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CASO PRÁTICO I Maria das Graças Sales, brasileira, casada, empregada doméstica, nascida em 29/01/1951, portadora do CPF 123.456.789-10, residente e domiciliada à Rua Monteiro Lobato, nº 100, Bairro Centro, em Rio Branco – Acre, endereço eletrônico: maria.mgs@gmail.com, sofreu um acidente e foi levada diretamente ao Hospital Público de Rio Branco Acre (SUS) – Pronto Socorro. Ela teve diagnóstico médico de fratura na coluna com indicação de cirurgia para ocorrer no máximo em 48 horas por ser idosa e correr risco de morte. Ocorre que a sra. Maria das Graças se encontra internada no Hospital há mais de trinta dias e ainda não foi operada. A alegação do Hospital é falta de vaga em UTI. Objetivando a realização da cirurgia o mais urgente possível, sra Maria o procura. Ingresse com a medida judicial cabível. Considere que a sua cliente é hipossuficiente e não tem condições de arcar com as custas da demanda, além de estar impossibilitada de trabalhar em razão do seu estado de saúde. Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. INICIE A PARTIR DA PÁGINA SEGUINTE EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE RIO BRANCO – ACRE TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA Maria das Graças Sales, brasileira, casada, empregada doméstica, portadora do RG nº ..., e CPF nº: 123.456.789-10, residente e domiciliada à Rua Monteiro Lobato, nº 100, Bairro Centro, em Rio Branco – AC, endereço eletrônico: maria.mgs@gmail.com, por intermédio de seu advogado legalmente constituído, mediante procuração, com endereço profissional nos autos, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência propor a presente ação: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA Em face do ESTADO DO ACRE, pessoa jurídica de Direito Público Interno, inscrita no CNPJ 04.034.484/0001-40, podendo ser citada e intimada através da PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DO ACRE (PGE), com endereço na Avenida Getúlio Vargas, nº: 2852, Bairro: Bosque, em Rio Branco – AC, endereço eletrônico: II - PRELIMINARMENTE: DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Nos termos do artigo 319, inciso VII. DO ATUAL Código De Processo Civil, a autora informa que não possui interesse na realização de audiência prévia de conciliação, tendo em vista que já tentou resolver a lide de forma extrajudicial, não obtendo êxito. DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO (CPC, ART.1.048, INC. I, ESTATUTO DO IDOSO, ART 71) Conforme dispõe o artigo 1.048, INC. I do Código de Processo Civil: “Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988”; E o direito também consta do Estatuto do Idoso: “Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.” Portanto, a prioridade de tramitação dos processos judiciais cujas partes ou intervenientes tenham idade igual ou superior a 60 anos ou portador de doença grave, é uma garantia processual para conferir eficácia ao processo, ou seja, a autora, em face do que dispõe o Código de Processo Civil, assevera que é portadora de doença grave, fazendo jus, portanto, À prioridade na tramitação do processo, o que de logo assim o requer. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA O artigo 98, caput, do Código de Processo Civil assegura o benefício a justiça gratuita: “Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”. Requer a autora a concessão dos benefícios da justiça gratuita conforme o artigo supracitado, tendo em vista que não dispõe de recursos para custear as despesas processuais e eventual pagamento de honorários de sucumbência sem prejuízo do sustento próprio, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais já que se encontra impossibilitada de trabalhar em razão de seu estado de saúde. II - DOS FATOS: A autora está atualmente com 70 anos e relata que sofreu um acidente que lhe causou uma fratura na coluna, sendo necessária a realização de cirurgia em caráter urgente, com o prazo máximo para a realização do procedimento em até 48h (quarenta e oito horas), onde por consequência, corre risco de vida. Por conta do acidente encontra-se internada há mais de 30 (trinta) dias e não foi operada, uma vez que o Hospital afirma que o motivo da não realização da cirurgia seria a falta de leitos disponíveis na UTI, sendo este de fundamental importância para realização da cirurgia, uma vez que é um procedimento perigoso e grave. A realização da cirurgia é de suma importância, uma vez que sem ela, a autora corre risco de morte, conforme foi atestado pelo médico nos autos do processo. A idade por sua