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1 PRÁTICA EM DISFAGIA NEONATAL, PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA E MECÂNICA 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário PRÁTICA EM DISFAGIA NEONATAL, PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA E MECÂNICA ........................................................................................................ 1 NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 2 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2.DISFAGIA PEDIÁTRICA E NEONATAL.......................................................... 5 2.1 Sinais e Sintomas ..................................................................................... 8 2.1.1 Sinais e Sintomas nas Fases Preparatória e Oral .............................. 8 2.1.2 Sinais e Sintomas de Fase Faríngea ................................................. 9 2.1.3 Sinais e Sintomas de Fase Esofágica .............................................. 10 2.2 Avaliação ................................................................................................ 10 2.2.1Etapas da avaliação .......................................................................... 12 2.2.2Avaliação dos Órgãos Fonoarticulatórios .......................................... 14 2.2.3Avaliação Funcional da Deglutição ................................................... 15 2.2.4Avaliação do Paciente traqueostomizado ......................................... 18 2.2.5 Resultados da avaliação .................................................................. 18 2.3 Exames ................................................................................................... 19 2.3.1 Videoendoscopia da Deglutição ....................................................... 19 2.3.2 Videofluoroscopia da deglutição .......................................................... 24 2.4 Condutas e tratamento ........................................................................... 28 3.Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica da Alimentação (Silvério et al., 2005) ......................................................................................................................... 30 4.Instrumento de avaliação da prontidão do prematuro para início da alimentação oral (Fujinaga et al., 2002) ........................................................... 33 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 35 file://192.168.40.10/O/Pedagogico/SAÚDE%20E%20BEM-ESTAR/DISFAGIA/PRÁTICA%20EM%20DISFAGIA%20NEONATAL,%20PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA%20E%20MECÂNICA/PRÁTICA%20EM%20DISFAGIA%20NEONATAL,%20PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA%20E%20MECÂNICA.docx%23_Toc84487183 file://192.168.40.10/O/Pedagogico/SAÚDE%20E%20BEM-ESTAR/DISFAGIA/PRÁTICA%20EM%20DISFAGIA%20NEONATAL,%20PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA%20E%20MECÂNICA/PRÁTICA%20EM%20DISFAGIA%20NEONATAL,%20PEDIÁTRICA,NEUROGÊNICA%20E%20MECÂNICA.docx%23_Toc84487183 4 1. INTRODUÇÃO Nesta apostila será apontada a importância da atuação multiprofissional em casos pediátricos de disfagia orofaríngea, o envolvimento do paciente como um todo no seu processo de reabilitação, proporciona êxito. Além disso, a comu- nicação entre a equipe de atenção à saúde do paciente deve ser priorizada, a fim de oferecer qualidade no atendimento do paciente, trocas de experiências e aprofundamento de técnicas. A fonoaudiologia atua no diagnóstico e terapia das disfagias orofarín- geas, relacionando-se com outras profissões da saúde, a fim de garantir que os aspectos de deglutição e alimentação possam ocorrer de forma segura e efici- ente. Também, o fonoaudiólogo não somente atua na assistência direta à criança com disfagia orofaríngea, como colabora para estabelecer os protocolos de ava- liação e condutas da equipe multidisciplinar com esse paciente, orienta os cui- dadores as formas, posições e técnicas para oferta de via oral de forma segura, e previne possíveis alterações. A disfagia em crianças pode resultar em risco de crescimento deficiente, desnutrição, deficiência de nutrientes e até mesmo atrasos no desenvolvimento, por isso a importância da descoberta e tratamento previamente. O fonoaudiólogo deve estar consciente que o trabalho com pacientes disfágicos é de alto risco, pois pode comprometer a sobrevivência do neonato, deve haver uma interven- ção cautelosa e bem fundamentada. A alimentação do neonato requer uma atenção especial, e na área da intervenção fonoaudiológica em disfagia neonatal o papel é de prevenção, de- tecção e tratamento. Ressalta-se que o fonoaudiólogo atua no importante papel na interven- ção de disfagia, pois com algumas estratégias, conhecimento e eficácia pode proporcionar ganho de peso, alimentação prazerosa e adequação de funções miofuncionais. 5 A nutrição é essencial no primeiro ano de vida da criança, pois é o perí- odo crítico para o desenvolvimento cerebral, sendo o ganho de peso um objetivo constante no tratamento. Para tanto uma anamnese, uma avaliação bem realizada (clínica e fí- sica) e um profissional com bom conhecimento da área, chegará mais facilmente a um diagnóstico correto e realizará um programa terapêutico adequado para cada neonato. Assim, a alta hospitalar ocorrerá no momento em que o neonato estiver com padrão de alimentação adequada e a família orientada. Figura 1: Amamentação e disfagia neonatal 2.DISFAGIA PEDIÁTRICA E NEONATAL A primeira necessidade de uma criança ao nascer relaciona-se com a respiração, e a segunda é justamente a alimentação. Qualquer distúrbio na suc- ção, na coordenação respiração-deglutição, ou no controle neuro-muscular para propulsão do leite materno para a faringe, esôfago e estômago, pode desenca- dear, poucas horas após o nascimento, uma situação de risco que deve ser ime- diatamente diagnosticada e controlada. Diferentes enfermidades que cursam com malformações estruturais comprometendo o sistema estomatognático ou mesmo distúrbios neuro-motores (centrais ou periféricos) podem manifestar cli- nicamente a disfagia em qualquer etapa da infância. 