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Transcrição do período de farmacologia II

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Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafaela Gontijo Lima @rafaela_gontijo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Aula 1 – 10/08/2021 
 Hipnóticos e sedativos 
Sedativo é um medicamento capaz de 
causar uma leve depressão do sistema 
nervoso central, sendo usado para acalmar o 
paciente, reduzir ansiedade. Também são 
chamados de ansiolíticos. 
Hipnóticos causam sonolência, 
gerando uma depressão mais acentuada do 
sistema nervoso central, saindo do estado 
ansiolítico e passando para o hipnótico. 
Existem medicamentos que são 
sedativos e que passam a ser hipnóticos com 
aumento de dose. Se aumentar ainda mais a 
dose, tem-se anestesia geral. Progredindo, 
tem-se coma e óbito. 
Um benzodiazepínico, por exemplo, 
em doses baixas é sedativo, enquanto, em 
doses mais altas, é hipnótico. 
Existem medicamentos que são 
somente ansiolíticos, independente da dose 
utilizada. Também existem medicamentos 
somente hipnóticos, mesmo em doses baixas, 
como o zolpidem. 
Para o tratamento de insônia e 
ansiedade se utiliza hipnótico e sedativo, 
respectivamente. 
Insônia 
A insônia é quando o paciente tem 
dificuldade em iniciar o sono ou em manter o 
sono, tendo, em ambos, redução da 
qualidade do sono. Isso pode ocorrer por uso 
excessivo de dispositivos eletrônicos (a luz dos 
dispositivos diminui a produção de 
melatonina), alimentação inadequada etc. 
A insônia transitória é aquela que tem 
duração de menos de três dias. Pode advir de 
questões cotidianas como problemas 
familiares, no trabalho etc. Nesse caso, pode 
não ser necessário prescrever medicamento, 
mas, também, pode-se prescrever, uma vez 
que o tempo de uso do medicamento será 
curto. A qualidade de vida da pessoa será 
melhorada com o medicamento, mas este 
não deverá ser tomado por um maior período 
de tempo. 
A insônia de curta duração dura de três 
dias à três semanas. Acontece por um 
problema maior, como perda de um 
emprego, luto etc. Pode-se prescrever o 
medicamento, desde que não use por maior 
período de tempo. 
A insônia de longa duração dura mais 
de três semanas. Neste caso, o medicamento 
será contraindicado, pois pode gerar 
dependência e tolerância. Neste caso, deve-
se buscar o problema base, como ansiedade, 
que está gerando a insônia. 
Medicamentos estimulantes do sistema 
nervoso central que agem à noite podem 
gerar insônia de longa duração. 
O tratamento da insônia deve 
começar com tratamento etiológico, 
buscando-se a causa da insônia. Em seguida, 
deve-se pensar na higiene do sono, que é 
mudar o estilo de vida para melhorar o sono, 
por exemplo, com melhor alimentação, 
prática de exercícios físicos, evitar dormir à 
tarde, evitar estimulantes etc. A terceira 
opção seria prescrever hipnóticos. 
Idosos têm insônia fisiológica. 
Ao se prescrever um hipnótico, primeiro 
deve-se observar se a insônia é no início da 
noite ou no terço médio/final da noite. 
No início da noite, deve-se prescrever 
um medicamento com característica de 
início de efeito rápido. 
Se a insônia for mais tardia, o paciente 
deve utilizar um medicamento com meia vida 
de eliminação longa. Porém, esses 
medicamentos causam sedação residual no 
próximo dia. 
Quando o motivo da insônia é 
ansiedade, o medicamento de meia vida de 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
excreção longa é interessante, pois tratará a 
ansiedade durante o próximo dia. 
Benzodiazepínicos 
É uma das classes mais antigas de 
medicamentos sedativos/hipnóticos, sendo 
uma das mais utilizadas pela população, 
porém caindo em desuso para outros 
medicamentos hipnóticos e sedativos. São 
medicamentos baratos e de fácil acesso, 
tendo vantagens sobre os barbitúricos, que 
são uma classe mais antiga. 
Uma das vantagens é uma grande 
margem de segurança, tendo um amplo 
índice terapêutico quando comparados com 
os barbitúricos. Isso quer dizer que a dose letal 
e a dose terapêutica dos barbitúricos é bem 
mais próxima do que dos benzodiazepínicos. 
Benzodiazepínicos também demoram 
mais para causar dependência física e 
psíquica. Porém, se utilizados por dez dias ou 
mais, deve-se fazer o desmame, para não se 
gerar crise de abstinência. 
Benzodiazepínicos geram menos 
interações medicamentosas a nível de 
metabolização. Isso, uma vez que não 
influenciam nas enzimas do citocromo P450, 
nem induzindo nem inibindo, não interferindo 
na metabolização de outros fármacos. 
