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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU

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Centro Universitário IBMR
Bases da Avaliação Psicológica
Psicologia
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS)
“O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU”
RIO DE JANEIRO, 2021
Primeira consulta do paciente ao Dr. Sacks
 
Demanda:
1) Quem encaminha o paciente para o Dr. Sacks?
O oftalmologista que ele procurou por achar que a diabetes poderia causar-lhe algum problema na visão e no entanto, depois de um exame minucioso, o oftalmologista não achou nada de errado nos olhos dele, porém, concluiu que havia algum problema na parte visual do cérebro dele.
2) Qual alteração se observava no Dr. P.?
Agnosia visual, prosopagnosia. 
“Existia uma falha na interação normal entre olhar e expressão. ”
“Ele não reconhecia rostos, [...] via rostos onde eles não existiam”
“Ele não conseguia ver o todo, apenas detalhes, que localizava como os bips de uma tela de radar. Ele não estabelecia uma relação com a figura como um todo - não encarava, por assim dizer, a fisionomia da figura. Não tinha a menor noção de paisagem ou cena. ”
“Nenhum rosto lhe era familiar, visto como um "você"; era apenas identificado como um conjunto de características, uma "coisa". Assim, havia gnose formal, mas nenhum traço de gnose pessoal. E isso vinha acompanhado de sua indiferença, ou cegueira, para as expressões. ”
3) Existe a demanda do Dr. P. de ser avaliado?
Existem algumas alterações importantes no comportamento dele. Visto que, não foi diagnosticado nenhuma alteração fisiológica em sua visita ao oftalmologista, existe a demanda de uma avaliação neurológica criteriosa.
 
Observações:
4) O que Dr. Sacks observou para, logo de início, descartar o diagnóstico de demência?
Durante a avaliação, o Dr. Sacks descartou qualquer possibilidade de um diagnóstico de demência, pois ficou evidente diversos comportamentos incompatíveis com esse diagnóstico.
“Ele era um homem muito culto e simpático, falava bem, com fluência, imaginação e humor. ”
5) O que Dr. Sacks observa a respeito da percepção do Dr. P., detectando “algo estranho”?
O Dr. Sacks observa algo estranho no início da consulta quando estão conversando um de frente para o outro e ele percebe que o Dr. P. não o encarava com os olhos. Olhava para o rosto dele de maneira diferente.
“Ele me encarava com os ouvidos, acabei por constatar, mas não com os olhos. Estes, em vez de me olhar, de me fitar, de me "acolher" da maneira normal, faziam estranhas fixações súbitas — em meu nariz, minha orelha direita, desciam até meu queixo, subiam para meu olho direito — como se estivessem notando (ou até mesmo estudando) essas características individuais, porém sem enxergar o rosto inteiro, suas expressões mutáveis, "eu" como um todo. ”
6) Quais auto-observações do Dr. Sacks, a partir de seus estados emocionais, propiciaram sua percepção do Dr. P.?
O Dr. Sacks observava, em determinados momentos, que o paciente tinha comportamentos estranhos - como tentar vestir sua mulher como se ela fosse um chapéu, a reação do Dr. P não era de estranhamento diante dos transtornos, sem se dar conta da realidade da situação.
 
