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Autores: Prof. Rodolpho Wilmers Prof. Livaldo dos Santos Colaboradores: Prof. Flávio Celso Müller Martin Prof. Fábio Gomes da Silva Profa. Rachel Niza Brandão Gestão das Operações Produtivas Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Professores conteudistas: Rodolpho Wilmers / Livaldo dos Santos Rodolpho Wilmers É engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia Mauá, pós‑graduado em Marketing Industrial pela FGV – Fundação Getúlio Vargas – e Mestre em Administração pela UNIP – Universidade Paulista. Foi professor na Escola de Engenharia Mauá. Leciona como professor universitário desde 1985, atuando de forma efetiva e muito contributiva para o Projeto Pedagógico da Universidade Paulista, como líder de das disciplinas: Gestão de Suprimento e Logística e Gestão de Operações Produtivas. Atualmente, coordena cursos de Administração da Unip, tendo trabalhado em diversos campi da Universidade Paulista. É engenheiro profissional há mais de 35 anos, com grande experiência no mercado industrial brasileiro. Exerceu atividades profissionais em empresas como Leroy Somer Division na Emerson, como gerente de área; na Wilmers Consultoria Gerencial e Corretora de Seguros Vida Ltda., como Diretor Técnico; e na Marques & Wilmers Consultoria e Comércio Exterior Ltda., como diretor técnico. Livaldo dos Santos É mestre em Ciências Sociais em Administração de Empresas pela UNG – Universidade de Guarulhos – SP, pós‑graduado em Administração de Empresas, pela Universidade São Judas Tadeu – SP e administrador profissional formado pelas Faculdades Integradas Tibiriçá – SP (habilitação em Comércio Internacional). Leciona há mais de 18 anos e, em cursos superiores, há mais de 16 anos. Também é professor em cursos de pós‑graduação, pela FAAP, há 8 anos. Coordena cursos de Administração da Unip – Cidade Universitária, matutino – e, atualmente, é membro ativo da CQA, Comissão de Qualidade e Avaliação da Universidade Paulista. Especialista em cursos de ensino a distância, hoje, atua como professor e coordenador de TC do curso de Administração de Empresas da Unip Interativa. Consultor e assessor de empresas, possui experiência empresarial de mais de 35 anos, concentrando seus serviços às empresas nas áreas de Gestão Estratégica, Estrutura e Reestruturação Organizacional, Reengenharia de Processos e Sistemas de Informação, tendo como clientes empresas de diversas áreas e bancos. Também é empresário com experiência no varejo e em prestação de serviços. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) W743g Wilmers, Rodolpho. Gestão das operações produtivas. / Rodolpho Wilmers, Livaldo dos Santos. – São Paulo: Editora Sol, 2014. 108 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XX, n. 2‑071/14, ISSN 1517‑9230. 1. Operações produtivas. 2. Planejamento da produção. 3. Controle da produção. I. Santos, Livaldo dos. II. Título. CDU 658.5 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL – UNIPLAN Reitoria Reitor: Prof. Yugo Okida Vice-Reitor: Prof. Fábio Nogueira Carlucci Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Humberto Venderlino Richter Pró-Reitor Administrativo: Prof. Robson do Nascimento Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Sumário Gestão das Operações Produtivas APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS ................................................................................9 1.1 Administração da produção ................................................................................................................9 2 O PAPEL ESTRATÉGICO E OS OBJETIVOS DA PRODUÇÃO ................................................................ 16 2.1 Estratégia da produção ...................................................................................................................... 21 Unidade II 3 PONTOS IMPORTANTES DA PRODUÇÃO – PROJETOS: O QUE SÃO, COMO SE APLICAM, COMO SÃO ENTENDIDOS ............................................................................................................ 29 3.1 Projeto em gestão da produção ..................................................................................................... 29 3.2 Projetos de produtos e serviços ...................................................................................................... 37 4 ARRANJO FíSICO E FLUXO ........................................................................................................................... 40 Unidade III 5 O PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ............................................................................... 53 6 O QUE É PLANEJAMENTO E CONTROLE? ................................................................................................ 53 6.1 Planejamento e controle da capacidade .................................................................................... 65 6.2 Planejamento e controle Just In Time (apenas a tempo) ..................................................... 76 Unidade IV 7 A VISÃO DA QUALIDADE, DOS SISTEMAS E DOS MELHORAMENTOS ......................................... 82 7.1 Melhoramento da produção ............................................................................................................ 82 7.2 Prevenção e recuperação de falhas .............................................................................................. 