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Poliartrites Poliarticulares podem cursar inicialmente como monoarticulares. Diagnóstico de Poliartrites · Migratória → febre reumática, gonocócica (pode ser mono ou poliartrite). · Doenças reumatológicas sistêmicas → LES, artrite reumatóide, esclerose sistêmica, doenças de Behcet e Sjogren (acometimento de parótida e glândulas lacrimais, gerando xerostomia e xeroftalmia). · Vasculites sistêmicas → poliarterite nodosa, púrpura de Henoch Scholein, vasculites de hipersensibilidade. · Espondiloartropatias → espondilite anquilosante, artrite psoriásica, doença inflamatória intestinal, artrite reativa (Shiguella, Salmonela, Chlamýdia trachomatis, Yersinia, Campilobacter). · Artrites virais → Parvovirus B19, enterovírus, adenovírus, Epstein–Barr, coxsxackie vírus, citomegalovírus, HIV, hepatites, rubéola. · Endocrinopatias → Hipotireoidismo, hipertireoidismo e hiperparatireoidismo. · Outros: Sarcoidose, osteoartrite, fibromialgia, endocardite bacteriana aguda e síndromes paraneoplásicas. Artrite reumatóide Epidemiologia e fatores de risco: · Artrite reumatoide (AR) é uma condição de inflamação crônica que afeta cerca de 0,5-1% da população, em mulheres na 4ª ou 5ª década de vida, enquanto os homens apresentam acometimento mais tardio (6ª a 8ª décadas de vida) tornando-a uma das artrites inflamatórias mais comuns na prática médica. · Os fatores predisponentes incluem aspectos genéticos (HLA/epítopo compartilhado), hormonais (estrógeno, alterações da tireóide) e ambientais (tabagismo e infecções). · O risco de desenvolvimento da doença com história familiar positiva é de 3 a 5 vezes. História clínica: · Poliartrite de pequenas articulações, mas pode haver início monoarticular. · Rigidez matinal prolongada. · Edema e diminuição de força nos membros. · Fadiga, hiporexia e perda de peso. · Fatores de pior prognóstico: · Fator reumatóide positivo e em altos títulos. · Grande número de articulações acometidas. · Baixo nível sócio econômico e cultural. · Alta persistente da atividade da doença. · Gênero feminino. · Erosões precoces nas radiografias. · Histórico familiar altamente positivo. · Instalação insidiosa com duração de semanas a meses. · Frequentemente sintomas sistêmicos → febre baixa, perda de peso e fadiga. · Geralmente em pequenas articulações → dor, aumento do volume, rigidez prolongada e piora pela manhã. · Mãos são os locais mais frequentes, gerando grande incapacidade funcional. Manifestações extra-articulares: · Síndrome de Sjögren (35% dos pacientes com AR). · Vasculite de pequenos casos. · Doença arterial coronariana. · Pericardite (50% dos pacientes). · Pleurite, doença pulmonar intersticial, nódulos pulmonares, Síndrome de Caplan (AR+ nódulos pulmonares e pneumoconiose). · Ceratoconjuntivite, esclerite dolorosa. · Sintomas neurológicos: síndrome do túnel do carpo e do tarso. · Síndrome de Felty: AR + esplenomegalia + neutropenia. · Sintomas renais: raro, mas pode ocorrer nefrite membranosa, vasculite ou por amiloidose secundária. Exame clínico: · Proliferação sinovial (pannus). · Cistos sinoviais. · Nódulos reumatóides. · Doença tardia: Dedo em “pescoço de cisne” e em “botoeira”. Subluxação de metacarpofalangianas. Atrofia da musculatura extrínseca. Desabamento do arco plantar medial. Síndrome do túnel do carpo e túnel do tarso. Achados laboratoriais: · Anemia da doença crônica. · Trombocitose: como marcador de inflamação. · VHS e PCR. · Anticorpos antiproteínas citrulinadas (ACPA) - profilagrina, a filagrina e a vimentina. · Fator reumatóide – IgM, IgG ou IgA – 50% possuem nas fases iniciais e 25 % a 30% durante a evolução nos próximos 2 