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Indaial – 2020 CálCulo DiferenCial e integral iV Prof.ª Daniela Rego Amazonas 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.ª Daniela Rego Amazonas Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: A489c Amazonas, Daniela Rego Cálculo diferencial e integral IV. / Daniela Rego Amazonas. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 297 p.; il. ISBN 978-65-5663-010-6 1. Cálculo diferencial. - Brasil. 2. Cálculo integral. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 515.33 III apresentação Prezado estudante, bem-vindo a mais uma etapa do seu curso de Cálculo Diferencial e Integral. Ao longo das disciplinas de Cálculo, você veio criando as bases necessárias para o entendimento dos assuntos que serão tratados aqui, desde os conceitos básicos de derivada até a resolução de integrais usando as técnicas mais diversas. Quanto melhor for o seu domínio dos assuntos tratados nas disciplinas anteriores, mais fáceis serão sua compreensão e destreza ao tratar dos problemas apresentados nesta disciplina. Falaremos, aqui, de três assuntos importantes, a saber: Equações Diferenciais, Transformada de Laplace e Séries de Fourier. Apesar de parecerem assuntos desconexos, estão interligados, cujas aplicações, nas mais diversas ciências, são infindáveis. Procuramos, ao longo das unidades, fazer a apresentação dos assuntos de maneira formal, prezando pelo bom uso da linguagem matemática, mas sem exageros, facilitando sua leitura. Você também observará que existe um número muito grande de exemplos, cujo objetivos são ilustrar situações- problema e facilitar o entendimento dos conceitos e técnicas apresentadas. Além disso, apresentaremos uma variedade de aplicações ao logo de todo o livro. É preciso não somente incentivar a leitura, mas também mostrar o quão importante e variado é o estudo dos assuntos desta disciplina. Ao logo de toda a sua jornada estudando Matemática, você já deve ter tido a conclusão de que dedicação, organização e concentração são fundamentais. Nesta disciplina, além desses três fatores, acrescentamos a prática. Refaça os exemplos e resolva as atividades propostas mais de uma vez. Tenha certeza de que você domina as técnicas antes de ir para o próximo exemplo ou exercício. Dessa forma, temos convicção de que seu desempenho será excepcional. Desejamos uma boa leitura e que esta disciplina seja mais um incentivo para você continuar aprendendo. Profª. Dra. Daniela Amazonas IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS .......................................................................................1 TÓPICO 1 – PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS DE CONTORNO ................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS DE CONTORNO ....................................3 3 CLASSIFICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ..................................................................4 3.1 SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL .......................................................................7 4 TIPOS DE SOLUÇÕES ..........................................................................................................................8 5 PROBLEMA DE VALOR INICIAL (PVI) ...........................................................................................9 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................15 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................16 TÓPICO 2 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM ...........................................19 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................19 2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS ...................................................19 3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES .......................................................................................22 4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS ............................................................................................28 5 SOLUÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO ....................................................................................................32 6 APLICAÇÃO ..........................................................................................................................................39 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................44 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................45 TÓPICO 3 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM .....................47 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................47 2 DEFINIÇÃO ...........................................................................................................................................47 3 PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO ....................................................................................................484 INDEPENDÊNCIA LINEAR ..............................................................................................................49 5 CARACTERÍSTICAS DA SOLUÇÃO ..............................................................................................50 6 ENCONTRANDO A SOLUÇÃO .......................................................................................................56 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................78 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79 TÓPICO 4 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE ORDEM SUPERIOR .....................81 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81 2 RAÍZES REAIS DISTINTAS ..............................................................................................................82 3 RAÍZES REAIS REPETIDAS ..............................................................................................................83 4 RAÍZES COMPLEXAS DISTINTAS .................................................................................................84 5 RAÍZES COMPLEXAS REPETIDAS.................................................................................................85 6 EQUAÇÕES NÃO HOMOGÊNEAS .................................................................................................86 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................89 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................90 TÓPICO 5 – EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER .................................................................................91 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................91 sumário VIII 2 EQUAÇÃO HOMOGÊNEA ................................................................................................................92 3 EQUAÇÃO NÃO HOMOGÊNEA .....................................................................................................96 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................98 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 UNIDADE 2 – TRANSFORMADA DE LAPLACE .........................................................................101 TÓPICO 1 – TRANSFORMADA DE LAPLACE .............................................................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 REVISÃO DE INTEGRAIS IMPRÓPRIAS ...................................................................................103 3 DEFINIÇÃO DA TRANSFORMADA DE LAPLACE .................................................................104 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................113 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................114 TÓPICO 2 – TRANSFORMADA INVERSA E TRANSFORMADA DA DERIVADA ............115 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115 2 TRANSFORMADA INVERSA DE LAPLACE ..............................................................................115 3 TRANSFORMADA DE LAPLACE DA DERIVADA ...................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................128 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129 TÓPICO 3 – PROPRIEDADES OPERACIONAIS E OS TEOREMAS DE TRANSLAÇÃO ...131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 TEOREMA DE TRANSLAÇÃO NO EIXO-S ................................................................................131 3 TEOREMA DE TRANSLAÇÃO NO EIXO-t .................................................................................133 4 TRANSFORMADA DE UMA FUNÇÃO PERIÓDICA ...............................................................136 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................139 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140 TÓPICO 4 – DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA E TRANSFORMADA DA INTEGRAL ....141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 DERIVAÇÃO DA TRANSFORMADA ..........................................................................................141 3 TRANSFORMADA DA INTEGRAL ..............................................................................................143 4 DELTA DE DIRAC ..............................................................................................................................147 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................151 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152 TÓPICO 5 – RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS POR TRANSFORMADAS DE LAPLACE ..........................................................................................