Prévia do material em texto
Exame físico Guia Prático @carolinne0 Exame físico geral A execução do exame físico geral obedece a um sentido cefalocaudal, considerando, em todo o seu desenvolvimento, a impressão geral que o examinado transmite ao examinador, a simetria, a integridade e a funcionalidade dos segmentos analisados. O exame físico geral consiste no exame externo do paciente, incluindo as condições globais, como estado geral, estado mental, tipo morfológico, dados antropométricos, postura, locomoção, expressão facial (fácies), sinais vitais, pele, mucosa e anexos Avaliação do estado geral do paciente – BEG, REG, PÉSSIMO E GRAVE É realizada por meio da inspeção geral, na qual deve ser avaliada a percussão da resposta do indivíduo à doença/processos de vida, verificando-se a existência de perda de força muscular, perda de peso e estado psíquico do paciente Coloração da pele: Normocorado, hipocorado, acianótico, cianótico, ictérico, anictérico, palidez, equimose - caso exista alguma patologia Avaliação da hidratação (turgor): hidratado, desidratado Avaliação do grau de consciência Avaliação neurológica e tem como finalidade o fornecimento de dados acerca do estado cognitivo do paciente, de modo que seja observado qualquer alteração. Avalia: a consciência, a orientação, a memória, a habilidade em cumprir tarefas e a linguagem do paciente Questionamentos para a identificação de disfunções: Consciência: O paciente está acordado e alerta? Parece compreender e responder ao que se pergunta? Orientação: Qual a data, o dia da semana, o nome da instituição, o número de telefone? Memória: Qual é a sua idade, data de nascimento, nome de solteira da mãe ou de seus filhos? Cálculo: contar de trás para frente, de 3 em 3, começando do número 30 Avaliação da linguagem: Qualidade, volume e a velocidade da fala Alterações da fala - disfonia/afonia (dificuldade na emissão vocal que impede a produção natural da voz), Dislalia (dificuldade em articular as palavras), Disartria e disfasia Observação do tipo morfológico O paciente deve ficar em posição ortostática para que se faça a relação de proporcionalidade entre o pescoço, os braços, os ossos frontais, as mãos e os dedos Brevilíneo: pescoço curto e grosso, membros curtos em relação ao tórax, musculatura bem desenvolvida, estatura baixa Normolíneo: apresentam Desenvolvimento harmônico da musculatura e proporção equilibrada entre o tronco e os membros Longilíneo: pescoço longo e delgado, membros alongados e desproporcionais em relação ao tronco, tórax afilado e chato, musculatura pouco desenvolvida e estatura elevada Avaliação dos dados antropométricos Verificação do peso, da altura e da circunferência da cintura (entre a crista ilíaca e a última costela), IMC – P/A² kg/ M² IMC CLASSIFICAÇÃO Abaixo de 18,5 Abaixo do peso Entre 18,6 e 24,9 Intervalo normal Entre 25 e 29,9 sobrepeso Entre 30 e 34,9 Obesidade classe 1 Entre 35 e 39,9 Obesidade classe 2 (severa) Acima de 40 Obesidade classe 3 (mórbida) Avaliação da postura e da capacidade de locomoção Posicionamento preferencial adotado pelo paciente no leito, ritmo, amplitude e a natureza dos movimentos Atitude do paciente: ativo ou passivo Decúbito assumido pelo paciente: ventral, lateral, dorsal ou supino, sentado Tipo de marcha: o paciente caminha sem dificuldades, apresenta bom equilíbrio, desconforto ao caminhar (claudicação), deambulação preservada ou claudicante. Avaliação da expressão facial (fácies) O formato do rosto e a fisionomia expressa pelo paciente podem ser sinais indicativos de algumas patologias ou do uso de alguns medicamentos Exemplos: Cushingoide, hipocrática, renal, mongoloide Avaliação dos sinais vitais O pulso é uma medida indireta da frequência cardíaca. É verificado utilizando-se a polpa dos dedos indicador e médio, por meio da palpação de uma artéria, geralmente a artéria radial ou carotídea - Conta-se durante um minuto o número de batimentos cardíacos - Verificação das características dos batimentos cardíacos: - Intensidade - cheio ou filiforme (fraco) - Ritmicidade - regular ou irregular - Simetria - iguais em ambos os membros Valores de referência: IDADE BPM Adultos e crianças > 10 anos 60 -100 Crianças de 2 a 10 anos 70 - 120 Bebês 100 - 170 O pulso normal - denominado normocardia - é regular, ou seja, o período entre os batimentos se mantém constante, com volume perceptível à pressão moderada dos dedos. O pulso apresenta as seguintes alterações: Bradicardia: frequência cardíaca abaixo da normal; Taquicardia: frequência