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Metodologia e prática de alfabetização e letramento Pedagogia Aula 5 Profa. Flávia • “Alfabetização: o método em questão”, a autora resgata aspectos históricos dos métodos de alfabetização, discutindo que os mesmos são “uma” questão e não “a” questão. Por “questão” ela atribui dois sentidos diferentes e, a nosso ver, complementares: “dificuldade a resolver” e “controvérsia, polêmica”. • O debate entre métodos sintéticos e analíticos é um exemplo dessa questão, que perpassou no tempo histórico da Educação Brasileira, demonstrando uma dualidade, ora tratando- os como “tradicionais” ora como “inovadores”. • Com a chegada do paradigma cognitivista, com a denominação “construtivista”, tais métodos são questionados por terem como foco o “ensino” e não a “aprendizagem”. • O eixo do debate deixa de ser o método necessário para garantir a aprendizagem, passando para o sujeito que aprende. A partir desse momento, os métodos são vistos com uma conotação negativa e o movimento passa pela defesa da “desmetodização”. • o conceito de letramento que chega ao Brasil a partir de 1980, designando as práticas sociais da língua escrita. • Apresenta as muitas facetas relativas ao processo de apropriação da língua escrita: linguística, interativa e sociocultural. • Cada uma delas tem como especificidade um objeto de conhecimento diferente, porém todas compõem o processo de aprendizagem da língua escrita. • Soares propõe na obra aprofundar a faceta linguística, justificando tal opção por considerá-la alicerce das demais facetas, atrelada à discussão dos métodos de alfabetização e também às próprias demandas e problemas do ensino atual. • “Fases de desenvolvimento no processo de aprendizagem da escrita”, a autora traz teorias que discutem o desenvolvimento da leitura e da escrita. • Pontua a perspectiva de interação entre desenvolvimento e aprendizagem, fatores internos (processos cognitivos) e externos (experiências socioculturais), afirmando o princípio de ação recíproca entre estes. • A partir dessa premissa apresenta os diferentes autores e perspectivas que têm estudado o desenvolvimento da escrita e da leitura, por meio da organização de fases do desenvolvimento. Evolução da escrita na humanidade: Pictográfica Ideográfica Alfabética • Sistema de Escrita Alfabética • Tudo começa pelo desenho ...... As etapas do desenho infantil • PIAGET (1976) • As etapas do desenho infantil PIAGET (1976) • Garatuja: Desordenada; Ordenada • Pré-Esquematismo • Esquematismo • Realismo • Pseudo Naturalista Fase a Garatuja, que se subdivide em: Garatuja Desordenada e Garatuja Ordenada. Período relacionado com a fase Sensório- Motora (0 a 2 anos) e também parte da Pré-Operatória (2 a 7 anos). Garatuja Desordenada Garatuja: Ordenada Fase :Pré-Esquematismo • A segunda fase destacada por Piaget (1976), é a Pré-Esquematismo, (pré-operatória) que por sua vez faz relações entre desenho, pensamento e realidade. • Esta descoberta para a criança parte de suas emoções, onde seus traçados ou cores não têm relação com características reais, apenas utilizam da sua imaginação para desenharem e estes elementos finais são dispersos que não se relacionam entre si. • surge o homem girino, que apresenta vários tentáculos em seu corpo Esquematismo • Esta fase está relacionada com a fase de desenvolvimento das Operações Concretas que ocorrem dos 7 aos 10 anos de idade • caracteriza-se pelos esquemas representativos que se inicia na construção de novas formas que por ela eram isentas. • A cada categoria de objetos a criança cria uma forma diferente de expressão e entendimento. Exemplo: categoria = pássaro, forma = letra V. • Ainda neste estágio elas percebem o uso da linha do caderno como base, facilitando sua escrita e também seus traçados e descobrem a relação cor-objeto, característica que era desconhecida na fase anterior, pois partiam de suas emoções e não da realidade. • Realismo (9 a 12 anos): • Piaget (1976) destaca na quarta fase o Realismo, final das operações concretas • as crianças abandonam a linha de base que é encontrada na fase do Esquematismo e aderem às formas geométricas, na qual aparecem com maior rigidez e formalismo. • colocam uma acentuação nas roupas dos seus personagens para diferenciarem os sexos, mas sua consciência consegue perceber as diferentes características, ou seja, o que é para menino e o que é para menina. • Pseudonaturalista ou Idade da razão (por volta de 12 a 14 anos) • essa etapa marca o início da racionalização do pensamento, onde o jovem já não se satisfaz apenas com o processo de criar, mas com o resultado deste processo. • Última fase do desenho infantil de Piaget (1976) é a fase do Pseudonaturalismo, que põe fim da arte como atividade espontânea e inicia-se uma investigação de sua própria personalidade, tem como características o realismo, a objetividade, a profundidade, o espaço subjetivo e também o uso consciente da cor em seus traçados • Outra explicação teórica sobre o desenvolvimento do desenho da criança .... A caracterização dos Rabiscos e a contribuição de Marthe Berson: • Os rabiscos são as primeiras manifestações das crianças sobre o papel, sendo que muitos acreditam que esse gesto de rabiscar não há significado nenhum, mas iremos apresentar que através dos rabiscos é que tudo se inicia, é a primeira expressão significativa da criança. • Portanto, podemos chamar este estágio de evolução do desenho informal, ou seja, a criança não tem um desejo de traçar com precisão, o que se torna no plano plástico: o borrão ou aglomerado e no plano gráfico, que são os rabiscos. • Berson colabora com os seus estágios de desenvolvimento no livro de Mèredieu (2006), que analisa três estágios dos rabiscos, são eles: • 1 – Estágio Vegetativo Motor • 2 – Estágio Representativo (por volta dos dois e três anos de idade) • 3 - Estágio Comunicativo (começa entre os três e quatro anos) • 1 – Estágio Vegetativo Motor (por volta dos dezoito meses): Acontece quando a criança desenha de formas circulares (arredondado, convexo ou alongado) sem tirar o lápis do papel, estilo próprio de cada indivíduo. • Estas muitas informações que partem do centro são nada mais do que uma simples excitação motora, ou seja, ela rabisca por prazer. 