Porém, benzodiazepínicos causam 
interações medicamentosas a nível de 
farmacodinâmica aditiva sinérgica quando o 
paciente já utiliza outra substância que gera 
depressão do sistema nervoso central. 
Existem medicamentos e substâncias 
que podem inibir o metabolismo do 
benzodiazepínico. Por exemplo, cimetidina 
(bloqueador de receptor A2 utilizado contra 
hiperacidez gástrica) é um inibidor 
enzimático, pois inibe as enzimas CYP3A4 e 
CYP2C19, que metabolizam o 
benzodiazepínico. Isso faz com que a 
excreção do benzodiazepínico demore mais 
para ser excretado. 
Mecanismo de ação 
O principal mecanismo de ação dos 
benzodiazepínicos é através do GABA, um 
neurotransmissor inibitório que permite a 
entrada de cloreto quando ativado, gerando 
uma hiperpolarização neuronal e a 
consequente depressão do sistema nervoso 
central. 
O receptor GABA é formado pelas 
subunidades alfa 1 e 2, beta 1 e 2 e gama 1 e 
2. O benzodiazepínico se liga no receptor 
GABA, cada benzodiazepínico se ligando em 
uma subunidade diferente. 
Quando o benzodiazepínico se liga em 
seu sítio de ligação, que é diferente do sítio de 
ligação do GABA, ele gera uma modificação 
na conformação do receptor GABA, 
competindo com a GABA modulina. Isso 
aumenta a afinidade do receptor GABA com 
seu sítio de ligação, uma vez que a GABA 
modulina dificulta a transmissão nervosa das 
sinapses em que o GABA é mediador, 
gerando maior entrada de cloreto através da 
maior ligação do GABA, gerando maior 
hiperpolarização neuronal e consequente 
depressão do sistema nervoso central. 
 
Benzodiazepínico não deve ser 
tomado com etanol, por exemplo, uma vez 
que esses não competem com o sítio de 
ligação nem do GABA nem do etanol, 
gerando potencialização massiva do efeito 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
do GABA, com intensa depressão do sistema 
nervoso central. Isso, por sua vez, pode gerar 
potencialização das reações adversas, como 
depressão cardiovascular ou respiratória. 
Medicamentos 
Dentro da classe de benzodiazepínicos 
tem-se diferentes medicamentos com 
diferentes usos clínicos. 
Por exemplo, alprazolam e oxazepam 
são usados para transtorno de ansiedade. 
Clordiazepóxido é usado para 
transtorno de ansiedade, abstinência 
alcoólica, pré-medicação anestésica. 
Clonazepam é utilizado para 
convulsão, tratamento de mania e distúrbios 
de movimento. 
Clorazepato é utilizado para transtorno 
de ansiedade e convulsão. 
O diazepam é utilizado para transtorno 
de ansiedade, epilepsia, relaxar músculos, 
pré-medicação anestésica. 
O estazolam e o flurazepam são 
utilizados para insônia. 
O lorazepam é usado para tratamento 
de transtorno de ansiedade e pré-
medicação anestésica. 
O midazolam é usado para 
medicação pré-anestésica e intra-operatória. 
Efeitos adversos 
O benzodiazepínico utilizado sozinho, 
no pico plasmático, gera como reações 
adversas delírio, lentidão, falta de 
coordenação motora, comprometimento de 
funções motoras, convulsão, amnésia 
anterógrada (quando o paciente não se 
lembra do que aconteceu quando em efeito 
do medicamento), sonolência diurna 
residual, fraqueza, visão borrada, dor de 
cabeça e náusea. 
Gera, também, efeitos paradoxais de 
dependência e tolerância. 
Já em overdose, geram depressão 
cardiovascular e/ou respiratória, o que pode 
ocorrer em doses terapêuticas em pacientes 
com DPOC ou apneia do sono. 
Lorazepam, triazolame midazolam 
geram metabólitos inativos, tendo curta 
duração de efeito, não dependendo do 
fígado para gerar metabólitos ativos. 
Já clordiazepóxido, diazepam e 
flurazepam têm longa meia vida de 
eliminação, sendo metabolizados no fígado. 
Assim, ao tratar um paciente idoso, é 
mais recomendado um benzodiazepínico de 
meia vida de eliminação curta, uma vez que 
o fígado do idoso gera menos enzimas 
metabolizadoras, e os de curta meia vida de 
eliminação não necessitam passar pelo 
fígado, como o lorazepam. 
Na lista de Beers tem-se medicamentos 
contra indicados para idosos, estando os 
benzodiazepínicos de longa meia vida de 
eliminação presentes nessa lista. 