6 A disfagia é uma dificuldade na deglutição que interfere no transporte do bolo da boca ao estômago. A disfagia pode ocasionar risco para a sobrevivência e o desenvolvimento do recém-nascido no período neonatal. Diversas situações ocorrem entre a gestação e o parto, que podem interferir diretamente nos qua- dros de disfagia. A disfagia pode ser manifestação de doença sistêmica ou de- correr de alteração primária anatômica ou funcional de cada uma das estruturas envolvidas no processo. O recém-nascido pode apresentar alteração em uma fase da deglutição ou várias alterações podem acontecer.A interação entre os músculos e nervos envolvidos no processo de de- glutição resulta em uma deglutição eficaz e segura, considerando a manipula- ção, o transporte do bolo alimentar e a proteção das vias aéreas. Algumas inter- corrências do período peri-natal podem estar relacionadas com os quadros de disfagia em lactentes. Sendo assim, este estudo visou caracterizar os resultados da intervenção fonoaudiológica empregada na disfagia orofaríngea neurogênica em lactentes, no que se refere à reabilitação das funções e estruturas do Sistema Estomatognático e identificar os benefícios da reabilitação da disfagia para pro- moção de uma alimentação segura, eficiente e saudável. A alimentação do neonato requer uma atenção especial, e na área da intervenção fonoaudiológica em disfagia neonatal o papel é de prevenção, de- tecção e tratamento. A disfagia ou dificuldade na deglutição pode afetar gravemente o cresci- mento e desenvolvimento da criança ou a qualidade de vida. Esta situação pode tornar as crianças definitivamente dependentes de serem alimentadas por ter- ceiros ou com suporte nutricional não oral. Outra consequência é o risco cons- tante de obstrução súbita das vias aéreas ou infecções respiratórias secundárias à aspiração. Além do exame clínico geral, a avaliação otorrinolaringológica ofe- rece subsídios para complementar a investigação da saúde geral e social da criança, além da avaliação das habilidades cognitivas. A deglutição pode ser comprometida por fatores mecânicos que impedem a passagem do bolo alimen- tar, perda ou escape de saliva, fraqueza nos grupos musculares responsáveis pela propulsão alimentar, ou disfunção nos mecanismos de coordenação neuro- muscular da deglutição. Mecanismos complexos são requeridos para o controle neurofisiológico das vias aéreo-digestivas superiores na respiração, fonação, deglutição, além 7 da proteção das vias aéreas inferiores. Um distúrbio que altere o controle neuro- lógico, a força muscular, a anatomia local pode afetar estas funções, causando entre outras alterações, a aspiração pulmonar crônica (APC). As alterações fa- ríngeas e esofágicas, como o refluxo gastroesofágico, podem resultar em aspi- ração. As crianças podem ter APC também como resultado de alterações ana- tômicas congênitas, como fendas laríngeas ou fístulas traqueoesofágicas, bem como mais comumente, doenças neurológicas ou síndromes. Portanto, APC pode ser secundária a disfagias ou disfunções da deglutição, refluxo gastro- eso- fágico, ou perda da competência glótica. O diagnóstico diferencial pode incluir muitas outras doenças respiratórias da infância (asma, bronquite, bronquiolite, entre outras). No recém-nascido a disfagia oral geralmente apresenta-se como sucção débil, que pode ser primariamente causada por anormalidades estruturais ou funcionais, como a alteração que os recém-nascidos pré-termo apresentam de- vido à imaturidade no mecanismo de sucção. As anormalidades da função farín- gea levam à dificuldade de alimentação caracterizada por engasgo, tosse, náu- sea, regurgitação, refluxo faringonasal, baixo ganho ponderal, "distress" respira- tório e aspiração, que ocorrem mais na ingestão de líquidos. A disfagia funcional aspirativa é o distúrbio de deglutição mais temido, provocado pela aspiração, que é a passagem de material abaixo das pregas vocais, podendo ocorrer nas seguintes situações: antes da fase faríngea, durante a fase faríngea e depois da fase faríngea. A adequada avaliação da disfagia deveria ser responsabilidade de uma equipe multidisciplinar. Dela participariam otorrinolaringologistas, fonoaudiólo- gos, nutricionistas, equipe de enfermagem e outros6. A avaliação clínica deve informar a etiologia da disfagia, a possível localização topográfica da dificuldade, os aspectos anatômicos e fisiológicos envolvidos, deve estimar o risco de aspi- ração pulmonar, discutir testes e procedimentos necessários para o diagnóstico e a terapêutica, bem como métodos alternativos de manuseio na alimentação. As principais etiologias relacionadas à disfagia em neonatos e lactente são: 1) prematuridade (distúrbio transitório), 2) anomalias da via aérea/digestiva supe- rior, 3) defeitos congênitos da laringe, traqueia e esôfago, 4) defeitos anatômicos adquiridos e 5) defeitos neurológicos. 8 O fonoaudiólogo é um dos profissionais responsáveis pela avaliação da disfagia, mas a decisão pelo encaminhamento para uma avaliação deste profis- sional cabe ao médico neonatologia responsável pelo lactentes. Tal avaliação deve ser feita nos seguintes casos clínicos: utilização de sonda gástrica, sucção fraca, quando existir preocupação com aspiração, vômitos, refluxo nasal, refluxo gastroesofágico, prematuridade, paralisia cerebral e outros1,8,9. Não existe um protocolo de avaliação universalmente aceito para avaliar a alimentação em ne- onatos e/ou lactentes1. Não obstante, alguns autores propuseram roteiros e su- gestões de avaliações10,11,12. No presente trabalho, os itens selecionados para a pesquisa baseiam-se na avaliação das autoras Glass & Wolf: sensibilidade ao toque, reflexo nauseoso, movimentação dos bucinadores e avaliação videoen- doscópica da deglutição. 