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HIPERÊMESE GRAVÍDICA DEFINIÇÕES ÊMESE GRAVÍDICA − Vômitos simples no início da gestação. − Distúrbio do apetite e reações a comida variando de náusea matinal a vômitos ocasionais. − A êmese gravídica é a intercorrência mais comum da gestação. − Prevalência de náuseas e vômitos é cerca de 85%, sendo que 25% dos casos é exclusivamente matinal. − Ocorre maior incidência entre 5-9 semanas (pico HCG), reduzindo progressivamente ao longo da gestação e rara até 20 semanas. HIPERÊMESE GRAVÍDICA − Vômitos incoercíveis. − Há repercussão clínica, como distúrbios nutricionais, metabólicos, hidroeletrolítico, levando a perda de peso ≥ 5%. − Quadro grave de vômitos proveniente da êmese gravídica habitual. − Síndrome caracterizada pela persistência de náuseas e vômitos que surgem antes da 20° semana associada com: a. Perda de mais de 5% peso b. Desidratação c. Distúrbio Hidroeletrolítico d. Cetose e cetonúria e. Icterícia (casos graves) EPIDEMIOLOGIA − A frequência da Hiperêmese gravídica não está bem documentada variando de 0,3 a 0,6% das gestações. − Cada vez menos frequente pelo uso de antieméticos. − Acomete principalmente jovens, obesas, gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, gestação com feto do sexo feminino ou portadores de síndrome de Down. ETIOPATOGENIA HCG (FOCA NESSE, TODOS OS OUTROS TEM ESTUDOS CONTRA) − HCG é o principal hormônio associado à Hiperêmese gravídica. O período em que ocorre o pico do nível sérico de hCG coincide com a época de maior incidência dessa afecção. − Em outras situações nas quais há elevação dos níveis do hormônio também se observa uma relação direta com os sintomas (por exemplo, gemelidade, mola hidatiforme e gestações com feto do sexo feminino ou com síndrome de Down). − A fisiopatologia por meio da qual a hCG causaria a hiperêmese ainda é desconhecida. − Segundo um mecanismo proposto, esse hormônio promoveria a estimulação da secreção das glândulas do sistema digestório superior ou ainda a estimulação da função tireoidiana, por possuir estrutura molecular semelhante à do TSH. − Os diferentes padrões de isoformas da HCG podem ser resultado de influência ambiental ou de fatores genéticos, o que explicaria as diferentes incidências de hiperêmese gravídica observadas entre as populações. PROGESTERONA − Em gestantes com níveis iatrogenicamente elevados de progesterona, em que há múltiplos corpos lúteos causados pela estimulação ovariana medicamentosa, ou em que a progesterona é administrada como supõe da fase lútea, não há um aumento da incidência da doença, o que sugere que os níveis de progesterona (endógenos e exógenos) por si só não causam a hiperêmese. ESTROGÊNIO − Hiperêmese gravídica é mais prevalente em condições associadas a níveis elevados de estrógeno, como na gestante com sobrepeso, na primigesta e em gestantes com fetos em que não ocorreu a descida dos testículos. − Uma elevada incidência de carcinoma testicular é observada nos filhos de mães que sofreram da doença durante a gravidez. Esses achados somados ao fato de que a náusea é um efeito colateral comum em tratamentos com estrogênios corroboram a hipótese de que esse hormônio pode ser um fator causal da hiperêmese. − Uma explicação dessa correlação é que os níveis elevados de estrógeno provocam lentidão no trânsito intestinal e aumento do tempo de esvaziamento gástrico, resultando em acúmulo de fluidos no trato gastrointestinal. TSH − A glândula tireoide é fisiologicamente estimulada no início da gestação. − Em alguns casos, os níveis dos hormônios tireoidianos desviam de sua normalidade provocando um estado conhecido como hipertireoidismo gestacional transitório, que se apresenta em aproximadamente 60% das pacientes com hiperêmese gravídica. − A concentração de hCG tem correlação com o grau de estimulação da tireoide e é comprovada por ensaios capazes de aferir a atividade tireotrófica, mostrando que o grau de hipertireoidismo e a concentração de hCG se relacionam diretamente com a gravidade dos sintomas. − Vários mecanismos podem envolver a estimulação da função tireoidiana durante a gestação. a. Em decorrência da influência dos estrógenos, a produção de globulinas transportadoras de T4 está aumentada e o metabolismo desse hormônio diminuído, causando uma diminuição transitória dos níveis séricos de T4 livre b. Do ponto de vista renal, o alto clearance de iodo provoca a estimulação da tireoide para compensar a relativa deficiência de iodo c. Por fim, em virtude da semelhança estrutural com o TSH, a elevação dos níveis séricos de hCG pode causar uma estimulação excessiva da glândula tireoide TEORIA DA INFECÇÃO PELO H.PYLORI . − Um aumento da incidência de infecção por Helicobacter pylori é observado nas pacientes com hiperêmese, − Essa associação pode ser uma possível explicação para a variação observada na incidência de hiperêmese em diferentes grupos étnicos, pois a taxa de infecção