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1 P2 1. Explicar sobre as vias retinais (anatomia) O olho é um órgão sensorial que funciona como uma câmera. Ele foca a luz sobre uma superfície sensível à ela (retina) utilizando uma lente e uma abertura (pupila), cujo tamanho pode ser ajustado para modificar a quantidade de luz que entra. A visão é o processo pelo qual a luz refletida pelos objetos em nosso meio externo é traduzida em uma imagem mental. Esse processo pode ser divido em três etapas: a) A luz entra no olho e a lente (cristalino) a focaliza na retina b) Os fotorreceptores da retina transduzem a energia luminosa em um sinal elétrico c) As vias neurais da retina para o cérebro processam os sinais elétricos em imagens visuais O olho é protegido pelo crânio e possui seis músculos extrínsecos associados à sua superfície externa, controlando os movimentos oculares, os quais são inervados pelos nervos cranianos III, IV e VI. As pálpebras superiores e inferiores se encontram na superfície anterior do olho, e o aparelho lacrimal, um sistema de glândulas e ductos, mantém um fluxo contínuo de lágrimas que lavam a superfície exposta, de modo que ela permaneça úmida e livre de partículas. A secreção lacrimal é estimulada por neurônios parassimpáticos do nervo craniano VII. A pupila é uma abertura através da qual a luz entra para o interior do olho. Seu tamanho varia com a contração e o relaxamento de músculos lisos da pupila. O olho é uma esfera oca dividida em duas câmaras separadas por uma lente, o cristalino, um disco transparente que focaliza a luz e é suspenso por ligamentos chamados de zônulas ciliares • A câmara anterior é preenchida por humor aquoso, um líquido similar ao plasma, que é secretado pelo epitélio ciliar que sustenta a lente • A câmara posterior, postrema ou vítrea, é muito maior e é preenchida por humor vítreo, uma matriz gelatinosa que ajuda a manter a forma do bulbo do olho. • A parede externa é chamada de esclera e é formada de tecido conjuntivo A luz entra na superfície anterior do olho através da córnea, um disco de tecido transparente que é a continuação da esclera. Depois de passar pela abertura da pupila, ela chega a lente, que possui duas superfícies convexas. Juntas, a córnea e a lente desviam a direção dos raios de luz que entram, para que eles sejam focalizados na retina, o revestimento do olho sensível a luz que possui os fotorreceptores. Na retina, as veias e artérias se irradiam a partir do disco óptico, local onde os neurônios da via visual formam o nervo óptico, e então, saem do olho. Os nervos ópticos vão dos olhos para o quiasma óptico, no encéfalo, onde algumas fibras cruzam para o lado oposto. Após fazer sinapse no corpo geniculado lateral do tálamo, os neurônios da visão finalizam seu trajeto no córtex visual do lobo occipital. As vias colaterais vão do tálamo para o mesencéfalo, onde fazem sinapse com neurônios eferentes do nervo craniano III, os quais controlam o diâmetro pupilar. 2. Conhecer a neurofisiologia da visão A luz proveniente do meio externo entra no olho: a quantidade que chega aos fotorreceptores é modulada pelo diâmetro da pupila e é focalizada por alterações no formato da lente. Na luz brilhante do sol, as pupilas reduzem seu diâmetro para cerca de 1,5 mm, devido a estímulo parassimpático, que contrai o músculo esfíncter (circular) da pupila. No escuro, a abertura da pupila dilata até 8 mm, aumentando cerca de 28 vezes o diâmetro pupilar. A dilatação ocorre quando os músculos dilatadores da pupila (radiais), perpendiculares aos músculos circulares, contraem-se sob o comando de neurônios simpáticos. 2 Além disso, as pupilas também controlam a profundidade de campo. A profundidade do campo total é criada pela constrição da pupila, de modo que somente um estreito feixe de luz entra no olho. Desse modo, uma maior profundidade da imagem é focalizada na retina. Quando os raios de luz passado ar para um meio com densidade diferente, eles refratam. Ao entrar no olho, a luz é refratada duas vezes: quando passa pela córnea e ao passar através da lente. • A refração é maior na córnea, já que, quando a luz passa de um meio para o outro, o ângulo de refração (o quanto o raio da luz será encurvado), é influenciado por (1) a diferença na densidade dos dois meios e (2) pelo ângulo no qual o raio de luz encontra a superfície do meio em que ele está passando. - Os raios de luz paralelos que chegam em uma lente côncava são refratados em um feixe mais largo. - Os