2.1 Sinais e Sintomas A disfagia infantil pode acometer uma ou mais fases da deglutição, e seus sinais e sintomas podem variar de acordo com a idade da criança. Na criança pequena, a disfagia pode estar associada à dificuldade de sucção movimentação incoordenada de língua, fluxo aumentado, postura corpo- ral inadequada, incoordenação entre sucção-deglutição-respiração (S-D-R) com ausência de pausas para respirar entre as sequências de sucção-deglutição. Nas crianças maiores, a disfagia pode estar associada a dificuldades de controle motor oral, alterações ou dificuldades de mastigação acaso na introdu- ção de sólidos e semissólidos, elevação reduzida do complexo hiolaríngeo du- rante a deglutição, sendo os sinais clínicos sugestivos de penetração/aspiração mais frequentes para a consistência líquida, em especial a água, por conter pro- priedades de menor percepção intra oral (incolor, inodora, insípida). 2.1.1 Sinais e Sintomas nas Fases Preparatória e Oral Náusea decorrente da sensibilidade intra oral aumentada ou da não posteriorização do reflexo nauseoso. Escape extraoral de alimentos durante a sucção ou mastigação. 9 Dificuldade de aceitar ou mastigar alimentos sólidos ou semissó- lidos adequados à faixa etária. Dificuldade de iniciar a deglutição. Sialorreia ou sialoestase Tempo de alimentação aumentado (superior a 30-40 min). Desidratação. Perda de peso ou ganho de peso insuficiente para a faixa etária. Figura 2: Tabela de idade, peso e tamanho 2.1.2 Sinais e Sintomas de Fase Faríngea Sinais de desconforto ou dificuldade respiratória durante ou logo após a alimentação (taquipneia, apneia, taquicardia, bradicardia, cianose, palidez, dessaturação de O2, tiragem intercostal, retra- ção de fúrcula, estridor laríngeo, batimento de asa de nariz). Tosse e/ou engasgo durante ou depois da deglutição. VALE LEMBRAR Sialorreia: secreção abundante, excessiva de saliva 10 Regurgitação nasal do alimento. Necessidade de deglutições múltiplas para a movimentação do bolo no trajeto faringoesofágico. Dificuldade em manejar as secreções (tosse fraca, ineficiente para o clareamento da via aérea). Qualidade vocal molhada ou ruidosa durante ou após a alimen- tação. Quadros pulmonares de repetição. Desidratação. Perda de peso ou ganho de peso insuficiente para a faixa etária. 2.1.3 Sinais e Sintomas de Fase Esofágica Choro ou grande irritabilidade durante alimentação. Recusa alimentar. Vômitos frequentes. Desidratação. Perda de peso ou ganho de peso insu- ficiente para a faixa etária 2.2Avaliação Existem diferenças na relação entre as estruturas anatômicas e nos me- canismos fisiológicos da deglutição entre bebês e crianças pequenas e entre esses e crianças maiores e indivíduos adultos. Assim, os mecanismos envolvi- dos na deglutição estão em constante adaptação frente às mudanças que ocor- rem com o desenvolvimento neuropsicomotor e anatomofisiológico do sistema estomatognático. 11 Figura 3: Digestão e deglutição A avaliação de bebês e crianças com distúrbios de deglutição requer a compreensão do ambiente familiar (dinâmica e rotina de alimentação da família, crenças e hábitos relacionados com a situação de alimentação), da qualidade da interação entre pais e criança e das queixas e preocupação dos pais. Tal conhe- cimento faz-se necessário para um maior entendimento de hábitos deletérios e questões comportamentais que possam estar interferindo na alimentação da cri- ança e contribuindo para a disfagia. Apesar de grande parte dos casos de dis- fagia estar associada a diferentes condições médicas ou de desenvolvimento, a ocorrência isolada de disfagia, com a presença inclusive de aspiração silente, tem sido documentada em crianças neurologicamente normais, sem causas identificáveis no momento da apresentação. É importante a utilização pelo fonoaudiólogo de protocolos de avaliação padronizados, para que sejam obtidos parâmetros objetivos, visando ao estabe- lecimento de um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, de conduta mais acertadas e efetivas. Os objetivos da avaliação clínica fonoaudiológica da disfagia infantil são: Identificar as alterações na dinâmica da deglutição em crianças. Caracterizar os sinais clínicos sugestivos de penetração/aspiração. 12 Indicar a necessidade de exames complementares. Avaliar o impacto da disfagia na funcionalidade da alimentação. Estabelecer a conduta mais acertada e plano terapêutico individualizado de acordo com as necessidades de cada paciente, tendo como principal objetivo promover a deglutição segura e manutenção da nutrição e hidra- tação adequadas. 2.2.1Etapas da avaliação 1. Anamnese detalhada com os pais ou cuidadores do paciente, incluindo dado: do nascimento, doenças prévias, histórico cirúrgico e nutricional e uso atual de medicamentos. Identificação: informações pessoais do usuário como nome, idade, pron- tuário, gênero F ou M, unidade em que está internado, enfermaria, leito, hipótese diagnóstica e data de admissão. Nível de consciência: consciência do usuário no momento da avaliação. Alerta: capaz de responder aos estímulos sem demora. Sonolento: de- mora para reagir aos estímulos apresentados. Cooperação: como está o paciente no momento da avaliação - Coopera- tivo ou Não cooperativo. Linguagem: verbal, não-verbal, alteração na fala. Compreensão: preservada, comprometida. Quadro respiratório: identificar os aspectos relacionados à respiração durante a avaliação e marcar com um “X” a situação respiratória do usu- ário no momento da avaliação: Ar ambiente Suporte O2, máscara de ven- turi, HOOD (infantil) Ventilação Mecânica, Traqueostomia: qual o tipo da TQT (Metálica ou Polietileno), se possui ou não o cuff , caso este esteja presente verificar se o mesmo está insuflado ou desinsuflado. Secreção: Hipossecretivo, hipersecretivo, não secretivo. SIALORREIA: presente, ausente. Alimentação atual: Via oral plena, sem restrições de consistência, via oral plena com restrição de consistências, via alternativa de alimentação 13 SNE (sonda nasoenteral), SOG (sonda orogástrica), SNG (sonda naso- gástrica), GTT (gastrostomia), PARENTERAL E MISTA (via oral e outra via alternativa), dieta zero. Figura 4: Exemplo de sonda nasogástrica 2. Observação do nível de alerta da criança e capacidade de interação. 