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Unidade I: 
 
Unidade: 
 Conceituação de Comunicação 
Comunitária 
 
 
 
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Unidade: Conceituação de Comunicação Comunitária 
Parênteses 
 
Bem, pessoal. Não vejo outra forma de iniciar esta unidade, a não ser 
relatando brevemente o meu envolvimento afetivo com a Comunicação 
Comunitária. 
Por ser moradora da região da Zona Leste, desde a infância ouvia muito 
sobre o papel da Igreja Católica nos “anos de chumbo”, vividos durante a 
ditadura militar. Sempre escutava os mais velhos contarem e recontarem 
lembranças saudosas acerca da importância dos jornais populares da época na 
construção de uma democracia que despontava “lenta e gradualmente” no solo 
brasileiro por volta dos anos de 1980. 
Somente mais tarde, com o passar dos anos - durante a graduação - tive 
a oportunidade de acompanhar diferentes grupos e lutas sociais em São Paulo 
e, então, reconhecer o valor da comunicação popular numa sociedade 
repressiva ou até democrática. Entre os movimentos que acompanhei, 
chamou-me atenção os que prezavam democratizar a comunicação por meio 
do exercício da comunicação popular. Como exemplo, cito as rádios 
comunitárias que conheci, entre elas, a que mostrei a vocês na 
Contextualização desta unidade: a rádio Favela. 
Com o término da graduação, tive o desejo de conhecer com maior 
profundidade acadêmica a comunicação popular e alternativa da Zona Leste de 
São Paulo. Sendo assim, iniciei meus estudos de Pós-graduação e inclusive, o 
mestrado, na área. Portanto, não se espante se, ao longo de nossa disciplina, 
trouxer dados e exemplos relacionados à minha pesquisa. Isso pode nos 
auxiliar a compreender a Comunicação Comunitária. 
Além da Comunicação Comunitária me acompanhar na vida acadêmica, 
realizei inúmeros vídeos-documentários em comunidades diversas, como 
exemplo maior cito a de Heliópolis. Lá, acompanhei o trabalho de uma rádio 
comunitária e de um cinema popular, feito inteiramente por moradores da 
região. 
Em 2010, completo 8 anos da licenciatura desta disciplina e hoje tenho 
este grato desafio de criar a disciplina em sua versão on-line. Minha 
 
 
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dissertação de mestrado tratou de um importante centro de comunicação 
popular e alternativa da zona leste durante o regime militar brasileiro, o Cemi. 
Para quem se interessar em conferir meu trabalho, o link é: 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_actio
n=&co_autor=32922. 
 
Conceituação 
 
Até o momento, tudo que vocês viram na graduação dizia respeito à 
comunicação de massa, não é mesmo?! Ou seja, uma comunicação feita por 
profissionais da área para um público homogêneo, imensurável e que nem 
sempre interage de forma direta com o emissor da mensagem. 
 
 
 
Muito bem, na comunicação comunitária a situação muda. A comunicação 
comunitária ou comunicação popular e alternativa, como também é chamada, 
surgiu durante o regime militar como uma alternativa aos movimentos sociais 
interessados na democratização da comunicação. Isso mesmo, já que os 
meios de comunicação estavam censurados e nem sempre podiam declarar a 
real situação pela qual o país enfrentava; inúmeras comunidades encontraram 
formas diferenciadas de se comunicar. Seus principais instrumentos são: o 
boletim, o jornal de bairro, o "jornal poste", a rádio comunitária, a TV 
comunitária, o vídeo-documentário e, mais recentemente, a internet e suas 
redes sociais. 
Receptor 
Emissor Mensagem Emissor 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=32922
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=32922
 
 
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A comunicação comunitária conta com a participação direta do povo na 
produção de produtos midiáticos, na divulgação de notícias, informações, 
serviços e na valorização da cultura local. 
Segundo a Profª Cecília Peruzzo, uma das maiores estudiosas da área, 
"O participante, além de contribuir, formulando conteúdos, tem o poder de atuar 
no processo de decisões relativas aos conteúdos dos meios e à sua gestão" 
(PERUZZO, 2003, p. 248). 
Por ser comunitária, este tipo de comunicação tem alcance limitado e 
procura identificação com o público ao qual se destina. Isso não significa que 
um movimento social mundial não possa se utilizar de redes sociais como 
Orkut, Facebook e Youtube para se manifestar, ok?! 
Note que a compreensão da comunicação comunitária está estritamente 
relacionada com a distinção dos termos “comunidade” e “sociedade”. Confira 
as principais diferenças no quadro abaixo: 
 COMUNIDADE SOCIEDADE 
Característica social Confraternização Troca 
Relação social 
dominante 
Parentesco e boa vizinhança Cálculo racional 
Instituições 
fundamentais 
Família, amizade, ideal Estado Capitalista 
O indivíduo na 
ordem social 
Parte do coletivo Indivíduo 
Forma de riqueza 
característica 
Terra Dinheiro 
Tipo de Direito Familiar, de amizade etc. Contratual 
Ordenação das 
instituições 
Vida familiar, rural e urbana Vida de cidade, 
racional e cosmopolita 
Tipo de controle 
social 
Concórdia ou harmonia, morais 
e costumes populares e da 
religião 
Convênio, legislação 
e opinião pública 
 
