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UNIVERSIDADE IGUAÇU – CAMPUS V - ITAPERUNA-RJ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM ALÍCIA MARQUETE CIBELLE ARAUJO ROSA DÉBORAH FREITAS FABIELLE LAUREANO FERNANDA PONTES JOÃO VICTOR SANTOS LEILANE CURTY RENATA CORRÊA THALYA BERARDI VÂNIA GOULART ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE AO CUIDADO COM CRIANÇAS APÓS TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO Itaperuna, RJ 2021 2 UNIVERSIDADE IGUAÇU – CAMPUS V - ITAPERUNA-RJ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM ALÍCIA MARQUETE CIBELLE ARAUJO ROSA DÉBORAH FREITAS FABIELLE LAUREANO FERNANDA PONTES JOÃO VICTOR SANTOS LEILANE CURTY RENATA CORRÊA THALYA BERARDI VÂNIA GOULART ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE AO CUIDADO COM CRIANÇAS APÓS TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO Artigo apresentado a banca examinadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Iguaçu - _campus _ V, como requisito parcial da nota de Seminário Integrador, sob orientação da Profª Ma. Fernanda de Medeiros C. Lannes Barroso. Itaperuna, RJ 2021 3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE AO CUIDADO COM CRIANÇAS APÓS TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO Resumo: A assistência voltada para crianças após o tratamento quimioterápico exige uma postura humanizada do profissional de saúde. Este artigo de seminário integrador tem uma função norteadora e colaborativa no sentido ofertar atributos que vão auxiliar no desenvolvimento de uma visão compadecida e tomadas de atitudes que respondam as necessidades da criança que sofre com as reações do tratamento quimioterápico. Dessa maneira, ressalta para a sociedade e academia a importância do enfermeiro atuante nesta área. Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico com uma abordagem qualitativa realizada por meio de um levantamento de dados em sítios eletrônicos e comunidades acadêmicas, visando uma variância de informações que atendam a necessidade imposta. Uma vez que, compreende-se a realidade de uma criança dependente desse tratamento, a atenção humanizada entra em ação com a finalidade de contribuir para uma melhoria na qualidade de vida e amenizar sentimentos negativos recuperando sua psique infantil. Tendo assim, um resultado mais satisfatório durante esse período de tratamento. Com tudo, o intuído maior é evidenciar a grandeza contida na assistência do profissional de enfermagem mediante a criança submetida ao tratamento quimioterápico. Palavras-chave: Quimioterapia. Pediatria. Assistência de enfermagem. Humanização. NURSING ASSISTANCE IN FRONT OF CHILD CARE AFTER CHEMOTHERAPY TREATMENT Abstract: Assistance aimed at children after chemotherapy treatment requires a humanized posture by the health professional. This integrative seminar article has a guiding and collaborative function in the sense of offering attributes that will assist in the development of a compassionate vision and actions taken that respond to the needs of the child who suffers from the reactions of the chemotherapy treatment. Thus, the importance of nurses working in this area is emphasized to society and academia. This is a bibliographic study with a qualitative approach carried out through a survey of data on electronic sites and academic communities, aiming at a variance of 4 information that meets the imposed need. Once the reality of a child dependent on this treatment is understood, humanized attention is given, with the purpose of contributing to an improvement in the quality of life and alleviating negative feelings by recovering his infantile psyche. Thus, having a more satisfactory result during this treatment period. However, the greatest intuition is to highlight the greatness contained in the assistance of the nursing professional through the child undergoing chemotherapy treatment. Keywords: Chemotherapy. Pediatrics. Nursing care. Humanization. 