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NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA 1 Sumário Sumário ...................................................................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 2 História da Anatomia ................................................................................................ 3 VESÁLIO ............................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 Definição .............................................................................................................................. 12 Divisão ................................................................................................................................. 12 PARTES CONSTITUINTES DO CORPO HUMANO ................................................ 14 NOMENCLATURA ANATÔMICA ............................................................................. 17 Posição Anatômica ............................................................................................................ 17 Planos de Inscrição ............................................................................................................ 18 Eixos ortogonais e Planos de Secção ............................................................................ 19 Planos de Secção do Corpo ............................................................................................. 20 TERMOS DE POSIÇÃO ........................................................................................... 21 TERMOS DE DIREÇÃO ........................................................................................... 23 TERMOS DE SITUAÇÃO ......................................................................................... 24 OUTROS TERMOS DE DESCRIÇÃO ANATÔMICA ............................................... 24 CAVIDADES DO CORPO ......................................................................................... 31 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO CORPO HUMANO ...................... 33 SISTEMAS ................................................................................................................ 35 Referências ............................................................................................................ 284 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 História da Anatomia O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da “causa final”, um sistema teológico que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia. Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, sendo as “séries de cinco figuras” medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma. Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessária dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era 4 suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de “cocção dos ossos”. A bula pontifica de sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais frequente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros, tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes. O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédiasdesse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis. Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da 5 separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente reproduções pictórica, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde. As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista. Na segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas de modo realista. 6 Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso frequente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala da orientação filosófica e essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a ser um tema muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas. Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do século passado. 7 Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte. Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, derivando em último extremo um interesse pelos cânones clássicos, através dos quais podia adquirir-se a beleza. Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas. Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, 8 Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno, que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano. VESÁLIO Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori, fabricada em 1553, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Relatou sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do grande médico grego. Sem dúvida, apesar de ter desmentido a existência dos orifícios que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio Vesálio. Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius, na forma latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno, foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos. Vesálio tinha atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas na Fábrica não confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que colaboraram na sua obra tem sido objeto de grande controvérsia, que se acentuou ante a questão de quem é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última foi uma discussãonão pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes precisamente porque juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração entre o artista e o anatomista. As figuras da Fábrica implicam em tantos conhecimentos anatômicos que forçosamente Vesálio devia participar na preparação dos desenhos, ainda que o grau de refinamento e do conhecimento de técnicas novas de desenho, também para os artistas do Renascimento, excluem também que fora o 9 único responsável. Até hoje é discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), que fez as primeiras figuras e trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era o artista. De qualquer maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma expressão pictórica adequada aos fenômenos naturais. No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à produção de sangue. Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento. 10 Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao constato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue. Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação. A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano a uma máquina hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”. Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vês pormenorizado das técnicas operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à anatomia topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de 11 estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch. Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia, a bioquímica, a microscopia eletrônica e positrônica, as técnicas de difração com raios X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas estruturas íntimas em nível molecular. Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras. 12 INTRODUÇÃO Definição A Anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham. A função nunca pode ser separada completamente da estrutura, por isso você aprenderá sobre o corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia em conjunto. Você verá como cada estrutura do corpo está designada para desempenhar uma função específica, e como a estrutura de uma parte, muitas vezes, determina sua função. Por exemplo, os pêlos que revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os ossos do crânio estão unidos firmemente para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos, em contraste, estão unidos mais frouxamente para permitir vários tipos de movimento. Assim, a Anatomia é a ciência que estuda a forma, a estrutura e organização dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. E a Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento da matéria viva, investiga as funções orgânicas, processos ou atividades vitais. Divisão A Anatomia macroscópica humana estuda o corpo humano e conforme o enfoque, recebe várias denominações: ANATOMIA SISTEMÁTICA OU DESCRITIVA: estuda de modo analítico (separação de um todo em seus elementos ou partes componentes) e separadamente as várias estruturas dos sistemas que constituem o corpo, o esquelético, o muscular, o circulatório, etc. ANATOMIA TOPOGRÁFICA OU REGIONAL: estuda, de uma maneira sintética (método, processo ou operação que consiste em reunir elementos diferentes e fundi-los num todo), as relações entre as estruturas de regiões delimitadas do corpo; ANATOMIA DE SUPERFÍCIE OU DO VIVO:estuda a projeção de órgãos e estruturas profundas na superfície do corpo, é de grande importância para a compreensão da semiologia clínica (estudo e interpretação do conjunto de sinais e sintomas observados no exame de um paciente); 13 ANATOMIA FUNCIONAL: estuda segmentos funcionais do corpo, estabelecendo relações recíprocas e funcionais das várias estruturas dos diferentes sistemas; ANATOMIA APLICADA - salienta a importância dos conhecimentos anatômicos para as atividades médicas, clínica ou cirúrgica e mesmo para as artísticas; ANATOMIA RADIOLÓGICA: estuda o corpo usando as propriedades dos raios X e constitui, com a Anatomia de Superfície, a base morfológica das técnicas de exploração clínica; ANATOMIA COMPARADA: estuda a Anatomia de diferentes espécies animais com particular enfoque ao desenvolvimento ontogenético (desenvolvimento de um indivíduo desde a concepção até a idade adulta) e filogenético (história evolutiva de uma espécie ou qualquer outro grupo taxonômico) dos diferentes órgãos. 14 PARTES CONSTITUINTES DO CORPO HUMANO Figura 1: Anatomia de superfície do homem e da mulher, vista ventral 15 Figura 2: Regiões do corpo; vista ventral 16 Figura 3: Regiões do corpo; vista dorsal 17 NOMENCLATURA ANATÔMICA Posição Anatômica Na anatomia, existe uma convenção internacional de que as descrições do corpo humano assumem que o corpo esteja em uma posição específica, chamada de posição anatômica. Na posição anatômica, o indivíduo está em posição ereta, em pé (posição ortostática) com a face voltada para a frente e em posição horizontal, de frente para o observador, com os membros superiores estendidos paralelos ao tronco e com as palmas voltadas para a frente, membros inferiores unidos (calcanhares unidos), com os dedos dos pés voltados para a frente. Toda descrição anatômica é feita considerando o indivíduo em posição anatômica. Figura 4: Posição Anatômica 18 Planos de Inscrição São também chamados de Planos de Delimitação, pois delimitam o corpo humano por planos tangentes à sua superfície, os quais, com suas intersecções, determinam a formação de um sólido geométrico, um paralelepípedo. Têm-se assim, para as faces desse sólido, os seguintes planos correspondentes: Ventral ou anterior => plano vertical tangente ao ventre. Dorsal ou posterior => plano vertical tangente ao dorso. Lateral direito => plano vertical tangente ao lado do corpo. Lateral esquerdo => plano vertical tangente ao lado do corpo. Cranial ou superior => plano horizontal tangente à cabeça. Podal ou inferior => plano horizontal tangente à planta dos pés Figura 5: Planos de inscrição 19 Eixos ortogonais e Planos de Secção A partir destes planos de inscrição são determinados eixos e planos que são utilizados como pontos de referência para descrever a situação, posição e direção de órgãos ou segmentos do corpo. Unindo o centro de dois planos de inscrição opostos obtém-se três eixos: eixo longitudinal ou craniocaudal; eixo anteroposterior, dorsoventral ou sagital e eixo latero-lateral. O deslocamento de um eixo sobre o outro define um plano que secciona o corpo em 2 partes. Estes planos, perpendiculares entre si são chamados Planos de Secção: mediano ou sagital, frontal ou coronal e transversal ou horizontal. Figura 6: Planos de secção 20 Planos de Secção do Corpo Os planos de secção são “cortes” feitos no corpo em posição anatômica. Mediano ou Sagital => planos de secção paralelos aos planos laterais que divide o corpo em metades direita e esquerda. Figura 7: Plano de secção Mediano ou Sagital Frontal ou Coronal => planos de secção paralelos aos planos ventral e dorsal, que divide o corpo de forma a separar os planos ventral e dorsal. Figura 8: Plano de secção Frontal ou Coronal Transversal ou Horizontal => planos de secção paralelos aos planos cranial e podal, que divide o corpo horizontalmente. 21 Figura 9: Plano de secção Transversal ou Horizontal Obs.: toda secção do corpo feita por planos paralelos ao plano mediano é uma secção sagital, e os planos de secção são também chamados sagitais (nome sagital se deve ao fato de seguir a direção da sutura sagital (em forma de seta) entre os ossos parietais.) TERMOS DE POSIÇÃO Os termos de posição indicam proximidade aos planos de inscrição ou ao plano de secção mediano. São termos comparativos e indicam que uma estrutura é, por exemplo, mais cranial que outra. Nenhum órgão ou estrutura é simplesmente cranial ou ventral pois estes planos são tangentes e, portanto, estão fora do corpo e surgem apenas como referência. TERMOS DE POSIÇÃO Medial => a estrutura que se situa mais próxima ao plano mediano em relação a uma outra. Ex. dedo mínimo em relação ao polegar. Lateral => a estrutura que se situa mais próxima ao plano lateral (direito ou esquerdo) em relação a uma outra. Ventral ou Anterior => estrutura que se situa mais próxima ao plano ventral em relação a uma outra. Dorsal ou Posterior => estrutura que se situa mais próxima ao plano dorsal em relação a uma outra. 22 Cranial ou Superior => estrutura que se situa mais próxima ao plano cranial em relação a uma outra (que lhe será inferior ou podal). Podal ou Inferior => estrutura que se situa mais próxima ao plano podal em relação a uma outra. Figura 10: Secção ou corte transversal (vista superior e inferior) A figura 10 exemplifica estes termos: A artéria aorta abdominal é medial em relação ao baço, O baço é lateral em relação ao rim esquerdo, O estômago é anterior em relação aos rins, O fígado é posterior em relação ao músculo reto abdominal. 23 TERMOS DE DIREÇÃO Acompanham os eixos ortogonais: Longitudinal ou craniocaudal. Anteroposterior ou dorsoventral. Látero-lateral Exemplos: As falanges estão alinhadas em direção craniocaudal, os ossos carpais na direção látero-lateral; Na traqueia e o esôfago estão alinhados na direção ânteroposterior. Figura 11: Secção ou corte transversal (vista superior e inferior) 24 TERMOS DE SITUAÇÃO Mediano Situada exatamente ao longo do plano de secção mediano. Médio e Intermédio são termos que indicam situação de uma estrutura entre outras duas: Médio Quando as estruturas estão alinhadas na direção craniocaudal ou ânterodorsal. Intermédio quando as estruturas estão em alinhamento látero-lateral. Figura 12: Termos de Situação (Mediano, Médio e Intermédio) OUTROS TERMOS DE DESCRIÇÃO ANATÔMICA Proximal e Distal. Esses termos são usados para comparar a distância de pelo menos duas estruturas em relação (1) a raiz do membro, (2) ao coração e (3) ao encéfalo e medula espinhal. Proximal estrutura que se encontra mais próxima da raiz dos membros (tronco), do coração ou do encéfalo e medula espinhal. Distal estrutura que se encontra mais distante da raiz dos membros, do coração ou do encéfalo e medula espinhal. 