 
 
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Comunidade não diz respeito a um pequeno grupo de objetos ou pessoas 
em comum num determinado espaço limitado. Comunidade subentende uma 
proximidade e um forte elo entre os membros que muitas vezes não se limita a 
ligações geográficas. Um exemplo claro são as comunidades "virtuais". Grupos 
que se reúnem em sites ou foruns na Internet e que, apesar de viverem em 
comunidades físicas diferentes, compactuam de mesma opinião, ideologia, 
necessidade. 
 
A comunicação comunitária pode ser caracterizada seguindo os 
parâmetros abaixo: 
 A mensagem é de... 
- Interesse público/comunitário x Interesses particulares 
 A mensagem faz... 
- Prestação de um serviço: Informes, Avisos, Campanhas etc. 
Ex.: Anúncio de campanhas de saúde, matrícula nas escolas, vagas de 
emprego, manifestações por moradia/educação/cultura/tolerância etc. 
 A mensagem trata de... 
- Dilemas e desafios da comunidade. 
- Participação dos moradores na solução dos problemas (mobilização 
social) 
 A mensagem procura... 
- Valorização da cultura local (História, Artistas, Tradições, Religiões, 
Festas, Memória etc) 
 O público-alvo 
- A própria comunidade (todos os moradores) 
 
 
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- Meus vizinhos, minhas amigas, meus amigos, meus inimigos etc. 
 A linguagem 
- A mais adequada para que a comunidade compreenda da melhor forma 
os conteúdos locais e globais. 
- Gírias locais, pensamento embasado – geralmente – no senso comum. 
Pretende-se também educar/conscientizar etc. 
 A sustentabilidade financeira desses veículos 
- Anúncios de comerciantes locais 
- Patrocínio de agências financiadoras de projetos sociais 
- Festas, promoções, bingos, colaboração dos moradores, apoio de 
universitários 
COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA 
PARA – PELA – DA – COM – a COMUNIDADE 
Ao total, até o final da década de 1980, havia mais de 33 definições 
diferentes para o termo “comunicação popular”. 
Para alguns autores, a comunicação popular não pode ser identificada 
pela classe social daquele que a realiza, na medida em que qualquer indivíduo 
de classe social adversa pode estar comprometido com os ideais das classes 
populares. Carlos Eduardo Lins da Silva ressalta: 
(...) podemos dizer que alguns jornais defendem os interesses das 
classes populares, mas não são feitospor elas nem a elas se 
destinam. Outros, embora tenham as classes populares como 
destinatárias principais, defendem os seus interesses, não são feitos 
por elas. Outros, ainda defendem os interesses das classes 
populares, são por elas produzidos e a elas dirigidos. (GOMES, 1987, 
p. 46) 
Não podemos negar, contudo, que a comunicação popular tem a ver com 
o povo e seus próprios códigos e que seu principal objetivo deve ser a 
promoção da justiça social. 
 
 
 
 
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A linguagem também não serve como parâmetro na definição do que é 
comunicação popular, tendo em vista que a linguagem pode ser lexicalmente 
popular e não servir aos ideais das classes populares, como era o caso do 
jornal Notícias Populares, marcado na história da imprensa como um jornal 
sensacionalista. 
E a mensagem? Bom, autores como Gomes acreditam na importância de 
se vincular a mensagem à realidade social. Para o autor, a comunicação 
popular não anda sozinha, sempre está aliada a um movimento organizado e 
interessado em enfrentar a manipulação e a opressão de classes dominantes: 
“Sozinha, a comunicação não vai modificar a sociedade, por melhor que se 
realize; ela pertence à instância superestrutural”. (ibidem, p. 51) 
A condição histórica na qual a prática comunicativa está inserida também 
diz muito. Para Regina Festa - outra autora significativa em Comunicação 
Comunitária - o Brasil carrega, marcadamente, esta característica: 
No campo da comunicação (alternativa e popular) no Brasil, e ao 
contrário do que ocorre na Europa ou Estados Unidos, a principal 
característica da produção cultural é a identidade com as formas de 
opressão social. (FESTA, 1986, p. 29) 
Sendo assim, a ditadura militar na história latino-americana e em especial 
no Brasil foi determinante para o surgimento da comunicação comunitária em 
contraponto aos grandes conglomerados da comunicação de massa. Ou seja, 
a comunicação é um fenômeno social por excelência, cuja forma varia de 
acordo com as possibilidades do ambiente. Nas próximas unidades, 
compreenderemos esse período histórico conturbado no Brasil e no mundo. 
Após avaliar o argumento de inúmeros pesquisadores, podemos entender 
 