2 – Estágio Representativo (por volta dos dois e três anos de idade) • Ao contrário do estágio anterior, neste a criança já torna possível o levantamento do lápis, o aparecimento deformas mais isoladas, ou seja, ela passa do traço contínuo para o descontínuo, tornando seu ritmo mais lento e a tentativa de produzir objetos e comentários verbais do desenho. 3 - Estágio Comunicativo (começa entre os três e quatro anos) • acontece a imitação da escrita do adulto. Ela tenta se comunicar com outras pessoas através da vontade de escrever, tornando sua escrita fictícia, na qual é parecida com os dentes de uma serra. • boneco girino esta capacidade da criança, neste desenho ocorre também o aparecimento da irradiação. • A criança percebe que consegue realizar combinações como: “círculos tangentes exteriormente, figuras circulares englobando outras figuras, ovóides secantes, etc.” (MÈREDIEU, 2006, p. 30). ............. Do desenho até as letras .... Existe uma evolução ..... • A perspectiva psicogenética, muito conhecida no Brasil pelos educadores, representada pelas teorias de Ferreiro e Teberosky (1985; 1986). • Estas investigaram os processos cognitivos das crianças, envolvendo a construção de suas hipóteses e conceitos a respeito da escrita, entendendo-a como um sistema de representação. A perspectiva Psicogenética: Ferreiro e Teberosky. • As autoras definem cinco níveisdo desenvolvimento da escrita: desde um primeiro, que parte dos grafismos e garatujas infantis até níveis posteriores, nos quais as crianças vão processualmente partindo de concepções de escritas sem correspondência com o valor sonoro, até escritas com essa correspondência, chegando ao princípio alfabético Psicogênese da língua escrita • Psicogênese da língua escrita : Uma explicação teórica Para aprender o sujeito constrói hipóteses sobre o funcionamento do sistema de escrita Hipóteses de escrita: níveis conceituais • Pré silábico • Silábico - Sem valor sonoro - Com valor sonoro • Silábico Alfabético • Alfabético Hipótese Pré-Silábica • O aluno utilizou apenas letras, diferenciando- as dos números. Embora repita em todas as palavras as letras L-I- M-N, podemos dizer que já apresenta um bom repertório de letras, embora ainda as use de forma aleatória. Neste nível, o aluno considera que coisas diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito. Hipótese Silábica • já supõe que a escrita representa a fala; • tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras; • já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba; • em frases, pode escrever uma letra para cada palavra. • Pode representar ou não valor sonoro. • Como já entende que a escrita está relacionada à fala, a criança busca, em sua escrita, registrar com uma letra ou outro sinal cada sílaba oral (ou seja, faz registros gráficos toda vez que pronuncia um som da língua). • A leitura silabada nesta fase está associada a esse entendimento, o que representa uma descoberta importante da criança: a de que a palavra é fragmentável, ou seja, constituída por partes sonoras. • Há associação de cada sílaba a uma letra, mas ainda não relaciona o registro escrito ao som da fala. • Este aluno está utilizando a hipótese silábica com valor sonoro. • Nesta fase, cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, em geral representada pela vogal, mas não exclusivamente. • A leitura é silabada. CARACTERÍSTICAS (aquilo que já sabe): - Compreende que a escrita representa os sons da fala; - Percebe a necessidade de mais de uma letra para a maioria das sílabas; - Reconhece o som das letras; - Pode dar ênfase a escrita do som só das vogais ou só das consoantes: bola = oa ou bl; - Atribui o valor do fonema em algumas letras: cabelo = kblo. Hipótese Silábico-Alfabética • Esta fase marca a transição do aluno da hipótese silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas. • Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba. • Agora, falta-lhe dominar as convenções ortográficas. CONFLITOS VIVIDOS PELA CRIANÇA NESTA ETAPA: - Por que escrevemos de uma forma e falamos de outra? - Como distinguir letras, sílabas e frases? - Como aprender as convenções da língua escrita? HIPÓTESE ALFABÉTICA O que precisa saber: - Preocupação com as questões ortográficas e textuais (parágrafo e pontuação). -Usar a letra cursiva. Felipe – 7 anos – Escrita Alfabética ESCRITA ALFABÉTICA: ATIVIDADES FAVORÁVEIS: -Todas as anteriores; - Leituras diversas; - Escrita de listas de palavras que apresentem as mesmas regularidades ortográficas em momentos em que isto seja significativo; - Atividades a partir de um texto: leitura, localização de palavras ou frases; ordenar o texto; -Jogos diversos como bingo de letras e palavras; forca... • Estudo de caso. • FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001. • LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. São Paulo: Mestre Jou, 1977. • Soares, M. (2016). Alfabetização: A questão dos métodos. São Paulo: Contexto, 377p. • MÈREDIEU, Florence de. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 2006. • PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.