25 Figura 13: Termos de descrição anatômica Proximal e Distal Palmar ou volar face anterior da mão. A face posterior das mãos é chamada dorsal. Plantar face inferior do pé. A face superior dos pés é chamada dorsal. 26 Figura 14: Termos de descrição atômica Palmar ou Volar; Plantar. Oral e aboral são termos restritos ao tubo digestivo e indicam estruturas mais próximas ou distantes da boca, respectivamente. Aferente e eferente indicam direção e são usados em anatomiapara vasos e nervos. Aferente significa que impulsos nervosos ou o sangue são conduzidos da periferia para o centro, eferente se refere à condução do centro para a periferia. Eferente do centro para a periferia; Aferente da periferia para o centro. No sistema circulatório, as veias cavas superior e inferior são aferentes por drenarem todo o sangue da periferia para o coração, que é o centro deste sistema. A artéria aorta é eferente, pois impulsiona o sangue do coração para a periferia. 27 Figura 15: Termos Aferente e Eferente A raiz dorsal do nervo espinhal é aferente por conduzir impulsos nervosos da periferia para a medula espinhal, já a raiz ventral é eferente. Figura 16: Raiz dorsal do nervo espinhal 28 Fáscias são tecidos conjuntivos fibrosos que revestem ou delimitam órgãos e músculos. Figura 16: Fáscias Os termos superficial e profundo indicam as distâncias relativas entre as estruturas e a superfície do corpo. São também termos de situação que indicam estar contido nos planos superficiais ou nos planos profundos. Nesse caso, o limite entre superficial e profundo é a fáscia muscular. Estruturas superficiais são aquelas contidas no tegumento. Estruturas profundas estão abaixo do tegumento. Lesões limitadas ao tegumento são superficiais, e lesões que atingem a fáscia muscular já são consideradas profundas. O tegumento humano é formado pela pele (epiderme e derme) e tecido subcutâneo. A epiderme é um epitélio multiestratificado, formado por várias camadas de células achatadas justapostas. A camada de células mais interna, denominada epitélio germinativo, é constituída por células que se multiplicam continuamente; dessa maneira, as novas células geradas empurram as mais velhas para cima, em direção à superfície do corpo. À medida que envelhecem, as células epidérmicas tornam-se achatadas, e passam a fabricar e a acumular dentro de si uma proteína 29 resistente e impermeável, a queratina. As células mais superficiais, ao se tornarem repletas de queratina, morrem e passam a constituir um revestimento resistente ao atrito e altamente impermeável à água, denominado camada queratinizada ou córnea. A derme, localizada imediatamente sob a epiderme, é um tecido conjuntivo que contém fibras proteicas, vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas. Na derme encontramos ainda: músculo eretor de pelo, fibras elásticas (elasticidade), fibras colágenas (resistência), vasos sanguíneos e nervos. Tecido subcutâneo: Sob a pele, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido subcutâneo, rico em fibras e em células que armazenam gordura (células adiposas ou adipócitos). A camada subcutânea, denominada hipoderme, atua como reserva energética, proteção contrachoques mecânicos e isolante térmico. Abaixo do tecido subcutâneo encontra-se a fáscia muscular. Figura 17: 30 Figura 18 Para os dentes são usadas expressões que definem suas faces. Oclusal é a face livre e mastigadora dos dentes, que nos incisivos e caninos encontra-se reduzida a uma simples borda mastigadora. Vestibular é a face dirigida para o vestíbulo bucal: Face labial a que está voltada para os lábios; Face bucal a que está voltada para a bochecha. Lingual face oposta à vestibular, está dirigida para a cavidade da boca. Mesial é a expressão usada para as duas faces do dente voltadas para os dentes vizinhos. 31 CAVIDADES DO CORPO Os espaços dentro do corpo que contêm os órgãos internos são chamados de cavidades do corpo. As cavidades ajudam a proteger, isolar e sustentar os órgãos internos. Como mostra as duas principais cavidades do corpo: dorsal e ventral. Figura 19: Cavidades do Corpo A cavidade dorsal do corpo está localizada próxima à superfície posterior ou dorsal do corpo. Ela é composta por uma cavidade craniana, que é formada pelos ossos cranianos e contém o encéfalo e suas membranas (chamadas de meninges), e por um canal vertebral que é formado pelas vértebras (ossos individuais) da coluna vertebral e contém a medula espinhal e suas membranas (também chamadas de meninges), bem como o começo (raízes) dos nervos espinhais. 32 A cavidade ventral do corpo está localizada na porção anterior ou ventral (frontal) do corpo e contém órgãos coletivamente chamados de vísceras. Como a cavidade dorsal, a cavidade ventral do corpo apresenta duas subdivisões principais - uma porção superior, chamada de cavidade torácica, e uma porção inferior, chamada de cavidade abdominopélvica. O diafragma (diaphragma = partição ou parede), uma camada muscular em forma de domo e importante músculo da respiração, divide a cavidade ventral do corpo em cavidades torácica e abdominopélvica. A cavidade torácica contém duas cavidades pleurais em torno de cada pulmão, e a cavidade pericárdica (peri = em volta; cardi = coração), espaço em torno do coração. O mediastino (medias = meio; stare = parar, estar), na cavidade torácica, contém uma massa de tecidos entre os pulmões que se estende do osso esterno à coluna vertebral (Figura 2). O mediastino inclui todas as estruturas na cavidade torácica, exceto os próprios pulmões. Entre as estruturas localizadas no mediastino estão o coração, o esôfago, a traqueia e muitos grandes vasos sanguíneos, como a aorta. A cavidade abdominopélvica, como o nome sugere, está dividida em duas porções, embora nenhuma estrutura específica as separem. A porção superior, a cavidade abdominal, contém o estômago, o baço, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso. A porção inferior, a cavidade pélvica, contém a bexiga urinária, porções do intestino grosso e os órgãos genitais internos. 33 Figura 20: Cavidades do Corpo NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO CORPO HUMANO O corpo humano consiste de vários níveis de organização estrutural que estão associados entre si. O nível químico inclui todas as substâncias químicas necessárias para manter a vida. As substâncias químicas são constituídas de átomos, a menor unidade de matéria, e alguns deles, como o carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N), o cálcio (Ca), o potássio (K) e o sódio (Na) são essenciais para a manutenção da vida. Os átomos combinam-se para formar moléculas; dois ou mais átomos unidos. Exemplos familiares de moléculas são as proteínas, os carboidratos, as gorduras e as vitaminas. 