91 8 QUALIDADE TOTAL .......................................................................................................................................... 95 7 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 APRESENTAÇÃO Nada em uma organização pode ser tratado de forma individual, e uma das melhores formas de analisarmos as instituições é comparando‑as a seres vivos, organismos: se nos organismos um órgão não pode funcionar sem o apoio dos demais, conclui‑se que o mesmo deve ocorrer nas organizações. Todavia, a maioria dos livros que tratam de temas ligados à administração de empresas, por motivo de simplificação, acaba por tratar cada uma das funções organizacionais como algo separado do todo. A ideia pode ser válida, uma vez que se consegue fazer a demonstração das atividades de determinada função ou determinado departamento de forma bastante clara e completa. O estudo da administração da produção e operações não foge do modelo anteriormente descrito. Tradicionalmente, estudar essa disciplina era sempre focar a análise do “piso de fábrica”, ou seja, aquela região onde os bens são produzidos, utilizando‑se máquinas e por meio de processos pré‑estudados. Pouco ou nenhum valor era dado para os serviços. Tratava‑se de um estudo aplicado ao modelo industrial, que apareceu nos primórdios do século XX, totalmente voltado a processos de produção e engenharia. No entanto, com o surgimento de novas formas de produzir, nascidas em função da entrada do Japão no cenário mundial a partir dos anos 1970, o enfoque de serviços começou a ter valor, passando a ser observado em tantas outras áreas de atuação do homem, que não somente uma fábrica: hotéis, hospitais, transportes, serviços pós‑venda,entre outros apareceram para receber soluções de administração da “produção”, que, nesse caso, muitas vezes, é entendida como a prestação de um serviço. Assim sendo, a proposta que apresentaremos nesse material é fundamentada nas ideias de Nigel Slack e outros pensadores e cumpre os objetivos de ensinar as funções da administração de operações nas organizações, sua utilidade e os resultados delas esperados. Este livro‑texto trata das decisões estratégicas e operacionais envolvidas na gestão de operações produtivas, como possíveis prioridades competitivas das organizações. Abrange a elaboração e o projeto dos produtos ou serviços, o planejamento da capacidade produtiva, da localização, os processos produtivos e o layout organizacional. No que tange às decisões operacionais, são tratadas as questões do planejamento e controle da produção, envolvendo os planos agregados e a programação da produção, bem como o controle dos custos, compras e manutenção. Serão enfocadas, também, a qualidade na forma tradicional, a gestão da qualidade total, as certificações ISO e as tendências contemporâneas da administração de operações. Bom Trabalho! INTRODUÇÃO Conforme afirma Nigel Slack (2009), toda vez que você fizer uma análise de um caso qualquer, para entender a função produção, faça as seguintes perguntas: 8 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 • Como essa organização está tentando competir? • O que a produção pode fazer para ajudar a organização a competir mais eficazmente? • Porém, como fazemos para entender essa função dentro do todo organizacional? Como ela se relaciona? Quais são as consequências de suas ações, decisões ou mesmo sua falta de decisão? A melhor sugestão seria buscar compreender cada função, mas observando as reações de cada uma de suas ações no todo, exatamente como ocorre em um organismo vivo. Para essa abordagem, é preciso desenvolver a capacidade de avaliar o todo de forma holística, porém partindo de cada uma das partes desse todo. Deve‑se mostrar a função produção presente nos mais diferentes tipos de organizações, interagindo de forma intensa com todas as outras funções, e não mais simplesmente com uma área de produção. A sugestão para uso eficaz das definições que serão apresentadas é a de procurar identificar todas as relações entre as distintas definições de funções individuais, chegando ao entendimento da interação entre as funções, exatamente como ocorre nos organismos vivos. E o exercício de procurar tanto a função produção como sua interação com as demais funções da organização pode ser muito efetivo. Durante o estudo deste livro‑texto, procure exemplos de decisões ou de atividades de produção na mídia, ou então observe quando for a um restaurante, banco ou supermercado como ocorre a função produção e como você pode percebê‑la. Que você tenha muita perseverança durante os estudos, e que esta contribuição lhe ajude a melhor entender as organizações. 9 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Unidade I 1 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES PRODUTIVAS A necessidade de se compreender a função produção em empresas produtoras de bens (manufatureiras) ou prestadoras de serviços torna‑se imprescindível à apresentação desta primeira unidade, que ajudará a identificar os objetivos a se alcançar na administração da produção para atender os consumidores e a influência da estratégia da produção nessa busca. 1.1 Administração da produção Objetivos estratégicos da produção Estratégia de produção Projeto Melhoria Planejamento e controle Papel e posição competitiva da produção Input Recursos a serem transformados • materiais • informações • consumidores Input Recursos de transformação • instalações • pessoal Bens e/ou serviços Input output Ambiente Ambiente Processo de transformação Figura 1 – Modelo geral da administração da produção Saiba mais Entender um modelo é imprescindível para a compreensão da dinâmica e procedimentos inseridos em um processo. Leia mais sobre o modelo preconizado por Nigel Slacks em: GUEDES, R. Administração da produção. Administradores, João Pessoa, 2008. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/ tecnologia/administracao‑da‑producao/25634/>. Acesso em: 10 maio 2014. 10 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I Administrar a produção deve ser entendido como a organização adotada pelas organizações para a gestão dos processos de transformação, que finalmente produzem os bens que ela se propõe a comercializar ou os serviços que prestam. De comida às roupas, dos livros aos aviões, da televisão aos celulares, dos hotéis aos hospitais, tudo foi produzido (entendendo‑se que serviço também pode ser produzido) por alguma organização, e seguindo algum método (que é o processo de fabricação ou de prestação do serviço). Para bem entender o significado de tudo o que será apresentado, observe o modelo geral da administração da produção incluído anteriormente. Basicamente, temos recursos de entrada a serem transformados, recursos que serão utilizados na transformação, o processo de produção (transformação) e o que sai da empresa, bens e/ou serviços. Tudo imerso em um ambiente que pode ser regional, nacional, continental ou global. Quando se pensa em produção, deve‑se imaginar a reunião de todos os recursos que serão utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços. Administrar a produção engloba todas as atividades, decisões e responsabilidades daqueles que têm a responsabilidade pela gestão da produção (gerentes de produção, entre tantas outras denominações possíveis para tal função). A função produção faz parte do “tripé” das funções centrais de uma organização: • função marketing (inclui vendas): que é o elo de comunicação entre a organização e o mercado no qual a organização pretende atuar, informando sobre os produtos ou serviços por ela oferecidos, gerando pedidos por parte dos consumidores; • função finanças: que auxilia nas decisões econômicas e administra os recursos financeiros da organização; • função produção: que é quem satisfaz as necessidades dos clientes, por meio da produção e entrega dos produtos ou serviços solicitados pelos pedidos. Observação As demais funções de apoio em uma operação são as de Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Serviços, Gestão de Suprimentos e Gestão Empresarial. 11 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Saiba mais As funções centrais de uma organização movem e viabilizam a operação como um todo. Leia mais sobre estas funções no contexto industrial de confecções: ADMINISTRAÇÃO da produção e operações – ramo de confecção. Administradores, João Pessoa, 2007. Disponível em: <http://www. administradores.com.br/artigos/marketing/administracao‑da‑producao‑ e‑operacoes‑ramo‑de‑confeccao/13512/>. Acesso em: 10 maio 2014. Todas as demais funções da organização são também importantes, pois sem elas não seria possível a existência da mesma. Destacam‑se: • função pesquisa e desenvolvimento (P&D): responsável pela criação de novos produtos ou serviços, a fim de garantir futuros pedidos por parte dos consumidores, e • função recursos humanos (RH): garantindo a disponibilidade dos recursos de mão de obra, encarregando‑se também de seu bem– estar. Tecnicamente, a função produção envolve o mesmo conjunto de atividades para qualquer tamanho de organização. Na prática, porém, em pequenas e médias empresas existe um conjunto característico de situações, começando pela necessidade de uma mesma pessoa assumir distintas atividades, pela simples impossibilidade de se disponibilizar um profissional para cada uma delas, como ocorre em grandes corporações. Modelo de transformaçãoO modelo de transformação apresentado na figura anterior procura descrever a natureza da produção. A produção envolve um conjunto dos recursos denominados de entrada (input), usados para transformar algo (recursos de transformação) ou para serem transformados (recursos a serem transformados) em saídas (output) de bens e/ou serviços. Qualquer atividade de produção (para bens ou serviços) pode ser analisada por este modelo entrada – transformação – saída. Entradas (inputs) dos processos de transformação: • Recursos (a serem) transformados: os que passarão por uma transformação, por um tratamento, ou serão convertidos, agregando valor após a passagem pelo processo de transformação. Podem ser: — materiais (madeira, ferro, bauxita etc.); 12 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I — informações (de origem bancária, ou de censo populacional, de crescimento da riqueza – PIB etc.) ou — consumidores (pacientes, clientes em um salão de cabeleireiro, passageiros do metrô etc.). • Recursos de transformação: os que a organização necessita receber (entrada – input) para poder agir sobre os recursos transformados. São: — as instalações (edifícios, máquinas e equipamentos, tecnologia etc.); — os funcionários (os que operam, administram, mantêm e planejam a produção). • Processo de transformação: O processo de transformação é o que entendemos por produção propriamente dita, ou seja, o conjunto de máquinas e instalações, ou sistemas e instalações, capazes de executar sobre os recursos a serem transformados as transformações pensadas (projetadas) por