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FILOSOFIA - bernoulli

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2 Coleção Estudo
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fia Frente A
01 3 O pensamento filosóficoAutor: Richard Garcia Amorim
02 15 A origem da FilosofiaAutor: Richard Garcia Amorim
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A
11Editora Bernoulli
Ao contrário, o filósofo acredita que não sabe nada, isto é, 
reconhece que tudo o que sabe pode ser transitório; que as 
verdades alcançadas não são últimas e que seu conhecimento 
é ínfimo diante de tudo o que há para conhecer. Por isso, 
sua postura é de abertura, de investigação, de busca 
constante da verdade, mesmo que não a encontre nunca. 
Isto é ser filósofo: reconhecer sua própria limitação, sua 
ignorância frente a tudo o que há para ser conhecido e buscar 
incessantemente o conhecimento da verdade. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Redija um texto justificando a seguinte afirmação:
“Nascer é ao mesmo tempo nascer no mundo e nascer 
do mundo.”
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 
São Paulo: Martins Fontes. 1999. p. 608.
02. A partir de seus conhecimentos, explique a seguinte 
afirmação: o homem é o único ser que vive em um mundo 
aberto. 
03. “[...] a filosofia não é a revelação feita ao ignorante por 
quem sabe tudo, mas o diálogo entre iguais que se fazem 
cúmplices em sua mútua submissão à força da razão e 
não à razão da força.”
SAVATER, Fernando. As perguntas da vida. Tradução de Mônica 
Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 2.
A partir desse trecho, justifique por que a Filosofia 
se baseia na “força da razão e não na razão da força”. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. o homem não passa de um caniço, o mais frágil da 
natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que 
o universo inteiro se arme para esmagá-lo; um vapor, 
uma gota d’água é suficiente para matá-lo. Mas quando 
o universo o esmagar, o homem será ainda mais nobre 
do que aquele que o mata, porque ele sabe que morre e 
o universo não tem nenhum conhecimento da vantagem 
que leva sobre ele. Toda a nossa dignidade consiste, pois, 
no pensamento. É nele que devemos nos revelar e não 
no espaço e no tempo que não sabemos como ocupar. 
Trabalhemos para bem pensar [...]
PASCAL, Blaise. Pensamentos. Tradução de Sérgio Millet. 
São Paulo: Abril Cultural, 1979.
A partir do trecho, Redija um texto respondendo à 
seguinte pergunta: o que é o homem? 
02. explique por que, no caso das meninas-lobo, elas, 
mesmo que de forma parcial, foram capazes de se adaptar 
ao mundo humano. Algum outro animal teria a mesma 
capacidade? justifique sua resposta. 
03. [...] o homem não aperfeiçoou seu equipamento 
hereditário através de modificações corporais perceptíveis 
em seu esqueleto. Não obstante, pôde ajustar-se a um 
número maior de ambientes do que qualquer outra 
criatura [...] 
Nos trens e carros que constrói, pode superar a mais 
rápida lebre ou avestruz. Nos aviões, pode subir mais alto 
que a águia, e, com os telescópios, ver mais longe que o 
gavião. Com armas de fogo, pode derrubar animais que 
nem o tigre ousa atacar.
CHILDE, V. Gordon. A evolução cultural do homem. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1966. p. 40-41.
De acordo com o fragmento do texto, explique as 
diferenças fundamentais entre os homens e os animais 
e como os homens podem superar suas determinações 
físicas naturais.
04. explique a seguinte citação de Freud: “[...] Mas o 
natural instinto agressivo do homem, a hostilidade de 
cada um contra todos e a de todos contra cada um, se 
opõe a esse programa da civilização.”
05. Uma aranha executa operações semelhantes às do 
tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto 
humano com a construção dos favos de suas colméias. 
Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto 
da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua 
cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo 
de trabalho, obtém-se um resultado que já no início 
deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto 
idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da 
forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na 
matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, 
como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual 
tem de subordinar sua vontade.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 
1985, V. I, p. 149-150.
De acordo com o texto de Marx, explique por que 
somente o homem pode trabalhar. 
06. explique, com suas palavras, os vários significados 
da palavra filosofia e justifique por que somente um 
deles se enquadra no conceito de filosofia tal como a 
estudamos. 
O pensamento filosófico
12 Coleção Estudo
07. (UFMG / Adaptado)
Leia o texto. 
Dos deuses nenhum filosofa, nem deseja tornar-se sábio, 
pois o é; nem se algum outro é sábio, não filosofa. Nem, 
por sua vez, os ignorantes filosofam ou desejam tornar-se 
sábios. Pois é isto mesmo que é difícil com relação à 
ignorância: aquele que não é nem belo nem bom nem 
sábio considera sê-lo o suficiente. Aquele que não se 
considera ser desprovido de algo não deseja aquilo de 
que não acredita precisar.
PLATÃO. Banquete, 204A1-7. 
identifique e explique as duas atitudes em relação 
à sabedoria descritas nesse texto. 
08. A citação socrática “Só sei que nada sei” representa a 
verdadeira atitude filosófica. explique, de acordo com 
o estudado, por que o princípio da verdadeira filosofia é 
o reconhecimento da própria ignorância. 
SEÇÃO ENEM
01. Leia o texto a seguir: 
Em seu pequeno e brilhante livro Introdução à Filosofia, 
Jaspers insiste na idéia de que a essência da filosofia é 
a procura do saber e não a sua posse. Todavia, ela ‘se 
trai a si mesma quando degenera em dogmatismo, isto 
é, num saber posto em fórmula, definitivo, completo. 
Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em 
filosofia são mais essenciais que as respostas, e cada 
resposta transforma-se numa nova pergunta’. Há, 
então, na pesquisa filosófica uma humildade autêntica 
que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático: o 
fanático está certo de possuir a verdade. Assim sendo, 
ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe 
à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando 
estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado 
de se tornar verdadeiro; a verdade é seu bem, sua 
propriedade, enquanto para o filósofo é uma exigência. 
No caso do fanático, a busca da verdade degradou-se 
na ilusão da posse de uma certeza. Ele se acredita 
o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo 
esforça-se por ser peregrino da verdade. A humildade 
filosófica consiste em dizer que a verdade não pertence 
mais a mim que a ti, mas que ela está diante de nós. 
Assim, a consciência filosófica não é uma consciência 
GAbARITO
Fixação
01. O homem é resultado de uma junção de 
características herdadas biologicamente de sua 
espécie e de características adquiridas através 
da cultura. Dessa forma, ao contrário dos 
animais que nascem somente no mundo, e por 
isso são determinados por sua herança biológica 
inalterável, o homem, ao nascer do mundo, não 
é mais determinado exclusivamente pelos limites 
biológicos. Assim, o homem se autoconstrói, uma 
vez que será fruto daquilo que aprender de sua 
cultura de forma passiva e também ativa. Por 
isso, os homens seguem padrões morais distintos 
e são tão diferentes entre si no modo de falar, 
agir, sentir, etc. 
feliz, satisfeita com a posse de um saber absoluto, 
nem uma consciência infeliz, presa das torturas de um 
ceticismo irremediável. Ela é uma consciência inquieta, 
insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma 
verdade para a qual se sente talhada.
HUISMAN, Denis; VERGEZ, A. Ação. 2. ed. São Paulo: Freitas 
Bastos, 1966, v. 1, p. 24.
A palavra filosofia é resultado da composição, em grego, 
de duas outras: philo e sophia. A partir do sentido dessa 
composição e das características históricas que tornaram 
seu uso possível, tal palavra indica
A) que o homem não possui um saber, mas o deseja, 
procurando a verdade por meio da observação das 
coisas, da natureza e do homem.B) que qualquer homem pode ser incluído na lista 
dos filósofos, pois todos são dotados de um saber 
prático, o que lhe concede sabedoria para agir de 
forma correta.
C) a posse de um saber divino e pleno, tornando os 
homens portadores de um conhecimento quase divino.
D) que Filosofia é um saber técnico, possibilitando, 
pela posse ou não de uma habilidade, tornar alguns 
homens melhores do que outros.
E) que a Filosofia, em sua essência, significa a atitude 
daquele que tem consciência de que sabe pouco e 
acredita que suas investigações o levarão à verdade 
completa sobre as causas e origem de todas as coisas. 
Frente A Módulo 01
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13Editora Bernoulli
02. Viver em um mundo aberto, segundo o estudo 
sobre antropologia filosófica, significa dizer que 
o homem é o único “ser de possibilidades” e 
que é indeterminado. Os animais irracionais são 
seres que vivem em um mundo fechado, pois 
não têm outras possibilidades na medida em 
que são resultado única e exclusivamente das 
determinações da natureza. Não podem alterar 
um modo de viver nem tão pouco mudar os 
instintos e comportamentos de sua espécie. Por 
isso, vivem em um mundo fechado. O homem, 
ao contrário, pode superar suas determinações 
naturais utilizando sua inteligência, construindo 
para si aquilo que lhe falta naturalmente. Assim, 
viver em um mundo aberto significa viver de 
forma a poder se autodeterminar, o que em 
Filosofia representa a verdadeira liberdade. 
O homem adapta a natureza a si enquanto os 
animais irracionais simplesmente se adaptam à 
natureza.
03. O discurso filosófico se caracteriza 
fundamentalmente pela argumentação lógica e 
coerente. O que se pretende na discussão filosófica 
é que o argumento, a racionalidade, supere a 
força física ou da autoridade. Dessa forma, se 
em outras dimensões da vida humana o poder, 
a hierarquia, o autoritarismo e a força de quem 
manda ou exerce poder superam o pensamento, a 
razoabilidade, na Filosofia o que vale, o que vence 
é o poder, a força, a autoridade do argumento 
bem elaborado e inteligivelmente possível e 
entendido por todos. A razão é que exerce seu 
poder, fazendo dos homens iguais enquanto seres 
inteligentes e dispostos a discutirem para que 
a própria razão opere e estabeleça a verdade. 
A razão da força, enquanto representante da 
lógica da autoridade e do mando, não serve 
absolutamente nada à Filosofia. 