raios de luz paralelos que chegam em uma lente convexa se curvam para dentro e são focalizados em um ponto. Esse tipo de lente converge os raios de luz. • Nesse caso, o ponto onde os raios convergem é chamado de ponto focal. • A distância entre o centro de uma lente e seu ponto focal é chamada de comprimento focal. - Para qualquer lente, a distância focal é fixa. Para mudar a distância focal o formato da lente deve ser alterado. - Quando a luz de um objeto passa através da lente do olho, o ponto focal e a imagem do objeto devem incidir precisamente na retina para que o objeto esteja em foco. - Para o olho humano normal, qualquer objeto que está a 6 metros ou mais do olho emite raios de luz paralelos, que estarão em foco quando a lente estiver mais plana. - No caso de objetos a menos de 6 metros, os raios luminosos incidem na lente em ângulo oblíquo, o que muda a distância da lente até a imagem do objeto. O ponto focal fica atrás da retina e a imagem se torna fora de foco. - Para manter um objeto próximo no foco, a lente deve se tornar mais arredondada para aumentar o ângulo de refração. Ao se tornar mais convexa, sua distância focal diminui, fazendo os raios luminosos convergirem na retina, e não atrás dela, assim o objeto entra em foco. - O processo pelo qual o olho ajusta a forma da lente para manter os objetos em foco é denominado acomodação e a menor distância na qual conseguimos focalizar um objeto é chamada de ponto próximo de acomodação - O músculo ciliar controla o formato da lente. Se os ligamentos não exercem tensão na lente, ela assume sua forma esférica natural, devido à elasticidade da sua cápsula. Se os ligamentos tensionam a lente, ela se torna mais plana e assume a forma necessária para a visão à distância • Quando o músculo ciliar está relaxado, o anel muscular está mais aberto e a lente é tensionada, assumindo uma forma mais plana. Quando o músculo ciliar se contrai, o anel fica menor e libera a tensão nos ligamentos, fazendo a lente ficar encurvada. Fototransdução Na segunda etapa da via visual, os fotorreceptores da retina convertem a energia luminosa em sinais elétricos. Esse processo é chamado de fototransdução. Para os seres humanos, a luz visível é limitada à energia eletromagnética de ondas que têm uma frequência de 4,0 a 7,5 x 10¹4 ciclos por segundo (hertz, Hz) e comprimento de onda de 400 a 750 nanômetros (nm). A energia eletromagnética é mensurada em unidades chamadas de fótons. A retina se desenvolve a partir do mesmo tecido embrionário que o encéfalo, e seus neurônios são organizados em camadas. • Há cinco tipos de neurônios nas camadas da retina: fotorreceptores, células bipolares, células ganglionares, células amácrinas e células horizontais Atrás da porção fotossensível da retina humana há uma camada escura de epitélio pigmentado (estrato pigmentoso). Sua função é absorver qualquer raio de luz que não chegue aos fotorreceptores, evitando que essa luz seja refletida no interior do olho e provoque distorção na imagem. A cor escura das células epiteliais é devida aos grânulos do pigmento melanina. Os fotorreceptores são os neurônios que convertem a energia luminosa em sinais elétricos. Há dois tipos principais de fotorreceptores, cones e bastonetes. Você poderia esperar que os fotorreceptores estivessem na superfície da retina voltada para a câmara vítrea, onde a luz chegará primeiro, contudo, as camadas daretina na verdade estão em ordem inversa. Os fotorreceptores estão na última camada, com suas extremidades fotossensíveis em contato com o epitélio pigmentado. A 3 maior parte da luz que entra no olho deve passar através das várias camadas relativamente transparentes de neurônios antes de chegarem aos fotorreceptores. Uma exceção a este padrão organizacional ocorre na pequena região da retina conhecida como fóvea. Essa área é livre de neurônios e vasos sanguíneos que poderiam interferir na recepção da luz, de modo que os fotorreceptores recebem a luz diretamente, com o mínimo de distorção. Como mencionado anteriormente, a fóvea central e a mácula lútea circundante são as áreas de maior acuidade visual, e constituem o centro do campo visual. Quando você olha para um objeto, a lente focaliza a imagem na fóvea. Além disso, a imagem na retina é invertida. O processamento visual subsequente pelo encéfalo inverte a imagem de novo, de modo que a percebemos na orientação correta. A informação sensorial sobre a luz passa dos fotorreceptores para os neurônios bipolares, e, então, para