P&D, agregando valor, ou seja, aumentando o valor do material, informação ou consumidor que foi transformado, podendo assim comercializá‑lo com uma margem que cobre os custos da produção (da transformação) e ainda gerar um lucro. Os processos de transformação são bem identificados para cada tipo de recurso a ser transformado, como segue: • Processamento de materiais: — transformação das propriedades físicas: operações de manufatura em sua maioria; — mudança de localização: operações de entrega de encomendas; — mudança de posse: operações de varejo; — armazenagem ou guarda: empresas que administram armazéns. • Processamento de informações: — transformação das propriedades informativas: mudança da forma da informação, como, por exemplo, o trabalho dos contadores; — posse da informação: empresas de pesquisa de mercado; — estocam ou armazenam informações, como as bibliotecas; — mudança de localização, como fazem as empresas de telecomunicação. 13 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas • Processamento de consumidores: — mudança das propriedades físicas: resultado do trabalho de cabeleireiros e cirurgiões plásticos; — “estocar” ou acomodar: serviço prestado pelos hotéis; — mudança de localização: resultado das operações de produção de empresas de ônibus ou aéreas. — mudança do estado fisiológico: trabalho realizado pelos hospitais; — mudança do estado psicológico: conseguido pelos entretenimentos, como música, teatro, televisão, cinema, rádio e parques temáticos. As saídas (output) dos processos de transformação são bens físicos e/ou serviços que podem ser vistos em diferentes sentidos: • tangibilidade: que podem ser tocados pela mão. Só se aplicam a bens; • estocabilidade: que podem ser guardados, armazenados. Só se aplicam aos bens; • transportabilidade: que podem ser transportados, e só se aplica a bens físicos. Por exemplo, serviços de saúde não podem ser transportados (mas seus meios de produção podem); • simultaneidade: diferença de tempo entre produção e consumo. Bens físicos quase sempre são produzidos antes do consumo, enquanto serviços acontecem junto com o consumo (imagine‑se tratando de um dente em uma cadeira de um dentista!); • contato com o consumidor: em geral os processos de produção de bens ficam longe dos consumidores (baixo nível de contato), enquanto que na prestação de serviços o contato é direto (alto nível de contato); • qualidade: a qualidade dos bens é medida pelos consumidores pela análise do próprio bem, resultando que sua qualidade é razoavelmente evidente, enquanto nos serviços, em geral, o consumidor participa da operação. Neste caso, o julgamento não envolve somente o serviço, mas também aspectos de como foi prestado. Lembrete O processo consiste no conjunto de atividades organizadas para transformar insumos em produtos/serviços, de acordo com especificações prévias, para atender às necessidades de um cliente. 14 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I Tipologia das operações de produção As operações de produção, segundo Slack (2009), diferem entre si em função de quatro aspectos: 1. Volume de saída: as operações podem ter alto ou baixo volume de saída (quantidade de itens produzidos, número de clientes atendidos etc.), e esta característica resulta em distintas soluções para o processo produtivo. • Volume alto: — alto grau de repetição das tarefas; — especialização; — sistematização; — uso intensivo de capital; — custos unitários baixos. • Volume baixo: — baixo grau de repetição das tarefas; — maior participação dos funcionários; — menor sistematização; — maior custo unitário. 2. Variedade: as operações podem oferecer uma ampla gama de produtos ou serviços, ou serem especializadas em determinado tipo de negócio. • Alta variedade: — a produção deve ser muito flexível; — deve oferecer ampla gama de soluções; — atende às necessidades dos clientes; — apresenta alto custo unitário. • Baixa variedade: — a produção é muito bem definida; — é rotineira e padronizada; 15 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas — tem constância regular; — baixo custo unitário. 3. Variação de demanda: as operações devem acompanhar as condições de mercado, que resultam em variações no consumo de seus produtos ou serviços ao longo de cada ano. • Alta variação: — a capacidade de produção deve ser adaptável; — a produção deve ser antecipada; — deve ser extremamente flexível; — ajustável à demanda; — resultando em um alto custo unitário. • Baixa variação: — a produção torna‑se rotineira, estável, previsível; — resulta em uma alta utilização da capacidade; — resulta em um baixo custo unitário. 4. Visibilidade: as operações são julgadas pelos consumidores/clientes, em função de distintas características. • Alta visibilidade: — a tolerância de espera é limitada; — a satisfação é definida pela percepção do usuário; — deve existir habilidade no trato com o consumidor; — a variedade recebida é alta; — e resulta em um alto custo unitário. • Baixa visibilidade: — existe tempo entre a produção e o consumo; — permite a padronização; 16 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I — não exige habilidade no trato com o consumidor; — alta utilização de funcionários; — centralização de decisões e de produção; — baixo custo unitário. 