 
purificar as ideias ou verdades, deixando somente 
resistir a ideia pura, ou seja, irrefutável e sem 
sombras de dúvida. Esse é o propósito da dúvida 
na filosofia cartesiana, manifestada especialmente 
no processo denominado de “dúvida metódica”, 
o qual levará à verdade ou certeza do Cogito. 
Epistemologia moderna
26 Coleção Estudo
Desse modo, não é possível à Ciência progredir 
se ela não se voltar para a experiência, e essa 
experiência, que ele denomina filosofia natural, 
não se dedicar ao conhecimento empírico do 
mundo. A partir da experiência é possível 
formar ideias, o que Bacon chama de afecções 
e percepções intelectuais.
06. Locke defende a tese da tábula rasa. Segundo 
ele, não há na mente humana absolutamente 
nenhuma ideia inata que nasceu com ele. Desse 
modo, todas as ideias que temos são provenientes 
das experiênciasque fazemos, sejam elas 
externas, no mundo exterior, sejam internas, como 
sentimentos de angústia, sofrimento, alegria, 
etc. Assim, a origem da ideias está sempre nas 
experiências e em nada mais. Se existissem ideias 
inatas, todos os homens, independentemente de 
sua cultura, localidade e tempo, deveriam alcançar 
as mesmas ideias sobre todos as coisas, e isso não 
ocorre na realidade. 
07. A tese defendida por Hume no trecho da questão 
refere-se à origem das ideias. Segundo o filósofo, 
todas as ideias presentes na mente humana 
nascem das impressões ou experiências que 
temos dos seres sensíveis na realidade. Essas 
experiências nos fornecem a matéria-prima das 
ideias, que são cópias das impressões que temos 
em nossa mente. Portanto, por mais ideias que 
o homem possa elaborar, elas sempre serão 
produtos de nossa capacidade de combinar, 
transpor, aumentar ou diminuir os dados que 
foram formados e adquiridos a partir de nossas 
experiências no mundo sensível. 
08. Na visão de David Hume, sempre que analisamos 
nossos pensamentos ou ideias, verificamos que 
eles podem se decompor em ideias simples, 
que são cópias de sensações ou experiências 
realizadas. Assim, a fim de exemplificar sua 
tese, Hume expõe o seguinte argumento, 
que legitima que as ideias são cópias das 
impressões: “se evantássemos a ideia de Deus, 
no sentido de um ser infinitamente inteligente, 
sábio e bondoso notaríamos que esta ideia 
é fruto da imaginação ou fantasia humana que, 
por meio de associações de ideias, toma como 
fundamento todas as experiências de qualidades 
positivas e as eleva ao infinito, dando a um ser 
a característica de possuir todas eles. Portanto, 
Deus seria fruto da imaginação humana e não um 
ser em si mesmo.” 
Seção Enem
01. D
03. René Descartes parte da ideia de que há um gênio 
maligno, um Deus enganador, que emprega toda 
a sua indústria em enganá-lo. Porém, ainda que 
exista tal gênio maligno, Descartes descobre em 
si uma única certeza: a de que ele, enquanto 
coloca todas as coisas em dúvida, para isso tem 
que pensar, ou seja, duvidar, e, enquanto ser que 
duvida, afirma a sua existência, não restando 
nenhuma dúvida de que ele próprio é algo, 
se esse gênio o engana; e, por mais que o engane, 
não poderá jamais fazer com que ele próprio 
(Descartes) nada seja, enquanto pensar ser 
alguma coisa. Assim, Descartes, a partir de uma 
intuição pura e primeira, chega à conclusão de 
que, enquanto pensar, ele é, e, se é, logo ele 
existe, e esta afirmação seria verdadeira todas 
as vezes que a enunciasse em seu pensamento. 
Descartes então chega à seguinte posição: 
Cogito, Ergo Sum! (Penso, logo existo!).
04. Tese: é melhor ser feliz e ignorar a verdade, 
ou é melhor ser menos feliz, porém conhecer 
a verdade. Em outras palavras, essa tese ressalta 
a dúvida de se é melhor ser feliz na mentira ou, 
ao contrário, ser infeliz na verdade.
 A segunda parte da resposta é subjetiva 
(espera-se que o aluno seja capaz de posicionar-se 
argumentativamente contra ou a favor dessa 
ideia.) Em questões neste modelo, não existe 
resposta certa ou errada. 
 A favor: sou favorável à ideia cartesiana, uma 
vez que a verdade é um valor soberano e, sem 
ela, por mais que se queira, o homem não 
pode ser feliz de fato, mas terá tão somente 
uma ilusão de felicidade, pois viverá no engano 
e na ignorância, o que pode levar a uma felicidade 
ilusória, mas não à verdadeira felicidade nascida 
do conhecimento verdadeiro sobre si mesmo 
e sobre o mundo.
 Contra: sou contrário à tese cartesiana, pois 
quem determina a felicidade ou a infelicidade 
do homem não é a posse da verdade em si, 
mas a atitude do homem diante da vida. Pode-
se pensar, facilmente, em alguém que viva 
na ignorância de uma traição ou de algo parecido 
e que seja feliz de fato, não necessitando 
de conhecimento, uma vez que tal homem ignora 
inclusive sua própria ignorância. Conhecimento 
e ignorância dizem respeito a campos diversos 
daquele que determina ou não a felicidade de um 
homem. 
05. Bacon, faz uma defesa da necessidade 
da experiência, do empirismo, para o progresso 
da Ciência. Ao se referir à filosofia natural, 
o filósofo fala sobre o papel dos sentidos 
para o conhecimento seguro. Tal corrente 
epistemológica defende que não é possível 
o conhecimento verdadeiro de todas as coisas 
se tal conhecimento não tenha como fundamento 
os sentidos, as percepções das coisas sensíveis. 
Frente A Módulo 11
34 Coleção Estudo
Há uma diferença fundamental entre ação por dever e ação 
correta. O homem pode agir corretamente, sem, no entanto, 
a ação ser por dever. Se a ação correta é realizada porque 
o sujeito tem interesses próprios, ele então ganhará alguma 
vantagem, será bem visto pelos outros homens, tendo 
agido corretamente, mas não por dever. A ação por dever 
é totalmente desinteressada, não havendo nela qualquer 
influência a não ser a da simples racionalidade, a qual 
determina que o sujeito deva agir de determinada maneira.
É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não 
suba os preços ao comprador inexperiente, e quando 
o movimento do negócio é grande, o comerciante esperto 
também não faz semelhante coisa, mas mantém um preço 
fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança pode 
comprar em sua casa tão bem como qualquer outra pessoa. 
É-se, pois, servido honradamente; mas isto ainda não 
é bastante para acreditar que o comerciante tenha assim 
procedido por dever e princípios de honradez; o seu interesse 
assim o exigia; mas não é de aceitar que ele, além disso, 
tenha tido uma inclinação imediata para os seus fregueses, 
de maneira a não fazer, por amor deles, preço mais vantajoso 
a um do que outro. 
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 112.
Para Kant, a ação digna é apenas aquela que ocorre por 
dever. Veja o fragmento a seguir, em que o filósofo discorre 
acerca desse caráter digno da ação.
No Reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. 
Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez 
dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma 
coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite 
equivalente, então tem ela dignidade. O que se relaciona com 
as inclinações e necessidades gerais do homem tem um preço 
venal; aquilo que, mesmo sem pressupor uma necessidade, 
é conforme a um certo gosto, isto é a uma satisfação no 
jogo livre e sem finalidade das nossas faculdades anímicas, 
tem um preço de afeição ou de sentimento; aquilo porém 
que constitui a condição só graças à qual qualquer coisa 
pode ser um fim em si mesma, não tem somente um 
valor relativo, isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é 
dignidade. Ora a moralidade é a única condição que pode 
fazer de um ser racional um fim em si mesmo, pois só por 
ela lhe é possível ser membro legislador no reino dos fins. 
Portanto a moralidade e a humanidade enquanto capaz 
de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
Lisboa: Edições 70, 1988. p. 77.
Para Kant, o homem só é realmente feliz e livre quando 
segue sua razão e, por conseguinte, a lei moral determinada 
pelo imperativo categórico. A razão é o que separa o homem 
do mundo natural e é o que nos diferencia dos animais, 
os quais seguem determinações naturais. Se a razão 
determina um princípio moral, o homem deve segui-lo. 
Se, pelo contrário, o homem nega esse princípio racional 
e decide agir de acordo com seus desejos e necessidades 
particulares, ele está abandonando aquilo que o diferencia 
dos outros seres, perdendo, assim, sua própria dignidade.
Túmulo de Kant, onde estão escritas as seguintes palavras: 
“Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre 
nova e crescente, quanto mais frequente e persistentemente 
a reflexão ocupa-se com elas: o céu estrelado acima de mim 
e a leimoral dentro de mim.”
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Ser caritativo quando se pode sê-lo é um dever, e há além 
disso muitas almas de disposição tão compassivas 
que, mesmo sem nenhum outro motivo de vaidade 
ou interesse, acham íntimo prazer em espalhar alegria 
à sua volta, e se podem alegrar com o contentamento 
dos outros, enquanto este é obra sua. Eu afirmo, 
porém, que, neste caso, uma tal ação, por conforme 
ao dever, por amável que ela seja, não tem contudo 
nenhum verdadeiro valor moral, mas vai emparelhar 
com outras inclinações, por exemplo o amor das 
honras que, quando por feliz acaso, topa aquilo que 
efetivamente é de interesse geral e conforme ao dever, 
é conseqüentemente honroso e merece louvor e estímulo, 
mas não estima; pois à sua máxima falta o conteúdo 
moral que manda que tais ações se pratiquem não por 
inclinação, mas por dever.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 113.
De acordo com a moral kantiana, REDIJA um texto 
explicando por que uma ação por dever não pode ter 
qualquer influência que não seja a da razão. 
Frente A Módulo 12
35Editora Bernoulli
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A
02. É, pois, difícil para cada homem em particular conseguir 
livrar-se desta menoridade tornada quase uma natureza.
Mas que um público se esclareça a si mesmo, isso é bem 
mais possível e, mais, se é deixado em liberdade, então 
é quase inevitável.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: 
que é esclarecimento? In: Textos Seletos. 
2. ed. Tradução de Raimundo Vier. 
Petrópolis: Vozes, 1985. 
REDIJA um texto explicando por que, segundo Kant, 
o esclarecimento é consequência da liberdade. 
03. É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não 
suba os preços ao comprador inexperiente, e quando o 
movimento do negócio é grande, o comerciante esperto 
também não faz semelhante coisa, mas mantém um preço 
fixo geral para toda a gente, de forma que uma criança 
pode comprar em sua casa tão bem como qualquer outra 
pessoa. É-se, pois, servido honradamente; mas isto ainda 
não é bastante para acreditar que o comerciante tenha 
assim procedido por dever e princípios de honradez; o seu 
interesse assim o exigia; mas não é de aceitar que ele, 
além disso, tenha tido uma inclinação imediata para os 
seus fregueses, de maneira a não fazer, por amor deles, 
preço mais vantajoso a um do que outro.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 112.
De acordo com o trecho anterior e com outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
explicando por que uma ação por dever deve prescindir 
de interesses pessoais. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS 
01. No Reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. 
Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez 
dela qualquer outra como equivalente; mas quando 
uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não 
permite equivalente, então tem ela dignidade. O que se 
relaciona com as inclinações e necessidades gerais do 
homem tem um preço venal; aquilo que, mesmo sem 
pressupor uma necessidade, é conforme a um certo 
gosto, isto é a uma satisfação no jogo livre e sem 
finalidade das nossas faculdades anímicas, tem um preço 
de afeição ou de sentimento; aquilo porém que constitui 
a condição só graças à qual qualquer coisa pode ser um 
fim em si mesma, não tem somente um valor relativo, 
isto é um preço, mas um valor íntimo, isto é dignidade. 
Ora a moralidade é a única condição que pode fazer 
de um ser racional um fim em si mesmo, pois só por ela 
lhe é possível ser membro legislador no reino dos fins. 
Portanto a moralidade e a humanidade enquanto capaz 
de moralidade, são as únicas coisas que têm dignidade. 
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
Lisboa: Edições 70, 1988. p. 77.
De acordo com o texto e com outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto diferenciando a noção 
de preço e de dignidade das ações que tendem a um fim. 
02. (UFMG–2008)
Leia estes quadrinhos:
WATTERSON, Bill. A vingança da babá. 
Editora Best News, 1997. v. I. p. 78.
Kant estabelece que as ações das pessoas, para serem 
realmente éticas, devem pautar-se no seguinte princípio, 
denominado imperativo categórico:
Age apenas segundo uma máxima tal que possas 
ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 224.
REDIJA um texto relacionando as declarações do garoto 
Calvin ao imperativo categórico kantiano. JUSTIFIQUE 
sua resposta.
Kant
36 Coleção Estudo
03. O imperativo categórico é portanto só um único, 
que é este: Age apenas segundo uma máxima tal 
que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne 
lei universal. 
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
Lisboa: Edições 70, 1995. p. 59.
REDIJA um texto explicando a relação entre dever 
e razão, segundo Kant.
04. Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional 
tem a capacidade de agir segundo a representação 
das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem 
uma vontade. Como para derivar as ações das 
leis é necessária a razão, a vontade não é outra 
coisa senão razão prática. Se a razão determina 
infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, 
que são conhecidas como objetivamente necessárias, 
são também subjetivamente necessárias, isto é, 
a vontade é a faculdade de escolher só aquilo que 
a razão independentemente da inclinação, reconhece 
como praticamente necessário, quer dizer bom.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
Lisboa: Edições 70, 1995. p. 47.
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto respondendo 
à seguinte questão: a razão realmente determina 
infalivelmente a vontade?
05. De acordo com Kant, o ato de conhecer é efetuado por 
meio da relação entre sujeito e objeto, em que se fixam 
dois pressupostos fundamentais. Por um lado, objetos que 
possam ser percebidos; por outro, o sujeito que assimila 
a representação dos objetos. 
De acordo com a epistemologia kantiana, REDIJA um 
texto explicando a Nova Revolução do Pensamento 
operada por Kant.
06. (UFMG–2004)
Leia estes trechos:
É, pois, difícil para cada homem em particular conseguir 
livrar-se desta menoridade tornada quase uma natureza.
Mas que um público se esclareça a si mesmo, isso 
é bem mais possível e, mais, se é deixado em liberdade, 
então é quase inevitável.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: 
que é ilustração? In: Textos Seletos. 
Tradução de Floriano de S. Fernandes. 
Petrópolis: Vozes, 1974. 
A partir da leitura desses trechos e de outras ideias 
presentes nessa obra de Kant, REDIJA um texto 
justificando por que, para o autor, a saída da menoridade 
é difícil para os homens na esfera privada e bem mais 
possível para os homens como membros de uma 
comunidade total.
07. Um rapaz de 23 anos, cozinheiro de uma empresa 
terceirizada do restaurante da Infraero em São Paulo, 
havia sido preso por “roubar” três coxas de frango 
do restaurante onde trabalhava. Detalhe: o alimento 
iria para o lixo, e o rapaz, que tem em sua ficha bons 
antecedentes, foi preso acusado de furto. Agora me 
respondam: neste país então é permitido fraudar 
a previdência, como a tal Georgina fez, praticar as 
falcatruas como faz o Renan Calheiros, superfaturar 
obras como o Maluf, assassinar covardemente como 
fez o Pimenta Neves. Como tantos Lalaus, Suzanes, 
universitárias “filhinhas de papai” que participam de 
roubos e sequestros ficam impunes? Dá pra ver que 
neste país quem rouba um pote de manteiga, uma 
coxinha, um leite para dar ao filho comete crime 
inafiançável. Agora, quem sangra os cofres públicos 
goza de um bem-estar enorme. O que acham disto?
Disponível em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070821105600AATLjr3>. 
Acesso em: 15 maio 2010 (Adaptação).
O texto anterior parece justificar as ações humanas 
pela sua gravidade ou potencialidade de lesar 
mais. De acordo com o estudado sobre a ética 
kantiana como o trecho anterior, REDIJA um texto 
posicionando-se contra ou a favor do conceito 
de dever para Kant.
08. A razão humana, num determinado domínio dos seus 
conhecimentos, possui o singular destino de se ver 
atormentada por questões, que não pode evitar, pois 
lhe são impostas pela sua natureza, mas às quais 
também não pode dar respostas por ultrapassarem 
completamente as suas possibilidades.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura (Prefácio 
da primeira edição, 1781). Tradução de Manuela Pinto 
dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 1994. p. 3.
Segundo a teoria do conhecimento de Kant, quais 
as questões impostas pela natureza humana que não 
podem ser respondidas? JUSTIFIQUE sua resposta.
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SEÇÃO ENEM
01. Esclarecimento (Aufklãrung) é a saída do homem 
de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. 
A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu 
entendimento sem a direção de outro indivíduo. 
O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a 
causa dela não se encontra na falta de entendimento, 
mas na falta de decisão e coragem de servir-se de 
si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! 
(Ousa pensar!) Tem coragem de fazer uso de teu próprio 
entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?. 
In: Textos Seletos. Tradução de Floriano de S. Fernandes. 
Petrópolis: Vozes, 1974. p. 103.
Em seu texto “Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?”, 
Kant utiliza o termo “menoridade” para se referir à condição 
daqueles que se submetem ao poder de outros. Nesse 
sentido, podemos compreender essa menoridade como
A) a falta de coragem dos homens que se acostumam 
à vida e não buscam melhorar de condição.
B) a atitude do indivíduo que tenta tornar-se diretor 
e guia de outros indivíduos que a ele recorrem.
C) a situação daqueles que se deixam guiar por outras 
pessoas e abrem mão de ter ideias próprias. 
D) a coragem do homem de ousar pensar sem a direção 
de ninguém, desprezando as outras pessoas.
E) o desprezo pela ajuda de outras pessoas na direção 
da própria vida, pois estas sempre atrapalharão.
02. Por esclarecimento, entende-se a atitude 
humana de sair da menoridade da razão 
e ir para a maioridade da razão, processo 
pelo qual o homem pode pensar por 
si mesmo, sem tutela de outrem, para 
alcançar a autonomia sobre suas ações 
e pensamentos. De forma mais simples: 
seria a saída do senso comum rumo ao 
pensamento crítico e individual sobre as 
ideias e atitudes humanas. Kant afirma, 
em seu texto “Resposta à pergunta: o que 
é esclarecimento?”, que, para o homem sair 
de sua condição de tutelado, de menoridade 
da razão, uma única coisa é necessária: 
a liberdade. Ele afirma também que 
tal libertação do senso comum é quase 
inevitável se um povo é livre, pois 
a liberdade do pensamento se manifesta na 
possibilidade da crítica e, consequentemente, 
na reavaliação daquilo que até então 
constituía os valores e ideias dos homens 
particulares.
03. A ação por dever é aquela que não tem 
nenhuma outra fonte a não ser a razão 
humana. O imperativo categórico determina 
o que é certo, e tal determinação tem 
força de lei, sendo, portanto, uma ação 
por dever. Dois homens podem agir 
exatamente da mesma forma, sendo 
que um age por dever e outro não. 
As motivações internas, os desejos e 
os interesses desfiguram a ação por 
dever, pois, segundo Kant, quando 
se age, deve-se agir tão-somente a partir 
das premissas determinadas pela razão. 
Dessa forma, os interesses pessoais não 
podem influenciar na decisão humana 
de agir conforme o dever, pois, mesmo 
que o merceeiro da citação da questão 
vendesse para todos as mesmas 
mercadorias pelo mesmo preço, se o faz 
com interesses pessoais de ser considerado, 
por exemplo, honesto, tal motivação 
desfigura a ação por dever.
GABARITO
Fixação
01. Kant propõe em sua filosofia um princípio 
moral denominado imperativo categórico. 
Por esse princípio, o homem racional pode 
encontrar princípios morais a priori, que 
devem, em toda ocasião e independentemente 
das circunstâncias, guiar as ações humanas. 
Dessa forma, a ação por dever não pode ser 
influenciada por nenhum interesse particular, 
por menor que seja, pois perderia, então, a 
sua dignidade. A ação correta é aquela que 
obedece exclusivamente à razão que alcançou 
o princípio, a lei moral, fazendo dela o princípio 
absoluto de toda e qualquer ação.
Kant
38 Coleção Estudo
Propostos
01. O argumento kantiano considera o valor 
das coisas e a dignidade delas. Se, quando 
uma ação é realizada, ela puder ser avaliada 
quanto ao seu valor, essa ação não é digna, 
já que, para o filósofo, ação digna é aquela 
que dispensa qualquer avaliação externa para 
ser cumprida. Portanto, uma ação que pode 
ser valorada o é a partir de seu resultado. 
Ao contrário, uma ação digna o é por si mesma, 
pois não espera absolutamente nenhuma 
valoração de quem quer que seja. As ações 
humanas devem estar no reino da dignidade 
e não no do valor. Se estiverem no reino da 
valoração, elas serão realizadas ou não com 
fins a uma avaliação externa interessada. 
Ao contrário, se estiverem no reino da 
dignidade, elas não necessitarão de qualquer 
valoração, mas serão realizadas por si mesmas, 
de forma completamente desinteressada, 
constituindo, portanto, ações por dever.
02. Segundo a posição kantiana, toda ação se faz 
a partir do imperativo categórico, que consiste 
na máxima de que o indivíduo age para toda 
a humanidade em todo o tempo, tendo como 
base que a sua ação se torne lei universal. 
Ao analisarmos as declarações do garoto 
Calvin, notamos que elas vão contra a posição 
defendida por Kant, pois partem de uma ação 
de característica individual para o universal: 
“Então eu vou fazer o que eu tiver de fazer, 
e deixar os outros discutirem se é certo ou não”. 
De acordo com Kant, o imperativo categórico 
funda-se no momento em que a ação não 
é voltada ao indivíduo, consistindo na máxima 
de que uma ação particular possa servir de 
espelho para toda a humanidade. Logo, aquele 
que realiza a ação deve querer que essa ação 
sirva para o outro a todo o momento.
03. Segundo Kant, a ação por dever é 
essencialmente racional. Toda ação baseia-se 
em valores ou máximas que a fundamentam. 
Tais máximas devem ser racionais e deduzidas 
a partir do imperativo categórico. Esse 
imperativo funcionaria tal como uma fórmula 
para que o homem pudesse, pela razão, 
determinar o que é certo ou errado. Diante 
de uma situação específica, a razão humana 
diria o que deve ou não ser realizado a 
partir de máximas que determinarão a ação. 
Portanto, a ação por dever, que deve ser 
totalmente desinteressada e livre de fatores 
externos à própria razão, só é de fato por dever 
se for produto da razão livre que pensa a partir 
do imperativo categórico.
04. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de posicionar-se argumentativamente 
contra ou a favor dessa ideia.)
