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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS - ICTA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS Nome: Renata Scavazza Matrícula: 00290094 Data entrega: 16/09/2021 ITA02020 – Tecnologia de Alimentos de Origem Animal - 2021/1 QUESTIONÁRIO II – PROCESSAMENTO DE DERIVADOS CÁRNEOS 1. De acordo com a legislação, como se diferenciam as mortadelas? Segundo a Instrução Normativa nº 4 da SDA (Secretaria de Defesa Agropecuária) / MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de 31/03/2000, a classificação é de acordo com a composição da matéria prima e também das técnicas de fabricação, sendo: I) Mortadela: carnes de diferentes espécies de animais de açougue e/ou CMS, até 60%; e miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de açougue (estômago, coração, língua, fígado, rins, miolos), pele e tendões no limite máximo de 10% e gorduras; II) Mortadela Bologna: porções musculares de carne bovina e/ou suína e toucinho, embutida na forma arredondada. Não é permitida a adição de amido; III) Mortadela Tipo Bologna: carne bovina e/ou suína e/ou ovina e CMS até 20% (máx.), miúdos comestíveis de bovino e/ou suíno e/ou ovino supracitados, pele e tendões no limite máximo de 10% e gorduras; IV) Mortadela Italiana: porções musculares de carnes de diferentes espécies de animais de açougue e toucinho. Não é permitida a adição de amido; V) Mortadela de Carne de Ave: carne de ave e/ou CMS no máximo de 40%. Miúdos comestíveis de ave (fígado, moela e coração) no limite máximo de 5% e gordura. 2. Cite e descreva defeitos relacionados aos produtos embutidos. Para fins de melhor compreensão e objetividade, os possíveis defeitos dos embutidos serão listados e agrupados por característica sensorial. Sendo estas: a) COR – falta dela ou má conservação da mesma, perceptível pela palidez aparente. Causa: pouca carne magra na formulação ou carnes com baixo teor de mioglobina, contaminadas, mal resfriadas ou rançosas (peróxidos podem alterar a cor). Pode ser consequência de erro nos sais de cura, dosagem ineficiente de antioxidantes, adição excessiva de fixadores de cor que alteram o potencial REDOX e cultivos starters inativos. Ainda, associado ao processamento, as altas temperaturas da massa durante a preparação e o local 2 muito úmido, com iluminação muito intensa e equipamentos em más condições de higiene, podem alterar a coloração e também derivar a uma contaminação, o mesmo para embalagens com defeitos. - MANCHAS: a presença de ferrugem na massa forma manchas pretas quando em contato com fixadores. Embalagem deficiente (solda, grampo, barbante) com vazamentos penetrando ar contaminado com o consequente crescimento de mofos e leveduras originando-se manchas pretas, verdes ou brancas. - NÚCLEO DESCOLORIDO: é um defeito que pode surgir em consequência da utilização de matérias primas sem textura, formando uma película de gordura na superfície que impede a desidratação ou mascara a cor das carnes curadas. Pode ser resultado de temperaturas muito baixas (cura incompleta) e também de elevadas temperaturas durante a preparação ou embutimento, onde a gordura se torna parcialmente fundida, e de umidades relativas extremamente baixas, formando uma superfície seca, como se fosse uma casca. b) SUPERFÍCIE SECA, podendo estar associada à coloração escura ou acinzentada. Este defeito resulta de formulações com pouca gordura ou processamento em local de umidade relativa muito baixa e, principalmente, ventilação muito intensa. A temperatura inicial da estufa muito alta também pode influenciar, bem como a defumação muito quente ou muito rápida, sem que a massa tenha tido o descanso necessário, sem desenvolver a cura perfeitamente. c) ALTERAÇÕES NO FLAVOUR – presença de sabores indesejados pode derivar de uma matéria prima com elevada carga microbiológica, condimentação muito antiga ou contaminada, produção anti-higiênica, umidade relativa muito alta – que pode formar leveduras e mofos e favorece a formação de superfície seca e fendas onde se desenvolvem microrganismos indesejáveis. - RANCIDEZ: ocorre pela utilização de matéria prima rançosa, que foi estocada por muito tempo (inclusive congelada), sem textura ou com elevada proporção de ácidos graxos insaturados. A presença de partículas metálicas (como ferrugem dos maquinários) e excesso de ar na massa aliados à temperaturas elevadas favorecem