Propostos
01. Segundo Pascal, o homem pode ser compreendido 
em duas perspectivas: se por um lado é um dos 
mais frágeis seres da natureza, uma vez que uma 
simples gota-d’água é suficiente para matá-lo, ou 
seja, diante dos fenômenos naturais ele pouco 
ou nada pode fazer, por outro lado é um ser 
pensante, o que lhe dá toda dignidade e o eleva 
ao patamar de um ser superior. O pensamento, 
a razão é a característica humana mais elevada, 
que torna possível superar toda sua limitação e 
ter consciência do que faz, de planejar o futuro a 
partir do que foi vivido no passado. Então, apesar 
de ser um caniço, o homem é um caniço pensante. 
E por mais que tenha limitações e fragilidades que 
o fazem pequeno diante das forças da natureza, ele 
sabe que é fraco, o que torna possível, inclusive, 
pensar e criar alternativas e instrumentos que 
possam torná-lo maior e mais forte do que 
praticamente todos os outros seres da natureza.
02. O caso das meninas-lobo é curioso e emblemático, 
demonstrando com clareza as características 
que fazem dos seres humanos seres únicos e 
excepcionais. Qualquer outro animal, se levado 
ainda nos primeiros dias de vida para junto de 
outros animais que não sejam de sua espécie, 
não se adaptariam ao seu modo de viver. Se um 
cachorro crescesse junto a gatos, não significa, 
absolutamente, que ele adotaria os hábitos e 
instintos próprios dos gatos. No caso do ser 
humano é diferente. As meninas, criadas no meio 
de lobos, tomaram para si os hábitos e maneiras 
próprias desses seres. Uivavam, comiam carne 
crua, andavam sobre pés e mãos. Somente o 
homem, por sua capacidade de se adaptar advinda 
de seu pensamento, enfim, por ser também 
fruto da cultura, pode adquirir tais hábitos. 
As meninas somente se tornaram semelhantes 
aos lobos e depois puderam passar por um 
processo de humanização graças à capacidade 
única do ser humano de pensar e adquirir novos 
hábitos. Isso significa, claramente, que nós não 
somos determinados por nossa natureza, apesar 
de a termos como os outros animais. 
03. O texto de Gordon Childe trata, especificamente, 
da diferença fundamental entre homens e animais: 
a capacidade elaborada de pensamento, exclusiva 
dos homens. Se os animais, condicionados por 
seus instintos já nascem prontos para a vida na 
natureza, possuindo garras, penas, pelo, força, 
etc., o homem, apesar de não possuir nenhuma 
dessas características naturais, pode superar suas 
limitações criando, pela adaptação da natureza às 
suas necessidades, objetos e instrumentos que 
atendam às suas demandas. Se não temos pelos 
suficientes que nos protejam do frio, podemos 
criar roupas que nos aquecem ainda mais que os 
pelos dos animais. Se o homem não tem a força do 
touro para realizar seus trabalhos, pode construir 
máquinas e outras ferramentas que substituam a 
força bruta do animal. Dessa forma, ao adaptar a 
natureza às suas necessidades, o homem torna-se 
criador e criatura, superando suas limitações e 
transformando o mundo natural segundo suas 
necessidades. 
O pensamento filosófico
14 Coleção Estudo
04. O que Freud constata é que o homem é 
formado por características naturais e culturais 
que interagem entre si, e muitas vezes essas 
características naturais não são facilmente 
controláveis. Segundo Freud, o id representa as 
forças primitivas e mais íntimas do homem em 
busca do prazer e da satisfação dos instintos 
e deveria ser adequadamente administrado 
pelo ego, representante do eu, da consciência 
psíquica. Porém, o id não se apresenta como 
algo facilmente controlado. Pelo contrário, esses 
instintos, parte integrante da natureza humana, 
protestam contra o “programa de civilização”. 
Assim, a tentativa de controle, por meio da 
razão, da natureza humana e de adequação 
desta àquilo que se pretende correto e justo é 
tarefa demasiado difícil e em alguns casos mesmo 
impossível. 
05. Os animais, por mais que realizem tarefas, 
algumas consideradas obras incríveis, devido 
a sua beleza e minúcia, não trabalham. Isso 
porque, por mais perfeito que seja um ninho de 
pássaro ou uma colmeia de abelhas, tais objetos 
não são pensados antes de serem executados, 
ou seja, os animais os constroem seguindo 
seus instintos e sem nenhuma consciência de 
finalidade. Eles não trabalham, mas somente 
realizam tarefas de antemão determinadas pela 
sua natureza. O homem trabalha, considerando 
que possui a capacidade de planejar o que 
será realizado e por ter consciência do porquê 
está fazendo determinada atividade, de qual a 
finalidade do feito. O trabalho é caracterizado, 
dessa forma, pela interferência do homem na 
natureza com o objetivo de construir alguma 
coisa que o auxiliará no desafio da própria 
existência. Assim, compreendemos a afirmação 
feita por Max de que o pior arquiteto é ainda 
superior à melhor abelha, pois esta não sabe 
por que faz, simplesmente obedece cegamente 
a seus instintos, aquele, por pior que faça, 
constrói o que de antemão já existia em sua 
mente. 
06. A filosofia pode ser entendida como modo de 
viver ou sabedoria de vida, assumindo um caráter 
pessoal. É a maneira que um indivíduo particular 
tem de ver o mundo e de se portar diante das 
situações. 
 Também se pode compreendê-la como pensamento 
ou origem das ideias, o que significa que a filosofia 
é vista como o simples ato de pensar, o que se 
percebe quando alguém afirma “estar filosofando”.
 Porém, o modo que corresponde ao conceito de 
filosofiatal como estamos estudando se refere 
à busca da verdade e fundamentação teórica 
sobre o homem e o mundo. O que significa que 
a filosofia busca através da análise, da crítica, do 
questionamento, da reflexão, a própria verdade 
sobre o homem, sobre a sociedade, sobre o 
pensamento, enfim, sobre tudo o que pode ser 
pensado e que diz respeito à vida humana. 
07. atitude 1: A atitude dos deuses que não filosofam, 
pois já são sábios e por isso não necessitam 
buscar o conhecimento. Se entendemos a filosofia 
como caminho para o conhecimento, aqueles que 
já o possuem não necessitam da filosofia, uma 
vez que não têm o que buscar.
 atitude 2: A atitude dos ignorantes que não 
filosofam, pois acreditam já possuir o conhecimento 
sem o tê-lo de fato. Tal como os deuses, os 
ignorantes não buscam o conhecimento. Porém, 
diferente dos deuses, os ignorantes acreditam ter 
o conhecimento, mas não o possuem. Segundo 
Platão, esse é o pior estado em que o homem 
pode se encontrar: acreditar ser sábio, sendo tão 
somente um ignorante, e por isso não se dedicar 
à Filosofia por achar que não lhe falta nada. 
08. A Filosofia é antes de mais nada uma atitude. 
Atitude daquele que reconhece que não sabe e 
por isso se põe a investigar, criticar, questionar 
todas as coisas em busca de respostas que se 
apresentem ao homem coerentes e inteligíveis. 
Entendida dessa maneira, a Filosofia exige 
do filósofo a atitude de abertura, de busca, 
de reconhecimento de que o conhecimento é 
inesgotável e por mais que se tenha algum saber, 
esse saber é pouco em relação a tudo o que há 
para se conhecer. Podemos dizer que a afirmação 
“só sei que nada sei” de Sócrates é a encarnação 
da própria Filosofia: ao reconhecer que não 
sabe nada, o filósofo se dedica ao exercício do 
saber, busca conhecer. Se ao contrário, o sujeito 
acredita saber tudo, ele se fecha à possibilidade 
do conhecimento e não pode conhecer mais nada. 
Seção Enem
01. A
Frente A Módulo 01
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A
25Editora Bernoulli
não divisível, a menor parte das coisas que não se pode 
dividir em outras partes. Os átomos são partículas infi nitas 
e invisíveis que compõem os objetos materiais e dão 
origem aos fenômenos observados e ao movimento de 
transformação dos seres. 
eMpÉdOCles (cerca de 490-435 a.C.)
A um dado momento, do Uno saiu o Múltiplo. Por divisão 
– fogo, água, terra e ar altaneiros; e o Uno se formou do 
Múltiplo. Ódio, temível, de peso igual a cada um, e o Amor 
entre eles.
SIMPLÍCIO. Física, 157. 
Natural de Agrigento, na Sicília, Empédocles é conhecido 
por ser um político, poeta, dramaturgo, homem de ciência, 
médico e cosmólogo, místico e inventor da eloquência. Por 
combater a tirania em Agrigento, foi expulso da cidade e 
perambulou errante por toda a Grécia. Parece que morreu 
na guerra de Peloponeso (Atenas contra Esparta), mesmo 
que a lenda diga que morreu ao se atirar no vulcão Etna para 
provar que era imortal ou um deus. Escreveu dois poemas: 
Sobre a Natureza e Purifi cações.
Sua fi losofi a: ao contrário de alguns pré-socráticos 
que buscavam um único princípio das coisas, Empédocles 
defenderá que são os quatro elementos, fogo, terra, água 
e ar que constituem o universo, ou seja, que a Arché 
da natureza são os quatro elementos que se unem e se 
separam, formando os diversos seres da natureza, porém em 
proporções diferentes em cada ser. Esses quatro elementos 
são separados e unidos pelo ódio, que busca a diferença, 
e pelo amor, que faz reunir as semelhanças, ou seja, pelo 
amor os elementos se unem e pelo ódio os seres se separam. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. explique, com suas palavras, a seguinte afi rmação: a 
Filosofi a é fi lha da Pólis. 
02. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. 
O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à 
“lógica”; é falso quando dissimula alguma burla secreta 
(sofi sma). [...] O mito, assim, atrai em torno de si toda 
parcela do irracional existente no pensamento humano; 
por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas 
as suas criações
GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. 3ª edição. São Paulo: 
Brasiliense, 1982. p. 8-9. 
Redija um texto diferenciando a racionalidade do logos e 
a irracionalidade do mito de acordo com o trecho anterior. 