O flumazenil é um antagonista dos 
benzodiazepínicos. Faz ligação competitiva 
ao receptor GABA. Consegue reverter os 
efeitos sedativos dos benzodiazepínicos e 
retorno da respiração espontânea e da 
consciência em UTI. Tem meia vida de uma 
hora, com efeito entre 30 e 60 minutos. O 
método de titulação é 0,2mg/ml 
gradualmente 0,1mg, no máximo 5mg para 
overdose. Se atingidos 5mg sem resultado, 
deve-se buscar outra fonte de intoxicação. 
Aula 2 – 12/08/2021
O boa noite cinderela contém 
benzodiazepínicos. 
Benzodiazepínicos são usados para 
tratar convulsões. 
Barbitúricos 
Barbitúricos são uma classe de 
medicamentos anterior aos 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
benzodiazepínicos e foram substituídos pelos 
mesmos. 
Mecanismo de ação 
Barbitúricos possuem mecanismo de 
ação parecido com o dos benzodiazepínicos, 
se ligando no receptor GABA e aumentando 
a hiperpolarização neuronal. Contudo, o sítio 
de ligação é diferente, também aumentando 
a afinidade do GABA pelo receptor e 
aumentando a entrada de cloreto. Contudo, 
o barbitúrico aumenta o tempo de abertura 
do canal de cloreto, enquanto o 
benzodiazepínico aumenta a frequência de 
abertura do canal de cloreto, porém ambos 
gerando a hiperpolarização neuronal. 
Ainda, os barbitúricos possuem um 
mecanismo adicional de depressão ao 
inibirem o mecanismo de despolarização, 
pois bloqueiam os receptores de AMPA, que 
são os receptores de glutamato, fazendo 
com que o glutamato não se ligue, não entre 
carga positiva no neurônio e ele fique 
hiperpolarizado. 
Os barbitúricos são considerados 
medicamentos menos seguros que os 
benzodiazepínicos. A medida que se usa uma 
dose de benzodiazepínico, tem-se respostas 
menores dos benzodiazepínicos do que se 
teria com a mesma dose de barbitúricos. 
 
Os barbitúricos tem uma capacidade 
de causar maior depressão do sistema 
nervoso central, colocando o paciente em 
maior risco, fazendo esse medicamento cair 
em desuso para o benzodiazepínico, 
considerado mais seguro. 
Ao se tentar suicídio com o 
benzodiazepínico Clonazepam (rivotril) ou 
barbitúrico fenobarbital (gardenal), por 
exemplo, muitas pessoas optam pelo 
Clonazepam, que é tarja preta, enquanto o 
fenobarbital é faixa vermelha, assumindo-se 
que o clonazepam é mais perigoso e, 
consequentemente, mais letal. Contudo, é o 
inverso. 
Tipos de barbitúricos 
Existem barbitúricos de ação ultra 
rápida e ultra curta, que fazem efeito em 
segundos, mas sua duração de ação é 
somente de 15 a 20 minutos. O principal 
medicamento aqui é o tiopental, um 
anestésico geral. 
Também existem barbitúricos de ação 
rápida e curta. Agem de 10 a 15 minutos, mas 
sua ação só dura até 3 horas. São 
pentobarbital e secobarbital. 
Os barbitúricos de ação intermediária 
têm ação de 8 a 10 horas. São indicados para 
pacientes com ansiedade, pois a sonolência 
residual ajudará a tratá-la. São o butabarbital 
e amobarbital. 
Os barbitúricos de ação longa 
possuem duração de ação de 20 horas. São 
antiepiléticos e anticonvulsivantes. São o 
fenobarbital (gardenal) e barbital (veronal). 
Efeitos adversos 
Porém, barbitúricos como o 
fenobarbital, possuem alguns efeitos 
adversos, como: sonolência residual (meia 
vida de eliminação longa); risco de 
toxicidade; alterações de humor; vertigens, 
náuseas e vômitos ou diarreia; excitação 
paradoxal (efeito contrário do esperado); 
hipersensibilidade; alteração no metabolismo 
de outros fármacos e substâncias endógenas 
(indutor enzimático); aumentam a síntese de 
porfirinas. 
A CYP3A4 é a principal enzima que é 
induzida pelo fenobarbital, podendo causar 
interação com vários outros medicamentos, 
incluindo contraceptivos orais. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Existe a porfiria intermitente aguda, que 
atuam na síntese do grupo HEME e causam 
placas avermelhadas na pele e outros 
sintomas sistêmicos. Os barbitúricos 
induzem/predispõem os pacientes a ter crise 
de porfiria, por induzirem a enzima ALA-
sintetase responsável pela síntese de 
porfirinas. 
Os barbitúricos, por serem muito 
depressores do sistema nervoso central, 
causam depressão respiratória. Ainda, no 
aparelho cardiovascular, doses normais 
podem causar leve hipotensão e bradicardia 
e superdosagem podem causar depressão 
miocárdica (acentuada hipotensão, 
bradicardia, grave arritmia e parada 
cardíaca). No fígado acontecem interações 
medicamentosas de aumento do 
metabolismo de vitaminas D e K e de 
hormônios esteroides. No aparelho urinário, 
em superdosagem, causa oligúria e anúria. 