2 O PAPEL ESTRATéGIcO E OS ObjETIVOS DA PRODUÇÃO Segundo Slack (2009), para que se entenda a contribuição da função produção deve‑se responder a duas questões: qual papel se espera que a produção desempenhe dentro da organização, e quais objetivos de desempenho específicos à organização utiliza para avaliar tal desempenho e sua contribuição para a estratégia organizacional. A função produção apresenta três papéis importantes para a estratégia empresarial: • Implementadora da estratégia empresarial: as empresas possuem sempre algum tipo de estratégia, mas é a produção quem a coloca em prática. Isto significa que mesmo a estratégia mais original e brilhante pode se tornar um retumbante fracasso por causade uma produção inepta ou ineficiente. • Apoiadora da estratégia empresarial: a produção deve desenvolver seus recursos, resultando nas condições necessárias para que a organização atinja seus objetivos estratégicos: flexibilidade, treinamento, adaptabilidade, relacionamento etc. • Impulsionadora da estratégia empresarial: produção de serviços ou produtos melhores, feitos rapidamente, em tempo, com variedade e custos menores que os dos concorrentes resulta em uma vantagem competitiva em longo prazo. Quando a produção oferece vantagens no curto e no longo prazo, impulsiona a estratégia empresarial. Observação O projeto do sistema de produção, a melhoria e a instalação de sistemas integrados de homens, máquinas e equipamentos, com o fim de especificar, predizer e avaliar os resultados a serem obtidos, representam o papel principal da Engenharia da Produção. 17 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Produção como seguidora “apropriada”, “adequada” para a estratédia proposta Produção Estratégia Produção apoiando a estratégia da organização, atraés de objetivos apropriados aplicados a seus recursos. Produção como executora “implementadora” da estratégia Estratégia Produção Produção Produção “faz” a estratégia acontecer, através da realidade operacional Produção como lider “impulsionadora” da estratégia Estratégia Produção Produção fornecendo os meios para conseguir a vantagem competitiva Figura 2– Papéis da função produção em relação à estratégia empresarial Lembrete O objetivo é o alvo eleito para ser perseguido e atingido pela operação, sendo a estratégia o caminho, procedimentos e recursos necessários para atingi‑lo. Objetivos de desempenho da produção Sociedade ‑ Aumentar o nível de emprego ‑ Aumentar o bem‑estar da comunidade ‑ Produzir produtos sustentáveis ‑ Garantir um meio ambiente limpo Fornecedores ‑ Continuar o negócio ‑ Desenvolver capacidade de fornecimento ‑ Fornecer informação transparente Acionistas ‑ Valor econômico/retorno sobre o investimento ‑ Valor ético/retorno sobre o investimento Consumidores ‑ Especificação apropriada de produto / serviço ‑ Qualidade consistente ‑ Entrega rápida ‑ Flexibilidade ‑ Preço aceitável Empregados ‑ Continuidade de emprego ‑ Pagamento justo ‑ Boas condições de trabalho ‑ Desenvolvimento pessoal Figura 3 – Objetivos estratégicos amplos para uma operação aplicados a grupos de interesse Os objetivos de desempenho da produção são identificados a partir do momento em que se encontram os stakeholders (pessoas ou grupos de pessoas que possuem interesse na operação, podendo 18 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I influenciar ou ser influenciadas pelas atividades da operação produtiva). A figura anterior mostra os objetivos estratégicos observados por cada grupo de stakeholders. É responsabilidade da função produção compreender os objetivos (algumas vezes conflitantes) de seus grupos de interesse e estabelecer seus objetivos conforme tais necessidades. Os objetivos a perseguir para satisfazer os stakeholders resultam no processo decisório da produção. Todavia, ao chegar ao nível operacional, as pessoas devem claramente entender o que são, para que servem e como devem ser aplicados os métodos para satisfazer aos diversos grupos de interesse. Deve‑se assim adotar um conjunto mais bem definido de objetivos, que são os cinco objetivos de desempenho para a função produção, e que se aplica a todos os tipos da mesma. 1. Objetivo qualidade: “fazer as coisas direito”, abordagem que varia conforme o tipo de operação produtiva observada, mas considerada por todos como um objetivo dos mais importantes, por exercer grande influência sobre a satisfação ou insatisfação dos clientes. Por meio da qualidade pode‑se conseguir: • satisfação dos clientes externos e internos; • redução de custos; • aumento da confiabilidade. 2. Objetivo rapidez: rapidez significa o tempo gasto entre a colocação de um pedido e sua efetiva entrega ao consumidor (lead time). O principal benefício da rapidez de entrega dos bens e serviços para os consumidores é o enriquecimento da oferta. Internamente, a rapidez na tomada de decisões, movimentação de materiais e das informações internas da operação também se mostra importante. Rapidez resulta em: • redução de estoque; • redução de risco de produzir algo errado. 3. Objetivo confiabilidade: significa fazer as coisas em tempo, de forma que os consumidores recebam seus bens ou serviços prometidos no prazo e de acordo com o que foi encomendado. A confiabilidade só pode ser julgada após o produto ou serviço ser entregue. O mesmo acontece com os clientes internos, que passam a julgar o desempenho uns dos outros. Maior confiabilidade interna resulta em maior eficácia. Confiabilidade resulta em: • economia de tempo; • economia de dinheiro; • estabilidade. 