também difere entre as populações, contudo, essa hipótese é suscetível a fatores de confusão como o baixo nível socioeconômico implicado em ambas. DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL – Vit. B6. FATORES PSICOSSOMÁTICOS: a. Rejeição da gravidez b. Rejeição ao pai da criança c. Imaturidade emocional d. Alteração comportamental CLASSIFICAÇÃO Forma Média (leve-moderada) Forma Grave Clínica Êmese simples por 2-4 semanas sem alteração nenhuma Vômitos persistentes que obriga jejum forçado Perda Ponderal Discreta, ±5% Intensa >5% Sinais de Desidratação Discretos Face e olhos encovados Língua saburrosa, áspera e quebradiça Mucosas secas e pegajosas Pele sem turgor Alterações Hemodinâmicas FC<100 bpm FC>100 bpm Pulso fino Extremidades Frias Choque Alterações Sistêmicas Ausentes Oligúria Hiponatremia Carência de vitaminas Sintomas de psicose DIAGNÓSTICO − Anamnese e exame físico: sinais de desidratação e desnutrição. − Laboratorial: inespecífico, visa em complicações. − Ultrassonografia: determinar viabilidade da gestação, o número de fetos e descartar doença trofoblástica gestacional. LABORATORIAL Exames Resultados Hemograma hematócrito (hemoconcentração) Anemia Megaloblástica Transaminases Bilirrubinas Elevados Ureia e creatinina Elevados Íons e tiamina Diminuídos Glicose e Proteínas Diminuídos Hormônios tireoidianos TSH T3 e T4 Gasometria Alcalose metabólica Oftalmoscopia Lesão de retina Tomografia computadorizada Lesões neurológicas CASOS REFRATÁRIOS − (Casos sem melhora apesar de cuidados corretos e persistência após o 1° trimestre) • Excluir outras causas de êmese. • Endoscopia com pesquisa de H.pylori. • Distúrbios alimentares (bulimia e anorexia). • Abuso de álcool e drogas. • Avaliação do neurologista (afastar infecções liquóricas e doenças do encéfalo). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL − (outras afecções que levam ao aparecimento de náuseas e vômitos) • Gastroenterite • • Hipertireoidismo • Apendicite • Pancreatite • Esteatose Hepática • Úlcera péptica • Enxaqueca • Colelitíase • Obstrução intestinal • Doença vestibular • Tumores cerebrais • Distúrbios psicossomáticos TRATAMENTO − (Maioria dos casos pode ser tratado ambulatorialmente) • Não farmacológica a. Apoio psicoemocional b. Medidas alimentares e mudança nutricional c. Acupuntura • Forma leve (≤6 escore PUQE) a. Medidas não farmacológicas b. Farmacologia via oral c. Nível ambulatorial • Farma moderada-grave (>6 escore PUQE) a. Medidas não farmacológicas b. Farmacológica via endovenosa c. Nível hospitalar • Medidas gerais a. Controle de peso e diurese b. Jejum de 24-48h após estabilização do quadro e evoluir para dieta liquida, branda e sólida c. Hidratação parenteral com ringer lactato ou solução salina 2000-4000 ml/24h • Evitar medicamentos a base de ferro (piora do quadro) • Usarprotetores gástricas: ranitidina e omeprazol • Iniciar medicamentoso após medidas gerais • Não há droga mais indicada na literatura • Antieméticos a. Metoclopramida (mais utilizado na prática) b. Ondansetrona • Anti-histamínicos: efeito sedativo a. Dimenidrato associado a piridoxina b. Prometazina • Sedativos a. Diazepam: usado associado a piridoxina b. Clorpromazina: reservado para casos refratários c. Vitamina B6: piridoxina é a droga mais segura • Nutrição parenteral: indicado em casos excepcionais, se usada por mais de 48h, deve se ter reposição de vitamina C e complexo B • Tratamento medicamentoso: COMPLICAÇÕES • Se não tratada: a. Trabalho de parto pré-termo b. Neurodesenvolvimento fetal prejudicado c. RN com baixa peso ao nascer • Síndrome de Wernicke-Korsakoff: devido a espoliação de tiamina (vitamina B1) a. Diminuição da consciência e memória b. Oftalmoplegia c. Nistagmo d. Ataxia e. Alucinações • Síndrome de Mallory-Weiss: casos em que não se usaram protetores gástricos • Rotura de esôfago com pneumomediastino EVOLUÇÃO DE GESTANTE NÃO TRATADA − (caso não haja tratamento) Primeira Fase (desidratação) • Náuseas e vômitos intensos • Diminuição do turgor e elasticidade da pele • Olhos encovados, mucosas secas, língua áspera • Alterações hidroelétricas (Na e Cl e K) • Hematócrito • Estado de ansiedade extrema Segunda fase (metabólica) • Perda de peso > 5% • Icterícia discreta (bilirrubina) • Hipoglicemia, hiponatremia e hipoalbuminemia • Apatia e inanição • Elevação de enzimas hepáticas Terceira fase (período intermediária) • Lesões retinianas • Lesões neurológicas iniciais (hiporreflexia e mialgia) • Torpor (interstício crítico de Briquet) – caso grave Quarta fase (neurológica) • Dor a palpação de coxas e panturrilhas por causa de lesões neurológicas • Alucinações (psicose) • Instabilidade hemodinâmica mais acentuada • Mielinólise pontina • Coma Referência: Zugaib Obstetrícia É uma doença desmielinizante aguda causada por oscilações na osmolaridade, resultando em desmielinização na região da base da ponte.
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