1 INTRODUÇÃO A palavra câncer vem do grego karkínos, que quer dizer caranguejo e foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina, que viveu entre 460 e 377 a.C. O câncer não é uma doença nova. O fato de ter sido detectado em múmias egípcias comprova que ele já comprometia o homem há mais de 3 mil anos antes de Cristo. (ABC do câncer, 2011, p.17). O corpo humano é composto de células vivas responsáveis por sua composição, crescimento e regeneração tecidual, capazes de crescer, multiplicar e morrer de forma contínua e ordenada. A origem do câncer se dá por uma proliferação celular anormal e descontrolada, com perda da capacidade de diferenciação celular, originando progressivamente clones atípicos que acomete órgãos, tecidos e outras regiões do corpo. Requerendo um tratamento longo e de alto custo, o câncer é considerado um grave problema de saúde pública. No que se refere a crianças, é ainda mais desafiador, em comparação aos adultos, comumente são mais raros e agressivos, entretanto, apresentam maiores chances de cura e para isso é necessário um diagnóstico precoce e rápido acesso ao tratamento, alcançando até 80% de chances da cura. O Website Accamargo, em 2019, diz que o câncer infantil tem suas características próprias, as células que sofrem a mutação não conseguem amadurecer como deveriam e permanecem com as características semelhantes da embrionária, multiplicando-se de forma rápida e desordenada. Por isso, a proliferação do tumor é mais rápida em crianças. 5 O câncer infantil era considerado uma doença aguda de diagnóstico nocivo. Na extensão de estudos clínicos contínuos, evolução da tecnologia e implementação da humanização na assistência juntamente com atenção multidisciplinar com o paciente e sua família, conquistaram uma grande perspectiva de cura e sobrevida do paciente em mais de 50% dos casos (MONTEIRO et al., 2014). Os tipos de câncer que habitualmente acomete as crianças são: leucemia, sendo o mais comum dentre eles; tumores cerebrais e do SNC, representando 26%; neuroblastoma 6%; tumor de Wilms 5%; linfoma de Hodgkin 3%; linfoma não Hodgkin 5%; rabdomiossarcoma 3%; retinoblastoma 2%; tumores ósseos 3%; osteossarcoma e tumor de Ewing os menos comuns. A quimioterapia é um dos tratamentos utilizados para a cura, prolongamento e melhora da qualidade de vida do indivíduo com câncer. Denominados “quimioterápicos” (ou antineoplásicos) são administrados em intervalos regulares, que variam de acordo com os esquemas terapêuticos. (ABC do câncer, 2011). O protocolo de tratamento tem como objetivo a disseminação da doença, aumento da qualidade de vida e redução de efeitos colaterais precoces e tardios, são personalizados considerando a idade, o tipo de tumor, localização, extensão da doença, metabolismo da criança, da biologia tumoral e condição geral do paciente. Os efeitos dependem da dose e fármaco utilizado, os mais habituais são: apatia, perda do apetite, perda de peso, alopecia, hematomas, sangramento nasal e bucal, mucosite, náuseas, vômitos e diarreia. Dos efeitos colaterais, o mais preocupante é a neutropenia, que aumenta consideravelmente os riscos de morbidade e mortalidade por infecção. No que concerne ao câncer, pode ou não haver o reaparecimento da doença, pra tanto a etapa de controle ainda está dentro do cuidado para erradicação da mesma. Após o termino do tratamento oncológico, são realizados exames e acompanhamentos ambulatoriais durante o crescimento e desenvolvimento da criança, com o objetivo de investigar danos sucessivos do tratamento ou recidiva do câncer. (MULTTI; PAULA; SOUTO, 2010). Por ser uma doença complexa em crianças, o câncer exige uma assistência que englobe tratamentos mais humanos que visam além das necessidades físicas, psicológicas e sociais, e inclusão da participação da família. A enfermagem oncológica adota a humanização a partirde uma visão holística, em sua assistência é essencial rever suas dinâmicas e oferecer um tratamento diferenciado do adulto considerando 6 as necessidades infantis de cada criança. Estabelecer ajuda ao paciente e família por meio da comunicação efetiva a confrontar sentimentos de maneira eficaz, promover medidas de alívio da dor e sofrimento, implementar brincadeiras terapêuticas, administrar medicamentos, controlar sintomas e ajudar no enfrentamento no processo da morte, é condutas do enfermeiro para uma melhora na qualidade de