cardíaca acima do normal; Taquisfigmia: pulso fino e taquicardíaco; Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdiaco; filiforme: pulso fino. Ritmo: rítmico, arrítmico Amplitude: cheio ou filiforme Frequência cardíaca Diferencia-se do pulso devido as arritmias cardíacas Pode ser verificada por meio da ausculta do pulso apical, encontrado no quinto espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular, ou da visualização do monitor/cardioscópio, caso o paciente esteja monitorado Frequência respiratória Deve ser realizada sem que o paciente tenha consciência desse procedimento para que seu padrão respiratório não se altere Deve ser verificada durante um minuto e imediatamente após a avaliação do pulso Devem ser avaliados: - Ritmo - Profundidade - Presença de desconforto respiratório Devem ser registrados: Dados sobre o padrão respiratório e as condições de oxigenação do paciente (ar ambiente, oxigenoterapia ou em ventilação mecânica) Idade Valor de referência 2 meses 60 IRM 2 - 11 meses 50 IRM 1 - 4 anos 40 IRM 6 - 8 anos 30 IRM adultos 12 - 20 IRM idosos Até 25 IRM Alterações respiratórias: Taquipneia: respiração rápida e superficial. Está presente em casos de doenças pulmonares restritivas, dor torácica, distúrbios do diafragma e alcalose metabólica, além de aparecer nos quadros de febre. Bradipineia: respiração lenta e superficial. Ocorre fisiologicamente durante o sono e em atletas. pode ser secundária ao coma diabético e depressão do centro respiratório, devido ao aumento da pressão intracraniana e a intoxicações exógenas Apneia: ausência de movimento respiratório Hiperpneia: respiração rápida e profunda que é fisiológica após exercício físico intenso. Pode ser causada, também, por ansiedade, acidose metabólica ou lesões neurológicas Respiração de kussmaul: respiração profunda. Pode ter a frequência rápida, normal ou lenta. Está associada a acidose metabólica, cetoacidose diabética e insuficiência renal com uremia Respiração de Cheyne-Stokes/dispneia periódica: respiração lenta e superficial que gradualmente vai se tornando rápida e profunda. Pode ocorrer em recém nascidos (centro respiratório imaturo), insuficiência cardíaca grave, AVC, traumatismos cranioencefálicos e etc. Respiração de Biot/atáxica: caracteriza-se por ser irregular Pressão arterial: Deve ser verificada, de preferência, nos membros superiores Método palpatório Pulso radial - Estimativa da pressão sistólica (PA máxima) Método auscultatório Pulso braquial - Estimativa da pressão diastólica (PA mínima) e sistólica Após o método palpatório deve-se insuflar o manômetro de 20 a 30 mmhg a mais que o observado para a realização do método auscultatório. A pressão arterial resulta da tensão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias e depende: a) do débito cardíaco relacionado à capacidade de o coração impulsionar sangue para as artérias e do volume de sangue circulante; b) da resistência vascular periférica, determinada pelo lúmen (calibre), elasticidade dos vasos e viscosidade sanguínea, traduzindo uma forçaoposta ao fluxo sanguíneo; c) da viscosidade do sangue, que significa, em outros termos, sua consistência resultante das proteínas e células sanguíneas. Preparo do paciente para a aferição da PA - Explicar o procedimento ao paciente - Repouso de pelo menos 5 min em ambiente calmo - Evitar bexiga cheia - Não praticar exercícios físicos há pelo menos 60 minutos - Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes - Manter as pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado - Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito - Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto esterno ou 4° espaço intercostal) apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido - Solicitar para que não fale durante a medida A pressão arterial varia ao longo do ciclo vital, aumentando conforme a idade • Crianças de 4 anos podem ter pressão em torno de 85/ 60mmHg; • Crianças de 10 anos, 100/65mmHg34. • Nos adultos, são considerados normais os parâmetros com pressão sistólica variando de 90 a 140mmHg e pressão diastólica de 60 a 90 mmHg Temperatura: É muito difícil delimitar a temperatura corporal normal porque, além das variações individuais e condições ambientais, em um mesmo indivíduo a temperatura não se distribui uniformemente nas diversas regiões e superfícies do corpo. Assim, podemos considerar como variações normais de temperatura: • temperatura axilar: 35,8ºC - 37,0ºC; • temperatura oral: 36,3ºC - 37,4ºC; • temperatura retal: 