Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Êmese eHiperêmeseGravídica Uma das intercorrências mais comuns da gravidez Vômito ou êmese é a expulsão do conteúdo gástrico pela boca, causada por contração forte e sustentada da musculatura da parede torácica e abdominal Náusea é a sensação de necessidade de vomitar, acompanhado de sudorese fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo Na gravidez devem estar dissociadas de qualquer problema de base e deve-se afastar outras causas Prevalência em torno de 85%, sendo 25% exclusivamente náusea matinal e no restante das gestantes, diversos graus de êmese associada a náusea Incidência: entre 5 e 9 semanas em mais de 90% das gestações, reduzindo e tornando-se ocasional além de 20 semanas - avaliar quadros tardios Em 15 a 20%, os sintomas podem ir até o 3º trimestre e 5% até o parto Em 10% evoluem com necessidade de tratamento farmacológico Hiperêmese gravídica respondem por 1,1% Maior risco de desenvolver : Mulheres com história em gestação anterior Obesas Irmãs ou filhas que apresentaram náuseas e vômitos na gravidez Nulíparas jovens Aquelas que tiveram formas graves em gestações anteriores Relaciona-se à boa qualidade embrionária - quando a gravidez está indo bem, a paciente apresenta náuseas e vômitos devido a sua fisiopatologia que está relacionada principalmente à produção do hormônio hCG Persistência de disfunções emocionais em mulheres que apresentaram as formas mais graves Mortalidade 1/10.000 nascimentos - quando muito grave ou não tratado Etiologia Complexa e multifatorial Teoria Endócrina: gonadotrofina coriônica humana e o aumento do estrogênio e da progesterona. Relação temporal entre a concentração máxima e o pico de ocorrência, entre 7ª e 10ª semanas. Também está relacionada a ser pior em gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, fetos do sexo feminino e síndrome de Down. Progesterona e estrogênio reduzem tônus da musculatura lisa e a atividade peristáltica levando à distensão intestinal Aumento dos hormônios tireoidianos - Hipertireoidismo transitório observado em 70% das mulheres com náuseas e vômitos na gravidez (NVG) Teoria da infecção pelo Helicobacter pylori: 95% dos exames histológicos das mucosas de gestantes com NVG são positivos. Outro estudo mostrou infecção materna 3,3 vezes mais em gestantes com NVG - isoladamente não se explica Teoria genética: risco da gestante é 3 vezes maior se a mãe apresentou está complicação Teorica psicogênica: exteriorizar os conflitos psíquicos, rejeição de gravidez indesejada, gravidez não programada, rejeição ao pai, imaturidade emocional, temor do ganho de peso, situações de violência, pobreza, busca de compensações, insegurança, limitações financeiras e a instabilidade no emprego Prognóstico e diagnóstico Êmese e hiperêmeses são estágios diferentes de umamesma doença Podem ter resolução espontânea ou maior gravidade (minoria) Impacto negativo na qualidade de vida Supervisão e cuidados não invasivos precocemente Avaliar fatores predisponentes Gravidade dos vômitos leva ao comprometimento sistêmico - reflexo direto sobre as funções hepáticas e renais Com a evolução da doença, a paciente pode ter desvios metabólicos, comprometimento cardiovascular (arritmias) e SNC Espoliação vitamínica e de aminoácidos precursores dos neuromediadores predispondo alterações comportamentais e neurológicas e Síndrome de Wernicke (começa com a encefalopatia de Wernicke que é um estado mais agudo e apresenta estado confusional, oftalmoparesia, ataxia e nistagmo depois progride para encefalopatia crônica que é a Síndrome de Wernicke-Korsakoff caracterizada por amnésia anterógrada) Eleva taxas de trabalho de parto pré-termo, PIG e de baixo peso ao nascer Interferência negativa sobre o neurodesenvolvimento do feto Anamnese Intensidade das náuseas - se está comprometendo alimentação e ingesta hídrica Avaliar perda de peso e redução do volume urinário Se iniciar após o 1º trimestre, aumenta possibilidade de causas não relacionadas à gravidez Sangramento genital (suspeita de Doença Trofoblástica Gestacional - DTG) e aumento uterino além da IG (gravidez múltiplas) Dados epidemiológicos familiares e pessoais Exame físico Alterações difíceis de detectar nos casos menos graves Excesso de salivação (sialorreia/ptialismo) Desidratação e redução de peso Avaliar sangramento genital, aumento do volume uterino e eliminação de vesículas (DTG) Exames laboratoriais Diagnóstico diferencial, aferir comprometimento sistêmico e avaliar resultado terapêutico Hemograma, Na, K, sorologias (VDLR, HIV, toxoplasmose, rubeóla e hepatites A, B e C), função renal e hepática, amilase, TSH/T4 livre, EAS, urocultura Ultrassonografia Repetir função renal e hepática e endoscopia (pesquisa de H. pylori) em casos sem remissão Avaliação neurológica Diagnósticos diferenciais Neoplasia Trofoblástica Gestacional e gestação múltipla 3º trimestre: problemas hepáticos e vias hepáticas, descontrole metabólico (diabetes), hipertensão