a camada de células ganglionares. Os axônios das células ganglionares formam o nervo óptico, o qual deixa o olho no disco do nervo óptico. Como o disco do nervo óptico não tem fotorreceptores, as imagens projetadas nessa região não podem ser vistas, gerando o que é conhecido como ponto cego do olho. Existem dois tipos principais de fotorreceptores no olho: bastonetes e cones. Os bastonetes funcionam na presença de pouca luz e são responsáveis pela visão noturna, em que os objetos são vistos em preto e branco, em vez de em cores. Os bastonetes são mais numerosos que os cones, em uma proporção de 20:1, exceto na fóvea central, onde se encontra apenas cones. Os cones são os responsáveis pela visão de alta acuidade e pela visão colorida durante o dia, quando a quantidade de luz é alta. Acuidade significa “apurada” e deriva do latim, acuere, que significa “aguçar”. A fóvea, que é a região de maior acuidade visual, possui alta densidade de cones. Os pigmentos visuais sensíveis à luz estão nas membranas celulares dos discos dos segmentos externos dos fotorreceptores. Esses pigmentos visuais são transdutores que convertem a energia luminosa em uma mudança no potencial de membrana. Os bastonetes possuem um tipo de pigmento visual, a rodopsina. Os cones possuem três diferentes pigmentos, os quais são intimamente relacionados à rodopsina. Os pigmentos visuais dos cones são excitados por diferentes comprimentos de onda da luz, o que nos permite a visão colorida. A cor de qualquer objeto que você esteja olhando depende do comprimento de onda da luz refletida pelo objeto. As folhas verdes refletem a luz verde, e bananas refletem a luz amarela. Os objetos brancos refletem a maior parte dos comprimentos de onda. Os objetos pretos absorvem a maior parte dos comprimentos de onda, razão pela qual esquentam mais quando expostos à luz do sol, ao passo que objetos brancos permanecem frios. As células bipolares fazem sinapse com as células ganglionares, os próximos neurônios na via. Sabemos mais sobre as células ganglionares devido à sua disposição na superfície da retina, onde seus axônios estão mais acessíveis a estudos. Muitos estudos foram realizados para avaliar a resposta das células ganglionares à estimulação da retina com luz cuidadosamente localizada. Cada célula ganglionar recebe informação de uma área particular da retina. Essas áreas, denominadas campos visuais, são similares aos campos receptivos do sistema somatossensorial. O campo visual de uma célula ganglionar próxima à fóvea é muito pequeno. Somente alguns fotorreceptores estão associados a cada célula ganglionar, e, assim, a acuidade visual é maior nessas áreas. Na periferia da retina, muitos fotorreceptores convergem para uma única célula ganglionar, e a visão não é tão acurada. Assim que os potenciais de ação emergem do corpo das células ganglionares, eles percorrem os nervos ópticos até o SNC, onde são processados. Como mencionado anteriormente, o nervo óptico penetra no encéfalo no quiasma óptico. Neste ponto, algumas fibras nervosas provenientes de cada olho cruzam para o outro lado para serem processadas no encéfalo. 4 O campo visual esquerdo de cada olho é projetado para o córtex visual do lado direito do cérebro, e o campo visual direito é projetado para o córtex visual esquerdo. Os objetos situados no campo visual dos dois olhos estão na zona binocular e são percebidos em três dimensões. Os objetos no campo visual de apenas um olho estão fora da zona binocular e são percebidos em apenas duas dimensões. A porção central do campo visual, onde os lados esquerdo e direito do campo visual de cada olho se sobrepõem, é a zona binocular. Os dois olhos têm visões ligeiramente diferentes dos objetos nessa região, e o cérebro processa e integra estas duas visões para criar representações tridimensionais dos objetos. Nossa percepção de profundidade – isto é, se um objeto está na frente ou atrás de outro – depende da visão binocular. Os objetos situados no campo visual de apenas um olho estão na zona monocular e são vistos em duas dimensões. O corpo (núcleo) geniculado lateral é organizado em camadas que correspondem às diferentes partes do campo visual, de modo que a informação de objetos adjacentes é processada junto. Esta organização topográfica é mantida no córtex visual, com as seis camadas de neurônios agrupadas em colunas verticais. Dentro de cada porção do campo visual, a informação é classificada adicionalmente por cor, forma e movimento. As informações