03. De acordo com o estudado, faça um quadro comparativo 
diferenciando as características do mito das características 
da Filosofi a. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. explique as hipóteses do “Milagre grego” e do 
orientalismo para o nascimento da Filosofi a e justifique 
por que ambas não são corretas. 
02. Entre as transformações históricas ocorridas na Grécia dos 
séculos VII e VI a.C., uma das principais está relacionada 
às navegações marítimas. explique sua importância 
para o nascimento da fi losofi a. 
03. O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
Fernando Pessoa
Durante muitos anos, os mitos marcaram a vida dos 
gregos e seus modos de ver e interagir com o mundo 
ou a physis. Redija um texto explicando o que 
representavam os mitos para a cultura grega e suas 
diferenças em relação à Filosofi a. 
04. O mito é uma forma autônoma de pensamento e de vida. 
Nesse sentido, a validade e a função do mito não são 
secundárias e subordinadas em relação ao conhecimento 
racional, mas originárias e primárias, situando-se num 
plano diferente do plano do intelecto, porém dotado de 
igual dignidade [...]
MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
De acordo com a defi nição anterior, explique por 
que o conhecimento mítico tem a mesma dignidade do 
conhecimento fi losófi co. 
05. Na Antigüidade clássica, o mito é considerado um produto 
inferior ou deformado da atividade intelectual. A ele era 
atribuída, no máximo, “verossimilhança”, enquanto a 
‘verdade’ pertencia aos produtos genuínos do intelecto. 
Esse foi o ponto de vista de Platão e de Aristóteles. Platão 
contrapõe o mito à verdade ou à narrativa verdadeira 
(Górg., 523 a), mas ao mesmo tempo atribui-lhe 
verossimilhança, o que, em certos campos, é a única 
validade a que o discurso humano pode aspirar (Tini., 
29 d) e, em outros, expressa o que de melhor e mais 
verdadeiro se pode encontrar (Górg., 527 a). Também 
para Platão o M. constitui a “via humana mais curta” para 
a persuasão [...]
MITO. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
explique por que, segundo essa defi nição, o mito 
é considerado mentira para pensadores como Platão 
e Aristóteles. Você concorda com esta posição? 
justifique sua resposta. 
A origem da Filosofia
26 Coleção Estudo
06. Mais que saber identificar a natureza das contribuições 
substantivas dos primeiros filósofos é fundamental 
perceber a guinada de atitude que representam. 
A proliferação de óticas que deixam de ser endossadas 
acriticamente, por força da tradição ou da ‘imposição 
religiosa’, é o que mais merece ser destacado entre as 
propriedades que definem a filosoficidade.
OLIVA, Alberto; GUERREIRO, Mario. Pré-socráticos: a invenção 
da filosofia. Campinas: Papirus, 2000. p. 24.
A partir do trecho e de outros conhecimentos sobre o 
assunto, Redija um texto explicando a “guinada de 
atitude” representada pelos pré-socráticos.
07. “Necessário é o dizer e pensar que o ente é; pois é 
ser. E nada não é”.
Sobre a Natureza, vv. 3; 6.
“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, 
porque o rio não é mais o mesmo”.
PLUTARCO. Coriolano, 18 p. 392 B.
Os fragmentos anteriores se referem ao pensamento 
dos dois mais importantes pré-socráticos, Parmênides e 
Heráclito. De acordo com o estudado, faça uma relação 
entre a filosofia desses dois pensadores da physis, 
estabelecendo as semelhanças e as diferenças entre eles. 
08. Redija um texto explicando o objetivo da filosofia pré-
socrática e o que buscava encontrar para explicar a origem 
do universo. 
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2010) QuandoÉdipo nasceu, seus pais, Laio e 
Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma 
profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a 
mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse 
o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o 
entregou a um casal de camponeses que morava longe de 
Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando 
se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para 
evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos 
da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, 
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo 
reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber 
que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a 
viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. 
Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas 
e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. 
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. 
Acesso em: 28 ago. 2010 (Adaptação).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do 
destino e do determinismo. Ambos são características do 
mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e 
providência divina. A expressão filosófica que toma como 
pressuposta a tese do determinismo é:
A) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu 
tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que 
Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho
C) “Quem não tem medo da vida também não tem medo 
da morte.” Arthur Schopenhauer
D) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para 
permanecer o mesmo”. Michel Foucault
E) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua 
imagem e semelhança” Friedrich Nietzsche
GAbARITO
Fixação
1. A Filosofia, entendida como uma atitude e um tipo 
de conhecimento caracterizado pela busca do saber 
por meio da razão, surgiu como consequência das 
transformações históricas ocorridas na Grécia dos 
séculos VII e VI a.C. Pode-se dizer que a Filosofia 
foi fruto das condições históricas, políticas e 
sociais da Grécia desse tempo, opondo-se às 
teses do orientalismo e do “milagre Grego”, que 
diziam, respectivamente, que a Filosofia surgiu 
por influências dos povos orientais, anteriores 
aos gregos, ou que a Filosofia surgiu como 
um fato inesperado e miraculoso. As viagens 
marítimas, a criação do calendário, o surgimento 
da vida urbana, a criação da escrita alfabética, 
o surgimento da política com a formação da Pólis, 
governada democraticamente pelos cidadãos 
e guiada pela vontade dos homens e não pela 
vontade dos deuses entre outras condições 
contribuíram decisivamente para o aparecimento 
da Filosofia. Sem tais condições, poderíamos 
afirmar que seria impossível que este modo de 
investigar o mundo e os homens viesse a existir. 
Dessa forma, a Filosofia é filha da Pólis, pois foi 
na cidade, incluindo nela todos esses avanços 
e mudanças, que a Filosofia surge como forma 
sublime de busca do conhecimento. 
2. O logos filosófico é caracterizado por sua ligação 
intrínseca com a coerência do pensamento e 
a rigidez dos argumentos. Dentro da Filosofia 
não há espaço, em sua argumentação, para o 
erro lógico e a contradição. Pelo contrário, um 
Frente A Módulo 02
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discurso contraditório e que não siga as regras 
básicas do pensamento lógico é repreendido ou 
rejeitado, pois não atende aos requisitos básicos 
da racionalidade filosófica. A falsidade do discurso 
é verificada quando, por meio de argumentos 
aparentemente verdadeiros, mas falsos em sua 
essência, se pretende enganar o outro ou burlar 
a verdade, fazendo uma mentira passar por algo 
verdadeiro. Ao afirmar que o mito traz para si toda 
parcela do irracional existente, o autor afirma que 
o mito foge à racionalidade do logos filosófico, 
que exige coerência e não admite contradições. 
Entendido dessa forma, o mito é irracional, 
pois não tem compromisso com a coerência do 
discurso e dos argumentos lógicos. Mas há de 
se dizer que o mito tem sim uma racionalidade 
que se manifesta nas próprias histórias 
contadas, uma vez que são histórias pensadas 
e, não raras vezes, magnificamente escritas. 
Tal racionalidade mítica é diferente da 
racionalidade filosófica, mas também é uma 
forma racional de manifestação da criatividade e 
imaginação dos homens. 
3. 
MitO filOsOfia
Tem como fundamento a 
imaginação manifestada em 
discursos religiosos.
Tem como fundamento a razão.
Fictício, imaginário, histórias 
sem comprovação e que não 
se preocupam com uma lógica 
metodológica do discurso.
Busca a formulação de 
explicações que seguem um 
rigor argumentativo lógico. 
Se não houver coerência, o 
discurso e o argumento são 
rejeitados.
Baseia-se na fé / confiança 
daqueles que o recebem 
como discurso inquestionável, 
pois confiam em quem diz; 
pressupõe uma aceitação 
e adesão daqueles que o 
recebem.
Baseia-se em formulações 
racionais e não é aceito pela 
autoridade de quem diz, mas 
sim na realidade do que é dito, 
ou seja, do argumento.
Voltado para os sentimentos 
humanos.
Voltada para a construção de 
argumentos lógico-científicos.
Nasce da intuição do homem 
ou da sociedade que o constrói, 
é acrítico e muitas vezes se 
manifesta como forma ingênua 
de ver a realidade.
Nasce da atitude crítica do 
homem diante da natureza e 
de si mesmo.
Procura explicar a origem 
de todas as coisas e seu 
funcionamento por meio de 
explicações que tendem à 
totalidade.
Procura explicações mais pro-
fundas e pormenorizadas 
sobre o mundo e o homem, 
de forma a obter respostas 
provadas ou argumentativa-
mente sustentadas.
Aceita contradições em suas 
narrativas.
Não aceita contradições em 
seus argumentos.
Propostos
1. A hipótese do “milagre grego” diz que a Filosofia 
surgiu como algo inesperado e miraculoso, sem 
qualquer precedente na cultura de qualquer outro 
povo, inclusive dos gregos. Surgiu de forma 
absolutamente inexplicável. O orientalismo diz 
que a Filosofia só pôde nascer na Grécia devido 
às contribuições que os povos orientais deram 
aos gregos que, transformando-as, criaram a 
Filosofia. Apesar de reconhecermos que algumas 
contribuições dos povos orientais foram de fato 
utilizadas pelos gregos, estes deram um caráter 
qualitativo aos conhecimentos que antes eram 
somente quantitativos e práticos. Ambas as teorias, 
“milagre grego” e orientalismo não são corretas, 
uma vez que o que está na raiz da Filosofia, 
como fatores que possibilitaram seu nascimento, 
são as condições históricas, econômicas, sociais 
e culturais da Grécia dos séculos VII e VI a.C. 
que prepararam o “terreno fértil” para que surgisse 
essa atitude investigativa e crítica sobre o cosmos.
2. As navegações marítimas foram fundamentais 
para o nascimento da Filosofia, uma vez que 
por meio delas os gregos puderam verificar 
empiricamente que os mitos marítimos, sobre 
a existência de monstros que povoariam o mar, 
terras habitadas por deuses, abismos no horizonte 
não eram verdadeiros. Tais histórias, presentes 
no imaginário dos gregos, foram gradativamente 
perdendo sua força, e um dos principais motivos 
dessa transformação foram as viagens. Além 
disso, as viagens marítimas tiveram um papel 
importantíssimo no desenvolvimento do comércio 
entre os povos, o que contribuiu decisivamente 
para que houvesse uma troca de informações 
de povos diferentes, consequentemente levando 
à constatação de que as histórias míticas são 
muitas e variadas, levando também à constatação 
de que tais narrativas poderiam não ser verdades 
incontestáveis e absolutas.