 Segundo Kant, a razão tem o poder de 
determinar, pelo imperativo categórico, o 
que deve ser feito. Para o filósofo, as ações 
humanas devem refletir a racionalidade, uma 
vez que correto é tudo aquilo que corresponde 
à capacidade racional humana, e não aos 
apetites ou inclinações.
 A favor: Concordo com o pensamento 
kantiano e argumento a favor de que a 
razão deve ser, por si, a legisladora da 
moral humana. Se o que nos diferencia 
fundamentalmente dos animais irracionais é a 
nossa capacidade de nos autodeterminarmos 
com o uso da razão, seria um retrocesso 
admitirmosque a razão não deve preceder 
as ações, uma vez que o homem pode 
controlar seus desejos e impulsos imediatos 
por sua capacidade racional. Ser dono de si 
mesmo significa, em última instância, não 
ser escravo dos instintos ou pulsões e 
poder controlar tais desejos, tornando-se 
verdadeiramente autônomo.
 Contra: Dizer que a razão é importante 
para a determinação das ações humanas 
é um dado irrefutável, mas dizer que ela 
determina infalivelmente as ações humanas 
é uma ilusão. O homem não é constituído 
somente de racionalidade, mas também de 
paixões, vontades, sentimentos, afetos, etc. 
Sendo uma síntese entre paixões e razão, 
a racionalidade não é capaz de determinar 
todas as ações humanas. Santo Agostinho 
dizia que a razão é incapaz de comandar a 
vida humana, uma vez que o homem é mau 
e sua maldade determina muitas de suas 
ações. Freud dirá que a maior parte das ações 
humanas é fruto de nosso inconsciente e, 
por isso, fazemos coisas que não estão sob as 
rédeas de nossa racionalidade, mas as quais 
são frutos da busca pelo prazer.
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05. Kant apresenta em sua teoria do conhecimento 
uma síntese entre racionalismo e empirismo. 
Segundo o filósofo, tanto a experiência quanto 
a razão são responsáveis pelo conhecimento 
verdadeiro sobre o mundo. Porém, o homem deve, 
antes de se colocar a conhecer o mundo, pensar 
sobre as suas possibilidades de conhecê-lo. 
É nesse contexto que se insere sua Nova 
Revolução Copernicana do Pensamento, em 
que a atenção se volta antes para o sujeito 
conhecedor que deve investigar quais são as 
suas possibilidades de conhecer, aquilo que ele 
tem a priori que o capacita a conhecer o mundo. 
 É nesse contexto que Kant vai falar das 
formas da sensibilidade, que permitem ao 
homem experimentar o mundo e as formas do 
entendimento, que permitem que o homem 
pense e forme ideias a partir dos dados 
fornecidos pelos sentidos. 
06. Ao trabalharmos o texto de Kant, não podemos 
nos esquecer de que, para que ocorra 
a ilustração, é necessário o uso da razão em 
condições públicas. Assim, para o homem 
sair do princípio da menoridade, ele terá que 
ter contato com novas ideias, as quais serão 
expostas para o público por pessoas letradas, 
que necessitam usar sua razão na esfera 
pública. Dessa forma, o homem teria contato 
com inúmeras formas de pensamento que iriam 
levá-lo a uma possibilidade para ir à maioridade. 
Se tais fundamentos se dão na esfera particular, 
o processo da ilustração se dará de forma lenta.
07. Resposta subjetiva (espera-se que o aluno seja 
capaz de posiciona-se argumentativamente 
contra ou a favor desta ideia.)
 Segundo Kant, a ação por dever é uma ação 
deliberadamente racional, isto é, uma ação 
cujo fundamento encontra-se na racionalidade 
humana ao aplicar o imperativo categórico. 
Dessa forma, não interessa à ação por dever 
as consequências da ação, se estas serão mais 
graves ou menos graves. O que é correto é 
correto em toda e qualquer circunstância, 
e o que é errado, ou contra o dever, 
o é em toda e qualquer circunstância. Desse 
modo, tomando como exemplo a citação 
da questão, não importa, para terceiros, 
a gravidade da ação do rapaz que furtou 
a comida ou a da ação dos políticos que sangram 
os cofres públicos, ambas as ações são contra 
o dever e, portanto, não devem ser realizadas.
 A favor: Concordo com a ética kantiana, uma 
vez que o homem deve agir guiado pela razão 
e esta é capaz de determinar o que é correto 
e o que não é. Se assim não fosse, cairíamos 
no total subjetivismo das circunstâncias, uma vez 
que cada homem agiria levado por aquilo que 
acha mais certo ou conveniente para si. A ação 
por dever, correspondendo à razão, determina 
as máximas pelas quais as ações devem ser 
erigidas, impedindo o consequencialismo 
das ações e levando os homens a uma maior 
harmonia, pois todos, sendo igualmente 
racionais, deveriam agir de acordo com essa 
razão universal. 
 Contra: Não concordo absolutamente com 
a ética kantiana. Sua ética do dever não 
considera as situações particulares dos 
homens. Dessa forma, torna-se necessário 
pensar que todos os homens são iguais e 
vivem nas mesmas circunstâncias. Como 
não acreditar que é legítimo que um pai em 
situação de extrema pobreza furte do quintal 
vizinho frutas ou qualquer outra coisa com 
o objetivo de alimentar seu filho? Nivelar o 
homem a partir da razão parece fácil para 
aqueles que têm um mínimo de conforto e 
não estão em nenhuma situação conflitiva. 
Ao contrário, para aqueles que sofrem, que 
se encontram sob uma série de dificuldades, 
esta pretensa ação por dever não passa 
de uma abstração que não corresponde 
à realidade humana.
08. Segundo a filosofia kantiana, o conhecimento 
é fruto do trabalho conjunto da experiência 
e da razão. Desse modo, os juízos sobre 
o mundo são resultados daquilo que se 
experimentou e que servirá de matéria-prima 
para o pensamento. Nada que não possa ser 
experimentado pode ser conhecido. Algumas 
questões, como a existência de Deus, 
a liberdade humana e a imortalidade da alma, 
são dúvidas que se colocam ao homem e que 
a própria natureza humana busca responder. 
Porém, um conhecimento verdadeiro sobre 
essas questões é impossível uma vez que elas 
não podem ser experimentadas pelos sentidos, 
mas somente pensadas pela razão.
Seção Enem
01. C
Kant
2 Coleção Estudo
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fia Frente A
13 3 Os gênios da filosofia alemã: 
Hegel, Marx e Nietzsche 
Autor: Richard Garcia Amorim
14 27 O positivismo: a divinização da ciência 
 Autor: Richard Garcia Amorim
22 Coleção Estudo
Frente A Módulo 13
Chegando ao deserto, o camelo se transforma em leão, 
animal forte e vigoroso que, por sua força e capacidade 
de luta, rompe com os valores que lhe eram impostos 
e considerados até então como única e correta forma de 
vida. O leão luta para se tornar senhor de si mesmo, sem 
entraves e correntes morais que o impeçam de viver sua 
natureza íntima e instintiva. Dessa forma, o homem que se 
torna leão reconhece os valores que oprimiam a sua vida e 
luta para romper com esses valores previamente instituídos, 
buscando o seu direito de criar novos valores. 
A última metamorfose representa o estado da criança. 
Somente nessa transformação, do leão em criança, 
o homem é capaz de adquirir um olhar diferente e inocente 
sobre o mundo. A criança traz em si a capacidade de viver 
pela natureza, de deixar vir à tona seu espírito dionisíaco, 
de se deixar encantar pela vida e vivenciá-la de forma 
leve e natural. Nessa terceira fase, o homem, por ter um 
olhar diferenciado sobre a sua existência, pode pensar 
a vida sem considerar princípios finalistas e / ou utilitários. 
Nesse estado, o homem rompe com a inércia e parte para 
a construção de si mesmo, tendo como base uma nova 
ordem de valores que priorizam a vida e a natureza humana. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Na história universal só se pode falar dos povos que 
formam um Estado. É preciso saber que tal Estado é a 
realização da liberdade, isto é, da finalidade absoluta, que 
ele existe por si mesmo; além disso, deve-se saber que 
todo valor que o homem possui, toda realidade espiritual, 
ele só o tem mediante o Estado.
HEGEL. Filosofia da História. 2. ed. 
Brasília: Editora da UnB, 1998. p. 39-40.
A partir do trecho anterior e de seus conhecimentos sobre 
o assunto, REDIJA um texto relacionando liberdade 
e Estado, segundo Hegel. 
02. Observe a charge e a citação a seguir.
NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. Cidadania para 
principiantes. A história dos direitos humanos do homem. 
São Paulo: Ática, 2003. p. 203. 
A ideologia é o conjunto de representações e idéias, 
bem como de normas de conduta, por meio das quais 
o indivíduo é levado a pensar, sentir e agir da maneira 
que convém à classe que detém o poder. Essa consciência 
da realidadeé uma falsa consciência, porque camufla 
a divisão existente dentro da sociedade, apresentando-a 
como una e harmônica, como se todos partilhassem dos 
mesmos objetivos e ideais . 
ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. 
Temas de Filosofia. São Paulo: Ed. Moderna, 1998, p. 72.
REDIJA um texto estabelecendo uma relação entre 
a charge e a citação. 
03. O super-homem é o sentido da terra. Eu vos conjuro, 
irmãos meus, a que permaneçais fiéis ao sentido da 
terra e não presteis fé aos que falam de esperanças 
supraterrenas. 
NIETZSCHE, F. Assim Falou Zaratustra. 7. ed. 
Tradução de Mário da Silva. Rio de Janeiro: Bertrand,1994. p.30.
Deus está morto! Deus permanece morto! E quem 
o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, 
nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, 
até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu 
exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos 
limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? 
Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados 
haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto 
não será demasiada para nós? Não teremos de nos 
tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas 
dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, 
e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer 
parte, mercê deste acto, de uma história superior 
a toda a história até hoje!
NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência. Tradução de Paulo Cesar 
de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p.147
REDIJA um texto relacionando os conceitos de 
super-homem e de morte de Deus segundo a filosofia 
de Nietzsche.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. A razão traz esperança: a razão possui força para não 
se destruir a si mesma em suas contradições internas; 
ao contrário, supera cada uma delas e chega a uma síntese 
harmoniosa de todos os momentos que constituíram 
a sua história.
HEGEL. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/53212934/A-
Crise-da-Razao. Acesso em: 08 jun. 2011
A partir do trecho anterior e de seus conhecimentos sobre o 
assunto, REDIJA um texto explicando o processo dialético 
para Hegel e sua importância para a construção da História. 
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Os gênios da filosofia alemã: Hegel, Marx e Nietzsche
02. Leia o fragmento a seguir:
A finalidade do espírito universal é encontrar-se, voltar-se 
para si mesmo e encarar-se como realidade. Porém, 
o que poderia ser questionado é se essa vitalidade dos 
indivíduos e dos povos, quando buscam os seus interesses 
e os satisfazem, é também meio e instrumento de algo 
mais sublime e abrangente – a respeito do que eles nada 
sabem, e que realizam sem consciência. 
HEGEL. Filosofia da História. Tradução de Maria Rodrigues. 
2. ed. Brasília: Editora da UnB, 1998. p. 45.
IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese defendida por Hegel 
nesse trecho.
03. Leia o seguinte texto e observe a figura. 
A visão é macroscópica, uma vez que o que interessa 
é o grande organismo, como trabalham suas partes 
no funcionamento do todo. Assim, o Estado representa 
a idéia; é a substância da qual os cidadãos não são senão 
acidente; é quem confere os direitos aos indivíduos, mas não 
para eles, mas para chegar com mais segurança à realização 
da sua ideia. As lutas entre os povos são procedimentos para 
a realização da ideia suprema que é o Estado .
ANDRADE, Marcelo Lasperg de. Disponível em: 
http://200.142.144.130/revistas/direito/atual_marcelo.htm. 
Acesso em 20 out. 2010. 
REDIJA um texto relacionando a figura à citação. 
04. Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime 
um caráter cosmopolita à produção e ao consumo 
em todos os países. Para desespero dos reacionários, 
ela retirou à indústria sua base nacional. As velhas 
indústrias nacionais foram destruídas e continuam 
a sê-lo diariamente. [...] Em lugar das antigas necessidades 
satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas 
necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos 
das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. 
Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que 
se bastavam a si próprias, desenvolve-se um intercâmbio 
universal, uma universal interdependência das nações. E isso se 
refere tanto à produção material como à produção intelectual. 
[...] Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos 
de produção e ao constante progresso dos meios de 
comunicação, a burguesia arrasta para a torrente da 
civilização mesmo as nações mais bárbaras.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido 
Comunista. São Paulo: Global, 1981. p. 24-25.
De acordo com o trecho anterior e com seus conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto respondendo 
à seguinte questão: a globalização iniciou-se na época 
de Marx?
05. Leia os textos que seguem. O primeiro é de autoria 
do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) e foi 
publicado pela primeira vez em 1867. O segundo integra 
um caderno especial sobre trabalho infantil, do jornal 
Folha de S. Paulo, publicado em 1997.
[...] Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria 
permite o emprego de trabalhadores sem força muscular 
ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com 
membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação 
do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de 
utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. [...] 
[Entretanto,] a queda surpreendente e vertical no número 
de meninos [empregados nas fábricas] com menos de 
13 anos [de idade], que freqüentemente aparece nas 
estatísticas inglesas dos últimos 20 anos, foi, em grande 
parte, segundo o depoimento dos inspetores de fábrica, 
resultante de atestados médicos que aumentavam 
a idade das crianças para satisfazer a ânsia de exploração 
do capitalista e a necessidade de traficância dos pais. 
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 19. ed. 
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Livro I, v. 1. p. 451 
e 454.
A Constituição brasileira de 1988 proíbe qualquer tipo 
de trabalho para menores de 14 anos. [...] Apesar 
da proibição constitucional, não existe até hoje uma 
punição criminal para quem desobedece à legislação. 
O empregador que contrata menores de 14 anos está 
sujeito apenas a multas. “As multas são, na maioria das 
vezes, irrisórias, permanecendo na casa dos R$ 500”, 
afirmou o Procurador do Trabalho Lélio Bentes Corrêa. 
Além de não sofrer sanção penal, os empregadores muitas 
vezes se livram das multas trabalhistas devido a uma 
brecha da própria Constituição. O artigo 7º, inciso XXXIII, 
proíbe “qualquer trabalho” a menores de 14 anos, mas 
abre uma exceção – “salvo na condição de aprendiz”. 
FOLHA DE S. PAULO, 1 maio 1997. 
Caderno Especial Infância Roubada – Trabalho Infantil.
De acordo com os trechos anteriores e com seus 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um 
texto explicando por que, para Marx, a política 
e, consequentemente, as leis não mudam com o passar 
do tempo. Leve em conta que já se passou mais de um 
século entre a morte de Marx e a publicação do artigo 
na Folha de S. Paulo. 
24 Coleção Estudo
Frente A Módulo 13
06. Nietzsche, o filósofo-artista, um poeta que só acreditava 
numa filosofia que fosse expressão das vivências genuínas 
e pessoais, vendo na experiência estética uma espécie 
de êxtase e redenção, é, por isso mesmo, um precursor 
da crítica a um tipo de racionalidade meramente 
técnica, fria e planificadora. A despeito da profundidade 
e da gravidade das questões com que se ocupa, sempre 
as tratou em estilo artístico, poeticamente sugestivo; 
só acreditava na autenticidade de um pensamento que 
nos motivasse a “dançar”. Ele mesmo imagina sobre sua 
porta a inscrição:
“Moro em minha própria casa 
Nada imitei de ninguém 
E ainda ri de todo mestre 
Que não riu de si também.”
NIETZSCHE. Epígrafe de A Gaia ência. Obras incompletas. 
São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 187. 
REDIJA um texto explicando por que Nietzsche só 
acreditava na autenticidade de um pensamento que nos 
motivassea “dançar”. 
07. E sabeis... o que é pra mim o mundo?... Este mundo: 
uma monstruosidade de força, sem princípio, sem fim, 
uma firme, brônzea grandeza de força... uma economia 
sem despesas e perdas, mas também sem acréscimos, 
ou rendimento,... mas antes como força ao mesmo tempo 
um e múltiplo,... eternamente mudando, eternamente 
recorrentes... partindo do mais simples ao mais múltiplo, 
do quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, 
mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo, 
e depois outra vez... esse meu mundo dionisíaco do 
eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-
a-si-próprio, sem alvo, sem vontade... Esse mundo é 
a vontade de potência — e nada além disso! E também vós 
próprios sois essa vontade de potência — e nada além disso!
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. 
São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 96. 
A partir da citação anterior e de seus conhecimentos sobre o 
assunto, REDIJA um texto explicando a seguinte afirmação: 
“Esse mundo é a vontade de potência – e nada além disso!”
08. Leia atentamente o texto retirado da obra Assim falava 
Zaratustra, de Nietzsche:
[...] Há muitas coisas pesadas para o espírito, para 
o espírito forte e sólido, respeitável. A força deste espírito 
está bradando por coisas pesadas, e das mais pesadas. 
Há o quer que seja pesado? — pergunta o espírito sólido. 
E ajoelha-se como camelo e quer que o carreguem bem. 
Que há mais pesado, heróis — pergunta o espírito sólido 
— a fim de eu o deitar sobre mim, para que a minha 
força se recreie? [...] O espírito sólido sobrecarrega-se 
de todas estas coisas pesadíssimas; e à semelhança 
do camelo que corre carregado pelo deserto, assim ele 
corre pelo seu deserto. No deserto mais solitário, porém, 
se efetua a segunda transformação: o espírito torna-se 
leão; quer conquistar a liberdade e ser senhor no seu 
próprio deserto. Procura então o seu último senhor, quer 
ser seu inimigo e de seus dias; quer lutar pela vitória 
com o grande dragão. [...] Meus irmãos, que falta faz 
o leão no espírito? Não bastará a besta de carga que 
abdica e venera?
Criar valores novos é coisa que o leão ainda não pode; 
mas criar uma liberdade para a nova criação, isso pode-o 
o poder do leão. Para criar a liberdade e um santo não, 
mesmo perante o dever; para isso, meus irmãos, é preciso 
o leão. Conquistar o direito de criar novos valores é 
a mais terrível apropriação aos olhos de um espírito sólido 
e respeitoso. Para ele isto é uma verdadeira rapina e coisa 
própria de um animal rapace. 
[...] Dizei-me, porém, irmãos: que poderá a criança 
fazer que não haja podido fazer o leão? Para que será 
preciso que o altivo leão se mude em criança? A criança 
é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um 
brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, 
uma santa afirmação. Sim; para o jogo da criação, meus 
irmãos, é preciso uma santa afirmação: o espírito quer 
agora a sua vontade, o que perdeu o mundo quer alcançar 
o seu mundo. [...]
NIETZSCHE, F. Assim Falou Zaratustra. 7. ed. Tradução 
de Mário da Silva. Rio de Janeiro: Bertrand,1994. p.26.
REDIJA um texto explicando, a partir da metáfora 
anterior, a seguinte afirmação: “o espírito quer agora 
a sua vontade”. 
SEÇÃO ENEM
01. O modo de produção da vida material condiciona 
o processo em geral de vida social, político e espiritual.
MARX, Karl. Para a crítica da economia política, 
Salário, preço e lucro. O rendimento e suas fontes. 
São Paulo: Abril Cultural, “Os economistas”, 1982. p. 25-26. 
De acordo com a citação de Marx, filósofo alemão 
do século XIX, a realidade é resultado 
A) do trabalho humano nas fábricas e oficinas 
que produzem os bens necessários à vida.
B) das relações de trabalho entre patrões e empregados 
que seguem padrões da justiça distributiva.
C) das condições materiais de produção e de distribuição 
de bens a que um povo está submetido.
D) das decisões políticas tomadas pelos governantes, 
que têm a função de governar o povo.
E) das determinações espirituais e divinas que traçam 
os destinos de todos os homens. 
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Os gênios da filosofia alemã: Hegel, Marx e Nietzsche
GABARITO
Fixação
01. Para Hegel, só há liberdade dentro do Estado. 
O Estado é a realização plena da ideia ou do 
espírito do mundo por meio do processo dialético, 
sendo, então, a reunião de todas as consciências, 
mas estando acima de todos os indivíduos. 
No terceiro momento de desenvolvimento do 
espírito do mundo, todos os indivíduos tomariam 
consciência do todo, na figura do Estado. Assim, 
considerando-se que o Estado é a união de todos, 
só nele poderia haver liberdade, uma vez que 
a realização pessoal cederia lugar à realização 
e ao desenvolvimento do todo. Nesse sentido, 
as ações do Estado não fazem distinção entre 
interesses individuais, atendendo, ao mesmo 
tempo, aos interesses de todos os homens. Dessa 
forma, somente no Estado o homem poderia ser 
realmente livre e realizado. 
02. Ideologia, na concepção marxiana, é um dos 
instrumentos mais perversos utilizados pelos 
dominadores a fim de perpetuar a situação de 
exploração dos dominados, que se sentem, então, 
culpados pela situação em que se encontram. 
A ideologia anestesia a mente, não permitindo 
que os dominados vejam a realidade de fato, ou 
seja, eles não veem que a realidade não é fruto 
de uma força sobrenatural ou da incompetência 
e da acomodação deles mesmos, mas que é, na 
verdade, tal como se apresenta, uma construção 
humana, podendo, por isso, ser modificada por 
vontade dos próprios homens. É interessante para 
os dominadores que os dominados permaneçam 
em estado de passividade, pois assim não 
ocorrerão revoltas e lutas por melhorias. 
Na figura da questão, verifica-se com clareza um 
exemplo tácito de ideologia. Enquanto alguns 
indivíduos estão nas ruas, em uma situação de 
mendicância, outro passa de seu carro, lança 
uma moeda e cita a Constituição, dizendo que 
todos são iguais perante a lei. Trata-se de um 
pensamento ideológico, visto que a igualdade 
não passa de uma ideia abstrata, já que não 
é verificável na realidade de todos os homens. Se 
os pobres, despossuídos e desvalidos acreditarem 
nesta mentira, eles pensarão que de fato são 
iguais a todos, não enxergando, assim, que 
a realidade não corresponde a tal ideia.
03. A morte de Deus, segundo a filosofia nietzscheana, 
não significa absolutamente que o Deus supremo 
do cristianismo morreu. Apesar de ateu, Nietzsche 
preocupou-se com a moral cristã ocidental, a qual 
impedia que o homem se desenvolvesse devido 
a um conjunto de normas impostas pela religião. Essas 
normas impediam o desenvolvimento da vontade de 
poder e priorizavam, ao contrário, as características 
dos fracos, incompetentes e humildes, representando, 
segundo Nietzsche, a decadência do homem. 