 
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que a comunicação é popular pela “(...) forma como se conduz o processo e o 
contexto no qual se insere. O problema da comunicação não é tanto o que 
dizer, mas como dizê-lo.” (GOMES, 1987, p. 114) Em relação ao conceito de 
alternativo: “O contexto alternativo não é a comunicação alternativa, mas 
apenas o que torna uma comunicação popular.” (GOMES, 1987, p. 58) 
??? Deu para entender ??? 
Então a comunicação é popular ou comunitária de acordo com a 
organização da mensagem. Ou seja, como ela é transmitida, preparada, 
compreendida e assim por diante. Contudo, é o contexto de um país e – em 
tempos de globalização, do mundo – que dá o tom de “alternativo” desse tipo 
de comunicação. E não precisa haver uma ditadura militar para as pessoas se 
unirem e montarem seus próprios veículos de comunicação. Hoje, as 
comunidades mais diversas se identificam com seus próprios jornais, seus 
blogs, suas revistas etc. Estamos falando dos Punks, dos Emos, dos 
Homossexuais, dos Músicos, dos Vegetarianos e assim por diante. 
E você em qual comunidade está inserido? 
Com qual veículo comunitário você se identifica ou até participa 
ativamente? 
Para Peruzzo, na atualidade, pós-ditadura militar, a comunicação popular 
se identifica com a cultura. 
Como escreveu Canclini, trata-se de uma nova maneira de pensar o 
popular, ligando comunicação e cultura. Ela ocupa-se da 
comunicação no contexto de organizações e movimentos sociais 
vinculados às classes subalternas ou, como dizem enfaticamente, da 
comunicação “ligada à luta do povo” por melhores condições de 
existência e pela sua emancipação, mediante movimentos de base 
organizados. (PERUZZO, 1998, p. 119) 
Nesse sentido, a autora identificou três correntes de estudo. A primeira 
diz respeito ao popular-folclórico. Trata-se das expressões culturais tradicionais 
do povo, como os ritos, os mitos, as festas e as crenças. Exemplo: a Festa do 
Divino. A segunda seria o popular-massivo. Ela refere-se à ocasião em que a 
comunicação de massa se apropria da cultura popular, de sua linguagem e de 
outras características em busca de altos índices de audiência. Exemplo: o 
 
 
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Carnaval. Como foi citado anteriormente, o jornal Notícias Populares também é 
um exemplo notório. Por fim, a terceira corrente refere-se ao popular-
alternativo. Como é o caso do jornal abaixo (GRITA POVO, nº 4, nov. 1982. p. 
8): 
 
Os estudos de comunicação popular também suscitaram questões 
pertinentes à Teoria da Comunicação, a começar pela valorização do receptor 
(Ver esquema do processo da comunicação anteriormente), por muito tempo, 
ele foi desprezado pelos pesquisadores em comunicação, uma vez que não era 
considerado como sujeito de atitudes autônomas e imprevisíveis. Antes, 
acreditavam que o receptor era incapaz de escapar às imposições da Indústria 
Cultural. 
O receptor deixava de ser identificado com a massa amorfa e 
uniforme, passiva e manipulável, passando a ocupar o lugar do 
dominador - o trabalhador organizado, a feminista, o militante -, cujas 
apropriações expressavam um receptor crítico. (HOHLFELDT; 
MARTINO; FRANÇA, 2001, p. 264) 
 
 
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Atualmente, assumiu-se, então, que o “sujeito-receptor” (não profissional 
da área de comunicação) era capaz de ser produtor da mensagem midiática, 
de acordo com as condições que o seu ambiente sócio-político e cultural lhe 
oferece, assim como também pode refletir criticamente sobre a mensagem que 
a comunicação de massa lhe impunha. Isso mesmo! Também faz parte das 
atribuições da comunicação comunitária, refletir sobre a comunicação de 
massa, como podemos conferir no exemplo abaixo. 
 