19 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas 4. Objetivo flexibilidade: é a capacidade da operação produtiva de mudar o que faz, como faz ou quando faz. Existem muitas formas de se entender flexibilidade. Os tipos mais comuns de visões sobre flexibilidade são os seguintes: • flexibilidade de produto/serviço; • flexibilidade de composto (mix); • flexibilidade de volume; • flexibilidade de entrega; • flexibilidade na operação interna: — agilizando respostas; — economizando tempo; — mantendo a confiabilidade. 5. Objetivo custo: no atual ambiente globalizado, as empresas concorrem diretamente em preço, tendo o custo como seu principal objetivo de produção. Quanto menor o custo de produzir bens e serviços, menor o preço que poderá ser oferecido aos seus consumidores. Ou a redução no custo de produção será acrescida aos seus lucros. Basicamente, a produção utiliza capital em: • custo de funcionários (salários mais benefícios); • custo de instalações, tecnologia e equipamentos; • custo de materiais. Observação A função produção tem com principal objetivo externo o de suprir as necessidades humanas, sejam elas de que natureza forem, por meio do fornecimento de bens e serviços. 20 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I Tempo de entrega reduzido Efeitos externos dos cinco objetivos de desempenho Alta produtividade total Preço baixo, margem alta ou ambos Entrega confiável Produtos / serviços sob especificação Frequência de novos produtos/serviços Ampla variação de produto/serviço Ajustamentos de volume de entrega Efeitos internos dos cinco objetivos de desempenho Rapidez Custo Confiabilidade Produção rápida Operação confiável Processos sem erros Habilidade para mudar Qualidade Flexibilidade Figura 4 – Efeitos externos e internos dos cinco objetivos de desempenho Lembrete Os custos correspondem aos gastos para colocar os produtos acabados nas prateleiras, e as despesas, aos gastos para tirá‑los de lá e levá‑los ao mercado. Saiba mais Os objetivos de desempenho são gerais e contribuem significativamente para a melhoria da qualidade de quaisquer processos. Leia mais sobre os objetivos de desempenho no texto: BARBOSA, R. F. et al. Os objetivos de desempenho da produção e a utilização do método PDCA como estratégia de padronização de processos em uma empresa de suprimentos em informática. [s.d.]. Disponível em <http://www.aedb.br/seget/artigos09/436_436_SEGET_padronizacao. pdf>. Acesso em: 10 maio 2014. 21 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Observando a influência de cada objetivo de desempenho para a função produção, entende‑se seu valor para os clientes externos e internos (figura anterior).Cada um deles afeta custos de forma distinta: • operações de alta qualidade evitam desperdício de tempo, retrabalho ou serviços imperfeitos; • operações rápidas reduzem o estoque em processo; • operações confiáveis garantem entregas como planejado; • operações flexíveis adaptam‑se rapidamente às condições de rápidas, dramáticas e incontroláveis mudanças por que passamos no ambiente global. Assim, pode‑se afirmar que uma importante forma de melhorar o desempenho dos custos é melhorar o desempenho dos outros objetivos operacionais. 2.1 Estratégia da produção Quando uma empresa escolhe determinado caminho, está articulando o que se chama de estratégia. A empresa toma decisões que a levam a definir determinado conjunto de ações, e as decisões seguintes mostram o comprometimento de continuar na direção escolhida. Qualquer mudança no padrão de decisões denotará uma mudança na direção estratégica. Decisões estratégicas significam: • efeito abrangente e duradouro na organização; • definição da posição da organização em seu ambiente; • aproximação da organização com seus objetivos de longo prazo. Conforme Slack (2009), estratégia pode ser entendida como um padrão global de decisões e ações que posicionam a organização em seu ambiente, tendo por objetivo fazê‑la atingir seus objetivos de longo prazo. Ao entendermos estratégia por tal definição – padrão global de decisões – fica mais claro entender como identificar a participação da função produção na estratégia definida. O conteúdo da estratégia de produção é, portanto, uma parte da estratégia geral da empresa, mas algumas abordagens geram perspectivas complementares sobre a mesma: • a estratégia da produção reflete o que a alta direção do negócio ou da corporação ao qual ele pertence pretende fazer; 22 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I • a estratégia da produção deve saber somar as vantagens implementadas pelas melhorias na produção, que ajudam a construir a estratégia do chão de fábrica para a alta direção; • a estratégia da produção deve tomar decisões tendo por base as necessidades do mercado; • a estratégia da produção deve saber utilizar com eficácia (sem desperdícios) as capacidades dos recursos de produção. A abordagem da estratégia pela função produção deve levar em conta os objetivos de desempenho, mas sob a perspectiva do mercado, sendo este um grande influenciador das decisões operacionais (ver figura a seguir). Observação A visão holística ou sistêmica da organização é imprescindível para o desdobramento correto dos objetivos estratégicos em objetivos táticos, internos das áreas funcionais da empresa, dentre elas, a função produção. Fatores competitivos Se os consumidores valorizam... Preço baixo Alta qualidade Entrega rápida Entrega confiável Produtos e serviços inovadores Grande variedade de produtos e serviços Habilidade de alterar prazo de entrega e qualidade de produtos e serviços