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Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças

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@jumorbeck 
 
Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças 
TERMOS 
Saúde pública: está ligada ao setor governamental e é voltada para os 
problemas de saúde que atingem a coletividade. 
Saúde coletiva: diz respeito a um processo de trabalho em saúde que 
tenha como foco a promoção da saúde, a prevenção de riscos e 
agravos, a reorientação da assistência, a melhoria da qualidade de vida, 
privilegiando mudanças nos modos de vida e nas relações entre as 
pessoas e instituições envolvidas no cuidado à saúde da coletividade. 
Também é gerida e administrada pelo Estado. 
Políticas públicas: são diretrizes que norteiam as ações em determinada 
área da vida social. Sua formulação envolve a discussão entre vários 
atores da sociedade: governo, legisladores, representantes de 
associações civis e de setores produtivos (comércio, indústria, 
transporte, entre outros), a fim de se obter um consenso, com várias 
proposições legisladas, isto é, transformadas em leis. Um bom exemplo 
é a Política Nacional do Idoso, que prevê ações que vão desde a 
assistência à saúde dessa população até gratuidade no transporte 
público. 
Níveis de atenção à saúde: trata-se da divisão dos serviços de saúde 
com base em suas características e complexidade tecnológica. Essas 
tecnologias podem ser divididas em; leve (calcada nas relações 
interpessoais, como técnicas de entrevistas), leve-dura (saberes 
estruturados, como a administração e a epidemiologia) e dura (uso de 
equipamentos e normas institucionais). No Brasil, temos três níveis de 
atenção: a atenção básica, com os serviços de vigilância em saúde e 
as Unidades Básicas de Saúde (UBS); a atenção secundária ou média 
complexidade, com os hospitais gerais e os ambulatórios; e a atenção 
terciária ou alta complexidade, com os hospitais e os serviços 
especializados. Alguns autores citam ainda a atenção quaternária, que 
seria a especialização da especialização, como a medicina nuclear. 
Cuidados primários em saúde: são definidos como cuidados de baixa 
complexidade tecnológica (o que não significa baixa qualidade), alta 
penetração na comunidade, alta resolutividade dos problemas das 
populações e socialmente aceitáveis. Os cuidados primários também 
se devem configurar como principal contato do usuário com o sistema 
de saúde e proporcionar serviços de proteção, cura e reabilitação. 
Atenção primária em saúde: estratégia que se caracteriza por ser o 
primeiro contato da população com os profissionais de saúde, com 
foco em proteção, recuperação, reabilitação e promoção da saúde. 
Também prevê a participação ativa das comunidades no processo de 
cuidado e na organização dos serviços. Pode ser o primeiro nível de 
atenção em um sistema de saúde. 
Atenção básica: é a denominação usada no Brasil, equivalente à 
Atenção Primária em Saúde. 
Prevenção de doenças 
↠ Leavell e Clark desenvolveram o modelo de História 
Natural da Doença (HND), a fim de explicar o processo de 
adoecimento, demonstrando de forma clara quais são as 
fases desse processo. 
 