34 As moléculas, por sua vez, combinam-se para formar o próximo nível de organização: o nível celular. As células são as unidades estruturais e funcionais básicas de um organismo. Entre os muitos tipos de células existentes no corpo estão as células musculares, nervosas e sanguíneas. A Figura ao lado mostra quatro tipos diferentes de células de revestimento do estômago. Cada uma tem uma estrutura diferente e cada uma desenvolve uma função diferente. O terceiro nível de organização é o nível tecidual. Os tecidos são grupos de células semelhantes que, juntas, realizam uma função particular. Os quatro tipos básicos de tecido são tecido epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido nervoso. As células na Figura acima formam um tecido epitelial que reveste o estômago. Cada célula tem sua função específica na digestão. Quando diferentes tipos de tecidos estão unidos, eles formam o próximo nível de organização: o nível orgânico. Os Órgãos são compostos de dois ou mais tecidos diferentes, têm funções específicas e geralmente apresentam uma forma reconhecível. Exemplos de órgãos são o coração, o fígado, os pulmões, o cérebro e o estômago. A Figura acimamostra os vários tecidos que constituem o estômago. A túnica serosa é uma camada de tecido conjuntivo e tecido epitelial, estando localizada na superfície externa do estômago, que o protege e reduz o atrito quando o estômago se move e roça em outros órgãos vizinhos. As camadas de tecido muscular do estômago estão localizadas abaixo da túnica serosa e contraem-se para misturar o bolo alimentar e transportá-la para o próximo órgão digestório (intestino delgado). A camada de tecido Figura 20: Níveis de Organização Estrutural do Corpo Humano 35 epitelial que reveste o estômago produz muco, ácido e enzimas que auxiliam na digestão. O quinto nível de organização é o nível sistêmico. Um sistema consiste de órgãos relacionados que desempenham uma função comum. O sistema digestório, que funciona na digestão e na absorção dos alimentos, é composto pelos seguintes órgãos: boca, glândulas salivares, faringe (garganta), esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, fígado, vesícula biliar e pâncreas. O mais alto nível de organização é o nível de organismo. Todos os sistemas do corpo funcionando como um todo compõem o organismo - um indivíduo vivo. SISTEMAS Sistema Esquelético; Sistema Muscular; Sistema Tegumentar; Sistema Nervoso; Sistema Endócrino; Sistema Circulatório; Sistema Respiratório; Sistema Digestivo; Sistema Urinário; Sistema Genital Masculino; Sistema Genital Feminino; Figura 21: Níveis de Organização Estrutural do Corpo Humano 36 Figura 22: Sistema Tegumentar 4. Sistema Nervoso Principais funções: ajustamento do organismo ao ambiente. Sua função é perceber e identificar as condições ambientais externas, bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo e elaborar respostas que adaptem a essas condições. Função Sensorial, Integrativa e Motora. Principais componentes: Sistema Nervoso Central (encéfalo e medula) e Sistema Nervoso Periférico. 5. Sistema Endócrino Principais funções: junto com o sistema nervoso, promove a manutenção do equilíbrio do organismo (homeostase), por meio do controle das funções biológicas. Principais componentes: Pineal ou Epífise, Hipófise (Pituitária), Tireoide e Paratireoide (abaixo da laringe), Supra-renais (superior aos rins), Pâncreas, Ovários e Testículos. 6. Sistema Circulatório Principais funções: transporte de O2, nutrientes, hormônios para as células e remoção de produtos indesejáveis; defesa do organismo (por meio do transporte de 37 anti-toxinas e glóbulos brancos); também auxilia na manutenção do conteúdo de H2O e íons, pH e temperatura do corpo. Figura 23: Principais componentes: coração, vasos (artérias, veias e capilares) 7. Sistema Respiratório Principais funções: trocas gasosas (captação de O2 – remoção de CO2). Principais componentes: cavidades (ou fossas) nasais, faringe, laringe, traqueia (que se ramifica nos brônquios), alvéolos e pulmões. Figura 24: Sistema Respiratório 38 8. Sistema Digestivo Principais funções: realiza a digestão: quebra de alimentos, absorção dos componentes nutritivos e eliminação de substâncias indesejáveis). Principais componentes: boca (língua, dentes, etc.), faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Possui glândulas anexas: glândulas salivares, fígado e pâncreas. Figura 25: Sistema Digestivo 39 9. Sistema Urinário Principais funções: excreção de substâncias tóxicas, o equilíbrio hídrico e o controle de íons. Principais componentes: dois rins, dois ureteres, bexiga e uretra. Figura 26: Sistema Urinário 10. Sistema Genital Feminino Principais funções: reprodução. Principais componentes: ovários, trompas, útero e vagina. 40 Figura 27: Sistema Genital Feminino 11. Sistema Genital Masculino Principais funções: reprodução. Principais componentes: bolsa escrotal, testículos, epidídimos, canais deferentes, uretra, vesículas seminais, próstata e pênis. 41 Figura 28: Sistema Genital Masculino ANATOMIA DE SUPERFÍCIE É a parte da anatomia que se limita a identificação de estruturas na superfície do corpo sem a necessidade de dissecção. Para este estudo é importante o conhecimento de outras partes da anatomia como os sistemas, os ossos e os músculos. Região de cabeça A cabeça pode ser dividida em face e crânio. As partes da região da face são: a região frontal corresponde à testa; a glabela fica entre os arcos superciliares; a região orbital é a área ao redor dos olhos; a região supraorbital e a região infraorbital ficam acima e abaixo da cavidade orbital, respectivamente; a região zigomática corresponde “as maças do rosto”; a região nasal apresenta o nariz, na abertura piriforme; a região jugal ou das bochechas fica na lateral do rosto; a região temporal se localiza acima do pavilhão auricular, nas têmporas; a região oral fica ao redor da cavidade bucal; a região mentual corresponde ao queixo. 42 A região parotídeo-massetérica fica à frente das orelhas. Nas partes superior e posterior da cabeça se localizam as regiões parietal e occipital que corresponde aos nomes dos respectivos ossos, (Fig. 29). O plano de Frankfurt é o plano horizontal que passa pela borda inferior da órbita até o poro acústico externo. Figura 29: Anatomia da Superfície Região de pescoço É possível a identificação dos processos espinhosos das vértebras cervicais na parte posterior do pescoço. Na região anterior é visível a cartilagem tireóidea, principalmente nos homens, pois apresenta a proeminência tireóidea (pomo de Adão) bem visível. A cartilagem cricoide fica abaixo e entre elas, o ligamento cricotireoideo. A glândula tireoide pode ser palpada na base anterior do pescoço. O músculo esternocleidomastoideo é superficial e pode ser palpado nas laterais do pescoço. O músculo platisma é identificado abaixo da borda inferior da mandíbula na região mediana anterior do pescoço. 43 O músculo trapézio está acima, na margem cranial do ombro. A região cervical lateral vai corresponder à área de extensão do músculo trapézio, acima do ombro (Fig.30). O ponto da bifurcação da artéria carótida comum em artérias carótidas interna e externa se dá acima da cartilagem tireoide, entre a terceira e quarta vértebras cervicais. Aparte superior da traqueia se dá em nível da sexta vértebra cervical e do arco da cartilagem cricoide. Figura 30: Anatomia da Superfície Triângulos do pescoço Triângulo anterior Os limites do triângulo anterior são a linha que vai da borda inferior da mandíbula até o processo mastoide do temporal, linha mediana e borda anterior do músculo esternocleidomastóideo (Fig. 31). Esse triângulo pode ser dividido em quatro outros triângulos que são carótico superior, carótico inferior, submandibular e supra-hioideo. Os limites do triângulo carótico superior são borda anterior do músculo esternocleidomastoideo, ventre 44 superior do omo-hioideo e ventre posterior do digástrico. Nesse triângulo passa a parte superior da artéria carótida comum. Os limites do triângulo carótico inferior são linha mediana, ventre superior do omo-hioideo e pelo músculo esternocleidomastoideo. Nesse triângulo se localizam a parte inferior da artéria carótida comum e a veia jugular interna. Os limites do triângulo submandibular são ventre posterior do digástrico e estilo-hioide, borda inferior do corpo da mandíbula e ventre anterior do digástrico. Nesse triângulo se localizam as glândulas submandibulares, carótidas externas, veia jugular interna e nervo vago. Os limites do triângulo supra-hioideosão ventre anterior do digástrico, linha mediana e corpo do osso hioide. Nesse triângulo se encontram os linfonodos e vasos afluentes da veia jugular anterior. Triângulo