anos. Critérios classificatórios: Achados radiológicos: · Osteopenia periarticular → mais frequente. · Achados mais típicos precoces → redução do espaço articular e erosões ósseas (metacarpo falangianas e interfalângicas proximais). · Achados mais típicos tardios→ subluxações, perda do alinhamento articular e fusão dos ossos do carpo. Diagnóstico diferencial: · Síndromes virais → hepatites virais, HIV, rubéola, parvovírus B19, vírus Epstein-Barr. · Artrite psoriásica, artrite reativa. · Gota úrica e pseudogota (condrocalcinose). · Lupus eritematoso sistêmico. · Polimialgia reumática. · Doença de Still (artrite inflamatória, com manifestação de sintomas como dor e destruição das articulações, febre, erupção cutânea, dor muscular e perda de peso. · Síndromes paraneoplásicas. · Osteoartrites (erosiva das mãos). · Sarcoidose e febre reumática. Tratamento: · Antiinflamatórios não hormonais (AINH) → alívio dos sintomas. · Corticosteróides → melhora sintomática e retarda progressão radiográfica. · Antimetabólicos que inibem a síntese de DNA e a reprodução celular → Metotrexate: droga de escolha, melhora de sinais de atividade. · Antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina). · Antiinflamatórios e imunomoduladores → Sulfassalazina: monoterapia nos casos mais leves. · Inibidores de formação do diidroorotato e das tirosinoquinases → Leflunomida. · Imunobiológicos → Anti TNF alfa: etarnecepte, infliximabe, adalimumabe, certolizumabe, golimumabe. · Bloqueadores do receptor da IL-6 → tocilizumab e a sarilumab. · Moduladores da coestimulação de linfócitos → abatacepte. · Depletor de linfócitos B → rituximabe, tofanicibe. · Imunossupressores (formas mais graves) → azatioprina, ciclosporina, ciclofosfamida. Lupus eritematoso sistêmico · Doença crônica multissistêmica que afeta com maior frequência mulheres em idade fértil. · É caracterizado pela produção de autoanticorpos. Além dos sintomas constitucionais, a doença acomete mais frequentemente a pele e as articulações, embora serosite, nefrite, citopenias hematológicas e manifestações neurológicas possam ocorrer durante a evolução da doença. · Cursa com fases de remissão e exacerbações. Quadro clínico e diagnóstico: · Fadiga, mialgia, febre, perda de peso e linfadenomegalias. · Erupção cutânea malar (em asa de borboleta). · Erupção cutânea fotossensível. · Erupção cutânea discóide. · Úlceras orais. Fatores de risco: · Gênero feminino O estrógeno tem uma função imunorregulatória, funcionando de maneira semelhante ao Blyss/BAAF, uma vez que diminui a apoptose de linfócitos B e acelera a sua maturação. Também estimula macrófagos e linfócitos T. · Idade: entre 15 e 45 anos. · Descendentes de asiáticos/africanos na Europa e nos EUA. · Medicamentos. Diagnóstico laboratorial: · Hemograma completo e diferencial. · Tempo de tromboplastina parcial (TTP) ativada. · Ureia e eletrólitos. · Velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa. · Fator antinúcleo (FAN) → sensibilidades e especificidade de 95% -> alto valor preditivo negativo. Em 10% de indivíduos saudáveis, a positividade aumenta em outras doenças como as infecciosas, neoplásicas e auto-imunes órgão específicas (p.ex Tireoidite de Hashimoto) → técnica ELISA. Tratamento: · Inicial (se não houver contraindicações) → antimaláricos: cloroquina ou Hidroxicloroquina. · Corticóides → Antiinflamatórios e imunomodulatório. A longo prazo (hipertensão, diabetes e osteoporose). · Pulsoterapia → quando se deseja efeitos mais rápidos e imunossupressores. Metilprednisolona 1000 mg/dia /3 dias · Imunossupressores mais utilizados: metotrexato, azatioprina, micofenolato de mofetila, ciclofosfamida. · Tratamento baseado