3. A tradição mitológica diz respeito à tradição 
grega anterior aos séculos VII e VI a.C., 
quando nasce o pensamento filosófico. Esse 
modo de explicar o cosmos se caracteriza 
pela crença na divindade, aquela que rege e 
faz que tudo aconteça. As narrativas míticas 
representavam para os gregos a única verdade 
possível, tanto que eram indiscutíveis, como 
eram inquestionáveis também aqueles que os 
transmitiam, denominadospoetas rapsodos. 
O mito se baseia na fé / confiança daqueles que 
o recebem, uma vez que é a própria revelação 
dos deuses ao homem. O mito não necessita ser 
explicado à razão, ele encontra eco no imaginário 
de um povo, onde se fundam sua eficácia e força. 
Por outro lado, a Filosofia caracteriza-se pela 
racionalidade e necessidade de compreensão 
do que é dito. Não há mais a força da crença 
e da autoridade de quem diz, mas a força se 
estabelece naquilo que se diz, pois a ideia 
precisa ser clara à razão de todos. Um discurso 
racional, inteligível e não contraditório, baseado 
na reflexão, investigação e crítica.
A origem da Filosofia
28 Coleção Estudo
4. Quando se fala de tipos ou modos de conhecimento 
não é possível apontar aqueles que são melhores e 
aqueles que ocupam a segunda ou terceira posição 
em relação à sua importância. Se a Filosofia se 
baseia na razão como forma de compreensão 
do mundo, o mito se funda na imaginação com 
os mesmos propósitos. Com isso, não é correto 
afirmar que a razão é mais importante que a 
imaginação, portanto, que a Filosofia é mais 
“correta” ou “verdadeira” que a mitologia. Trata-se 
de tipos ou modos de conhecimento distintos. 
Ambos têm igual dignidade e ocupam a mesma 
posição em relação à necessidade de conhecer do 
homem, diferenciando-se tão somente quanto à 
sua origem, método e características.
5. Para Platão e Aristóteles, o mito pode ser 
considerado um modo inferior de conhecimento. 
Dessa forma, ele é tido como uma narrativa 
que não está preocupada com a verdade em si, 
com o conhecimento verdadeiro da realidade e 
do homem, mas está comprometido com um 
discurso explicativo que busca a satisfação 
do desejo de conhecer ou explicar, sem se 
importar com a verdade última das coisas que 
Platão julga estar no inteligível e Aristóteles no 
sensível. 
 A posição assumida pelo aluno precisa estar 
bem fundamentada. Dessa forma, pode-se 
argumentar:
 posição favorável: O mito, baseando-se na 
imaginação e não estando comprometido com 
o conhecimento das essências ou natureza 
última dos seres, não pode ser considerado 
um conhecimento verdadeiro. Não passa de 
narrativas que tentam convencer, persuadir a 
partir de fantasias que não servem para dizer 
a realidade dos seres. Segundo Platão, o mito 
encontraria respaldo como forma de explicação 
quando a razão se torna insuficiente para explicar 
a realidade.
 posição contrária: O mito é uma forma 
particular de explicar o mundo e os seres. Dessa 
forma, não há de se questionar se é válido ou 
inválido, verdade ou mentira, mas há de se 
considerar somente que é uma forma diferente de 
outras, como a Filosofia, de explicar o real. Dessa 
forma, discorda-se de Platão e Aristóteles, uma 
vez que defendem a inferioridade do mito, não 
levando em consideração as diferenças inerentes 
que constituem essa forma distinta de explicação 
da realidade. 
6. Os pré-socráticos foram os primeiros filósofos 
da história. Sua atitude diante do cosmos lança 
as raízes daquilo que se conhecerá a partir de 
então por Filosofia. A guinada de atitude que 
eles representam se constitui exatamente na não 
aceitação de respostas fictícias e imaginárias sobre 
a origem do universo e seu funcionamento. Tais 
respostas míticas representavam a autoridade da 
religião e da tradição, não sendo, por si mesmas, 
racionais e inteligíveis, mas misteriosas e acríticas. 
Tal guinada representa a busca por respostas 
racionais, baseadas no próprio homem, em sua 
observação e estudos da natureza. A partir dos 
pré-socráticos, temos o início da Filosofia que, 
mais do que um conjunto de saberes, é antes de 
tudo uma atitude crítica e investigativa em busca 
de respostas racionalmente justificáveis.
7. Podemos afirmar que o objetivo do pensamento 
de Heráclito e Parmênides é o mesmo, encontrar 
a verdade sobre os seres. Porém, as posições 
defendidas por eles são fundamentalmente 
distintas. Parmênides defenderá o imobilismo. 
Considerado como um monista, afirma que os 
seres possuem uma aparência e uma essência, 
sendo que esta é imutável, e aquela está em 
constante mudança. Por isso, afirma que o ser é, ou 
seja, o que existe é somente a essência, que será 
conhecida pela razão e não pelos sentidos. O Não 
Ser seria o nada, e por isso não é, ou seja, como 
a aparência está em constante transformação, 
ela não é nada, uma vez que aquilo que é em um 
instante deixa de ser no instante posterior. 
 Já Heráclito defenderá que não existe uma 
diferença entre essência e aparência, mas 
que todas as coisas são somente aparência 
e que mudam o tempo todo. Dessa forma, é 
um mobilista, pois afirma que tudo está em 
movimento e se altera. O conhecimento dos seres 
é somente o conhecimento obtido pelos sentidos. 
Para além da aparência dos seres, existe o 
Logos, que é aquele que dá a unidade em meio 
à pluralidade das transformações e dos opostos. 
O Logos, entendido como razão, pensamento, dá 
a lógica ao movimento e à luta dos contrários, 
fazendo com que as coisas sejam compreendidas 
mesmo na multiplicidade. 
8. Os pensadores pré-socráticos, chamados por 
Aristóteles de physiólogos ou pensadores da 
natureza, foram os primeiros homens da história 
a se dedicarem a encontrar uma explicação 
puramente racional para a origem do universo. 
Rompendo com a tradição mítica, eles queriam 
explicar a origem do universo de forma não 
fantasiosa, por meio de pensamentos próprios 
e não por revelações de seres sobrenaturais. 
Acreditando que tudo o que existe na natureza 
é resultado de uma relação de causa e efeito, 
acreditavam que, se encontrassem a primeira 
causa de todas as coisas, encontrariam a 
resposta para a origem do cosmos. A essa causa 
primeira deram o nome de arché, que seria uma 
espécie de matéria-prima inicial da qual todas 
as coisas teriam surgido. Por exemplo, Tales 
acreditava que a arché do universo era a água. 
Dessa forma, via na água o princípio de todas as 
coisas existentes. 
Seção Enem
01. B
Frente A Módulo 02
2 Coleção Estudo
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03 3 Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
Autor: Richard Garcia Amorim
04 19 Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigoAutor: Richard Garcia Amorim
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O julgamento e a morte de 
Sócrates
Sócrates foi levado ao tribunal como réu pela primeira vez 
e dali saiu direto para a prisão para aguardar o dia de sua 
morte. Suas acusações: corromper a juventude e impiedade. 
Impiedade significa que ele fora acusado de introduzir novas 
crenças e de ensinar novos deuses para os cidadãos. Um dos 
argumentos que sustentam essa tese é o de que Sócrates 
dizia escutar uma voz interior, o daímon, acreditando que 
este seria como deus que lhe indicava o que não deveria fazer. 
Ao ser acusado de corromper os jovens, é acusado de 
perverter os filhos dos aristocratas com seus ensinamentos, 
levando-os a duvidarem dos valores tradicionais atenienses. 
Ao que tudo indica, o julgamento foi manipulado. Sócrates 
não se defendeu e aceitou sua condenação. Mesmo no 
período em que esteve preso, esperando o dia de sua morte, 
tendo possibilidade de fugir, ele não aceitou tal proposta em 
fidelidade às leis da cidade. 
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Sócrates no leito de morte, 1787.
A verdadeira injustiça do julgamento está no fato de 
que os juízes não aceitaram o ensinamento socrático 
mais importante: o de que, para passar da doxa, dos 
preconceitos, à ciência, à verdade, é necessário não aceitar 
passivamente o que está posto e cristalizado como verdade 
incontestável. Para saber o que é a virtude, a coragem, 
a justiça, a piedade, etc., valores caros aos cidadãos e à 
polis, é necessário, antes de tudo, saber de fato o que são 
esses valores e não simplesmente aceitar o que eles parecem 
ser, as opiniões sobre eles. No fundo, a cidade tinha medo 
de Sócrates. Seus questionamentos, seus diálogos e sua 
eloquência ameaçavam os mais poderosos,que temiam que 
o pensamento levasse à dúvida, ao desrespeito às leis e, 
ainda mais grave, que mostrasse aos homens que os que 
em primeiro lugar e antes de todos deveriam respeitar e 
serem fieis às leis não o faziam. 
EXERCÍOS DE FIXAÇÃO
01. Atenas, pelo papel de liderança na guerra contra os 
persas, pela prosperidade econômica crescente e pelos 
poetas que haviam elevado sua vida intelectual a alturas 
jamais alcançadas antes, tornou-se o centro intelectual 
da Grécia. Quem quisesse ganhar reputação como 
pensador tinha que passar por Atenas. Os produtos 
do mundo inteiro estavam à disposição do cidadão de 
Atenas. Novas estátuas dos deuses erguiam-se com 
esplendor, no imortal trabalho dos mais finos artistas. 
O povo ouvia, nos festivais de Dionisos, as palavras e 
cantos da tragédia e deliciava-se com a engenhosidade 
flamejante e barulhenta da comédia. Multidões se 
acotovelavam nas salas de conferência dos sofistas, 
com sua nova sabedoria vestida no manto belo e 
sedutor da linguagem, convidando os jovens a serem 
seus alunos. O demos aquecia-se ao sol, na serena 
consciência do poder, quando se sentava no Pnyx 
nos tribunais.