esse gosto de ranço. Deve-se atenção à embalagens de películas muito permeáveis e falta de higiene no processamento. - PUTREFAÇÃO: presente quando utilizada matéria prima com elevado pH inicial, estocada durante longos períodos e/ou em más condições. No caso da utilização de tripas, se forem naturais e mal higienizadas ou processadas, é comum que se desenvolva gosto pútrido, o mesmo para embutidos muito frescos (com alta atividade de água) aliados à embalagens anti-higiênica ou com defeitos. - CONDIMENTAÇÃO INADEQUADA: a composição inadequada de temperos ou mal balanceada pode desenvolver sabor indesejado nos embutidos se não respeitada a participação de cada um dos componentes utilizados, ainda mais se aliados ao uso de conservantes e aditivos inadequados ou impróprios. Tem relação, inclusive, com o teor de gordura da formulação e a presença de gorduras com rancidez no embutido. - ACIDEZ EXCESSIVA: está associada à utilização de matéria-prima contaminada por bactérias heterofermentativos, formadoras de esporos, acidificantes, etc. O uso excessivo de hidratos de carbono ou quantidades elevadas de GDL (Glucona Delta Lactona), que tem a função de intensificar o sabor mais ácido (azedo). A umidade relativa muito baixa com a 3 consequente secagem superficial do embutido também facilita o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis com produção intensa de sabor ácido. d) ALTERAÇÕES NO AROMA: a falta está ligada a dosagens elevadas de GDL ou hidratos de carbono, cujo excesso acaba “mascarando” o aroma do embutido, e temperaturas muito elevadas, que fazem com que o processo se desenvolva muito rapidamente e prejudica a presença do aroma final. As alterações no aroma estão ligadas à estocagem do produto ou matéria prima junto com outros alimentos de odores fortes (queijo, peixe, etc) ou com solventes orgânicos aromáticos; alimentação dos animais com produtos impróprios (a exemplificar: farinha de peixe, que deixa o odor característico); à utilização de condimentos como alho e cebola em início de germinação ou mesmo putrefação, bem como condimentos estocados a muito tempo ou contaminados; utilização de madeiras verdes ou inadequadas para a defumação – podem possuir resquícios de verniz, tinta, mofo, etc. e) FALTA DE CONSISTÊNCIA: está relacionada à utilização de carnes provenientes de animais doentes e/ou fatigados, com alta contaminação (falta de higiene durante o abate – microrganismos proteolíticos e outros indesejados) ou mal refrigerada; utilização de gordura sem consistência ou formulação com excesso de gordura, principalmente nos embutidos com carne moída fina. Referente aos aditivos: pouco sal, hidratos de carbono relacionados ao pH inicial muito alto, emprego de cultivos starters inativos. Referente ao processamento: pouca pressão de embutimento e liberação de gordura, umidade relativa muito alta na câmara onde o produto permanece antes do envase e este mesmo sem o devido descanso ou resfriamento completo (não produzindo mais desidratação, falta consistência). REFERÊNCIAS: BORGES, B.C.S. Produção do salame e principais defeitos (uma revisão). 2007. p. 12-30. Monografia para Especialização em Tecnologia de Alimentos, Orientação por Ângela Patrícia Santana - Universidade de Brasília, Brasília. <https://bdm.unb.br/bitstream/10483/177/1/2007_BelimarCleydeSilvaBorges.pdf> Acesso em 15 de setembro de 2021. CHARCUTARIA.ORG. Causas de defeitos em embutidos.Publicado por Eduardo – Charcutaria Artesanal. 2020. Fevereiro; Disponível em: <https://charcutaria.org/embutidos/causas-de-defeitos-em-embutidos/>. Acesso em 13 de setembro de 2021. FORTUNA, J.L., FRANCO, R.M. Epidemiology revision of the main alterations microbiological in meat products. Revista Higiene Alimentar. 2005. Março; Vol. 19 n. 129, p. 35-42. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-407371>. Acesso em 13 de setembro de 2021. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 4 de 31 de março de 2000. Secretaria de Defesa Agropecuária. Disponível em: <https://www.agais.com/normas/carne/carnes_linguica.htm>. Acesso em 15 de setembro de 2021. https://bdm.unb.br/bitstream/10483/177/1/2007_BelimarCleydeSilvaBorges.pdf https://charcutaria.org/embutidos/causas-de-defeitos-em-embutidos/ https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-407371 https://www.agais.com/normas/carne/carnes_linguica.htm
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