monoculares dos dois olhos se juntam no córtex para nos dar uma visão binocular do meio que nos cerca. As informações das combinações de células ganglionares on/ off são traduzidas em sensibilidade à orientação de barras nas vias mais simples, ou em cor, movimento e estrutura detalhada nas vias mais complexas. Cada um desses atributos do estímulo visual é processado em uma via separada, criando uma rede cuja complexidade se está apenas começando a esclarecer. Resumo • A visão é a tradução da luz refletida em uma imagem mental. Os fotorreceptores da retina transduzem energia luminosa em sinais elétricos, os quais são enviados ao córtex visual para processamento. • A quantidade de luz que entra no olho é alterada pela mudança no diâmetro da pupila. • As ondas luminosas são focalizadas pela lente, cuja forma é ajustada pela contração ou pelo relaxamento do músculo ciliar. • A energia luminosa é convertida em energia elétrica nos fotorreceptores da retina. Os sinais passam dos neurônios bipolares para as células ganglionares, cujos axônios formam o nervo óptico. • A fóvea apresenta maior acuidade visual, em razão de seus menores campos receptivos. • Os bastonetes são responsáveis pela visão noturna monocromática. Os cones são responsáveis pela alta acuidade da visão e pela visão colorida durante o dia. • pigmentos visuais sensíveis à luz nos fotorreceptores convertem a energia luminosa em uma mudança no potencial de membrana. O pigmento visual nos bastonetes é a rodopsina. Os cones possuem três diferentes pigmentos visuais. • A rodopsina é composta por opsina e retinal. Na ausência de luz, o retinal se liga à opsina. • Quando a luz provoca o descoramento da rodopsina, o retinal é liberado e a transducina inicia a cascata de segundo mensageiro, que hiperpolariza o bastonete, o qual libera menos glutamato nos neurônios bipolares. • Os sinais passam dos fotorreceptores para os neurônios bipolares e, destes, para células ganglionares, onde ocorre modulação das células horizontais e amácrinas. • As células ganglionares, chamadas de células M, transmitem informação de movimento. As células P ganglionares transmitem sinais relativos à forma e à textura dos objetos no campo visual. • A informação de cada lado do campo visual é processada no lado opostodo cérebro. Os objetos devem ser vistos por ambos os olhos para que se tenha visão tridimensional. 3. Elucidar os principais problemas que ocorrem na formação da imagem/refração/interpretação Denomina-se ametropia a condição em que o olho, quando sem interferência da acomodação, não recebe na fóvea, imagens nítidas de objetos situados no infinito. Pode ser de 3 tipos: miopia, hipermetropia e astigmatismo. Miopia As imagens são formadas antes da retina, dificultando a visão nítida de objetos distantes • Pode ocorrer pela refração excessiva em relação ao diâmetro do olho • O diâmetro pode ser grande demais em relação a refração Hipermetropia Sem interferência da acomodação os objetos têm suas imagens formadas posteriormente a retina. Dificuldade de ver objetos próximos em foco • Poder de refração do olho reduzido em relação ao diâmetro do olho • O diâmetro é pequeno em relação ao poder de refração Astigmatismo A córnea e o cristalino tem curvaturas diferentes, não permitindo a formação da imagem nítida sobre a fóvea, resultando na percepção de imagens distorcidas • Imagem distorcida sobre a retina As queixas incluem cansaço visual cefaleia e visão borrada. Presbiopia Perda gradual e fisiológica da capacidade de acomodação do olho com o decorrer da idade. Se inicia aos 40 anos devido a diminuição da elasticidade do cristalino. Dificuldade para ver objetos próximos, fadiga aos esforços visuais e dificuldade de leitura em ambientes menos iluminados. • Lentes convergentes para corrigir a falta de acomodação 4. Discorrer sobre a acuidade visual e seus métodos de avaliação Testar os reflexos pupilares é parte de um exame neurológico padrão. A luz que chega à retina de um olho ativa o reflexo. Os sinais são levados através do nervo óptico para o tálamo e, então, para o mesencéfalo, onde neurônios eferentes contraem as pupilas de ambos os olhos (Fig. 10.26c). 