37ºC - 38ºC. • Timpânica: 36ºC. a 37,4ºC. A temperatura corporal pode ser verificada pelos seguintes métodos: oral - o termômetro de uso oral deve ser individual e possuir bulbo alongado e achatado, o qual deve estar posicionado sob a língua e mantido firme com os lábios fechados, por 3 minutos. Esse método é contraindicado Classificação Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg Baixa* < 90 < 60 Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 - 139 85 - 89 Hipertensão estágio 1 140 - 159 90 - 99 Hipertensão estágio 2 160 - 179 100 - 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90 em crianças, idosos, doentes graves, inconscientes, com distúrbios mentais, portadores de lesões orofaríngeas e, transitoriamente, após o ato de fumar e ingestão de alimentos quentes ou frios; retal - o termômetro retal é de uso individual e possui bulbo arredondado e proeminente. Deve ser lubrificado e colocado no paciente em decúbito lateral, inserido cerca de 3,5cm, em indivíduo adulto, permanecendo por 3 minutos. A verificação da temperatura retal considerada a mais fidedigna - é contraindicada em pacientes submetidos a intervenções cirúrgicas do reto e períneo, e/ou que apresentem processos inflamatórios locais; axilar - é a verificação mais frequente no nosso meio, embora seja a menos precisa. O termômetro deve permanecer por, no máximo, 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos). Timpânica, Pele, Artéria temporal Temperaturas: Hipertermia: 41 graus ou mais Febre/pirexia: > 38 - 40 Normal: 36 - 38 Hipotermia: 35 ou menos Exame físico – cabeça e pescoço Crânio Observação do tamanho: hidrocefalia, microcefalia, macrocefalia Posição anormal: torcicolo congênito, artrose, fratura, luxação, cicatriz retrátil, escrófula Presença de lesões: cistos sebáceos, tumores ósseos, hematomas ou nódulos no couro cabeludo Características do cabelo: distribuição, quantidade, alterações na cor, higiene, seborreia e presença de parasitas. Face: observar assimetria facial, quando há diferença entre as metades da face, ficando um lado anormal, maior ou menor; manchas; coloração da pele; fáceis. Olhos Avaliação do fechamento e da abertura das pálpebras: alteração na mobilidade, presença de movimentos conjugados, processos inflamatórios das glândulas, edema Região superciliar e ciliar: simetria, presença e distribuição de pelos (madarose: perda de pelos - parcial, difusa ou total) Mobilidade do globo ocular e do campo visual coloração e vascularização da conjuntiva, coloração da esclerótica - rósea, pálida, amarelada, hiperemiada - tracionar as pálpebras para baixo e para cima Observação do formato, tamanho e constrição pupilar Acuidade visual, fotorreagência, isocóricas Exame da mobilidade visual - deve ser solicitado ao paciente que acompanhe com o olhar a movimentação de determinado objeto da direita para a esquerda, para cima e para baixo. As alterações costumam-se apresentar por meio de nistagmos que podem ser causados por lesões oculares, labirintites ou processos cerebrais, como hemorragias e epilepsias Nariz e seios paranasais Observação da forma e do tamanho do nariz - alterações em casos de traumatismos, tumores ou doenças endócrinas, superfície do nariz, simetria, presença de deformidades, movimento das asas do nariz durante a respiração (aumentado com a dispneia) Exame endonasal - deve-se inclinar a cabeça para trás utilizando um otoscópio e uma espátula, verificar a presença de sangue (epistaxe), secreções mucopurulentas, crostas, integridade da mucosa, septo- desvio ou sinal de sangramento Exame, por meio da palpação para verificar se há hipersensibilidade (dor) nos seios paranasais - sinusite Ouvidos Inspeção do pavilhão auricular: verificar forma, o tamanho, a presença de deformações congênitas ou adquiridas, como nódulos, tumorações e hematomas Exame do conduto auditivo externo: é realizado com o auxílio de um espéculo ou otoscópio. Deve-se observar a quantidade de cerume presente no canal auditivo, pois o excesso pode comprometer a audição, distribuição de pelos e a altura da implantação das orelhas – altura dos olhos Podem ser encontrados processos inflamatórios como eczema, furunculose ou lesões micóticas. A presença de sangue (otorragia) e pus (otorreia) é um sinal e otite média supurada, com ruptura do tímpano, traumatismos ou neoplasias Boca A inspeção deve ser realizada com o auxílio de luvas e espátula Deve-se observar: a coloração da cavidade oral, o hálito - halitose cetônica, textura, hidratação, contorno e