↠ Eles também propuseram estratégias de prevenção 
voltadas para cada fase da doença. Para eles, a doença 
acontece em duas fases: 
➢ Pré-patogênese: essa fase precede a instalação 
da doença no organismo. Nela, acontece a 
interação entre os agentes patogênicos, o 
ambiente e o suscetível - no nosso caso, o ser 
humano -, que gera o estímulo para o 
aparecimento da doença. 
Os agentes patogênicos podem ser: físicos (calor, radiação, frio etc.); 
químicos (substâncias psicoativas, substâncias tóxicas); biopatógenos 
(vírus, fungos, bactérias, príons etc.); nutricionais (tipo de alimentação); 
e genéticos (alterações de genes). 
O ambiente contribui de formas variadas e é considerado de modo 
amplo, desde o meio natural até o meio cultural. Por exemplo, morar 
em um local sem saneamento básico e sem educação sobre higiene 
torna as pessoas mais propensas às doenças diarreicas. 
➢ Patogênese: período no qual a doença já está 
instalada e as alterações no organismo são 
iniciadas, podendo esse processo patológico 
resultar em cura, cronificação da doença, 
sequelas/invalidez e morte. Esse período é 
dividido em: 
o Interação: momento no qual o estímulo entra em contato 
com o hospedeiro e começa a gerar a doença. Por 
exemplo: uma pessoa contamina-se com o vírus HIV em 
uma relação sexual. 
o Alteração dos tecidos: nessa fase, a doença provoca 
alterações nos tecidos do corpo humano. Seguindo com o 
exemplo anterior, o vírus invade as células do indivíduo, 
multiplica-se e depois as destroi. 
o Sinais e sintomas: em virtude das alterações dos tecidos, os 
sinais e os sintomas da doença começam a aparecer. No 
caso da infecção por HIV, com a destruição das células 
imunológicas, o indivíduo passa a ter infecções frequentes. 
o Desfecho: a doença pode terminar de várias formas, com 
a cura total, a cura com sequelas, a cronificação e a morte. 
A infecção por HIV, atualmente, possui um desfecho 
controverso. Alguns pesquisadores defendem que ela se 
tornou uma doença crônica; outros, que ela sempre levará 
à morte. 
↠ Com base nessa lógica de desenvolvimento da doença, 
Leavell e Clark propuseram a classificação das ações 
preventivas, que devem ser voltadas para cada uma das 
fases descritas anteriormente. 
↠ Essa classificação perdura até hoje e nos guia no 
planejamento das ações preventivas. São três os níveis 
de prevenção: 
 
@jumorbeck 
➢ Primária: ações voltadas para atuar no controle 
dos fatores pré-patogênicos, evitando o 
aparecimento do estímulo e, 
consequentemente, da doença. 
➢ Secundária: o foco é o indivíduo que já adquiriu 
a doença e precisa de ações que evitem o 
agravo ou a morte, como diagnóstico, 
tratamento precoce e limitação da invalidez. 
➢ Terciária: consiste na prevenção ou melhora da 
incapacidade, sendo a atividade de reabilitação 
seu principal trabalho. 
A prevenção primária está voltada para o período pré-patogênico. 
Nela estão previstas as ações de proteção especifica - imunização, 
educação para a saúde, controle de vetores, higiene etc. - e também 
a promoção da saúde, que é a melhoria das condições de vida. 
A prevenção secundária visa evitar que a situação piore. Então, foca-
se o diagnóstico, o tratamento precoce e a limitação da invalidez. Atua-
se na fase de patogênese, quando existe interação do estímulo com 
o suscetível, alterações dos tecidos e sinais/ sintomas. 
Na prevenção terciária, a invalidez ou o defeito crônico estão 
instalados, e é preciso reabilitar e reinserir socialmente o indivíduo. 
↠ Todos os serviços de saúde fazem prevenção dos 
três níveis, mas, às vezes, é dada ênfase em um deles. 
Promoção da saúde 
↠ O conceito de promoção da saúde é muito antigo e 
tem sido “lapidado” e discutido por especialistas da área 
de saúde pública há mais de anos 70. 
↠ A promoção da saúde foi assim denominada, pela 
primeira vez, pelo médico Henry Sigerist, no início do 
século XX, que a colocou entre as quatro funções da 
Medicina, sendo as outras: prevenção de doenças, 
tratamento dos doentes e reabilitação. Na década de 1970, 
foi publicado o “Informe Lalonde”: proposto pelo ministro 
da saúde canadense, documento que discute o “campo 
da saúde". Para o relator do documento, a promoção da 
saúde significava a necessidade de se educar e de se 
fazer reformas estruturais no Estado, com envolvimento 
de outros setores além da saúde, a fim de oferecer real 
qualidade de vida à população. 
↠ Em 1986, enquanto no Brasil acontecia a VIII 
Conferência Nacional de Saúde, em Ottawa, no Canadá, 
ocorria a Primeira Conferência Internacional de Promoção 
da Saúde, onde foi definido que: 
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, 
incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para 
atingir um estado de completo bem -estar físico, mental e social os 
indivíduos e grupos devem saberidentificar aspirações, satisfazer 
necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. (OMS, 
1986) 
↠ Sendo assim, a promoção da saúde trabalha de forma 
diversa da prevenção, pois não tem o foco na doença, 
mas na alteração dos determinantes de saúde. 
Determinantes Sociais de Saúde, definidos como: fatores sociais, 
econômicos ou comportamentais que influenciam a saúde, positiva ou 
negativamente, e que podem ser influenciados por decisões políticas 
ou individuais, ao contrário da idade, sexo e fatores genéticos, que 
também influenciam a saúde, mas não são modificáveis por essas 
decisões. (PELLEGRINI FILHO, 2013) 
↠ Foram definidos cinco eixos que devem orientar as 
ações de promoção da saúde: 
➢ Reforço da ação comunitária/participação, a fim 
de que os serviços e os Estados fortaleçam os 
cidadãos e suas comunidades para que esses 
participem ativamente da organização do 
sistema de saúde, ajudando a tomar decisões e 
definir metas e prioridades. Nem sempre a visão 
do Estado e dos profissionais de saúde é a 
mesma da população. 
➢ Políticas públicas saudáveis que diminuam as 
desigualdades sociais por meio de ações sobre 
os determinantes dos problemas de saúde. 
➢ Desenvolvimento de habilidades pessoais, 
apoiando o desenvolvimento pessoal por meio 
de educação, cultura e intensificação das 
habilidades vitais. As pessoas devem ser 
estimuladas a aprender por toda a vida. 
➢ Criação de ambientes favoráveis, melhorando o 
meio ambiente, conservando recursos naturais e 
fazendo o acompanhamento sistemático do 
impacto que as mudanças no meio ambiente 
produzem sobre a saúde. 
➢ Reorientação dos serviços de saúde, de modo 
que eles deem ênfase à saúde, atuando de 
forma a atingir a integralidade do cuidado. Outra 
questão essencial é o trabalho intersetorial, isto 
é, aquele que envolve outros setores da 
sociedade e da comunidade: o comércio, os 
transportes, a educação e todos os outros. 
Promoção da saúde X prevenção de doenças 
↠ As duas estratégias são companheiras e devem ser 
utilizadas, pois cada uma tem um objetivo importante e 
as duas se complementam. 
 