5 Essa resposta é denominada reflexo consensual e é mediada por fibras parassimpáticas do nervo craniano III. O que é acuidade visual? Acuidade significa ter uma grande capacidade de percepção, sendo assim, no que se refere a visão, representa o quanto uma pessoa consegue ver as coisas com maior nitidez, que possui grande distinção entre formas, cores e tamanhos. O que é o teste de acuidade visual? Ele é um exame que serve para checar a capacidade funcional da vista de uma pessoa e identificar se o paciente possui algum problema de visão. Quanto melhor o resultado, maior a habilidade de enxergar perfeitamente. Caso o resultado for baixo, o exame deve ser seguido por outros mais complexos, tais determinarão a origem do problema e como corrigi-lo. E como ele é feito? O teste de acuidade visual pode ser feito por um oftalmologista, optometrista, um técnico em óptica ou enfermeiro. No teste padrão, é usada a Tabela de Snellen; ela é formada por diversas linhas que vão reduzindo de tamanho. A pessoa deve conseguir ler a certa distância, o que determinará a sua acuidade visual. A acuidade visual é medida mostrando ao paciente objetos de diferentes tamanhos a uma distância padrão do olho – seis metros. A avaliação não requer nenhum preparo prévio, como a dilatação da pupila feita em outros testes de visão, e pode ser feita em poucos minutos – em média 15. Para o teste, o paciente deve: ✓ ficar sentado à distância específica da projeção ou monitor com a tabela de Snellen; ✓ cobrir um dos olhos; ✓ ler em voz alta as letras que enxerga com o olho descoberto; ✓ repetir o processo no outro olho. Em geral, é pedido ao paciente que leia primeiro as letras maiores e, em seguida, para as menores, até que não possa mais enxergá-las com precisão. Assim, a direção de leitura é de cima para baixo e da esquerda para a direita. Se conseguir ler a última linha do teste, a acuidade visual do paciente é de 100%. Caso contrário, o avaliador deve marcar em que momento o paciente teve dificuldades na leitura e em qual olho examinado (direito/esquerdo). O exame de acuidade visual também pode ser feito integrado ao uso de uma série de lentes colocadas em frente aos olhos do paciente, para que faça a leitura das imagens. Nesse caso, apenas o médico deve fazê-lo, pois é ele quem trocará as lentes até que o paciente possa enxergar claramente o quadro. Dessa forma, a prescrição de óculos ou lentes de contato para a correção da visão já é imediata. TABELA DE SNELLEN Em que casos o exame de acuidade visual é solicitado? O teste é simples e por isso bastante solicitado pelos oftalmologistas nas avaliações iniciais. A baixa acuidade visual também pode resultar de um decréscimo da visão periférica, da perda da visão das cores, da incapacidade ou perda de aptidão do olho para se ajustar à luz, contraste ou brilho. 5. Discorrer sobre os principais transtornos de visão Pessoas jovens podem focalizar objetos tão próximos quanto 8 cm, porém o reflexo de acomodação diminui a partir anos de idade. Aos 40 anos, a acomodação é somente cerca da metade daquela que se tinha aos 10 anos. Aos 60 anos, muitas pessoas perdem completamente o reflexo, pois a lente perde sua flexibilidade e se mantém em sua forma aplanada para visão à distância. A perda da acomodação, presbiopia, é a razão para muitas pessoas começarem a usar óculos para leitura por volta dos 40 anos. Dois outros problemas comuns da visão ocorrem na visão de perto e na visão de longe. O problema na visão de longe, ou miopia, ocorre quando o ponto focal incide à frente da retina (Fig. 10.27j). O problema na visão de perto, ou hiperopia, ocorre quando o ponto focal incide atrás da retina (Fig. 10.27i). Esses problemas de visão são causados por córneas anormalmente curvadas ou aplanadas, ou por bulbos dos olhos muito longos ou muito curtos. A colocação de lentes com curvatura apropriada à frente dos olhos altera a refração da luz que entra no olho e corrige o problema. Um terceiro problema frequente de visão, o astigmatismo, geralmente é causado por uma córnea que não possui uma curvatura perfeita, resultando em imagens distorcidas. 6 Estrabismo É um obstáculo ao normal desenvolvimento das funções visuais porque, enquanto um olho está dirigido para o ponto de interesse de fixação (chamado “olho fixador”), o outro está voltado para diferente ponto do espaço (chamado “olho desviado”). O olho fixador recebe a imagem na fovéola, o que proporciona condições para o normal desenvolvimento da acuidade visual, mas o olho desviado recebe a imagem num ponto periférico da retina. Esse ponto não tem condições estruturais de formar imagem nítida, pois a concentração de cones é muito reduzida na retina periférica, e, além disso, este ponto vai projetar a imagem do objeto fixado em um ponto diferente do espaço, originando a