3. Observação das condições motoras e cognitivas globais do paciente. 4. Avaliação estrutural da face, mandíbula, lábios, língua, palatos duro e mole. orofaringe e mucosa oral. 5. Avaliação funcional dos músculos e estruturas usadas na deglutição, incluindo simetria, sensibilidade, corça, tônus, mobilidade e coordenação dos movimen- tos. 6. Avaliação da deglutição de saliva e manejo de secreções: presença de deglu- tição (espontânea ou necessidade de estímulo/manobra para desencadear o re- flexo de deglutição, frequência de deglutições por minuto, presença de sialoes- tase ou sialorreia. 7. Avaliação da qualidade vocal. 8. Avaliação da biomecânica da deglutição com alimentos, utilizando-se diferen- tes consistências e volumes de acordo com a idade da criança e consistências 14 ia introduzidas em sua alimentação, condições motoras orais e condições clíni- cas do paciente. 9. Observação da quantidade de alimento ingerido. 10. Realização da ausculta cervical durante toda a avaliação com alimento (an- tes durante e após a oferta) com o objetivo de identificar-se com maior clareza a relação entre sucções, deglutições e pausas, bem como observar alterações na respiração sugestivas de penetração/aspiração. 11. Observação da forma como o cuidador posiciona a criança durante a situa- ção de alimentação ou como é a postura corporal da criança durante a alimen- tação (caso já se alimente sozinha), atentando-se principalmente para as condi- ções de alinhamento entre cabeça, cintura escapular e cintura pélvica, além da verificação da presença de reflexos orais e/ou posturais patológicos que possam interferir no desempenho das funções estonlatognáticas durante a alimentação. 2.2.2Avaliação dos Órgãos Fonoarticulatórios Sensibilidade intra e extra-oral: adequada: quando não são observadas alterações. Aumentada: quando observa-se uma hipersensibilidade. Di- minuída: quando observa-se uma hipossensibilidade, ou seja, pouca ou nenhuma resposta frente a um determinado estímulo. Lábios: a postura deve ser analisada com o usuário em posição de rela- xamento. Verificar também se estão ocluídos, entreabertos ou abertos e se existe alteração anatômica. Além disso, não pode haver contração muscular exagerada por parte do músculo mentual ou da musculatura pe- rioral durante o repouso e deglutição. Quanto à mobilidade, solicitar ao usuário realizar movimentos de bico/sorriso, lateralidade direita e es- querda. Para avaliar o tônus, solicitar a contração do músculo orbicular dos lábios com contra resistência dos dedos enluvados ou espátula. Língua: o repouso da língua deve ser verificado com a mandíbula em posição de repouso. Verificar se está normal, alargada ou se existe alte- ração anatômica. Quanto à mobilidade, solicitar ao usuário realizar movi- mentos de protrusão, retração, lateral direita, lateral esquerda, elevar e abaixar. E para avaliar o tônus, solicitar ao usuário para protruir a língua, 15 afilando-a e mantendo a contração, ou por meio do movimento de contra resistência do dedo do avaliador na língua (se esta estiver com tônus re- baixado, ela tende a inferiorizar), ou ainda, solicitar ao usuário realizar a sucção de palato. Figura 5: Avaliação da língua Paralisia/paresia e assimetria facial: será avaliado sensibilidade e mo- bilidade da face a fim de concluir a presença ou ausência destes. Avaliar: sensibilidade: facial: tocar de leve o rosto do paciente (testa, bochechas e mandíbula), a fim de verificar a integridade do nervo Trigê- meo (V par). Intra oral: Tocar região de palato, língua e vestíbulo suave- mente. Mobilidade: Testa: elevação e contração. Lábios: protrusão, retração e resistência. 2.2.3Avaliação Funcional da Deglutição 1. Captação do bolo: inabilidade de capturar o alimento de um copo ou colher 2. Vedamento Labial: habilidade de manter o alimento na cavidade oral sem que escorra pelas comissuras labiais. 3. Escape Oraldo Alimento: ausência e/ou vedamento labial impreciso, sem força. 16 4. Alteração no Preparo do Bolo: dificuldade em formar um bolo alimentar coeso, em iniciar o movimento de propulsão do bolo. 5. Propulsão do Bolo: observar a força para propulcionar o bolo alimentar para a faringe. 6. Resíduos em Cavidade Oral: redução da sensibilidade intra oral, podendo haver acúmulo de alimento em vestíbulo anterior, lateral, assoalho bucal e/ou superfície da língua após a deglutição. 7. Trânsito Oral Aumentado: geralmente associa-se a fase preparatória-oral ina- dequada e atraso no disparo do reflexo de deglutição. Líquidos > 4 segundos e outras consistências > 20 segundos. 8. Regurgitação Nasal: escape de alimento pelas narinas durante ou após a oferta. Figura 6: Regurgitação Nasal 17 9. Odinofagia: presença de dor durante a deglutição, seja em cavidade oral, fa- ringe, laringe ou esôfago. 10. Alteração do Reflexo de Deglutição: quando o paciente demora para ejetar o bolo alimentar para a faringe, chamado também de atraso no disparo do reflexo de deglutição. 11. Alteração em Mobilidade Laríngea: dificuldade indica um aumento do risco de aspiração. Pode ser monitorada com o posicionamento dos dedos indicador e médio sobre o hioide e cartilagem tireoide. 12. Deglutições Múltiplas: presença de mais de uma deglutição para o mesmo bolo. 13. Tosse: resposta reflexa do tronco cerebral que protege a via aérea contra a entrada de corpos estranhos, podendo também ser produzida voluntariamente. 