grave (hipertensão descompensada - pré-eclâmpsia que ocorre após 20ªsemana) Esofagite, hérnia de hiato, dispepsia, úlcera péptica, gastroparesias, neoplasias, infecções e neoplasias hepáticas, colelitíase, colecistite, esteatose, pancreatite, neoplasia pancreática, doenças desabsortivas Infecções, endocrinopatias, uremia, porfiria Intoxicações exógenas, medicações e drogas Enxaqueca, hipertensão intracraniana, distúrbios alimentares, labirintopatias e doenças psiquiátricas Classificação Escore Pregnancy Unique Quantification of Emesis (PUQE): excelente performance com avaliações de 6, 12 e/ou 24 horas. Quando aplicado para avaliar intensidade, o tempo de 24 horas é o mais utilizado Escala com 5 opções, respondendo 3 perguntas de acordo com o tempo de corte escolhido (6, 12 e 24 horas) Tratamento Maioria ambulatorial Não farmacológico: Apoio psicoemocional: medo e ansiedade. Apoio familiar e profissional, pelo obstetra e psicólogo. Evitar certas “manifestações” e falas que sugiram desvalorização das queixas (“é normal”) Medidas alimentares e mudanças nutricionais: dietas mais leves, menos gordurosas e em intervalos menores, evitar ingestão de líquidos nas primeiras duas horas do dia Terapias não convencionais ou complementares nas gestantes que se situam na forma leve na classificação de PUQE: acupressão, aromaterapia, acupuntura, hidroginástica, vitaminas como a piridoxina (vitamina B6) e ingestão de gengibre Farmacológico: Ondansetrona: superioridade de seleção em relação aos demais. É um bloqueador seletivos dos receptores da serotonina (5- HT3) , evita o bloqueio adicional sobre os receptores de outros neurotransmissores, baixa incidência de efeitos colaterais. Metoclopramida: é um procinético (diminui o tempo de esvaziamento gástrico) que bloqueia os receptores de dopamina e serotonina (5-HT2). É melhor nos casos de média intensidade porque tem como efeitos coloterais ações extrapiramidais (tremores de extremidades e desequilíbrio postural) Anti-histamínicos (dimenidrato, meclizina, prometazina): bloqueio do receptor H1 da histamina, é usado em formas moderadas e leva à sonolência Nas formas leves, as medidas não farmacológicas e farmacológicas por via oral apresentam bons resultados. Nas formas moderadas e graves do escore de PUQE: abordagem multidisciplinar em ambiente hospitalar buscando cessar os vômitos em 24h após adotadas as medidas para paciente hospitalar e a alta será feita quando o escore de PUQE revelar pontuação compatível com forma leve Caso isso não ocorra, deve-se reavaliar a gestante - analisar ionograma (sódio, potássio, magnésio), perda ponderal e estado de hidratação além de exames laboratoriais. HIPERÊMESE GRAVÍDICA Incidência de 0,3% e 2% Perda de peso maior que 5% da massa pré- gravídica e cetonúria O diagnóstico é clínico - vômitos incoercíveis e exame físico que permite avaliar o comprometimento da gestante, grau de desidrataçãoe desnutrição Evolução do comprometimentomaterno Fase de desidratação: Náusea e ptialismo intensos, vômitos levando à desidratação. Diminuição do turgor e elasticidade da pele, olhos encovados, mucosas secas e pegajosas, língua áspera, taquicardia, hipotensão e hipotermia. Distúrbios hidroeletrolíticos Hematócrito pouco aumentado Fase metabólica: soma-se ao quadro anterior perda de peso, alteração da função hepática, cetoacidose e cetonúria, hipoalbuminemia, hiponatremia e hipopotassemia, hipoglicemia, hipotermia e torpor podem estar presentes. Fase neurológica: achados anteriores somados a comprometimento oftálmico com lesões retinianas, hiporreflexia e dor à palpação das panturrilhas e coxas. Antecede, em uma semana, o acometimento encefálico, que é irreversível e chamado de Intertício crítico de Briquet. Quando se chega nessa fase, uma das opções é interrupção da gravidez Fase da psicose de Wernicke-Korsakoff: encefalopatia amoniacal, instabilidade hemodinâmica, alucinações, coma Cuidados gerais Controle de peso e diurese Correção de distúrbios hidroeletrolíticos Evitar suplementação de derivados de ferro Apoio psicológico Alimentação: jejum por 24 a 48h, progredindo para líquidos e depois sólidos. Alimentação fracionada a cada 3 horas, pobre em lipídios e rico em carboidratos Em casos graves, avaliar a necessidade de alimentação parenteral Hidratação venosa e reposição iônica: 2.000 a 4.000ml em 24h de Ringer lactato ou solução salina. Reposição de tiamina, 100mg em 100ml de SF Se hidratação prolongada, repor vitaminas B6, C, K e tiamina, potássio se valores abaixo de 3,5mEq/l Medicamentos durante internação Ondansetrona: 8mg EV de 6/6h Segunda escolha: metoclopramida 10mg EV de 6/6h Corticoides se baixa resposta: metilprednisolona 16mg EV ou VO de 8/8h, durante 3 dias e reduzir ao longo de 2 semanas - Não usar durante a organogênses fetal (entre 20 e 56 dias após a fertilização por risco de fissura facial) Prednisona 10mg, VO de 12 em 12h Hidrocortisona 50mg, VO de 12/12h Dexametasona 50mg EV de 12/12h
Compartilhar