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APS para a avaliacao psicologica

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UNIFACS - UNIVERSIDADE SALVADOR 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CAROL OLIVEIRA SOUZA
EVELLYN LORRANE PINHEIRO DA SILVA
PATRICIA CONCEIÇÃO BORGES FRANCA FIALHO CERQUEIRA
SAMIRA ALVES DE ASSIS SILVA
Avaliação psicológica do caso clínico “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”.
FEIRA DE SANTANA- BA
OUTUBRO/2021
UNIFACS - UNIVERSIDADE SALVADOR 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
CAROL OLIVEIRA SOUZA
EVELLYN LORRANE PINHEIRO DA SILVA
PATRICIA CONCEIÇÃO BORGES FRANCA FIALHO CERQUEIRA
SAMIRA ALVES DE ASSIS SILVA
Avaliação psicológica do caso clínico “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”.
Trabalho de atividade prática supervisionada, apresentada com o objetivo de obtenção de nota para a matéria - BASES DA AVALIAÇÃO PSICOLOGICA, do curso de Psicologia, pelo Docente Gilcimar Dantas, UNIFACS - UNIVERSIDADE SALVADOR.
FEIRA DE SANTANA-BA
OUTUBRO/2021
Questões para a avaliação psicológica do caso clínico “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, realizada, no caso, pelo neurologista Oliver Sacks. 
Primeira consulta do paciente ao Dr. Sacks. Demanda: 
1- Quem encaminha o paciente para o Dr. Sacks? 
R: O oftalmologista encaminhou o paciente para o neurologista, Dr. Sacks.
2- Qual alteração se observava no Dr. P.? 
R: Dr. P. cada vez mais deixava de reconhecer rostos, e, ainda por cima, via rostos onde eles não existiam.
3- Existe a demanda do Dr. P. de ser avaliado? 
R: Sim. O Dr. P. precisa ser avaliado, porque sua interpretação da realidade ocorre de forma incomum, e devido à descoberta do diabetes e saber que isso poderia prejudicar sua visão, decidiu procurar a ser avaliado, mas esses sintomas não estão relacionados a nenhuma alteração fisiológica da estrutura oftalmológica.
Observações: 
4- O que Dr. Sacks observou para, logo de início, descartar o diagnóstico de demência? 
R: Pois mediante a situação, pôde ser observado que o paciente não possuía resquícios compatíveis com esse diagnóstico, por ser um homem muito culto, simpático, boa dicção, com fluência, imaginação e humor.
5- O que Dr. Sacks observa a respeito da percepção do Dr. P., detectando “algo estranho”? 
R: Dr. Sacks percebeu que Dr. P. ficava de frente para ele quando falava, estava orientado para o médico, porém existia algum problema, ele o encarava com os ouvidos e não com os olhos. Estes, em vez de olhar para o médico, de fitá-lo, de o ”acolher” da maneira normal, faziam estranhas fixações súbitas — em seu nariz, sua orelha direita descia até seu queixo, subiam para seu olho direito — como se estivessem notando (ou até mesmo estudando) essas características individuais, porém sem enxergar o rosto inteiro, suas expressões mutáveis, ”eu” como um todo.
6- Quais auto-observações do Dr. Sacks, a partir de seus estados emocionais, propiciaram sua percepção do Dr. P.? 
R: O Dr. Sacks observava que o Dr. P. fazia coisas diferentes (como vestir sua mulher como se a mesma fosse um chapéu ou ficar contente por ter visto em uma fotografia, pessoas almoçando no terraço, quando não era aquilo a imagem apresentava.). O paciente não se tocava diante da situação, então não achava estranho/não tinha noção da gravidade de seu estado.
Testes: 
7- O que Dr. Sacks buscava investigar quando pediu que Dr. P. descrevesse fotografias de uma revista? 
R: Apesar da acuidade visual do Dr. P ser boa, ele tinha dificuldade de enxergar o que estava à sua esquerda. Desse modo, Dr. Sacks quis saber o que Dr. P conseguia ver, discernir e não apenas enxergar. Ele queria ver a percepção que Dr. P. tinha acerca das fotografias apresentadas.
Conclusão: 
8- Quais forças e dificuldades do paciente foram avaliadas pelo Dr. Sacks, quais dúvidas permaneceram e como ele se propôs a continuar a investigação? Visita à casa do Dr. P. 
R: Ele conseguia captar/ver características minúsculas e individuais das figuras apresentadas, porém, não captava a cena como um todo, apenas detalhes, que localizava como os bips de uma tela de radar - não encarava, por assim dizer, a fisionomia da figura. Não tinha a menor noção de paisagem ou cena.
Dr. Sacks não conseguia entender o que ocorrera em termos de neurologia (ou neuropsicologia) convencional. Em alguns aspectos, o paciente era de capacidade intelectual perfeitamente preservada e, em outros, absolutamente, incompreensível, arruinado. Como é que ele podia, por um lado, confundir sua mulher com um chapéu e, por outro, manter uma rotina familiar e trabalho, como aparentemente ainda fazia, lecionar na faculdade de música, mesmo quando sua situação neurológica era visível. O médico precisava refletir e vê-lo de novo, mas em seu habitat familiar, em sua casa.
Avaliação: 
1- Quais funções psicológicas foram investigadas pelo Dr. Sacks e através de que meios (que testes)? 
R: Dr. Sacks queria testar a percepção, visão, audição, fala, memória, linguagem, inteligência, aspectos afetivos, através de uma variedade de objetos geométricos, uma pasta uma partitura do Dichterliebe, cartas de baralho, fotografias da família, caricaturas, cenas de um filme na TV, ficou claro para Dr. Sacks que os lobos temporais do dr. P. estavam obviamente intactos: ele possuía um excelente córtex musical. Fiquei imaginando o que poderia estar ocorrendo em seus lobos parietal e occipital, especialmente nas áreas responsáveis pelo processamento visual. 
”Ele mencionou as construções do lado direito, mas nenhuma do lado esquerdo. Pedi então que ele se imaginasse entrando na praça pelo lado sul. Novamente, ele mencionou os edifícios que ficavam do lado direito, embora fossem exatamente os que ele omitira antes. Os que ele ”vira” internamente antes não foram mencionados dessa vez; podia-se presumir que não eram mais ”vistos”. Estava evidente que seu problema como lado esquerdo, seus déficits no campo visual, eram tanto internos quanto externos, dividindo ao meio sua memória e imaginação visual.”.
Dr. P. “Lembrava-se das palavras dos personagens, mas não de seus rostos; e, embora quando solicitado ele pudesse citar as descrições visuais originais, com sua memória notável e quase textual, ficou patente que elas eram absolutamente vazias para ele, destituídas da realidade, dos sentidos da imaginação ou da emoção. Portanto, havia também uma agnosia interna* Ficou claro, porém, que isso apenas ocorria com certos tipos de visualização. A visualização de rostos e cenas, de narrativa ou drama visual encontrava-se profundamente prejudicada, era quase ausente. Mas a visualização de esquemas estava preservada, e talvez mais aguçada.”.
*agnosia:  agnosia é a perda da capacidade de identificar objetos, utilizando um ou mais dos sentidos.
2- Como vocês avaliam as seguintes funções do Dr. P.: 
a) Percepção: visual, auditiva e tátil? 
R: Percepção visual preservada para detalhes de rostos e objetos, porém, prejudicada para ver/perceber o objeto, rostos como um todo; percepção auditiva e tátil preservadas.
b) Atenção geral e, em particular, atenção a estímulos visuais? 
R: A atenção geral ficou prejudicada devido à falta de atenção aos estímulos visuais, ele não concebia o cenário como um todo, mas se apegava às partes.
c) Memória geral e memória específica: visual e verbal? 
R: Ao observar as pinturas feitas pelo Dr. P. no decorrer de anos, o neurologista pode verificar “um avanço em direção à profunda agnosia visual, na qual todas as capacidades de representação e imaginação, todo o senso do concreto, todo o senso da realidade estavam sendo destruídos.” Apesar de Dr. P. manter a capacidade de comunicação verbal preservada.
d) Linguagem (compreensão e expressão, leitura de partitura musical)? 
R: Dr. P. mantinha a capacidade de comunicação e expressão visuais profundamente prejudicadas, e, apesar de ser professor de música já não conseguia ler uma partitura musical.
e) Inteligência? 
R: Dr. P. não ficou com a inteligência comprometida, sem maiores prejuízos mesmo diante da sua situação neurológica.
 
