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Centro Universitário Nobre UNIFAN Ana Beatriz de Oliveira Gomes Natalia de Souza Teixeira Lima Noemí Abreu de Souza Rafaela Carvalho Araujo Renata Paula de Bastos Faria e Pereira Avaliação Psicológica Feira de Santana/BA 2024.1 Ana Beatriz de Oliveira Gomes Natalia de Souza Teixeira Lima Noemí Abreu de Souza Rafaela Carvalho Araujo Renata Paula de Bastos Faria e Pereira Avaliação Psicológica Trabalho realizado seguindo as exigências da disciplina de Técnicas Projetivas e Psicométricas da turma do 4º semestre de psicologia. Orientador: Gabriel Silveira Feira de Santana/BA 2024.1 3 O estudo em questão, conduzido por um grupo composto por cinco participantes do 4º semestre do curso de Psicologia do Centro Universitário Nobre, tem como objetivo a avaliação da personagem Ellen, retratada no filme "O Mínimo para Viver". A análise realizada fundamentou-se em uma minuciosa investigação dos contextos significativos da Avaliação Psicológica, com base na percepção adquirida durante o estudo das Técnicas Projetivas e Psicométricas. Este trabalho busca oferecer uma avaliação psicológica embasada e cuidadosa, integrando o conhecimento teórico adquirido em sala de aula com a prática de um exercício dinâmico que permite aos alunos associar as ferramentas acadêmicas com a aplicação prática, contribuindo para uma compreensão mais profunda e significativa das nuances da avaliação psicológica em um contexto clínico. Dados Demográficos No filme "O Mínimo para Viver", a personagem principal é Ellen, também conhecida como Eli. Aos 20 anos de idade, Ellen é uma desenhista de baixa estatura, com características físicas abaixo do peso e cabelos castanhos e opacos. Diagnosticada com anorexia, ela está em processo de tratamento após várias tentativas frustradas de internações. Além disso, Ellen enfrenta desafios significativos em relação à autoestima, confiança e relacionamentos interpessoais. Na infância, ela era descrita como uma criança alegre, carinhosa e cheia de vida, o que contrasta com sua situação no presente. Ellen demonstra rigidez em relação à alimentação e ao exercício físico, buscando manter constantemente o controle sobre esses aspectos como reflexo de sua luta interna contra a sensação de falta de controle em outras áreas de sua vida. Além disso, ela exibe características de isolamento social e apresenta resistência em manter o tratamento e aceitar ajuda. Em relação ao seu contexto familiar, Ellen tem parentesco com Steven Collins (pai), Susan Collins (madrasta), Kelly (meia 4 irmã), Judy (mãe) e Olive (madrasta). Construto Avaliado: a. Transtorno depressivo maior: é um desarranjo mental incapacitante, caracterizado por sintomas como persistente tristeza, perda de interesse e energia, resultando em um impacto substancial na qualidade de vida e no funcionamento diário (American Psychiatric Association [APA], 2014). Isso se manifesta na personagem Ellen/Eli através de desesperança, isolamento, baixa autoestima e falta de prazer em atividades que antes eram prazerosas para ela. Além disso, a relação conturbada com a família e a dificuldade em lidar com suas emoções também são indicativos de um possível quadro depressivo. a.a Humor deprimido: Ellen/Eli demonstra um humor deprimido ao longo do filme, demonstrando uma desesperança com a vida e uma visão pessimista do futuro. De acordo com a teoria cognitiva da depressão, pessoas deprimidas tendem a ter interpretações distorcidas e negativas dos eventos, o que influencia em seu estado de humor deprimido (Beck, 1967). Por exemplo, em algumas cenas Ellen/Eli recebe elogios e preocupações vindas de familiares e amigos, mas tende a ver como algo desagradável, ao invés de enxergá-los como gestos de afeto e cuidado. a.b Ideia de culpa e inutilidade: Segundo Beck (1976) o sentimento de culpa e inutilidade pode ter um impacto significativo no bem-estar emocional e mental das pessoas. Esse