ZELLER, E. Outlines of the history of Greek Philosophy. 
Kegan Paul: Londres, 1931. p. 95. 
A partir do texto e daquilo que foi estudado sobre o 
contexto histórico de Atenas, EXPLIQUE por que foi 
necessária uma nova educação ou Areté na cidade. 
02. Não se faz democracia, nos moldes atenienses, sem 
que os homens tenham a capacidade e habilidade de 
falarem, de exporem suas ideias, de manifestarem seus 
argumentos.
A partir do trecho anterior, EXPLIQUE o papel dos sofistas 
para a vida política da cidade. 
03. Perguntando sempre “o que é ...?”, Sócrates se põe a 
serviço da verdade em busca de definições claras e únicas 
sobre aquilo que determina as ações humanas.
De acordo com o estudado, EXPLIQUE a atitude de 
Sócrates expressa no trecho anterior e sua importância 
para a filosofia. 
Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
18 Coleção Estudo
05. A filosofia socrática se baseia, fundamentalmente, nas ideias 
do “Conhece-te a ti mesmo” e do “Só sei que nada sei”.
EXPLIQUE, a partir do estudado sobre Sócrates, 
o significado dessas frases.
06. [...] E tais conhecimentos foram despertados nele como de 
um sono; e creio que se alguém lhe fizer repetidas vezes e 
de várias maneiras perguntas a propósito de determinados 
assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como 
qualquer pessoa da tua sociedade [...] Ele acabará sabendo, 
sem ter possuído mestre, graças a simples interrogações, 
extraindo o conhecimento de seu próprio íntimo [...]
 PLATÃO. Ménon. 85a-86e.
RELACIONE a citação anterior com a maiêutica socrática. 
07. A retórica ensina, em primeiro lugar, que o que conta 
não é o fato em si, mas o que dele aparece, aquilo que 
pode persuadir os homens. É a arte do logos que não é 
somente discurso e raciocínio, mas também aparência e 
opinião, na medida em que estas se opõem aos fatos, 
e sua finalidade é a persuasão. Em honra dos sofistas, 
deve ser dito que a persuasão é preferível à força e à 
violência e que a retórica é, por excelência, uma arte 
democrática que não pode florescer numa tirania. Por 
isso, Aristóteles lembra que o nascimento da retórica em 
Siracusa coincidiu com a derrubada do tirano.
GUTHRIE. W. K. C. The Sophists. Cambridge University Press: 
Londres, 1971. p. 188. 
A partir do texto anterior, EXPLIQUE por que a visão de 
que todos os sofistas eram enganadores e inescrupulosos, 
defendida por alguns autores, nem sempre é precisa. 
08. Ficai certos de uma coisa: se me condenares por ser eu 
como digo, causareis a vós mesmos maior prejuízo que a 
mim. [...] Neste momento, atenienses, longe de atuar em 
minha defesa, como poderiam acreditar, atuo na vossa, 
evitando que, com a minha condenação, cometais uma 
falta para com a dádiva que recebestes do deus. Se me 
matardes, não vos será fácil encontrar outro igual, outro 
que, embora seja engraçado dizê-lo, por ordem divina se 
agarre inteiramente à cidade, como a um cavalo grande 
e de raça, mas um tanto lerdo por causa do tamanho e 
precisado de uma mosca-de-madeira que o estimule [...] 
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 
1999. Coleção Os Pensadores. p. 81.
A citação anterior foi retirada da obra Apologia de 
Sócrates, em que o filósofo se defende diante do 
tribunal devido às acusações que recebeu de corromper 
a juventude e impiedade. 
De acordo com o texto, JUSTIFIQUE a posição de 
Sócrates ao dizer que a cidade seria mais prejudicada 
com sua morte do que ele próprio. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. Registra-se também que Protágoras ensinava “a tornar 
mais forte o argumento mais fraco”. O que não quer 
dizer que Protágoras ensinasse a injustiça e a iniqüidade 
contra a justiça e a retidão, mas, simplesmente, que ele 
ensinava os modos como, técnica e metodologicamente, 
era possível sustentar e levar à vitória o argumento 
que, em determinadas circunstâncias, podia ser o mais 
fraco na discussão (qualquer que fosse o conteúdo 
em exame).
REALIE, Giovanni. História da filosofia: filosofia pagã antiga. 
v. 1. São Paulo: Paulus, 2003. p. 77. 
A partir de seus conhecimentos sobre o assunto, REDIJA 
um texto relacionando o trecho anterior com o relativismo 
sofista. 
02. A verdade, porém, é outra, ó atenienses: quem sabe 
é apenas o deus, e ele quer dizer, por intermédio de 
seu oráculo, que muito pouco ou nada vale a sabedoria 
do homem, e, ao afirmar que Sócrates é sábio, não se 
refere propriamente a mim, Sócrates, mas só usa meu 
nome como exemplo, como se tivesse dito: “Ó homens, 
é muito sábio entre vós aquele que, igualmente a 
Sócrates, tenha admitido que sua sabedoria não possui 
valor algum”.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: 
Nova Cultural, 1999. Coleção Os Pensadores. p. 73.
REDIJA um texto explicando qual é a verdadeira 
educação segundo Sócrates e como o conhecimento pode 
ser alcançado. 
03. […] enquanto tiver ânimo e puder fazê-lo, jamais deixarei 
de filosofar, de vos advertir, de ensinar em toda ocasião 
àquele de vós que eu encontrar, dizendo-lhe o que 
costumo: “Meu caro, tu, um ateniense, da cidade mais 
importante e mais reputada por sua sabedoria, não 
te envergonhas de cuidares de adquirir o máximo de 
riquezas, fama e honrarias, e de não te importares nem 
pensares na razão, na verdade e em melhorar tua alma?” 
E se algum de vós responder que se importa, não irei 
embora, mas hei de o interrogar, examinar e refutar e, 
se me parecer que afirma ter adquirido a virtude sem a 
ter, hei de repreendê-lo por estimar menos o que vale 
mais e mais o que vale menos […].
PLATÃO. Apologia de Sócrates, 29 d-e.
De acordo com o texto e com o estudado sobre Sócrates, 
EXPLIQUE o que o filósofo quer dizer ao afirmar que os 
homens deveriam “melhorar sua alma”. 
04. O homem é a medida de todas as coisas; das que são por 
aquilo que são e das que não são por aquilo que não são.
EXPLIQUE, de acordo com o estudado, a citação do 
sofista Protágoras.
Frente A Módulo 03
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GABARITO
Fixação
01. Com as transformações históricas, econômicas 
e políticas ocorridas em Atenas, a antiga 
educação dos jovens, que se voltava quase que 
exclusivamente para a aristocracia ateniense, se 
preocupando com a formação do guerreiro bom 
e belo, não atendia mais à realidade da cidade. 
Diante das transformações, marcadas pelas 
exigências de uma nova classe social formada 
pelos comerciantes, pela presença das artes e do 
artesanato e, principalmente, da democracia, foi 
necessário uma nova Areté, agora voltada para a 
política, para a formação do cidadão que buscava 
a excelência, a perfeição moral, enfim, as virtudes 
cívicas. Para isso, era necessário educar o jovem 
para que este pudesse participar ativamente da 
vida pública da cidade. 
02. Os sofistaseram mestres de retórica. Eles 
constituíam um grupo de professores, conhecidos 
como sábios em sua época, que se dedicavam a 
ensinar a arte da retórica e da oratória. Diante 
das mudanças ocorridas na Grécia, as cidades 
agora são governadas pelos homens que, em 
praça pública, discutem política. Nesse contexto, 
era fundamental que os cidadãos pudessem 
apresentar com eficiência e clareza suas ideias, 
uma vez que, em uma democracia participativa, 
todos os cidadãos têm o direito de falar e de 
apresentar seus argumentos e ideias. Dessa 
forma, os jovens eram educados na arte da 
sofística, que consiste em apresentar de forma 
convincente e sedutora os argumentos a fim de 
vencer uma discussão. 
03. Sócrates é tido por alguns como o verdadeiro 
fundador da Filosofia. Tal importância se deve ao fato 
de que Sócrates, diferentemente dos pensadores 
anteriores, os pré-socráticos, se preocupou 
com o homem e com sua vida em sociedade. 
O fundamento de sua filosofia encontra-se 
exatamente no fato de buscar verdades que 
deveriam orientar a vida dos homens em 
sociedade. Ao perguntar “o que é...?”, Sócrates 
pretende encontrar as verdades ou conceitos 
únicos que deveriam ser o fundamento de todos 
os atos humanos. Uma de suas contribuições 
definitivas à Filosofia foi orientar a investigação 
das ideias para a busca da verdade única, seu 
objeto por excelência. 
SEÇÃO ENEM
01. Um de vós poderia intervir: “Afinal, Sócrates, qual é 
a tua ocupação? Donde procedem as calúnias a teu 
respeito? Naturalmente, se não tivesses uma ocupação 
muito fora do comum, não haveria esse falatório, 
a menos que praticasses alguma extravagância. 
Dize-nos, pois, qual é ela, para que não façamos nós 
um juízo precipitado.” Teria razão quem assim falasse; 
tentarei explicar-vos a procedência dessa reputação 
caluniosa. Ouvi, pois. Alguns de vós achareis, talvez, 
que estou gracejando, mas não tenhais dúvida: 
eu vos contarei toda a verdade. Pois eu, Atenienses, 
devo essa reputação exclusivamente a uma ciência. 
Qual vem a ser a ciência? A que é, talvez, a ciência 
humana. É provável que eu a possua realmente, 
os mestres mencionados há pouco possuem, quiçá, 
uma sobre-humana, ou não sei que diga, porque essa 
eu não aprendi, e quem disser o contrário me estará 
caluniando. Por favor, Atenienses, não vos amotineis, 
mesmo que eu vos pareça dizer uma enormidade; 
a alegação que vou apresentar nem é minha; citarei 
o autor, que considerais idôneo. Para testemunhar 
a minha ciência, se é uma ciência, e qual é ela, 
vos trarei o deus de Delfos. 