Intoxicação 
Intoxicação por barbitúrico não é 
tratado com flumazenil, pois se liga em um 
sítio diferente dos benzodiazepínicos. Para 
tratar, faz-se alcalinização da urina com 
bicarbonato de sódio (medicamento ácido) 
se o paciente tiver uma função renal 
adequada ou, se necessário, hemodiálise. 
A intoxicação aguda por barbitúricos 
causam perda de consciência, deficiência 
respiratória, cianose, abolição dos reflexos, 
hipotensão e hipotermia. Na intoxicação 
crônica, gera-se dependência física e 
psíquica, tolerância e possível síndrome de 
abstinência por causa da dependência. 
Se um paciente chega intoxicado com 
fenobarbital, além de tratar a intoxicação, 
deve-se tratar os sintomas, por exemplo, 
iniciando ventilação mecânica. 
Buspirona 
É um medicamento que não se 
encaixa nas outras classes. Possui vários 
nomes comerciais. Ela ajusta os níveis de 
serotonina no sistema nervoso central. 
Buspirona é um agonista dos 
receptores 5-HT, que são receptores de 
serotonina no neurônio pré-sináptico. 
Serotonina é elevada nos pacientes com 
ansiedade. Se a serotonina se liga no receptor 
pré-sináptico, a liberação de serotonina pelo 
neurônio irá diminuir. A Buspirona é um 
agonista (mímico) da serotonina, sendo 
usada para tratar essa ansiedade. 
A buspirona possui um início de ação 
lento, de 4 a 6 semanas. Então, um paciente 
com crise de ansiedade não se beneficiaria 
desse medicamento. 
Porém, a buspirona possui a vantagem 
de não casar sonolência residual e não causa 
dependência. Por isso, geralmente é usada 
por substituição enquanto faz o desmame de 
benzodiazepínicos. 
Betabloqueadores 
Betabloqueadores são antagonistas 
dos receptores beta adrenérgicos. Eles 
reduzem ansiedade, mas não causam sono. 
Propranolol, atenolol etc. fazem parte 
dessa classe. Uma contraindicação do 
propranolol é pessoa com problema 
respiratório, como asma, pois é beta 
bloqueador não seletivo, bloqueando beta 2 
no pulmão, causando broncoconstrição. 
Novos hipnóticos 
São medicamentos que mesmo em 
doses mínimas geram sono. 
Melatonina 
Melatonina é o hormônio do sono 
produzido na glândula pineal e se liga em 
receptores no núcleo supraquiasmático MT1 e 
MT2. Quando a melatonina se liga nos 
receptores MT1, ela gera o sono e, quando se 
liga nos receptores MT2, ela regula o ciclo 
sono-vigília. 
A meia vida de melatonina endógena 
é muito curta, com cerca de meia hora. Por 
isso, foi desenvolvido uma melatonina de 
ação prolongada. Ela deve ser ingerida uma 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
hora antes do paciente ir se deitar e possui 
uma vantagem de não produzir 
dependência,por ser um hormônio produzido 
pelo próprio organismo. 
Existem pacientes com dependência 
em benzodiazepínicos que tentam parar com 
os mesmos e substituí-los por melatonina. 
Nessa situação, a melatonina não gera efeito, 
pois o benzodiazepínico gera um sono 
pesado, ao contrário da melatonina. 
Ramelteona 
Ramelteona é um agonista de 
melatonina, se ligando nos receptores MT1 e 
MT2 e produzindo os mesmos efeitos da 
melatonina. 
Contudo, a Ramelteona interage mais 
com outros medicamentos, gera sonolência 
residual por gerar metabólitos ativos. 
Classe dos compostos Z 
Essa classe leva esse nome por quase 
todos os medicamentos incluídos nela 
iniciarem o nome com essa letra. 
Os compostos Z possuem o mesmo 
mecanismo de ação dos benzodiazepínicos, 
se ligando no mesmo receptor e mesmo sítio, 
mas não sendo classificados juntos por terem 
estruturas químicas diferentes. 
Se o paciente se intoxica com algum 
medicamento dos compostos Z, trata-se com 
flumazenil, uma vez que são os mesmos sítios 
de ligação. 
Os compostos Z produzem menor 
dependência. Contudo, seu único uso clínico 
é de hipnótico, por terem afinidade somente 
com o receptor alfa 1 do GABA, só gerando 
efeito hipnótico. 
Zolpidem possui indicação para rápida 
indução do sono. A meia vida de eliminação 
deste composto é de duas a três horas. Possui 
duração de ação maior em idosos, por ser 
metabolizado no fígado, geralmente mais 
lento em idosos. 