sentimento pode se manifestar de diversas formas, desde um leve desconforto até um profundo senso de desesperança e desamparo. Levando isso em conta, pessoas com depressão muitas vezes experimentam distorções cognitivas que as levam a interpretar os acontecimentos de forma negativa e a culpar-se pelos problemas ou fracassos, mesmo que não sejam responsáveis por eles (Beck 1976). Durante o presente filme há uma cena que se põe em foco, a terapia familiar. Nesse contexto apresentado, a 5 personagem abordada, se encontra em uma posição na qual escuta seus familiares expressarem como se sentem, além de abordarem contextos nos quais tentam definir uma culpa e os sentimentos da própria Ellen/Eli. Nessa cena em específico, devido às evidentes definições de culpa voltadas para a própria Ellen/Eli, realizada pelos seus familiares, a mesma passa a se sentir culpada e diminuída, demonstrando, através do olhar e até mesmo de palavras, o quanto ela se sente culpada por fazer a família se sentir assim, além de, em contraste, se sentir inútil por não conseguir se ver em mudança real para poder se livrar da dor e do peso de se sentir um fardo. a.c Baixa autoestima: A baixa autoestima relacionada ao construto da depressão é uma condição caracterizada por sentimentos persistentes de desvalorização, inadequação e falta de autoconfiança. Pesquisas psicológicas mostram que a autoestima está intimamente relacionada à saúde mental, principalmente no caso da depressão, onde a autoestima negativa pode piorar os sintomas da depressão (Orth et al.,2019). A baixa autoestima de Ellen/Eli é alimentada por sua obsessão pela magreza e pelo controle sobre sua alimentação, resultando em uma percepção distorcida de si mesma (Thompson & Stice, 2001). Isso é percebido em diversas cenas quando são feitos elogios a sua beleza e habilidades e ela se recusa aceitar. Estas cenas ilustram como essas questões afetam as suas interações sociais e a sua capacidade de auto-avaliação. Objetivo da análise: Investigar a presença e a intensidade de comportamentos e demandas que foram abordadas anteriormente. Plano de avaliação psicológica a.a Informações iniciais: Observando as questões sobre o encaminhamento da paciente, a entrevista com a família e o laudo prévio de anorexia nervosa são fundamentais para 6 compreender o contexto psicossocial da paciente. A entrevista familiar oferece insights sobre o ambiente doméstico, dinâmicas interpessoais e possíveis gatilhos para os sintomas depressivos. O laudo prévio fornece informações sobre o histórico clínico e possíveis relações entre distúrbios alimentares e depressão. Integrar essas fontes é essencial para uma avaliação abrangente e precisa, permitindo uma compreensão holística da situação da paciente. b. Instrumentos justificados: Podem ser utilizados instrumentos como o Inventário de Depressão de Beck-II (IDB-II; Beck et al., 1996) e a Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D). O IDB-II é uma medida de autorrelato amplamente reconhecida para avaliar sintomas de depressão, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais e físicos. A paciente responde a quatro afirmações que descrevem seus sentimentos nas últimas duas semanas, permitindo a observação de diferentes intensidades de sentimentos de acordo com suas pontuações (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014). Por outro lado, o CES-D é utilizado para medir os sintomas de depressão da paciente, abordando sentimentos e comportamentos como tristeza, perda de interesse, falta de energia e dificuldades de sono por meio de vinte itens avaliados em uma escala numerada (Cohen, Swerdlik & Sturman, 2014). Esses instrumentos são reconhecidos e amplamente utilizados para avaliarsintomas e fornecer informações sobre a gravidade dos sintomas da paciente, permitindo uma análise completa do quadro clínico para alcançar os objetivos desejados. Resultados esperados: É viável identificar