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 METODOLOGIA ................................................................................................................................153 3 EXEMPLOS ..........................................................................................................................................153 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................175 TÓPICO 6 – APLICAÇÕES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE ......................................177 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................177 2 OSCILADOR HARMÔNICO FORÇADO ....................................................................................177 3 FÓRMULA DE DUHAMEL ............................................................................................................180 4 CIRCUITOS RLC ................................................................................................................................182 5 FUNÇÃO IMPULSO ..........................................................................................................................185 IX 6 METABOLISMO DE UM MEDICAMENTO ...............................................................................1867 FUNÇÃO GAMA ................................................................................................................................189 8 TRANSFORMADAS DE LAPLACE ...............................................................................................192 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................198 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................199 UNIDADE 3 – SÉRIES DE FOURIER ................................................................................................201 TÓPICO 1 – SEQUÊNCIAS, SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE POTÊNCIA ......................203 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203 2 SEQUÊNCIAS .....................................................................................................................................203 3 SÉRIES NUMÉRICAS ........................................................................................................................206 4 SÉRIES DE POTÊNCIA .....................................................................................................................211 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................220 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................221 TÓPICO 2 – DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES DE FUNÇÕES PERIÓDICAS .........................223 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................223 2 FUNÇÕES PERIÓDICAS ..................................................................................................................223 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................230 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................231 TÓPICO 3 – SÉRIES TRIGONOMÉTRICAS E DEFINIÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER .........233 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................233 2 PRODUTO INTERNO .......................................................................................................................233 3 SÉRIE DE FOURIER ...........................................................................................................................238 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................249 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................250 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................251 TÓPICO 4 – CONDIÇÃO DE CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER .......................251 3 CONVERGÊNCIA DAS SÉRIES DE FOURIER ...........................................................................252 2 FUNÇÕES CONTÍNUAS POR PARTES ........................................................................................252 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................256 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................257 TÓPICO 5 – DESENVOLVIMENTO EM SÉRIES DE FOURIER .................................................259 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................259 2 DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DA SÉRIE DE FOURIER ......................................259 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................272 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................273 TÓPICO 6 – APLICAÇÕES DAS SÉRIES DE FOURIER ...............................................................275 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................275 2 RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS .............................................275 3 IDENTIDADE DE PARSEVAL ........................................................................................................281 4 TRANSFORMADA DE FOURIER ..................................................................................................284 5 SÉRIES DE FOURIER GENERALIZADAS ...................................................................................287 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................295 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................296 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................297 X 1 UNIDADE 1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • classificar as equações diferenciais; • entender e resolver um problema de valor inicial; • identificar e resolver equações diferenciais de primeira ordem; • identificar e resolver equações diferenciais de segunda ordem; • identificar e resolver equações diferenciais de ordem superior. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS DE CONTORNO TÓPICO 2 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM TÓPICO 3 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM TÓPICO 4 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE ORDEM SUPERIOR TÓPICO 5 – EQUAÇÃO DE CAUCHY-EULER Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS DE CONTORNO 1 INTRODUÇÃO Devemos estudar as equações, pois elas aparecem em diferentes situações e nas mais variadas ciências. Ao longo do texto, apresentaremos algumas aplicações bem comuns, mas você deve ficar ciente de que, todos os dias, novas equações diferenciais surgem, e que um grande desafio para o cientista é encontrar soluções. Iniciaremos nosso estudo definindo e classificando as equações diferenciais. Em seguida, tentaremos resolvê-las através de diferentes técnicas que devem ser aplicadas em conformidade com algumas características. Para haver compreensão, apresentaremos, para cada nova técnica, diferentes exemplos numéricos. 2 PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS DE CONTORNO Desde as primeiras séries do ensino fundamental, deparamo-nos com estruturas matemáticas que chamamos de equações. O desafio é aprender técnicas para encontrar suas soluções. É importante lembrar que a solução de uma equação é todo valor que satisfaz a igualdade, ou seja, aquele valor que, ao ser substituído no lugar das variáveis, torna a expressão verdadeira. Ao longo de toda a vida acadêmica, aprendemos que existem diferentes tipos de equações, em geral, classificadas de acordo com alguma característica importante. Por exemplo, temos asequações polinomiais, sendo a mais famosa a equação de segundo grau (ou quadrática), cuja principal característica é o fato de poder ser escrita na forma de polinômio. Neste tópico, introduziremos as equações diferenciais, em que a incógnita é uma função e a equação envolve termos na função e suas derivadas. A solução da equação sempre será uma função que, ao ser derivada, ela e suas derivadas satisfazem a equação diferencial. UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 4 Você deve lembrar que a derivada de uma função y = f(x) é uma outra função ( )'dy f x dx = . Por exemplo, a função y = ex2 tem, por derivada, a função: 2 2 xdy xe dx = Ainda: Agora, imagine que você se depara somente com a equação (1), sem saber como ela foi obtida. Como você faria para encontrar a função y = f(x)? Os procedimentos para encontrar a função desconhecida y = f(x) serão apresentados ao longo desta unidade. Definição 1: chama-se equação diferencial toda equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. Exemplo 1: 0dy y dx − = dy dx representa a derivada e y = f(x) representa a função incógnita. 