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TEMA 03 LIMITE DE PENAS E UNIFICAÇÃO Aula 02 Fundamentos e Visão Crítica

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Módulo:
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Aula 02 – Fundamentos e Visão Crítica
O Código Penal estabelece, como limite máximo para o cumprimento das penas no 
Brasil, o patamar de 40 (quarenta) anos (art. 75). Por outro lado, afora a agravante da rein-
cidência, vislumbra-se que não há uma política criminal voltada à punição dos delinquentes 
habituais, profissionais ou mesmo perigosos.
No que tange a esses delinquentes habituais, convém observar que, em sistemas 
normativos alienígenas,  ainda é adotado o sistema do duplo binário, ou seja, aplica-se 
a medida de segurança além da pena, até que possa ser devidamente certificada a cessa-
ção de periculosidade (Alemanha e Itália); havendo também previsão de aplicação de prisão 
perpétua (França e EUA) ou pena de morte (EUA). 
Um exemplo a ser observado é Portugal que, hodiernamente, reconheceu que um 
dos problemas mais importantes no domínio da moderna política criminal, verdadeira pedra 
de toque da eficácia dos sistemas punitivos é, sem dúvida, o que diz respeito aos chamados 
delinquentes perigosos, criou-se a denominada pena relativamente indeterminada. Obser-
vou-se, no final do século passado, pelo aumento da reincidência que, desta feita, demons-
trou o insucesso da chamada escola clássica, um direito penal construído essencialmente 
sobre o fato era insuficiente para lutar contra a criminalidade, tornando claro que a especial 
periculosidade de certos delinquentes imputáveis não poderia ser prevenida por uma puni-
ção que limitasse a medida da reação criminal pela culpa essencialmente referida ao fato 
ilícito cometido.  
Sendo assim, os próprios representantes da escola clássica  na Europa  viram-
-se obrigados a transigir, por razões de ordem prática, com novas ideias de reação crimi-
nal, relacionadas diretamente com a personalidade do delinquente, vez que a perigosidade 
criminal de alguns destes não pode ser prevenida nos quadros da prisão normal (devem 
existir formas de internamento mais dilatado onde a segurança seja mais efetiva) e, bem 
assim, a readaptação social de determinados delinquentes não pode acontecer com um 
prazo certo tendo em vista os tipos de criminalidade ou de gravidade das formas de vida a 
que a perigosidade nesses casos se refere. Desta forma, a pena relativamente indetermina-
da é fixada na sentença condenatória com um mínimo e um máximo de duração, transferin-
do para a fase de execução a determinação do quantum exato de privação de liberdade que 
o delinquente deverá cumprir. 
E imprescindível debater a existência da criminalidade brutalizada, profissional, or-
ganizada e insistente, tomando medidas mais eficazes para o isolamento desses tipos de 
delinquentes.  
Deve-se almejar um equilíbrio no sistema de penalização, ao invés de uma padro-
nização, conforme a época, ora por meio de uma política de tolerância zero (edição de leis 
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5 Concurso de Crimes, Erro e Consequências da Condenação
inadequadas à realidade) ou, diametralmente oposto, pela liberação exagerada permitindo 
a aplicação de penas excessivamente brandas, praticamente despenalizadoras, a crimes 
graves, o que gera descrédito e desconfiança da sociedade sobre a capacidade do Estado 
de combater, com eficiência, a criminalidade crescente.  
Assim, para não se punir o criminoso eventual ou autor de delitos de pouca gravi-
dade com pena privativa de liberdade (cárcere não lhe será útil, nem tampouco valiosa será 
a sua detenção para sociedade) e, outrossim, para que não se aplique penas brandas ao 
criminoso por tendência, habitual ou profissional,  deve-se repensar  o sistema buscando 
soluções intermediárias, por exemplo, no que tange à extinção do duplo binário, vez que 
tal sistema possibilitava um acompanhamento especial dos delinquentes perigosos. 
O direito penal deve ser rigoroso com aquele que demonstra total desapego aos 
valores fundamentais, atacando e ferindo desmedidamente bens jurídicos protegidos, não 
devendo se contentar em simplesmente admitir um limite de 40 anos, acarretando, ao ser 
atingido, a libertação do condenado.  
É verdade que a Constituição veda a prisão de caráter perpétuo; entretanto, a aplicação 
de medida de segurança, por exemplo,  poderia ser um instrumento para  acompanhar o 
efetivo progresso do delinquente e, se inexistente, mantê-lo em regime de isolamento. Ou, no 
mínimo, ao atingir os 40 (quarenta) anos de cumprimento de pena, deveria ser adotada um 
tipo de liberdade condicional, mas nunca a definitiva extinção de punibilidade. 
Em suma, a limitação dos 40 (quarenta) anos é uma padronização inadequada, prin-
cipalmente se não houver providências no sentido de um acompanhamento especial dos 
delinquentes perigosos de forma a capacitar o Estado com instrumentos para conter, no 
isolamento, pessoas inaptas ao convívio social. 
A análise histórica conforme a tripartição clássica entre Antiguidade (até 
337), Idade Média (até a queda de Constantinopla, em 1453) e Idade Moder-
na é um bom marco investigativo[2]. 
 