diplopia (ver o mesmo objeto em dois lugares diferentes do espaço, sendo uma imagem nítida, vista pela fovéola do olho fixador, e outra imagem borrada, vista pelo ponto periférico do olho desviado). Quando as imagens recebidas pelo córtex são desiguais, a pessoa pode usar os olhos alternadamente ou usar apenas um dos olhos para fixar o olhar, desviando sempre o outro olho. Ocorre, então, um mecanismo ativo de “supressão cortical” do lado que recebe a imagem menos nítida pelo lado que recebe a imagem nítida, estabelecendo-se o mecanismo de competição cortical. Ou seja, ocorre um desequilíbrio na função dos músculos oculares, fazendo com que os dois olhos não fixem o mesmo ponto ou objeto ao mesmo tempo. As pessoas com estrabismo podem apresentar diferentes sinais e sintomas, mediante o tipo de estrabismo em causa. Os sintomas e sinais de estrabismo mais frequentes são, habitualmente, os seguintes: olhos cruzados (desviados); olhos que não se alinham na mesma direção; diplopia (visão dupla); perda de esteriopsia (percepção de profundidade); movimentos oculares descoordenados (olhos não se movimentam juntos).Podemos agrupar os estrabismos em relação à direção e ângulos do desvio dos olhos (veja imagens superiores). Em relação à direção para a qual um olho se desvia relativamente ao olho que se mantém fixo: • Convergente ou esotropia (endotropia): o olho desvia-se para dentro; • Divergente ou exotropia: o olho desviase para fora; • Vertical: o olho desvia-se para baixo ou para cima. Catarata É a denominação dada para a perda da transparência do cristalino, impedindo que os feixes de luz cheguem à retina, onde serão percebidos pelos fotorreceptores. Em condições fisiológicas, o cristalino aloja-se imediatamente atrás da íris, podendo ser visto através da área pupilar, separando a câmara vítrea do segmento anterior do olho. Sustentado pelas fibras zonulares, as quais funcionam como uma conexão entre o cristalino e o corpo ciliar, essas três estruturas agem harmoniosamente num processo de relaxamento e contração, fundamental para o processo de focalização das imagens sobre a retina. Esse fenômeno é “chamado” de acomodação. Juntamente ao processo de opacificação, o cristalino diminui progressivamente sua elasticidade e sua capacidade de acomodar. Assim, podemos entender por que o principal sintoma da catarata é a diminuição da visão. O comprometimento visual é dependente do tipo e da severidade da catarata. Além do mais, por ser um processo progressivo, a perda visual também é progressiva, mas de velocidade variável, não se tendo como prever nem interromper esse fenômeno. • Catarata cortical: a córtex do cristalino é formada por fibras alongadas que contornam o núcleo, adquirindo o formato de uma cunha, cujas extremidades interligam os dois pólos anterior e posterior do cristalino. Devido a essa característica anatômica, a catarata cortical acompanha exatamente a conformação cuneiforme, como radiações saindo de um eixo central. Opaca, a córtex torna-se progressivamente esbranquiçada, até que, em estágios avançados, toda a superfície do cristalino torna- se branca, causando bloqueio intenso da passagem dos feixes luminosos. Evolutivamente a essa fase, a região cortical perde sua consistência, liquefazendo-se. Se o núcleo também tiver comprometimento avançado, perderá o apoio das fibras corticais e será deslocado inferiormente. Trata-se da “catarata morganiana” ou “hipermadura”. • Catarata subcapsular: a opacificação pode ocorrer entre a córtex e a cápsula do cristalino; são as cataratas subcapsulares. Recebem esse nome exatamente por situarem- se imediatamente abaixo do saco capsular. Esse tipo de catarata ocorre mais comumente na interface posterior do cristalino, sendo denominada “catarata subcapsular posterior”. Assim como nos outros tipos de catarata, o comprometimento também pode ser quantificado segundo a severidade de 1 a 4, sendo representado pela escala de cruzes. (1+ até 4+). Sinais e sintomas: o principal sintoma da catarata é a diminuição progressiva da visão, para longe e para perto, não melhorando com a correção refracional adequada. Além de uma perda quantitativa, o paciente pode ter perda qualitativa, caracterizada por embaçamento e distorção dos objetos, frequentemente referida pelo paciente como uma “nuvem” cobrindo a visão; além da diminuição da percepção de brilho, contraste e cores. No caso de cataratas avançadas, o paciente pode ter a impressão de que os objetos estão mais amarelados. Outro sintoma