f) Adaptação ao ambiente doméstico, de trabalho e social? 
R: Dr. P. tinha dificuldade de distinguir os objetos do ambiente doméstico,guiava-se principalmente pela audição. Precisava da ajuda da esposa para as tarefas cotidianas, “Eu deixo fora suas roupas de costume, em todos os lugares de costume, e ele se veste sem dificuldade, cantando para si mesmo. Faz tudo cantando para si mesmo. Mas, se for interrompido, ele perde o fio da meada, pára completamente, não reconhece suas roupas — nem seu corpo. Ele canta o tempo todo — canções de comer, canções de vestir, canções de banho, de tudo. Não consegue fazer uma coisa se não a transformar em uma canção.”
g) Aspectos afetivos emocionais (com a esposa)? 
R: Os aspectos afetivos e emocionais ficaram prejudicados à medida que Dr. P. não conseguia reconhecer sua mulher. “Parecia que ele tinha confundido sua mulher com um chapéu! Ela olhava como se estivesse acostumada com coisas assim.”
Encaminhamento: 
3- Que orientação vocês dariam ao caso?
R: Pela falta de um diagnóstico mais preciso por parte da neurologia e da psicologia do que ativou o processo de agnosia visual no Dr. P., acredito que poderia ser benéfico para ele dedicar-se aquilo que lhe restou e que ele fazia de melhor que é seu amor à música. Como ponderou Dr. Sacks: “O que eu prescreveria em um caso como o seu é uma vida que consista inteiramente em música. A música tem sido o centro, agora faça dela toda a sua vida”.

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