Zoleplone possui indicação para 
rápida indução do sono, mais para o meio da 
noite ou até quatro horas antes de se 
levantar. Sua meia vida de eliminação é de 
uma hora. É indicado para insônia esporádica 
no meio da noite por ter início de ação rápida 
e ser eliminado também rapidamente, uma 
vez que não gera metabólitos ativos. 
Zopiclone apresenta maior potencial 
de sonolência residual pela manhã, pois sua 
meia vida de eliminação é de seis horas. Gera 
gosto metálico na boca por ser um pouco 
eliminado pela saliva. 
Aula 3 – 17/08/2021
Metabolismo do álcool 
Até o século XIX, as bebidas eram 
diluídas com álcool para evitar a 
multiplicação de microrganismos. 
Já atualmente, o álcool é utilizado 
como forma de recreação, porém 
acompanhado de uso abusivo por alguns 
indivíduos, apresentando o alcoolismo. 
A molécula de etanol é pequena e 
hidrossolúvel, gerando absorção rápida no 
trato gastrointestinal, principalmente no 
estômago e no intestino delgado. Na 
corrente sanguínea, o etanol é distribuído 
rapidamente até os tecidos, principalmente 
até o sistema nervoso central. Aqui, o álcool 
pode produzir dependência. 
Vias de metabolismo 
O álcool é biotransformado no fígado 
pela álcool desidrogenase. Estudos afirmam 
que homens possuem mais dessa enzima, 
conseguindo, assim, metabolizar mais rápido 
o álcool do que mulheres. 
Ainda no fígado, o NAD retira um H+ do 
etanol e o passa para acetaldeído e este 
para acetato, que é solúvel na urina. 
Contudo, o acetato pode ir para o tecido 
adiposo e aumentar a síntese de lipídeos no 
paciente. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Quando a concentração ultrapassa a 
quantidade de 100mg/dl, a via de 
metabolismo da desidrogenase satura. Aqui, 
ativa-se a via alternativa, o sistema 
microssômico de oxidação do etanol (SMOE). 
Aqui, entra a enzima do citocromo P450, a 
CYP2E1. Essa enzima passa um hidrogênio do 
etanol para a NAD P, que passa para NAD PH, 
e o etanol passa para acetaldeído. 
Quanto maior o período de tempo que 
o indivíduo consome álcool, mais CYP2E1 é 
sintetizada, o que gera tolerância. 
Vias de excreção 
A principal é pela urina, mas uma 
porcentagem também pode ser excretada 
pelos pulmões, o que é detectado pelo teste 
do bafômetro. 
Tratamento da intoxicação 
aguda 
O tratamento da intoxicação aguda 
visa impedir aspiração do vômito e depressão 
respiratória. 
Nesse tratamento, é utilizado glicose. O 
álcool inibe a neoglicogênese, fazendo a 
concentração de glicose do organismo cair 
rapidamente, afetando muito o sistema 
nervoso central. 
Ainda, administra-se soluções 
eletrolíticas (soro), pois é um paciente que 
urina muito e vomita muito. O álcool inibe o 
ADH, fazendo o paciente urinar mais. Com 
isso, ele perde muito líquido e íons. 
A tiamina (vitamina B1) também pode 
ser administrada, pois o álcool inibe a 
absorção dessa substância. A queda drástica 
dessa vitamina pode ocasionar a síndrome 
de Werneck-Korsakoff. 
Tratamento da síndrome de 
abstinência 
Aqui, pode-se ter síndrome de 
abstinência, que acontece 
aproximadamente após seis horas. 
O paciente tem tremores, podendo 
chegar a convulsionar. 
Nesse paciente deve-se administrar 
tiamina e drogas sedativas-hipnóticas, 
principalmente benzodiazepínicos, que irão 
“substituir” a ação do álcool. Os principais 
benzodiazepínicos utilizados são diazepam, 
clordiazepóxido e lorazepam, principalmente 
os dois primeiros, que possuem meia vida de 
eliminação longa, evitando a síndrome de 
abstinência por mais tempo. Contudo, se o 
paciente possui lesão hepática, não se deve 
utilizar um medicamento de meia vida de 
eliminação longa, utilizando, aqui, 
lorazepam. 
Tratamento da intoxicação 
crônica 
Se a pessoa quer parar de beber, mas 
não consegue sozinho, existem 
medicamentos atuantes nessa situação. 
Dissulfiram é inibidor da acetaldeído 
desidrogenase, acumulando acetaldeído. 
Como ele não tira a vontade de beber, se 
esse paciente bebe, acumula-se tanto 
acetaldeído que o paciente não irá aguentar 
a ressaca, fazendo com que ele pare de 
beber. 
