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Brenda Gouveia Ramos Hipertensão Arterial Sistêmica Caso clínico Discussão Sons que confundem com b3 – desdobramento de b2 e extrassístole. O paciente não tem quadro clinico de insuficiência cardíaca, não é muito comum ter B3, mas B4 pode ocorrer na hipertensão arterial por conta de hipertrofia de ventrículo. A presença de uma terceira bulha indica a gravidade da doença. Para diferenciar B3 de desdobramento de B2, solicita que o paciente faça apneia no momento da ausculta, pois, o desdobramento de B2 ocorre junto com a inspiração. Suspeita de insuficiência cardíaca afastada pelo estilo de vida do paciente, que faz caminhada e sobe escadas, além de que uma B3 isolada não seria o suficiente para desconfiar da insuficiência cardíaca, sem os outros sintomas. (Dispneia, edema de MMII, etc) MAPA – desnecessário porque não há dúvidas que ele é hipertenso. Não é síndrome de jaleco branco porque ele afere a pressão em casa. Mas poderia até ser solicitado para monitorar o tratamento. Dos exames solicitados, acrescentaria pesquisa de ISTs, sorologias, colonoscopia, sangue Brenda Gouveia Ramos oculto nas fezes, função renal (muda a conduta do tratamento), microalbuminúria. Classificação de hipertensão arterial: grau 2. A hipertensão primária é multifatorial. Fatores de risco: má alimentação, sedentarismo, tabagismo, etilismo, história familiar, stress. Terapia não farmacológica: Dieta DASH – abordagem dietética para parar hipertensão. É uma dieta com pouco sal, rica em arroz (questiona-se essa recomendação pelo excesso de carboidrato), rica em frutas e verduras, retirar os alimentos industrializados e ultra-processados. Diminuir o sódio da dieta – Recomendação de sal diária para a população geral é de 2 g/dia. No Brasil se consome cerca de 6 g/dia. (Pesquisei na internet e os valores foram diferentes) Pessoas pardas e negras no geral respondem melhor a restrição de sal. Exercícios físicos – aeróbicos e de força (pegar muito peso não é muito recomendado se tiver muito hipertenso). O ideal é o paciente começar com atividades aeróbicas leves, como a caminhada e depois progredir para exercícios de força. Perda de peso – Se esse paciente perder de 4 a 5 quilos melhora o controle da PA. Evitar consumo de bebida alcoólica e parar de fumar – paciente hipertenso tem que largar o cigarro. Técnicas de combate ao stress – terapia, respiração, meditação, atividade física, yoga. Terapia Farmacológica: O paciente com esse grau de hipertensão é provável que só responda a mais de um fármaco. Até 140 por 80 pode fazer mudança de estilo de vida de 6 meses a 1 ano para tentar controlar, antes de introduzir a farmacoterapia. Terapia de primeira linha da HAS: Diuréticos Tiazídicos, IECA, BRA, BCC. Jamais usar IECA e BRA juntos. No caso dele, pode começar com Losartana (BRA) e associar a Hidroclorotiazida e se precisar, associar a Anlodipina (BCC di- hidropiridínico). Classes devem ser distintas. Normal S (<120) D (<80) Pré HAS 121-139 81-89 HAS 1 140-159 90-99 HAS 2 160-179 100-109 HAS 3 >180 >110 Brenda Gouveia Ramos Tiazídicos: Hidroclorotiazida HAS não resistente / Clortalidona HAS resistente Efeitos colaterais: Aumento da glicemia – induz a enzima hepática glicogênio- fosfatase, converte o glicogênio hepático em glicose. Pode ter também aumento de ácido úrico e triglicérides, hiponatremia e hipocalemia. Tomar cuidado com pacientes diabéticos e pré-diabéticos, dislipidêmicos e pacientes com gota. Vantagens: É uma medicação antiga, eficaz e barata, evita complicações cardiovasculares. Pode ser combinada com IECA ou BRA. IECA: Captopril / Enalapril - maior meia vida Efeitos colaterais: tosse – por causa do aumento da bradicinida no pulmão, que é um vasodilatador. Grávidas não podem usar por causa de risco de malformação fetal. São menos eficientes que os BCCs. Não funcionam tão bem em negros. Mas potencializam o efeito se associados a BCC ou tiazídico. Vantagens: São renoprotetores: causam dilatação da arteríola eferente, diminui a pressão intraglomerular e inibem o remodelamento cardíaco. BRA: Losartana / Valsartana Efeitos colaterais: dor de cabeça. Geralmente é uma medicação bem tolerada, mas é menos eficaz que os IECAs. Vantagens: não causam tosse e também tem o efeito pleiotrópico de cardio e renoproteção. B-bloqueador não é de primeira linha, mas pode ser associado a depender de outras comorbidades, é indicado para pacientes com HAS que já tem doença arterial