presença de lesões - afta (estomatite aftosa), ulcerações, lesões herpéticas ou neoplásicas Presença de rachaduras nas comissuras - podem indicar deficiência vitamínica, presença de edema -síndrome nefrótica (insuficiência cardíaca), no hipertireoidismo e em processos alérgicos Os lábios podem apresentar deformações congênitas: lábio leporino/fissura labial Deve-se inspecionar as gengivas, que podem apresentar alterações como hiperplasia gengival, lesões ulceradas ou hemorrágicas, além de processos infecciosos ou inflamatórios periodontais. Verificar a quantidade e a conservação dos dentes, a presença de cáries ou lesões em suas raízes, higiene Língua: o dorso deve apresentar a superfície rugosa recoberta por papilas e levemente esbranquiçada Observar: tamanho-macroglossia, coloração - rósea, pálida, avermelhada (hiperemia) com hipertrofia das papilas - pode indicar escarlatina, lisa e sem papilas - anemia perniciosa, volumosa (hipertireoidismo), seca - desidratada higiene e presença de lesão - fissurada, ulcerada e se apresenta sangramento Dentes: presentes, higiene preservada, ausência ou presença de cáries Inspeção das tonsilas palatinas: pequenas, ausentes, volumosa, presença de placas de pus Orofaringe: Deve-se utilizar a lanterna e o abaixador de língua para avaliar corretamente a coloração, a hidratação e a presença de lesões/inflamações (hiperemiada) – sinais flogísticos Pescoço Ao examinar o pescoço deve-se observar:Seu tamanho, que varia conforme o biotipo, sua simetria, integridade da pele, coloração O paciente deve permanecer sentado e em posição ereta Alterações da postura, como inclinações, podem ser decorrentes de contraturas ou paralisias da musculatura ou artrite da coluna cervical Inspeção do pescoço: presença de cicatrizes, cianose, ingurgitamento das veias jugulares e verificar se há aumento das glândulas parótidas ou submaxilares Palpação da glândula tireoide: avaliar o tamanho a forma, consistência, sensibilidade, mobilidade e volume Exame da carótida: Deve ser feito por meio da palpação com os dedos indicador e médio da mesma mão, sempre comparativamente. Deve-se verificar: as pulsações não costumam ser visíveis, quando as pulsações se mostram muito aumentadas, revelam doenças como hipertireoidismo, persistência do canal arterial, fístulas arteriovenosas periféricas e insuficiência aórtica Deve-se apalpar: os linfonodos da região cervical, occipitais, pré e pós auriculares, submandibulares, mentonianos, cervicais, sub e infra claviculares, utilizando os dedos indicador e médio, movendo a pele para cima sobre os tecidos subjacentes para verificar a presença de gânglios submentoneamos, é preciso palpar com os dedos de uma das mãos, deixando a outra sob a cabeça Mobilidade da traqueia preservada Exame físico pulmonar – Tórax posterior e anterior Inspeção Tipos de Tórax: Verificar o formato do tórax, comparando ambos os lados e observar se possui tiragem intercostal Verificar a coloração da pele: ictérica, anictérica, Normocorado, hipocorado, acianótico, cianótico, palidez Presença ou não de nervos e se possuem relevo – informar a localização Análise dos movimentos respiratórios: expansibilidade, padrão respiratório, sinais de esforço e da utilização da musculatura acessória Palpação Avaliação da expansibilidade torácica: movimento ventilatório/excursão simétrica (preservado), assimétrico – normal ou diminuída unilateral ou bilateralmente Avaliação do frêmito tóraco-vocal (33): aumentado, reduzido ou ausente em ápice esquerdo Percussão Sons: claro pulmonar, maciço e submaciço Percussão dígito-digital: é realizada golpeando-se com um dedo a borda ungueal ou a superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou indicador da outra mão, que se encontra espalmada e apoiada na região de interesse. Ausculta pulmonar Tórax anterior O diafragma do estetoscópio deve ser pressionado firmemente contra a parede torácica e deve ser movido da região torácica superior em direção a região torácica inferior. O paciente deve cruzar os braços na frente do peito e deve manter a cabeça curvada para frente, respirando fundo e lentamente com a boca ligeiramente aberta. Sons normais Local de ausculta Causa Som traqueal Áreas de projeção da traqueia Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia. Som brônquico Áreas de projeção dos brônquios principais Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso. Murmúrio vesicular Periferia dos pulmões É mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. São causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. Som broncovesicular Região esternal superior e interescapulo- vertebral superior somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar. Ruídos adventícios Causas Estertores finos são produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar – isso explica a presença de estertores finos na pneumonia e congestão pulmonar da IVE – ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas – doenças intersticiais pulmonares. Estertores grossos Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias. Roncos e Sibilos Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a Se houver anomalias no frêmito tátil ou na auscultação, faça os testes de ressonância vocal (sons da voz falada e sussurrada). Coloque o estetoscópio sobre os mesmos locais utilizados para avaliar os sons da respiração e peça que o paciente diga “noventa e nove” em um tom de voz normal. Em geral, o som sai abafado. Se houver presença de líquido comprimindo o pulmão, as vibrações da voz do paciente se transmitem para a parede torácica, e o som se torna mais claro (broncofonia). Em seguida, peça que o paciente sussurre “noventa e nove”. A voz sussurrada normalmente é fraca e indistinta. Determinadas anomalias pulmonares tornam a voz sussurrada clara e distinta (pectorilóquia sussurrada) ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Estridor Produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Sopros Em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), percebe-se sopro brando, mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como nas pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico. Atrito pleural Na pleurite (inflamação), estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Exame físico cardiovascular – Tórax anterior Inspeção: Avaliar o precórdio com o paciente em decúbito dorsal, com o tórax exposto. O examinador deve se posicionar a direita do paciente para a avaliação. verificar a integridade da pele, coloração, hidratação, simetria, presença de edema- sinal de godet, classificação dos mamilos nos homens (Ex: mamilos planos) Estase jugular: avaliação das veias do pescoço, a distensão indica alterações se pressão e volume dentro do átrio direito do coração. Para examinar o ingurgitamento das veias do pescoço o paciente deve ficar em decúbito de 45°. Avaliação baseada na escala de cruzes (+ a ++++) Avaliar o ictus cordis – normalmente se encontra no 5° espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerdaPalpação: verificação do frêmitos em cada foco: fluxo turbulento de sangue nas valvas cardíacas. A mão deve ficar espalmada sobre o precórdio para sentir as vibrações Pulsação epigástrica e supraesternal, a presença de nódulos, sensibilidade à palpação Avaliação do Ictus Cordis (foco mitral) com a região tenar e hipotenar da mão ou pode ser medido por meio das polpas digitais que localizam o choque de ponta - o paciente deve ficar em decúbito lateral para melhor avaliação Avaliação da perfusão periférica – teste de enchimento capilar Ausculta: Verificação dos sons cardíacos (bulhas cardíacas), do enchimento ventricular, do fluxo sanguíneo e do ritmo Foco mitral: 5° espaço intercostal esquerdo com a linha hemiclavicular Foco tricúspide: Base do apêndice xifoide Foco aórtico e Foco pulmonar: 2° espaço intercostal direito junto ao esterno. Bulhas: B1: Fechamento das valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) Marca o início da sístole – contração ventricular TUM B2: Fechamento das valvas semilunares (pulmonar e aórtica) Marca o final da sístole e o início da diástole – enchimento ventricular. TÁ Desdobramento fisiológico da B2: surge com a inspiração e desaparece com a expiração. TRA B3: Ocorre na protodiástole – fase de enchimento rápido ventricular/ sobrecarga de volume. Pode ser fisiológica em crianças ou em adultos jovens e gestantes Melhor audível com campânula no foco mitral. TU B4: Provocada pelo enchimento ventricular aumentado desencadeada por contração atrial. Som telediastólico ou pré-sistólico. Relacionada com sobrecarga de pressão Pode ser fisiológica em crianças e adultos jovens. Som grave e de baixa intensidade. TU Classificação: Normofonéticas, hiperfonéticas, hipofonéticas Ritmo binário (B1 + B2), tríplice (Presença da terceira ou quarta bulha) e de galope (Ventricular – presença de B3, Atrial – presença de B4, de soma – presença de B3 e B4) Exame do aparelho digestório – abdômen Sequência: Inspeção, ausculta, percussão e palpação O paciente deve ficar em decúbito