comum é a dificuldade de enxergar contra a luz, em geral quando a catarata atinge a porção central do cristalino, no eixo da visão. Tratamento: O único tratamento existente para a catarata é a cirurgia. Antigamente, foi proposto tratamento farmacológico; entretanto, 7 pesquisas científicas comprovaram a ineficácia desse tipo de tratamento. O único tratamento existente para a catarata é a remoção do cristalino. Na cirurgia, o núcleo e córtex critalino são extraídos, mantendo-se apenas a cápsula que envolve o cristalino, dentro da qual será implantada uma lente artificial. Essa lente é chamada de “lente intra-ocular” (LIO) e terá poder refracional semelhante ao do cristalino Glaucoma É caracterizado por alteração do nervo óptico que leva a um dano irreversível das fibras nervosas e, consequentemente, perda de campo visual. Essa lesão pode ser causada por um aumento da pressão intraocular (PIO), por uma alteração típica do nervo óptico ou defeito de campo visual correspondente. Existem várias formas de glaucoma, sendo as principais: o glaucoma primário de ângulo aberto, o glaucoma primário de ângulo fechado, o glaucoma congênito e de desenvolvimento e os glaucomas secundários. Diagnóstico: é feito pelo exame do nervo óptico. feito com o oftalmoscópio, com a biomicroscopia, e mesmo com as fotografias. Há também aparelhos digitais de imagem par avaliar tanto o nervo óptico como a camada de f. nervosas da retina. Tratamento: consiste em retardar ou parar a progressão da doença através da redução da pressão intra-ocular, níveis estes calculados em função da severidade da doença, idade, risco de progressão e expectativa de vida do paciente. Entre as drogas mais utilizadas podemos dividir: aquelas que aumentam o escoamento do humor aquoso e aquelas que diminuem a sua produção. Entre as que aumentam o escoamento, temos a brimonidina, a pilocarpina e a prostaglandina. Entre as que diminuem a produção do humor aquoso estão a brimonidina, o timolol e os inibidores da anidrase carbônica, tópica ou sistêmica. Quando o controle com medicamentos é insatisfatório, pode-se recorrer a aplicações de laser ou a realizações de cirurgias. Retinopatia diabética É uma doença que afeta vasos da retina e o seu grau está diretamente correlacionado com a duração da diabetes, os níveis sanguíneos de glicose e os níveis de pressão arterial. A microangiopatia leva ao aumento da permeabilidade vascular. Os capilares retinianos se obliteram, formando áreas de exclusão capilar e IRMAs (microangiopatia intra-retiniana, regiões com microaneurismas e vasos tortuosos) surgem ao redor. ao diabetes, como retinopatia, nefropatia e neuropatia. A retinopatia diabética é classificada em não proliferativa e proliferativa: • Retinopatia não proliferativa: há alterações intra-retinianas, formando microaneurismas, hemorragias, alterações venosas e alterações da permeabilidade vascular resultando em edema de mácula. Nessa fase, os pacientes são classificados de acordo com a severidade da retinopatia não proliferativa; quanto mais severa a doença, maior a chance em se desenvolver a fase proliferativa. Exsudatos duros, exsudatos algodonosos ou edema macular podem estar presentes. Nos pacientes em fase não proliferativa, a principal causa de baixa de acuidade visual é o edema de mácula. • Retinopatia proliferativa: se desenvolve após a retinopatia não proliferativa e é mais grave; ela pode causar hemorragia vítrea e descolamento da retina de tração., neovasos crescem da retina ou do nervo óptico e na superfície retiniana ou em direção à cavidade vítrea. Tratamento: Pacientes com diabetes devem ser orientados sobre a necessidade de controle ótimo da glicemia. Flutuações constantes da glicemia estão associadas a maior severidade da retinopatia. Pacientes com edema macular clinicamente significativo devem ser submetidos a laser focal ou grid macular. Pacientes com retinopatia diabética não proliferativa muito severa ou proliferativa devem ser submetidos a panfotocoagulação com laser. Cegueira A perda da visão, também chamada de cegueira, pode ser ocasionada por vários fatores e aparecer de variadas formas. A deficiência visual pode ser dividida em alguns tipos: • Cegueira parcial ou cegueira legal: quando a pessoa só consegue enxergar alguns vultos ou perceber projeções luminosas. É possível fazer algumas atividades sem adaptação • Cegueira total: visão nula. Não é possível perceber nem mesmo projeções de luz. • Cegueira noturna: dificuldade ou incapacidade