 
@jumorbeck 
RESUMO 
Prevenção de doenças: foco na doença, nos profissionais e nos 
serviços de saúde; baixa responsabilização da pessoa e comunidade; 
programas desenvolvidos pelo Estado. 
Promoção da saúde: foco na saúde, na transformação da realidade 
para que essa torne a busca pela saúde possível; responsabilidade 
compartilhada por todos os envolvidos (Estado, comunidade, setores 
produtivos da sociedade, profissionais de saúde). 
 
Abordagem Comunitária: diagnóstico de saúde da 
comunidade 
↠ A existência de informações confiáveis e atualizadas 
sobre os determinantes e as condições de saúde de uma 
dada comunidade permite aos gestores e aos profissionais 
da área da saúde planejar, avaliar e monitorar os serviços 
de saúde orientados por dados que refletem a realidade 
local. 
↠ O conhecimento do perfil de agravos à saúde 
prevalentes na comunidade é um indicador imprescindível 
para a provisão de serviços e recursos, seja em termos 
de pessoal, de equipamentos, de medicamentos ou de 
outros insumos usados em atividades de caráter 
preventivo, diagnóstico, terapêutico e de reabilitação. 
↠ O planejamento das ações de saúde requer inúmeras 
informações sobre a população, fatores climáticos, 
situação da saúde, entre outras. 
↠ Países desenvolvidos e em desenvolvimento 
apresentam pirâmides etárias e, consequentemente, 
morbidades distintas. O mesmo ocorre dentro de um país 
como o Brasil, por exemplo, onde, nas regiões norte e 
nordeste, os serviços de saúde devem estar organizados 
para atender, ainda, uma demanda elevada de doenças 
infecciosas e parasitárias, ao passo que na região sul há 
uma elevada proporção de idosos com uma alta 
prevalência de doenças crônicas. 
↠ A morbidade pode ser pesquisada por meio de 
inquérito domiciliar ou pela demanda das pessoas que se 
apresentam espontaneamente aos serviços de saúde. 
Cada uma dessas abordagens permite observar uma 
parte da realidade, e só sua conjunção pode oferecer um 
quadro completo da morbidade. 
 