Para que o homem pudesse se desenvolver por 
completo, era necessário que ele superasse 
os valores morais tradicionais, revoltando-se contra 
eles, e construísse uma nova ordem de valores, 
baseados em sua vontade de poder, isto é, em suas 
características mais elementares, como a coragem, 
o destemor e a ousadia. Dessa forma, quando 
o homem alcançasse tal estágio de desenvolvimento 
de suas potencialidades, ele chegaria ao estágio do 
super-homem, aquele que superou todas as limitações 
impostas pela cultura cristã ocidental e que, por isso, 
pode se reconstruir de forma a não mais eliminar seu 
orgulho, sua paixão, sua força vital.
Propostos
01. Segundo Hegel, o processo dialético é o 
mecanismo de desenvolvimento do espírito 
do mundo na História, ou seja, a consciência 
coletiva, que faz surgir no contexto histórico suas 
próprias contradições, permite que a História 
se desenvolva em momentos melhores que os 
anteriores, rumo ao pleno desenvolvimento. 
Esse processo acontece por meio da dialética 
(tese + antítese = síntese), que, em um primeiromomento, traz à tona as contradições ideológicas, 
para, em seguida, como consequência dessa 
contradição, construir um novo pensamento. Ou 
seja, inicialmente, tem-se a tese, em seguida, 
contra ela, surge uma antítese, e, pela contradição 
das duas, tem-se a formação de uma síntese, que 
será, por sua vez, a próxima tese. 
02. A tese defendida por Hegel é a de que as ações 
humanas, mesmo inconscientemente, podem 
representar a manifestação de algo que está acima 
delas mesmas. A ideia sublime ou espírito do mundo 
age de forma abstrata, no entanto, o percurso 
da História, que pode à primeira vista parecer 
irracional, tem intrinsecamente uma racionalidade 
que o compõe. Dessa forma, o deslindar da História 
é o próprio desenvolvimento dessa consciência 
que ultrapassa as individualidades e que muitas 
vezes não é compreensível no momento de sua 
realização pelos homens.
26 Coleção Estudo
Frente A Módulo 13
03. Segundo a filosofia hegeliana, o Estado é soberano 
e está, portanto, acima de todos os indivíduos. 
Ele é o grande organismo que submete todas as 
partes aos seus interesses maiores e é nele que 
se encontra o pleno desenvolvimento de uma 
nação, pois dentro do Estado todos os homens 
estão seguros e fora dele o indivíduo não é nada. 
O Estado constrói as leis em vista de todos os 
homens e de si mesmo, pois, em última instância, 
as leis são a garantia de sua própria permanência 
de desenvolvimento e, para alcançar seus ideais 
de desenvolvimento, tudo é possível e qualquer 
caminho é válido. Na figura da questão, tem-se 
como exemplo o Estado nazista. O nazismo, 
assim como defendido por Hegel e por qualquer 
regime totalitário, acredita que os interesses do 
Estado estão acima dos próprios indivíduos. Estes 
são, ao mesmo tempo, constituintes e acessórios 
dentro do Estado. 
04. A globalização, fenômeno mundial de intercâmbio 
de mercadorias, capitais e informações, teve seu 
auge de desenvolvimento e concretização com 
a formação da chamada Nova Ordem Econômica 
Mundial, que se deu a partir de 1989, com a queda 
do Muro de Berlim. Pode-se, porém, observar que 
as raízes da globalização já haviam sido lançadas 
há mais tempo. O contexto ao qual Marx se 
refere na citação aponta para a existência desse 
mecanismo de desenvolvimento do capitalismo, 
uma vez que se observa o caráter cosmopolita 
da produção e do consumo. É incorreto dizer, no 
entanto, que a globalização tenha se iniciado no 
século XIX, mas não deixa de ser correto afirmar 
que, em menor proporção, esse fenômeno 
já podia ser verificado nessa época, tendo 
encontrado, já nos fins do século XX, seu pleno 
desenvolvimento.
05. Segundo Marx, a política, único instrumento 
de transformação da sociedade, está nas mãos 
dos burgueses, e estes, por sua vez, não desejam 
mudanças que façam com que a situação de 
exploração, a qual lhes traz benefícios, se altere. 
Portanto, a situação observada no enunciado da 
questão, em que há a perpetuação da exploração 
do trabalho infantil, permanece ainda nos dias 
atuais, uma vez que, tanto no século XIX quanto 
no tempo presente, tal situação é verificável 
na realidade e, pior, é legitimada por leis. Para 
Marx, a única maneira de alterar essa situação 
seria através da revolução do proletariado, pois, 
com ela, a política, instrumento de mudanças, 
passaria às mãos do povo, que poderia modificar 
a situação posta.
06. Ao se referir à dança, Nietzsche está dizendo 
que só é válido e legítimo um pensamento que 
priorize o prazer, a alegria, a natureza do homem. 
O contrário dessa dança seria a tristeza, a 
fraqueza, a mansidão e a passividade de uma 
vida voltada ao sofrimento e à melancolia, 
vida característica dos seres inferiores que 
não conseguiram romper com o estilo antigo e 
permanecem presos aos valores decadentes de 
uma sociedade também em declínio. A dança 
representa, assim, a libertação do homem das 
amarras da moral de rebanho, libertação essa que 
demonstra a força natural que levaria o homem ao 
pleno desenvolvimento de suas potencialidades 
e de sua força vital. 
07. Na citação da questão, Nietzsche procura definir 
a realidade humana a partir de uma nova 
concepção de homem e de mundo. Não mais 
o mundo do medo, da penitência, da mansidão, 
do sofrimento, na esperança de uma recompensa 
final em outra vida. Nessa nova realidade, 
o homem deve se desenvolver, deve se encontrar 
em suas próprias contradições, buscando ser 
coerente com a vontade de poder, a qual é a mais 
profunda e fiel natureza humana e que quer se 
desenvolver em suas múltiplas potencialidades 
que estão vinculadas à natureza e sua busca 
pelo prazer, mas até então era impedida pela 
moral ocidental que condenava, de alguma 
maneira, tudo o que era natural. Dessa forma, o 
filósofo dizia que o mundo é construção humana 
e deve ser construído apenas de acordo com essa 
vontade de potência. O próprio homem é fruto 
de sua construção e, tal como o mundo, deve ser 
a personificação da vontade de poder. 
08. Segundo Nietzsche, o homem moderno precisa 
passar por um processo de transformação, 
o qual requer estágios diferentes que culminarão 
na libertação do homem dos valores tradicionais, 
ou seja, valores próprios dos espíritos fracos que 
formam a chamada “moral de rebanho”. Para 
alcançar esse estágio de libertação, é necessário 
deixar de ser camelo, tornar-se leão e, enfim, 
criança, ou seja, deixar de aceitar os valores 
passivamente, revoltar-se contra eles e reavaliar 
o mundo, enxergando-o como se fosse a primeira 
vez. É nesse último estágio que se justifica 
a explicação de que “o espírito quer agora a sua 
vontade”. Somente quando se estabelece esse 
terceiro estágio do desenvolvimento humano 
é que se cria uma nova moral a partir do que 
Nietzsche chama de vontade de poder, a qual 
consiste no pleno desenvolvimento da humanidade 
em busca de sua perfeita realização que significa 
o estabelecimento de uma nova ordem de valores 
fundamentada no espírito dionisíaco. 
Seção Enem
01. C
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02. O caráter fundamental da Filosofia é tomar todos 
os fenômenos como sujeitos a leis naturais invariáveis 
cuja descoberta precisa e cuja redução ao menor número 
possível constituem o objetivo de todos os nossos 
esforços, considerando como absolutamente inacessível 
e vazia de sentido para nós a investigação das chamadas 
causas, sejam as primeiras sejam as finais.
COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva. 2. ed. São Paulo: 
Abril Cultural, 1983. p. 7. Coleção Os Pensadores. 
De acordo com o texto e com outros conhecimentos sobre 
o assunto, EXPLIQUE o que Comte chama de “causas 
primeiras” e “causas finais”. 
03. Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência 
em suas diversas esferas de atividades, desde seu 
primeiro vôo mais simples até os nossos dias, creio 
ter descoberto uma grande lei fundamental, a que se 
sujeita por uma necessidade invariável, e que me parece 
poder ser solidamente estabelecida, quer na base de 
provas racionais fornecidas pelo conhecimento de nossa 
organização, quer na base de verificações resultantes 
dum exame atento do passado. Essa lei em que cada uma 
de nossas concepções principais, cada ramo de nosso 
conhecimento, passa sucessivamente por três estados 
históricos diferentes: estado teológico ou fictício, estado 
metafísico ou abstrato, estado científico ou positivo.
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva. 2. ed. São Paulo: 
Abril cultural, 1983. p. 18. Coleção Os Pensadores. 
IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese defendida por Comte 
na citação anterior. 
04. Nós reconhecemos que a verdadeira ciência [...] consiste 
essencialmente de leis e não mais de fatos, embora 
estes sejam indispensáveis para o seu estabelecimento 
e sua sanção. 
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva. 2. ed. São Paulo: 
Abril cultural, 1983. p.35. Coleção Os pensadores.
A partir da citação anterior e de seus conhecimentos 
sobre o assunto,REDIJA um texto estabelecendo uma 
relação entre leis e fatos e tendo como base o positivismo 
de Comte.
05. As idéias governam e subvertem o mundo, em outros 
termos, todo o mecanismo social repousa finalmente 
sobre opiniões [...] A grande crise política e moral 
das sociedades atuais está ligada, em última analise, 
à anarquia intelectual. 
COMTE, Augusto. Curso de Filosofia Positiva. 2. ed. São Paulo: 
Abril cultural, 1983. p. 17. Coleção Os pensadores. 
EXPLIQUE o que é, para Comte, a “anarquia intelectual”.
06. No positivismo, a Teologia e a Metafísica foram 
substituídas pelo culto à Ciência, considerada a única 
capaz de compreender o mundo. O mundo espiritual 
foi, assim, substituído pelo mundo humano, e as ideias 
de espírito ou essência foram substituídas pela ideia 
de matéria. 
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando 
por que, na filosofia positiva, o espírito ou essência 
é substituído pela matéria. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Leia os trechos a seguir: 
Ciência, logo previsão; previsão, logo ação: tal é a fórmula 
simplicíssima que expressa de modo exato a relação 
geral entre a ciência e a arte, tomando estes dois termos 
em sua acepção total.
Auguste Comte
A ciência, e apenas a ciência, pode tornar a humanidade 
aquilo sem o que ela não pode viver, um símbolo e uma lei.
Ernest Renan
A evolução pode terminar apenas com o estabelecimento 
da maior perfeição e da mais completa felicidade.
Herbert Spencer
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 2. ed. 7 v. 
São Paulo: Loyola, 2001. Volume V. p. 285. 
A partir das citações anteriores e de seus conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando 
a importância da Ciência para o positivismo. 
02. A Ciência é o único conhecimento possível e seu método 
é o único válido para a obtenção do conhecimento 
verdadeiro. Logo, a busca por causas ou princípios 
que não sejam acessíveis ao método científico não 
leva, absolutamente, ao conhecimento. A investigação 
metafísica, ou seja, a busca por verdades que ultrapassam 
a matéria, não tem nenhum valor.
De acordo com o texto e com outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando a crítica 
do positivismo ao conhecimento metafísico.
03. [deve-se] pedir desculpas aos opositores do utilitarismo 
por confundi-los, mesmo que por um momento sequer, 
com os que são capazes de um equívoco tão absurdo. 
O equívoco parece ainda mais extraordinário quando 
se considera que, entre as acusações correntes contra 
o utilitarismo, figura a acusação contrária de remeter 
tudo ao prazer, e mesmo ao prazer inferior.
MILL, John Stuart. A Liberdade / Utilitarismo. 
São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 185.
A partir do texto e de outros conhecimentos sobre 
o utilitarismo de Stuart Mill, REDIJA um texto explicando 
por que o utilitarismo de Mill não prega a busca 
de qualquer forma de prazer.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. [...] o positivismo baseia-se na identificação das leis 
causais e no domínio sobre os fatos. O método descritivo 
pode ser aplicado tanto no estudo da natureza quanto 
no estudo da sociedade.
De acordo com a citação e com outros conhecimentos 
relacionados ao positivismo, EXPLIQUE por que as leis 
causais permitem o domínio dos fatos. 
O positivismo: a divinização da ciência
34 Coleção Estudo
07. Stuart Mill defendia que toda inferência é feita 
“do particular para o particular”, ou seja, em todos 
os casos, o conhecimento obtido por meio de um 
raciocínio lógico é proveniente de experiências anteriores 
do mesmo caso.
A partir do trecho anterior, EXPLIQUE a crítica de Stuart 
Mill ao raciocínio silogístico. 
08. [...] a utilidade ou o princípio da maior felicidade 
como a fundação da moral sustenta que as ações 
são corretas na medida em que tendem a promover 
a felicidade e erradas conforme tendam a produzir 
o contrário da felicidade. Por felicidade se entende 
prazer e ausência de dor; por infelicidade, dor 
e privação de prazer [...] o prazer e a imunidade 
à dor são as únicas coisas desejáveis como fins, e que 
todas as coisas desejáveis [...] são desejáveis quer 
pelo prazer inerente a elas mesmas, quer como meios 
para alcançar o prazer e evitar a dor.
MILL, John Stuart. A Liberdade / Utilitarismo. 
São Paulo: Martins Fontes, 
2000. p. 187.
EXPLIQUE, de acordo com o pensamento utilitarista, 
a importância do prazer para o princípio da maior 
felicidade. 
SEÇÃO ENEM
01. Leia com atenção o texto a seguir, em que Augusto Comte 
se propõe a criar uma nova religião, denominada religião 
da humanidade:
É assim que o positivismo dissipa naturalmente 
o antagonismo mútuo das diferentes religiões 
anteriores, formando seu domínio próprio do fundo 
comum a que todas se reportaram de modo instintivo. 
A sua doutrina não poderia tornar-se universal, 
se, apesar de seus princípios antiteológicos, o seu 
espírito relativo não lhe ministrasse necessariamente 
af inidades essenciais com cada crença capaz 
de dirigir passageiramente uma porção qualquer 
da Humanidade. 
COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva. 
2. ed. São Paulo: Abril cultural, 1983. 
p. 139. Coleção Os Pensadores. 
A intenção de Comte ao criar essa nova religião era
A) agregar todos os homens em um culto ao Deus cristão.
B) levar os homens ao arrependimento por terem se 
desviado das verdades metafísicas.
C) promover uma harmonia entre os homens para 
a construção de uma sociedade melhor.
D) criar uma legislação única a que todos se submetessem 
de forma irrestrita.
E) incentivar uma visão organicista da sociedade a partir 
de concepções religiosas. 
GABARITO
Fixação
01. A ideia central do positivismo é a crença na força 
poderosa e transformadora da Ciência. Segundo 
essa corrente filosófica, política e sociológica, 
somente através do desenvolvimento científico 
os homens poderiam construir um mundo melhor. 
O positivismo tem como premissa fundamental de 
que é possível decifrar a natureza e a sociedade por 
meio de relações de causa e efeito. Encontrando tal 
relação, fundamento de toda e qualquer lei natural, 
os homens dispensariam qualquer preconceito ou 
pensamento metafísico e transformariam o mundo 
de forma a construí-lo com bases puramente 
racionais, o que garantiria o desenvolvimento 
do mundo e, consequentemente, o desenvolvimento 
e a realização de todos os homens. 
02. Uma das premissas mais importantes do positivismo 
é de que só é possível alcançar o conhecimento 
verdadeiro a partir das experiências. Dessa 
forma, o conhecimento busca seu fundamento 
na realidade, uma vez que é a partir das relações 
entre causa e efeito dos fenômenos naturais que 
se pode encontrar e determinar as leis que regem 
a sociedade e a natureza. Assim, qualquer forma 
de conhecimento que busque ideias ou conceitos 
que estejam além do mundo material é inválida 
e falsa, pois procura conhecer aquilo que não 
é experimentável. A metafísica, sendo a busca pelo 
conhecimento daquilo que está além do mundo 
material, físico, é um conhecimento impossível 
e inválido para o positivismo.
03. Acompanhando Jeremy Bentham, sistematizador 
do utilitarismo, Mill acredita que o critério da 
maior felicidade deve ser empregado para decidir 
as ações boas e más, corretas e incorretas. 
Para ele, as ações corretas ou boas são aquelas 
que trazem o prazer e, consequentemente, 
a felicidade para um número maior de pessoas. 
Porém, não é qualquer prazer que é buscado 
por Mill. Para ele, há uma clara classificação entre 
os prazeres de acordo com sua qualidade. Assim, 
há prazeres que estão ligados somente à satisfação 
das necessidades e há prazeres superiores, ligados 
ao intelecto. Estes devem ser buscados em 
primeiro lugar e são eles que devem ser utilizados 
como critério da avaliação das ações. 
Propostos
01. O conhecimento científico, segundo o positivismo, 
baseia-se exclusivamente nas relações de causa 
e efeito presentes na natureza e na sociedade. 
Assim, por meio da identificação dessas causas 
e efeitos é possível alcançar as leis que traduzema regularidade presente na natureza. Uma vez 
que se tem o conhecimento dessas leis, é possível 
prever, pelos fatos, aquilo que acontecerá 
e se antecipar dominando o que irá acontecer. 
Frente A Módulo 14
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05. Para Comte, o conhecimento verdadeiro parte de 
experiências ordenadas para alcançar uma relação de 
causa e efeito presente na sociedade e na natureza. 
Essa ordem é fundamental para que o homem 
alcance as verdades pela Ciência, que segue, por 
sua natureza, um método. Outras ideias que se 
pretendem verdades, mas que não sejam realizadas 
a partir desse método, não passam de falsidades 
e opiniões, sendo passageiras e instáveis. Comte 
afirma, portanto, que a grande crise política e moral 
da sociedade de seu tempo se deve exatamente 
à tentativa de conhecer o mundo a partir dessas falsas 
opiniões, elaboradas por homens que se apoiam na 
teoria puramente racional e não em conhecimentos 
verdadeiros obtidos pelo empirismo, o que Comte 
chama de anarquia ou desordem intelectual.
06. Ao positivismo não interessa nada que não seja 
experimentável. Assim, a verdade é obtida pela 
experimentação dos fenômenos naturais e sociais 
a fim de encontrar sua regularidade e, portanto, suas 
leis de causa e efeito. Esse é o único conhecimento 
legítimo da ciência. Assim, o cientista não deve 
buscar a essência ou o espírito das coisas, pois esses 
são conceitos abstratos e imateriais que não são 
possíveis de serem conhecidos, uma vez que não 
existem. O cientista deve se deter na coisa material, 
no fenômeno, buscando nele o conhecimento. 
Por isso a essência é substituída pela matéria, a única 
capaz de levar o homem à verdade científica.
07. Para Stuart Mill, filósofo influenciado pelo 
positivismo, as únicas fontes do conhecimento são 
as experiências realizadas pelos sentidos humanos. 
Assim, o silogismo, ao sair de premissas gerais para 
atingir uma verdade, não torna o homem livre dessas 
experiências. As proposições gerais do silogismo 
não nascem de outro lugar senão das experiências 
particulares que foram generalizadas em um 
princípio. Assim, ao dizer que todos os homens são 
mortais, essa verdade geral nasceu da observação 
dos homens de fato, ou seja, tal proposição nasce de 
experiências. Dessa forma, é possível compreender 
por que todas as inferências são feitas de experiências 
particulares para experiências particulares. 
08. Para a teoria utilitarista da moral, o critério de 
avaliação de uma ação em boa ou má, correta 
ou incorreta, é o princípio da maior felicidade. Desse 
modo, bom é aquilo que traz a felicidade e mau é 
aquilo que causa a infelicidade para o maior número 
de pessoas. Segundo esse princípio, felicidade 
e infelicidade consistem em ausência de dor e presença 
de prazer e ausência de prazer e presença de dor, 
respectivamente. Para Mill, seguindo o pensamento 
de seu mestre Jeremy Bentham, o prazer 
é o princípio natural que guia as ações humanas. 
Buscar o prazer e fugir da dor é natural em todos 
os animais, sejam irracionais ou racionais. É nesse 
raciocínio que se encontra o fundamento da moral 
utilitarista e, consequentemente, o fundamento 
do prazer para a avaliação das ações. 
Seção Enem
01. C
Por exemplo: pela Ciência, é possível prever que 
o consumo de substâncias tóxicas, como o álcool, 
afetará o funcionamento do fígado daquela 
pessoa que as consome. O conhecimento das leis 
do funcionamento permite que sejam tomadas 
providências para que alguma doença seja evitada 
ou para antecipar alguns efeitos que decorrerão 
dessa doença. Assim, as leis permitem o domínio 
dos fatos futuros. 
02. Comte acredita que o conhecimento verdadeiro 
e legítimo nasce das experiências das coisas reais 
e não de conceitos abstratos ou de algo que não seja 
fisicamente experimentável. Ao se referir a causas, 
o filósofo está falando de essências ou substâncias 
que determinam a ação ou a existência de um ser 
qualquer. Para Comte, esse tipo de conhecimento 
é impossível e os esforços para encontrar tais 
causas são totalmente inúteis e vazios. Segundo 
o filósofo, não existe nada que esteja além da matéria, 
e é ela que nos dá o conhecimento sobre as coisas. 
03. Segundo Comte, a humanidade está em um caminho 
de desenvolvimento rumo à plena realização. 
Em um processo ascendente, os homens saíram de 
uma concepção primitiva de mundo, que o filósofo 
denomina de fase teológica, em que a ideia da 
divindade era necessária para a compreensão 
do mundo. Superada essa fase, tem-se a fase ou 
estágio metafísico, pois, nessa etapa, o homem, 
apesar de não estar preso à ideia de divindade, passa 
a almejar conhecer as essências ou causas primeiras 
das coisas, numa concepção metafísica do mundo. 
Superada essa fase, os homens são levados ao 
desenvolvimento de concepções puramente racionais 
sobre o mundo através da Ciência. Nessa terceira 
e última fase, toda e qualquer explicação não científica 
e racional do mundo é negada. A primeira e a segunda 
fases, apesar de necessárias ao desenvolvimento 
da humanidade, foram superadas, e, a partir 
de então, o homem deverá conhecer o mundo 
pela razão científica, confiando exclusivamente em 
si mesmo, em sua racionalidade, alcançando 
a terceira fase ou estágio denominado positivo. 
04. A terceira fase ou estágio do desenvolvimento da 
humanidade, segundo Comte, seria a fase positiva, 
em que toda busca por algo divino e metafísico 
da realidade seria superada. Ao alcançar tal 
estágio, não interessaria mais saber o porquê das 
coisas, interessando ao conhecimento científico 
da realidade tão-somente saber o como as coisas, 
a natureza, funcionam. Buscando esse modelo de 
conhecimento, os fatos não são em si a finalidade, 
pois eles dizem respeito à natureza particularmente, 
sendo que ao positivismo interessa alcançar 
as leis gerais de funcionamento dessa natureza. 