vida, disponibilizando uma dignidade a criança. Ainda há controversas sobre a hospitalização para o tratamento quimioterápico em crianças. A permanência de a criança no ambiente hospitalar gera uma experiência mais estressante além do que ela está sendo submetida, a mudança de ambiente, pessoas estranhas, limitações, situações dramáticas e afastamento da comunidade vai gerar na criança um sentimento de medo, frustrações entre outros. Por outro lado, a desospitalização vem sendo fortemente defendida, possibilitando o tratamento ambulatorial, hospital-dia, home care e redes de apoio. Desta forma o efeito do tratamento se manifesta em residência, expondo aos pais despreparados psicologicamente e educacionalmente a situações difíceis. Por tanto a hospitalização ou tratamento ambulatorial deve ser estudado considerando escolaridade, ambiente domiciliar, condições financeiras e situação geral da criança. Para tal, o presente estudo tem como objetivo apresentar à assistência de enfermagem oncológica, exercido às crianças pós-tratamento quimioterápico, para uma melhor percepção dos cuidados prestados, visando à adoção da humanização, para uma excelente e de qualidade assistência à criança em tratamento quimioterápico. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Entendimento da criança relacionada ao câncer quimioterapia Em estudo qualitativo com adultos com câncer, Ferreira, de Chico e Hayashi (2005) apontaram que a palavra câncer ainda hoje deve ser usada com cautela, pois retrata uma doença com uma imagem social surpreendente, mesmo quando a palavra é citada verbalmente. Esta é uma doença assustadora, que, embora tenha havido progresso científico e tecnológico nos últimos anos, em um sentido geral, ainda apresenta um doloroso significado, uma vez que leva a morte. 7 As definições dadas pelas crianças são muito breves, com conceitos distorcidos ou errados. Referem que ouviram e/ou leram informações sobre a doença, mas muitas vezes não conseguem expressar seu entendimento sobre as informações. “A única coisa que eu sei é que é um câncer, que ele [médico] explicou pra mim que é linfoma, que inflamam os linfonodos e é mais ou menos isso. E eu pesquisei na internet e falava que tem vários.” As dúvidas apresentadas pelas crianças são sanadas pontualmente, conforme vão surgindo, no decorrer do tratamento. Primeiramente os pais e posteriormente os médicos de maior vínculo são os requisitados para solucionar as dúvidas. A doença ainda é entendida pelas crianças a partir a partir de livros e da internet que ajuda a esclarecer algumas questões e até a garantir uma explicação sobre o tema para as crianças, adolescentes e mesmo seus familiares. No estudo de Alcoser e Rodgers (2008), que descreve estratégias de tratamento do câncer infantil, verifica-se que o desenvolvimento físico e mental, a educação e o crescimento de crianças saudáveis podem ser significativamente alterados pelo tratamento do câncer com quimioterapia. A criança passa a lidar com os efeitos colaterais da doença tais como dor, perda de cabelo, mudanças corporais, náuseas, vômitos, hospitalizações prolongadas, dentre outros. Desta forma é importante preparar a criança para o tratamento, efeitos colaterais e procedimentos da maneira apropriada para a idade. 2.2 Assistência direcionada a criança submetida a quimioterapia Conforme Smeltzer e Bare (2005), a enfermagem tem um papel importante na avaliação e controle de muitos problemas experimentados pelo paciente que se submete ao tratamento quimioterápico amenizando assim todo o processo de tratamento. De acordo com Nascimento et al. (2005), a criança enfrenta problemas como longos períodos de hospitalização, reinternações frequentes, terapêutica agressiva com sérios efeitos indesejáveis advindos do próprio tratamento, dificuldades pela separação dos membros da família durante as internações, interrupção das atividades diárias, limitações na compreensão do diagnóstico, angústia, dor, sofrimento e o medo constante da possibilidade de morte. Sabe-se que a quimioterapia acarreta uma série de efeitos colaterais que podem ser de maior ou menor intensidade, pois se trata de um tratamento sistêmico que gera impacto na 