 
 
Diagnóstico de saúde da comunidade 
↠ Conceitualmente, o diagnóstico de saúde da 
comunidade é um estudo transversal, pois as variáveis de 
desfecho e de exposição são coletadas em um mesmo 
momento. 
↠ Os diagnósticos de saúde da comunidade não devem 
constituir-se em esforços isolados, mas devem ser vistos 
dentro de um contexto de utilização permanente de 
informações epidemiológicas para a avaliação e o 
planejamento dos serviços de saúde. 
↠ Etapas para a realização de um diagnóstico de saúde 
comunitário: 
➢ Redação do protocolo de pesquisa e envio ao 
comitê de ética em pesquisa: no primeiro 
momento, é preciso que seja elaborado um 
protocolo de pesquisa, que é o documento 
necessário para nortear o trabalho de campo. 
➢ Elaboração dos instrumentos: após aprovação 
do comitê de ética, os investigadores deverão 
preparar cuidadosamente os instrumentos que 
serão utilizados para a coleta de dados. A 
seleção das variáveis que serão incluídas no 
questionário deverá considerar a magnitude, a 
transcendência e a vulnerabilidade do problema 
em questão. Nesse ponto, uma ampla revisão de 
literatura e, especialmente, a busca refinada de 
informações em bancos de dados já existentes. 
É de extrema importância que a linguagem usada nos questionários 
seja compreensível para os entrevistados. O uso de expressões locais 
pode ser amplamente empregado, devendo-se evitar palavras 
complexas e com muitas sílabas. 
O número total de questões dependerá dos objetivos do estudo, 
porém é importante evitar questionários muito extensos e com muitas 
questões abertas, visto que isso pode aumentar o número de recusas 
(em virtude do tempo de aplicação do instrumento) e o tempo de 
revisão dos questionários. 
A definição de perda e recusa deve ser feita antes do início da coleta 
de dados, e todos os entrevistadores devem ser orientados sobre 
como proceder perante uma dessas situações. Uma definição 
operacional muito usada para perda tem sido a não localização do 
indivíduo no domicílio após três tentativas em dias e horários distintos. 
Para recusas, o critério do número de tentativas adotadas tem sido o 
mesmo, porém, nesse caso, o indivíduo foi localizado e não manifestou 
interesse em participar do estudo. 
➢ Amostragem: em geral, não é necessário 
estudar a população inteira para que sejam 
obtidas informações úteis e válidas sobre ela. O 
estudo de uma amostra tem várias vantagens 
 
@jumorbeck 
práticas, em particular porque o número de 
indivíduos que precisam ser entrevistados ou 
examinados é menor. Porém, quando se usa 
uma amostra, é necessário assegurar que os 
indivíduos nela incluídos sejam representativos 
da população que está sendo investigada. 
A amostragem probabilística possui alta capacidade de generalização, 
pois a escolha dos indivíduos da amostra é dada de forma aleatória, 
permitindo que cada sujeito tenha uma probabilidade específica de 
seleção. Alguns tipos de amostragem probabilística são: 
o Amostragem aleatória simples. Listam-se todos os 
indivíduos elegíveis para o estudo e, por meio de um 
sorteio aleatório, seleciona-se um subconjunto que formará 
a amostra do estudo. 
o Amostragem sistemática. É uma variação da aleatória 
simples, em que, por meio de uma lista de indivíduos, se 
seleciona o primeiro indivíduo de forma aleatória e os 
demais por meio de um intervalo de seleção 
preestabelecido. 
o Amostragem aleatória estratificada. Divide-se a população 
em estratos de acordo com determinadas características, 
como nível socioeconômico, sexo ou cor da pele. A partir 
de então, utiliza-se o processo de amostragem aleatória 
simples para cada estrato. A estratificação pode ser 
ponderada, de acordo com o interesse do investigador. 
o Amostragem por conglomerados. Amostragem aleatóriasimples cuja unidade de amostragem é um grupo de 
indivíduos (conglomerado) da população (como postos de 
saúde, escolas, setores censitários, etc.). 
o Amostragem em múltiplos estágios. Combina todos os 
métodos anteriores. Por exemplo, uma série de escolas 
(aglomerados) é identificada e uma amostra aleatória delas 
é selecionada. Depois, dentro de cada escola, é selecionada 
uma amostra aleatória de alunos; essa amostra é 
estratificada por séries escolares. 
 