O positivismo não nega a importância dos fatos, 
mas considera que esses fatos são importantes 
enquanto constituintes da matéria-prima necessária 
para alcançar, por meio das generalizações, as leis, 
as quais seriam a abstração máxima da Ciência 
compreendendo o mundo posto.
O positivismo: a divinização da ciência
2 Coleção Estudo
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15 3 Existencialismo: Heidegger e Sartre
Autor: Richard Garcia Amorim
16 17 A Escola de Frankfurt e o Pós-Modernismo 
Autor: Richard Garcia Amorim
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Existencialismo: Heidegger e Sartre
Sartre acreditava que os intelectuais deveriam desempenhar um 
papel ativo na sociedade. Foi um artista militante e apoiou com a sua 
vida e a sua obra causas políticas de esquerda. Por esses e outros 
motivos, recusou-se a receber o Prêmio Nobel de Literatura de 1964.
O existencialismo não é tanto um ateísmo no sentido em 
que se esforçaria por demonstrar que Deus não existe. Ele 
declara, mais exatamente: mesmo que Deus existisse, nada 
mudaria, eis nosso ponto de vista. Não que acreditamos 
que Deus exista, mas pensamos que o problema não é de 
sua existência, é preciso que o homem se reencontre e 
se convença de que nada pode salvá-lo dele próprio, nem 
mesmo uma prova válida da existência de Deus.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
A imaginação: Questão de método. Seleção de textos de 
José Américo Motta Pessanha. Tradução de Rita Correira 
Guedes, Luiz Roberto Salinas Forte, Bento Prado Júnior. 
3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 22.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Para a corrente existencialista, oposta à positivista, que 
acreditava que todas as coisas poderiam ser apreendidas 
pelas experiências, o homem não é um ser determinado 
por nada. 
REDIJA um texto explicando a contraposição entre 
positivismo e existencialismo a partir da frase anterior.
02. O projeto fenomenológico se define como uma “volta às 
coisas mesmas’’, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece 
à consciência que se dá como seu objeto intencional. 
Fenomenologia. In: JAPIASSÚ,Hilton; MARCONDES, Danilo. 
Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. 
Com base na citação anterior, REDIJA um texto 
explicando as bases do método fenomenológico. 
03. O nada, impensado para Parmênides, encontrou em Sartre 
valor ontológico, pois é o ponto de partida da existência 
humana, uma vez que não há coisa alguma anterior à 
existência. Essa tese foi amplamente defendida por esse 
filósofo, principalmente em sua obra O ser e o nada. 
REDIJA um texto explicando, de acordo com a filosofia 
existencialista, o título da obra de Sartre. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. Buscando responder o que é o homem, o sentido do ser 
que procura respostas sobre o mundo, Heidegger afirma 
que o homem é um dasein, um ser-aí. 
De acordo com o trecho anterior e com outros 
conhecimentos sobre o pensamento de Heidegger, 
REDIJA um texto explicando o sentido do termo dasein. 
02. A pre-sença é sempre sua possibilidade. Ela não 
tem a possibilidade apenas como uma propriedade 
simplesmente dada. E é porque a pre-sença é sempre 
essencialmente sua possibilidade que ela pode, em seu 
ser, isto é, sendo, escolher-se, ganhar-se ou perder-se ou 
ainda nunca ganhar-se ou só ganhar-se aparentemente. 
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Tradução de Márcia de Sá 
Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1993. p. 78.
Para Heidegger, a pre-sença ou o ser-aí é sempre 
possibilidade, o que significa que o homem tem liberdade, 
a qual se manifesta em suas decisões, podendo levá-lo a 
uma vida autêntica ou a uma vida inautêntica.
REDIJA um texto explicando a diferença entre 
autenticidade e inautenticidade para Heidegger. 
03. O ser em relação aos outros não é apenas uma relação de 
ser autônomo e irredutível: enquanto ‘ser-com’ ele é uma 
relação que, como o ser do ser-aí, já está aí. É indiscutível 
que um intenso conhecimento pessoal mútuo, fundado 
no ser-com, depende freqüentemente de até onde cada 
ser-aí conhece-se a si mesmo na ocasião; mas isto quer 
dizer que esse conhecimento depende apenas de até onde 
o essencial ser-com-os-outros de alguém o tem tornado 
transparente e não o tem disfarçado. Isso é possível 
somente se o ser-aí, enquanto sendo-no-mundo, já é 
com os outros. A ”empatia” não é o constitutivo primeiro 
do ser-com; unicamente enquanto fundada no ser-com a 
empatia pode tornar-se possível. Ela recebe sua motivação 
da insociabilidade dos modos dominantes de ser-com. 
HEIDEGGER, Martin. Todos nós... ninguém. Um enfoque 
fenomenológico do social. São Paulo: Moraes, 1981. p. 46.
A partir das informações do trecho anterior e de outros 
conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto 
explicando por que só é possível ao homem encontrar-se 
existencialmente se ele se tornar ser-com-os-outros. 
14 Coleção Estudo
Frente A Módulo 15
04. O homem é antes de mais nada um projeto que vive 
subjetivamente, em vez de ser um creme, qualquer coisa 
podre ou uma couve-flor. Nada existe anteriormente a 
esse projeto; nada há no céu inteligível, e o homem, diz 
Sartre, será antes de mais nada o que tiver projetado ser. 
Se no homem a existência precede a essência, ele será 
aquilo que fizer de sua vida, não havendo nada, além dele 
mesmo, de sua vontade, que determine o seu destino.
PENHA, J. O que é existencialismo. 
São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 45.
REDIJA um texto explicando por que, para o 
existencialismo, não basta ao homem simplesmente ser.
05. A escolha é possível, em certo sentido, porém o que não 
é possível é não escolher. 
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
A imaginação: Questão de método. Seleção de textos de José 
Américo Motta Pessanha. Tradução de Rita Correira Guedes, 
Luiz Roberto Salinas Forte, Bento Prado Júnior. 3. Ed. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 17. 
Tendo como base a citação anterior, REDIJA um texto 
explicando a seguinte frase: “Somente a liberdade é 
determinante”.
06. [...] não encontramos, já prontos, valores ou ordens que 
possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos 
nem atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso 
dos valores, nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. 
Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar 
dizendo que o homem está condenado a ser livre. 
Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, 
no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, 
é responsável por tudo o que faz.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
Tradução de Rita Correira Guedes. 3. ed. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 9.
REDIJA um texto posicionando-se contra ou a favor da 
seguinte afirmação: “Estamos sós, sem desculpas.” 
07. A má-fé é evidentemente uma mentira, pois dissimula a 
total liberdade do engajamento. 
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
A imaginação: Questão de método. Seleção de textos de José 
Américo Motta Pessanha. Tradução de Rita Correira Guedes, 
Luiz Roberto Salinas Forte, Bento Prado Júnior. 3. Ed. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 19. 
De acordo com a citação anterior, EXPLIQUE o conceito 
de má-fé na filosofia sartreana.
08. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe; fica 
o homem, por conseguinte, abandonado, já que não 
encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se 
apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. 
Se, com efeito, a existência precede a essência, não será 
nunca possível referir uma explicação a uma natureza 
humana dada e imutável; por outras palavras, não há 
determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. 
Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos 
diante de nós valores ou imposições que nos legitimem 
o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, 
nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, 
justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril, 1978.
De acordo com o trecho e com outros conhecimentos, 
REDIJA um texto explicando por que o homem está 
abandonado no mundo. 
SEÇÃO ENEM
01. Leia com atenção a citação do filósofo existencialista 
Jean-Paul Sartre:
[...] o existencialismo afirma é que o covarde se faz 
covarde, que o herói se faz herói; existe sempre, para o 
covarde, uma possibilidade de não mais ser covarde, e 
para o herói, de deixar de o ser. 
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
A imaginação: Questão de método. Seleção de textos de José 
Américo Motta Pessanha. Tradução de Rita Correira Guedes, 
Luiz Roberto Salinas Forte, Bento Prado Júnior. 3. ed. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 14.
De acordo com o texto anterior, o homem é
A) fruto da sociedade e não pode fugir das limitações 
naturais dadas por ela, uma vez que é político por 
natureza.
B) livre de qualquer determinação, seja de ordem 
natural ou cultural, pois, apesar de existirem forças 
contrárias, o homem é capaz de superar tais limites 
em um movimento de autoconstrução. 
C) relat ivamente l ivre, uma vez que existem 
determinações de ordem natural que impedem que 
o homem faça o que quiser de si.
D) absolutamente livre, uma vez que ele é o único 
responsável pelo que faz de si mesmo, tendo em 
mente que sua vida é resultado de fatores externos 
e internos.
E) totalmente livre na medida em que segue seus 
instintos, sendo que liberdade é possibilidade de 
escolha de acordo com a natureza própria e anterior 
que constitui o que o sujeito é. 
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Existencialismo: Heidegger e Sartre
GABARITO
Fixação
01. Segundo o positivismo, todas as coisas do mundo 
podem ser compreendidas por relações de causa e 
efeito encontradas por meio da experiência. Desse 
modo, a natureza e a sociedade funcionam a partir 
de uma lógica determinista, uma vez que, se há 
causa, sempre haverá um efeito certo. As leis da 
natureza são, assim, manifestações inteligíveis 
dessas normas da natureza. O existencialismo, indo 
em direção contrária a essa tese, defendeque nada 
determina a vida e os comportamentos humanos. 
Segundo essa corrente, ao nascer plenamente livre, 
a essência, que para pensadores como Sócrates 
constitui a parte inata ao homem e a qual determina 
sua vida, é construída após a existência, não 
havendo nada previamente estabelecido. Por essa 
razão, para o existencialismo, o homem é o que 
ele fizer de si mesmo, sem qualquer determinação 
anterior às suas escolhas.
02. Desde a Antiguidade Grega até o Período Moderno 
com pensadores como Descartes e Locke, 
acreditava-se que seria possível conhecer os seres do 
mundo de forma real e em si mesmos. Ao contrário 
dessa posição filosófica, a fenomenologia, corrente 
filosófica fundada por Husserl, defende que o 
conhecimento só é possível por meio de um processo 
intencional do homem que busca no objeto os seus 
fenômenos. Para a fenomenologia, o conhecimento 
é somente conhecimento do fenômeno, ou seja, 
daquilo que o homem percebe do ser, não sendo 
conhecimento do ser em si mesmo. Por isso o homem 
não deve buscar o objeto em si, pois esse não pode 
ser alcançado, nem mesmo é possível provar a sua 
existência. Para conhecer o mundo, o sujeito deve 
ater-se unicamente na consciência do objeto que 
está representado na sua mente. Desse modo, 
entende-se que a frase “voltar às coisas mesmas’’ 
significa voltar a atenção para os fenômenos sem 
se preocupar em buscar uma realidade dos seres 
impossível de ser conhecida.
03. De acordo com a filosofia de Sartre, o homem é, 
ou seja, é ser. Nada existe anteriormente ao 
homem que possa lhe conferir uma essência prévia 
e que o determine substancialmente de uma forma 
ou de outra. Portanto, o ser simplesmente existe, 
é ser. A ideia de nada refere-se à afirmação de 
que não existe absolutamente nenhum ser que 
esteja além do homem, mas tão somente o 
vazio. Por isso, afirmar o nada é afirmar que só 
existe o ser e não existe uma essência humana 
previamente determinada. Porém, após constatar 
que o homem existe e é ser, esse homem deve sair 
da simples existência através da transcendência 
existencial, que consiste em encontrar um sentido 
pessoal para sua vida. Cabe ao homem, portanto, 
construir para si, por sua própria conta, sua 
essência a partir de suas próprias experiências.
Propostos
01. O termo dasein, segundo o pensamento de 
Heidegger, significa, numa tradução pouco precisa 
do alemão para o português, ser-aí. Com essa 
ideia, o filósofo quer chamar a atenção para o fato 
de que o homem é um ser que simplesmente está 
lançado no mundo, mantendo uma relação íntima 
com a realidade na qual se encontra. O homem 
está sempre em uma situação real e determinada 
no mundo, e tal situação não foi objeto de sua 
escolha, pois ele não escolheu o tempo, o lugar, 
a família, a aparência, ou seja, ele não escolheu nada 
daquilo que ele é. Assim, o homem é simplesmente 
um ser-aí que, além de buscar o sentido do ser, ele 
é um ser que deve responder sobre o sentido dele 
mesmo, refletindo sobre sua existência.
02. Para Heidegger, a vida inautêntica é aquela 
em que o sujeito resume sua vida ao apego 
às coisas em si mesmas, sem utilizá-las como 
instrumentos que poderiam levá-lo a um 
projeto maior. A inautenticidade caracteriza 
uma existência anônima, que o filósofo chama 
de dejeção, consistindo na queda do homem 
no plano das coisas do mundo, o que faz de 
sua existência algo vazio e sem sentido, sendo 
que, dessa forma, o homem vive cada dia preso 
às coisas e busca nelas algo que o satisfaça. 
A vida autêntica, por outro lado, é aquela em que 
o sujeito compreende que as coisas não podem 
ser vistas em si mesmas, devendo ser utilizadas 
como instrumentos que levam o homem além da 
simples materialidade das coisas. Para Heidegger, 
a vida autêntica só é possível quando o homem 
aceita a ideia de que ele é um ser-para-a-morte, 
sendo que essa consciência da finitude o impede 
de se fixar nos fatos, mostrando a nulidade do 
projeto de sua vida, que é em si passageira. 
A autenticidade da vida consiste, portanto, 
em reconhecer que qualquer projeto ou plano 
é em vão, pois tudo vai acabar com a morte, 
a impossibilidade da possibilidade.
03. O existencialismo considera que os homens devem 
buscar um sentido pessoal para a sua existência, 
podendo levar erroneamente a uma concepção 
pessoal e individualista de existência humana. 
Contudo, o existencialismo não prescinde, 
em absoluto, dos outros homens na busca pela 
essência pessoal a ser construída. Pelo contrário, 
16 Coleção Estudo
Frente A Módulo 15
 A favor: Acredito que o homem é o único 
responsável por si mesmo e, dessa forma, a sua 
liberdade torna-se, ao mesmo tempo, graça e 
fardo, pois, se o homem escolhe errado diante 
das possibilidades da vida, ele será o único 
responsável por suas escolhas. Por outro lado, 
se escolhe adequadamente, sua vida será fruto 
de suas boas escolhas. A racionalidade capacita o 
homem a pesar e medir o que ele é e o que quer 
ser, e a liberdade permite a ele transformar sua 
realidade pessoal e superar suas limitações. 
 Contra: Não acredito que o homem está só e 
nem que ele é totalmente livre nas escolhas que 
faz, já que os condicionantes materiais, sociais, 
biológicos e culturais influenciam em suas escolhas, 
determinando, em alguma medida, sua liberdade 
e, consequentemente, aquilo que ele se torna. 
Apesar de o homem trazer consigo a sua liberdade, 
esta sempre é condicionada e restrita, pois não há 
como superar algumas determinações exteriores, 
o que torna o homem, necessariamente, fruto de 
seu meio. Portanto, não estamos sós, nem somos 
totalmente determinados. 
07. Para Sartre, o conceito de má-fé refere-se ao 
homem consigo mesmo, ou seja, é uma atitude 
em que o sujeito se esconde de si próprio, 
tentando se enganar diante da vida e da 
responsabilidade de dar um sentido para sua 
existência. Sartre afirma que a má-fé é a atitude 
daquele que mente para si tentando justificar ou 
fundamentar suas ações ou omissões a partir de 
essências preestabelecidas que existiram em sua 
vida. Agindo desse modo, o homem abre mão de 
sua responsabilidade por si mesmo, e se esconde, 
dissimulando que seus atos são escolhas próprias, 
colocando na sociedade, em outro ser ou em Deus 
as responsabilidades por seu fracasso. O filósofo 
afirma que a má-fé é a atitude do homem que tem 
medo da vida e prefere se esconder a assumir sua 
responsabilidade diante de sua própria existência.
08. Segundo o existencialismo sartreano, não há uma 
razão para a existência humana, uma espécie de 
plano, destino ou missão pela qual o homem veio ao 
mundo e a qual ele precisa cumprir. Dessa maneira, 
o homem simplesmente existe, sem justificativas ou 
motivos. Porém, o que aparentemente representaria 
um problema torna-se a força que conduz o homem 
à busca de um verdadeiro sentido para sua vida. 
Estar abandonado, significa, então, não ter qualquer 
determinação prévia para a vida e, assim, o ser 
humano será aquilo que fizer de si mesmo.
Seção Enem
01. B. 
a ideia existencialista é a de que os homens são 
fundamentais para a construção do sentido pessoal 
da própria existência, uma vez que esse sentido 
pessoal só pode acontecer a partir da coexistência. 
Desse modo, a ideia de ser-com-os-outros se 
torna fundamental para a existência humana, 
pois, segundo a corrente existencialista, todos os 
homens vivem juntos e o outro é, em si, causa de 
possibilidade da realização de cada homem.
04. A premissa principal do existencialismo é a de 
que cada homem existe e deve, saindo da simples 
existência, transcender-se existencialmente. 
Tal transcendência existencial acontece quando 
o homem é capaz de definir a si próprio, 
construindo, na autonomia, uma essência que 
possa trazer um sentido individual à sua vida. 
Por isso, não basta existir, pois a simples existência 
é uma característica trivial dos objetosinanimados, 
como fica claro na citação da questão, que se refere 
a um creme ou a uma couve-flor. É necessário 
ao homem ir além dessa simples existência e 
construir a si próprio pela transcendência.
05. Segundo o existencialismo de Sartre, o homem 
é absolutamente livre. Isso significa que, 
independentemente de qualquer condicionamento, 
o homem permanece livre e por isso é o único 
responsável por si mesmo. Não há determinismos 
de ordem natural ou divina que guiem a vida e 
direcionem as ações humanas, pelo contrário, 
o homem pode fazer de si o que quiser e escolher. 
Nesse sentido, apenas uma coisa não pode ser 
escolhida, ou seja, o homem possui somente uma 
determinação da qual ele não pode se libertar, 
que é o fato de ser livre. Assim, justifica-se a 
famosa frase de Sartre que diz que o homem está 
condenado a ser livre.
06. A resposta para essa questão é subjetiva. 
Espera-se que o aluno seja capaz de se posicionar 
argumentativamente contra ou a favor da ideia 
proposta. Em questões desse modelo, não existe 
resposta certa ou errada, mas espera-se que o 
candidato, posicionando-se de um lado ou de 
outro, argumente adequadamente sua questão. 
É muito útil, quando for possível, valer-se de 
outros filósofos em sua argumentação.
 Estar só e sem desculpas significa afirmar que 
o homem é o único responsável por si mesmo. 
Segundo o existencialismo, somos totalmente 
livres e essa liberdade traz como consequência 
a responsabilidade por aquilo que somos 
ou que escolhemos ser. Dessa maneira, por 
sermos absolutamente livres, não há desculpas 
para nossos erros e insucessos, pois eles são 
tão-somente consequências de nossas escolhas. 
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As estruturas epistêmicas
Uma das principais ideias de Foucault consiste em sua 
teoria sobre as estruturas epistêmicas da História. De 
acordo com essa teoria, Foucault critica a ideia de progresso. 
Para ele, a ideia de um glorioso desenvolvimento do homem 
ocidental não passa de uma ilusão, já que a História não 
é progressiva e, por essa razão, não há nenhum tipo 
de continuidade nela. Para Foucault, a História, sendo 
descontínua, é governada por estruturas epistêmicas, 
denominadas por ele de epistemas, as quais agem no 
inconsciente dos homens. 
Quando falo de epistemas, entendo todas as relações 
que existiram em certa época entre os vários campos da 
Ciência. Penso, por exemplo, no fato de que, a certo ponto, 
a Matemática foi utilizada para pesquisas no campo da Física; 
de que a Lingüística, ou melhor [...], a Semiologia, a Ciência 
dos Sinais, foi utilizada pela Biologia (para as mensagens 
genéticas); de que a Teoria da Evolução pôde ser utilizada 
ou servir de modelo para os historiadores, os psicólogos e 
os sociólogos do século XIX. Todos estes são fenômenos de 
relações entre as Ciências ou entre os vários ”discursos” nos 
vários setores científicos que constituem o que eu chamo 
“epistema de uma época”. 
FOUCAULT. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 
2. ed. 7v. São Paulo: Loyola, 2001. Volume VII. p. 87. 
Foucault, ao denominar sua filosofia de “arqueologia do 
saber”, buscava compreender os “epistemas” por meio 
dos quais a História se apresenta. O filósofo concluiu, em 
seus estudos, que não existia qualquer tipo de progresso 
histórico no desenvolvimento da civilização, e que a História, 
ao contrário, era constituída de uma sucessão de epistemas 
descontínuos, que não possuíam ligação entre si. 
Foucault distinguiu três estruturas epistêmicas ou 
epistemas que se sucederam sem nenhuma continuidade 
na História ocidental. A primeira, que se conservou até a 
Renascença, era aquela em que as ideias estavam unidas às 
coisas a que se referiam, ou seja, a palavra tinha a mesma 
realidade daquilo que ela significava. A segunda estrutura, 
que vai dos fins do século XVI ao princípio do século XVII, 
consistia naquela em que as palavras se desvencilharam 
das coisas e passaram a ser encaradas como referentes, 
mas não como as coisas em si mesmas. Por fim, a terceira 
estrutura, que se inicia no século XVIII, é aquela que rege 
os discursos e considera que as palavras estão cada vez 
mais distantes da realidade, não se referindo a ela, mas 
buscando, por detrás dessa realidade, um saber que está 
nas estruturas ocultas do real. Para se ter um exemplo dessa 
estrutura, basta pensar na estrutura da linguagem que dá 
sentido às palavras, não tendo as palavras sentido por elas 
mesmas. Nessa terceira estrutura, o pensamento e o saber 
se retraem no âmbito da representação visível para sondar 
o âmbito das estruturas ocultas. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. O saber que é poder não conhece nenhuma barreira, 
nem na escravização da criatura, nem na complacência 
em face dos senhores do mundo. Do mesmo modo que 
está a serviço de todos os fins da economia burguesa 
na fábrica e no campo de batalha, assim também está à 
disposição dos empresários, não importa sua origem.
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: 
fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1991. p. 20.
IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese defendida por Adorno 
e Horkheimer na citação anterior. 
02. A existência da inclinação para a agressão, que podemos 
detectar em nós mesmos e supor com justiça que ela 
está presente nos outros, constitui o fator que perturba 
nossos relacionamentos com o nosso próximo e força a 
civilização a um tão elevado dispêndio [de energia]. Em 
conseqüência dessa mútua hostilidade primária dos seres 
humanos, a sociedade civilizada se vê permanentemente 
ameaçada de desintegração. O interesse pelo trabalho em 
comum não a manteria unida; as paixões instintivas são 
mais fortes que os interesses razoáveis. A civilização tem 
de utilizar esforços supremos a fim de estabelecer limites 
para os instintos agressivos do homem e manter suas 
manifestações sob o controle por formações psíquicas 
reativas. Daí, portanto, o emprego de métodos destinados 
a incitar as pessoas à identificação e relacionamentos 
amorosos inibidos em sua finalidade, daí a restrição à vida 
sexual e daí, também, o mandamento ideal de amar ao 
próximo como a si mesmo, mandamento que é realmente 
justificado pelo fato de nada mais ir tão fortemente contra 
a natureza original do homem. A despeito de todos os 
esforços, esses empenhos da civilização até hoje não 
conseguiram muito.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. In: Edição Standard 
Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. 