em sistemas acometidos: Acometimento cutâneo: · Proteção solar com FPS 30 a cada 4-6 horas. · Corticosteróide tópico de baixa potência como a hidrocortisona. Os de potência (pimecrolimo e clobetasol) para lesões graves. · Terapia sistêmica→ hidroxicloroquina ou cloroquina associada corticóide na fase aguda. · Lesões refratárias → metotrexato, azatioprina , micofenolato de mofetila ou ainda talidomida (neuropatia e efeito teratogênico). · Lesões bolhosas → Dapsona (bastante utilizada na hanseníase e dermatite herpetiforme). Acometimento articular: · Antimaláricos → hidroxicloroquina ou cloroquina nas artralgias e artrites. · Associar quando necessário AINH ou corticóide por via sistêmica em baixas doses até o iníciodos antimaláricos. · Casos refratários → metotrexato. · Casos refratários e intolerantes ao metotrexato→ azatioprina ou micofenolato de mofetila. Acometimento de serosas: · Pericardite e pleurite AINH ou corticosteróide em doses baixas a moderadas. · Serosite → doses altas de corticosteróides (prednisona 0,5-1mg/Kg) e punção de alívio se necessário. · Casos refratários → metotrexato, azatioprina ou micofenolato de mofetila. Acometimento hematológico: · Afastar outras causas inclusive medicações utilizadas no tratamento do LES. · Alteração mais encontrada: linfopenia. · Leucopenias associadas a infecções de repetição, deve se fazer uso de corticosteróide e profilaxia infecciosa. · Plaquetopenia ou anemia hemolítica grave→ pulsoterapia(1g/dia por 3 dias. · Risco de sangramento → Associar metilprednisolona e imunoglobulina EV. · Plaquetopenias crônicas →Danazol (androgênio de baixa potência). Acometimento renal: · Tratamento depende da classe histológica: - Proteinúria e hematúria significativas com aumento ou não de PA ou creatinina elevada→ golmerulonefrite proliferativa (III ou IV). - Alterações discretas do sedimento urinário (discreta proteinúria e hematúria) → glomerulonefrite mesangial (I ou II). - Tratamento em geral em duas fases: indução e manutenção. - Classes I e II → Inicial: Evitar agravamento das lesões incluindo diminuição da proteinúria→ IECA ou BRA. Proteinúria persistente >1g/24 horas→ Prednisona de baixa a moderadas doses associado a azatioprina. - Classes III ou IV→ Indução: Pulsoterapia com metilprednisolona EV e manter prednisona VO ou micofenolato de mofetila por 6 meses. Manutenção: Se a fase de indução foi satisfatória→ manter micofenolato de mofetila ou azatioprina. - Classes V→ Inicial: Evitar agravamento das lesões incluindo diminuição da proteinúria em até 30%→ IECA ou BRA. Proteinúria significativa →Prednisona em dose moderada+ micofenolato de mofetila por 6 meses. Casos refratários→ Ciclofosfamida, ciclosporina ou rituximabe. Espondiloartrites · Espondilite anquilosante. · Artrite psoriásica. · Artrite reativa. · Artrite associada a doença inflamatória intestinal. · Uveíte aguda com HALB27 positivo. Características clínica do grupo: · Dor lombar inflamatória caracterizada por 4 dos 5 seguintes: - 1) Início com idade < 40 anos. - 2) Progressão insidiosa. - 3) Melhora com exercício. - 4) Ausência de melhora com repouso. - 5)Dor à noite que melhora ao levantar. - Ainda: artrite periférica com sinovite atual ou pregressa. - Histórico familiar de 1º ou 2º graus. Espondilite anquilosante · Artropatia inflamatória progressiva crônica. · Os pacientes se apresentam com dor intensa e rigidez na coluna, que podem acabar causando alterações radiográficas na coluna e nas articulações sacroilíacas. Este estágio radiográfico é conhecido como espondilite anquilosante (EA). · A evolução da doença pode levar a fusão espinhal. A EA afeta principalmente o esqueleto axial, embora