8 divisão das células cancerígenas. E com isso, sofrem com fatores que interferiram negativamente nas dimensões física, emocional e cognitiva. Dessa forma, cabe a equipe de enfermagem ajudar ao paciente e a sua família a enfrentar o impacto da quimioterapia, a agressividade de seus efeitos colaterais e tóxicos, permitindo a expressão de sentimentos e fornecendo conforto ao paciente e a família. A humanização pode ser usada como uma das ferramentas para suavizar o sofrimento da criança em tratamento oncológico. Segundo Mohallem e Rodrigues (2007), humanizar a assistência de enfermagem a pacientes oncológicos envolve compreensão, respeito ao próximo, às suas limitações, à dor e ao sofrimento humano, à perseverança, à vida e à morte. A hospitalização na visão da criança pode significar medo, dor e separação dos pais, pois ao ser hospitalizada é retirada de seu meio familiar e lançada em uma instituição com normas e rotinas diferentes da sua e que devem ser seguidas. Nessa experiência, além de permanecer longe de casa, recebem tratamento realizado por adultos que não são os seus pais (COLLET; ROCHA, 2004). Na instituição caberá aos profissionais de saúde, em particular ao profissional enfermeiro como cuidador, adotar ações humanizadas. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) permite aos enfermeiros um cuidado científico e humanizado destinado a uma assistência qualitativamente adequada, que assume dimensão especial para o paciente oncológico no estabelecimento ético das prioridades, onde se deve considerar a individualidade, singularidade, estilo de vida, crenças e valores culturais (GARGIULO et al., 2007). Conforme INCA (BRASIL, 2009), o enfermeiro é o profissional mais habilitado e disponível para apoiar, orientar o paciente e a família na vivência do processo de doença, tratamento e reabilitação, afetando definitivamente a qualidade de vida futura. A enfermagem abrange o planejamento, supervisão, execução e avaliação do setor quimioterápico. A equipe de enfermagem deve desenvolver junto da equipe interdisciplinar atividades com as crianças e suas famílias, mantendo o bem-estar. O enfermeiro não deve atuar somente nas necessidades físicas, mas também nas necessidades psicológicas e sociais. Informando sobre o câncer e promovendo a autoestima, enfrentando a doenças e buscando uma vida normal. A atuação do enfermeiro após o tratamento quimioterápico é fundamental para reduzir o estresse causado durante o tempo de permanência do centro de quimioterapia, há uma 9 integração maior profissional permitindo com que o cliente se sinta construção criativa do conhecimento, assim vindo a contribuir com a promoção da vida. 2.3 Percepção emocional relacionada a criança A criança submetida ao câncer tem sua rotina e dos seus familiares mudadas muito rapidamente. O ambiente do hospital muitas vezes assusta a criança, tornando necessário fazer vários exames, tratamento dolorosos e invasivos. Assim, o psicológico da criança se torna muito abalado, por isso o enfermeiro deve tratar com os cuidados paliativos. Ademais, a internação hospitalardistante da mãe deixa a criança mais vulnerável para outras complicações da doença, com isso, podendo resultar em morte. Além disso, no Brasil, em 1980, houveram estudos que afirmam que a presença da mãe é muito importante para a recuperação da criança. Com a publicação do Estatuto da Criança e Adolescente, no dia 13 de julho de 1990, foi assegurado o direito da presença da mãe, na hospitalização. Primeiramente, os enfermeiros tem como intuito estimular os familiares apoiando todas as lutas e ansiedades da criança. Não somente, a família precisa do apoio dos profissionais da saúde, visto que é um momento muito delicado, como também ajudar a reorganizar a rotina de casa, para adaptar ao novo estilo de vida. Dessa forma, tem que cuidar da família e do paciente na mesma intensidade. Por outro lado, a criança recebe um cuidado único e individualizado, visto que cada paciente tem suas culturas e ideias, e para cuidar da criança submetida a quimioterapia, é necessário ter conhecimentos técnicos e científicos. Logo, é importante entender todos os sinais não verbal do paciente, gerando