Rio de Janeiro: Imago, [1930] 1974. p. 134. 
IDENTIFIQUE e EXPLIQUE a tese defendida por Freud 
na citação anterior. 
03. Quando falo de epistemas, entendo todas as relações 
que existiram em certa época entre os vários campos 
da Ciência. Penso, por exemplo, no fato de que, a certo 
ponto, a Matemática foi utilizada para pesquisas no 
campo da Física; de que a Lingüística, ou melhor [...], a 
Semiologia, a Ciência dos Sinais, foi utilizada pela Biologia 
(para as mensagens genéticas); de que a Teoria da 
Evolução pôde ser utilizada ou servir de modelo para os 
historiadores, os psicólogos e os sociólogos do século XIX. 
Todos estes são fenômenos de relações entre as Ciências 
ou entre os vários ”discursos” nos vários setores 
científicos que constituem o que eu chamo “epistema” 
de uma época. 
FOUCAULT. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. I. 
2. ed. 7v. São Paulo: Loyola, 2001. Volume VII. p. 87.
De acordo com a citação anterior, REDIJA um texto 
explicando o significado das estruturas epistêmicas para 
Foucault. 
A Escola de Frankfurt e o Pós-Modernismo
28 Coleção Estudo
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. Segundo Adorno e Horkheimer, “a indústria cultural” pode se ufanar de ter levado a cabo com energia e de ter erigido em 
princípio a transferência muitas vezes desejada da arte para a esfera do consumo, de ter despido a diversão de suas ingenuidades 
inoportunas e de ter aperfeiçoado o feitio das mercadorias.
ADORNO, T.;HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. p. 126.
De acordo com a citação e com seus conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto explicando o conceito de indústria cultural. 
02. Se as duas esferas da música se movem na unidade da sua contradição recíproca, a linha de demarcação que as separa é 
variável. A produção musical avançada se independentizou do consumo. O resto da música séria é submetido à lei do consumo, 
pelo preço de seu conteúdo. Ouve-se tal música séria como se consome uma mercadoria adquirida no mercado. Carecem 
totalmente de significado real as distinções entre a audição da música “clássica” oficial e da música ligeira.
ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: BENJAMIN, W. et al. Textos escolhidos. 2. ed. 
São Paulo: Abril Cultural, 1987. p. 84.
A partir da leitura do trecho e de outros conhecimentos sobre o assunto, REDIJA um texto argumentando contra ou a favor 
da seguinte afirmação: “gosto não se discute, cada um tem o seu”. 
03. [...] as pessoas consomem e aceitam o que a indústria cultural propõe, mas como uma espécie de reserva [...] os interesses 
reais do indivíduo conservam o poder suficiente para resistir dentro de certos limites a seu total cativeiro. 
ADORNO. T. “Progreso, tiempo libre e notas marginales sobre la teoria y praxis”. In: Consignas. 
Buenos Aires, Amorrortu, 1973. p. 63.
REDIJA um texto explicando a ideia à qual Adorno se refere na citação anterior e RESPONDA: para esse filósofo, há alguma 
esperança de mudança na forma de pensar dos homens? 
04. Observe a tira e leia o texto a seguir. 
QUINO. Toda Mafalda: da primeira à última tira. Tradução de Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2008. p. 8. 
Quando se concebeu a idéia de razão, o que se pretendia alcançar era mais que a simples regulação da relação entre meios 
e fins: pensava-se nela como o instrumento para compreender os fins, para determiná-los. Segundo a filosofia do intelectual 
médio moderno, só existe uma autoridade, a saber, a ciência, concebida como classificação de fatos e cálculo de probabilidades.
HORKHEIMER, M. Eclipse da Razão. São Paulo: Labor, 1973. p.18 e 31-32.
REDIJA um texto estabelecendo uma relação entre a charge e a citação de Horkheimer. 
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05. Por isso, os discursos de fundamentação e de aplicação 
precisam abrir-se também para o uso pragmático e, 
especialmente, para o uso ético-político da razão prática. Tão 
logo uma fundamentação racional coletiva da vontade passa 
a visar programas jurídicos concretos, ela precisa ultrapassar 
as fronteiras dos discursos da justiça e incluir problemas do 
auto-entendimento e da compensação de interesses.
HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e 
validade. Vol. 1. 2. ed. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. 
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. p. 194.
Um das questões mais importantes da obra de Habermas 
diz respeito à validade do argumento, tratado por ele 
em sua Teoria da Ação Comunicativa. REDIJA um texto 
explicando o modelo proposto pelo filósofo para possibilitar 
a interação entre os homens por meio da linguagem. 
06. [...] eu mostrarei que a mudança de paradigma para o 
da teoria da comunicação tornará possível um retorno 
à tarefa que foi interrompida com a crítica da razão 
instrumental. Esta mudança de paradigma nos permite 
retomar as tarefas, desde então negligenciadas, de uma 
teoria crítica da sociedade. 
HABERMAS, Jürgen. Théoriede l’agir communicationnel. 
Tome 1. Paris: Fayard, 1987. p. 390.
EXPLIQUE a defesa que Habermas faz da razão, tendo 
como base a crítica do filósofo às ideias de Horkheimer 
e de Adorno. 
07. [O inconsciente] é a parte obscura, inacessível, 
de nossa personalidade; o pouco que dela sabemos, 
nós o aprendemos pelo estudo do trabalho onírico e pela 
formação dos sintomas neuróticos [...] Do id nós nos 
aproximamos com comparações: nós o chamamos de 
caos, um caldeirão de excitações ferventes [...] Impulsos 
de desejos que jamais transpuseram o id, mas também 
impressões que foram mergulhadas no id pela repressão, 
são virtualmente imortais, se comportam depois de 
decênios como se tivessem apenas acontecido. Somente 
quando se tornaram conscientes por meio do trabalho 
analítico eles podem ser reconhecidos como passado, 
ser desvalorizados e privados de sua carga energética, 
e sobre isso se funda, e não em mínima parte, o efeito 
terapêutico do tratamento analítico. 
Freud. In: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 2. ed. 
7 v. São Paulo: Loyola, 2001. Volume VII. p. 65.
Com base no trecho anterior e em seus conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando o papel 
do id para a vida humana. 
08. Qual podia ser a razão por que os pacientes haviam 
esquecido tantos fatos de sua vida interior e exterior, 
mas podiam recordá-los, quando se lhe aplicava a 
técnica [da hipnose]? [...] Todas as coisas esquecidas, 
por algum motivo, tinham caráter penoso para o sujeito, 
enquanto haviam sido consideradas temíveis, dolorosas 
e vergonhosas para as aspirações de sua personalidade. 
[...]
FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria. 
In: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. 
2. ed. 7v. São Paulo: Loyola, 2001. Volume VII. p. 64.
Com base no pensamento freudiano, REDIJA um texto 
justificando o erro da expressão popular “o que passou, 
passou.” 
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2010) 
 A lei não nasce da natureza, junto das fontes freqüentadas 
pelos primeiros pastores; a lei nasce das batalhas reais, 
das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm 
sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades 
incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com 
os famosos inocentes que agonizam no dia que está 
amanhecendo.
FOUCAULT, M. Aula de 14 de janeiro de 1976. 
In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a 
política e a lei em relação ao poder e à organização social. 
Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis 
na organização das sociedades modernas é
A) combater ações violentas na guerra entre as nações.
B) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
C) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre 
os indivíduos de uma mesma nação.
D) estabelecer princípios éticos que regulamentam as 
ações bélicas entre países inimigos.
E) organizar as relações de poder na sociedade e entre 
os Estados.
GABARITO
Fixação
01. Adorno e Horkheimer, dois dos principais 
representantes da Escola de Frankfurt, 
elaboraram uma crítica à razão iluminista, que, 
se em sua origem, tendia à libertação do homem, 
acabou por levá-lo ao desenvolvimento da ciência 
e da tecnologia utilizadas não como mecanismos 
emancipatórios, mas tão-somente como meio de 
dominação capitalista através da formação da 
sociedade de consumo. Por isso, esses filósofos 
afirmam, na citação da questão, que o saber que 
é poder não conhece nenhuma barreira, ou seja, 
não conhece nenhum limite. O problema consiste 
na razão controladora e instrumental, que busca 
sempre a dominação, tanto da natureza quanto 
do ser humano. Por meio dessa dominação, 
ocorre a deturpação das consciências individuais, 
A Escola de Frankfurt e o Pós-Modernismo
30 Coleção Estudo
assimilando os indivíduos ao sistema social 
dominante, tornando-os reféns de um modo de 
vida superficial e consumista que atende apenas 
aos interesses da economia burguesa.
02. Freud defende a tese de que os homens possuem, 
em sua própria natureza, um instinto ou pulsão 
que os leva a querer satisfazer seus prazeres sob 
quaisquer circunstâncias. Tal natureza é agressiva e, 
em muitos casos, incontrolável. Por mais que a 
humanidade estabeleça um conjunto de normas e 
leis a fim de controlar essa natureza, a qual tende 
ao aniquilamento do outro em vista dos prazeres 
próprios,muitas vezes esses esforços são em 
vão, pois é necessária uma força quase que 
sobrenatural para coibir a manifestação dessa 
força impulsiva. Segundo Freud, é essa força que 
faz com que os relacionamentos humanos sejam 
tão conflituosos e é ela que ameaça a existência 
da civilização humana. Tal força é representada, 
nos estágios psíquicos, pela energia sexual 
presente no id, que tende à realização e busca 
dos prazeres próprios em todas as situações. 
03. As estruturas epistêmicas são os paradigmas que 
prevaleceram durante algum tempo na História 
da humanidade. Tais paradigmas se sucederam 
no tempo, mas não guardaram qualquer ligação 
de dependência um com o outro, de forma que 
essas estruturas sempre cedem lugar a outras. 
Foucault critica duramente o mito do progresso, 
segundo o qual a humanidade está em progresso 
e, por isso, os tempos históricos e as ideias vão 
melhorando progressivamente. Para o filósofo, 
não existe qualquer tipo de progresso histórico 
no desenvolvimento da civilização, ao contrário, 
a História é constituída de uma sucessão de 
epistemas que são descontínuas entre si e que 
fazem da História algo sem um sentido que lhe dê 
ordem. 
Propostos
01. Indústria cultural foi um termo difundido por 
Adorno e Horkheimer para designar a indústria 
da diversão vulgar, veiculada por meios 
midiáticos como televisão, rádio, revistas, 
jornais, músicas, propagandas, etc. Através da 
indústria cultural e da diversão, seria possível 
obter a homogeneização dos comportamentos 
e a massificação das pessoas, que passariam a 
pensar e a consumir de acordo com os interesses 
das classes burguesas, que promoveriam uma 
alienação dos homens e de suas consciências. 
02. A resposta para essa questão é subjetiva. Espera-se 
que o aluno seja capaz de se posicionar 
argumentativamente contra ou a favor da ideia 
proposta. Em questões neste modelo, não existe 
resposta certa ou errada, mas espera-se que o 
aluno, posicionando-se de um lado ou de outro, 
argumente adequadamente sua questão. É muito 
útil, quando possível, valer-se de outros filósofos 
em sua argumentação.
 A crítica realizada na citação da questão diz 
respeito à indústria cultural que fez com que 
a arte séria e avançada se tornasse também 
refém da indústria do consumo. Nesse sentido, 
o que representaria a verdadeira música, a arte 
desinteressada, para que pudesse sobreviver, 
teve que ceder à lógica do mercado, tornando-se 
também dependente do consumo. 
 A favor: Acredito, acompanhando o raciocínio 
de Adorno, que a arte não deve ceder à lógica 
do mercado. Infelizmente, a massa é controlada 
pelos modismos e, muitas vezes, é desprovida de 
senso crítico para distinguir o que é verdadeira 
arte do que é lixo comercial. Dessa forma, não 
se pode falar de gosto popular, uma vez que 
quem determina tal gosto é a própria indústria 
cultural, que o controla de acordo com interesses 
econômicos. Os pensadores da Escola de Frankfurt 
se referiam a esse modismo como manifestação 
somente da alienação do homem, sendo que a 
massa não sabe nem sequer do que gosta ou 
do que não gosta, já que suas preferências são 
determinadas por aqueles que detêm o poder. 
 Contra: Discordo de Adorno, uma vez que o 
filósofo demonstra um preconceito próprio dos 
intelectuais, que acreditam poder determinar o 
que é certo ou errado, mesmo no campo da arte. 
Se a massa gosta e se aproxima de músicas e de 
manifestações artísticas não eruditas, é porque se 
identifica com tais manifestações. Sendo a arte a 
manifestação dos sentimentos mais profundos e 
espontâneos dos homens, não há de se falar em 
arte boa ou arte ruim. Cada indivíduo se aproxima 
e consome aquela arte com a qual se identifica e 
que representa seu estado de espírito e situação 
social. Não há de se permitir que a arte seja 
também burocratizada. 
03. Na citação da questão, Adorno faz referência à 
cultura de massa, produto da indústria cultural 
que submete o gosto do homem à lógica do 
mercado presente nos meios de comunicação. 
Frente A Módulo 16
31Editora Bernoulli
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Para o filósofo, essa cultura de massa não está 
preocupada com o ideal de libertação do homem 
ou com sua melhoria por meio das manifestações 
culturais, pelo contrário, a cultura de massa leva 
a uma alienação cada vez maior do homem, 
que consome um tipo de cultura construída na 
ideologia e que escraviza o espírito ao capitalismo 
e àquilo que o mercado quer vender. 
 Apesar dessa situação, Adorno acredita que é 
possível haver uma libertação da humanidade 
que, vendo-se aprisionada, pode vir a se libertar 
de tal cativeiro, buscando alternativas para se ver 
fora da cultura de massa e da ideologia que a 
permeia.
04. A Ciência, conforme demonstrado na charge, 
é utilizada como meio de crescimento econômico. 
Sua utilidade, nesse sentido, seria produzir 
objetos e conhecimentos que tenham como 
objetivo último o retorno financeiro daqueles que 
dela se aproveitam e a desenvolvem. Segundo 
Horkheimer, a razão, em sua origem, não deveria 
se guiar por tais princípios, devendo ser utilizada 
como meio de desenvolvimento do próprio 
homem e de construção de uma vida melhor. 
A Ciência que visa somente ao lucro é criticada 
pelo filósofo, uma vez que ela atende não ao bem 
social, mas tão-somente aos interesses de grupos 
econômicos que a financiam e dela esperam 
retorno. 
05. Habermas propõe um modelo ideal de ação 
comunicativa em que as pessoas possam interagir 
por meio da utilização da linguagem, podendo, 
como consequência, organizar-se socialmente, 
buscando o consenso de uma forma livre de 
toda coação externa e interna. O processo de 
comunicação que visa ao entendimento mútuo 
está na base de toda a interação, pois somente 
uma argumentação em forma de discurso 
permite o acordo de indivíduos quanto à validade 
das proposições ou à legitimidade das normas. 
Por outro lado, o discurso pressupõe a interação, 
isto é, a participação de atores que se comunicam 
livremente e em situação de simetria, permitindo 
que as igualdades nos instrumentos do discurso 
se reflitam na igualdade entre os homens e na 
legitimidade das conclusões. 
06. Habermas, em sua filosofia, buscou superar 
o pessimismo dos fundadores da Escola de 
Frankfurt, Adorno e Horkheimer, que viam na 
razão instrumental uma perversão do ideal de 
razão iluminista. Para eles, essa razão, em vez de 
buscar a emancipação do homem, passou a ter 
como objetivo tão-somente dominar a natureza 
com fins práticos e de acordo com os interesses 
econômicos. Com a finalidade de recuperar o 
potencial emancipatório da razão, Habermas 
adotou o paradigma comunicacional, acreditando 
que este poderia superar as aspirações ideológicas 
da razão instrumental e levar o homem novamente 
à libertação da ignorância e das ideologias. Desse 
modo, Habermas busca compreender a razão 
comunicativa como a maneira de restabelecer 
a comunicação livre, racional e crítica entre os 
homens e as sociedades, buscando elaborar 
novas premissas e valores morais que servissem 
a todos e que fossem legítimos pela participação 
de todos no exercício do diálogo.
07. O id, segundo a filosofia freudiana, é o reservatório 
primitivo da energia psíquica. Seu conteúdo é 
inconsciente, sendo algumas de suas ideias inatas 
e outras recalcadas pelo superego. É no id que 
se encontra a busca incessante pelo prazer em 
todas as circunstâncias da vida humana, ou seja, 
é nele que está a energia vital que faz o homem 
encontrar, ou pelo menos buscar, o prazer em suas 
atividades, como também rejeitar a dor potencial 
nos acontecimentos de sua vida. Segundo Freud, 
o id faz parte daquilo mais natural que o homem 
tem e busca, nele se encontrando o desejo sexual, 
através do qual todas as coisas deveriam possuir 
sentido para o homem individual. 
08. De acordo com Freud, as experiências humanas, 
principalmenteas mais dolorosas, temíveis e 
vergonhosas, são depositadas no inconsciente, 
que é constituído, também, por tudo aquilo que 
fez com que o homem, em alguma situação, 
tivesse experiências traumáticas ou dolorosas. 
No inconsciente, tais experiências e ideias são 
guardadas, mas não esquecidas. De alguma forma, 
elas se manifestam ao longo da vida do sujeito, 
seja através de atitudes, falas, comportamentos 
sociais ou doenças psíquicas. Por isso, o que se 
pensa que passou, na realidade, não passou. 
Portanto, de acordo com a posição freudiana, 
o dito popular corresponde tão-somente ao senso 
comum e não pode ser aplicado à vida psíquica 
humana. 
Seção Enem
01. E. 
A Escola de Frankfurt e o Pós-Modernismo
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17 3 Núcleos Temáticos
Autor: Richard Garcia Amorim
64 Coleção Estudo
A arte, sendo manifestação dos sentimentos humanos, 
também se altera à medida que os homens progridem na 
História, acompanhando a evolução espiritual do homem, 
que tende sempre à melhoria. Se a capacidade de julgamento 
estético é algo subjetivo, essa capacidade tem em si uma 
parcialidade, uma vez que ela é construída a partir do 
momento histórico e dos valores vigentes naquele momento. 
Cultura de massa e indústria cultural
Theodor Adorno e Max Horkheimer, na obra Dialética do 
esclarecimento, cunharam o conceito de indústria cultural, 
muito relevante para a Filosofia da arte. 
Com o fim das amarras religiosas, acreditou-se, por um 
momento, que as artes seriam democratizadas, dando a 
todos os homens a possibilidade de se aproximarem das 
obras de arte e de usufruírem-nas. Acreditava-se que a 
beleza da arte faria dos homens seres melhores. Porém, o 
que se verificou foi uma inversão dos rumos da arte, que 
se massificou em produtos que servem ao entretenimento 
superficial e à diversão irreflexiva dos homens em seus 
momentos de ócio. Assim, a arte, sendo libertada no 
período renascentista das amarras da religião e da ideologia, 
se tornou refém de uma nova forma de escravidão, o 
capitalismo. Com isso, as artes, ao invés de libertarem o 
homem e o levarem a um patamar espiritual mais elevado, 
o submetem à lógica do mercado, fazendo da arte mero 
produto de consumo, de forma que aquilo que deveria servir 
ao homem como instrumento de libertação, o faz refém do 
mercado e da indústria cultural. 
Nesse sentido, Adorno afirma que a indústria cultural 
opera como uma poderosa máquina em favor do mercado. 
A sociedade tecnológica contemporânea utiliza a mídia 
(cinema, televisão, rádio, música, publicidade, etc.), 
incluindo a Internet (apesar de esta não existir na época 
de Adorno), como mecanismos de dominação por meio 
da divulgação das ideologias de consumo que levariam 
à ‘felicidade’ própria dos dominadores, convertendo em 
necessidade aquilo que é supérfluo. 
A classe dominadora utiliza a mídia para impor modelos 
que se conformam com seus interesses. Essa imposição 
de modelos de comportamento, consumo e valores não 
acrescenta nada à racionalidade dos dominados, impedindo o 
desenvolvimento do senso crítico dos indivíduos levando-os 
à aceitação e passividade diante daquilo que lhes é imposto, 
gerando indivíduos alienados culturalmente, que fazem uso 
do divertimento não como forma de crescimento e expressão 
da criatividade, mas apenas como absorção passiva de 
determinados padrões de comportamento.
A cultura de massas
O advento de novas formas de comunicação influenciou 
a cultura de massa, que cresceu tanto que absorveu 
grande parte da cultura anterior a ela. O ponto central 
da ideia de cultura de massa, é a submissão implícita de 
padrões homogêneos de comportamento e de consumo 
relacionados diretamente ao poder econômico do capital 
industrial e financeiro. Devido à excessiva divulgação 
da cultura de massa, a cultura alternativa sofreu grande 
depreciação. Como consequência desse fato, as formas 
e valores apreciados pela população tornaram-se quase 
exclusivamente os valores compartilhados pela massa. 
Segundo Adorno, a indústria cultural ignora as contradições 
existentes na sociedade, que são absorvidas pela cultura de 
massa. Com essa absorção, desaparece a necessidade de 
combater ideias ou valores que representem ameaças ao 
bom andamento da indústria cultural.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Antropologia 
1.1 Natureza, cultura e linguagem
01. Leia o trecho a seguir:
Aqui se vive de carne humana; lá é dever de piedade 
matar o pai em uma certa idade; alhures os pais 
determinam, das crianças ainda no ventre das mães, 
quais eles querem que sejam conservadas e criadas e 
quais querem que sejam abandonadas e mortas; alhures 
os maridos velhos emprestam as mulheres aos jovens 
para que se sirvam delas [...]. Além disso, o costume 
não fez uma república só de mulheres? Não lhes colocou 
armas nas mãos? [...] em que crianças de sete anos 
suportavam ser açoitadas até a morte, sem mudar de 
expressão? [...] Em suma, na minha opinião não há coisa 
alguma que ele (o costume) não faça ou não possa; e, 
com razão, Píndaro, pelo que me disseram, chama-o de 
rei e imperador do mundo (nómos basileus). [...] Na 
verdade, porque ingerimos o costume com o leite do 
nosso nascimento [...] parece que nascemos para seguir 
este procedimento.
MONTAIGNE. Ensaios I, 23.