➢ Seleção e treinamento de entrevistadores: 
inicialmente, devem-se estimar quantos 
entrevistadores serão necessários para a coleta 
de dados, de acordo com as definições logísticas 
do estudo e com o tempo previsto para a 
duração da coleta de dados. Deve-se dar 
preferência à seleção de entrevistadores que 
tenham ensino médio completo e disponibilidade 
de tempo (incluindo finais de semana). Após a 
seleção, os entrevistadores aprovados devem 
ser submetidos a um treinamento em conjunto. 
Em geral, é preferível descartar entrevistadores que tenham ensino 
superior na área da saúde, para evitar que a maior autonomia inerente 
a esses indivíduos possa enviesar a padronização no momento da 
coleta de dados. 
Ao final do treinamento, deverá ser aplicada uma prova teórica para 
avaliar o desempenho dos candidatos em termos do conhecimento da 
logística do estudo, interpretação de quesitos específicos do 
questionário e codificação adequada das respostas. Essa avaliação final 
servirá para a escolha dos entrevistadores que irão imediatamente a 
campo e daqueles que ficarão em uma lista de excedentes, podendo 
ser chamados assim que houver desistências. 
➢ Aplicação, preenchimento e codificação dos 
questionários: 
Aplicação: o entrevistador deverá ler as perguntas para 
o entrevistado exatamente como estão escritas. É 
importante que o entrevistador seja treinado para que 
não demonstre atitudes de censura, aprovação ou 
surpresa diante das respostas. 
Preenchimento: no caso do uso de questionários em 
papel, os entrevistadores devem cuidar bem de seus 
formulários, utilizando sempre a prancheta na hora de 
preencher as respostas. Sugere-se que os questionários 
e formulários de papel sejam preenchidos a lápis e com 
muita atenção, usando borracha para as devidas 
correções. Os entrevistadores deverão ser avisados de 
que, caso alguma resposta fique em branco, terão de 
voltar ao local da entrevista. 
Codificação dos questionários: a codificação dos 
questionários deve ser feita a lápis no momento da 
entrevista e, no final do dia, após revisão, os questionários 
deverão ser codificados a caneta. As questões abertas 
(aquelas que são respondidas por extenso) não devem 
ser codificadas. Isso será feito posteriormente. É muito 
importante que não se deixem respostas em branco; 
para isso, devem ser aplicados os códigos especiais: Não 
se aplica (NSA), Ignorada (IGN), 
➢ Padronização de medidas: caso o estudo envolva 
aferição de pressão arterial (PA), medida de 
peso, comprimento, estatura, coleta de sangue, 
etc., os entrevistadores deverão passar por um 
processo de padronização para obtenção 
dessas medidas. 
➢ Estudo-piloto: a realização de um estudo-piloto 
em domicílios não sorteados para fazer parte da 
amostra tem como finalidade avaliar a adequação 
do questionário e do manual de instruções, 
testar a logística do estudo e o desempenho dos 
entrevistadores em situações reais de campo e 
na codificação dos questionários. 
➢ Coleta de dados: o trabalho de campo, 
propriamente dito, consiste na aplicação dos 
questionários e na aferição de medidas. Cada um 
dos entrevistadores deve levar, além do material 
para coleta de dados, um mapa detalhado da 
região onde coletará as informações. 
 