3 CLASSIFICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS As equações diferenciais podem ser classificadas de acordo com o tipo, ordem, grau ou linearidade. 1) Tipo: as equações diferenciais (ED) podem ser classificadas em ordinárias ou parciais. Equação diferencial ordinária (EDO) é aquela na qual há só uma variável independente, de modo que todas as derivadas que ocorrem nela são denominadas derivadas ordinárias. Exemplo 2: 2dydx x y dt dt + = + 2dy xy dx = (1) . TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS 5 Equação diferencial parcial (EDP) é aquela em que há mais de uma variável independente, de modo que as derivadas que ocorrem são denominadas derivadas parciais. Exemplo 3: 2 2 2 2 0 u u x y ∂ ∂ + = ∂ ∂ Nesta unidade, nosso foco de estudo se remeterá às equações diferenciais ordinárias, doravante chamadas de equações diferenciais. 2) Ordem: a ordem da equação diferencial (ED) é determinada pela derivada de maior ordem presente. Exemplo 4: EDO de 1ª Ordem: 2dy xy dx = EDO de 2ª Ordem: 2 2 32 2 cos , 5 4 x d y ky x dx d y dy y e dxdx ω+ = + − = EDO de 3ª Ordem: EDO de 5ª Ordem: 3 3 , d y x dx = 5 4 3 2 4 3 2 5 4 3 2 0 d y d y d y d yx x x x y dx dx dx dx + + + + = 3) Grau: é a potência na qual se encontra elevada a derivada de ordem mais alta de uma equação diferencial. Está relacionado ao “grau algébrico” da equação diferencial. . , , . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 6 Exemplo 5: EDO de grau 1 0dy x dx + = EDO de grau 6: 4 3 62 2 9 d y dy dy x dx dxdx + + = Nem sempre podemos classificar uma equação diferencial de acordo com o grau, pois os coeficientes podem depender de y = f(x) Por exemplo: 32 2 5 1 0 y d y dye dxdx + − = A equação anterior não possui grau, pois não pode ser escrita em forma de um polinômio, devido à presença do termo ey acompanhando a segunda derivada da função. NOTA 4) Linearidade: a equação diferencial (ED) pode ser classificada como linear ou não linear. Uma equação diferencial é classificada como linear quando ela pode ser escrita da seguinte forma: As equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades: • A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau, isto é, a potência de cada termo envolvendo y é 1. • Os coeficientes a0, a1, ..., an não dependem da variável dependente y. Dependem de uma variável independente x. Quando a equação diferencial não pode ser escrita como em (2), então, dizemos que ela é não linear. (2)( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 01 n n n nn n d y d y dya x a x a x a x y f x dxdx dx − − − + +…+ + = , . . TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS 7 Exemplo 6: Equação diferencial linear de 2ª ordem: 2 2 5 0 d y y dx + = Equação diferencial não linear de 1ª ordem: cos 0dy y dx − = 3.1 SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL Uma vez entendido o que é uma equação diferencial e como classificá- la, é necessário entender como resolver tal equação. Você já deve ter resolvido equações diferenciais, em formas simples, desde os seus primeiros cursos de cálculo quando resolveu integrais. Por exemplo, já sabemos que: 3 2 . 3 xx dx c∫ = + Ao analisar com mais detalhes o resultado anterior, você pode perceber que, pelo Teorema Fundamental do Cálculo, o resultado de uma integração é uma função cuja derivada é o integrando, ou seja: 3 2 . 3 d x c x dx + = Portanto, quando resolvemos a integral de x2, estamos interessados em encontrar uma função y = f(x), de forma que: 2 ,dy x dx = procuramos a solução de uma equação diferencial. Dizemos que f(x) é uma solução de uma equação diferencial quando substituímos y = f(x) e suas respectivas derivadas na equação e a identidade se mantém. . . 3 2 . 3 xx dx c∫ = + UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 8 Exemplo 7: a função f(x) = ln x é solução da equação 2 2 2 1 2 .d y dy x dxdx x − − = Com efeito, tomando y = f(x), obtemos: 1dy dx x = e 2 2 2 1 .d y dx x − = Portanto Note que a função f(x) = ln x + c também é solução da equação (3), pois a derivada de uma constante é zero. 4 TIPOS DE SOLUÇÕES Solução geral: é a solução da ED que contém tantas constantes arbitrárias quantas forem as unidades da ordem da equação. Assim, se a ED é de ordem 1, a solução geral terá uma constante arbitrária. Se for de ordem 2, deverão haver duas constantes arbitrárias, e assim sucessivamente. Por exemplo, a solução geral da equação: 2 2 2 1 2d y dy x dxdx x − − = é f(x) = ln x + c. Solução particular: é a solução da ED deduzida da solução geral, atribuindo-se valores particulares às constantes arbitrárias. Por exemplo, ainda usando a equação diferencial: 2 2 2 1 2 ,d y dy x dxdx x − − = 2 2 2 2 1 1 1 1 2 d y dy x dx x xdx x x − − − = − = (3). TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS 9 uma solução particular seria f(x) = ln x, com c = 0. Solução singular: existem casos em que a equação diferencial apresenta uma solução que não pode ser obtida da solução geral. Por exemplo, a equação diferencial 2' 0y xy y− + =′ tem como solução geral y = cx – c2, para qualquer c constante. O fato pode ser corroborado ao derivar essa solução geral e substituir o resultado obtido na equação diferencial. Por outro lado, a função 2 1 4 y x= é uma solução singular da equação diferencial, pois satisfaz a equação, mas não pode ser obtida a partir da solução geral. No momento, você deve estar se perguntando: “será que toda equação diferencial tem solução?” Para responder a essa pergunta, iniciaremos explicando o que é um problema de valor inicial e, depois, apresentaremos um teorema importante que garantirá a solução do problema. 5 PROBLEMA DE VALOR INICIAL (PVI) Observa-se um fenômeno que ocorre com as equações diferenciais. As soluções, na verdade, não são apenas uma função, mas uma família de soluções indexadas por um ou mais parâmetros. Em geral, no caso de uma equação de ordem n, há n constantes que indexam a família de soluções. Em muitos casos, estamos interessados em encontrar uma dessas soluções que satisfaça uma condição do tipo y(x0) = y0. Essa condição é chamada de condição inicial. Um problema que envolve a solução de uma equação diferencial sujeita a uma condição inicial é chamado de problema de valor inicial (PVI). Assim, a solução para um problema de valor inicial é uma função que satisfaça a equação diferencial em um determinado intervalo I ⊆ R , cujo gráfico passa pelo ponto (x0, y0) com 0x I∈ . Um PVI de uma equação diferencial de ordem n tem que apresentar n condições iniciais no ponto x = x0. Por exemplo, o PVI de uma equação diferencial de primeira ordem é: ( ) ( ) ( ) ( ) 1 0 0 0 dya x a x y b x dx y x y + = = No caso de uma equação diferencial de segundaordem, temos o seguinte PVI: ℝ 0x I∈ . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 10 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 1 02 ' 0 0 0 0, d y dya x a x a x y b x dxdx y x y y x y + + = = = ′ Seguindo o mesmo raciocínio, uma equação diferencial de grau n tem o PVI: (4) O termo “condições iniciais” vem de sistemas físicos. Por exemplo, em problemas envolvendo o deslocamento de um determinado objeto em que a variável independente é o tempo, y(t 0 ) = y 0 e y´(t 0 ) = y 1 representam posição e velocidade, respectivamente, de um objeto em um tempo inicial t 0 . NOTA Exemplo 8: resolva a equação diferencial utilizada no Exemplo 6: 2 2 2 1 2d y dy x dxdx x − − = sujeita à condição inicial y(1) = 0. A solução mais geral para o problema, sem considerar a condição inicial, é: f(x) = ln x + c. Impondo a condição inicial, você poderá determinar a constante c e, assim, ter uma solução única para o PVI. De fato, como a condição inicial é y(1) = 0, temos que: ( )1 ( ) l ln n 1 0 f x y x c c= = + = + . ' . TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS 11 assim, concluímos que c = 0. Logo, a solução do PVI apresentado é f(x) = ln x. A condição inicial do problema, não necessariamente, é definida no início do intervalo de solução da equação diferencial. No Exemplo 7, o intervalo de definição da solução da equação diferencial é ( )0,+∞ , e a condição inicial foi definida em x = 1. Em geral, em problemas físicos ou, ainda, quando o PVI é oriundo de algum modelo físico, a condição inicial é definida no começo do intervalo de definição da solução para algum tempo inicial t0 (normalmente, a variável independente da função em problemas físicos é o tempo). Exemplo 9: a Segunda Lei de Newton afirma que a força resultante atuando sobre um corpo é proporcional à massa vezes a aceleração, ou seja: F = ma m representa a massa do corpo e a sua aceleração. Suponha que um corpo é atirado para cima do topo de um prédio. Qual é a posição s(t) do corpo em relação ao solo no tempo t? Para resolver o problema, você deve lembrar que a aceleração de um corpo é matematicamente descrita como a segunda derivada da posição em relação ao tempo, ou seja: 2 2 . d sa dt = Quando o corpo é jogado para cima, com direção positiva, e nenhuma outra força, além da gravidade, atua sobre o corpo, então a Segunda Lei de Newton dá: 2 2 d sF P m mg dt = ⇒ = − ainda 2 2 d s g dt = − O sinal de negativo vem do fato de a direção ser positiva para cima. Além disso, o peso do corpo é uma força que atua para baixo (direção oposta). Se a altura do prédio é s0 e a velocidade inicial do corpo é v0, então, a posição do corpo em relação ao solo é determinada pelo seguinte PVI: . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 12 ( ) ( ) 2 2 0 00 , 0 d s g dt s s s v = − =′= Embora ainda não tenhamos apresentado as técnicas para resolver esse tipo de PVI, você pode observar que podemos resolver a equação diferencial simplesmente integrando a constante –g duas vezes em relação ao tempo, ou seja: 1 2 1 22 ds gt c dt gts c t c = − + = − + + . . Observe que, na primeira derivada da posição em relação ao tempo, é a velocidade do corpo. Ainda, como as condições iniciais são para t = 0, elas dão as duas constantes de integração e a solução é 2 0 02 gts v t s= − + + a famosa fórmula do deslocamento de uma partícula que você já deve ter estudado em Física. Logo, percebe-se que, na primeira derivada, encontramos a velocidade em função do tempo e, na derivada segunda, encontramos a aceleração. Ao tentar resolver um problema de valor inicial, você pode se perguntar: existe uma solução, e se essa solução existe, será que ela é única? A resposta a essa pergunta é dada pelo teorema que segue. Teorema 1 (Existência e Unicidade): considere o seguinte PVI onde an(x), an–1(x), an–2(x), ... , a2(x), a1(x), a0(x), b(x) são funções contínuas em um intervalo aberto I ⊆ R com ( ) 0na x ≠ para todo x I∈ . Se x = x0 é algum ponto do intervalo, então, existe uma única solução y = y(x) para o problema de valor inicial. ℝ TÓPICO 1 | PROBLEMAS DE VALOR INICIAL E PROBLEMAS 13 Exemplo 10: seja o problema de valor inicial: ( ) ( ) 2 2 4 12 0 4, 0 1 d y y x dx y y − = =′= A equação diferencial é linear, os coeficientes a2(x) = 1, a0(x) = –4 e b(x) = 12x são contínuos e ( )2 1 0a x = ≠ em qualquer intervalo I contendo x = 0. Assim, pelo Teorema 1, a função tem solução única em I. Existem outros tipos de condições nos quais podemos aplicar a solução da condição inicial para determinar uma única solução para o problema. Por exemplo: estamos interessados em resolver uma equação diferencial em um intervalo (a, b) da reta. É necessário impor condições para a solução em a e em b, ou seja, enquanto que no PVI as condições iniciais são dadas para um mesmo ponto x = x0, aqui, estamos falando em condições em pontos distintos x1 = a e x2 = b. Um exemplo é o estudo da dissipação de uma barra onde as extremidades têm, por exemplo, temperatura zero. Condições como a apresentada são chamadas de condições de contorno ou condições de fronteira e, o problema associado, um problema de valor de contorno (PVC). No caso de uma equação diferencial de segunda ordem, temos o seguinte PVC: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 1 02 ' 1 0 2 0 , , d y dya x a x a x y b x dxdx y x y y x y + ′ + = = = em que 1 2x x≠ . Exemplo 11: verifique que a função y = 4x3 – 3x + 3 satisfaz o seguinte PVC: ( ) ( ) 2 22 32 3 . 0 3, 2 13 x y xy y x y y + − = ′′ = − = ′ Como a função é y = 4x3 – 3x + 3, sua primeira derivada será y´ = 12x – 3 e, a segunda, y´´ = 12. Assim, substituindo na equação diferencial do PVC: ( ) ( )2 22 12 12 3 32 3.x x x y x+ − − = − Logo, a função satisfaz a equação diferencial. Agora, devemos testar se as condições de contorno também são satisfeitas. Assim, substituindo os valores x = 0 e x = 2 na função dada, obtemos: . ' UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 14 As condições de contorno também são satisfeitas. Portanto, a equação dada é solução do PVC. O estudo de como resolver problemas de valor de contorno é um pouco sofisticado e não será abordado neste material. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 4 3 3 0 4 0 3 0 3 3 2 4 2 3 2 3 13 y x x x y y = − + = − + = = − + = . 15 Neste tópico, você aprendeu que: • Uma equação diferencial é toda equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas. • É possível classificar uma equação diferencial de acordo com: ᵒ Tipo: ordinária ou parcial. ᵒ Ordem: determinada pela derivada e maior ordem. ᵒ Grau: determinada pela potência em que se encontra elevada a derivada de ordem mais alta. ᵒ Linearidade: linear ou não linear. • A solução de uma equação diferencial pode ser geral, particular ou singular. • Um problema de valor inicial (PVI) é todo problema que envolve a solução de uma equação diferencial sujeita a uma condição inicial. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 Classifique as seguintes equações quanto ao tipo, ordem, grau e linearidade: AUTOATIVIDADE ( ) ( ) ( ) 2 2 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 52 2 4 2 2 4 2 a) 1 b) 3 c) 2 d) 6 0 e) f) g) 1 h) 1 0 x d y y dx d y dx dy x dx dy xy e dx d y y dt d y d yx x x c y o dx dx dy dyy x x dx dx d y d y d yx y dx dx dx xy dy x dx − − = =− + = + = + − − = + = − − = + − + = 2 Quais das seguintes afirmações estão corretas? I- Toda equação diferencial pode ser classificada de acordo com seu grau. II- Toda equação diferencial de primeira ordem tem solução única. II- Toda equação diferencial tem solução. IV- A equação diferencial 2 1 2cos ln 0 d y dyx x dxdx − + = é linear. a) ( ) I e II. b) ( ) II e III. c) ( ) III e IV. d) ( ) IV e I. e) ( ) II. 17 ( )( ) ( ) ( )( )2 22 cos ln 1 sen ln . x x x x y x − + =′ 3 Verifique qual das funçõesa seguir é solução da equação diferencial: ( ) ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( )( ) 2 3 2 2 a)( ) sen ln . 2b)( ) 1 sen ln . 3 c)( ) cos ln . d)( ) 1 cos ln . y x x x y x x x y x x x y x x x = = + = = + 18 19 TÓPICO 2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, vamos reter nossa atenção às equações diferenciais de primeira ordem, e aprender alguns métodos analíticos de resolução. Para alcançar esses objetivos, é preciso observar que as equações diferenciais ainda podem ser classificadas em lineares, separáveis e exatas, e que a cada uma dessas subclasses deve ser aplicado um método analítico diferente de resolução. 2 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS Iniciaremos nossos estudos para resolver equações diferenciais de primeira ordem, analisando o que chamamos de equações separáveis. Definição 2: uma equação diferencial separável ou que tem variáveis separáveis é aquela que pode ser escrita na forma: ( ) ( )dy g x h y dx = (5) Em outras palavras, podemos dizer que uma equação diferencial separável é aquela cuja forma normal é ( ),dy f x y dx = A função f(x,y) pode ser fatorada como uma função de x multiplicada por uma função de y. Exemplo 12: a equação diferencial 3 42 x ydy y xe dx += é separável, pois: ( ) ( )( )3 4 42 3 2, .x y yxf x y y xe xe y e+= = . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 20 Assim, temos ( ) ( ) 43 2 e yxg x xe h y y e= = . Observe que se ( ) 0h y ≠ , podemos reescrever a equação (5) como: ( ) ( )dyp y g x dx = com p(y) = 1/h(y). Se a solução da equação (5) for y = ρ(x), então: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) dy g x h y dx x g x h yρ =′ = Lembrando que se p(y) = 1/h(y), temos: ( )( ) ( ) ( )p x x g xρ ρ′ = Portanto: ( )( ) ( ) ( )p x x g x dxρ ρ = ∫′∫ (6) (7) sabendo que ( )dy x dxρ= ′ , assim, podemos reescrever (6) como: ( ) ( )p y dy g x dx∫ = ∫ Resolvendo as integrais: P(y) = G(x) + c com P(y) e G(x) são as primitivas de p(y) e g(x), respectivamente. Em resumo, a equação (5) mostra como identificar uma equação separável e, a equação (7), como organizá-la e resolvê-la. . 3 2 . 3 xx dx c∫ = + 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 21 Você deve observar que, ao resolvermos as integrais na equação (7), optamos por usar uma única constante c em vez de usar uma para cada integral. Lembre-se: a soma de duas constantes é uma constante. NOTA Exemplo 13: resolva a seguinte equação diferencial dy – (y – 1)2dx = 0. Pelas características da equação, utilizaremos o método de separação de variáveis, assim: ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 1 0 1 1 1 1 1 1 1 dy y dx dy y dx dy dx y dy dx y x c y − − = = − = − ∫ = ∫ − − = + − Isolando y temos 1 x cy x c − + + = + Exemplo 14: resolva o seguinte problema de valor inicial: ( )24 1 1 4 dx x dt x π = + = 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . . . 3 2 . 