A partir da leitura do trecho do filósofo Montaigne, REDIJA 
um texto posicionando-se argumentativamente a favor de ou 
contra a ideia de que todos os atos humanos são justificáveis 
a partir de sua cultura. 
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02. Não é mais natural ou menos convencional gritar quando se 
tem raiva ou beijar quando se sente amor do que chamar 
uma mesa de “mesa”. Os sentimentos e as condutas 
passionais são tão inventadas quanto as palavras. Mesmo 
aqueles comportamentos que, como a paternidade, 
parecem inscritos no corpo humano são, na realidade, 
instituições. É impossível sobrepor no homem uma 
primeira camada de comportamentos que chamaríamos 
de “naturais” e um mundo cultural ou espiritual fabricado. 
Tudo é fabricado e tudo é natural no homem, assim como 
diríamos, nesse sentido, que não há uma só palavra, uma só 
conduta que não deva algo ao ser simplesmente biológico, 
e que, ao mesmo tempo, não escape da simplicidade da 
vida animal [...]. Os comportamentos criam significações 
que transcendem o dispositivo anatômico, mas que, no 
entanto, são imanentes ao comportamento enquanto tal, 
uma vez que ele é aprendido e compreendido.
MERLEAU-PONTY, Maurice. 
Fenomenologia da percepção, p. 220-221.
De acordo com o trecho anterior, REDIJA um texto 
justificando a seguinte proposição: “Tudo é fabricado e 
tudo é natural no homem”.
03. [...] esses povos que consideramos estarem totalmente 
dominados pela necessidade de não morrerem de fome, 
de se manterem num nível mínimo de subsistência, em 
condições materiais muito duras, são perfeitamente 
capazes de pensamento desinteressado; ou seja, 
são movidos por uma necessidade ou um desejo de 
compreender o mundo que os envolve, a sua natureza e 
a sociedade em que vivem. Por outro lado, para atingirem 
este objetivo, agem por meios intelectuais, exatamente 
como faz um filósofo ou até, em certa medida, como pode 
fazer e fará um cientista. Esta é minha hipótese de base.
LÉVI-STRAUSS. Mito e significado, p. 30-31.
IDENTIFIQUE a temática filosófica expressa no 
texto anterior e, em seguida, REDIJA um parágrafo 
estabelecendo uma relação entre necessidade material 
e pensamento filosófico. 
1.2 Corpo e mente
04. 
REDIJA um texto estabelecendo uma relação entre a 
reprodução do quadro Painted Plaster Mask de René 
Magritte e o problema filosófico da relação corpo e alma.
05. Sócrates: Admitamos, portanto, que há duas espécies 
de seres: uma visível, outra invisível.
Cebes: Admitamos.
Sócrates: Admitamos, ainda, que os invisíveis conservam 
sempre sua identidade, enquanto que com osvisíveis tal 
não se dá.
Cebes: Admitamos também isso.
Sócrates: Bem, prossigamos. Não é verdade que nós 
somos constituídos de duas coisas, uma das quais é o 
corpo e a outra a alma?
Cebes: Nada mais verdadeiro.
Sócrates: Com qual destas duas espécies de seres 
podemos dizer, pois, que o corpo tem mais semelhança 
e parentesco?
Cebes: Eis uma coisa que é clara para toda gente: com 
a espécie visível.
Sócrates: Por outro lado, o que é a alma? Coisa visível 
ou invisível?
Cebes: Não é visível, ao menos aos homens, Sócrates! 
[...]
Sócrates: Logo, a alma tem com a espécie invisível mais 
semelhança do que com o corpo, mas este tem, com a 
espécie visível, mais semelhança do que a alma?
Cebes: Necessariamente, Sócrates.
Sócrates: Não dizíamos, ainda, há pouco, que a alma 
utiliza às vezes o corpo para observar alguma coisa 
por intermédio da vista, ou do ouvido, ou de outro 
sentido? Assim, o corpo é um instrumento, quando é 
por intermédio de algum sentido que se faz o exame da 
coisa. Então a alma, dizíamos, é arrastada pelo corpo na 
direção daquilo que jamais guarda a mesma forma, ela 
mesma se torna inconstante, agitada, e titubeia como se 
estivesse embriagada: isso, por estar em contato com 
coisas deste gênero.
Cebes: Realmente.
Sócrates: Mas, quando, pelo contrário, ela examina as 
coisas por si mesmas, quando se lança na direção do 
que é puro, do que sempre existe, do que nunca morre, 
do que se comporta sempre do mesmo modo [...] – ela 
cessa de vaguear e, na vizinhança dos seres de que 
falamos, passa ela também a conservar sua identidade 
e seu mesmo modo de ser: é que está em contato com 
coisas daquele gênero. Ora, este estado da alma, não é 
o que chamamos pensamento?
Cebes: Muito bem dito, Sócrates, e muito verdadeiro. [...]
Sócrates: Tomemos agora outro ponto de vista. Quanto 
estão juntos a alma e o corpo, a este a natureza consigna 
servidão e obediência, e à primeira comando e senhorio. 
Sob este novo aspecto, qual dos dois, no teu modo de 
pensar, se assemelha ao que é divino, e qual o que se 
assemelha ao que é mortal? [...]
Núcleos Temáticos
66 Coleção Estudo
Cebes: Nada mais claro, Sócrates. A alma, com o divino, 
o corpo, com o mortal.
Sócrates: Bem, examina agora, Cebes, se tudo o que foi 
dito nos conduz efetivamente às seguintes conclusões: 
a alma se assemelha ao que é divino, imortal, dotado 
da capacidade de pensar, ao que tem uma forma única, 
ao que é indissolúvel e possui sempre do mesmo modo 
a identidade: o corpo, pelo contrário, equipara-se ao 
que é humano, mortal, multiforme, desprovido de 
inteligência, ao que está sujeito a decompor-se, ao que 
jamais permanece idêntico. Contra isto, meu caro Cebes, 
estaremos em condições de opor uma outra concepção, 
e provar que as coisas não se passam assim?
Cebes: Não, Sócrates.
Sócrates: Que se segue daí? Uma vez que as coisas 
são assim, não é acaso uma pronta dissolução o que 
convém ao corpo, e à alma, ao contrário, uma absoluta 
indissolubilidade, ou pelo menos qualquer estado que 
disso se aproxime?
PLATÃO. Fédon 79a-80b. Tradução de Jorge Paleikat 
e João Cruz Costa. (Os Pensadores).
A partir da citação anterior e de seus conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto explicando a posição 
de Sócrates em relação à constituição do homem e, em 
seguida, ARGUMENTE a favor de ou contra a posição 
do filósofo. 
06. Que seria necessário a Canus Julius, a Sêneca ou a 
Petrônio para mudar sua intrepidez em covardia ou 
fraqueza? Uma obstrução no baço, no fígado ou na veia 
porta. Por quê? Porque a imaginação se obstrui junto com 
as vísceras e daí nascem todos os fenômenos singulares 
de afecção histérica e hipocondríaca. [...] Sem os 
alimentos, a alma enlanguesce, entra em furor e morre 
abatida. [...] Mas alimente o corpo, verta em seus tubos 
sucos vigorosos, líquidos fortes: então a alma, vigorosa 
como eles, se arma de coragem. [...] A bela alma e a 
potente vontade só podem agir enquanto as disposições 
do corpo lhes, e seus gostos mudam com a idade e a 
febre! Devemos então nos admirar se os filósofos sempre 
tiveram em vista a saúde do corpo, para preservar a saúde 
da alma? Com efeito, se o que pensa em meu cérebro 
não é uma parte desta víscera, e logo do corpo, por que, 
quando tranqüilo em meu leito eu concebo o plano de 
uma obra, ou sigo um raciocínio abstrato, meu sangue se 
aquece? Por que a febre de meu espírito se passa para 
minhas veias? 
LA METTRIE, J. O. L’homme machine. Éditions Bossard, 1921.
IDENTIFIQUE e CARACTERIZE, no que diz respeito à 
relação entre corpo e alma, a posição filosófica expressa 
no trecho anterior.
2. Ética e política
2.1 Valores e normas
07. País tem 39 mil adolescentes que cumprem medidas 
socioeducativas, nascidos geralmente em bairros da periferia.
[...]
São jovens pobres da periferia de São Paulo, de bairros 
onde drogas, armas e mortes violentas são parte do 
cotidiano desde a infância. Têm em comum o passado de 
envolvimento com o crime – para eles, o único caminho 
para dinheiro, visibilidade, status, inclusão em um grupo. 
Como traficantes e assaltantes, tiveram tudo isso. Mas, 
quando surgiu a chance, decidiram mudar de vida. Um 
chegou à universidade e hoje sustenta casa [...].
CARRANCA, Adriana. País tem 39 mil adolescentes que cumprem 
medidas socioeducativas, nascidos geralmente em bairros da 
periferia. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 11 jun. 2006.
A partir da leitura do texto, REDIJA um texto respondendo 
à seguinte questão: somos realmente livres?
08. O fato mais marcante da vida humana é que temos 
valores. Pensamos em modos pelos quais as coisas 
poderiam ser melhores e mais perfeitas e, portanto, 
diferentes do que são e também em modos como nós 
mesmos poderíamos ser melhores, e, portanto, diferentes 
do que somos. Por que é assim? De onde tiramos estas 
idéias que vão além do mundo que experimentamos e 
parecem colocá-lo em questão, julgando-o, dizendo que 
ele não é satisfatório, que ele não é o que deveria ser? 
KORSGAARD, Christine. The Sources of normativity. 
Tradução de Telma Birchal. Cambridge University Press, 1996. p. 1.
REDIJA um texto explicando o que são os valores e a sua 
importância para a vida e a felicidade humanas.
09. Neste mundo, e até também fora dele, nada é possível 
pensar que possa ser considerado como bom sem limitação 
a não ser uma só coisa: uma boa vontade. Discernimento, 
argúcia de espírito, capacidade de julgar e como quer 
que possamos chamar os talentos do espírito, ou ainda 
coragem, decisão, constância de propósito, como qualidades 
do temperamento, são sem dúvida a muitos respeitos 
coisas boas e desejáveis; mas também podem tornar-se 
extremamente prejudiciais se a vontade, que haja de fazer 
uso destes dons naturais e cuja constituição particular por 
isso se chama caráter, não for boa. O mesmo acontece com 
os dons da fortuna. Poder, riqueza, honra, fortuna, mesmo 
a saúde, e todo o bem-estar e contentamento com a sua 
sorte, sob o nome felicidade, dão ânimo que muitas vezes 
por isto mesmo desanda em soberba, se não existir também 
a boa vontade que corrija a sua influência sobre a alma [...]. 
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica 
dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1974. Primeira Seção.
REDIJA um texto explicando o que Kant chama de “boa 
vontade” e qual o papel dela na construção da felicidade 
humana. 
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2.2 Liberdade e determinismo
10. A grandeza e o milagre do homem estão no fato de ele 
ser o artífice de si mesmo, autoconstrutor.
Pico della Mirandola
A partir dessa citação, REDIJA um texto problematizando 
a relação entre liberdade e determinismo. 
11. Os homens se consideram livres porque são conscientes 
das suas ações e ignorantes das causas pelas quais são 
determinados; e além disso que as decisões da alma nada 
mais são que os próprios apetites, e,por conseguinte, 
variam segundo as variáveis disposições do corpo. 
ESPINOSA. Ética. Livro 3, escólio da proposição 2. Tradução de 
Joaquim Ferreira Gomes. São Paulo: Abril Cultural, 1974. 
REDIJA um texto explicando a ideia de Espinosa presente 
no fragmento anterior e, em seguida, ARGUMENTE a 
favor de ou contra essa ideia. 
12. O que é então a liberdade? Nascer é ao mesmo tempo 
nascer no mundo e nascer do mundo. O mundo está já 
constituído, mas também não está nunca completamente 
constituído. Sob o primeiro aspecto, somos solicitados, sob 
o segundo somos abertos a uma infinidade de possíveis. 
Mas esta análise ainda é abstrata, pois existimos sob 
os dois aspectos ao mesmo tempo. Portanto, nunca há 
determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou 
coisa e nunca sou consciência nua. [...] A generalidade 
do “pape”’ e da situação vem em auxílio da decisão e, 
nesta troca entre a situação e aquele que a assume, é 
impossível delimitar a “parte da situação” e a “parte da 
liberdade”. [...]
Sou uma estrutura psicológica e histórica. Com a 
existência, recebi uma maneira de existir, um estilo. Todos 
os meus pensamentos e minhas ações estão em relação 
com esta estrutura. [...] E, todavia, sou livre, não a 
despeito ou aquém dessas motivações, mas por seu meio. 
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 
São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 608-611.
REDIJA um texto explicando a questão proposta por 
Merleau-Ponty de que “Nascer é ao mesmo tempo nascer 
no mundo e nascer do mundo”.
2.3 Poder e conflito
13. O poder não necessita de justificação, sendo inerente 
à própria existência de comunidades políticas; o que 
realmente necessita é legitimidade. O emprego das 
duas palavras como sinônimos é tão enganoso e confuso 
quanto a comum identificação entre obediência e apoio. O 
poder brota onde quer que as pessoas se unam e atuem 
de comum acordo, mas obtém sua legitimidade mais 
do ato inicial de unir-se do que de outras ações que se 
possam seguir. 
ARENDT, Hannah. Da violência. Tradução de José Volkmann.
REDIJA um texto identificando a temática central do 
trecho anterior e explicando a importância da legitimidade 
para as democracias modernas.
14. Resta agora ver como o príncipe deve tratar seus súditos 
e seus amigos. Como sei que muitos escreveram sobre 
isso, temo, escrevendo eu também, ser considerado 
presunçoso, porque eu me distancio, sobretudo na 
discussão dessa questão, do caminho seguido pelos 
outros. Mas minha intenção sendo a de escrever alguma 
coisa útil para meus leitores, pareceu-me mais pertinente 
me conformar com a verdade efetiva das coisas do que 
à imaginação que delas temos. Muitos imaginaram 
repúblicas e principados que nunca existiram. De fato, 
há uma tal distância entre a maneira como vivemos e 
aquela como deveríamos viver, que aquele que deixa o 
que se faz pelo que se deveria fazer, aprende muito mais 
a se destruir do que a se preservar. 
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Cap. XV.
REDIJA um texto explicando a problemática levantada 
por Maquiavel no texto anterior e qual a solução do 
pensador florentino para essa questão. 
15. A legitimidade do poder funda-se sobre o povo; mas à 
imagem da soberania popular se junta a de um lugar 
vazio, impossível de ser ocupado, de tal modo que os que 
exercem a autoridade pública não poderiam pretender 
apropriar-se dela. A democracia alia estes dois princípios 
aparentemente contraditórios: um, que o poder emana do 
povo; outro que esse poder não é de ninguém. Ora, ela 
vive dessa contradição. Por pouco que esta se arrisque 
a ser resolvida ou o seja, eis a democracia prestes a se 
desfazer ou já destruída. Se o lugar do poder aparece, 
não mais como simbolicamente mas realmente vazio, 
então os que o exercem não são mais percebidos senão 
como indivíduos quaisquer, como compondo uma facção 
a serviço de interesses privados e, simultaneamente, 
a legitimidade sucumbe em toda a extensão do social; 
a privatização dos agrupamentos, dos indivíduos, de 
cada setor de atividade aumenta: cada um quer fazer 
prevalecer seu interesse individual ou corporativo. 
LEFORT, Claude. A invenção democrática. 
Tradução de Isabel Marva Loureiro.
A partir da leitura do texto anterior, REDIJA um texto 
estabelecendo uma relação entre poder e democracia. 
2.4 Indivíduo e comunidade
16. – E o homem justo não será então em nada diferente 
da cidade justa, no que respeita à noção de justiça, mas 
será semelhante a ela?
– Semelhante, disse ele.– Mas uma cidade justa pareceria 
ser precisamente justa quando os três grupos naturais 
presentes nela exercessem cada um sua tarefa própria e 
ela nos pareceria moderada, ou ainda corajosa e sábia, 
em razão das afecções e disposições particulares desses 
mesmos grupos.
Núcleos Temáticos
68 Coleção Estudo
– É verdade, disse ele.
– Logo, meu amigo, entendemos que o indivíduo, que tiver 
na sua alma estas mesmas classes, merece bem, devido 
a estas mesmas qualidades, ser tratado pelos mesmos 
nomes [os das virtudes referidas acima: moderação, 
coragem e sabedoria] que a cidade.
– É absolutamente forçoso, disse ele. 
PLATÃO. República, 435 b- c. Tradução de Maria Helena da Rocha 
Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 189. 
REDIJA um texto identificando a questão filosófica 
expressa no trecho anterior e, em seguida, EXPLIQUE 
a posição de Platão em relação a ela. 
17. Assim alguém domina o outro como livre, quando o dirige, 
para o próprio bem daquele que é dirigido, ou para o 
bem comum. E haveria tal domínio do homem sobre o 
homem no estado de inocência [ou seja, o estado anterior 
ao pecado original] por dois motivos. Primeiro, porque o 
homem é naturalmente um animal social: portanto, os 
homens vivem socialmente no estado de inocência. Não 
poderia haver uma vida social de muitos a não ser que 
alguém presidisse, tendo a intenção do bem comum [...] 
Segundo, porque se o homem ultrapassasse outro em 
conhecimento e justiça, isso seria inconveniente a não 
ser que esses dons conduzissem ao benefício dos outros. 
TOMÁS DE AQUINO, São. Suma teológica, Parte I, Questão 96, 
artigo 4. São Paulo: Loyola, 2002. p. 668-669.
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando 
a necessidade, segundo Tomás de Aquino, de um poder 
soberano. Em seguida, posicione-se argumentativamente 
sobre a questão.
18. A sociedade pode executar, e executa, seus próprios 
mandatos; e se expede mandatos equivocados no lugar 
dos corretos, ou quaisquer mandatos a respeito de coisas 
nas quais não deveria interferir, pratica uma tirania 
social mais terrível do que muitas espécies de opressão 
política, uma vez que [...] penetra mais profundamente 
nos detalhes da vida, escraviza a própria alma, deixando 
poucas vias de fuga. Não basta, portanto, a proteção 
contra a tirania do magistrado; é necessária também 
a proteção contra a tirania da opinião e do sentimento 
dominantes, contra a tendência da sociedade a impor, por 
outros meios além da penalidade civil, as próprias idéias e 
práticas como regras de conduta aos que dela dissentem; 
aguilhoar o desenvolvimento e, se possível, a impedir 
a formação de qualquer individualidade que não esteja 
em harmonia com seus costumes, e a compelir a todos 
os tipos humanos a se conformar a seu próprio modelo. 
MILL, John Stuart. Da liberdade. Tradução de Eunice Ostrensky. 
São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 10-11. 
REDIJA um texto identificando o problema filosófico 
apontado por John Stuart Mill e responda por que, na 
concepção do autor, é necessário uma “proteção contra 
a tirania da sociedade”. 
3. Lógica e teoria do conhecimento
3.1 Verdade e validade
19. Verifique a validade dos argumentos a seguir: 
A) Todo A é B.
 C é A.
 Logo, C é B.
B) Todo A é B.
 C é B.
 Logo, C é A.
C) Todo mineiro é brasileiro.
 Aécio Neves é mineiro.
 Logo, Aécio Neves é brasileiro.
D) Todo mineiro é corintiano.
 Zidane é mineiro.
 Logo, Zidane é corintiano.E) Todo mineiro é brasileiro.
 Zico é mineiro.
 Logo, Zico é brasileiro.
F) Todo mineiro é brasileiro.
 Aécio Neves é brasileiro.
 Logo, Aécio Neves é mineiro.
G) Todo corintiano é paulista.
 Lula é paulista.
 Logo, Lula é corintiano.
H) Todo mineiro é brasileiro.
 Lula é brasileiro.
 Logo, Lula é mineiro.
I) Todo A é B.
 Todo B é C.
 Logo, todo A é C.
J) Algum A é B.
 Todo B é C.
 Logo, algum A é C.
K) Algum A é B.
 Algum B é C.
 Logo, algum A é C.
L) Todo A é B.
 Algum B é C.
 Logo, algum A é C.
M) Algum flamenguista é mineiro.
 Todo mineiro é brasileiro.
 Logo, algum flamenguista é brasileiro.
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N) Nenhum grego é filósofo.
 Nenhum filósofo é imortal.
 Logo, nenhum grego é imortal.
O) Todos os filósofos são bons matemáticos.
 Alguns filósofos são gregos.
 Logo, alguns bons matemáticos são gregos.
P) Todo filósofo é bom matemático.
 Alguns bons matemáticos são gregos.
 Logo, alguns filósofos são gregos.
20. CLASSIFIQUE os argumentos como dedutivos e 
indutivos.
A) A grande maioria dos entrevistados declarou que não 
votará no candidato da oposição. Logo, a oposição 
não irá ganhar as eleições. 
B) Os países subdesenvolvidos se caracterizam 
principalmente por: insuficiência alimentar, baixa 
renda per capita e estrutura sanitária deficiente. O 
Brasil apresenta essas características. Logo, é o Brasil 
um país subdesenvolvido. 
C) Todo aborto é um assassinato. Todo assassinato deve 
ser condenado. Logo, todo aborto deve ser condenado. 
D) Na África Negra, 76% da mão de obra estão voltados 
para a agricultura. O mesmo ocorre com 55% da mão 
de obra da América do Sul e com 62% da América 
Central. Por conseguinte, os países subdesenvolvidos 
se caracterizam pela grande proporção da população 
empregada na agricultura. 
E) João tem direito à concordata porque é comerciante, 
e todos os comerciantes têm direito à concordata. 
F) Todas as esmeraldas até agora observadas são verdes. 
Logo, toda esmeralda é verde. 
G) Todas as esmeraldas até agora observadas são verdes. 
Logo, a próxima esmeralda observada será verde. 
H) Este paciente deve ter AIDS, não apenas porque 
apresenta alguns sintomas da doença, mas também 
porque admitiu que teve relações sexuais com uma 
pessoa contaminada. 
I) Ou uma obra é religiosa, ou é científica, sendo que 
é impossível que uma obra seja simultaneamente 
religiosa e científica. A Bíblia é uma obra religiosa. 
Logo, não é uma obra científica. 
J) A Organização Mundial de Saúde anunciou que 
a circuncisão deverá ser incluída nos programas 
de prevenção à infecção pelo HIV, sobretudo em 
países africanos. Estudos recentes revelaram que 
a intervenção para a retirada do prepúcio reduz em 
até 60% o risco de contrair Aids. Os três grandes 
estudos sobre o tema – realizados na África do 
Sul, Uganda e Quênia – foram interrompidos antes 
do tempo previsto devido à queda dramática dos 
índices de infecção. Segundo o comunicado, o acesso 
ao procedimento na África deve ser ampliado com 
urgência. (O Globo 09 mar. 2007) 
21. AVALIE se o argumento utilizado no texto a seguir é 
válido. JUSTIFIQUE sua resposta.