@jumorbeck 
A equipe deverá ser composta de, pelo menos, um coordenador de 
campo, supervisores, entrevistadores e responsáveis pela digitalização 
dos dados, para que esse processo aconteça concomitantemente com 
a coleta de dados. 
➢ Controle de qualidade: uma subamostra aleatória 
de, pelo menos, 10% dos entrevistados deve ser 
contatada pessoalmente ou por telefone para 
checar a realização da entrevista e algumas 
respostas-chave do questionário. Esse 
procedimento permite checar se a entrevista 
realmente ocorreu e possibilita a realização do 
teste Kappa, para avaliar a concordância 
(confiabilidade) das respostas do entrevistado. 
Para o controle de qualidade, deve-se optar por perguntas que não 
sofram grande alteração na resposta entre o período da entrevista e 
da realização do controle, como cor da pele, religião, hospitalização, 
prática de atividade física, tabagismo atual, etc. Caso seja descoberto 
que a entrevista não foi realizada ou que parte dela foi inventada, o 
entrevistador deve ser desligado do estudo e todas as suas entrevistas 
refeitas. 
➢ Digitalização dos dados: após a revisão, nos 
casos de coleta de dados feita em papel, os 
questionários deverão ser encaminhados para 
digitação ou digitalização. No caso de digitação 
dos dados, para evitar erros, sugere-se que seja 
feita dupla digitação (com duas pessoas 
diferentes) e que, ao término, as digitações 
sejam comparadas para checar inconsistências. 
Atualmente, tem-se optado cada vez mais pela 
digitalização dos dados com softwares, que 
tornam o processo mais ágil e menos sujeito a 
erros de digitação. 
➢ Limpeza do banco de dados: por mais que os 
entrevistadores tenham sido orientados para o 
preenchimento adequado dos questionários, e 
que os supervisores tenham feito uma 
conferência das respostas antes da digitalização, 
há sempre casos em que a resposta é 
inconsistente com a pergunta. Por exemplo, 
perguntas sobre mamografia, exame 
citopatológico de colo do útero e/ou gestação 
podem ter sido respondidas em questionário de 
indivíduos do sexo masculino. Nesse caso, deve-
se checar se o erro está no preenchimento 
sobre o gênero ou nas respostas às perguntas 
sobre mamografia, citopatológico do colo de 
útero ou gestação. 
➢ Análise dos dados: poderá ser feita no pacote 
estatístico em que o pesquisador tenha maior 
domínio. Caso seja necessário, um estatístico 
poderá ser contratado para realizar as análises. 
Análises descritivas são úteis e suficientes para 
o planejamento dos serviços de saúde. Os 
resultados obtidos poderão ser 
georreferenciados em mapas que fiquem 
dentro das unidades de saúde, a fim de facilitar 
a visualização das principais morbidades da 
comunidade local e das áreas de maior 
vulnerabilidade social. 
➢ Divulgação dos resultados: os resultados obtidos 
no diagnóstico de comunidade deverão ser 
apresentados à comunidade local em linguagem 
simples. 
Os gestores devem ser informados dos principais achados, e um 
relatório técnico de pesquisa deve ser confeccionado para que os 
dados estejam disponíveis e sejam de fácil acesso. Para a comunidade 
acadêmica, a divulgação dos resultados poderá ser feita pela 
publicação dos achados em periódicos nacionais ou internacionais ou, 
ainda, pela apresentação em congressos e simpósios. 
 