de enxergar em ambientescom pouca luz • • Cegueira infantil: deficiência visual em crianças. • Ambliopia: diminuição da visão devido a algum déficit neurológico; ocorre na infância A cegueira pode ser congênita (quando já nasce com a pessoa) ou adquirida, que pode ser causada por diferentes fatores, entre eles: Glaucoma (danos nas fibras do nervo óptico), catarata (opacidade no cristalino (espécie de lente do olho), retinopatia diabética (complicação na vista decorrente do diabetes), degeneração macular relacionada à idade (prejuízo na mácula - região da retina), tracoma (tipo de conjuntivite bacteriana), tumores oculares, deslocamento de retina. Neuropatia optica O termo neuropatia óptica se refere a alterações do nervo óptico, de origem inflamatória, tóxica, infecciosa, isquêmica ou desmielinizante. O termo neurite óptica se refere a condições inflamatórias ou desmielinizantes. O diagnóstico diferencial das neuropatias e das neurites ópticas abrange as seguintes condições: • Desmielinização - idiopática, esclerose múltipla; • Vascular - neuropatia óptica isquêmica, arterite de células gigantes, hipertensão, diabetes mellitus, lupus eritematoso sistêmico, sífilis; • Compressiva - tumor orbitário, meningioma, adenoma hipofisário, aneurismas; • Infiltrativa - carcinoma, linfoma, pseudotumor inflamatório; • Inflamatória - granulomatosa, piogênica; • Hereditária - neuropatia óptica de Leber, degeneração espinocerebelar; • Tóxica - tabagismo, alcoolismo, drogas, nutricional. Neuropatia óptica autoimune A neuropatia óptica autoimune apresenta características clínicas que a diferenciam da neurite óptica idiopática ou desmielinizante. Caracteriza-se 8 por neuropatia óptica progressiva e recorrente com perda visual grave e que geralmente não responde ao tratamento com doses habituais de corticóide por via oral, necessitando altas doses de corticóide endovenoso e associação com imunossupressores. Faz-se importante a identificação de marcadores laboratoriais: anticorpo antinuclear, biópsia de pele com imunofluorescência e anticorpo anticardiolipina, a fim de permitir o diagnóstico e tratamento precoce, diferenciando esta condição da neurite óptica idiopática ou desmielinizante que habitualmente apresentam melhora visual importante e usualmente não necessitam de tratamento de manutenção. A fisiopatogenia da neuropatia óptica auto-imune parece ser a combinação de um evento isquêmico do nervo óptico associado a lesões desmielinizantes. Esta afecção se caracteriza por uma inflamação perivascular crônica não-granulomatosa. O acometimento vascular está presente, uma vez que os pacientes nem sempre apresentam melhora visual diferentemente dos casos idiopáticos e desmielinizantes. Desta forma o termo neurite óptica auto-imune utilizado inicialmente não é o mais adequado uma vez que a afecção combina características de afecção inflamatória/desmielinizante com isquêmia do nervo óptico sendo melhor o termo neuropatia óptica auto-imune. Esta neuropatia tem, portanto, características mais próximas das neuropatias ópticas associadas às colagenoses em especial ao lúpus eritematoso sistêmico. É importante salientar a dificuldade na identificação da neuropatia óptica autoimune e a importância da instituição precoce da terapêutica adequada, com imunossupressores de manutenção, diferentemente da abordagem da neurite óptica idiopática ou desmielinizante habitual. A neuropatia óptica auto-imune é responsiva a corticóide e é corticóidedependente. O tratamento deve ser prolongado e a diminuição do corticóide lenta e gradativa. Agentes imunossupressores devem ser adicionados se a baixa de visão recorrer em doses altas de corticóides ou se a monoterapia corticóide não prevenir recorrência. A grande dificuldade no diagnóstico se deve à raridade desta neuropatia e ao fato das características clínicas serem semelhantes à neurite óptica mais comum. A suspeita de neuropatia óptica auto-imune deve ser, no entanto, considerada frente a todo caso de neurite óptica recorrente e de evolução atípica, particularmente em mulheres jovens, alguns pacientes irão evoluir com perda visual irreversível se um fenômeno auto-imune não for diagnosticado. Acredita-se que na presença da neuropatia óptica auto-imune a introdução de imunossupressores logo após a resposta inicial a pulsoterapia corticóide seja a melhor maneira de se evitar a perda visual. 6. Compreender o impacto social decorrente da perda da visão
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