As mulheres e os homens são física e emocionalmente 
diferentes. Estatisticamente, constata-se que as mulheres 
são melhores com as palavras, mas os homens as 
superam no raciocínio matemático e espacial. O fato 
é que os sexos não são iguais. Ora, daí se segue que 
mulheres e homens não devem ter os mesmos direitos e 
oportunidades perante a lei. 
WESTON, A. A arte de argumentar, p. 29 (Adaptação).
3.2 Tipos de conhecimento
22. A experiência negativa pode dar-se num comportamento 
de passividade existencial, na qual o sentido da realidade se 
esvai como que a despeito do homem, independentemente 
de seu querer: ele sofre a perda do mundo. Verifica-se uma 
espécie de passio (submissão), na qual o indivíduo torna-
se apático e até mesmo abúlico (sem vontade) com uma 
intensidade maior ou menor. Todo o comportamento do 
homem tende a perder a sua razão de ser, e a sua atividade 
torna-se absurda na medida em que a realidade perde 
sentido. [...] Se através da experiência negativa se verifica 
uma perda do mundo, esta mesma experiência possibilita 
a abertura do horizonte para uma reconquista do mundo. 
Tal reconquista, por sua vez, só é possível na medida em 
que se ultrapassar a experiência da negatividade. [...] Se 
isto assim é, podemos compreender o comportamento 
inicial do filosofar dentro de uma perspectiva dialética. 
Sua primeira etapa consistiria na afirmação dogmática 
da realidade; em um segundo momento, encontramos a 
negação da afirmação primeira, retraindo-se o homem pela 
experiência negativa; e, finalmente, o processo de negação 
da negação, isto é, a mudança reafirmadora da realidade. 
[...] Dentro dessa problemática, o paradoxo da situação 
humana reside no fato de que o homem, para poder entrar 
realmente no mundo, precisa primeiro sair dele. 
BORNHEIM, Gerd. Introdução ao filosofar.
Tendo como base o texto anterior, REDIJA um texto 
explicando a atividade filosófica como atividade dialética. 
23. Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: 
uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até 
da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais 
que todas as outras, as visuais. Com efeito, não só para 
agir, mas até quando não nos propomos operar coisa 
alguma, preferimos, por assim dizer, a vista às demais. A 
razão é que ela é, de todos os sentidos, o que melhor nos 
faz conhecer as coisas e mais diferenças nos descobre. 
[...] Os outros [animais] vivem, portanto, de imagens 
e recordações, e de experiência pouco possuem. Mas a 
espécie humana [vive] também de técnica e de raciocínios. 
Núcleos Temáticos
70 Coleção Estudo
É da memória que deriva aos homens a experiência, pois 
as recordações repetidas da mesma coisa produzem o 
efeito duma única experiência, e a experiência quase se 
parece com a ciência e a técnica. Na realidade, porém, 
a ciência e a técnica vêm aos homens por intermédio da 
experiência, porque a experiência, como afirma Pólos, 
e bem, criou a técnica, e a inexperiência, o acaso. E 
a técnica aparece quando, de um complexo de noções 
experimentadas, se exprime um único juízo universal 
dos [casos] semelhantes. Com efeito, ter a noção de que 
a Cálias, atingido de tal doença, tal remédio deu alívio, 
e a Sócrates também, e, da mesma maneira, a outros 
tomados singularmente, é [próprio] da experiência; 
mas julgar que tenha aliviado a todos os semelhantes, 
determinados segundo uma única espécie, atingidos 
de tal doença, como os fleumáticos, os biliosos ou os 
incomodados por febre ardente, isso é [próprio] da 
técnica. 
ARISTÓTELES. Metafísica A, I.
REDIJA um texto identificando a corrente epistemológica 
expressa na citação anterior e explicando qual é a relação 
existente entre conhecimento científico e percepção 
sensível. 
24. O livro da natureza está escrito em caracteres 
matemáticos.” (Galileu. Il Saggiatore / Experimentador, 
1623). [...] Onde se encontram os caracteres matemáticos 
a que Galileu se refere? Podemos dizer com toda certeza: 
não é a observação que os oferece. De fato, não foi 
pela observação que a visão matemática da natureza 
surgiu. Ao contrário, foi da interioridade da razão que 
surgiu a suspeita de que, talvez, a matemática fosse a 
chave para decifrar o enigma e fazer a natureza falar. 
A natureza sentida e observada pelo corpo tem de ser 
colocada em segundo plano, como texto enigmático. 
O que este texto enigmático realmente diz deverá ser 
encontrado numa linguagem que só a razão conhece. 
E sob a imensa variedade da natureza, tal como percebida 
pelo corpo, a matemática nos revela uma paisagem lunar 
em que cores, sons, gostos, sensações táteis se vão, 
permitindo, entretanto, o aparecimento de leis eternas, 
objetivo da busca científica. Liquidado o corpo como 
meio para a compreensãoda natureza, impõe-se a razão 
matemática – sem sangue e sem corpo, é bem verdade 
– mas universal e eterna. 
ALVES, Rubens. Introdução à Filosofia da ciência.
REDIJA um texto explicando a dicotomia apontada por 
Rubem Alves em seu texto. 
3.3 A racionalidade científica
25. Verdade, a qualidade daquelas proposições que estão 
de acordo com a realidade, especificando aquilo de que 
realmente se trata. Enquanto o objetivo de uma ciência 
é o de descobrir mais das proposições que dentro do 
seu domínio são verdadeiras, isto é, quais proposições 
possuem a propriedade de verdade, a principal 
preocupação filosófica com a verdade é a de descobrir a 
natureza desta propriedade. Assim, a pergunta filosófica 
não é: o que é verdadeiro? mas, antes: o que é a verdade? 
O que está alguém dizendo a respeito de uma proposição 
ao dizer que ela é verdadeira? A importância desta 
questão tem sua origem na variedade e profundidade 
dos princípios nos quais o conceito de verdade está 
distribuído. Somos tentados a dizer, por exemplo, que 
verdade é o objetivo adequado e o resultado natural 
da investigação científica, que as crenças verdadeiras 
são úteis, que o sentido de uma sentença é dado pelas 
condições que a tornam verdadeira, e que o raciocínio 
válido preserva a verdade.
AUDI, R. (org.) Dicionário de Filosofia de Cambridge. 
São Paulo: Paulus, 2006. p. 978.
REDIJA um texto explicando a importância da verdade 
para a Filosofia. 
26. Vamos agora considerar um mito do Canadá Ocidental, 
sobre uma raia que tentou controlar ou dominar o Vento 
Sul e que teve êxito na empresa. Trata-se de uma história 
de uma época anterior à existência do homem na Terra, ou 
seja, de um tempo em que os homens não se diferenciavam 
de fato dos animais; os seres eram meio humanos e meio 
animais. Todos se sentiam muito incomodados com o 
vento, porque os ventos, especialmente os ventos maus, 
sopravam o tempo todo, impedindo que eles pescassem 
ou que procurassem conchas com moluscos na praia. 
Portanto, decidiram que tinham de lutar contra os ventos, 
obrigando-os a comportarem-se mais decentemente. 
Houve uma expedição em que participaram vários animais 
humanizados ou humanos animalizados, incluindo a raia, 
que desempenhou um papel importante na captura do 
Vento Sul. Este só foi libertado depois de prometer que 
não voltaria a soprar constantemente, mas só de vez em 
quando, ou só em determinados períodos. Desde então, o 
Vento Sul só sopra em certos períodos do ano ou, então, 
uma única vez em cada dois dias; durante o resto do 
tempo, a humanidade pode dedicar-se às suas atividades.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Mito e significado. Tradução 
de A. M. Bessa. Lisboa: Edições 70, 2000, p. 35-36.
A partir do texto anterior e de outros conhecimentos 
sobre o assunto, REDIJA um texto relacionando mito 
e natureza. 
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27. Texto I
Primeiro de ouro a raça dos homens mortais
criaram os imortais, que mantêm olímpias moradas.
Eram do tempo de Cronos, quando no céu este reinava
como deuses viviam, tendo despreocupado coração,
apartados, longe de penas e misérias; nem temível
velhice lhes pesava, sempre iguais nos pés e nas mãos
alegravam-se em festins, os males todos afastados,
morriam como por sono tomados; todos os bens eram
para eles: espontânea a terra nutriz fruto
trazia abundante e generoso e eles, contentes,
tranqüilos nutriam-se de seus pródigos bens.
HESÍODO. Os trabalhos e os dias. Tradução 
de Mary Lafer. São Paulo: Iluminuras, 1990.
Texto II
Por que todos os homens que foram excepcionais no 
que concerne à Filosofia, à Política, à poesia ou às artes 
aparecem como seres melancólicos, ao ponto de serem 
tomados pelas enfermidades oriundas da bílis negra – como 
o que se diz de Hércules nos [mitos] heróicos? Pois este 
parecia ser desta natureza, e é por este motivo que os 
antigos designaram de doença sagrada as enfermidades dos 
epilépticos. A ékstasis (estar fora de si mesmo) para / com 
seus filhos e a eclosão de úlceras antes da [sua] desaparição 
no Oeta tornam isto evidente; pois isto ocorre aos muitos 
[acometidos] pela bílis negra. Também aconteceu de estas 
úlceras acometerem Lisandro, o lacedemônio, antes de sua 
morte. Ainda há [os mitos] a respeito de Ájax e Bellerofonte: 
dos quais um tornou-se completamente ekstátikos (fora 
de si mesmo), enquanto o outro buscava lugares ermos, 
por isto Homero compôs assim: “Mas, depois que ele 
[Bellerofonte] tornou-se odiado por todos os deuses, vagou 
sozinho pela plana Aleia, roendo seu coração e alijando o 
caminho dos homens”. E, dentre os heróis, muitos outros 
parecem sofrer a mesma patologia que esses. Entre os 
mais recentes, Empédocles, Platão e Sócrates e muitos 
outros dentre os ilustres. E, ainda, a maior parte dos que se 
ocupam da poesia. Para muitos destes, estas enfermidades 
surgem de uma determinada mistura no corpo; para outros, 
sua natureza inclina-se visivelmente para estas doenças. 
Todos são, então, para falar simples, tal qual sua natureza, 
conforme foi dito. Quem começar o exame [desta questão] 
deve tomar primeiramente a causa a partir de um exemplo 
já disponível. Pois o vinho excessivo parece realmente dispor 
[as pessoas] tais quais dizemos serem os melancólicos e 
aquele que [o] bebe [parece] desenvolver muitos problemas 
como, por exemplo, os irascíveis, filantropos, piedosos, 
audaciosos; mas não [aquele que bebe] o mel, nem o leite, 
nem a água, nem nada análogo. Pode-se ver que [o vinho] 
torna [as pessoas] completamente diferentes, observando 
que ele muda gradualmente os que o bebem [...]. 
ARISTÓTELES. Problema XXX.
A partir da leitura dos trechos anteriores e de acordo com 
outros conhecimentos, REDIJA um parágrafo caracterizando 
os modos de conhecer expostos em cada um dos textos. 
4. Estética e filosofia da arte
4.1 Experiência estética e cultura 
de massa
28. O primeiro desenho nas paredes das cavernas fundava 
uma tradição porque recolhia uma outra: a da percepção. 
A quase eternidade da arte confunde-se com a quase 
eternidade da existência humana encarnada, e, por isso, 
temos, no exercício de nosso corpo e de nossos sentidos, 
com que compreender nossa gesticulação cultural, que 
nos insere no tempo.
MERLEAU-PONTY, Maurice. A linguagem indireta 
 e as vozes do silêncio. 
REDIJA um texto explicando porque arte e humanidade 
são inseparáveis.
29. Criar é próprio do artista – onde não há criação, a arte não 
existe. Mas seria um engano atribuir esse poder criador 
a um dom inato. Em matéria de arte, o criador autêntico 
não é apenas um ser dotado, é uma pessoa que soube 
ordenar, tendo em vista o seu objetivo, todo um feixe 
de atividades de que a obra de arte é o resultado. É por 
isso que para o artista a criação começa na visão. Ver já 
é uma função criadora que exige um esforço. 
Tudo o que vemos na vida corrente sofre mais ou menos 
a deformação que os hábitos adquiridos provocam, e o 
fato é talvez mais sensível numa época como a nossa, 
em que o cinema, a publicidade e as revistas nos 
impõem diariamente uma quantidade de imagens já 
prontas, que são de certo modo, no âmbito da visão, o 
que é o preconceito no âmbito da inteligência. O esforço 
necessário para se libertar disso exige uma espécie de 
coragem; e essa coragem é indispensável ao artista, que 
deve ver todas as coisas como se as visse pela primeira 
vez: há que ver toda a vida como quando se era criança; 
e a perda dessa possibilidade impede-vos de vos exprimir 
de maneira original, isto é, pessoal.
MATISSE, Henri. II faut regarder toute 
la vie avec dês yaeux d’enfants.
A partir da leitura do texto e de outros conhecimentos, 
REDIJA um texto estabelecendo uma relação entre a 
atitude criadora do artista e a atitude filosófica. 
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30. Texto I
– Aí galera!
Tô chegando
Com a dança do quadrado!
Pegue seu quadrado
E quem pisarna linha
Vai pagar prenda, hein?
Vamos juntos!
Cada um no seu quadrado! (8x)
Eu disse ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!
Ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!
 
[...]
Cowboy no seu quadrado! (4x)
Matrix no seu quadrado! (4x)
Robinho no seu quadrado! (4x)
Eu disse ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!
Ado-a-ado!
Cada um no seu quadrado!
Dança bonito, Dança bonito
Dança bonito
Vai, vai!
Dança bonito, Dança bonito
Dança bonito
Vai, vai!
Dança bonito, Dança bonito
Dança bonito
Vai, vai!
Dança bonito, Dança bonito
Dança bonito
Vai, vai, vai
Vai, vai, vai!
[...]
Dança do Quadrado. Composição: Sharon Axé Moi.
Texto II
A partir da letra da música e da imagem, REDIJA um 
parágrafo dissertativo explicando as características da 
cultura de massa e da cultura popular e evidenciando 
suas diferenças. 
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2010)
Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um 
sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, 
nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é 
simultaneamente os dois, na medida em que é um 
sujeito histórico-social. Assim, a ética atinge um 
dimensionamento político, uma vez que a ação do 
sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da 
relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça 
necessariamente com a política, entendida esta como a 
área de avaliação de valores que atravessa as relações 
sociais e que interliga os indivíduos entre si.
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo 
de formação da ética na sociedade contemporânea, 
ressalta
A) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias 
político-partidárias.
B) o valor da ação humana derivada de preceitos 
metafísicos.
C) a sistematização de valores desassociados da 
cultura.
D) o sentido coletivo e político das ações humanas 
individuais.
E) o julgamento das ações éticas pelos políticos eleitos 
politicamente.
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GABARITO
Propostos
01. Resposta subjetiva (o que se espera é que o aluno 
seja capaz de posicionar-se argumentativamente 
contra essa ideia ou a favor dela. Em questões 
desse modelo, não existe resposta certa ou errada, 
mas espera-se que o aluno, posicionando-se de 
um lado ou de outro, argumente adequadamente 
sua questão. É muito útil, quando possível, valer-
se de outros filósofos em sua argumentação).
 No trecho citado, Montaigne propõe que a cultura 
tem o poder de tornar natural aquilo que, à 
primeira vista, nunca poderia sê-lo. Defendendo 
seu argumento, ele toma como exemplo atos 
praticados em outras culturas, como a morte 
do pai pelas mãos dos filhos e dos filhos pelas 
mãos dos pais, ações consideradas normais 
naquelas culturas. Dessa forma, o filósofo francês 
defende que os costumes são frutos do hábito e 
que as classificações de normalidade ou correção 
referem-se àquilo que habitualmente é praticado 
pelos membros de uma determinada cultura. 
 A favor: O que é certo e o que é errado? Não 
há qualquer instância, seja ela divina ou humana, 
que pode determinar os valores e as ações como 
corretas ou incorretas por si mesmas. A única 
instância legítima que poderá emitir um juízo de 
valor, dizendo se as ações e seus fundamentos 
são corretos ou não, é a cultura em que o homem 
está inserido. Não existem valores absolutos 
ou leis universais que sejam atemporais e 
desvinculadas de uma cultura. 
 Contra: Os argumentos de Montaigne ao defender 
o relativismo dos valores morais são falhos e 
inconsistentes. Se pensarmos que a humanidade é 
dotada de uma mesma natureza, temos de aceitar 
que tal natureza, mesmo que parcialmente, faz 
com que os homens sejam iguais. Portanto, 
mesmo que minimamente iguais, temos em nós 
uma parcela que nos faz pertencentes à mesma 
espécie. Dessa forma, alguns princípios básicos de 
convivência já estão escritos em nossa natureza, 
mesmo que instintivamente. Esses princípios são 
capazes de limitar as nossas ações e nos fazer 
protestar contra qualquer ideia ou ação que nos 
pareça naturalmente ou racionalmente absurda e 
inaceitável. 
02. A proposta de Merleau-Ponty em relação à 
natureza e à cultura é de que não há de se falar 
em duas dimensões distintas no homem, duas 
camadas que, separadas, compõem o mesmo 
ser, a natureza e a cultura. Para o filósofo, 
essas dimensões do ser humano estão juntas 
e são inseparáveis. Não é possível nem mesmo 
pensar em características propriamente naturais 
e outras propriamente culturais, pois as duas se 
confundem. Entendido dessa forma, o homem 
é uma síntese de características biológicas e 
de características adquiridas, uma síntese de 
aspectos sociais e aspectos hereditários que se 
misturam e que compõem a complexidade do 
ser humano. Assim, é ilegítima a formulação 
que busca compreender onde acaba a natureza 
e começa a cultura, mas correto é pensar como 
essas duas dimensões do ser humano interagem, 
pois pensá-las separadamente torna-se, nessa 
perspectiva, impossível.
03. A temática central do trecho de Lévi-Strauss é a 
relação entre natureza e cultura, representada 
pela imagem narrada pelo filósofo de povos 
que, se antes eram vistos vivendo no campo 
simplesmente da natureza, manifestada na busca 
por sua simples sobrevivência, tal como uma 
espécie de animal irracional, logo depois esses 
mesmos povos são caracterizados por terem a 
capacidade do pensamento desinteressado, sem 
fins materiais, ou do desejo de compreensão 
da natureza e da sociedade em que vivem, 
caracterizando uma atitude propriamente 
filosófica diante do mundo. Dessa forma, podemos 
concluir que no homem não há como distinguir as 
duas dimensões, natureza e cultura, pois ambas 
estão intrinsecamente unidas na constituição 
humana.
04. O problema da relação entre corpo e alma é 
uma importante questão da Filosofia. Podemos 
nos reportar a Platão, que, de alguma forma, 
elabora uma concepção dualista do homem, 
separando-o em corpo a alma, apesar de 
essa separação, na verdade, representar uma 
interdependência entre as duas dimensões. 
É comum encontrarmos acepções de que o 
homem deve ser controlado pela sua mente, e 
não pelos seus desejos, suas inclinações. Por 
outro lado, alguns defendem que o homem deve 
se deixar guiar por suas emoções e paixões. 
Núcleos Temáticos
74 Coleção Estudo
Na tela de René Magritte, observa-se que o 
homem é dividido: uma parte pertence ao céu, e 
outra pertence à terra. Acompanhando uma visão 
dualista, principalmente de Santo Agostinho, 
poderíamos dizer que o homem tem uma 
dimensão, a razão, que seria a melhor, a parte 
divina, pertencente ao céu. A outra dimensão 
seria a terrena ou mundana, e esta seria pior por 
sua própria natureza. Enfim, a questão principal 
a ser discutida é em que medida essas partes 
devem ou não dominar a outra, ou se é possível 
que ambas se harmonizem e possam conviver 
uma com a influência da outra. 
05. Resposta subjetiva (o que se espera é que o 
aluno seja capaz de posicionar-se contra a ideia 
de Sócrates explorada pelo texto da questão ou a 
favor dela. Em questões desse modelo, não existe 
resposta certa ou errada, mas espera-se que o 
aluno, posicionando-se de um lado ou de outro, 
argumente adequadamente sua questão. É muito 
útil, quando possível, valer-se de outros filósofos 
em sua argumentação.)
 Segundo Platão, de acordo com o personagem 
Sócrates, só o homem é constituído por duas 
dimensões, o corpo e a alma, que representam, 
por sua própria definição, o sensível e 
transitório, portanto imperfeito, e o inteligível 
e eterno, perfeito por sua própria natureza. O 
conhecimento da verdade não pode ser outro 
senão o conhecimento daquilo que é perfeito em 
si, conhecimento da ideia em si mesma e livre 
dos sentidos. Esse conhecimento só pode ser 
obtido por meio da alma, que tem em si a mesma 
constituição das ideias, pois ambas são eternas. 
 A favor: De fato, o conhecimento que pretendeser verdadeiro não pode ser nascido da 
matéria, pois os objetos materiais estão em 
constante transformação e o corpo, por meio 
dos sentidos, só pode captar os objetos dentro 
dessas transformações. A mudança do universo 
empírico não permite o conhecimento correto 
dos seres. Dessa forma, concordo com a posição 
platônica quando ele afirma que o conhecimento 
verdadeiro não pode ser originado dos sentidos, 
mas somente da atividade intelectiva, da razão 
humana pura que pensa os objetos livre de suas 
imperfeições. 
 Contra: O conhecimento verdadeiro não pode ter 
sua origem nas abstrações ou ideias imaginadas 
pelo homem. As ideias e as teorias, que não 
estão fundadas na realidade percebida, não 
passam de um conjunto de ilusões racionalistas 
desconectadas do real, abstrações sem 
significado. Concordo com Hume quando ele diz 
que as ideias são os resquícios das experiências, 
pois acredito que somente pela percepção das 
coisas sensíveis formamos um conhecimento 
a posteriori. 
06. La Mettrie não é adepto de uma visão dualista 
do homem, que divide corpo e alma como 
partes separadas e paralelas. As experiências 
demonstram que as influências do corpo, da 
matéria, no que os homens chamam de alma, 
são tão determinantes que se torna impossível 
distinguir uma coisa da outra e pensá-las 
separadamente. O corpo humano, entendido 
dessa maneira, é um conjunto de engrenagens 
e molas, representado pelos órgãos e suas 
relações entre si, sendo que a alma constitui 
mais um princípio desse mecanismo, é localizada 
no cérebro e faz movimentar toda essa máquina 
humana. Assim, o pensamento não passa de mais 
uma das funções dessa máquina e tem o objetivo 
de organizar seu funcionamento. Na concepção 
de La Mettrie, não existe separação entre essas 
duas dimensões, ou seja, corpo e alma participam 
da mesma realidade total.
07. Resposta pessoal. 
 Exemplo de resposta:
 A liberdade, ou a consciência de que o homem é 
realmente livre, é um problema muito relevante 
para a Filosofia. Diversas são as respostas para 
essa questão. Alguns pensadores, como Sartre, 
defendem que o homem é plenamente livre. 