coronariana, com passado de IAM e com IC compensada. Os mais usados são Metoprolol, Carvedilol, Atenolol. Entretanto não é indicado para quem tem problemas respiratórios (asma – causa broncoconstrição) e não é tão seguro para diabéticos, pois mascara a taquicardia – sintoma de hipoglicemia. OBS - Fármacos que aumentam a pressão: descongestionante nasal, sibutramina, fármacos mais antigos para obesidade e emagrecimento. O objetivo da terapia é manter a pressão abaixo de 140x90. Hipertensão resistente: quando o paciente já usa a dose máxima dos 3 fármacos de classes diferentes. O ideal é que paciente com hipertensão resistente seja assistido por médico especialista em tratamento de hipertensão. O profissional que mais comumente se especializa em hipertensão é o nefrologista, porque geralmente a causa de base é problema renal. Causa de hipertensão resistente: má adesão terapêutica e hipertensão secundária. A hipertensão é assintomática por isso é comum má adesão terapêutica. Hipertensão secundária É causada por uma doença de base, que ao tratar a causa, melhora a pressão arterial. Quando suspeitar? Além da HAS resistente, paciente jovem ou > 50 anos que subitamente se tornou hipertensivo. Quadro abrupto – evolução maligna. Doenças renais são as causas mais frequentes. - Glomerulonefrite - Insuficiência Renal - Pielonefrite - Rim policístico - Uropatia obstrutiva Brenda Gouveia Ramos Estenose de artéria renal Achados: sopros à ausculta abdominal Exames complementares: angioTC, angioRM ou arteriografia da artéria renal, USG com doppler é menos sensível. Tratamento: é cirúrgico e curativo, angioplastia com stent ou revascularização cirúrgica. Hipercortisolismo Achados: síndrome de Cushing: deposição de gordura centrípeta, estrias violáceas, osteoporose, pletora facial. Exames complementares: Cortisol urinário, Cortisol salivar noturno, teste da Dexametasona, investigar o adenoma com exame de imagem. (Professor falou dosagem de cortisol sérico matinal, mas isso não está certo porque todo mundo acorda com cortisol alto e além disso cortisol sérico não serve para diagnóstico de Cushing, tem que ser o urinário.) Tratamento: causa exógena – desmamar o corticoide; Adenoma da suprarrenal/hipofisário – geralmente cirúrgico. Hiperaldosteronismo primário - adenoma Achados: hipocalemia, nódulo adrenal, sintomas inespecíficos de TGI. Diagnóstico: dosagem de ACTH, exames de imagem Tratamento: cirúrgico. Hipertiroidismo Achados: taquicardia, bócio, etc. Diagnóstico: TSH, T4 Tratamento: medicamentos antitireoidianos, iodo radioativo ou cirurgia. Coarctação de aorta Achados: Pulsos assimétricos e PA assimétrica Diagnóstico: AngioTC ou Angio RM Tratamento cirúrgico. Apneia do sono Achados: sonolência durante o dia, roncos intensos, geralmente tem obesidade central com papada. Diagnóstico: polissonografia. Tratamento: CEPAP e perda de peso. Na HAS resistente, se a causa não for secundária, teremos que entrar com fármacos de 2ª linha.B-Bloqueador Atuam bloqueando o receptor B1, diminui o débito cardíaco, diminui liberação de renina. Atenolol – seletivo relativo de B1 Metoprolol – cardiosseletivo, apenas B1 Carvedilol – cardiosseletibo, atual em B1 e A1 Alfa-Bloqueador – Prazosina, Doxazosina Geralmente associado a tiazídico. Efeitos colaterais: retenção de líquidos, taquicardia, descompensam a IC. Vantagens: agem bloqueando os alfa- receptores dos vasos, reduz resistência periférica pela vasodilatação, melhoram o fluxo para o músculo esquelético, aumentam a sensibilidade a insulina, melhora os sintomas de prostatismo. Brenda Gouveia Ramos Vasodilatadores diretos: Hidrolazina – ICC/IRC; Minoxidil – Calvície; Nitroprussiato de Na+ – cuidado com o cianeto. Efeitos colaterais: ativação simpática reflexa, taquicardia, edema de MMII. Diuréticos poupadores de K+ - Espironolactona (Antagonista da aldosterona) A tendência atual é que a espironolactona seja a 4ª droga de escolha, porque a literatura mostra que muitos pacientes com HAS resistente têm hiperaldosteronismo e essa droga funciona muito bem para esses casos. Além disso, pacientes negros respondem bem a ela. Efeito colateral – ginecomastia em homens. Furosemida Muito usada em pacientes renais crônicos ou com ICC. Efeito colateral: seca o paciente, cuidado com eletrólitos. Todo paciente em uso de diurético crônico, a cada consulta médica de 2 a 3 meses, tem que dosar eletrólitos e função renal, principalmente sódio potássio e ureia e creatinina. Para não causar Iatrogenia.