comportamentos e manifestações emocionais que sugerem a experiência de transtornos mentais. As emoções conflitantes e o intenso sofrimento emocional demonstrados pela personagem ao longo do filme podem ser 7 interpretados como sintomas do Transtorno Depressivo Maior. Segundo o DSM-5 para ser diagnosticado com Transtorno Depressivo Maior, os critérios sintomáticos devem persistir por pelo menos duas semanas e serem suficientemente graves para causar sofrimento significativo ao indivíduo. Para chegar a um diagnóstico preciso, é necessário que pelo menos cinco critérios devem ser condizentes com o quadro, incluindo uma persistente tristeza ou perda de interesse, entre outros sintomas específicos. Plano de devolutiva para o paciente Inicialmente, é importante reconhecer os desafios psicológicos associados ao diagnóstico de anorexia nervosa, ainda que alguns sintomas possam se alinhar com o transtorno depressivo maior de acordo com o DSM. A obsessão pela magreza e controle alimentar reflete conflitos internos relacionados à autoimagem e autovalorização, desempenhando um papel significativo na relação entre o transtorno alimentar e os sintomas depressivos vivenciados (Luengo; Alves, 2021). Além disso, a percepção de culpa e inutilidade intensifica a autodepreciação e os sentimentos de desesperança, contribuindo para a manutenção dos sintomas depressivos (Gaudencio, 2019). No entanto, é importante observar que, para preencher os critérios do diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior, pelo menos cinco critérios devem ser condizentes com o quadro (American Psychiatric Association [APA], 2014). Para promover a recuperação holística, é crucial manter o tratamento da anorexia nervosa, buscando opções terapêuticas que aliviem os sintomas identificados e melhorem o bem-estar emocional do paciente. Ademais, sugere-se considerar o estabelecimento de uma rede de apoio sólida envolvendo amigos, familiares ou grupos de apoio para fornecer suporte durante esse período desafiador. A equipe está comprometida em fornecer o suporte necessário para a jornada do paciente rumo à recuperação e bem-estar emocional 8 Referência American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed. Beck, A. T., & Steer, R. A. (1984). Internal consistencies of the original and revised Beck Depression Inventory. Journal of Clinical Psychology, 40(6), 1365-1367. Cohen, R. J., Swerdlik, M. E., & Sturman, E. D. (2014). Testagem e avaliação psicológica: Introdução a testes e medidas (8ª ed.). Porto Alegre: AMGH. Fairburn, C. G., Cooper, Z., & Shafran, R. (2003). Cognitive behaviour therapy for eating disorders: A "transdiagnostic" theory and treatment. Behaviour research and therapy, 41(5), 509-528. Forbes, E. E., & Dahl, R. E. (2012). Research review: altered reward function in adolescent depression: what, when and how? Journal of Child Psychology and Psychiatry, 53(1), 3- 15. GAUDENCIO, Mariane Marques. PROCESSOS VIVENCIADOS NA ANOREXIA A PARTIR DA ANÁLISE DO FILME “O MÍNIMO PARA VIVER”. Revista Renovare, v. 2, 2019. LUENGO, Carolina Alves; ALVES, Maria Bernadete Flores. O Transtorno Alimentar Da Anorexia: um estudo de caso do filme “O Mínimo Para Viver”. Revista de Pesquisa e Prática em Psicologia, v. 1, n. 1, 2021. National Institute of Mental Health. (2020). Eating Disorders. [Online]. Disponível em: https://www.nimh.nih.gov/health/topics/eating-disorders/index.shtml Orth, U., Robins, R. W., & Widaman, K. F. (2019). Life-span development of self-esteem and its effects on important life outcomes. Journal of Personality and Social Psychology, 117(3), https://www.nimh.nih.gov/health/topics/eating-disorders/index.shtml 9 636–663. Thompson, J. K., & Stice, E. (2001). Thin-ideal internalization: Mounting evidence for a new risk factor for body-image disturbance and eating pathology. Current Directions in Psychological Science, 10(5), 181–183.
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