 
 
Alguns estudiosos acreditam que a comunicação comunitária atingiu seu 
ápice em períodos críticos como o regime militar. Há uma sensação de apatia 
 
 
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no ar, inclusive no que diz respeito à formação de novos líderes populares. 
Hoje, aparentemente, o ambiente democrático forja uma liberdade de 
expressão no setor da comunicação, entretanto isso não se confirma, quando 
pensamos na natureza da comunicação de massa no Brasil. 
Vale dizer que, em pleno século XXI, a concessão de veículos de 
comunicação tornou-se “barganha eleitoral” na mão do governo. Oligopólios 
formam-se no país, a fim de impor à população uma visão de mundo 
manipulada.1 
Em última instância, iniciativas de comunicação popular que têm tido 
ressonância em comunidades por todo o país são combatidas severamente 
pelo Estado com proibições e regulamentações. Um bom exemplo estaria no 
constante conflito entre rádios comunitárias e a Anatel. 
Obviamente, há muitos exemplos que expõem a distorção do objetivo das 
necessidades locais e se maquiam sob outros interesses. É o caso de rádios 
ditas comunitárias, mas que na verdade transmitem mensagens de uma única 
vertente religiosa ou política. “(...) por exemplo, a existência de meios de 
comunicação que se dizem comunitários, mas que de fato servem a outros 
interesses - políticos eleitorais, religiosos, financeiros e personalísticos.” 
(PERUZZO, 2003, p. 249). 
Mas, dificilmente encontra-se uma saída para esses problemas. 
Sabe por quê? A fiscalização É FALHA! 
Portanto, precisamos ser CRÍTICOS! 
 
 
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 “Presente em todos os estados, a maioria dosprincipais grupos regionais de mídia são 
afiliados à Globo, o que não impede que 86% dos seus veículos estejam concentrados na 
região de maior circulação de verba publicitária, o Sudeste. Do total da verba publicitária, 
abocanha US$ 1,5 milhão, deixando US$ 600 milhões para o SBT e 300 para a BanDom O 
resultado é uma audiência de 54% , contra 23% dos índices alcançados pelo SBT, sua 
concorrente mais próxima. Subordinados às cabeças-de-rede, que dominam os principais 
mercados, os grupos afiliados à Record, Band, SBT e Globo também reproduzem a 
concentração do mercado, ficando restritos a pequenos mercados regionais.”(WANDELLI, R. 
Pesquisa mostra cartelização da mídia brasileira. São Paulo: INSTITUTO GUTEMBERG - 
CENTRO DE ESTUDOS DA IMPRENSA, 2002) 
 
 
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Neste caso, cabe ao público ter o discernimento e perceber quando as 
informações estão sendo tendenciosas e se escondem atrás do espaço 
comunitário para tentar impor ideologias e opiniões que não refletem, em 
momento algum, os interesses de determinada comunidade. 
Apesar dos impasses já citados acima, como a oligopolização da mídia 
brasileira e a punição do governo às rádios comunitárias; eu acredito que a 
comunicação popular ainda se mantém ao longo da história, como alternativa, 
dialógica, comunitária e revolucionária. 
 
Já sei... Você deve estar se 
perguntando: Por que uma 
disciplina como essa faz parte de 
um curso dito profissional? Então, 
não estou me formando para atuar 
na comunicação de massa? 
Pois é, eu lhe respondo o seguinte: o mundo mudou e a comunicação 
comunitária nos desperta um novo olhar diante dos produtos de comunicação 
de massa. Trata-se de um olhar crítico e consciente. Trata-se de nossa 
responsabilidade social como profissionais da comunicação. Afinal, você não 
será um mero “apertador de botões” no mercado de trabalho e sim um 
verdadeiro “agente histórico”; capaz de interferir no curso da história do seu 
país, da sua cidade, do seu bairro, da sua rua... Como disse Paulo Freire, “É 
impossível tocar a realidade de luvas”. É como se em comunicação 
 
 
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comunitária, tirássemos as luvas. 
Por outro lado, a comunicação comunitária deixou os movimentos sociais 
de combate à ditadura para trás e hoje faz parte do repertório do 3º setor. Na 
atualidade, as mais variadas ações de comunicação comunitária empenhadas 
nesse novo nicho de trabalho abrigam inúmeros profissionais de nossa área e 
você deve desenvolver uma série de competências e habilidades para lidar 
com ela. Mas, esse é um assunto para a nossa próxima unidade. Até lá!!! 
 
 
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1976. 
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FILHO, P. C. No olho do furacão: América Latina nos anos 60/70. São Paulo: 
Cortez, 2003 
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 
GASPARI, E. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 
2002. 
 
14 
 
Responsável pelo Conteúdo: 
Profª Ms. Regina Tavares de Menezes 
Meu currículo lattes: 
http://lattes.cnpq.br/8537018970522953 
 
Revisão Textual: 
Profª Dra. Roseli F. Lombardi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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