14. Pigarro: percebido um “aham”, antes, durante ou após a deglutição. 15. Engasgo: obstrução do fluxo aéreo, parcial ou completo, decorrente da en- trada de um corpo estranho nas vias aéreas inferiores, podendo levar à cianose e asfixia. 16. Tosse Fraca e/ou Ineficaz: ineficiência em expelir materiais da via aérea. 17. Alteração Vocal após Deglutição: o objetivo é identificar a presença de voz molhada após oferta de alimento ou líquido, por meio da comparação pré e pós- deglutição. Estas características estão frequentemente associadas ao aumento do risco de aspiração. 18. Alteração Respiratória: observar se durante ou após a oferta de alimento o paciente apresenta aumento ou redução significativa da frequência respiratória basal, se há presença de sinais de desconforto respiratório (dispneia, bati mento da asa do nariz, uso da musculatura acessória) e/ou presença de roncos ou si- bilos na ausculta brônquica (incluindo broncoespasmos). 19. Alteração da Ausculta Cervical: se estiver alterada antes e após a degluti- ção: presença de ruídos na respiração antes da deglutição e manutenção destes ruídos de mesma frequência após a deglutição. Se estiver alterada após a de- glutição: presença de ruídos, não observados anteriormente, após a ausculta do clunck de deglutição. 20. Sinais de Instabilidade Clínica: observar se há modificações de quaisquer sinais relacionados ao estado clínico, durante e após oferta de alimento como: 18 sudorese, alteração da coloração facial, alteração da frequência cardíaca e/ou queda de saturação (redução maior que 4% da linha de base após a oferta). 2.2.4Avaliação do Paciente traqueostomizado Figura 7: Teste do Corante Azul (TCA e TCAM) Análise da deglutição de saliva e/ou de alimentos corados com azul em usuários traqueostomizados, onde será monitorado a saída de azul pelo fisioterapeuta que realiza a aspiração das vias aéreas. Corante azul a ser uti lizado: anilina alimentícia. 2.2.5 Resultados da avaliação Deglutição normal ou funcional: deglutição normal ou alterada, mas não re- sulta em aspiração ou redução da eficiência da deglutição. Mantém via oral sem prejuízos nutricionais. Disfagia: Leve: leves alterações orais com e/ou sem restrição de consistência, podendo ocorrer intervenções terapêuticas, como, manobras, modificação de utensílios, controle da quantidade, etc. Moderada: risco significativo de aspiração. Alimentação via oral e suplementada por via alternativa. Aumento do tempo de alimentação; sinais de aspiração; alte- ração ou não dos sinais vitais; tosse reflexa fraca ou ausente. Restrição de duas consistências. 19 Moderada à grave: Sinais de aspiração com necessidade de solicitação múlti- plas de clareamento. Ausência de tosse reflexa e tosse voluntária fraca inefi caz. Grave: Impossibilidade de via oral. Sinais de aspiração; alteração dos sinais vi- tais; tosse reflexa ausente; tosse voluntária ausente ou ineficaz. 2.3 Exames 2.3.1 Videoendoscopia da Deglutição A videoendoscopia da deglutição permite a visualização direta das es- truturas envolvidas antes e depois da deglutição por meio da passagem de um endoscópio pequeno e flexível pelo nariz. Utilizando do nasofibroscópio que pode ser transportado facilmente, avaliamos uma população pediátrica com disfagia juntamente com uma equipe de fonoaudiólogas auxiliando-as não só no diagnóstico como nas estratégias terapêutica A avaliação da disfagia deve ser feita pelo estudo das suas etapas oral, faríngea e esofágica. Figura 8: Exame de videoendosopia 20 Material Necessário Nasofribroscópio Flexível e a fonte de luz ou broncoscópio flexível Luvas Máscara descartável Alimentos:Líquido, líquido engrossado, pastoso fino, pastoso grosso e só- lido Espessante alimentar Corante azul(anilina) Seringa 20 ml Colher descartável Copo descartável Prato descartável Figura 9: Nasofribroscópio Flexível e a fonte de luz ou broncoscópio flexível 21 Atividades conforme protocolo 1. Higienizar as mãos; 2. Identificar paciente através de pulseira; 3. Consultar prontuário e verificar intercorrências; 4. Observar os diagnósticos primários e secundários e avaliação multi- profissional; 5. Explicar o procedimento ao paciente/acompanhante; 6. Higienizar as mãos (mais de um vez antes dos procedimentos) 7. Posicionar o paciente 8. Preparar o material e os alimentos (corar os que forem necessários corar). 9. Realizar o exame, ofertando alimentos ao paciente, testando mano- bras posturais, protetivas e de limpeza; 10. Descrever os observados, observando: Fase oral- presença ou ausência de escape prematuro anterior do alimento, es- cape prematuro posterior do alimento e resíduo em cavidade oral; Fase faríngea- estase alimentar em valécula, base de língua, parede posterior da faringe, seios piriformes, espaço interaritenóideo, em base da língua, deglu- tições múltiplas, demora na abertura do cricofar[ingeo, tosse reflexa Fase laríngea – presença ou ausência de penetração larínea, presença ou au- sência aspiração traqueal e presença ou ausência de voz molhada. O exame é normalmente realizado com o paciente sentado no colo da mãe e todo o procedimento gravado. Previamente ao fibrodeglutograma avalia- mos clinicamente a criança. A avaliação da fase oral conta de observação de organização corporal, como coordenação de atos voluntários ou involuntários assim como presença ou não de alteração de tônus. Desta forma palpamos os músculos faciais; bucinadores, masséteres, sub-mentonianos, língua, bochecha e palato mole. Avalia-se também o grau de resposta para repulsa, sucção, mordida e o reflexo nauseoso a toques digitais. Em crianças menores testamos a sucção es- timulando com o dedo mínimo o palato duro e a língua avaliando também sua 22 força. Nas maiores solicitamos que mordam o dedo fletido do examinador para avaliar a força dos músculos mastigadores. O exame é feito com o nasofibroscópio