PLATÃO. Apologia de Sócrates. São Paulo: Nova Cultural, 
1999. Coleção Os Pensadores. p. 65.
Sócrates concebe a vida política como o meio legítimo de 
as pessoas encontrarem o melhor caminho para a vida em 
sociedade. Essa verdade deve, no entanto, ser a mesma 
para todos, uma vez que o conhecimento verdadeiro o é 
para todos. Segundo Sócrates, o melhor caminho seria 
aquele que
A) é decidido pela sociedade na praça pública ou em 
assembleia política, uma vez que todos têm os 
mesmos direitos na polis.
B) busca a justiça entendida como essência ou verdade 
única, pois esta seria a verdadeira guia das ações 
humanas.
C) fosse decidido pelo melhor discurso proferido pelo 
político e que conseguisse, pela retórica, convencer 
a maior parte da população. 
D) é resultado do “parto das ideias”, que é o modo pelo 
qual as pessoas decidem, por meio do diálogo, qual 
a melhor maneira de se viver em sociedade. 
E) está contido nas leis da cidade, uma vez que, para 
ser justo, é necessário que se viva segundo as leis. 
Sócrates e os sofistas: o homem como centro do problema filosófico
20 Coleção Estudo
Propostos
01. Os sofistas eram relativistas, pois, ao contrário 
de Sócrates, não acreditavam que havia uma só 
verdade sobre as coisas, ou seja, cada pessoa, de 
acordo com suas experiências e ideias, poderia ter 
sua própria “verdade”, que são relativas a cada 
homem. Dessa forma, a ideia ou “verdade” que 
sobressairia, por exemplo, nas discussões políticas 
na Ágora seria aquela melhor argumentada. 
Dessa maneira, Protágoras, um dos mais 
importantes sofistas, ensinava às pessoas que a 
ele recorriam, e que pagavam por isso, as técnicas 
de argumentação para tornar a ideia, mesmo 
que fraca, mais “forte” que a dos demais e para 
convencer a todos de que tal ideia seria a melhor. 
Vale ressaltar que, como dito anteriormente, aos 
sofistas não importa o conteúdo da ideia, mas tão 
somente como ela é transmitida e argumentada. 
02. Segundo Sócrates, o conhecimento não é 
propriedade de ninguém, pois somente o deus sabe 
tudo, ou seja, somente o deus é sábio. Uma vez 
dito isso, podemos compreender que os mortais, 
dentre eles o próprio Sócrates, devem reconhecer 
que aquilo que eles possuem como conhecimento 
é nada, ou é ínfimo, diante de tudo o que há para 
se conhecer. Portanto, sábio não é quem sabe 
todas as coisas, mas, ao contrário, é sábio aquele 
que sabe que não sabe tudo e, por isso, em uma 
atitude humilde, reconhece sua ignorância. Só a 
partir do reconhecimento da própria ignorância é 
possível alcançar o conhecimento, pois se o homem 
acredita possuir todo o conhecimento, ele se fecha, 
não podendo conhecer mais nada. 
03. Para Sócrates, os bens materiais, a fama, a glória, 
as riquezas não podem trazer a verdadeira felicidade 
e realização ao homem. Somente o conhecimento 
verdadeiro, manifestado nas ações dos homens, 
pode fazê-los melhores. Quando Sócrates se 
refere a melhorar a alma ele está afirmando que 
as preocupações dos homens devem superar as 
preocupações materiais e passageiras, o que só é 
possível pela dialética, entendida como verdadeiro 
remédio da alma. Pelo diálogo e pela busca sincera 
do saber, o homem se torna melhor. Somente o 
conhecimento da verdade pode dar sentido à vida 
humana.
04. Protágoras é um dos mais importantes sofistas. Seu 
pensamento está na base da paidéia sofística, uma 
vez que seus pensamentos darão sentido à prática 
à qual os sofistas se dedicavam. Ao dizer que o 
homem é a medida de todas as coisas, Protágoras 
defende que as verdades são variáveis. Isto 
significa que cada homem pode ter suas próprias 
verdades, pois não existiria uma única verdade 
sobre as coisas. Cada um avalia as coisas segundo 
seus próprios critérios, sendo que a verdade que 
prevalecerá será a daquele que melhor apresentar 
seus argumentos e convencer os demais.
05. Essas afirmações emblemáticas resumem, de certa 
forma, todo o pensamento de Sócrates. A primeira 
frase, “Conhece-te a ti mesmo”, escrita no 
frontispício do Oráculo de Delfos, revela a verdade 
mais clara e evidente defendida pelo filósofo, 
a de que as verdades estão dentro do próprio 
homem. Ao buscar a verdade por meio de um 
exercício de reflexão, o homem encontra dentro de 
si a fonte do conhecimento que poderá torná-lo justo 
e virtuoso. A segunda frase, “só sei que nada sei”, 
revela a crença de Sócrates de que o conhecimento 
é uma busca constante e que o sábio verdadeiro, 
ao reconhecer sua própria ignorância, se abre à 
possibilidade do conhecimento que nunca será 
saciada. Ao contrário, segundo Sócrates, aquele que 
acredita saber tudo, ao se fechar ao conhecimento, 
torna-se ignorante. 
06. Segundo a filosofia de Sócrates, o conhecimento 
encontra-se dentro do próprio homem. Adormecido, 
esse conhecimento precisa ser despertado. Para 
o filósofo, a filosofia não teria outra função a não 
ser levar os homens a despertarem em si aquilo 
que está adormecido, ou seja, as verdades. Pelo 
diálogo, o homem faria o “parto das ideias”. Essa 
imagem do conhecimento como um parto é retirada 
da atividade da mãe de Sócrates, que era parteira. 
Tal como uma parteira ajuda a mulher a dar à luz, 
o filósofo ajuda os homens a fazerem o parto da 
ideia. Isto é a maiêutica socrática. Pelo diálogo, o 
filósofo levava seus interlocutores a encontrarem o 
conhecimento que existe dentro deles mesmos. 
07. A sofísticaocupou papel de destaque na 
democracia grega. Lembremos que a característica 
da democracia participativa é exatamente a 
possibilidade de todos discutirem, expor seus 
argumentos, pensando no que seria melhor para 
a cidade. Dessa forma, a única instância legítima 
na qual as decisões pudessem ser tomadas era a 
praça pública ou Ágora. Se não fosse a discussão 
livre, proporcionando a efetivação da igualdade 
dos cidadãos, a cidade poderia retroceder a um 
regime tirânico, em que somente um tem razão e 
os demais devem obedecê-lo cegamente. 
08. Sócrates acreditava ter recebido dos deuses uma 
missão, a de levar os homens da ignorância ao 
conhecimento verdadeiro. Para isso, utilizava da 
ironia e da maiêutica em seus diálogos, com a 
intenção de fazer o parto da ideias, mostrando para 
os homens que o conhecimento que eles possuíam 
não passava de uma opinião sobre o assunto 
tratado. Devido à sua atividade na cidade, Sócrates 
incomodou profundamente muitos poderosos, 
que se sentiam ameaçados por sua atividade e o 
acusaram por crimes falsos. Diante do tribunal, 
Sócrates afirma que ele era um dom para a cidade, 
ou seja, que ele era necessário exatamente por 
levar os homens da ignorância ao conhecimento. 
Desse forma, sua morte seria um prejuízo para a 
própria Atenas, uma vez que dificilmente surgiria 
outro ‘Sócrates’ capaz de levar os homens ao 
conhecimento verdadeiro e livrá-los da ignorância. 
Seção Enem
01. B
Frente A Módulo 03
36 Coleção Estudo
Segundo Aristóteles, o homem é um “animal político”. 
Isto significa que o homem nasceu para viver na cidade, em 
comunidade e não pode se realizar, encontrar a felicidade, 
sem que conviva com os demais homens. Aristóteles dirá 
que o homem político, o cidadão da polis, é aquele que 
participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na 
administração pública. Os escravos e estrangeiros, assim 
como os homens livres que não tinham tempo para se 
dedicar à política, acabavam sendo meios para atingir 
a felicidade dos verdadeiros cidadãos. O pensamento 
aristotélico traz o preconceito claro da cultura grega de seu 
tempo: aqueles que não são cidadãos, os escravos (bárbaros 
presos de guerra) e estrangeiros têm uma natureza inferior 
à do homem grego. 
Estela funerária de Mnesarete. Um jovem escravo encara sua 
falecida patroa. 380 a.C.. Glyptothek, Munique, Alemanha.
De acordo com o filósofo, o Estado pode ter diferentes 
formas de governo, ou seja, diferentes estruturas ou 
constituições. Assim, Aristóteles dirá que o Estado pode se 
organizar a partir do governo de um só homem, de vários 
homens ou de todos os homens. Porém, seja qual for sua 
organização, o governo do Estado deve sempre garantir o 
bem comum. Se assim não for, ele se torna corrupto, pois 
somente considera os anseios de alguns e não de todos. 
Aristóteles assim classifica os modos de governo possíveis:
Governo a favor de todos 
– Formas corretas –
Governo a favor de 
poucos – Formas 
corruptas –
Monarquia Despotismo ou tirania
Aristocracia Oligarquia
Politía Democracia ou demagogia*
Para o estagirita, as melhores formas de governo, em 
abstrato, seriam a monarquia e a aristocracia. Porém, na 
prática, a politía seria a mais adequada porque valorizaria 
o segmento médio. 
* Democracia seria um governo que se tornaria alheio ao bem 
comum e favoreceria de maneira desproporcional os interesses 
dos mais pobres. Segundo o filósofo, se todos os homens são 
iguais na liberdade, não necessariamente o seriam em outros 
aspectos da vida. 
EXERCÍOS DE FIXAÇÃO
01. É neste contexto que Platão fala do Demiurgo, uma 
espécie de deus-artífice que criou todas as coisas do 
mundo sensível tendo como base as ideias ou formas do 
mundo inteligível.