posterior Os limites do triângulo posterior são o esternocleidomastoideo, trapézio e clavícula. Esse triângulo pode ser dividido em dois outros triângulos, o occipital e o subclávio. Os limites do triângulo occipital são o esternocleidomastoideo, trapézio e pelo músculo omo-hióideo. Nesse triângulo de encontra o nervo acessório. Os limites do triângulo subclávio são ventre inferior do omo-hioideo, clavícula e esternocleidomastoideo. Nesse triângulo se encontram a veia subclávia, a veia jugular externa e o plexo braquial. Região do dorso Nessa região se observam os processos transversos das vértebras, os músculos superficiais da região são visíveis facilmente. Em relação às estruturas ósseas, a espinha da escápula pode ser palpada e a crista ilíaca do osso do quadril está em nível do processo espinhoso da quarta vértebra lombar. É possível a identificação das regiões escapular (contorno da escapula), infraescapular (abaixo da escápula), lombar (parte baixa das costas), vertebral (acompanha o trajeto da coluna vertebral) e sacral (região triangular que corresponde à localização do osso sacro) 45 Figura 31: Anatomia da Superfície Região do tórax No tórax o músculo mais evidente é o peitoral maior e as principais regiões são clavicular (contorno da clavícula), peitoral (músculo peitoral maior), mamária (ao redor das aréolas), inframamária (abaixo das aréolas), esternal (osso esterno), clavipeitoral (entre a clavícula e o músculo peitoral). As costelas podem ser palpadas e visualizadas em indivíduos mais magros. A incisura jugular pode ser vista na parte superior do manúbrio do esterno (Fig. 32). A ausculta cardíaca faz parte do exame físico do paciente e é feita na região anterior do tórax com ajuda de um estetoscópio. O som produzido pela passagem do sangue pelas valvas cardíacas pode ser ouvido. As bulhas cardíacas são sons produzidos pelo impacto do sangue no interior do coração e nos grandes vasos. Existem três pontos de ausculta do lado esquerdo e um ponto no lado direito. No segundo espaço intercostal esquerdo, ao lado do osso esterno é o ponto de ausculta da valva pulmonar. No quinto espaço intercostal esquerdo, ao lado do osso esterno é o ponto de ausculta da valva tricúspide. No quarto ou quinto espaço intercostal esquerdo, um pouco a esquerda da borda do osso esterno, no ictus cordis 46 ou ponta do coração é o local de ausculta da valva mitral. No segundo espaço intercostal direito, ao lado do osso esterno é o ponto de ausculta da valva aórtica. A ausculta pulmonar é um recurso importante na semiologia do tórax e é realizada com estetoscópio sobre a pele, nas partes anterior, posterior e lateral da região com o paciente preferencialmente sentado ou, se não for possível, em decúbito dorsal ou lateral, comparando os lados direito e esquerdo e os lobos pulmonares. A ausculta anterior dos pulmões é realizada nas regiões supraclavicular, infraclavicular e inframamária. A ausculta posterior dos pulmões é realizada nas regiões supraescapular, intraescapular e infraescapular. Na ausculta pulmonar, o profissional deve perceber os sons normais como o ruído laringotraqueal e o murmúrio vesicular e identificar os ruídos patológicos como roncos, sibilos ou crepitantes. Região do abdome O abdome é a região abaixo do músculo diafragma até o diafragma da pelve. O diafragma da pelve é formado pelos músculos levantador do ânus e coccígeo. Outro fato digno de observação é que, o tórax ósseo ultrapassa o limite inferior da cavidade torácica, de forma que existem órgãos abdominais contidos no tórax ósseo, como fígado, estômago e baço. As estruturas mais evidentes no abdome são o músculo reto abdominal, a cicatriz umbilical (umbigo), a linha alba (união da aponeurose do reto abdominal na região sagital mediana), linha semilunar (borda lateral do reto abdominal), o músculo serrátil anterior, margem da décima costela e músculo oblíquo externo. O plano transpilórico é uma linha horizontal que passa na margem inferior da oitava costela e pela primeira vértebra lombar. O plano subcostal é a linha horizontal que passa na borda inferior da décima costela e pela terceira vértebra lombar. O plano supracristal é a linha horizontal que passa pela parte mais elevada da crista ilíaca e pela quarta vértebra lombar. O plano intertubercular é a linha que passa pelos tubérculos das cristas do ilíaco. O plano transumbilical é a linha horizontal que passa pelo umbigo. 47 Figura 32: Fotografia do tórax e abdome, mostrando as principais regiões superficiais. O abdome pode ser dividido em nove regiões. Essa divisão serve para a localização externa dos órgãos abdominais. As regiões do abdome são hipocôndrio direito e esquerdo (partes laterais superiores), epigástrio (centro superior), flanco (lombar) direito e esquerdo (laterais e intermediárias), mesogástrio (central e intermediária), fossa ilíaca (virilha, região inguinal) direita e esquerda (laterais e inferiores) e hipogástrio (mediana e inferior) (Fig. 32). Os órgãos do hipocôndrio direito são fígado, rim direito, colo ascendente e vesícula biliar. Os órgãos do hipocôndrio esquerdo são baço, rim esquerdo, colo descendente e cauda do pâncreas. Os órgãos do epigástrio são estômago, fígado e pâncreas. Os órgãos do flanco direito são intestino delgado, região do fígado, colo ascendente e rim direito. Os órgãos do flanco esquerdo porção do intestino delgado, pedaço do rim esquerdo e parte do colo descendente. Os órgãos do mesogástrio são estômago, pâncreas e colo transverso. Os órgãos da fossa ilíaca direita são apêndice vermiforme, ceco, colo ascendente e ovário direito (mulheres). Os órgãos da fossa ilíaca esquerda são colo sigmoide, colo descendente e ovário esquerdo (mulheres). Os órgãos do hipogástrio são colo sigmoide, reto, bexiga urinária (em ambos os sexos), útero, ovários e tubas (nas mulheres), próstata, vesícula seminal e ducto deferente (nos homens). 48 Região do períneo Essa região pode ser dividida por uma linha que passa nas tuberosidades isquiáticas, em dois triângulos que são o triângulo retal e o triângulo urogenital. O primeiro está incluso o orifício anal e o segundo, os órgãos sexuais. Nessa região, observa-se a rafe perineal, que é uma linha sagital visível entre os órgãos genitais e o ânus. Os órgãos sexuais externos masculinos e femininos são visíveis na região. No homem, o pênis, o orifício anal, o escroto e os pelos pubianos podem ser observados. Na mulher, a vulva (grandes lábios, pequenos lábios, vestíbulo, o prepúcio, o clitóris, ósteo da uretra e o ósteo vaginal), o orifício anal e os pelos pubianos podem ser vistos. Região do membro superior Na lateral do ombro se observa um músculo volumoso e triangular, o músculo deltoide. No braço (do ombro ao cotovelo) é possível identificar alguns músculos como o bíceps braquial (face anterior) e o tríceps braquial (face posterior). Aveia cefálica e a veia basílica podem ser observadas em alguns casos. O músculo coracobraquial está na face interna do braço. A fossa cubital é a região a frente do cotovelo, na face anterior do braço. Na região de cotovelo pode ser palpado o olécrano da ulna e nas laterais, os epicôndilos do úmero (Fig. 33). Na região de antebraço (do cotovelo ao punho), observa-se uma grande quantidade de veias na maioria das pessoas. Na face anterior do antebraço se observa a presença de músculos flexores como o flexor radial do carpo e o tendão do músculo flexor superficial dos dedos. Na face posterior se encontram os músculos extensores do antebraço como o músculo extensor radial longo do carpo, o músculo extensor curto docarpo e o músculo extensor dos dedos. 