Estimativa rápida 
↠ A elaboração do diagnóstico comunitário é uma 
ferramenta reconhecidamente relevante para o processo 
de planejamento das ações de saúde nos territórios. No 
entanto, há situações nas quais não há idealmente 
condições para aplicação do diagnóstico em todas as 
etapas previstas, impelindo a escolha por abordagens mais 
simplificadas, porém ainda capazes de auxiliar na 
delimitação dos espaços de atuação das equipes locais de 
saúde e na identificação de grupos populacionais ou 
problemas de saúde característicos daquele espaço. 
↠ O desafio dessa perspectiva de avaliação rápida e, 
ainda assim, completa foi assumido pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS), culminando com a publicação, 
em 1988, de um Guideline. Esse conjunto de diretrizes 
visava ao desenvolvimento de métodos ágeis e custo-
efetivos para identificação das necessidades emuma 
comunidade – em especial, áreas urbanas cuja população 
apresenta baixos índices de renda —, constituindo-se no 
que foi chamado rapid appraisal, ou estimativa rápida. 
↠ O objetivo da estimativa rápida consiste, em um 
cenário com disponibilidade limitada de tempo e recursos 
financeiros, em fornecer informações qualitativas e 
quantitativas dos principais problemas de saúde em uma 
comunidade. 
↠ As fontes de informação podem ser primárias (p. ex., 
observações descritivas da região e entrevista com 
 
@jumorbeck 
informantes importantes no território) ou secundárias 
(análise de registros existentes, não apenas nos serviços 
de saúde). 
↠ Acurcio e cols. Indicam que a técnica de estimativa 
rápida considera quatro aspectos. Esses elementos 
estruturais da Técnica de Estimativa Rápida constituem 
uma “pirâmide de informação”, ou seja, um perfil de 
planejamento organizado em prioridades que propicie um 
plano de ação adequado. Os diferentes níveis dessa 
pirâmide descrevem como operacionalizar a estimativa: 
o Estruturas, capacidades, envolvimento e 
necessidades da população. Base do processo, 
traz informações sobre as estruturas, os 
interesses e a mobilização popular – a 
capacidade organizativa da população. 
o Ambiente físico e socioeconômico. Mapeamento 
da interação de fatores do ambiente físico, social, 
econômico e cultural que agem como 
determinantes das condições de saúde. 
o Disponibilidade de serviços de saúde, ambientais 
e sociais. Caracterização da cobertura, do acesso 
e da utilização dos serviços disponíveis na 
comunidade, incluindo abastecimento de água e 
coleta de lixo (ambientais), além de creches e 
escolas (sociais), entre outros. 
o Política de saúde do governo. A avaliação desse 
elemento refere-se às políticas sociais 
(especialmente de saúde, mas não restrito à 
área, quando necessário) vigentes e operantes 
na comunidade, podendo identificar certo 
compromisso do Estado com a saúde na região. 
↠ A Estimativa Rápida indica QUAIS os problemas, e não 
QUANTAS pessoas são afetadas pelos problemas. 
↠ A operacionalização dessa técnica precisa 
necessariamente assegurar agilidade, coletando-se apenas 
dados considerados mínimos e pertinentes – dentro de 
um tempo aceitável para o planejamento de ações 
imediatas. A seguir, é apresentado um breve roteiro para 
busca das principais categorias de dados: 
1- Constituição de uma equipe preferencialmente 
multiprofissional e intersetorial. 
2- Decisão sobre o que é preciso saber a respeito 
da população e o território, assim como escolha 
dos métodos de coleta na equipe do 
planejamento local. 
3- Programação do cronograma de realização da 
Estimativa Rápida. As experiências indicam que 
todo o processo pode levar de 10 dias a 2 meses, 
conforme a disponibilidade da equipe e da 
comunidade. 
4- Entrevistas. As entrevistas com informantes-
chave a serem selecionados devem prever um 
roteiro semiestruturado, sendo um diálogo 
orientado e conduzido de maneira 
suficientemente informal para que o participante 
possa, às vezes, introduzir assuntos ou aspectos 
que o entrevistador não esperava – priorizando 
respostas mais complexas e de característica 
qualitativa. A respeito disso, ressalta-se que todos 
os pontos identificados como importantes 
devem ser anotados, tendo as notas ampliadas 
o mais breve possível após a entrevista. 
5- Observação. Examinar o ambiente físico da área, 
assim como a administração dos serviços 
oferecidos (não somente no setor saúde) e as 
atitudes dos informantes-chave durante as 
entrevistas, pode confirmar ou invalidar 
informações obtidas por outras fontes. 
6- Registros existentes. É importante tomar 
cuidado, a fim de manter-se fiel aos dados 
considerados pertinentes e necessários, 
podendo utilizar-se de alguns indicadores 
quantitativos. Gastos orçamentários, registros de 
hospitais e ambulatórios, estudos realizados por 
instituições de ensino superior, locais e registros 
referentes ao planejamento municipal estão 
entre as possibilidades de fontes secundárias 
para coleta de dados. 
↠ Após a compilação de todas as informações, 
especialmente aquelas provenientes das entrevistas e das 
observações, uma metodologia de análise de dados 
qualitativos deve ser aplicada. Iniciando-se pelas 
entrevistas, devem-se buscar repetições e regularidades 
nos enunciados e nas temáticas dos informantes, mesmo 
que suas respostas não sejam exatamente as mesmas. 
Esses agrupamentos que têm sentidos semelhantes 
permitem a construção de categorias para análise – 
construídas em consenso por toda a equipe quanto às 
mais apropriadas para interpretação. 
↠ A apresentação dos elementos descobertos durante 
a estimativa deve ser feita de maneira sintética e 
resumida, respeitando cada categoria elencada, para 
facilitar a interpretação e a consequente tomada de 
decisão sobre os pontos principais. 
 