De acordo com o estudado, EXPLIQUE com suas palavras 
a relação existente entre sensível e inteligível para Platão. 
02. Você está acompanhando, Sofia? E agora vem Platão. 
Ele se interessava tanto pelo que é eterno e imutável 
na natureza quanto pelo que é eterno e imutável na 
moral e na sociedade. Sim... para Platão tratava-se, 
em ambos os casos, de uma mesma coisa. Ele tentava 
entender uma “realidade” que fosse eterna e imutável. 
E, para ser franco, é para isto que os filósofos existem. 
Eles não estão preocupados em eleger a mulher mais 
bonita do ano, ou os tomates mais baratos da feira. (E 
exatamente por isso nem sempre são vistos com bons 
olhos). Os filósofos não se interessam muito por essas 
coisas efêmeras e cotidianas. Eles tentam mostrar o 
que é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom”.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia. Tradução de João Azenha 
Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 98.
De acordo com o estudado sobre Platão, EXPLIQUE 
o que querem dizer as referências feitas àquilo que 
é “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” e 
“eternamente bom” e por que tais termos são importantes 
para a filosofia platônica.
03. Porém, a diferença mais importante entre os mestres 
da filosofia antiga e ocidental é a rejeição de Aristóteles 
ao dualismo platônico expresso nas duas realidades, o 
sensível, mundo real e imperfeito, e o inteligível, mundo 
ideal, das formas perfeitas.
EXPLIQUE, segundo o estudado sobre Aristóteles, por 
que o filósofo rejeita o dualismo platônico e onde ele 
acredita poder encontrar a verdade.
Frente A Módulo 04
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37Editora Bernoulli
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
A educação, disse eu, seria uma arte da reviravolta, uma 
arte que sabe como fazer o olho mudar de orientação 
do modo mais fácil e mais eficaz possível; não a arte de 
produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem 
ser corretamente orientado e sem olhar na direção que 
deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo.
PLATÃO. República. VII 518D.
Na imagem proposta por Platão, sair da caverna 
representa a educação como uma reviravolta.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra, REDIJA um texto explicando o que 
significa essa reviravolta.
02. Como a temperança, também a justiça é uma virtude 
comum a toda a cidade. Quando cada uma das classes 
exerce a sua função própria, “aquela para a qual a sua 
natureza é a mais adequada”, a cidade é justa. Esta 
distribuição de tarefas e competências resulta do fato de 
que cada um de nós não nasceu igual ao outro e, assim, 
cada um contribui com a sua parte para a satisfação das 
necessidades da vida individual e coletiva. [...] Justiça é, 
portanto, no indivíduo, a harmonia das partes da alma 
sob o domínio superior da razão; no estado, é a harmonia 
e a concórdia das classes da cidade.
PIRES, Celestino. Convivência política e noção tradicional de 
justiça. In: BRITO, Adriano N. de; HECK, José N. (Org.). Ética e 
política. Goiânia: Editora da UFG, 1997. p. 23.
REDIJA um texto explicando o conceito de justiça para 
Platão e como essa ideia é essencial para a felicidade da 
cidade. 
03. Conhecer é relembrar.
De acordo com o estudado sobre a teoria de Platão acerca 
da reminiscência da alma, EXPLIQUE a citação anterior. 
04. Sócrates – Tomemos como princípio que todos os 
poetas, a começar por Homero, são simples imitadores 
das aparências da virtude e dos outros assuntos de que 
tratam, mas que não atingem a verdade. São semelhantes 
nisso ao pintor de que falávamos há instantes, que 
desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada 
entender de sapataria, para pessoas que, não percebendo 
mais do que ele, julgam as coisas segundo a aparência?
Glauco – Sim.
PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: 
Nova Cultural, 1997. p. 328.
De acordo com o estudado sobre Platão, REDIJA um texto 
explicando qual é a sua crítica às artes e FUNDAMENTE o 
texto com argumentos da teoria do conhecimento de Platão.
05. Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal 
disso é o prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; 
pois, ainda que não levemos em conta a suautilidade, são 
estimados por si mesmos; e, acima de todos os outros, 
o sentido da visão. [...] Por outro lado, não identificamos 
nenhum dos sentidos com a sabedoria, se bem que eles nos 
proporcionem o conhecimento mais fidedigno do particular. 
Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma.
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. 
Porto Alegre: Globo, 1969. p. 36 e 38.
REDIJA um texto caracterizando e explicando o tipo de 
conhecimento expresso no trecho anterior.
06. (UFMG) Leia este trecho:
[...] aquele que não faz parte de cidade alguma [ápolis], 
por natureza e não por acaso, é inferior ou superior a 
um homem.
ARISTÓTELES. Política. 1253a.
Com base na leitura desse trecho e em outras informações 
presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA um texto 
justificando, do ponto de vista do autor, essa afirmação.
07. (UFMG–2006) Leia este trecho:
Voltemos novamente ao bem que estamos procurando 
e indaguemos o que ele é, pois não se afigura igual 
nas distintas ações e artes; é diferente na medicina, na 
estratégia e em todas as demais artes do mesmo modo. 
Que é, pois, o bem de cada uma delas? Evidentemente, 
aquilo em cujo interesse se fazem todas as outras 
coisas. Na medicina é a saúde, na estratégia a vitória, 
na arquitetura uma casa, em qualquer outra esfera 
uma coisa diferente, e em todas as ações e propósitos 
é ele a finalidade; pois é tendo-o em vista que os 
homens realizam o resto. Por conseguinte, se existe 
uma finalidade para tudo que fazemos, essa será o bem 
realizável mediante a ação [...] Mas procuremos expressar 
isto com mais clareza ainda. Já que, evidentemente, os 
fins são vários e nós escolhemos alguns entre eles [...], 
segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o 
sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, se só 
existe um fim absoluto, será o que estamos procurando 
[...] Ora, nós chamamos aquilo que merece ser buscado 
por si mesmo mais absoluto do que aquilo que merece 
ser buscado com vistas em outra coisa [...] Ora, esse é 
o conceito que preeminentemente fazemos da felicidade.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco (Livro I, 1097 a . 1097 b). 
Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril 
Cultural, 1979. p. 54-55.
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
ideias presentes nessa obra de Aristóteles, JUSTIFIQUE 
esta afirmativa:
É absurdo perguntar para que queremos ser felizes.
Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo
38 Coleção Estudo
08. (UFMG–2008) Leia este trecho:
Com efeito, ter a noção de que a Cálias, atingido de tal 
doença, tal remédio deu alívio, e a Sócrates também, e, 
da mesma maneira, a outros tomados singularmente, é 
da experiência; mas julgar que tenha aliviado a todos os 
semelhantes, determinados segundo uma única espécie, 
atingidos de tal doença, como os fleumáticos, os biliosos 
ou os incomodados por febre ardente, isso é da arte.
ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I, cap. I. Tradução de 
Vinzenzo Cocco. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
Com base na leitura desse trecho e considerando outras 
informações presentes nessa obra de Aristóteles, REDIJA 
um texto, explicando, do ponto de vista do autor, a 
diferença entre arte (conhecimento técnico) e experiência.
SEÇÃO ENEM
01. Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os 
animais têm o poder de captar as impressões que atingem 
a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com 
a essência e considerar a sua utilidade, é o que só com 
tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a quem 
é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, 
por conseguinte, não é que reside o conhecimento, mas 
no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que 
parece, para atingir a essência e a verdade; de outra 
forma é impossível.
PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: 
Universidade Federal do Pará, 1973. p. 80.
Platão acredita que o conhecimento verdadeiro é possível 
de ser alcançado pelo homem. A parte da filosofia que 
trata da possibilidade do conhecimento é denominada 
epistemologia. De acordo com a epistemologia de Platão, 
para chegar ao conhecimento seguro, seria necessário que 
A) os homens confiassem nas impressões que recebem 
do mundo sensível, pois estas levam à formação de 
ideias por meio da repetição das experiências.
B) as impressões fossem comuns a todos os homens, 
uma vez que todos possuem as mesmas capacidades 
sensitivas que permitem o conhecimento do mundo.
C) os homens desconfiassem dos sentidos, pois 
suas variações entre os indivíduos podem levar à 
imprecisão sobre os objetos, fonte do conhecimento. 
D) o raciocínio humano a respeito das impressões fosse 
analisado em seus pormenores, uma vez que o 
conhecimento verdadeiro não pode admitir falhas ou 
erros.
E) os homens se dedicassem ao exercício da razão, uma 
vez que os sentidos, sendo imprecisos e variando em 
seus dados de homem para homem, podem levar ao 
engano. 
GABARITO
Fixação
01. Platão separa a realidade em duas dimensões. 
A realidade imaterial ou inteligível é a realidade do 
mundo superior, em que existem as ideias perfeitas 
e imutáveis. A realidade material ou sensível é a 
realidade do mundo real que pode ser percebida 
pelos sentidos. Esta realidade sensível é a cópia da 
realidade inteligível. Lá estão as formas, os modelos 
ideais que foram utilizados pelo Demiurgo, espécie 
de semideus, para criar todas as coisas do sensível. 
O que há no inteligível só pode ser conhecido por 
meio da razão, enquanto o sensível pode ser 
conhecido pela experiência. 
02. O “eternamente verdadeiro”, “eternamente belo” 
e “eternamente bom” referem-se às ideias do 
inteligível, ou ideias perfeitas, que são a origem e a 
essência do mundo sensível. A preocupação central da 
filosofia platônica é com o conhecimento verdadeiro, 
aquele que não é adquirido pela impressão das coisas 
no sensível, mas que é adquirido pelos homens na 
realidade superior, que é a realidade inteligível. 
Os termos se referem exatamente às ideias que 
são a perfeitas e imutáveis, por isso eternamente 
verdadeiras, eternamente belas e eternamente boas. 
03. Aristóteles, apesar de ser discípulo de Platão, 
discorda de seu mestre em relação ao caminho para 
o conhecimento, o que é chamado na filosofia de 
epistemologia. Segundo Aristóteles, não haveria dois 
mundos, como Platão afirmara, diferenciando um 
como perfeito e imutável e outro como imperfeito e 
mutável. Para Aristóteles, existe uma única realidade, 
e é nela que os homens devem encontrar as verdades. 