49 Figura 33: Fotografias dos membros superiores. A. vista posterior; B. Vista anterior No punho, podem-se palpar os processos estiloides da ulna e do rádio e a cabeça da ulna. No dorso da mão, observam-se muitas veias e os tendões dos músculos extensores. Na palma da mão existem algumas dobras de pele como a prega cutânea proximal do punho, a prega cutânea proximal da mão, a prega transversa proximal da palma e a prega transversa distal da palma. O arco palmar superficial gira nas proximidades do final da prega transversa proximal da palma. O arco palmar profundo faz um arco mais amplo e gira cerca de três cm a proximal do arco palmar superficial. Aponta da extremidade distal dos dedos, no dorso da mão é protegida pelas unhas. Nas falanges distais, na região de pele da palma da mão, existem as impressões digitais, que são pequenas rugosidades dérmicas, com formato individual e singular. As impressões digitais são usadas na identificação papiloscópica em perícias forenses e criminais (Fig. 34). Na face anterior, na extremidade distal do osso rádio, tem um ponto para aferição da frequência cardíaca, o pulso radial (artéria radial). No exame físico se utiliza os dedos indicador e médio pressionados na região. Não se deve usar o polegar, pois ele tem pulsação própria. O pulso axilar pode ser aferido, pressionando-se a região axilar. O pulso braquial pode ser palpado quando se pressiona a região média do braço, na face interna, entre os músculos bíceps e tríceps. 50 Figura 34: Fotografias dos membros inferiores. A. Face dorsal; B. Face palmar Região do membro inferior Na parte anterior da coxa (do quadril ao joelho) se observam o músculo reto femoral, o músculo sartório, os músculos adutores (parte interna) e mais abaixo, a patela é visível. Na parte posterior, destaca-se a região glútea, onde se localizam o músculo glúteo máximo e o músculo glúteo médio. A crista sacral e a crista ilíaca são palpadas na parte superior entre os glúteos. Também se observam os músculos da região posterior da coxa. Por trás do joelho existe a região denominada de fossa poplítea. A fossa poplítea é local de passagem de muitas estruturas importantes como nervo fibular comum, nervo tibial, tendões de músculos como o semitendíneo e semimembranáceo, artéria poplítea, veia poplítea e veia safena parva (Fig. 35). Na perna (do joelho ao tornozelo), na face anterior, destaca-se a margem anterior da tíbia, o músculo tibial anterior e a tuberosidade da tíbia. Nessa região, existem os músculos extensores dos dedos e do pé. Na face posterior, destaca-se o músculo gastrocnêmio e o tendão de Aquiles que se projeta para se inserir no osso calcâneo. Na extremidade distal da perna sobressaltam o maléolo da tíbia e o maléolo da fíbula. Na face superior do pé são visíveis os tendões dos músculos extensores longos dos dedos e o tendão do músculo extensor longo do hálux. 51 Figura 35: Fotografias dos membros inferiores. A. Vista anterior; B. Vista posterior. O pé pode ser dividido em três partes que são anterior, média e posterior. A parte anterior ou antepé corresponde ao metatarso e as falanges. A parte média ou médio pé é formada pelos ossos navicular, cuboide e cuneiformes. Aparte posterior ou retropé e composta pelos ossos talo e calcâneo. Aparte do pé que toca o solo é chamada de planta do pé. Aparte do pé que se volta para cima é denominada de dorso do pé. O dorso do pé é caracterizado pela presença de veias visíveis e pelos tendões dos músculos extensores. Aponta (extremidade distal) da parte superior dos artelhos é protegida pelas unhas (Fig. 36). As principais regiões de pulso nos membros inferiores são o pulso da artéria femoral que fica na região anterior da coxa, há 3 cm abaixo da virilha, pulso poplíteo que fica na fossa poplítea e o pulso tibial que fica abaixo do maléolo medial. 52 Figura 36: Fotografias dos pés. A. Vista dorsal; B. Vista plantar. TEGUMENTO E ESTRUTURAS ANEXAS Tegumento Tegumento ou pele é o tecido de revestimento que recobre as superfícies externas do corpo, com objetivo de proteger e isolar das ações maléficas do meio ambiente. Envolve o corpo e tem massa aproximada de 16% da massa corporal total. A espessura da pele vai variar de acordo com a localização, idade, sexo. Apele das regiões das plantas dos pés e das palmas das mãos é do tipo grossa (espessa camada de queratina), por conta da maior ação mecânica do local. As mulheres, as crianças e os idosos apresentam pele mais fina que os homens adultos. A pele tem características elásticas e coloração variável de acordo, principalmente, com a concentração de melanina (pigmento castanho-escuro) e também pelos carotenos e pelo sangue. O verniz caseoso é uma secreção oleosa que envolve a pele do feto nos últimos dias do período pré-natal. Essa sustância tem a função de proteger a pele, facilitar a passagem durante o parto e é formada por células descamadas da epiderme e gordura da pele. 53 A pele apresenta duas camadas uma externa e outra interna. A camada externa e chamada de epiderme e a camada interna denominada de derme. A epiderme é formada por cinco estratos que são germinativo, espinhoso, granuloso, lúcido e córneo. A derme fica abaixo da epiderme e possui tecido conjuntivo e estruturas vasculonervosas e glândulas. O estrato germinativo ou basal é o mais interno é formado por células cilíndricas. Nesse estrato se observa a presença de células tronco que formam os outros tipos de células da epiderme. As mitoses que ocorrem nessa camada vão levando as células para as camadas mais externas da pele, ocorrendo à renovação do tecido epitelial. O estrato espinhoso possui células poligonais com pontes que através das quais, seus citoplasmas são ligados, os desmossomos, com isso, dando-lhe o aspecto de espinhos. O estrato granuloso possui células achatadas e enfileiradas com grânulos de queratina-hialina e apresentam terminações nervosas. O estrato lúcido está abaixo do estrato córneo e apresenta eleidina, uma substância gordurosa que hidrata a pele. Suas células são bem delgadas, sem núcleo e transparentes, por isso, chamado lúcido. O estrato córneo apresenta células sem vitalidade e ricas em queratina, achatada e parecidas com escamas. Esse estrato apresenta duas lâminas e a lâmina mais externa está sempre em descamação. Essa camada varia de espessura de acordo com o tipo de pele, grossa ou fina. A derme ou cório apresenta duas camadas que são camada papilar e camada reticular. A camada papilar é mais interna e fica entre a camada germinativa da epiderme e camada reticular da derme. Essa camada possui as papilas que são terminações nervosas. A camada reticular é mais externa possui feixes de fibras colágenas bem associadas, fibras elásticas e a presença de células como macrófagos, linfócitos e mastócitos. Entre as células e fibras existe a substância fundamental amorfa rica em ácido hialurônico, proteína e minerais. A hipoderme ou tecido subcutâneo fica abaixo da derme, por isso é a camada mais interna do tegumento. Apesar da conexão com a derme através de fibras colágenas e elásticas, a hipoderme não é considerada como componente da pele, 54 porque fica difícil sua distinção da derme. Essa região contém quantidades variáveis de tecido adiposo a depender do sexo, biótipo e região do corpo. As funções da hipoderme são servir de conexão, proteção de órgãos e ossos, isolante térmico, reserva energética e produção do hormônio leptina. A leptina atua na diminuição da ingestão de alimentos e no aumento do gasto calórico. As artérias da pele se dispõem na tela subcutânea, no tecido adiposo que fica entre a pele e no periósteo ou a fáscia, permitindo o deslizamento desses vasos. Esses tubos cilíndricosvão irrigar a gordura, os folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. As veias