Machida 3,2 acoplado a micro- câmera conjugado a sistema de TV e vídeo, sem uso de anestésico, utilizando- se da narina com melhor permeabilidade após algumas gotas de vasoconstrictor tópico,com a criança em contenção no colo da mãe. Neste momento é obser- vada a intensidade de respostas de repulsa à introdução da fibra. Os seguintes itens devem ser observados: A presença do choro, classificado como sendo forte ou fraco, ou até mesmo inexistente. Permeabilidade das fossas nasais e cavum. Mobilidade do véu palatino. Aspecto estrutural da hipo-faringe e laringe à movimentação das pregas vocais. Também deve ser avaliado a presença de saliva em valéculas ou seios piriformes, ou até mesmo no vestíbulo ou regiões glóticas. Caso seja observado o excesso de saliva mesmo após alguns movimentos deglutórios, há então uma forte indicação de déficit do "clearence" com grandes possibilidades de aspira- ção, de forma que, por segurança, não dávamos prosseguimento ao exame. A avaliação da deglutição é feita pelo oferecimento de alimento desvi- ando a atenção da criança de defender-se do "corpo estranho" já que, faminta, ela prioriza a alimentação "esquecendo-se" do nasofibroscópio. "Clearance" Penetração Aspiração Tosse Durante a amamentação avalia-se, então, a eficiência de limpeza após movimentos de deglutição ("clearance") de acordo com a consistência do ali- mento dado, assim como a presença de penetração de alimento em vestíbulo laríngeo, dividindo a penetração alta (até aproximadamente a metade da face laríngea da epiglote) e penetração baixa (envolvendo bandas ventriculares, mais 23 propícios a aspirações). Avalia-se também eventuais aspirações, quando o ali- mento ultrapassava a glote com consequente presença de reflexo da tosse ou não, e se presente, eficiente ou não. É importante assinalar que a observação deve ser dinâmica, aliada à história clínica foi levada em consideração na análise final, e não apenas um determinado momento do exame. O exame objetivo dura cerca de 20 minutos. A seguir, deve-se retirar o nasofibroscópio e captando uma última ima- gem mostrando a amamentação da criança na postura habitual. Sem estresse pode-se observar a forma que a criança faminta amamenta. Numa segunda etapa, a equipe deve estudar cada fase do exame em vídeo, utilizando-se inú- meras vezes dos mecanismos de controle, como, paradas de imagens ou em câmera lenta em momentos importantes para a conclusão do quadro. Resultados esperados Identificar os pacientes conforme políticas de identificação segura, idade, o sinal ou sintoma principal que indicou o exame, o sexo e a hi- pótese diagnóstica no momento da avaliação que nem sempre já estava esclarecida, assim como algumas informações consideradas importante de cada caso. Analisar eventuais alterações encontrada na fase oral da avaliação e da VED. Considerando na fase oral a avaliação objetiva do sistema esto- matognático, tanto motor como sensitivo, assim como observação de eventuais distúrbios como escape labial, movimentos mastigatórios ou de sucção. Já com a presença do nasofibroscópio flexível, podemos dividir em: o Consistência: qual o tipo de consistência alimentar utilizada para a avaliação. o "Clearance": se a limpeza dos recessos faríngeos após a deglutição foi eficiente ou ineficiente, considerando eficiente uma limpeza total do hipofaringe após 3 movimentos de degluti- ção, e ineficiente quando excede este número de movimentos. o Penetração alta: presença de resíduos alimentares na me- tade superior do vestíbulo laríngeo. 24 o Penetração baixa: presença de resíduos alimentares na me- tade inferior do vestíbulo laríngeo. o Aspiração: presença de resíduos alimentar e/ou salivar em regiões infra-glótica. o Reflexo da tosse: Se esse reflexo está presente ou ausente, e quando presente, avaliar se há eficiência ou não. DIAGNÓSTICO Normal(Grau O) Conteção oral normal Reflexos presentes Ausência de estase salivar, alimentar e aspiração Menos de 3 tentativas de propulsão do bolo Leve(Grau I)- •Estase pós deglutição pequena Ausência de regurgitação nasal e penetração laríngea Moderado(Grau II) Estase salivar moderada Mais de 3 tentativas de propulsão do bolo Regurgitação nasal, redução da sensibilidade laríngea com penetração porém sem aspiração traqueal Severo (Grau III) Grande estase salivar Ausência de reflexo de adução glótica Piora acentuada pós-deglutição Aspiração laringotraqueal 2.3.2 Videofluoroscopia da deglutição A videofluoroscopia da deglutição (VFD) infantil é um método objetivo c sistemático que permite a visualização de alterações anatómicas e estruturais, 25 bem como a avaliação simultânea das fases oral, faríngea e esofágica da deglu- tição e a coordenação entre essas fases durante a passagem do bolo pelo trato digestório. Considerações sobre a realização da VFD na população infantil: é es- sencial que a criança, antes de ser submetida à VFD, passe por uma avaliação clínica detalhada da deglutição, em que serão estabelecidos o posicionamento ideal no momento do exame, a sequência de alimentos que serão testados os utensílios utilizados e o grau de colaboração da criança. Contraindicações para a realização do exame: a) Instabilidade clínica e Recusa alimentar b) Agitação excessiva Figura 10: imagem de videofluoroscopia da deglutição 26 Na videofluoroscopia, analisam-se alterações nas fases oral, faríngea e esofágica da deglutição. Para a análise estatística, foram utilizados os Testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher. A VFD é o método padrão-ouro de avaliação objetiva da deglutição, pois, dentre outras vantagens, detecta de forma acurada as alterações da fase farín- gea, sendo esse o seu principal objetivo na avaliação de crianças. No entanto, esse método apresenta algumas desvantagens como a exposição à radiação, tempo limitado de exame, o que não simula uma refeição real, e a necessidade de