Porém esse medicamento foi retirado 
do mercado. Existem alguns medicamentos 
que causam o efeito Antabuse (efeito 
dissulfiram), que não devem ser administrados 
na presença do álcool. 
Em alternativa ao dissulfiram, tem-se a 
naltrexona. É um medicamento que inibe a 
vontade de beber. 
O consumo de álcool libera opioides, 
que gera prazer ao consumir o álcool. A 
naltrexona é um antagonista dos receptores 
opioides. Assim, ela bloqueia os receptores 
opioides. 
Porém, esse medicamento não deve 
ser tomado por períodos de tempo longo, por 
elevarem as aminotransferases (AST e ALT). 
Por isso torna-se importante a psicoterapia, 
que ajudará o paciente a não voltar a beber. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Ainda, o paciente pode ser 
dependente de opioides, como heroína, 
além do álcool. Se, nesse caso, for prescrito 
naltrexona, ele entrará em abstinência, 
porque bloqueará o receptor que a heroína 
irá ligar. 
O acamprosato é outro medicamento 
utilizado para tratamento do alcoolismo. Não 
depende do fígado para ser metabolizado; 
não é hepatotóxico. Porém, sua frequência 
posológica é ruim, devendo ser ingerido um 
comprimido de duas a três vezes por dia. 
O acamprosato é um antagonista 
fraco do receptor NMDA e um antagonista 
GABAa. Ele ocupa o sitio de ligação no 
receptor gabaérgico e não deixa o paciente 
entrar em síndrome de abstinência. Os 
receptores NMDA são receptores de 
glutamato. Se bloqueados, o paciente não 
sentirá excitação etc. 
Aula 4 – 19/08/2021
Antidepressivos 
Podem ser usados para tratamento de 
depressão e também de dores de origem 
neurológica. 
Depressão é uma patologia 
diagnosticada clinicamente pelo psiquiatra. 
Para esse diagnóstico, deve-se ter um dos 
seguintes: humor deprimido, interesse ou 
prazer diminuídos e perda ou ganho 
significativo de peso, junto de mais cinco dos 
seguintes: insônia ou hipersônia, agitação ou 
retardo psicomotor, fadiga ou perda de 
energia, sentimento de inutilidade ou culpa 
excessiva, capacidade diminuída de pensar 
ou concentrar-se e pensamentos de morte 
recorrente. Os sintomas também devem durar 
mais de 30 dias. 
O indivíduo com depressão, de 
maneira geral, tem redução de 
neurotransmissores no sistema nervoso 
central, principalmente serotonina, 
noradrenalina e dopamina. 
Os medicamentos que tratamdepressão visam aumentar esses 
neurotransmissores. 
Antidepressivos tricíclicos 
(ADT) 
Foram os primeiros depressivos. Antes 
deles fazia-se eletroconvulsoterapia, que 
ainda é realizada caso o paciente não possa 
utilizar os medicamentos. São medicamentos 
lipossolúveis. 
Mecanismo de ação 
Seu mecanismo de ação é inibir a 
recaptação dos neurotransmissores da fenda 
sináptica para o neurônio pré-sináptico, 
principalmente noradrenalina e serotonina, 
aumentando a quantidade desses 
neurotransmissores na fenda. 
São subdivididos em aminas terciárias 
e aminas secundárias. Das aminas terciárias, 
os principais são amitriptilina, clomipramina e 
imipramina. Das secundárias são desipramina 
e nortriptilina. 
As aminas terciárias inibem 
principalmente a recaptação de serotonina, 
enquanto as aminas secundárias inibem 
principalmente a recaptação de 
noradrenalina. Porém, quando as terciárias 
são metabolizadas, são passadas para 
aminas secundárias. 
Efeitos adversos 
As aminas terciárias estão mais 
envolvidas em reações adversas. Por isso, em 
idosos, é preferível aminas secundárias, que 
geram menos bloqueios de outros receptores. 
Bloqueiam os receptores de histamina 
do tipo H1. Isso pode fazer o paciente 
apresentar sonolência. Também aumenta o 
apetite, gerando ganho de peso. 
Bloqueiam os receptores muscarínicos 
de acetilcolina. Com isso, apresentam boca 
seca, dificuldade de ir ao banheiro, retenção 
urinária. Pode ser utilizado pilocarpina 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
(colinérgico direto) se boca seca. Se 
retenção urinária, betanecol (colinérgico). 
Bloqueiam alfa1 adrenérgicos, 
podendo gerar redução da pressão arterial, 
quadros de tontura e quedas. 
Também são cardiotóxicos. 
Interações medicamentosas 
Sofrem intenso metabolismo de 
primeira passagem pela CYP2E6, uma enzima 
com grande variabilidade genética. Também 
é uma enzima muito influenciada por outros 
medicamentos como fenobarbital (indutor), o 
que faria que o tricíclico seja mais 
metabolizado e seu efeito farmacológico seja 
inibido. 