da pele vão formar os plexos venosos cutâneos, com anastomoses arteriovenosas. Os vasos linfáticos da região formam os plexos superficial e profundo. Os nervos estão ligados pelas terminações às camadas da epiderme e da derme. ESTRUTURAS ANEXAS DA PELE Glândulas sudoríparas As glândulas sudoríparas são exócrinas, do tipo merócrinas (eliminam o suor, sem eliminação do citoplasma) e têm inervação colinérgica. Apresentam uma estrutura simples, com um ducto excretor, que consiste em um tubo enovelado na região mais interna e um corpo, com formato oval ou redondo. As glândulas são irregularmente distribuídas pelo corpo, de forma que são numerosas na fronte, nas palmas da mão e na sola do pé, em pequena quantidade, nas coxas e na nuca e ausentes, no meato acústico externo, na glande e no prepúcio. Glândulas sebáceas As glândulas sebáceas são exócrinas, do tipo holócrinas (eliminam a secreção, juntamente com o citoplasma, são desintegradas e regeneradas) e produzem uma substância adiposa, o sebo, que tem ação de impermeabilização e antisséptica. Essas glândulas são pequenas e em forma de saco e podem estar associadas aos pelos. São abundantes no couro cabeludo e na face. As glândulas sebáceas se localizam na camada papilar da derme, são multilobuladas, com ductos de excreção e seus bulbos sebáceos possuem células germinativas. 55 Unhas As unhas são produzidas pela epiderme para proteção das falanges distais, nas pontas dos dedos. A estrutura da unha é formada por uma lâmina córnea encurvada e transparente de 0,5 mm de espessura. A unha está encaixada no leito ungueal e no hiponíquio. Acurva proximal possui uma prega de pele, o vale da unha, na região de raiz da unha. O vale da unha forma a bolsa da unha e no fundo dessa bolsa, existe a matriz da unha. Aparte esbranquiçada em forma de meia lua é a lúnula. A membrana que cobre a margem proximal da lúnula é o epiníquio. Lateralmente, nas margens laterais existe um sulco, a prega da unha. Acima da prega, nas margens se forma a cutícula. A margem distal da unha é chamada de borda livre (Fig. 37) Figura 37: A unha Pelos Os pelos são encontrados ao longo de quase todo corpo. Os pelos mais grossos são encontrados no rosto masculino, cílios e em regiões genitais. Um pelo é formado por uma raiz e uma haste. A raiz vai convergir do bulbo piloso, que está contido no interior de um folículo. No fundo do folículo se encontra a papila. O bulbo piloso contém a matriz germinativa que permite o crescimento do pelo. A haste pilosa é dividida em medula, córtex e cutícula. Na cutícula existem pequenas feixes fibras 56 musculares lisas chamadas de eretores do pelo. O folículo do pelo apresenta duas camadas nervosas que são túnica externa e túnica interna. A túnica externa é fibrosa, vascularizada e se continua com a derme. Acamada interna se adere à raiz do pelo e apresenta as bainhas radiculares interna e externa. Graças a esse sistema podemos nos movimentar através da ação de estruturas contráteis (músculos), estruturas duras que dão forma ao corpo e permitem movimentos em alavanca (ossos) e de regiões flexíveis (articulações). Nesse sentido, pode-se afirmar que esse sistema apresenta três componentes que funcionam em conjunto e em sintonia que são: Os ossos, as junturas e os músculos. Osteologia A osteologia é a parte da anatomia que estuda os ossos. O esqueleto humano apresenta 206 ossos e pode ser dividido em axial e apendicular. O esqueleto axial possui 80 ossos, fica no centro do corpo, sendo formado pelos ossos da cabeça, coluna vertebral, esterno e costelas. O esqueleto apendicular apresenta 126 ossos, sendo formado pelos ossos que formam os cíngulos superior (cintura escapular) e inferior (cintura pélvica), que conectam os membros ao esqueleto axial, e pelos ossos dos membros superiores e pelos ossos dos membros inferiores. Quanto à forma, os ossos apresentam ser: longos, curtos, planos, irregulares, sesamoides e suturais ou wormianos. Os ossos longos apresentam um comprimento que sobressai as demais medidas e como exemplo, podem-se citar a tíbia, o úmero e o fêmur. Os ossos curtos têm comprimento e largura semelhantes e como exemplo, podem-se citar ossos carpais e tarsais. Os ossos planos são finos, em forma de lâmina e possuem três camadas, a externa e a interna de tecido ósseo compacto e a camada intermediária de tecido ósseo esponjoso (díploe) e como exemplo, têm-se os ossos do crânio. Os ossos irregulares apresentam formas complexas, como exemplo, têm- se os ossos da coluna vertebral. Os ossos sesamóides se desenvolvem em regiões de tendão com grande atrito. Como exemplo, têm-se a rótula ou patela. Os ossos wormianos são pequenos ossículos, de número variado de pessoa para pessoa e localizados entre as suturas dos ossos do crânio (intra-suturais). Os ossos podem ser estudados através de exames de imagem, como radiografia. Nelas é possível o diagnóstico de fraturas, visualização de alterações patológicas ósseas e articulares, avaliação de potencial de crescimento e presença 57 de tumores ósseos. Também, o uso de impressoras 3D tem permitido a reprodução de órgãos, ossos e segmentos do corpo em escala real, produzidos com materiais rígidos ou maleáveis, que servem para o aprendizado nos cursos da área da saúde. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Esqueleto axial Ossos da cabeça A cabeça óssea apresenta 22 ossos e pode ser dividida em oito ossos do neurocrânio e 14 ossos do viscerocrânio. Os ossos no neurocrânio são frontal, parietais, temporais, occipital, etmoide e esfenoide. Os ossos do viscerocrânio são lacrimais, nasais, conchas nasais inferiores, v ômer, zigomáticos ou malares, palatinos, maxilas e mandíbula (Figs. 38a; b; c; d; e; f; g;h). Figura 38a: A cabeça 58 Figura 38b: A cabeça Figura 38c: A cabeça 59 Figura 38d: A cabeça Figura 38e: A cabeça 60 Figura 38f: A cabeça Figura 38g: A cabeça 61 Figura 38h: A cabeça Ossos do neurocrânio Frontal É um osso ímpar que faz parte da fronte, parte anterior da cabeça óssea. Apresenta duas porções: a escama e a porção orbital. Esse contribui na formação das fossas temporais e nasais, bem como na cavidade orbitária. O frontal apresenta duas faces que são a externa e a interna. A face externa é dividida em três partes que são frontal, orbital e temporal. A face interna apresenta, na parte mediana, a crista frontal e o forame cego. Lateralmente e de ambos os lados da linha mediana, encontram-se no interior do osso, os seios frontais. Os seios frontais se situam de cada lado da crista frontal e se comunicam com o meato médio através do ducto frontonasal (nasofrontal). Na face anterior da parte externa, em crânio de crianças, observa-se na linha mediana, a sutura metópica e na junção dos arcos superiores, a glabela que é o local de fixação do músculo frontal. 