Objetos de desempenho Então, a operação terá de se superar em... Custo Qualidade Rapidez Confiabilidade Flexibilidade (produtos e serviços) Flexibilidade (composto ou mix) Flexibilidade (volume e/ou entrega) Figura 5 – Fatores competitivos diferentes resultam em objetivos de desempenho diferentes Nenhuma operação produtiva que apresente falhas de forma continuada no atendimento a seu mercado irá sobreviver a longo prazo. Se a administração da produção não consegue compreender os requisitos do mercado, torna‑se impossível garantir que a produção atinja a composição necessária e o nível correto em seus objetivos de desempenho. Do lado do mercado, as exigências dos clientes (ver figura anterior) são denominadas fatores competitivos. Do lado da produção, a figura mostra a relação que deve existir entre os fatores competitivos mais comuns e os objetivos de desempenho da produção. 23 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Uma maneira de determinar a importância que cada um dos fatores competitivos deve ter é fazer uma diferenciação quanto à possibilidade de “ganhar” um pedido. Segundo Slacks (2009), esses objetivos são os seguintes: • Critérios ganhadores de pedidos: os que direta ou expressivamente auxiliam para a concretização de um negócio. Quanto maior for o desempenho da organização nos critérios ganhadores de pedidos, maior a chance de ganhar mais pedidos. • Critérios qualificadores: aqueles que, se a organização tiver, participa da negociação. Se não tiver, estará fora! Por exemplo, a certificação ISO 9001 exigida em muitas concorrências de empresas grandes nacionais, multinacionais, entre outras. Se a organização tem a certificação, pode participar. • Critérios menos importantes: os que têm pouco impacto sobre os consumidores, não importando o nível de desempenho da produção em relação aos mesmos. Os concorrentes também aparecem como importante fator de influência nas decisões estratégicas envolvendo as atividades de produção. Sua pizzaria delivery pode se ver em apuros se a Pizza Hut anunciar que entrega pizzas na sua região mais rápido e mais barato que você. Obrigatoriamente você terá de mudar sua estratégia, dando enfoque à velocidade, aos custos e, obviamente, à qualidade. Ou seja, suas prioridades mudam. Assim sendo, mesmo que não exista qualquer mudança nas preferências de seus consumidores, uma organização pode ser obrigada a mudar a forma de competir, mudando assim as prioridades esperadas dos objetivos de desempenho da produção. A associação do comportamento de concorrentes e consumidores com a curva de vida dos produtos ou serviços mostra claramente a necessidade da adoção de diferentes estratégias para os diferentes estágios do ciclo de vida (ver figura a seguir). Lembrete Delivery é um termo adotado pelas operações comerciais nos dias atuais e designa o serviço de entrega de produtos ou mercadorias no domicílio do consumidor. 24 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I intr odu ção cre sci me nt o maturidade declinio Tempo Vo lu m e Figura 6 – Efeitos do ciclo de vida do produto/serviço na organização Introdução Crescimento Maturidade Declínio O produto ou serviço acaba de ser lançado no mercado O produto ou serviço ganha aceitação no mercado Necessidades do mercado começam a ser atendidas Necessidades do mercado amplamente atendidas Volume Crescimento lento das vendas Crescimento rápido no volume de vendas Vendas atingem um patamar Declínio de vendas Consumidores Inovadores Adotantes pioneiros Grande fatia de mercado Retardatários Concorrentes Poucos/nenhum Número crescente Número estável Número em declínio Variedade dos projetos de produto ou serviço Possível customização ou muitas mudanças no projeto Cada vez mais padronizado Surgimento de tipos dominantes Possível movimento para padronização Prováveis ganhadores de pedidos Características do produto /serviço, desempenho ou novidade Disponibilidade de produtos/serviços de qualidade Preço baixo, fornecimento confiável Preço baixo Prováveis qualificadores Qualidade, gama de produtos e serviços Preço, gama de produtos e serviços Gama de produtos e serviços, qualidade Fornecimento confiável Principais objetivos de desempenho das operações Flexibilidade e qualidade Rapidez, confiabilidade e qualidade Custo e confiabilidade Custo Figura 7 – O que acontece em cada fase da curva de vida dos produtos ou serviços Saiba mais Existem muitos artigos científicos produzidos, mediante pesquisas de campo, abordando a competitividade e os seus principais fatores. Leia o artigo: RICARTE, M. A. C.; CARVALHO, G. G. F.; SILVA, C. B. Fatores de desempenho competitivo no gerenciamento da cadeia de suprimento têxtil no estado do Ceará. 2005. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2005_Enegep0705_0586.pdf>. Acesso em: 10 maio 2014. 