mais empatia. Bem como, evitar os acidentes de trabalhos da oncologia, evitando também um ambiente menos insalubre, por causa dos riscos vindos das exposições a citostáticos. Por fim, dando um atendimento humanizado com muito amor. Normalmente o paciente ao receber a confirmação do CA, tende a ficar tenso e estressado ocasionando um processo ainda mais doloroso para ele e sua família. Mas quando uma criança é acometida por um câncer, o medo da morte se torna iminente, porém entendemos que no processo saúde-doença, a criança sempre terá a capacidade de transformar o seu quadro clínico complexo, em algo simples e leve. Ou seja, ela sabe que está lidando com um momento que a diferencia de outras crianças 10 e traz a ela algumas limitações, mas não se deixa abalar por não saber a gravidade da patologia, tendo assim, uma melhora mais significativa frente ao problema. O apego espiritual se torna crucial para o indivíduo que se encontra em abalo emocional e durante tratamentos difíceis como o câncer propriamente dito. A crença traz conforto, alívio, amor, força e esperança e independente da religião escolhida pelo paciente é comprovado que aos mesmos alcançarão uma melhora. Ou seja, a tranquilidade encontrada na crença, reflete diretamente no tratamento do paciente. E com as crianças não é diferente, se tornando até mesmo um alívio físico para as dores oncológicas e emocionais pois até para uma criança é difícil se olhar no espelho e ver que perdeu seus cabelos que são sua identificação, perdeu peso e está longe do meio em que vive. Relatos de crianças acometidas pelo câncer Ao questionar sobre o que é o câncer obteve-se a seguinte resposta: “Tá, antes só de ouvir esse nome eu já ficava apavorada, ‘câncer’ [...] mas antes no fundo, no fundo antes de eu ter o resultado pelo próprio médico eu sentia lá dentro, por que eu fiquei seis meses esperando a biopsia chegar, e nesse meio tempo eu cheguei pra minha mãe: ‘mãe eu acho que eu tô com câncer!’ Minha mãe quase me mata, pegou um desespero: ‘minha filha você é doida? ta maluca? Não fala isso não!’ Mas depois que chegou o resultado, ai eu vim aqui e vi que não era esse bicho de sete cabeças [...] é ruim [...] ninguém quer[...] mas depois que acontece a gente enfrenta com a cabeça erguida com muita fé... serviu também pra aumentar minha confiança em Deus [...] é isso!”. (S3) Percepções da criança e do adolescente com câncer frente ao diagnóstico e tratamento da doença. Rev. Iberoam; (MOURA SILVA G, YUKIRO KAMEO S, OKINO SAWADA N. 2014; 4(4) apud 2021) Foi questionado aos pacientes, qual o comportamento da família frente ao câncer e o seu tratamento, buscando entender se existe apoio ou não no combate à doença. “Me apoiam, me incentivam (S1-S40) [...] eu tenho uma irmã que é muito chorona (...) quando ela (...) no inicio que ela soube, eu estava com ela no médico. O médico falou que eu tinha câncer, ela que começou a chorar, e eu comecei a rir, mas ai me ajudam da melhor forma.” (S11) (...) minha mãe saiu do emprego [...] e acho isso muito bom, por que minha mãe nunca ficou comigo, sempre no emprego, sempre no emprego (...) é (...) fica o dia todinho só comigo e assim”. Percepções da criança e do adolescente com câncer frente ao diagnóstico e tratamento da doença. Rev. Iberoam; (MOURA SILVA G, YUKIRO KAMEO S, OKINO SAWADA N. 2014; 4(4) apud 2021) 11 Foram unânimes, as respostas referentes ao apego espiritual e a fé em Deus como o principal auxiliador. A religião sai do meio apenas cultural, se tornando algo prático, motivacional. Quando perguntado sobre como a religião e a fé em Deus o ajuda no combate direto ao câncer deram os seguintes relatos: “Me ajuda muito porque minha fé em Deus aumentou (S1, S6, S13, S25, S38). Sempre nas minhas orações antes eu pedia: ‘Jesus aumenta a minha fé em Ti’ [...] e nesse problema eu vi que a minha fé aumentou, porque a gente se apega muito a Deus [...].” (S2) Percepções da criança e do adolescente com câncer frente ao diagnóstico e tratamento da doença. Rev. Iberoam; (MOURA SILVA G, YUKIRO KAMEO S, OKINO SAWADA N. 2014; 4(4) apud 2021) 2.4 Cuidados integralizados inclusão da família e sociedade Como dito antes, a confirmação