62 Superiormente aos arcos orbitais se observam os forames supraorbitários. Na parte orbital se observa principalmente uma depressão, na qual, abriga a glândula lacrimal, a fossa ou fóvea lacrimal. A parte lateral do osso vai contribuir na formação da fossa temporal. A face interna se apresenta côncava, com fovéolas granulares e sulcos meníngeos para alojar o lobo frontal do cérebro e as meninges. Parietais São ossos pares que apresentam forma quadrilátera. Os parietais apresentam duas faces, interna e externa; três margens que são anterior, superior e inferior; quatro ângulos que são anterossuperior, anteroinferior, posteroinferior e posterior. A face externa é convexa, apresenta as linhas temporais superior e inferior e forma parte da fossa temporal. A face interna é côncava eapresenta a granulações aracnoideas que são depressões profundas e irregulares. Temporais São os ossos pares mais complexos da cabeça, juntamente com o esfenoide. Em seu interior abrigam o órgão vestíbulococlear. Os temporais apresentam duas faces, interna e externa; três partes que são: porção petrosa, porção escamosa e porção timpânica; três processos que são mastoide, estiloide e zigomático. Na face externa da porção escamosa se observa a linha temporal que dá origem ao músculo temporal. Nessa face, observa-se uma depressão na vista inferior do osso, a fossa mandibular ou cavidade glenoide, que se articula com o processo condilar da cabeça ou côndilo da mandíbula. O poro e o meato acústicos externos se constituem na entrada para ouvido se localizam no centro da porção timpânica do temporal. O processo mastoide é uma elevação óssea que se projeta na região inferior do osso, por trás do pavilhão da orelha externa. O processo estiloide é uma projeção fina e pontiaguda, na região inferior do osso, no qual se insere alguns músculos, entre eles, o músculo estilofaríngeo. O processo zigomático se liga ao processo temporal do osso malar, formando o arco zigomático. Na face interna do osso temporal se observa o meato acústico interno, além da impressão trigeminal que aloja o gânglio do nervo trigêmeo (NC V); sulco e forame mastoideos e na face interna do processo mastoide, o seio sigmoide. Atrás desse seio repousa o cerebelo. 63 Occipital Osso ímpar de formato losangonal, que apresenta duas faces: interna e externa; quatro ângulos e quatro margens. O occipital é um osso que se articula com a primeira vértebra (C1) ou atlas, através dos côndilos do occipital, e com os ossos do crânio temporais, esfenoide e parietais. A face externa desse osso é convexa e apresenta os seguintes elementos: um forame de grande abertura para passagem da medula espinhal, o forame magno. Nas laterais desse forame, na parte inferior se observa os côndilos do occipital. Na base dos côndilos existe uma perfuração, o canal do hipoglosso que serve como passagem do XII nervo craniano. Na superfície basilar do osso se observa a 1 cm adiante do forame magno, o tubérculo faríngeo que se insere a rafe da faringe. Posteriormente ao forame magno se observam os seguintes elementos, protuberância e crista occipitais externas e as linhas nucais superior e inferior. A face interna se apresenta côncava e aloja os polos occipitais do cérebro e os hemisférios cerebelares. A região anterior do forame magno apresenta uma escavação o canal basilar, por onde passa a artéria basilar. A face interna apresenta quatro depressões que são separadas por uma crista em forma de cruz, a crista occipital interna, cujo centro se encontra mais projetado, a protuberância occipital interna. As duas depressões mais anteriores são chamadas de fossas cerebrais e as duas mais dorsais, chamam-se fossas cerebelares. Essas fossas alojam os hemisférios cerebrais e cerebelares respectivamente. Esfenóide O esfenoide é um osso complexo e ímpar, situado na base do crânio. Seu formato lembra um morcego planando no ar. Esse osso possui uma porção central denominada corpo, duas asas maiores, duas asas menores e dois processos pterigoideos. Na face interna e superior do osso, observa-se superiormente a sela turca ou túrsica que apresenta a fossa hipofisal, cavidade onde repousa a glândula hipófise ou pituitária. Uma elevação sobressai à região anterior da sela, o tubérculo da sela e as extremidades desse tubérculo se voltam para duas projeções, os processos clinoides anteriores. No limite posterior da sela existe uma elevação denominada de dorso da 64 sela e as extremidades do dorso, de cada lado, apresentam os processos clinoides posteriores. As faces laterais do esfenoide se articulam com o osso temporal e apresentam um sulco de trajeto curvo denominado de sulco carótico, onde passa a artéria carótida interna e o nervo oculomotor (NC III). As asas maiores apresentam na sua face interna, as eminências mamilares e impressões digitais que alojam parte do lobo temporal do cérebro. As asas menores apresentam em suas bases, o canal óptico por onde passa o nervo óptico (NC II) e a artéria oftálmica. O corpo do osso é escavado por duas cavidades separadas por uma delgada lâmina óssea, os seios esfenoidais, que se abrem no meato superior das fossas nasais. A face superior da asa maior forma parte da fossa média do crânio e na região de limite com o corpo do esfenoide, observa-se o forame redondo que dá passagem ao nervo maxilar. Lateral e posterior a esse existe o forame oval que serve de trajeto para o nervo mandibular e a artéria meníngea acessória. O forame espinhoso fica posterior e lateralizado ao forame oval. O forame espinhoso serve de passagem da artéria meníngea média. Os processos pterigoides são projeções que partem de cada lado na face inferior do corpo e das asas maiores, apresentam duas lâminas que são: lateral e medial e delimitam uma região chamada de fossa pterigoide. Essa fossa é local de origem dos músculos pterigoideo medial e tensor do véu palatino. Etmoide É um osso ímpar da base do crânio, que tem o frontal adiante e o esfenoide posteriormente. Esse osso apresenta lâmina vertical, lâmina horizontal e duas massas laterais. As massas laterais apresentam seis faces que são superior, interna, inferior, lateral, anterior e posterior. As faces internas das massas laterais apresentam projeções ósseas denominadas de conchas nasais superiores e médias. Entre a concha nasal superior e média existe uma depressão em forma de sulco, denominada de meato superior. Abaixo da concha nasal média se observa o meato médio. A lâmina vertical se divide em duas partes: uma porção superior chamada de processo crista galli e outra parte inferior denominada de lâmina perpendicular do etmoide. O processo crista galli é uma projeção triangular que sobressalta na base do 65 crânio e contribui na formação do forame cego. A lâmina perpendicular contribui juntamente com o vômer na formação do septo ósseo do nariz. A lâmina horizontal se apresenta fenestrada com pequenos orifícios, sendo denominada de lâmina crivosa ou cribriforme. Pelos orifícios passam as fibras do nervo olfatório (NC I) para formar o bulbo olfatório que se continua até a região olfatória primária do encéfalo, giro para-hipocampal e úncus. Internamente, o osso apresenta o labirinto etmoidal que se assemelha a uma colmeia de abelhas. Esse labirinto é formado por muitas cavidades, que são as células etmoidais anteriores, médias e posteriores. Existe uma projeção na parede lateral do meato médio, a bula etmoidal que contém em seu interior as células etmoidais médias. As células etmoidais anteriores se abrem no meato médio. As células etmoidais médias se abrem acima da bula etmoidal. As células etmoidais posteriores drenam no meato superior. Martelo, Bigorna e Estribo O martelo é o maior dos três ossos e suas partes são cabo, cabeça, colo e processos anterior e lateral. Abigorna é o segundo osso e possui ramos longo e curto e o corpo. O corpo da bigorna se articula com a cabeça do martelo. O estribo é o terceiro osso e suas partes são cabeça, base e ramos anterior e posterior. O músculo estapédio movimenta o estribo. Ossos do viscerocrânio Lacrimais São ossos pares da face, com formato de lâmina fina e frágil, situados na parede medial anterior da órbita. Esses ossos são bem pequenos e apresentam duas faces: interna e externa e quatro margens. A superfície externa apresenta o hâmulo lacrimal que se insere o músculo orbicular dos olhos. Os lacrimais se articulam com quatro ossos que são: maxilas e conchas nasais inferiores, frontal e etmoide. 66 Nasais São ossos pares em formato quadrangular que formam o arcabouço do nariz. Os nasais apresentam
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