Fluoxetina é inibidor de CYP2E6. 
Inibidores da MAO (IMAO) 
MAO é a enzima monoaminaoxidase. 
Existe, principalmente, no tipo A e B, que 
diferem em localização e no neurotransmissor 
que degradam (serotonina e dopamina, 
respectivamente). 
IMAO podem ser seletivos para MAO A, 
como clorgilina e moclobemida. Podem ser 
seletivos para MAO B, como selegilina (mais 
usada para tratamento do Parkinson). E 
existem os não seletivos, como fenelzina, 
iproniazida, pargilina e tranilcipromina. 
Existem inibidores reversíveis de MAO e 
não reversíveis de MAO. 
Moclobemida é um inibidor seletivo de 
MAO A e reversível. 
Tranilcipromina é um inibidor irreversível 
de MAO A e MAO B. 
Interação 
A MAO A do trato gastrointestinal é 
responsável por degradar a tiramina, 
presente em vários alimentos. Se essa tiramina 
não é degradada e é absorvida, aumenta-se 
a liberação de noradrenalina no paciente, 
podendo gerar uma crise hipertensiva. 
Se um paciente tomava um IMAO 
irreversível e volta a comer os alimentos 
(queijo, vinho, fígado de galinha, chocolate) 
imediatamente, antes de o organismo 
sintetizar novas MAO, ele terá a crise 
hipertensiva. Essa síntese ocorre de sete a 
quinze dias. 
Inibidores seletivos da 
recaptura de serotonina (ISRS) 
São fluoxetina, paroxetina, sertralina, 
citalopram, escitalopram (mais seletivo da 
classe) e fluvoxamina. 
Possuem meia vida de eliminação mais 
longa, sendo usados menos vezes ao dia. Não 
interagem com alimentos. 
Fluoxetina e paroxetina inibem enzimas 
do citocromo P450, como dos tricíclicos. 
É uma das classes mais utilizadas por 
idosos. 
Efeitos adversos 
Geram distúrbios do trato 
gastrointestinal por a serotonina se ligar nos 
receptores 5-HT3 no TGI, receptores nos quais 
antieméticos (como ondasetrona) se ligam. 
Geram disfunções sexuais como perda 
de libido. 
Associações com IMAO terá um 
grande acúmulo de serotonina, que não será 
degradada nem recaptada. Gera síndrome 
seratoninérgica, que gera hipertemia, rigidez 
muscular, mioclonia, confusão mental, 
excitação. 
Fluoxetina é um dos fármacos que 
menos causa síndrome de descontinuação se 
for retirada rapidamente por sua meia vida 
de eliminação longa. 
Inibidores da recaptura de 
serotonina e noradrenalina (IRSN) 
Venlafaxina possui o mesmo 
mecanismo de ação dos tricíclicos, porém 
com estrutura química diferente. Possui, 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
também, a vantagem de não bloquear 
outros receptores, não produzindo os efeitos 
colaterais produzidos pelos tricíclicos. 
Quando tomada em doses maiores 
que 225mg/dia pode ter aumento da 
frequência cardíaca e de pressão arterial por 
acúmulo de noradrenalina. 
Existe na forma XR (liberação longa), 
devendo ser tomada uma vez ao dia, 
enquanto na forma não XR é tomada até três 
vezes ao dia. 
Antidepressivo 
noradrenérgico e serotoninérgico 
específico (ANASE) 
Mirtazapina é um exemplo de 
medicamento dessa classe. 
No neurônio serotoninérgico pré 
sináptico tem um receptor de serotonina, 
que, se ligados, irá parar a liberação de 
serotonina. Contudo, nesse neurônio também 
tem receptores alfa adrenérgicos (de 
noradrenalina). Quando a noradrenalina se 
liga, para a liberação de serotonina. 
A Mirtazapina bloqueia os receptores 
alfa adrenérgicos nos neurônios 
serotoninérgicos. 
Mirtazapina é indicada para 
tratamento da depressão ansiosa, uma vez 
que bloqueia receptor H1, causando 
sonolência. 
Bloqueadores da recaptura de 
noradrenalina e dopamina (IRND) 
Bupropiona trata ansiedade, é 
ansiolítica, trata depressão e é usada para 
tratamento para abandonar o hábito de 
fumar, uma vez que esse hábito gera 
elevação dos níveis de dopamina no SNC, o 
que gera prazer em fumar. 
É um medicamento que deve ser 
usado com cuidado em pacientes com 
epilepsias, pois aumenta a excitabilidade 
neuronal, aumentando o risco de convulsão. 
Aula 5 – 19/08/2021
Anestésicos gerais 
Podem ser venosos ou inalatórios. 