Outros dizem que a liberdade não existe, pois 
os condicionantes internos e externos excluem 
por completo a possibilidade de escolha. Outros, 
em uma síntese entre as respostas anteriores, 
dizem que a liberdade existe, porém está inserida 
dentro de possibilidades reais. Na citação da 
questão, percebe-se que há possibilidade de 
liberdade, mesmo que as circunstâncias externas 
possam, de alguma forma, comprometê-la. De 
acordo com o texto, o homem, mesmo diante 
de condicionantes sociais, culturais, biológicos e 
internos, apresentou possibilidades de escolha 
e de autodeterminação, não sendo determinado 
terminantemente por nada, nem por suas 
experiências anteriores nem por sua natureza. 
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08 Pode-se definir os valores como um conjunto de 
ideias ou abstrações que pautam as ações humanas 
a partir daquilo que acreditamos ser verdadeiro e 
digno de ser vivido. Esses valores podem, aos olhos 
de outros, serem corretos ou incorretos, porém 
o que há de se pensar é que os valores existem 
e servem como balizas para as ações humanas. 
Sua importância reside em projetar o homem na 
direção traçada por sua própria racionalidade e 
experiência. Os valores são capazes de dizer o que 
somos, o que ainda não somos e o que falta para 
alcançar aquilo que consideramos o modelo ideal de 
ação e de homem. Sem os valores, simplesmente 
existiríamos, como os outros animais. Com eles, 
podemos nos projetar no futuro em busca de 
uma existência feliz e realizada, como defende 
o existencialismo, tendo como pressuposto as 
experiências do passado e como matéria-prima o 
homem real do presente.
09. A boa vontade é a única coisa que pode ser 
considerada, de forma absoluta, um bem, pois 
ela é a capacidade de o homem seguir o dever, 
de obedecer à lei da moral. Kant afirma que todo 
o resto é relativo: virtudes, como a coragem ou 
a moderação, não são nem boas nem más, pois 
uma pessoa corajosa pode cometer um assassinato 
com maior facilidade do que aquela que teme o 
perigo. Também é possível pensar que pessoas más 
ou egoístas podem ser felizes, e, dessa forma, a 
felicidade não é por si mesma um bem. 
10. Diferentemente da natureza animal, a realidade 
humana vai além do puro determinismo. 
Determinismo, por definição, seria a ausência de 
liberdade. No entanto, não se pode afirmar que 
o homem não seja determinado por nada, pois 
aspectos sociais, biológicos, culturais e internos 
podem exercer poder nas decisões humanas. Porém, 
o que faz o homem ir além desses determinismos é 
a sua capacidade de tomar consciência de que eles 
existem, o que faz com que o homem, ao tomar 
conhecimento desses determinismos, consiga 
traçar planos de ação para superá-los e transformá-
los. Desse modo, o homem deixa de ser passivo 
diante dos acontecimentos e torna-se ativo em seu 
processo de autodeterminação. É a esse grande 
milagre do homem que Pico della Mirandola se 
refere: o homem é artífice de si mesmo por que 
pode, apesar dos determinismos, se autoconstruir, 
diferentemente dos outros seres naturais que estão 
presos aos seus condicionantes biológicos.
11. Resposta subjetiva (o que se espera é que o 
aluno seja capaz de posicionar-se contra a ideia 
de Sócrates explorada pelo texto da questão ou a 
favor dela. Em questões desse modelo, não existe 
resposta certa ou errada, mas espera-se que o 
aluno, posicionando-se de um lado ou de outro, 
argumente adequadamente sua questão. É muito 
útil, quando possível, valer-se de outros filósofos 
em sua argumentação).
 A tese defendida por Espinosa é de que a liberdade 
não passa de uma ilusão. O homem acredita ser 
livre por ser consciente de suas ações, mas estas 
são, na verdade, resultados de determinismos, 
condicionantes internos e externos, que o homem 
ignora. 
 A favor: Concordo com a tese de Espinosa, uma 
vez que o homem, tal como todos os outros seres, 
é advindo da natureza, e esta funciona de forma 
acertada, determinando a consciência dos homens. 
Mesmo o modo de pensar humano é resultado de 
um conjunto de atividades biológicas, não podendo 
sair dos campos de operação mental. Além do 
mais, a personalidade do homem, seus valores, 
sua maneira de ser e de pensar é tão somente 
a internalização daquilo que o mundo lhe dita 
através da cultura. Portanto, ser livre é ilusão. Mais 
honesto seria buscar nas ações a compreensão dos 
determinantes que levaram a ela. 
 Contra: A vida do homem ultrapassa os 
determinantes sociais, culturais, biológicos e 
internos. O homem pode superar os limites ditados 
pelos determinantes por meio de sua criatividade 
e pode encontrar outras alternativas para sua 
própria vida e para a sociedade como um todo. “O 
homem está condenado a ser livre”. Esta máxima 
do pensamento sartreano diz o que somos. Apesar 
de tudo o que nos influencia, somos capazes de 
superar tais determinações e de nos construirmos 
segundo nossa liberdade e autonomia de escolha. 
12. O ser humano é uma síntese de características 
adquiridas pela cultura e daquelas que são 
construídas por ele mesmo. Não admitir que 
o homem é influenciado pelo mundo em que 
vive, ou seja, que o homem nasce do mundo, 
seria negar tudo o que foi construído antes 
de sua existência e, portanto, negar a própria 
possibilidade de humanização, uma vez que o 
homem não nasce pronto, mas se humaniza, se 
torna homem à medida que recebe da sociedade, 
Núcleos Temáticos
76 Coleção Estudo
da cultura, um conjunto de informações que o 
levam a se aprimorar enquanto ser humano. Essa 
herança cultural que recebemos, no entanto, não 
representa uma determinação inexorável daquilo 
que somos, uma vez que podemos transformar 
o mundo e a nós mesmos pelo uso da liberdade.Somos seres históricos e ao mesmo tempo 
protagonistas da História. Essa relação dialética é 
que promove o avanço da civilização.
13. No texto citado, Hannah Arendt defende a 
importância da legitimidade para a existência do 
poder. Assim, para agir sobre a vida dos cidadãos, 
o poder necessita de ter sua origem e eficácia 
reconhecida e legitimada pela vontade livre de 
todos os que compõem a comunidade. Não basta 
ao poder estar de acordo com as leis, pois estas 
podem não representar a vontade dos cidadãos. 
A lei, por si mesma, não é sinal de moralidade e 
vontade da coletividade, ela pode ser somente a 
representação de interesses de classes que detêm 
o poder. A legitimidade necessária ao poder se dá 
por leis, mas somente quando estas representam 
a vontade da comunidade. O poder, portanto, não 
é alguma coisa exercida por alguns e à parte do 
todo. Se o poder não é concedido e legitimado 
pela comunidade total, não é poder verdadeiro, 
mas poder autoritário e ilimitado.
14. No texto citado, Maquiavel se dedica a 
compreender a realidade política afirmando 
que sua essência está na conquista do poder e 
na sua manutenção. Pensando em quais são os 
caminhos para alcançar esse objetivo, Maquiavel 
lança os primeiros fundamentos daquilo que 
ficará conhecido como realismo político. Assim, 
ele afirma que, àquele que se dedica a estudar 
e compreender a política, não importa o ideal, 
aquilo que se pretende fazer ou o sonho do que 
poderia ser, mas a vida real e concreta, a realidade 
do povo e também as ações que foram realizadas 
no passado por outros governos e que deram 
resultado. Dessa maneira, segundo esse filósofo, 
o governante deve se concentrar na realidade das 
ações e das circunstâncias para agir de forma 
eficiente. A solução do filósofo para a questão 
do governo é tomar como base a realidade em si 
mesma, sem abstrações ou idealizações, não se 
apegando àquilo que se espera que seja, mas sim 
à realidade tal como ela é.
15. No texto citado, Lefort defende que a democracia 
é apenas um regime político determinado por leis, 
estabelecido pela vontade popular. É também um 
regime em que todo e qualquer cidadão, que é 
partícipe da democracia, ou mesmo um grupo 
de cidadãos ou políticos, não pode se identificar 
com o próprio poder, tornando-o sua propriedade. 
O poder deve pertencer a todos e a ninguém ao 
mesmo tempo. Se por um lado há uma dimensão 
concreta do poder, representada por aqueles que 
o possuem como os políticos, juízes, funcionários 
públicos de toda ordem, por outro lado esse poder 
tem uma dimensão simbólica, tornando-se algo 
que está além da concretude e da posse daqueles 
que o possuem. Essa abstração não permite sua 
posse privada por nenhum de seus membros, 
mas tão somente pelo povo.
16. A temática filosófica do texto de Platão se refere 
à justiça na alma e na cidade, ou melhor, de 
como a alma e a cidade podem se tornar justas. 
Segundo o filósofo, tanto uma como a outra 
obedecem aos mesmos princípios de organização. 
Dessa forma, a virtude não se refere somente às 
qualidades morais individuais, mas também à 
própria organização da pólis. A justiça da alma, 
sua ordem, é alcançada quando cada uma de 
suas partes (racional, irascível e apetitiva) se 
organizam harmonicamente, de modo que a razão 
governe as demais. Da mesma forma, a justiça 
na cidade é alcançada pela ordem estabelecida 
pelas suas classes, de forma que os melhores em 
inteligência, os reis-filósofos, assumam o governo 
da cidade, os soldados ou guerreiros a protejam, 
e o povo a sustente economicamente. A justiça, 
como virtude individual, é imprescindível para a 
existência de uma cidade justa, assim como a 
cidade justa é o lugar em que a alma encontra a 
possibilidade de tornar-se justa. 
17. Para Tomás de Aquino, a vida em sociedade e o 
exercício do poder estão intrinsecamente ligados 
ao bem do ser humano. Segundo o filósofo, o 
governo, o poder exercido pelo homem sobre 
outros homens, faz parte da ordem natural 
determinada por Deus e é reflexo da mesma 
ordem de poder que Deus exerce sobre toda a sua 
criação. Dito isso, compreende-se a importância 
da existência das leis para o governo do mundo e 
dos homens. É por meio das leis eternas que Deus 
governa o mundo, conduzindo-o para o bem. 
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Os homens, possuidores da razão, fariam leis 
para o governo deles próprios. As leis humanas 
são criadas a partir das leis naturais, que, em 
si, são as leis divinas como as compreende o 
próprio homem. Portanto, o governo dos homens 
está orientado pela ideia do bem, tal como Deus 
governa o mundo para o bem, sendo que da 
mesma forma que há uma hierarquia entre Deus 
e os seres, há uma hierarquia entre governantes 
e seus governados, o que torna a comunidade 
política necessária, justa e boa.
18. No trecho citado, pode-se perceber que a análise 
de Stuart Mill ultrapassa o campo da política e 
procura refletir filosoficamente sobre a oposição 
existente entre indivíduo e comunidade como um 
problema que diz respeito à moral dos próprios 
indivíduos que compõem uma comunidade. 
Um dos problemas mais importantes tratados 
diz respeito à “tirania da sociedade”, em que há 
o poder exercido sobre os indivíduos por uma 
força social mais insidiosa e perversa que o 
poder institucionalizado, uma vez que tal pressão 
para determinar o comportamentos é cotidiana 
e exercida em todas as direções que levam os 
membros de uma sociedade total a se adequarem 
ao padrão social. Dessa maneira, a liberdade 
individual fica comprometida, uma vez que os 
sujeitos são forçados a se adaptarem a um modo 
de vida que não foi deliberado por eles mesmos. 
Mill protesta contra essa ideia e apresenta-se como 
um defensor das liberdades individuais, sugerindo 
que os indivíduos não se submetam à força 
dominadora da maioria, à ditadura da maioria.
19. A) Válido I) Válido
 B) Inválido J) Válido
 C) Válido K) Inválido
 D) Válido L) Inválido
 E) Válido M) Válido
 F) Inválido N) Inválido
 G) Inválido O) Válido
 H) Inválido P) Inválido
20. A) Indutivo
 B) Indutivo
 C) Dedutivo
 D) Indutivo
 E) Dedutivo
 F) Indutivo
 G) Indutivo
 H) Indutivo
 I) Dedutivo
 J) Indutivo
21. Trata-se de um argumento inválido, pois a 
conclusão não segue as premissas, isto é, pode-
se aceitar as premissas sem obrigatoriamente 
aceitar a conclusão. Na análise do argumento, 
ainda que se aceite a verdade das premissas, 
não se segue a verdade da conclusão porque, na 
conclusão, a palavra “igualdade” tem um sentido 
diferente do sentido apresentado nas premissas. 
Nas premissas, trata-se da igualdade entre 
pessoas e, na conclusão, de igualdade perante a 
lei.
22. O filósofo Gerd Bornheim fala do enraizamento 
existencial da descoberta da Filosofia no plano 
individual. De acordo com o filósofo, todos tendem 
a aceitar as crenças e os valores socialmente 
compartilhados de modo “dogmático”. Mas, a 
partir de alguma “experiência negativa”, cada 
um, em momentos e ritmos diferentes, teria a 
oportunidade de questionar as supostas verdades 
e de problematizar o que antes parecia seguro. 
Não se trata de um percurso necessário para 
todos, mas aqueles que o fazem transformam a 
experiência negativa em busca reflexiva. Qualquer 
acontecimento, como um acidente de automóvel, 
uma doença inesperada, uma crise no casamento 
ou a morte de um amigo, pode suscitar uma 
ruptura na rede de significações que estamos 
acostumados a aceitar como “normal” e nos levar 
a questionar e a buscar explicações melhores e 
mais elaboradas para os acontecimentos da vida 
individual, para os problemas sociais ou mesmo 
para os fenômenos do universo.
Núcleos Temáticos
78 Coleção Estudo
23. Aristóteles defende a tese de que o 
conhecimento é resultado das experiências, 
ou seja, dos cinco sentidos. Sua defesa do 
empirismo fica evidenteem seu texto quando 
ele afirma que o desejo do conhecimento se 
prova pelo prazer que as sensações provocam 
no sujeito, principalmente a visão, que, segundo 
esse filósofo, é o mais importante dos sentidos. 
Dessa forma, as ideias têm sua origem no 
conhecimento pelos sentidos. Por meio destes, 
captamos os dados sensíveis do mundo e os 
trazemos para a nossa mente, representando, 
através de abstrações, o que são os seres. O 
conhecimento científico, segundo os empiristas 
modernos, principalmente Hume e Locke, se 
origina, acompanhando o raciocínio aristotélico, 
dos sentidos humanos. Se, na modernidade, 
a questão colocada pela epistemologia foi 
sobre qual o método, o caminho que garante o 
conhecimento de fato, segundo os empiristas, 
somente o tato, olfato, paladar, audição e visão 
podem levar o homem ao conhecimento exato 
do mundo natural.
24. A dicotomia à qual Rubem Alves chama a 
atenção refere-se à oposição entre racionalismo 
e empirismo. Enquanto a primeira teoria 
considera que o conhecimento verdadeiro 
só pode ser obtido por meio da razão, a 
segunda considera que apenas os sentidos 
nos permitem ter conhecimento do mundo. 
Seguindo a perspectiva racionalista, Galileu 
tornou-se um marco da perspectiva moderna 
ao apontar sua luneta para o céu e observar 
o universo, buscando nele as leis matemáticas 
que explicassem sua regularidade. Por meio 
de sua visão mecanicista, procurou conhecer 
a natureza sem apelar para causas exteriores, 
ditas finais ou divinas, em um mundo no qual 
as regras de funcionamento são as mesmas 
em todos os planos. Céu e terra são unificados 
pelas mesmas leis e, consequentemente, 
devem ser explicados pelas mesmas teorias, ou 
seja, pelos cálculos de que os homens forem 
capazes de fazer. Não há mais “qualidades” 
naturais que explicam os fenômenos segundo 
suas determinações essenciais, mas leis e 
“quantidades” que se aplicam indiferentemente 
aos corpos, pensados agora como mecanismos 
em movimento.
25. Verdade é o principal conceito da Filosofia de 
um modo geral e, em particular, do campo da 
Teoria do Conhecimento ou Epistemologia. Esse 
conceito diz respeito à possibilidade de um 
conhecimento fundamentado e seguro, que possa 
ser distinguido da mera opinião e da falsidade. 
Se nossas tentativas de conhecimento do mundo 
natural ou humano fossem necessariamente bem 
sucedidas ou, pelo contrário, necessariamente 
mal sucedidas, não se colocaria o problema 
da verdade, seja por excesso – todas as 
afirmações seriam verdadeiras –, seja por 
escassez – nenhuma afirmação seria verdadeira. 
Dado o fato de que, pelo contrário, ora somos 
bem sucedidos, ora somos mal sucedidos na 
obtenção de conhecimento, é inevitável que nos 
questionemos com relação às condições, mesmo 
limitadas, que, favorecendo a percepção do erro, 
possibilitam o acerto. Tais condições podem 
ser resumidas, de forma mais geral e menos 
precisa, nos métodos científicos elaborados pelo 
homem como caminho de obtenção da verdade. 
Na modernidade, esse problema encontrou seu 
auge nas filosofias de Descartes, Locke, Hume e 
Kant, que se propuseram, através de caminhos 
distintos, a saber, racionalismo, empirismo e 
criticismo, determinar qual seria o caminho para 
se alcançar o conhecimento verdadeiro. 
26. As narrações míticas são histórias criadas com 
o objetivo muito claro e específico de explicar 
o que até então é inexplicável. Os homens, 
desde a formação das comunidades mais 
primitivas, sempre foram dotados do desejo e da 
necessidade de compreender a natureza e suas 
manifestações. A maneira mais fácil e efetiva 
que encontraram para esse fim foi utilizando 
as explicações míticas, de forma que as 
manifestações naturais, como no caso do mito, 
descrito pelo texto da questão, sobre a direção 
do Vento Sul, são explicadas de forma simples 
e inteligíveis a todos os que se aproximam dos 
mitos. Mito e natureza estão unidos em sua 
origem e assim continuam hoje, uma vez que os 
mitos ainda compõem a racionalidade humana 
como modo privilegiado de compreensão dos 
fenômenos que ainda não têm sentido ou 
que ultrapassam a capacidade científica de 
compreensão.
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27. Apesar de, à primeira vista, os textos se 
originarem de racionalidades diferentes, o primeiro 
mítico e o segundo filosófico / científico, ambos 
possuem algumas características comuns. Os dois 
textos são resultado do pensamento humano, 
e isso significa que são modos de racionalidade. 
Também são reflexivos, nascidos do esforço 
humano para compreender as questões vividas 
pelas sociedades e buscam encontrar respostas 
essenciais à existência humana. Além disso, os 
dois textos tratam do mesmo assunto, ou seja, 
ambos pretendem responder a questões relativas 
ao universo, à natureza e à comunidade. Tanto 
um quanto outro procuram elaborar respostas que 
sejam totais, isto é, que busquem compreender 
o universo como um todo ordenado e que façam 
um sentido para aqueles que recorrem a ela como 
forma de explicação do cosmos. Apesar de suas 
semelhanças, suas diferenças são evidentes. Se o 
mito se constrói a partir de metáforas, a Filosofia 
e a Ciência se sustentam em conceitos e discursos 
racionais. A Filosofia tenta deixar as questões 
explícitas, o mito não se preocupa com os mistérios 
e imprecisões do discurso. Se o discurso filosófico 
procura argumentativamente sua autoridade na 
razão, o mito apela para a autoridade de quem 
diz, sem se importar em problematizar e explicitar 
aquilo que não está entendido.
28. As pinturas nas paredes da caverna dizem que o 
mundo pode ser visto pelo homem e que, dessa 
forma, o artista é aquele que representa e faz 
ver o mundo de acordo com sua maneira própria 
e subjetiva de compreendê-lo. Esse mundo não 
é o mundo da ciência ou da verdade eterna e 
imutável, mas tão somente o mundo interpretado 
pelo artista e buscado incessantemente por seus 
sentidos e imaginação. É assim que pintores, 
como Monet, pintam várias vezes as mesmas 
coisas e em cada pintura os objetos aparecem 
de forma diferente, parecendo se tratar de coisas 
distintas cada vez que são representadas. Arte 
e humanidade são inseparáveis porque o artista 
nasce juntamente com o primeiro homem. Este, 
de uma forma ou de outra, tentou compreender 
o mundo que o cercava de acordo com sua 
capacidade interpretativa e o representou tal 
como seus sentidos e sentimentos viam o mundo 
naquele momento.
29. O artista e o filósofo buscam encontrar as mesmas 
coisas frente àquilo que está posto e é aceito 
pelo senso comum como normal: eles buscam 
ressignificar o mundo, encontrando uma nova 
maneira de compreendê-lo. O artista busca um novo 
significado para aquilo que se vê por meio de sua 
forma particular de interpretar a natureza, enxergar 
aquilo que nunca foi visto. Essa atitude requer 
coragem e determinação. Ele deseja, por meio dos 
sentidos, perceber a natureza e os objetos de forma 
inovadora, para poder representá-los por meio de 
sua manifestação artística própria. O filósofo está 
dotado do mesmo sentimento de descontentamento 
e de busca pelo novo. Mas, ao contrário dos artistas, 
ele busca uma nova significação para o mundo 
através das ideias. À Filosofia cabe tentar capturar 
do mundo uma nova via de interpretação, em busca 
de uma verdade que até então pode nunca ter sido 
percebida ou conhecida. É por isso que ambos, 
artista e filósofo, precisam encontrar-se diante do 
mundo como uma criança que enxerga as coisas 
como se fosse a primeira vez. Por esse caminho, 
busca-se abandonar o senso comum e o “normal” 
para encontrar algo novo que represente tanto a 
verdade sobre o mundo, quanto o modo subjetivo 
de interpretá-lo. 
30. O termo “cultura de massa” faz parte do 
conceito desenvolvido por Adorno e Horkheimer 
denominado de Indústria Cultural. Esse conceito 
designaa indústria da diversão vulgar, veiculada 
pelos meios de comunicação. De acordo com 
Adorno e Horkheimer, através da Indústria 
Cultural e da diversão se obteria a homogenização 
dos comportamentos, a massificação das pessoas 
que pensariam e consumiriam de acordo com os 
interesses das classes burguesas, que promoveria, 
por sua vez, a alienação dos homens. A letra da 
música apresentada na questão é um exemplo de 
cultura de massa, uma vez que representa um 
modo de arte sem conteúdo, que, no entanto, 
é consumida à exaustão, o que desestimula o 
espírito inovador e empobrece o cenário cultural. 
Ao contrário, a figura representa a cultura 
popular que seria a cultura própria e espontânea 
de um povo, refletindo as suas particularidades 
regionais e recuperando os valores e as tradições 
autênticas de um determinado grupo social. 
Seção Enem
01. D
Núcleos Temáticos

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