Testes:
7) O que Dr. Sacks buscava investigar quando pediu que Dr. P. descrevesse fotografias de uma revista?
Ele buscava compreender o que o Dr. P. enxergava além de sua capacidade oftalmológica. 
“Ele enxergava bem, mas o que via? ”
“Ele não conseguia ver o todo, apenas detalhes, que localizava como os bips de uma tela de radar. Ele não estabelecia uma relação com a figura como um todo - não encarava, por assim dizer, a fisionomia da figura. Não tinha a menor noção de paisagem ou cena. ”
Conclusão:
8) Quais forças e dificuldades do paciente foram avaliadas pelo Dr. Sacks, quais dúvidas permaneceram e como ele se propôs a continuar a investigação?
O Dr. Sacks constatou em seu primeiro encontro com o Dr. P. que o paciente não podia ser diagnosticado com demência, pois era um homem muito culto e simpático, falava bem, com fluência, imaginação e humor. No entanto, percebeu alguma falha na interação normal entre olhar e expressão, uma incapacidade de reconhecer e interpretar rostos, objetos e cenários como um todo, ele os descrevia de forma fragmentada e confusa.
O comprometimento neurológico do Dr. P. era evidente e como o Dr. Sacks não conseguiu entender o que estava acontecendo em termos neurológicos, decidiu continuar a avaliação em seu habitat familiar, em sua casa, dentro de sua rotina. 
“Eu não conseguia entender o que ocorrera em termos de neurologia (ou neuropsicologia) convencional. Em alguns aspectos, ele parecia perfeitamente preservado e, em outros, absolutamente, incompreensivelmente, arruinado. ”
“Eu precisava refletir, vê-lo de novo — e vê-lo em seu habitat familiar, em sua casa. ”
Visita à casa do Dr. P.
Avaliação:
1) Quais funções psicológicas foram investigadas pelo Dr. Sacks e através de que meios (que testes)?
Funções Psicológicas superiores, como memória, consciência, percepção, atenção, fala, pensamento, vontade, formação de conceitos e emoção.
Inicialmente, foi a rotina de um exame neurológico, força muscular, coordenação, reflexos, tono.... Como não houve resposta satisfatória durante a consulta, Dr. Sacks decidiu que seria necessária uma visita em seu ambiente familiar para que pudesse obter alguma resposta para suas dúvidas clínicas. 
Em sua visita à casa do Dr. P., o médico utilizou baralhos, poliedros, caricaturas e cenas de um filme famoso para que o paciente reconhecesse os personagens, além de apresentar a ele fotografias de pessoas de seu círculo íntimo para que nomeasse.
2) Como vocês avaliam as seguintes funções do Dr. P.:
a) Percepção: visual, auditiva e tátil?
As partes visuais do cérebro do Dr. P. não estavam em perfeito funcionamento, ele tinha problemas ao interpretar objetos, cenários e reconhecer rostos. Ficou claro, porém, que isso apenas ocorria com certos tipos de visualização. A visualização de rostos e cenas, de narrativa ou drama visual encontrava-se profundamente prejudicada, era quase ausente. Mas a visualização de esquemas estava preservada, e talvez mais aguçada. 
Ficou evidente no teste com a luva que não havia comprometimento com sua percepção tátil, pois ele conseguiu detalhar as características, só não conseguiu fazer a transferência da imagem tátil para a visual. 
Aperfeiçoada ao longo do tempo, por causa de sua profissão e seu amor pela música, sua percepção auditiva estava em perfeito estado, sem prejuízos relacionados ao avanço da doença. 
b) Atenção geral e, em particular, atenção a estímulos visuais?
O Dr. P. tinha uma concentração intensa, mas mal dirigida, tinha uma atenção voltada aos detalhes específicos, observava objetos, cenários e pessoas de forma fragmentada, como parte de um conjunto, de um esquema.
c) Memória geral e memória específica: visual e verbal?
Sua memória visual estava comprometida, ele não conseguia lembrar dos rostos que vira antes, não conseguia reconhecer nem mesmo pessoas de sua família. Quanto a sua memória verbal, não tinha evidência de comprometimento, ele lembrava de detalhes narrativos de obras literárias e fazia ligação com os acontecimentos.
“Estava evidente que seu problema como lado esquerdo, seus déficits no campo visual, eram tanto internos quanto externos, dividindo ao meio sua memória e imaginação visual. ”
“Lembrava-se das palavras dos personagens, mas não de seus rostos; e, embora quando solicitado ele pudesse citar as descrições visuais originais, com sua memória notável e quase textual, ficou patente que elas eram absolutamente vazias para ele, destituídas de realidade dos sentidos, da imaginação ou da emoção. Portanto, havia também uma agnosia interna”
d) Linguagem (compreensão e expressão, leitura de partitura musical)?
A habilidade do Dr. P se desenvolveu de forma para que ele conseguisse se expressar pela audição, olfato e tato, tendo a audição como seu ponto forte. O paciente passou por um processo de adaptação da linguagem quando não conseguiu ler suas partituras musicais, mesmo conseguindo executá–las pela audição.
e) Inteligência?
As capacidadescognitivas do Dr. P. continuam intactas, sem prejuízos à sua condição mental. Porém, com o passar do tempo, foi obrigado a modificar as formas de expressa-las, ele continuou ministrando suas aulas mesmo com algumas limitações.
f) Adaptação ao ambiente doméstico, de trabalho e social?
O Dr. P desenvolveu uma maneira própria para manter o foco nas suas atividades, cantarolando a todo o momento. Mesmo com os sinais da patologia e a estratégia singular, o paciente conseguiu manter sua vida social, muito pelo seu notável poder de adaptação, que foi fundamental para que mantivesse uma vida saudável.
g) Aspectos afetivos emocionais (com a esposa)?
Em relação aos afetos, podemos destacar que a esposa do paciente estava sempre presente, demonstrando entender e ajudando-o sempre que podia. Ela parecia acostumada com suas músicas e formas de observar os objetos, existia uma sintonia emocional, além de uma boa convivência.
 
Encaminhamento:
3) Que orientação vocês dariam ao caso?
Em geral, as pessoas que sofrem de transtorno neurocognitivo têm ciência de que estão deteriorando mentalmente e talvez, em parte por essa razão, as mudanças emocionais também ocorram. No entanto, o Dr. P. não demonstrava vivenciar sofrimento perante sua condição. 
Contudo, buscar uma estratégia para reduzir de forma significativa o possível sofrimento dele, seria essencial. Até mesmo para impedir a progressão dos problemas. 
Um fator que pode contribuir para impedir o avanço da doença é descobrir a natureza da disfunção neurológica. Para isso, seria necessária uma avaliação neurológica minuciosa.
Embora o Dr. P. tenha encontrado uma forma de conduzir sua vida “normalmente”, o acompanhamento psicológico seria de grande importância, não só para ele, bem como para a esposa, pois se concentraria na melhoria de vida deles, em aprendizado de novas habilidades e a conduzir o paciente a uma melhor percepção sobre si mesmo e suas limitações.

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