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Equações Diferenciais Ordinárias Profa. Dra. Vanda Maria Luchesi Aula 2 - 21/07/2021 1 Revisão aula 1 1.1 Modelo de crescimento populacional A hipótese de que a taxa de crescimento da população ideal é proporcional ao tamanho da população é escrita como a seguinte equação: dP dt = kP (1) onde k é a constante de proporcionalidade. Muitas populações começam crescendo exponencialmente, porém o ńıvel da população se estabiliza quando ela se aproxima de sua capacidade suporte K. E desta forma um modelo realista fica determinado pela equação: dP dt = kP (1− P K ) (2) onde k é a constante de proporcionalidade e K é a capacidade suporte. 1.2 Modelo para o movimento de uma mola d2x dt2 = − k m x (3) Figura 1: Sistema Massa Mola com eq. my′′ + ky = 0, reproduzida da ref. [1] 1 2 Classificação de Equações Diferenciais Definição 2.1 (Equação diferencial) Uma equação que relaciona uma função incógnita e algumas de suas derivadas é chamada Equação dife- rencial. Definição 2.2 (Equação diferencial ordinária) Uma equação que rela- ciona a função incógnita dependente apenas de uma variável e algumas de suas derivadas é chamada Equação diferencial ordinária. Definição 2.3 (Equação diferencial parcial) Uma equação que relaci- ona uma função incógnita que depende mais de uma variável e algumas de suas derivadas parciais é chamada Equação diferencial parcial. Neste texto trataremos exclusivamente das equações diferenciais ordinárias. A ordem de uma equação diferencial é a mais alta ordem das derivadas da função incógnita que aparecem na equação. Assim 1 e 2 são equações de primeira ordem e 3 é uma equação de segunda ordem. A forma geral de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem é: y′(t) = f(t, y(t)) (4) que escrevemos abreviadamente como y′ = f(t, y). (5) Na equação 5, f(t, y) é uma função definida em um subconjunto A do plano R2. Uma solução de 5 é uma função y(t) definida em um intervalo I tal que: (t, y(t)) ∈ A, para todo t ∈ I e y(t) satisfaz 5. Para cada (t0, y0) ∈ A, o problema de encontrar uma solução y(t) de 5 tal que y(t0) = y0 chama-se problema de valor inicial (PVI). Exerćıcio 2.1 Em cada caso verifique se a função dada é uma solução da equação diferencial e determine c de modo que a solução particular resultante satisfaça a condição dada 1. y′ + y = 1; y(t) = 1 + ce−t; y = 3 quando t = 0. 2. ty′ = 3y; y(t) = ct3; y = 1 quando t = −2. 3. y′′ + 9y = 0; y(t) = cos 3t+ csen3t; y = 5 quando t = π/6. 2 3 Equações diferenciais de primeira ordem Este caṕıtulo trata de equações diferenciais de primeira ordem dy dt = f(t, y). (6) onde f é uma função de duas variáveis. 3.1 Equações Lineares - Método dos Fatores Integrantes Se a função f na equação 6 depender linearmente da variável dependente y, então a equação 6 é denominada equação linear de primeira ordem. Em geral escrevemos a equação linear de primeira ordem do seguinte modo: dy dt + p(t)y = g(t) (7) onde p e g são funções dadas da variável independente t. Um exemplo t́ıpico de equação linear de primeira ordem é a equação: dy dt = −ay + b (8) onde a e b são constantes. A equação 8 pode ser resolvida do seguinte modo: Definição 3.1 (Método de integração) Se a 6= 0 e y 6= b/a podemos escrever: dy/dt y − b/a = −a (9) e integrando ambos os lados da equação 10, obtemos: ln(y − b/a) = −at+ C. (10) E a solução geral da equação 8 é y = (b/a) + ce−at (11) onde c é uma constante arbitrária. Exemplo 3.1 Considere a equação dp dt = 0, 5p− 450. (12) encontre as soluções dessa equação. Encontre a solução do PVI com condição inicial p(0) = 850. 3 Para resolver a 7 vamos usar um método similar ao método da integração, o qual utiliza uma função µ(t) chamada fator integrante. Se multiplicarmos a equação 7 pela função µ(t) obtemos: µ(t) dy dt + µ(t)p(t)y = µ(t)g(t). (13) Com o intuito de achar o fator integrante µ(t), devemos encontrar uma função µ(t) de modo que o lado esquerdo da equação 7 quando multiplicado por µ(t) satisfaça a derivada do produto µ(t)y: µ(t)( dy dt + p(t)y) = (µ(t)y)′. (14) Se pudermos encontrar tal função µ(t) a equação 7 ficará (µ(t)y)′ = µ(t)g(t) (15) e integrando ambos os lados teremos µ(t)y = ∫ µ(t)g(t)dx+ C (16) de modo que a solução da equação 7 será y(t) = 1 µ(t) ∫ µ(t)g(t)dx+ C. (17) Para encontrarmos o fator integrante µ(t), expandimos a equação 14 e can- celamos termos: µ(t) dy dt + µ(t)p(t)y = (µ(t)y)′ = µ′(t)y + µ(t)y′. (18) o que resulta em: µ(t)p(t) = µ′(t). (19) Supondo µ(t) 6= 0 e reescrevendo a equação 20 temos: µ′(t) µ(t) = p(t), (20) a qual pode ser resolvida integrando ambos os lados:∫ dµ µ(t) = ∫ p(t)dt, (21) o que resulta em ln |µ(t)| = ∫ p(t)dt, (22) 4 ou seja µ(t) = Ae ∫ p(t)dt (23) onde A = ±eC . Como estamos procurando um fator integrante particular, podemos tomar A = 1 e usarmos µ(t) = e ∫ p(t)dt (24) Definição 3.2 (Método do fator integrante) Para resolver a equação linear y′ + p(t)y = g(t), multiplique ambos os lados da equação pelo fator integrante µ(t) = e ∫ p(t)dt e integre de ambos os lados. Exerćıcio 3.1 1. Resolva a equação dy dt + 1 2 y = 1 2 e t 3 (25) e encontre a solução particular cujo gráfico contém o ponto (0, 1). 2. Resolva a equação diferencial dy dt − 2y = 4− t (26) 3. Resolva o problema de valor inicial ty′ + 2y = 4t2, y(1) = 2. (27) 4. Resolva o problema de valor inicial 2y′ + ty = 2, y(0) = 1. (28) 5 Referências [1] STEWART, J., Cálculo - vol. 2. 6ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2012. [2] BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C., Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. Rio de Janeiro: LTC, 2003. [3] DOERING, C. I., LOPES, A. O. Equações Diferenciais Ordinárias. Rio de Janeiro: SBM - Coleção Matemática Universitária, 2005. 6
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