da doença na criança, afeta seu núcleo familiar por completo e exige uma readaptação perante aos cuidados que o tratamento pede. O profissional de enfermagem age na orientação do cuidado da doença e na reabilitação, amenizando o sofrimento com o apoio humanizado e desenvolvimento lúdico, ou seja, transmitindo para a criança tudo o que acontece, porém de forma leve e com linguagem educativa, pois são os profissionais que passam a maior parte do tempo com esses pacientes, obtendo assim, um vínculo com a família e com o próprio paciente seguindo a ética profissional. Sendo assim, se faz extremamente necessária a participação da família na recuperação do mesmo, tendo em vista as mudanças que essa criança terá em sua rotina diária. A questão socioeconômica potencializa a dificuldade advinda do diagnóstico, pois os pais abalados e sem condições econômicas para dar um conforto ao filho, um tratamento digno ou até mesmo transportá-lo nas sessões de quimioterapia, vulnerabiliza ainda mais a situação, uma vez que, o tratamento é longo, demorado e doloroso. A família é um dos princípios norteadores da sociedade, ou seja, possui valores, são vínculos de força. As pesquisas confirmam que essa proximidade traz ao paciente e aos familiares, momentos de fé e otimismo. E como a presença da família é de suma importância, o Cuidado Integralizado deve atender o indivíduo como um todo, incluindo acompanhamentos psicológicos, visitas domiciliares, condições de moradia, alimentação e também o núcleo familiar 12 do paciente, ofertando apoio e suporte para que ultrapassem esse momento de dor com mais dignidade e menos sofrimento, seja em ambiente residencial ou nosocomial. A equipe multidisciplinar é fundamental no tratamento da criança com câncer e somando forças com o suporte e aconchego de familiares, o êxito no tratamento é muito mais possível. 3 METODOLOGIA Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico com uma abordagem qualitativa realizada por meio de buscas textuais, sítios eletrônicos e comunidade acadêmica, viando uma variância de informações que atendam os objetivos propostos. O estudo apresentado tem o intuito de analisar e apresentar a capacidade do enfermeiro, em exercer a assistência de forma eficiente e humanizada, a crianças submetidas à quimioterapia, com relação a sua percepção, sentimentos, efeitos pós-exposição, e a inclusão da família. Na apuração dos artigos de pesquisa, utilizaram-se as palavras-chave: assistência de enfermagem, criança, quimioterapia, com bases de dados SciELO,Accamargo, e artigos acadêmicos. O modelo foi composto a partir de leituras de artigos e sítios eletrônicos que nortearam a elaboração deste estudo, a seleção dos artigos foi com base nos critérios de inclusão: estudos publicados a datar de 2002, em português, disponíveis nas bases de dados citadas, os critérios de exclusão foram: estudos de publicação internacional e anteriormente ao ano de 2002. 4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Diante um trabalho exaustivo, pode-se observar que conseguimos levantar e coletar os dados, analisados qualitativamente, atingindo o objetivo de evidenciar a atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente pediátrico oncológico pós-tratamento quimioterápico. Os dados foram correlacionados com o intuito de chegar a uma hipótese apresentada no estudo. Com base na análise dos dados, emergiram 4 categorias temáticas que serão descritas a seguir: Impacto do termo câncer: Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2019, o medo de ter câncer atinge 27% dos brasileiros, ocupando o 13 primeiro lugar na lista de situações temidas. Isso se deve ao fato de que o câncer é uma doença que demanda grande sofrimento biopsicossocial e traz consigo bruscamente a associação com a morte, apesar de que em muitos casos a cura seja possível, dependendo essencialmente, da localização e do estágio de desenvolvimento. A enfermagem no alívio do sofrimento: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos consistem na assistência prestada por uma equipe multidisciplinar que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente às doenças que ameacem