3 xx dx c∫ = + UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 22 No exemplo, você deve dar atenção ao fato de que há condições iniciais que devem ser levadas em consideração ao resolver a equação diferencial. Dessa forma, devemos iniciar o processo resolvendo a equação diferencial por separação de variáveis: 2 2 1 1 4 1 1 4 1 tan 4 dx dt x dx dt x x t c− = + ∫ = ∫ + = + Aplicando as condições iniciais, temos que, quando 4 t π= , x = 1, e, portanto: 1tan 1 4 4 cπ− − = Concluímos que: 4 c π π= − Substituindo o último resultado na solução geral da equação diferencial, temos: 1tan 4 4 x t π π− = + − Isolando x, chegamos ao seguinte resultado: tan 4 4 x t π π = + − 3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES Continuaremos nossos estudos tratando de um outro caso particular: as equações lineares. Você deve lembrar que já apresentamos o conceito de equação linear. Agora, para continuarmos tratando de equações diferenciais de primeira ordem, daremos foco ao caso em que n = 1 na equação (2). 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . . . . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 23 Definição 3: chamamos de equação diferencial linear de primeira ordem uma equação que assume o seguinte formato: ( ) ( ) ( )1 0 dya x a x y f x dx + = (8) (9) Quando f(x) = 0, dizemos que a equação é homogênea, caso contrário, ela é dita não homogênea. Feita a divisão da equação (8) pelo coeficiente a1(x), obtemos um formato mais conveniente e que será o ponto de partida para encontrarmos a solução. Assim, a equação (8) é reescrita da seguinte forma: ( ) ( )dy p x y g x dx + = Um fato importante sobre a equação (9) é que sua solução pode ser representada como a soma de duas outras soluções particulares, ou seja: y = y1 + y2 com y1 é a solução da equação homogênea: ( )1 1 0 dy p x y dx + = e com y2 é a solução da equação não homogênea: ( ) ( )2 2 dy p x y g x dx + = Para mostrar que é verdade, observe que: ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 2 1 21 2 1 2 0 d y y dy dy p x y y p x y p x y f x f x dx dx dx + + + = + + + = + = Dessa forma, para encontrar a solução de (9), basta deduzir os valores de y1 e y2. Você deve observar que a equação homogênea é separável e pode ser resolvida como segue: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 ln p x dx dy p x y dx dy p x y dx dy p x dx y dy p x dx y y p x dx c y ce− ∫ + = + = + = ∫ = − ∫ = − ∫ + = . . . g g UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 24 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 1 ln p x dx dy p x y dx dy p x y dx dy p x dx y dy p x dx y y p x dx c y ce− ∫ + = + = + = ∫ = − ∫ = − ∫ + = Veja que a solução da equação homogênea é composta pela multiplicação de uma constante c por uma função ( ) ( )p x dxx eµ −∫= , e essa função recebe o nome de fator integrante. Agora, assumiremos que a equação não homogênea tem uma solução similar àquela que encontramos para a equação homogênea, ou seja, todas as suposições que fizemos para y1 são válidas para y2, exceto pelo fato de que vamos trocar a constante c por um parâmetro variável u(x), resultando em ( ) ( )2 y u x xµ= . O procedimento é chamado de variação de parâmetro e é importante que você o entenda, pois ele será utilizado novamente no próximo tópico. Ao substituir o valor de y2 na equação (9), é possível encontrar: ( ) ( )du p x u g x dx µ µ+ = Usando a regra do produto na primeira parcela da soma, temos: ( ) ( ) ( ) ( ) du du p x u g x dx dx d duu p x g x dx dx µµ µ µ µ µ + + = + + = Verifique que: ( ) 0d p x dx µ µ+ = 3 2 . 3 xx dx c∫ = + 3 2 . 3 xx dx c∫ = + 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 25 logo: ( )du g x dx µ = Resolvendo a última equação por separação de variáveis, temos: ( ) ( ) ( ) ( ) g x du dx x g x u dx x µ µ = = ∫ Assim, a solução y2 que procuramos é da forma: ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( )2 p x dx p x dx g x y u x x dx x e e g x dx x µ µ µ −∫ ∫ = = ∫ = ∫ Com esses resultados, se a equação linear (9) possui solução, ela será da forma: ( ) ( ) ( ) ( )1 2 p x dx p x dx p x dxy y y ce e e g x dx− ∫ − ∫ ∫= + = + ∫ É claro que você não precisará memorizar a fórmula para obter a solução da equação diferencial desejada, mas o exercício de deduzir é importante. Quando você for usar um procedimento bem mais prático (que apresentaremos em seguida), você entenderá de onde surgiram tais fatores. Agora, se multiplicarmos a equação por ( )p x dxe ∫ , teremos: ( ) ( ) ( )p x dx p x dxe y c e g x dx∫ ∫= + ∫ Derivando ambos os membros: ( ) ( ) ( )p x dx p x dxd e y e g x dx ∫ ∫= . . 3 2 . 3 xx dx c∫ = + 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 26 ainda ( ) ( ) ( ) ( ) ( )p x dx p x dx p x dxdye p x e y e g x dx ∫ ∫ ∫+ = Dividindo por ( ) p x dxe ∫ , retornamos à equação (9). Logo, é preciso identificar a função p(x), encontrar o fator integrante ( )p x dxe ∫ , multiplicara equação diferencial pelo fator integrante, integrar ambos os membros da equação e isolar y, obtendo, assim, a solução desejada. Exemplo 15: resolva a equação diferencial 2 0 dy y dx + = , calculando o fator integrante. Devemos, primeiramente, identificar a função p(x) que, para este exemplo, é igual a 2. Assim, o fator integrante será: ( ) 2 2p x dx dx xe e e∫ ∫= = Ao multiplicar o fator integrante encontrado pela equação diferencial por temos 2 2 2 2 0 0 x x x dye e y dx d e y dx + = = Observe que as duas últimas equações são equivalentes ao aplicar a regra do produto na última. Integrando, temos: 2 2 x x e y c y ce = = Exemplo 16: resolva 34 dyx y x x dx + = − . Observe que a equação é linear de primeira ordem, assim, vamos resolvê- la calculando o fator integrante. Temos que escrever na forma da equação (9) para o encontro de p(x): 24 1dy y x dx x + = − . . 2 2 2 2 0 0 x x x dye e y dx d e y dx + = = . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 27 logo ( ) 4p x x = O fator integrante é 4 4ln 4dx xxe e x ∫ = = Multiplicando em ambos os membros da equação diferencial por temos 4 3 6 4 4 6 4 4dyx x y x x dx d x y x x dx + = − = − Integrando: 7 5 4 3 4 7 5 7 5 x xx y c x x cy x = − + = − + Exemplo 17: resolva o seguinte problema de valor inicial: ( )1 2 xdyx y e dx y + = = No caso de um problema de valor inicial, envolvendo uma equação diferencial linear de primeira ordem, vamos, primeiramente, encontrar a solução geral, fazendo uso do fator integrante. Uma vez concluída a etapa, utilizaremos a condição dada para determinar o resultado. Assim, reescrevendo a equação para a identificação de p(x), temos: 1 xdy ey dx x x + = . . . . . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 28 Dessa forma: ( ) 1p x x = e 1dx xe x ∫ = Multiplicando o fator integrante em ambos os membros da equação diferencial: xdyx y e dx + = Seguindo os procedimentos de resolução, é possível chegar ao resultado: xe cy x + = A partir das condições iniciais dadas: x = 1 e y = 2. Substituindo esses valores na última equação, o valor da constante se torna c = 2 – e. Assim, o resultado do PVI é: 2xe ey x + − = 4 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS É preciso identificar e resolver equações diferenciais de primeira ordem exatas. Dessa forma, iniciaremos com a seguinte definição: Definição 4: uma expressão diferencial do tipo: ( ) ( ), ,M x y dx N x y dy+ é chamada de derivada exata em uma região R do plano xy se ela corresponde à derivada total de alguma função f(x,y) definida em R. Assim, a equação diferencial de primeira ordem da seguinte forma é chamada de equação exata se o lado esquerdo for uma derivada exata, portanto uma equação diferencial exata é da forma . . . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 29 ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = (10) É importante ressaltar que estamos tratando do caso especial em que f(x,y) = c e c constante. Exemplo 18: a expressão (2xy2 – 3)dx + (2x2y + 4)dy é uma derivada exata, pois ela corresponde à derivada total da função f(x,y) = x2y2 – 3x + 4y. Para verificar, você pode usar o que aprendeu sobre derivadas parciais. Lembre-se: se f(z) = f(x,y) então, z depende de x e y. Ao derivar f em relação à x e em relação à y, temos: Uma vez que você já entende o que é uma equação exata, o teorema, que apresentaremos a seguir, dá uma condição necessária e suficiente para identificar equações exatas. Teorema 2: sejam M(x,y) e N(x,y) funções contínuas e que tenham primeiras derivadas parciais contínuas em uma região retangular R definida por a < x < b e c < y < d. Então, é necessário e suficiente que: M N y x ∂ ∂ = ∂ ∂ (11) M(x,y)dx + N(x,y)dy são uma derivada exata. Exemplo 19: para a expressão (2xy2 – 3)dx + (2x2y + 4)dy apresentada no Exemplo 17, temos que M(x,y) = (2xy2 – 3) e N(x,y) = (2x2y + 4) e, por conseguinte: 4M Nxy y x ∂ ∂ = = ∂ ∂ . ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , 3 4 3 4 2 3 , 3 4 3 4 2 4 f x y x y x y df x y x y dx df xy dx f x y x y x y df x y x y dy df x y dx = − + = − + = − = − + = − + = + ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , 3 4 3 4 2 3 , 3 4 3 4 2 4 f x y x y x y df x y x y dx df xy dx f x y x y x y df x y x y dy df x y dx = − + = − + = − = − + = − + = + ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , 3 4 3 4 2 3 , 3 4 3 4 2 4 f x y x y x y df x y x y dx df xy dx f x y x y x y df x y x y dy df x y dx = − + = − + = − = − + = − + = + y . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 30 Agora, você deve estar se perguntando: como resolver uma equação diferencial exata depois de identificá-la? O procedimento é relativamente simples, e vamos ilustrá-lo através do próximo exemplo. Exemplo 20: resolva a seguinte equação diferencial: ( ) ( )2 1 3 7 0x dx y dy− + + = No exemplo, temos ( ) ( ), 2 1 e , 3 7M x y x N x y y= − = + . É uma equação exata, uma vez que: 0M N y x ∂ ∂ = = ∂ ∂ Assim, temos: 2 1f x x ∂ = − ∂ e 3 7.f y y ∂ = + ∂ Agora, tomamos a expressão que contém a derivada parcial de f em relação a x, e integramos para encontrar a própria f(x,y), obtendo: ( ) ( ) ( ) ( )2 , 2 1 , f x y x dx f x y x x g y = ∫ − = − + (12) onde g(y) é a “constante” de integração. O próximo passo consiste em derivar (12) em relação a y e igualar o resultado a N(x,y), uma vez que ( ),f N x y y ∂ = ∂ . Logo: ( ) 3 7f g y y y ∂ = ∂ ′ = + Agora, devemos integrar g´(y) em relação à y para substituir seu valor em (12). Portanto: ( ) 23 7 2 g y y y= + . . M(x,y) = 2x-1 N(x,y) = 3y+7. 3 2 . 3 xx dx c∫ = + . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 31 e ( ) 2 23, 7 2 f x y x x y y= − + + Por último, temos que f(x,y) = c, assim, isolando y, temos, como resposta: ( )27 6 49 3 x x c y − + − − − + = e ( )27 6 49 3 x x c y − − − − − + = No último exemplo, resolvemos a equação do segundo grau em y para poder isolá-lo, mas isolar y não é um passo obrigatório, principalmente quando a solução da equação produz potências de y. Por exemplo, poderíamos ter representado o resultado do Exemplo 17 como: 2 23 7 2 x x y y c− + + = Exemplo 21: resolva o seguinte problema de valor inicial: ( ) ( ) ( ) 2 2 3cos 3 2 2 sen ln 0 0 y x x y x dx y x x y dy y e − − + − + = = No exemplo, omitiremos a prova de que a equação diferencial do PVI é uma equação exata. Partindo do fato de que ( ) ( )2 2, cos 3 2M x y y x x y x= − − e ( ) ( )3, 2 sen lnN x y y x x y= − + , temos que: 2 2cos 3 2f y x x y x x ∂ = − − ∂ Integrando em relação à x, temos: ( ) ( )2 3 2, senf x y y x yx x g y= − − + . . . . . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 32 Derivando o último em relação à y: ( )32 sen 'f y x x g x y ∂ = − + ∂ Igualando o resultado obtido à N(x,y), chegamos à: g´(y) = ln y. Assim, g(y) = y ln y – y e ( ) 2 3 2, sen lnf x y y x yx x y y y= − − + − . A partir das condições iniciais, sabemos que, quando x = 0, temos que y = e e, portanto, c = 0. Logo, a solução do PVI é: 2 3 2sen ln 0y x yx x y y y− − + − = Depois de ter estudado e aprendido todas as técnicas de resolução de EDO’s de primeira ordem, é possível que você tenha observado que algumas delas podem ser resolvidas por mais de uma técnica diferente. Portanto, fique ciente de que não existe uma técnica “mais correta” para resolver uma equação diferencial. Qualquer que seja a técnica escolhida, a solução sempre será a mesma. O que você deve sempre buscar é aplicar aquela técnica que facilmente resolverá seu problema. Essa observação é válida para todos os casos que apresentaremos nesta unidade. 5 SOLUÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO Você deve ter observado que existem equações diferenciais de primeira ordem que não se encaixam em nenhuma das características apresentadas para identificar qual técnica deve ser usada. Assim, a partir de agora, focaremos nossa atenção em uma técnica que chamamos de solução por substituiçãoe que pode ser muito útil para a resolução de outros tipos de equações diferenciais. Em termos gerais, a solução por substituição consiste em transformar a equação diferencial em outra equação através da substituição de y por uma função g(x,u), em que u é considerada uma função de x. Para tratar do tema de forma mais didática, vamos separá-lo em cinco casos. • Equações Homogêneas: se a função f possui a propriedade. ( ) ( ), ,f tx ty t f x yα= .y . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 33 Para algum α ∈R , então, dizemos que f é uma função homogênea de grau α . Por exemplo, a função a seguir é homogênea de grau 2: ( ) 2 2,f x y x y= + pois ( ) ( ) ( ) ( ) ( )2 2 2 2 2 2, , .f tx ty tx ty t x y t f x y= + = + = A equação de primeira ordem: ( ) ( ), , 0M x y dx N x y dy+ = é chamada de homogênea se ambas as funções M(x,y) e N(x,y) são homogêneas de mesmo grau, ou seja: ( ) ( ) ( ) ( )2 2, , e , ,M tx ty t M x y N tx ty t N x y= = Não confunda essa definição de equação homogênea com a apresentada anteriormente, quando falamos de equações lineares. Observe que, agora, estamos tratando de outras características. ATENCAO Além disso, se M(x,y) e N(x,y) são funções homogêneas de grau α , podemos fazer a seguinte substituição: ( ) ( ) ( ) ( ), 1, e , 1, , yM x y x M u N x y x N u u x α α= = = ainda ( ) ( ) ( ) ( ), ,1 e , ,1 , .xM x y y M v N x y y N v v y α α= = = ℝ α α UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 34 Esses dois últimos conjuntos de equações são propriedades que mostram que as substituições y = ux e x = vy podem ser usadas para transformar equações homogêneas em equações diferenciais de primeira ordem separáveis. Para ilustrar de uma forma mais clara e objetiva, é preciso analisar o seguinte exemplo. Exemplo 22: resolva (y2 + yx)dx – x2dy = 0. O primeiro passo para resolver o problema consiste em identificar se os coeficientes da equação diferencial, M(x,y) = y2 + yx e N(x,y) = x2, são funções homogêneas. Então, fazemos: ( ) ( ) ( ) ( )2 2 2 2, ,M tx ty ty tytx t y yx t M x y= + = + = e ( ) ( ) ( )2 2 2 2, ,N tx ty tx t x t N x y= = = Logo, ambas as funções são homogêneas de grau 2. Agora, aplicando a técnica de substituição, fazemos y = ux, dando dy = udx + xdu. Substituindo na equação diferencial: ( ) ( )2 2 2 2 2 2 3 0 0 u x ux dx x udx xdu u x dx x du + − + = − = A equação resultante pode ser resolvida usando a técnica de separação de variáveis. Assim, temos: 2 1 1 1ln dx du x u x c u = = − + Agora, devemos reestabelecer as variáveis originais fazendo yu x = , então: lny x x cy= − + • Equação de Bernoulli: equações diferenciais que têm a forma: ( ) ( ) ndy p x y f x y dx + = . ( ) ( )2 2 2 2 2 2 3 0 0 u x ux dx x udx xdu u x dx x du + − + = − = . . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 35 n∈R é chamada de equação de Bernoulli. Você deve observar que, quando n = 0 ou n = 1, a equação de Bernoulli é linear, contudo, para outros valores de n, é necessário usar a substituição u = y1–n, reduzindo-a à forma linear. Vejamos um exemplo de como é realizado o procedimento. Exemplo 23: resolva ( ) 21dyx x y xy dx − + = . Primeiramente, dividiremos toda a equação por x para que ela fique no formato de equação de Bernoulli. ( ) 21 xdy y y dx x + − = Assim, temos n = 2 e u = y–1, portanto, y = u–1. Aplicando a regra da cadeia: 2dy dy du duu dx du dx dx −= = − Agora, temos que fazer as substituições necessárias para transformar a equação de Bernoulli numa equação linear. Logo: ( )2 1 21 xduu u u dx x − − −+− − = Ainda: ( )1 1 xdu u dx x + + = − Podemos resolver a equação linear usando o fator integrante. Portanto, temos que: ( ) ( )1 xp x x + = O fator integrante será: ( )p x dx xe xe∫ = ℝ . . . . . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 36 Logo, temos, como resultado da aplicação do fator integrante: x xd xe u xe dx = − Integrando os membros, temos: x x x xe e cu xe − + + = Trazendo de volta a variável y, temos, como resultado: x x x xey xe e c = − + + • Redução para variáveis separáveis: quando nos deparamos com equações diferenciais da seguinte forma: ( )dy f Ax By C dx = + + Podemos substituir Ax + By + C por u, sempre que 0B ≠ . Dessa forma, transformamos a equação de tal forma que é possível resolvê-la através de variáveis separáveis. Veja o seguinte exemplo. Exemplo 24: encontre a solução de ( )21 .dy x y dx = + + Uma maneira bem simples de resolver essa equação é fazer a substituição u = x + y + 1. Temos sempre que lembrar de calcular a derivada de u para que a expressão fique correta. Logo, 1 dydu dx dx = + e: 2 2 1 1 du u dx du u dx − = = + . . . . . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 37 Agora, é possível resolver a equação por separação de variáveis, então: ( ) 2 1 1 tan tan du dx u u x c u x c − = + = + = + Substituindo de volta as variáveis originais, temos: ( ) ( ) 1 tan tan 1 x y x c y x c x + + = + = + − − • Equação de Lagrange: equações que têm a seguinte forma: ( ) ( ) , y x y yϕ ψ′ ′= + são chamadas Equações de Lagrange. Uma técnica de substituição consiste em trocar y' por um parâmetro t e, em seguida, diferenciar a equação e substituir dy = tdx. Dessa forma, reduzimos a equação original a uma linear, esta que é considerada em x como uma função de t. O exemplo a seguir ilustra com detalhes o procedimento. Exemplo 25: resolva y = 2xy' – 2y' + 1. O primeiro passo da solução consiste em substituir y' por t, obtendo: y = 2xt – 2t + 1. Em seguida, derivamos a equação resultante e substituímos dy por tdx, assim: ( ) 2 2 2 2 2 2 1 tdx tdx xdt dt dxt x dt xdx dt t = + − = − − = − Observe que o resultado é uma equação linear de primeira ordem que pode ser facilmente resolvida por separação de variáveis, ou seja: ( ) 1 2 1 dx dt tx = − − . . . . UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 38 A solução é: 2 1 cex t = + Agora, devemos substituir o valor de x na equação parametrizada em t, obtendo o sistema: 2 1 2 1 c c ex t ey t = + = + • Equação de Clairaut: são equações da seguinte forma: ( )y xy yϕ′= + ′ com ( )yϕ ′ é uma função qualquer. Observe que a diferença entre esse tipo de equação e a equação de Lagrange está exclusivamente relacionada ao primeiro termo da adição. Temos x multiplicado por y', e não por uma função, como na equação de Lagrange. Assim, a forma de resolver essa equação é similar à apresentada para resolver as equações de Lagrange, com uma pequena diferença na forma como se apresenta a solução final. Exemplo 26: resolva y – xy' = ln y'. Observamos que tem a forma de uma equação de Clairaut. Assim, iniciamos a resolução fazendo a seguinte substituição y' = t, obtendo: y = xt + ln t. Em seguida, derivamos a equação resultante e substituímos dy por tdx, ou seja: 1 1 0 tdx tdx xdt dt t dt x t = + + + = . . 1 1 0 tdx tdx xdt dt t dt x t = + + + = . TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 39 Temos duas possibilidades: 1. Para dt = 0, temos que t = c, logo, uma das soluções é o feixe de retas y = cx + ln c. 2. Para 1 0x t + = , temos 1x t = − . Substituindo, y = ln t – 1. Com y' = t, chegamos a y' = ey+1. Ainda, resolvendo por separação de variáveis, y = – ln(– ex – c). Assim, ambas as equações y = cx + ln c e y = – ln(– ex – c) são as soluções que estávamos procurando. 6 APLICAÇÃO Como você deve ter observado, o estudo de equações diferenciais de primeira ordem é extenso e as técnicas para resolver são variadas. Contudo, antes de finalizar este tópico, é preciso abordar, em um último exemplo, uma aplicação do estudo de equações diferenciais de primeira ordem. Modelaremos e estudaremos o fenômeno de crescimento populacional. Exemplo 27: crescimento populacional. O estudo do crescimento populacional ou dinâmica populacionalé importante em várias áreas do conhecimento, como biologia, ecologia, demografia etc. Propõe-se um modelo matemático que descreva, de forma satisfatória, o crescimento (decrescimento também) de uma certa população. No exemplo, abordaremos dois modelos extremamente simples de crescimento populacional, a saber, o modelo exponencial e o modelo logístico. Comecemos com o modelo exponencial. Dada uma população de uma certa espécie, denominaremos por p(t) o número de indivíduos dessa espécie no instante t. De forma intuitiva, o número de indivíduos pode crescer sem limites caso não haja nenhum tipo de restrição ao crescimento da população, como predadores, escassez de recursos, fatores climáticos inóspitos etc. No modelo em questão, a hipótese é que a taxa de crescimento da população é proporcional à população atual. O fato é extremamente natural, pois o aumento (ou diminuição) da população se dá a partir dos indivíduos presentes. Por exemplo, se a taxa de natalidade é maior que a taxa de mortalidade, a tendência é que a população aumente, no caso, a taxa é positiva. Se as taxas de natalidade e mortalidade são iguais, então, a população se mantém constante. Por fim, se a taxa de mortalidade é maior, a população diminui. Vejamos, matematicamente, o modelo exponencial de crescimento populacional. Como dito, a hipótese é que a taxa de variação da população, ou seja, a derivada temporal de p(t), é proporcional à população atual, ou seja, p(t). Portanto, esse modelo, em termos matemáticos, é: UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 40 dp p dt β= com β é a taxa de crescimento da população. Observe que a equação anterior é uma equação diferencial de primeira ordem separável, cuja solução é: ( ) .tp t ceβ= Suponha que, no instante inicial, a população da espécie tenha 75 indivíduos, portanto, p(0) = 75 Aplicando a condição inicial, obtemos: ( ) 75 .tp t eβ= Considere cinco valores para a taxa β de crescimento da população, a saber 0,4; 0,1; 0, 0,1 e 0,4. β β β β= − = − = = = A seguir, podemos visualizar os resultados para o crescimento populacional de uma determinada espécie. GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO POPULACIONAL DE UMA DETERMINADA ESPÉCIE FONTE: O autor TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 41 Observe que, inicialmente, para 0β = , o número de indivíduos se mantém constante, pois, no caso, a taxa de crescimento da população é zero. Nos casos em que 0β < , o número de indivíduos decresce e será zero no tempo infinito. Por outro lado, quando 0β > , a população cresce indefinidamente. Fixaremos nossas análises quando a taxa de crescimento β é positiva. Em resumo, a taxa de crescimento, neste modelo, é constante, mesmo quando o número de indivíduos da espécie é elevado. O modelo exponencial pode descrever o crescimento de populações com um número pequeno de indivíduos e para um período de tempo relativamente curto. O modelo exponencial seria de grande valia se existissem recursos infinitos disponíveis para a população. O modelo logístico surge para acomodar o fato. Na verdade, no mundo real, quando uma população cresce demasiadamente, os recursos começam a acabar ou a diminuir, portanto, espera-se que, com o crescimento da população, a taxa de crescimento diminua. No modelo logístico, a taxa de crescimento da população será variável com a quantidade de indivíduos, assim, denominaremos a taxa de h(p), em que p é a população. Contudo, deve haver um certo comportamento. A taxa de ser β , quando p(t) é pequena, deve diminuir quando a população aumenta, e deve ser negativa (população diminui) quando p(t) for muito grande. Uma função que satisfaz a hipótese é ( ) ,h p a pβ= − em que a é uma constante positiva. O modelo logístico é representado pela seguinte equação: ( ) ( ) .dp h p p ap p dt β= = − O modelo é comumente escrito da seguinte forma: 1 ,dp p p dt S β = − sendo .S a β= O fator β é a taxa intrínseca de crescimento, ou seja, é a taxa de crescimento populacional de nenhum fator limitador. A constante S é o fator suporte da população e, com os exemplos a seguir, fica clara a função que desempenha S. Analisemos com mais detalhes o modelo logístico. Primeiramente, é uma equação de primeira ordem separável. A solução da equação está sujeita à condição inicial p(0) = p0: ( ) ( ) 0 0 0 .t p S p t p S p e β− = + − UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS 42 Fixando a taxa de crescimento intrínseca da população em 50%β = e seu fator suporte em 100, obtemos: A seguir, analisaremos o crescimento de uma população através do modelo logístico. Para essa população, fixamos a taxa de crescimento intrínseca em 50%β = e seu fator suporte em 100 indivíduos. ( ) ( ) 0 0,5 0 0 100 100 t p p t p p e− = + − (13) GRÁFICO 2 – CRESCIMENTO POPULACIONAL DE UMA DETERMINADA ESPÉCIE FONTE: O autor Note que, quando o número inicial de indivíduos é menor, a população cresce até atingir o suporte. Essa curva, em geral, tem a forma de “S”, evidenciando que, quando a população é pequena, a taxa de crescimento é alta, e depois diminui, conforme a população cresce. Quando a população tem um número inicial maior, o número de indivíduos diminui até o suporte. A razão é que já no início a população enfrenta problemas com recursos e, portanto, sua população diminuirá até a relação crescimento e recursos se estabilizar. Observe que: ( ) ( ) 0 0 00 0 lim lim tt t p S p S p t S pp S p e β−→∞ →∞ = = = + − O número de indivíduos tende para o suporte em um intervalo de tempo suficientemente grande. TÓPICO 2 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA 43 Concluímos o estudo das equações diferenciais de primeira ordem. No próximo tópico, estudaremos as equações diferenciais lineares de segunda ordem. É importante você estar ciente de que existe a possibilidade de você se deparar com equações mais complexas que não estamos abordando nesta unidade. Assim, recomendamos, como leituras complementares, os livros presentes na bibliografia. 44 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A técnica de solução por substituição consiste em transformar a equação diferencial em outra equação através da substituição de y por uma função g(x,u), em que u é considerada uma função de x, auxiliando a resolver outros tipos de EDO’s que não se encaixam nas outras técnicas. 45 AUTOATIVIDADE 1 Quais das seguintes afirmações não são verdadeiras? I- As equações de Clairaut são exemplos de equações diferenciais lineares. II- A solução encontrada através do fator integrante é a solução geral de uma equação diferencial de primeira ordem. III- As equações diferenciais exatas são resolvidas através da separação de variáveis. IV- A equação de Lagrange é um exemplo da equação de Clairaut. a) ( ) I e II. b) ( ) III e IV. c) ( ) I, II e IV. d) ( ) I, II,III e IV. 2 No texto, usamos a palavra “homogênea” em duas definições distintas. Explique a diferença entre as duas definições. 