dorsal e o examinador deve se posicionar ao lado direito. Inspeção Tipos de abdômen: Plano, globoso, batráquio, avental, pendular, escavado. Cicatriz umbilical: plana, invertida, revertida, protrusa. Presença Sinais flogísticos e hérnia. Higiene preservada, prejudicada Observar a forma, simetria, coloração da pele, integridade, presença de abaulamentos, retrações, cicatrizes, estrias, turgor cutâneo, circulação colateral – trajetos venosos dilatados, hérnias e movimentos peristálticos visíveis Ausculta Avaliação dos ruídos hidroaéreos decorrentes dos movimentos peristálticos e do deslocamento de ar e líquidos ao longo das alças intestinais. Deve-se auscultar cada quadrante por 2 a 5 minutos para determinar a presença ou não de ruídos hidroaéreos. Sequência de ausculta: Quadrante inferior direito, quadrante superior direito, quadrante superior esquerdo e quadrante inferior esquerdo Classificação Frequência: regular – 1 a 4 por minuto, irregular – 5 e 35 por minuto Intensidade: normativos, hipoativos, hiperativos, borborigmo 1.Hipocôndrio D, 2. Epigástrio, 3. Hipocôndrio E, 4. Flanco D, 5. mesogástrio, 6. Flanco E. 7. Fossa ilíaca D, 8. Hipogástrio, 9. Fossa ilíaca E. Percussão Auxilia na determinação do tamanho e da localização das vísceras sólidas e na avaliação da presença e distribuição de gases, líquidos e massas. Direta: estimulação da parede do abdômen por meio de tapas, utilizando uma das mãos ou os dedos. Indireta: percussão dígito-digital iniciada no quadrante ID e nos demais em sentido horário Sons: timpânicos, hipertimpânicos, maciços ou submaciços A distribuição ou as mudanças observadas durante a percussão determinam o tamanho, a posição dos órgãos e o conteúdo intra-abdominal. Timpânicos Presença de gás das vísceras ocas e do trato gastrointestinal Hipertimpânicos Abdome distendido com possibilidade de obstrução intestinal Maciços Órgãos sólidos como fígado, baço ou presença de massas Submaciços Vísceras preenchidas com líquido ou fezes Palpação Auxilia na determinação do tamanho, forma, posição, identificação de massas, acúmulo de fluídos e sensibilidade da maioria dos órgãos. Os 4 quadrantes devem ser palpados em sentido horário, sendo que as áreas dolorosas ou sensíveis devem ser analisadas ao final. Superficial: o abdômen deve ser pressionado com uma das mãos com os dedos fechados aproximadamente em 1 cm com movimentos suaves em sentido horário Verificar a presença de nódulos, massas, hipersensibilidade, contratura muscular involuntária – resposta inflamatória do peritônio. Profunda: A parede do abdômen deve ser pressionada em aproximadamente 5 cm a cada expiração Deve-se avaliar com a pressão dos dedos o tamanho, a forma, a consistência, a localização, a sensibilidade, a mobilidade e a pulsação dos órgãos ou massas. FÍGADO: (paciente decúbito dorsal, relaxado) • Palpar hipocôndrio D, o flanco D e o epigástrico, indo da cicatriz umbilical ao rebordo costal • Palpação em garra: Na Expiração junto ao rebordo as mãos do examinador ajustam-se à parede abdominal sem fazer compressão e sem movimentar. Na Inspiração a mão do examinador, ao mesmo tempo que comprime, é movimentada para cima, buscando detectar a borda hepática • Palpação bimanual: Colocar a mão esquerda ao nível da loja renal direita, forçando-a para cima e com a mão direita procede a busca da borda inferior do fígado, na inspiração. Observar o paciente em busca de manifestação ou dor. Exame dos membros inferiores e superiores Inspeção: Exame da força muscular – observar aperto de mão e a resistência Exame da marcha – deambulação presente ou claudicante Observar o volume e movimentos articulares, deformidades, perfusão periféricas ou preenchimento capilar. Avaliar queixas de dor, edema, temperatura, rigidez. Verificação da pele quanto à integridade, hidratação, turgor, coloração, presença de nevos, cicatrizes, unhas preservadas, simetria dos membros, movimentação e tônus muscular simétricos e preservados. Palpação: Verificar se o sinal de godet está positivo, perfusão sanguínea-compreensão do leito ungueal, pulsos, presença de nódulos ou massas, presença de hipersensibilidade Referências: LEITE, Alba Lucia B. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. 3ª EDIÇÃO. Porto Alegre: Artmed, 2016. POTTER, Patricia A; PERRY, Anne G; ELKIN, Matha Keene. Procedimentos e intervenções de enfermagem. 9ª EDIÇÃO. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Porto & Porto, Exame clínico 8ª. EDIÇÃO. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 2017.