25 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas Finalmente, existe a possibilidade de estabelecer a estratégia a ser adotada na produção baseando‑se nos recursos da empresa. Tal visão significa que empresas com desempenho estratégico acima da média provavelmente terão conquistado sua vantagem competitiva sustentável devido às competências centrais de seus recursos de produção. Tais recursos levam à tomada de decisões estruturais e infraestruturais (ver figura anterior): • decisões estruturais: as que influenciam as atividades de projeto; • decisões infraestruturais: as que influenciam a força de trabalho e as atividades de planejamento, controle e melhoria. Observação As estruturas organizacionais são compostas por elementos que definem os seus sistemas de responsabilidades, autoridades, decisões e comunicação. Uso de recursos Ob je tiv os d e de se m pe nh o Qualidade Equipamento de monitoramento da qualidade especializado pode ser desenvolvido em um local Co m pe tit iv id ad e de m er ca do Rapidez O planejamento e controle comuns permitem que os pedidos urgentes recebam prioridade Confiabilidade Sistemas de monitoramento de desempenho alertam cedo sobre prazos perdidos Flexibilidade A escala aumentada em um único local permite a produção simultânea de diferentes produtos Custo Concentrar toda a manufatura em um local reduz custo Decisões estruturais Decisões infraestruturais Decisões estratégicas Figura 8 – Matriz da estratégia de operações 26 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I Lembrete A estrutura consiste nas normas e formas de funcionamento da organização, enquanto que a infraestrutura consiste nos recursos físicos, instalações, máquinas e equipamentos utilizados para o seu funcionamento. As duas últimas perspectivas em estratégia de produção são particularmente importantes, uma vez que a maior parte do debate dentro das organizações, no que se refere à estratégia da produção, diz respeito à reconciliação entre as perspectivas de requisitos do mercado com os recursos da produção. A figura anterior foi construída a partir de um estudo de casos, e mostra que nem todas as intersecções estão preenchidas. Isto acontece porque nem todas são importantes, enquanto outras são particularmente críticas. O dilema da estratégia da produção está em decidir qual intersecção merece atenção especial. Anos de experiência com certeza ajudam na realização dessa tarefa! Resumo Foi discutida a ideia da função produção dentro das mais distintas organizações, observando as metas que devem ser alcançadas pelos administradores para atender às necessidades de seus clientes, e buscando compreender a interferência da estratégia aplicada à produção nas atividades dos administradores da organização. A função produção exerce um papel importante ao desempenhar uma das atividades fins de quaisquer operações. As operações existem para que sejam gerados produtos e/ou serviços – função produção –, para que sejam disponibilizados no mercado e satisfaçam as necessidades dos clientes e consumidores finais – função comercial. Da mesma forma que as demais funções da organização – comercial, financeira, serviços gerais, recursos humanos, contabilidade, gestão de suprimentos e logística e gestão empresarial –, a produção estabelece os seus objetivos funcionais, por meio do desdobramento dos Objetivos Estratégico Globais da Organização, contribuindo, assim, para a consecução dos objetivos organizacionais, através do alcance dos seus objetivos e metas. 27 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Gestão das operações produtivas O modelo geral da administração da produção (SLACKS, 2009) resume todos os elementos envolvidos na viabilização do funcionamento do macroprocesso produtivo. São apresentados os recursos de entrada, que compreendem os recursos transformadores, máquinas, equipamentos e mão de obra, bem como os recursos a serem transformados, matéria‑prima e insumos, de forma geral. Constam também os processos transformadores, representados pelos subprocessos e atividades que realizarão a manufatura, produzindo as saídas do modelo, aqui denominadas Produtos, Serviços e Informações. Atendeu‑se à necessidade de compreensão da função produção em empresas produtoras de bens (manufatureiras) ou prestadoras de serviços, bem como os objetivos a alcançar nessa função, visando atender aos consumidores finais; para tanto, é preciso entender a influência da estratégia da produção nessa busca. Exercícios Questão 1. Enade (2006) Leia as afirmativas a seguir: Na maioria dos serviços, o pessoal de atendimento ao cliente necessita de treinamento em habilidades interpessoais. Porque Na maioria dos serviços, a produção e a entrega acontecem simultaneamente entre o pessoal de atendimento e o cliente. Analisando as afirmações acima, conclui‑se que: A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. E) as duas afirmações são falsas. Resposta correta: alternativa A. 28 Re vi sã o: B ea tr iz /C ris tin a - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 07 /1 4 Unidade I Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o contato com o cliente e a subjetividade com que cada consumidor julga a qualidade do serviço exigem habilidade interpessoal, obtida por meio de treinamento. II – Afirmativa: correta. Justificativa: é característica dos serviços a simultaneidade entre a produção e o consumo, ou a entrega. Essa característica torna o contato com o consumidor elevado, consequentemente tornando obrigatório o treinamento das habilidades interpessoais dos responsáveis pelo atendimento ao cliente. Questão 2. (Enade 2009) Leia as afirmativas a seguir: A hospedagem no setor de hotelaria é intangível e depende da participação do consumidor. Porque As operações das empresas de serviços ocorrem no momento do consumo. A respeito dessas duas afirmativas, é correto afirmar que: A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira. B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. E) as duas afirmações são falsas. Resolução desta questão na plataforma.
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