3 Durante nossos estudos sobre equações diferenciais ordinárias de primeira ordem, vimos que, de acordo com o tipo, temos uma determinada metodologia mais adequada a ser aplicada nas soluções. Dadas as equações diferenciais de primeira ordem, classifique-as de acordo com o tipo e encontre sua solução. ( ) ( ) 3 2 3 2 a) b) 2 c) 6 4 4 4 0 2 2d) 2 2 x ydy e dx y xy x x y dx x y dy dy y x dx y x += + = + + − − = + ′ = 46 47 TÓPICO 3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Se g(x) é identicamente nula, dizemos que a equação anterior é homogênea. Se ( ) 0g x ≠ , dizemos que a equação é não homogênea. A solução geral da equação (14) será indexada por dois parâmetros, como veremos mais adiante. Podemos também definir condições iniciais, assim, teremos um PVI, que apresentará solução única. Para que possamos ilustrar o que acabamos de discutir, acompanharemos o seguinte exemplo: Exemplo 28: considere a seguinte equação diferencial de 2ªordem Até agora, focamos nosso estudo nas equações diferenciais ordinárias de 1ª ordem. Passemos agora às equações diferenciais lineares de 2ª ordem, que surgem de forma natural no estudo de aplicações, por exemplo, em fenômenos de condução de calor, dinâmica de fluidos, eletromagnetismo, mecânica clássica etc. Genericamente, uma equação diferencial de 2ª ordem tem a seguinte forma: 2 2 , , d y dyf y x dxdx = O estudo da resolução de equações diferenciais pode ser muito difícil ou até mesmo impossível, por isso, neste tópico, focaremos em equações diferenciais lineares de 2ª ordem. 2 DEFINIÇÃO Equações diferenciais lineares de 2ª ordem têm a seguinte forma: ( ) ( ) ( ) 2 2 d y dyP x Q x y g x dxdx + + = (14) . . (15)0y′′ = . 48 UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS A equação é simples, e necessitamos apenas de integração para resolvê- la. Note que serão necessários dois processos de integração para encontrarmos a solução. Com efeito, a equação anterior significa que: y' = c1 portanto 1 1 2 y c dx c x c= = +∫ A solução da equação (15) tem dois parâmetros que indexam a solução, a saber, c1 e c2. Para definir o problema de valor inicial corretamente, você precisará de duas condições iniciais para determinar os dois parâmetros da solução geral de (14). Essas condições são y(x0) = y0 e y'(x0) = y'0. Para haver unicidade do problema de valor inicial, pede-se que as funções P, Q e g sejam contínuas no intervalo de definição da solução. 3 PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO Começaremos nosso estudo de como resolver equações diferenciais lineares de 2ª ordem pela equação homogênea: Se y1(x) e y2(x) são soluções de (16), então, a combinação linear dessas soluções, isto é, y(x) = ay1(x) + by2(x), sendo a e b dois números reais, será uma solução de (16). De fato, se y1(x) e y2(x) são soluções de (16), então: ( ) ( ) ( ) ( ) 2 1 1 12 2 2 2 22 0 0 d y dy P x Q x y dxdx d y dy P x Q x y dxdx + + = + + = . ( ) ( ) 2 2 0 d y dyP x Q x y dxdx + + = (16). TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM 49 logo O fato é conhecido como o princípio da superposição para equações diferenciais lineares 2ª ordem. Apesar de termos demonstrado o princípio da superposição para equações diferenciais lineares de 2ª ordem, a propriedade é válida para equações diferenciais de qualquer ordem. NOTA O princípio da superposição é fundamental para a construção de uma solução geral. Contudo, há outro conceito para estudar as soluções das equações lineares de 2ª ordem, a saber, o conceito de independência linear entre funções em um intervalo da reta. 4 INDEPENDÊNCIA LINEAR O conceito de independência linear é o mesmo que se estuda em álgebra linear. As funções ( ) ( )1 , , ny x y x são ditas linearmente independentes, em um intervalo da reta l, se a única solução da equação homogênea formada pela combinação linear das funções: ( ) ( )1 1 0, para todo n na y x a y x x I+ + = ∈ é 1 0,na a= = = ou seja, a equação anterior admite apenas a solução trivial. No caso de duas funções, y1(x) e y2(x), o fato de elas serem linearmente independentes significa que uma não é múltipla da outra, ou seja, ( ) ( )1 2 c , y x y x≠ com 0.c ≠ Existe um critério prático para determinar se duas funções são linearmente independentes. Para isso, é necessário definir o conceito de wronskiano. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 1 2 1 2 1 22 2 2 2 1 1 2 2 1 22 2 0 0 0 d y dy d dP x Q x y ay by P x ay by Q x ay by dx dxdx dx d y dy d y dy P x Q x y P x Q x y dx dxdx dx + + = + + + + + = + + + + + = + = . 50 UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Definição 5: Dadas f1(x) e f2(x) duas funções reais de uma variável real e derivável. O determinante ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) 1 2 1 2 1 2 , ' ' f x f x W f f x f x f x = é chamado de Wronskiano das funções f1(x) e f2(x). Vejamos um exemplo de como calcular o Wronskiano de duas funções. Exemplo 29: considere as funções ( ) ( )41 2 x xf x e e f x e−= = definidas em toda a reta. O wronskiano de f1(x) e f2(x) é: ( )( ) 4 3 3 1 2 4, 4 5 04 x x x x x x x e e W f f x e e e e e − − − = = − − = − ≠ − para qualquer valor de x. Agora, podemos definir um critério para classificar a independência de soluções de equações diferenciais de 2ª ordem. Enunciamos o resultado no teorema a seguir. Teorema 3: Se y1(x) e y2(x) são soluções de uma equação diferencial linear de 2ª ordem definidas em um intervalo da reta. As soluções y1(x) e y2(x) são linearmente independentes se, e somente se, ( )( )1 2, 0W f f x ≠ para todos os valores de x no intervalo. 5 CARACTERÍSTICAS DA SOLUÇÃO A partir do Teorema 3, podemos determinar as soluções gerais para equações diferenciais lineares homogêneas de 2ª ordem. Com efeito, y1(x) e y2(x) são soluções linearmente independentes da equação diferencial linear homogênea de 2ª ordem. ( ) ( ) 2 2 0 d y dyP x Q x y dxdx + + = A solução geral da equação é: ( ) ( ) ( )1 1 2 2y x c y x c y x= + Exemplo 30: a equação diferencial linear de 2ª ordem homogênea é: 12 0y y y− −′ ′ =′ . . . TÓPICO 3 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM 51 As funções 3 41 2 e x xy e y e−= = formam a solução geral da equação, pois: ( )( ) 4 3 1 2 4 3, 3 4 7 04 3 x x x x x x x e e W y y x e e e e e − − = = − − = − ≠ − são linearmente independentes e, ao substituirmos 3 41 2 x xy c e c e−= + na equação diferencial, temos: ( ) ( ) ( )3 4 3 4 3 41 2 1 2 1 29 16 3 4 12 0x x x x x xc e c e c e c e c e c e− − −+ − − + − + = Uma vez determinadas as características da solução da equação diferencial linear homogênea de 2ª ordem, focaremos, por enquanto, no estudo das características de uma solução geral para equação diferencial não homogênea de 2ª ordem: ( ) ( ) ( ) 2 2 d y dyP x Q x y g x dxdx + + = (17) Para isso, usaremos fortemente o fato de que as derivadas de funções são operadores lineares. Contudo, primeiramente, vamos definir o conceito de solução particular. Definição 6: uma função yp(x) que satisfaz a equação (17) é dita ser uma solução particular da equação diferencial. Exemplo 31: a função yp(x) = x ln x é uma solução particular de: 2 2 1 d y dyx y x dx xdx + − = + pois: ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 1 1ln ln ln ln 1 lnp p p d y dy d dx y x x x x x x x x x x x x dx dx x xdx dx + − = + − = + + − = + Uma vez que a solução particular é obtida, então, a solução geral da equação diferencial não homogênea é a soma da solução da equação diferencial homogênea associada com a solução particular. Enunciaremos precisamente o resultado no teorema a seguir. . . 52 UNIDADE 1 | EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Teorema 4: considere a equação diferencial linear de 2ª ordem: ( ) ( ) ( ) 2 2 d y dyP x Q x y g x dxdx + + = A solução geral da equação não homogênea é obtida pela soma da solução geral da equação homogênea associada: ( ) ( ) 2 2 0 d y dyP x Q x y dxdx + + = dada por ( ) ( ) ( )1 1 2 2 , hy x c y x c y x= + com uma solução particular yp(x) da equação não homogênea. Isto é: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )1 1 2 2h p py x y x y x c y x c y x y x= + = + + A demonstração segue a linearidade do operador de derivação. Com efeito, yh(x) e yp(x) são, respectivamente, solução da equação homogênea associada e solução particular da equação não homogênea. Portanto: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 22 2 2 h p h p h p p ph h h p d y dy d dP x Q x y y x y x P x y x y x Q x y x y x dx dxdx dx d y dyd y dy P x Q x y P x Q x y dx dxdx dx + + = + + + + + = + + + + + ( ) ( ) 0 g x g x= + = demonstrando, assim, que ( ) ( ) ( )h py x y x y x= + é solução de (15). Exemplo 32: considere a equação diferencial 54 12 7 .xy y y e′ −′ ′ − = A solução
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