vez, agrava ainda mais a situação, uma vez que por ser idosa, é mais demorado ainda o processo de recuperação, o que não diminui a gravidade da saúde e integridade física, bem como sua integridade moral, uma vez que sua atividade laborativa como diarista, depende exclusivamente de seu corpo, e com a demora do procedimento cirúrgico e com a demora também da recuperação, a autora pode sofrer outros prejuízos além da própria saúde, bem como afetam diretamente seu sustento, sua vida financeira. III – DO DIREITO: A) DO DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE - RESPONSABILIDADE DO ESTADO De acordo com a Constituição Federal, a saúde é um direito social e básico para todas as pessoas, sendo, então, um dever do Estado à sua promoção de forma igualitária e universal, conforme o artigo 6º, vejamos: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. De acordo com as informações narradas, a autora pleiteia intervenção do Poder Judiciário para a realização de uma cirurgia de coluna de caráter emergencial. O ente público demandado possui o inafastável dever de tutelar a saúde da autora, cabendo-lhe o ônus de providenciar a dita internação e tratamento para adequado. O direito da autora está amparado pelo no Artigo 196 da Constituição Federal de 1988, que assim dispõe: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Diante deste princípio, assegurado pela Constituição Federal sobre a saúde, resta ao Judiciário atuar no caso em epígrafe para dar eficácia aos mandamentos da Carta Magna. Visto que, vida e saúde são direitos subjetivos inalienáveis. Cabendo ao Estado a proteção da saúde aos cidadãos, incluindo-se na obrigação realizar cirurgias necessárias ao tratamento dos menos favorecidos. Desse modo, tratando-se de procedimento cirúrgico que possui urgência, como já exaustivamente mencionado e, tendo em vista os direitos constitucionais, principalmente, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Direito à Saúde, o Poder Público deve agir de forma imediata, para fins de disponibilizar o tratamento cirúrgico à autora, pois a demora poderá, de fato, agravar ainda mais as suas condições físicas. Assim, para fins de resguardar os direitos da autora, a cirurgia para a sua melhora deverá ser realizada o maisbreve possível. B) DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA Sobre a tutela pleiteada, tem-se o artigo 300 do Código de Processo Civil, in verbis: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.” Vê-se, então, na situação ora exposta a autora não poderá suportar ficar sem a realização da cirurgia indicada pelo médico, que é imprescindível para o seu tratamento, correndo risco de vida ou de dano. Preenchendo assim os requisitos do artigo supracitado, pois a mesma corre risco de morte caso a cirurgia não seja realizada em até 48 horas. Tornando de grande importância e urgência a antecipação da tutela. Dessa forma, desde logo, a autora requer seja deferida a TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA para determinar a realização, com urgência, da cirurgia de coluna em seu favor. III- DOS PEDIDOS: Ante o exposto requer-se digne Vossa Excelência adotar o que segue: a) Seja observada a preferência procedimental de atendimento ao idoso, conforme preceitua a lei transcrita acima, imprimindo o rito próprio ao feito; b) Conceder os benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do CPC/2015 e em razão da declaração de hipossuficiência anexa; c) Que seja concedida a antecipação da tutela, com base nos argumentos acima delineados, para a realização da cirurgia desde logo, sob pena de multa diária – artigo 537 CPC, condenando o estado na realização da cirurgia; d) Determinar a citação do réu no endereço apontado para que, em querendo, apresente resposta à presente, sob pena dos efeitos da Revelia; e) Requerer a não audiência de conciliação, conforme o artigo 319, inciso VII do Código de Processo Civil; f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, em especialmente a pericial, em caso de necessidade, para provar o alegado; g) Condenação ao pagamento dos horários advocatícios; h) Julgar procedente a presente ação, estabilizando os efeitos da tutela antecipada concedida, para o fim de condenar o suplicado à obrigação de concessão de tratamento de internação permanente em caráter de urgência para cirurgia da coluna confirmando a tutela antecipada de certo deferida. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos. Nestes termos, pede deferimento. Rio Branco – Acre, 27 de março de 2021 Advogado OAB/Nº
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