@jumorbeck 
↠ O uso da Técnica de Estimativa Rápida pede algumas 
competências do profissional que a executa, em especial 
a determinação (para encontrar e examinar criticamente 
os registros existentes), a disposição (para encontrar-se 
com as necessidades da população local), a escuta (para 
percepção de entrevistas e conversas informais), a 
atenção (para busca de pistas sobre problemas 
potenciais) e o bom senso (para reexaminar a 
interpretação dos dados caso se mostrem muito 
diferentes do seu conhecimento profissional ou de sua 
experiência técnica). Essas características podem ser 
limitações importantes para o uso da Estimativa Rápida, 
devendo ser ponderadas pela equipe para verificar uma 
adequação da técnica às necessidades de planejamento. 
Diagnóstico de demanda 
↠ O diagnóstico de demanda é uma ferramenta útil para 
definir o padrão de morbidade, o perfil do usuário dos 
serviços, as informações sobre o processo de assistência 
à saúde, além de características do atendimento e da 
prática dos profissionais de saúde.1 
↠ O diagnóstico de demanda é uma pesquisa rápida e 
barata. Os dados podem ser obtidos por meio de 
questionários aplicados por entrevistadores ou 
autoaplicados e por análise de registros dos serviços de 
saúde. 
↠ A busca de informações em registros tem como 
principais limitações a sua imprecisão e o próprio sub-
registro, ainda muito frequente. 
↠ A coleta de informações para o diagnóstico de 
demanda pode ser feita por meio de dados referentes 
ao motivo pelo qual o indivíduo atribui a busca pela 
consulta (queixa principal), pelo diagnóstico médico ou, 
ainda, pela conduta tomada. 
↠ A terminologia “motivo de consulta” transmite as 
razões pelas quais uma pessoa entra no sistema de saúde 
e representa as demandas desse indivíduo, ao passo que 
o problema de saúde identificado pelo médico poderá ser 
o mesmo ou um diagnóstico estabelecido. 
↠ O cálculo de tamanho de amostra para estudos de 
demanda deve ser de, pelo menos, 10% da demanda do 
serviço. Ressalta-se a importância de que a coleta de 
dados seja feita em uma semana típica de atendimentos 
de cada estação do ano. Dessa forma, o viés de seleção 
será minimizado. Estudos internacionais 
mostram algumas diferenças sazonais, o que justifica essa 
sistematização. 
Referências: 
SOLHA, Raphaela Karla de Toledo. Saúde coletiva para 
iniciantes. Políticas e práticas profissionais. 2 ed. 
Erica/Saraiva. Cap4 E-book 
 
BASTOS G.A.N. et al. Abordagem comunitária: diagnóstico 
de saúde na comunidade. IN . IN Tratado de medicina de 
família e comunidade: princípios, formação e prática / 
Organizadores, Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti 
Lopes. Porto Alegre : Artmed, 2 ed. 2019. Cap. 38. 
Disponível em minha biblioteca

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