a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, do reconhecimento precoce, avaliação concludente e tratamento da dor e outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. No cuidado ao paciente com câncer, o cuidado de enfermagem deve ir além do modelo biomédico, abrangendo sua subjetividade e incluindo o cuidado integral e humanizado, o que traz o desafio de ir além das habilidades técnicas da profissão. A equipe de enfermagem ajuda os pacientes com câncer desde a atenção primária até a atenção terciária, onde os pacientes geralmente chegam bastante fracos e permanecem hospitalizados por um longo tempo, ocasionando na necessidade de cuidados paliativos. Aspectos emocionais: Segundo Scott (1991), após o choque inicial do diagnóstico, os pacientes costumam apresentar respostas emocionais como ansiedade, raiva e depressão. Assim, torna-se fundamental uma atenção especial para essas reações, visto que, com o advento da tecnologia na medicina, estas necessidades foram ignoradas e negligenciadas (Moorey & Greer, 2002). As reações podem ser devastadoras tanto no âmbito orgânico como no emocional, provocando sentimentos, desequilíbrios e conflitos internos, além de causar de causar um sofrimento tão intenso capaz de resultar em desorganização psíquica (Correia, 2000), que, de acordo com Penna (2004) vão depender da localização, do estágio da doença e do tratamento. A reação da criança em relação ao diagnóstico dependerá da reação de seus pais, pois visto que a criança desconhece a doença, são eles que vão passar todos os sentimentos provocados pela descoberta do diagnóstico. Entretanto, a criança reagirá ao clima que que se instalará no ambiente familiar, devido ao comportamento dos pais que falará de alguma forma que algo está errado. Enfermagem, espiritualidade e religiosidade no enfrentamento da doença: A espiritualidade está relativa ao sentimento de transcendência, elevação, sublimidade, 14 atividade religioso ou mística, já a religiosidade envolve a tendência natural para sentimentos religiosos e coisas sagradas. Ambas contribuem para a promoção, prevenção e recuperação da saúde, podendo servirem de auxílio para lidar com o câncer. Para Guerrero (2011) o cuidado ao paciente oncológico, com significado atribuído ao câncer, torna-se mais complexo do que outras doenças, pois envolve, além dos aspectos físico-biológicos e socioculturais, os aspectos espirituais das pessoas. Compete ao enfermeiro responsável pelo planejamento individualizado da assistência compreender e valorizar a relação entre a espiritualidade/religiosidade e o enfrentamento ao câncer, na visão do paciente. A enfermagem necessita ser preparada para lidar com as necessidades espirituais do paciente, pois é nesse momento de sofrimento que emergem frustrações, desafetos, dentre outros. É de grande importância as academias fornecerem auxílio para o profissional compreender melhor essas questões complexas do íntimo do ser humano e aprender a lidar com elas de uma forma prática no cuidado diário, utilizando a espiritualidade sem interferir na crença do paciente nem impor sua crença pessoal. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS “A enfermagem é uma arte; e para realiza-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar uma tela morta ou do fio mármore comparado ao tratar o corpo vivo, o templo do Espirito Santo de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes.” A tão conhecida e plausível frase de Florence Nightingale retrata muito bem a essência e motivo pelo qual a enfermagem tem um papel encantador na vida de um ser. Ao decorrer deste trabalho, observa-se que a atuação do enfermeiro após o tratamento quimioterápico é de uma grande importância, pois o câncer é e sempre foi uma doença vista como perda dos prazeres da infância, ela cria barreiras físicas, sociais, emocionais e consequentemente retira a criança da sua vida normal. Por isso é de primordial o papel do enfermeiro no sentido de melhorar a qualidade de vida da criança mediante a situação que ela está enfrentando. É evidente que quando o enfermeiro se empenha visando promover a compreensão da criança e melhor aceitação a terapêutica, é possível amenizar a