Na antiguidade, a prisão era o local onde o imputado esperava seu julgamen-
to. Assim se evitava sua fuga. Essa era a função primordial da prisão. Em 
caso de condenação, o que quase sempre ocorria, a pena aplicada era cruel 
ou de morte. Na Antiguidade, a pena de prisão não existia e a morte era um 
alívio para aquele que aguardava seu julgamento em celas fétidas e imun-
das. No Digesto, Domicio Ulpiano consignou expressamente que “o cárcere 
deve existir para custodiar as pessoas, não para puni-las”[3]. 
 
A idade média também não conheceu – praticamente - o aprisionamento 
como sanção criminal sobre um delito praticado por alguém. As prisões 
continuaram a ser o local onde o acusado aguardava seu julgamento. Mas, 
em raras situações, a pena de prisão começou a ser aplicada. Eram casos 
excepcionais, em que a pena de mutilação prevista seria um exagero. 
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Tema 03 - Aula 02 6
 A igreja também adotou o encarceramento como forma de correção espi-
ritual do pecador, a fim de que ele refletisse, em isolamento celular, sobre o 
erro cometido, reconciliando-se com Deus. A inquisição usou o cárcere em 
larga escala para custodiar hereges até a pena de morte; em muito menor 
porção usou a prisão como pena para quem praticasse leves heresias. Por 
isso, costuma-se atribuir o gérmen da pena de prisão à época medieval. (...)
 
Código Penal  
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser 
superior a 40 (quarenta) anos.  
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma 
seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite 
máximo deste artigo. 
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, 
far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.EXTRADIÇÃO 1.360 DISTRITO FEDERAL RELATOR: MIN. GILMAR MENDES  REQ-
TE(S) :GOVERNO DA COLÔMBIA EXTDO.(A/S) :JOSÉ JULIÁN SERRANO ESPINOSA Extra-
dição instrutória. 2. Regência pelo Estatuto do Estrangeiro – Lei 6.815/80 – e pelo Tratado 
de Extradição entre o Brasil e a Colômbia –  Decreto 6.330/40. 3. Dupla tipicidade. Fato 
correspondente, em tese, ao art. 121, §2º, IV, do CP (homicídio qualificado). Dupla punibi-
lidade. 4.Alegação de razões humanitárias – supostas ameaças perpetradas pela família 
da vítima. Afirmação não demonstrada e sem indicativos de seriedade. 5. Direito do Estado 
requerente que comina para o fato pena de reclusão máxima superior a 30 (trinta) anos. A 
jurisprudência do STF é no sentido de que “tratando-se de fatos delituosos puníveis com 
prisão perpétua ou pena superior a 30 anos”, o Estado requerente deve assumir compro-
misso formal de comutação ou de limitação à “duração máxima admitida na lei penal do 
Brasil (CP, art. 75)”, ou seja, 30 (trinta) anos de reclusão. Decorrência da vedação de penas 
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7 Concurso de Crimes, Erro e Consequências da Condenação
de caráter perpétuo – art. 5º, XLVII, “b” da CF. Precedente: Ext. 1.151, Rel. Min. Celso de 
Mello, Tribunal Pleno, julgado em 17.3.2011. 6. Julgada procedente a extradição, condicio-
nada a entrega do extraditando a compromisso a ser assumido  pelo Estado requerente 
de a) limitar pena privativa de liberdade eventualmente aplicada ao máximo de 30 (trinta) 
anos; e b) computar o tempo de prisão preventiva para fins de extradição.(STF, Extradição 
nº 1.360, DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, d.j. 01/03/2016)
 
AMARAL, Cláudio do Prado. Evolução histórica e perspectivas sobre o encarcerado 
no Brasil como sujeito de direitos. Repositório USP. Disponível em:< https://repositorio.usp.
br/item/002349187 >. Acesso em 15 de maio de 2020.
Avena, Norberto. Processo Penal. 11 ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: 
MÉTODO, 2019.
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em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em 
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GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012, p. 
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Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal: volume único. 7ª ed. rev., 
ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.
Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal. 16ª ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 
2019.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 17. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2017, págs. 581-584. 
NUCCI, Guilherme de Souza.  Individualização da pena. 3. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2009, págs. 323-329. 
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