cooperação do paciente, a qual também interfere nos resultados. Estudos evidenciam a necessidade e importância da realização de mais estudos que comparem a avaliação clínica com a VFD e verifiquem a acurácia da avaliação clínica na detecção de alterações na fase faríngea na população infantil. Sendo possível: 1. verificar a acurácia da avaliação clínica fonoaudiológica da degluti- ção (ACFD) comparada à VFD na detecção de penetração laríngea isolada e aspiração laríngea em crianças com suspeita de disfagia; 2. identificar os sintomas associados à presença de penetração larín- gea isolada e aspiração laríngea; 3. determinar a sensibilidade e a especificidade dos sintomas identifi- cados. Procedimentos Os procedimentos da VFD envolvem: Jejum de 3 a 4 horas. Explicações verbais e por escrito aos cuidadores da criança sobre o procedimento do exame. Checagem do material de segurança da sala (carrinho de parada, oxímetro (pulso, oxigênio). Posicionamento do paciente em visão laterolateral (a visão ante- roposterior é usada apenas em algumas situações, particular- mente quando alguma assimetria notada). 27 O paciente deverá permanecer suavemente contido em posição estática. A oferta de alimento deverá ser realizada por pessoa familiarizada com a criança. O tempo de exposição à radiação não deverá ultrapassar dois mi- nutos. Sulfato de bário deverá ser adicionado aos alimentos testados, com especial cuidado para a manutenção da consistência a ser testada. Na prática clínica, a proporção de 30% de sulfato de bário tem sido utilizada para a avaliação de alimentos líquidos, sem altera- ção da viscosidade. O exame deverá ser gravado em DVD para posterior análise e investigação detalhada da presença de alterações estruturais ou de motilidade das cavidades oral, faríngea e esofágica. Resultados de videofluoroscopia da deglutição A interpretação dos achados radiológicos exige que o profissional faça a distinçãoentre os achados que representam a variabilidade normal e aqueles que são indicadores de distúrbios da deglutição. Sabe-se que são escassas as informações sobre os parâmetros de nor- malidade da deglutição na população infantil, principal em lactantes. De modo geral, o exame permitirá a: análise das diversas consistências testadas para a definição da consistênciais mais segura. avaliação da proteção de vias aéreas durante a deglutição. investigação de deterioração da função de deglutição associada à fadiga. análise precisa da ocorrência de aspiração silente. Os principais achados radiológicos na população infantil Penetração supraglótica 28 Refluxo para a nasofaringe Aspiração silente, principalmente de líquidos finos Anualmente, não existem escalas padronizadas para a classificação da gravidade da disfagia infantil. Os achados devem ser interpretados em conjunto com as informações obtidas na anamnese, na avaliação clínica e nos outros tes- tes diagnósticos para que a conduta mais assertiva possa ser proposta para o paciente e família. Outros exames diagnósticos podem ser necessários para que a causa da disfagia seja determinada, como: exames de imagem, testes de função pul- monar broncoscopia, endoscopia e pHmetria. Figura 11: Disfagia Infantil 2.4 Condutas e tratamento O tratamento inclui avaliação clínica detalhada, em alguns casos como diagnóstico complementar pode ser realizado Videofluoroscopia da deglutição (avaliação objetiva da deglutição em exame de imagem), após é traçado o pla- nejamento terapêutico que incluem exercícios, manobras para facilitar a degluti- ção, adequação de consistência de dieta, toda a abordagem é voltada para equi- librar o processo de alimentação de uma forma saudável e segura. 29 No caso de bebês hospitalizados por tempo prolongado, o fonoaudiólogo realizará trabalho terapêutico específico para a transição da alimentação de sonda para via oral, favorecendo desenvolvimento motor oral, diminuição de en- gasgos, coordenação entre sucção, deglutição e respiração e organização global durante as mamadas. Via Oral Plena (volume total): consistência - líquida, líquida espes- sada (alimento homogêneo - sem pedaços), pastosa (alimento hete- rogêneo - com pedaços e semissólido) ou sólida (quaisquer tipo de alimento); Via Oral + via alternativa de alimentação: iniciar via oral _____ml. Sugestão de consistência: líquida, líquido espessada, pastosa ou só- lida; Dieta Oral apenas ofertada pelo Fonoaudiólogo; Fonoterapia; Via Oral Suspensa: sugestão de via alternativa de alimentação; Outras: descrever outras condutas como, utilização de manobras, modificação de utensílios, orientações, etc. É muito importante a participação da família, para que se possa obter sucesso no tratamento. A alimentação é uma função vital e importante para o desenvolvimento físico e intelectual. IMPORTANTE Cerca de 60% da população de bebês em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) podem apresentar disfagia orofaríngea e estas crianças, especialmente os recém-nascidos pré-termo com idade gestacional menor que 32 semanas, enfren- tam sérios problemas em suas primeiras semanas de vida, o que pode afetar sua situação nutricional e sua capacidade de alimentação, condições de grande im- pacto no desenvolvimento neurológico no primeiro ano de vida. É fundamental que todo o esforço seja empregado para estimular e manter a capacidade de alimen- tação, em especial o aleitamento materno, neste grupo de bebês. (https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-recem-nascido/principais-questoes-sobre-abor- dagem-fonoaudiologica-ao-recem-nascido-de-risco-no-aleitamento-materno/) 30 3.Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica da Alimentação (Silvério et al., 2005) Nome:_________________________________________ R.G.:______________ Nascimento:__________ Idade Atual: _________ Acompanhante:_____________ Diagnóstico: __________________ Nível da Lesão: ________________________ Alergia: ( ) Látex ( ) Outras _______________________ Alimentação ( ) seio materno ( ) líquido ( ) líquido engrossado ( ) pastoso ( ) semi-sólido ( ) sólido Utensílio de Alimentação ( ) Mamadeira Bico ( ) ortodôntico ( ) convencio- nal Furo ( ) adequado ( ) inadequado ( ) Copo ( ) Canudo ( ) Colher Tama- nho ( ) café ( ) chá ( ) sobremesa ( ) sopa Material ( ) metal ( ) silicone ( ) plástico ( )borracha Preferência por Sabores ( ) doce ( ) salgado ( ) não tem preferência Preferência por Textura ( ) líquido ( ) líquido engrossado ( ) pastoso ( ) semi-sólido ( ) sólido ( ) não possui Recusa Alimentar ( ) não ( ) sim. Quais: ________________________________________________ Apresenta Náuseas para algum Alimento? ( ) não ( ) sim. Quais: ________________________________________________ Apresenta Desconforto para algum Alimento? ( ) não ( ) sim. Quais: ________________________________________________ Dificuldade na Modificação das Consistências e Sabores da Dieta Alimen- tar? ( ) não ( ) sim. Quais: ________________________________________________ Dificuldades em Receber Diferentes Texturas na Mesma Refeição? ( ) não ( ) sim Hábitos Orais ( ) chupeta ( ) mamadeira ( ) onicofagia ( ) sucção digital Respiração ( ) nasal ( ) oral ( ) oronasal Reações Orais Procura ( ) presente ( ) ausente ( ) exacerbado 31 Sucção ( ) presente ( ) ausente ( ) exacerbado Mordida Tônica ( ) presente ( ) ausente ( ) exacerbado Gag ( ) adequado ( ) exacerbado/ anteriorizado Sensibilidade Face ( ) normal ( ) hiporeativo ( ) hiperreativo Língua ( ) normal ( ) hiporeativa ( ) hiperreativa Palato Duro ( ) normal ( ) hiporeativo ( ) hiperreativo Gengiva ( ) normal ( ) hiporeativa ( ) hiper-reativa Órgãos Fonoarticulatórios Língua Postura: ( ) soalho Tônus: ( ) normotô- nica ( ) papila ( ) hipotônica ( ) protruída ( ) hipertônica Órgãos Fonoarticulatórios Lábios Postura: ( ) fechados Tônus: ( ) normo- tônico ( ) entre-abertos ( ) hipotônico ( ) hipertônico Órgãos Fonoarticulatórios Bochechas Postura: ( ) simétrica Tônus: ( ) nor- motônicas ( ) assimétrica ( ) hipotônicas ( ) hipertônicas Órgãos Fonoarticulatórios Palato Duro ( ) atrésico ( ) alto ( ) normal ( ) plano Órgãos Fonoarticulatórios Dentição ( ) ausente ( ) decídua ( ) mista ( ) BEC ( ) REC ( ) PEC Número de dentes: ______________ Mordida: ( ) aberta ( ) cruzada ( ) topo a topo ( ) profunda ( ) overjet ( ) normal Oclusão (relação canino): ( ) classe I ( ) classe II ( ) classe III Avaliação Funcional ( ) Incoordenação entre Respiração e Deglutição Preensão labial ( ) sim ( ) não Escape oral anterior ( ) sim ( ) não Protrusão exacerbada de língua ( ) sim ( ) não Sucção eficiente ( ) sim ( ) não Movimentação adequada de língua ( ) sim ( ) não Vedamento labial durante a deglutição: ( ) sim ( ) não Sinais sugestivos de penetração e/ou aspiração laringotraqueal ( ) sim ( ) não Utensílio utilizado: ( ) mamadeira ( ) copo ( ) canudo 32 Pastoso Preensão labial ( ) sim ( ) não Escape oral anterior ( ) sim ( ) não Protrusão exacerbada de língua ( ) sim ( ) não Movimentação adequada de língua ( ) sim ( ) não Sucção ( ) sim ( ) não Vedamento labial durante a deglutição: ( ) sim ( ) não Sinais sugestivos de penetração e/ou aspiração laringotraqueal ( ) sim ( ) não Utensílio utilizado: ( ) mamadeira ( ) colher Sólido Preensão labial ( ) sim ( ) não Escape oral anterior ( ) sim ( ) não Protrusão exacerbada de língua ( ) sim ( ) não Movimentação adequada de língua ( ) sim ( ) não Sucção ( ) sim ( ) não Vedamento labial durante a deglutição: ( ) sim ( ) não Sinais sugestivos de penetração e/ou aspiraçãolaringotraqueal ( ) sim ( ) não Mastigação Incisão ( ) anterior ( ) lateral Movimento de mandíbula ( ) rotação ( ) verticalização ( ) unilateral ( ) bilateral CONDUTA: ________________________________________________________ 33 4.Instrumento de avaliação da prontidão do prematuro para início da alimentação oral (Fujinaga et al., 2002) Identificação Nome: Número do Prontuário: Data de Nascimento: Horário: Idade gestacional: I dade pós-natal: Idade corrigida: Alimentação por sonda: ( ) sim ( ) não ( ) nasaogástrica ( ) orogástrica vo- lume:____ mL Idade Corrigida (2) maior ou igual a 34 semanas; (1) entre 32 a 34 semanas; (0) menor ou igual a 32. Estado de Organização Comportamental Estado de consciência (2) alerta (1) sono leve (0) sono profundo Postura global (2) flexão (1) semiflexão (0) extensão Tônus global (2) normotonia (0) hipertonia (0) hipotonia Postura Oral Postura de lábios (2) vedados (1) entreabertos (0) abertos Postura de língua (2) plana (0) elevada (0) retraída (0) protruída Reflexos Orais Reflexo de procura (2) presente (1) débil (0) ausente Reflexo de sucção (2) presente (1) débil (0) ausente Reflexo de mordida (2) presente (1) presente exacerbado (0) ausente Reflexo de vômito (2) presente (1) presente anteriorizado (0) ausente Sucção Não-Nutritiva (a duração do teste deverá ser de um minuto) Movimentação da língua (2) adequada (1) alterada (0) ausente Canolamento de língua (2) presente (0) ausente Movimento de mandíbula (2) adequada (1) alterada (0) ausente Força de sucção (2) forte (1) fraca (0) ausente 34 Sucções por pausa (2) 5 a 8 (1) > 8 (0) < 5 Manutenção do ritmo (2) rítmico (1) arrítmico (0) ausente Mantém do estado alerta (2) sim (1) parcial (0) não Sinais de estresse (2) ausente (1) até 3 (0) mais de 3 - acúmulo de saliva ( ) ausente ( ) presente - batimento de asa nasal ( ) ausente ( ) presente - variação de coloração da pele ( ) ausente ( ) presente - apneia ( ) ausente ( ) presente - variação de tônus ( ) ausente ( ) presente - variação de postura ( ) ausente ( ) presente - tiragem ( ) ausente ( ) presente - tremores de língua ou mandíbula ( ) ausente ( ) presente - soluço ( ) ausente ( ) presente - choro ( ) ausente ( ) presente 35 REFERÊNCIAS ANDRADE, C.R.F. et al. 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