articulações periféricas, ênteses (conexões de tendões ou ligamentos ao osso) e locais extra-articulares, como o olho e intestino, sejam frequentemente afetados. · Pacientes com fusão espinhal total, sofrem de incapacidade extrema. · Prevalência → 0,1%. · Proporção homem-mulher → 3:1. · Artrite axial → 100%. · Características radiográficas → bilateral, simétrica, sindesmófitos marginais. · Artrite periférica → 25%. · Distribuição típica → monoarticular, oligoarticular. · Articulações típicas → quadril, joelho e tornozelo. · Uveíte → 30%. · Dactilite → incomum. · Achados → cutâneos nenhum. Artrite psoriásica · A artrite psoriática é uma doença articular inflamatória crônica associada com a psoríase. · Ela é uma artrite inflamatória soronegativa diferenciada da artrite reumatoide (AR) por várias características clínicas. Entre elas estão o frequente envolvimento articular de padrão inicial oligoarticular ou monoarticular, além do envolvimento da articulação interfalangiana distal (IFD). · Dactilite, um edema fusiforme de um dígito inteiro, e sacroileíte são manifestações não observadas na AR. · Ao longo do tempo, vários pacientes evoluirão para um padrão poliarticular do envolvimento articular com artrite erosiva. · Prevalência → 0,1%. · Proporção homem-mulher→1:1. · Artrite axial →20%. · Características radiográficas → unilateral, assimétrica, sindesmófitos volumosos. · Artrite periférica → 60% a 90%. · Distribuição típica → oligoarticular, poliarticular. · Articulações típicas → joelho, tornozelo e articulações interfalângicas distais. · Uveíte →15%. · Dactilite →25%. · Achados cutâneos → psoríase, onicólise, pitting nails, mancha de óleo. Artrite reativa · A artrite reativa (ARe) é uma artrite inflamatória que ocorre após a exposição a determinadas infecções gastrointestinais e geniturinárias. · A tríade clássica de artrite pós-infecciosa, uretrite não gonocócica e conjuntivite é descrita com frequência, mas encontrada somente em uma minoria dos casos e não é necessária para o diagnóstico. · As características incluem febre, artrite periférica e axial, entesite (inflamação do local de ligação entre tendões e ossos), dactilite (edema de um dedo inteiro do pé ou da mão), conjuntivite e irite, lesões cutâneas incluindo balanite circinada e ceratodermia blenorrágica. · Prevalência →0,05%. · Proporção homem-mulher→9:1. · Artrite axial →20%. · Características radiográficas→ unilateral, assimétrica, sindesmófitos volumosos. · Artrite periférica → 90%. · Distribuição típica → monoarticular ou oligoarticular. · Articulações típicas → joelho e tornozelo. · Uveíte →15-20%. · Dactilite→30-50%. · Achados cutâneos → úlceras orais, ceratoderma blenorrágica. Espondiloartrites– manejo: Avaliar: · Atividade da doença→ dor, rigidez matinal, e fadiga. · Função→ mobilidade espinal, atividades e produtividade. · Dano estrutural → lesões osteoproliferativas e destrutivas do esqueleto axial, periférico e enteses. · Níveis dos sintomas e estado clínico geral. · AINH→1 ªescolha para controle da dor e rigidez( pode se associar opioides e analgésicos). · Glicocorticóides→ intrarticulares em monoartrites ou vo em doses baixas. Agravação da psoríase cutânea na retirada do medicamento. · Imunobiológicos → agentes anti-TNF alfa. Tratamento da artrite psoriásica de acordo com a manifestação predominante: · Artrite periférica → AINH, corticóides intra-articulares, metotrexato, ciclosporina, leflunomida, anti-TNF alfa. · Pele e unha → tópicos, PUVA/PUVB, metotrexato, ciclosporina, anti-TNF alfa. · Axial → AINH, fisioterapia, antiTNF alfa. · Dactilite e entesite → AINH, infiltração com corticosteróide, anti-TNF alfa. VCM - VITÓRIA CORREIA MOURA