dor, aflição, medo, preocupação, e tantos outros sentimentos e emoções que afetam de 15 forma negativa tanto a criança quanto a família, pois é possível criar um atendimento mais humanizado e planejar ações que serão mais eficazes em todo o processo de cura da doença. Por isso é necessário manter vivo o amor ao próximo e a empatia para prestar um cuidado com excelência, pois em momentos de vulnerabilidade que o paciente enfrenta, a assistência vai além de um simples ato mecânico, é ter um contato direto, doar toda atenção e carinho, adotar condutas e estratégias para fazer a diferença no prognóstico do paciente. E é claro, colocar em pratica o maior dom existente, que é o amor. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Marcos 12:33” 6 REFERÊNCIAS 1 CICOGNA, Elizelaine de Chico. CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER: EXPERIÊNCIAS COM A QUIMIOTERAPIA. 2009. Disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-29102009- 141647/publico/ElizelaineDeChicoCicogna.pdf. Acessado em 18/04/2021 2 GOMES, Isabelle Pimentel. INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS EM QUIMIOTERAPIA AMBULATORIAL. 2011. Disponível em https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/5093/1/arquivototal.pdf?fbclid=IwAR0X KUNbHJSFnxbSGy_IbpKUqFgLJCiGALkKfEy_TCAnyR2dlIZcylc3Uu4. Acessado em 02/04/2021. 3 MOURA, Glebson, Silva; YURIKO, Simone, Kameo; OKINO, Namie, Sawada. Percepções da criança e do adolescente com câncer frente ao diagnóstico e tratamento da doença. Rev. iberoam. Educ. investi. Enferm. 2014; 4(4):15-24. Disponível em https://www.enfermeria21.com/revistas/aladefe/articulo/138/percepcoes-da-crianca- e-do-adolescente-com-cancer-frente-ao-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/. Acessado em 07/04/2021. 4 SILVA, Cícera Katiucia. IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTOJUVENIL. 2017. Disponível em https://www.casadurvalpaiva.org.br/artigos/149/Importancia-da-familia-no- tratamento-do-cancer-infantojuvenil-149.Acessado em 15/04/2021. 5 SILVA, Cristiane Dutra Andrade; FERREIRA, Samira Santos de Azevedo; FONSECA, Ediane Rodrigues da; OLIVEIRA, Waldete Alves de; OLIVEIRA, Tatiana Heidi. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AO TRATAMENTO HUMANIZADO EM CRIANÇAS SUBMETIDAS À QUIMIOTERAPIA. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE AO TRATAMENTO HUMANIZADO EM CRIANÇAS SUBMETIDAS À https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-29102009-141647/publico/ElizelaineDeChicoCicogna.pdf https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-29102009-141647/publico/ElizelaineDeChicoCicogna.pdf https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/5093/1/arquivototal.pdf?fbclid=IwAR0XKUNbHJSFnxbSGy_IbpKUqFgLJCiGALkKfEy_TCAnyR2dlIZcylc3Uu4 https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/5093/1/arquivototal.pdf?fbclid=IwAR0XKUNbHJSFnxbSGy_IbpKUqFgLJCiGALkKfEy_TCAnyR2dlIZcylc3Uu4 https://www.enfermeria21.com/revistas/aladefe/articulo/138/percepcoes-da-crianca-e-do-adolescente-com-cancer-frente-ao-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/ https://www.enfermeria21.com/revistas/aladefe/articulo/138/percepcoes-da-crianca-e-do-adolescente-com-cancer-frente-ao-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/ https://www.casadurvalpaiva.org.br/artigos/149/Importancia-da-familia-no-tratamento-do-cancer-infantojuvenil-149 https://www.casadurvalpaiva.org.br/artigos/149/Importancia-da-familia-no-tratamento-do-cancer-infantojuvenil-149 16 QUIMIOTERAPIA, [s. l.], 20 fev. 2010. Disponível em: http://www.pergamum.univale.br/pergamum/tcc/Atuacaodoenfermeirofrenteaotratam entohumanizadoemcriancassubmetidasaquimioterapia.pdf. Acesso em: 16 abr. 2021. 6 VICENZI, Adriana; SCHWARTZ, Eda; CECAGNO, Diana; VIEGAS, Aline da Costa; SANTOS, Bianca Pozza dos; LIMA, Julyane Felipette. CUIDADO INTEGRAL DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO E À FAMÍLIA. CUIDADO INTEGRAL DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO E À FAMÍLIA, [S. l.], p. 409-417, 3 set. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/8816/pdf. Acesso em: 16 abr. 2021.
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