Desse modo, sua metafísica não busca o que está 
fora dos seres, mas busca nos próprios seres sua 
substância ou essência, que são encontradas pelo 
método indutivo, partindo da experiência sensível 
dos seres. 
Propostos
01. Para Platão, o significado dessa reviravolta seria 
a introdução de uma ciência numa alma que 
redirecionasse o olhar que estaria atrelado ao 
conhecimento sensível, este preso às crenças e 
opiniões (doxa), no qual poderíamos afirmar que não 
havia a “luz da verdade”. Esta passagem (poreia) 
ao conhecimento inteligível, este representado pela 
saída do “homem” da caverna (filósofo), se daria 
a partir do processo educacional (paideia) no qual 
homem seria corretamente orientado. Assim, após 
inúmeras ciências trabalhadas, o homem estaria 
apto a maior de todas as ciências, a dialética. Esta 
faria a conversão da alma, da noite para o dia, das 
trevas para a luz, e afastaria o “olhar” da alma da 
lama grosseira para elevá-la para a região superior 
(topos).
Frente A Módulo 04
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02. Segundo Platão, justiça é a ordem determinada pela 
própria natureza última dos seres. Dessa forma, 
ser justo, seria obedecer tal ordem, pois esta faz 
com que as coisas estejam de acordo com sua 
própria finalidade. Na citação anterior, Platão trata 
de sua teoria política, da ordem natural da cidade, 
formando então a cidade justa. Nesta, os melhores 
em inteligência,educados adequadamente na 
dialética pelos filósofos, seriam os responsáveis 
pelo governo, os chamados reis-filósofos. Abaixo 
destes, estaria a classe dos guerreiros ou soldados 
que, fiéis aos governantes, fariam com que as leis 
determinadas por estes fossem cumpridas pelo 
povo, que ocuparia o último estamento dessa 
pirâmide hierárquica. Dessa maneira, cumpriria-se 
a justiça na cidade, uma vez que cada homem 
ocuparia seu lugar e realizaria suas atividades 
segundo sua própria natureza. Só assim, segundo 
o filósofo, a cidade poderia ser feliz, ou seja, cada 
homem seria feliz quando ocupasse seu lugar 
devido, de acordo com sua natureza, e a própria 
cidade, governada dessa forma, proporcionaria a 
todos as condições para a felicidade. 
03. De acordo com a teoria do conhecimento de 
Platão, o conhecimento é resultado de um processo 
de lembrança de reminiscência. As ideias ou o 
conhecimento verdadeiro já estão no homem, que, 
uma vez no mundo inteligível, contemplava as 
ideias, como narra o mito de Er. Porém, a alma que 
um dia esteve na verdade perdeu suas asas e bebeu 
da água do rio do esquecimento, ao encarnar-se 
num corpo material. A partir desse momento, 
a alma daqueles que querem conhecer está em 
um contínuo processo de recordação, tentando, 
impulsionada pelo amor, recordar das ideias que 
um dia contemplou. Desse modo, o conhecimento 
é somente lembrança da verdade, que consiste nas 
ideias inteligíveis. 
04. Segundo Platão, há duas realidades que são 
essencialmente diferentes. A realidade inteligível é 
perfeita e fonte de tudo o que existe na realidade 
sensível. Ou seja, o que há na realidade sensível é 
cópia imperfeita das ideias do inteligível. Uma vez 
que o homem busca o conhecimento, este deve 
ser daquilo que é verdadeiro em si, ou seja, das 
ideias e não das cópias. As obras de arte são as 
representações do que já é representação, é a 
cópia da cópia. Dessa forma, as obras de arte não 
aproximam o homem da verdade, mas o colocam 
mais preso às coisas materiais, não libertando a 
alma para que encontre o verdadeiro conhecimento. 
05. O tipo de conhecimento da citação anterior é o 
conhecimento empírico ou sensível. Aristóteles 
acredita que o único caminho até o conhecimento 
verdadeiro é o uso da experiência, dos cinco 
sentidos. Dessa forma, a verdade é resultado das 
experiências do homem, quando este apreende, 
pelos sentidos, principalmente pela visão, os dados 
empíricos, sensíveis dos seres, que levam à ideia 
do ser, à sua essência ou substância. Tal processo 
lógico é conhecido como indução, pois parte das 
experiências particulares de seres da mesma 
espécie para se alcançar uma ideia geral sobre o ser.
06. Sabemos que Aristóteles coloca o homem como um 
“homem político”, “um ser social” dotado de um 
“instinto social”. Assim, o filósofo trabalha, nesse 
fragmento, a posição do homem perante a cidade a 
partir de dois pontos:
 1º O homem poderia ser superior se pudesse 
subsistir somente com ele próprio, sem a 
necessidade do outro. Este homem seria, acima 
de qualquer outro homem, “normal”, uma vez que 
esse homem “normal” necessariamente precisaria 
de uma sociedade para viver.
 2º O homem seria inferior, pois estaria fora da 
necessidade do homem da polis. Estaria em 
um estado de “condição natural”, ou seja, não 
estaria como homem, mas como um animal que 
não é político e subsiste de forma independente.
07. Ao analisarmos a obra de Aristóteles, Ética a 
Nicômaco, nos deparamos com o fato de que 
sermos felizes constitui uma atividade, e esta 
felicidade é realizada a partir de ações. Em cada 
ação, o homem busca um bem que é um bem si 
mesmo, um bem absoluto, e este bem se chama 
felicidade (eudaimonia). Ressaltamos que a busca 
da felicidade se dá a partir de ações que são 
realizadas no decorrer da vida, não somente restrita 
a um único momento. Dessa forma, seria absurdo 
perguntarmos para que queremos ser felizes, uma 
vez que a felicidade se constitui em cada ação 
realizada pelo homem, na busca do sumo bem 
(bem supremo) mediante a sua razão (atividade da 
alma segundo a razão). O homem deverá buscar 
o bem supremo, a felicidade, numa atividade 
constante, tendo assim o hábito para que atinja 
constantemente este bem maior no final de cada 
ação e no decorrer de sua vida, como ressaltado 
por Aristóteles. Para o filósofo, a felicidade plena 
é alcançada quando o homem exerce aquilo que o 
diferencia dos outros seres, a racionalidade, e esta, 
encontrando as virtudes entendidas com o justo 
meio entre os excessos e extremos, diz o que o 
homem deve fazer para se tornar um bom cidadão. 
08. Para Aristóteles, a primeira forma de conhecimento 
que adquirimos se faz a partir da experiência. 
Esta é formada a partir das sensações, arquivadas 
na memória e que, com a repetição, funda uma 
experiência única. A experiência é um conhecimento 
singular, particular, no qual o homem que a executa 
sabe como fazer, porém não conhece as razões, 
nem os porquês, mas sabe que resultará em uma 
ação efetiva, por exemplo, o remédio que deu alívio 
a Cálias e, logo após, a Sócrates. No momento em 
que o homem consegue unir várias experiências e 
colocá-las a partir de princípios universais, de juízos 
universais, cria-se a arte, por exemplo, saber que 
todos os doentes atingidos por tal doença serão 
aliviados. Arte é o conhecimento dos homens 
teóricos, que dominam os conhecimentos técnicos e 
que, por sua vez, sabem fazer e sabem “os porquês”. 
Portanto, Aristóteles julga que há mais saber e 
conhecimento na arte do que na experiência, que 
os homens de arte são mais sábios que os homens 
de experiência. No entanto, a arte ainda não é o 
conhecimento por excelência, obtido somente com a 
teoria ou ciência (metafísica) 
Seção Enem
01. E
Platão e Aristóteles: os mestres do pensamento antigo
2 Coleção Estudo
Su
m
ár
io
 -
 F
ilo
so
fia Frente A
05 3 Helenismo: a difusão da cultura grega e a busca pela felicidade
Autor: Richard Garcia Amorim
06 17 Filosofia cristã: a relação entre fé e razãoAutor: Richard Garcia Amorim
12 Coleção Estudo
Pi
er
re
 P
u
je
t
Alexandre visita Diógenes. O rei admirava tanto o “cão” que 
disse: “Na verdade, se eu não fosse Alexandre, gostaria de ser 
Diógenes”.
O encontro de Alexandre com Diógenes de Sinope. Pierre Pujet, 
1680. Museu do Louvre. 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01. Intelectual e espiritualmente, de fato, a época de 
Alexandre assinala na Grécia uma mudança decisiva, 
que afetou especialmente as minorias cultas. No novo 
mundo dos grandes impérios, quando a civilização grega 
já tinha se espalhado por todo o Oriente próximo, [...] os 
horizontes do indivíduo grego viam-se consideravelmente 
alargados, mas ao mesmo tempo este havia perdido o 
sentimento de segurança que a vida da antiga cidade 
podia lhe dar.
Segundo o texto, no Período Helenístico, “os horizontes 
do indivíduo grego viam-se consideravelmente alargados, 
mas ao mesmo tempo este havia perdido o sentimento 
de segurança que a vida da antiga cidade podia lhe dar”. 
REDIJA um texto explicando o que isso representou para 
os gregos dessa época.
02. EXPLIQUE por que a ideia de cosmopolitismo foi 
importante para o Período Helenístico. 
03. No Período Helenístico “a sensação de isolamento, 
desenraizamento e insegurança era, de fato, forte o bastante 
para estimular muitos homens a buscar uma forma de vida 
que lhes proporcionasse uma íntima sensação de segurança 
e estabilidade. Isto foi o que as novas filosofias do Período 
Helenístico se puseram a proclamar.”
A partir do trecho anterior, REDIJA um texto explicando a 
importância das escolas filosóficas para o Período Helenístico. 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UFMG) Leia este trecho:
Dependendo das condições anteriores, o mesmo vinho 
parece azedo para aqueles que acabaram de comer 
tâmaras ou figos, mas parece ser doce para aqueles que 
consumiram nozes ou grão-de-bico. E o vestíbulo da casa 
de banhos esquenta os que entram, mas esfria os que

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