Os anestésicos gerais foram 
descobertos em 1846 por um pesquisador 
dentista que buscava substâncias que 
poderiam ter atividade anestésica. A primeira 
substância com sucesso foi o éter, que não é 
mais utilizado. 
No século XIX várias outras substâncias 
foram sendo tesadas com o intuito de serem 
anestésicos gerais, e algumas obtiveram 
sucesso. 
Anestésicos gerais são fármacos que 
inibem de maneira não seletiva, porém 
reversível, o SNC, produzindo analgesia, 
perda de consciência, relaxamento da 
musculatura esquelética e redução da 
atividade reflexa (quatro pilares). 
Os anestésicos endovenosos são 
administrados através de acesso venoso e 
não necessitam de absorção, com efeito 
quase imediato. São mais utilizados para 
indução anestésica. 
Os anestésicos gerais inalatórios são 
administrados pelo sistema de ventilação do 
aparelho de anestesia. Tem absorção para 
corrente sanguínea através dos alvéolos. O 
início dos efeitos pode demorar, sendo mais 
utilizado para manter anestesia do que para 
induzir. 
Características ideais para 
os anestésicos gerais 
 Rápida indução e recuperação da 
anestesia; 
 Que o aprofundamento dos níveis 
da anestesia se dê de maneira sutil 
e rápida (os estágios são analgesia, 
excitação, anestesia e depressão 
bulbar); 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
 Que o relaxamento da musculatura 
esquelética seja satisfatório; 
 Boa margem de segurança; 
 Menor número de efeitos colaterais. 
Pode-se ter anestesia balanceada ao 
utilizar-se outro medicamento concomitante 
com o anestésico geral em busca de atingir 
essas características. Um exemplo é um 
benzodiazepínico, ou um bloqueador 
neuromuscular, ou um analgésico opioide. 
Anestésicos endovenosos 
Tiopental 
Tiopental é um anestésico da classe 
dos barbitúricos. Possui alta lipossolubilidade,o que causa indução anestésica rápida, mas 
curta duração de ação. Isso faz com que ele 
não seja interessante para atuar na 
manutenção da anestesia. 
Por ser muito lipossolúvel, também tem 
grande afinidade por tecido adiposo, onde 
será captado e passará por redistribuição. 
Isso faz com que o tempo de recuperação do 
paciente seja lento. 
É um medicamento que se liga 
extensamente à proteínas plasmáticas. Assim, 
paciente com hipoalbuminemia ou 
problemas hepáticos aumentará a liberação 
do tiopental e aumentará seu efeito. 
O tiopental potencializa o risco do 
paciente ter porfiria intermitente aguda. 
Pode causar depressão respiratória, 
indo para apneia. Diminui pressão 
intracraniana e pressão intraocular. Causa 
queda de pressão arterial por depressão 
miocárdica e vasodilatação periférica (o que 
gera taquicardia compensatória). 
Propofol 
Tem início de ação rápido, mas tem 
rápida recuperação por ter amplas rotas de 
biotransformação (hepática e extra-
hepática, como no pulmão). 
É capaz de reduzir pressão arterial por 
ter vasodilatação periférica e inotropismo. 
Pode causar depressão respiratória. Reduz 
pressão intracraniana e intraocular. 
Possui ação antiemética. 
Etomidato 
Também deprime sistema nervoso 
central, mas interessante para pacientes com 
reserva cardiovascular limitada, por ter maior 
margem de segurança entre a dose 
anestésica e a dose que causa depressão 
cardiorrespiratória. 
Pode produzir movimentos 
involuntários, sendo, assim, interessante 
associar benzodiazepínico. 
Causa depressão da função da 
suprarrenal. Assim, a produção de cortisol 
será reduzida, podendo gerar problemas 
hidroeletrolíticos, alteração de pressão 
arterial. 
Cetamina 
Enquanto todos os outros 
potencializam as sinapses inibitórias, 
enquanto a Cetamina inibe as sinapses 
excitatórias por bloquear o receptor NMDA 
(glutamato). 
Gera anestesia dissociativa, podendo 
gerar alucinações, delírios etc., reduzido com 
associação de benzodiazepínicos. 
Aumenta o risco de hipertensão e 
aumenta a pressão intracraniana por inibir a 
recaptação de noradrenalina no neurônio. 
Pode ser utilizada na sequência da 
intubação orotraqueal. Aumenta adrenalina 
e broncodilatação, consequentemente. 
Anestésicos inalatórios 
São subclassificados naqueles que já 
são gases, como óxido nitroso (N2O), 
conhecido como gás hilariante; ou 
halogenados, que são comprados na forma 
líquida e são vaporizados, como halotano, 
enflurano, isoflurano, desflurano, sevoflurano 
etc. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
De maneira geral, todos podem 
aumentar a pressão intracraniana e reduzir a 
pressão arterial. 
CAM é a concentração alveolar 
mínima, que é a medida de potência de um 
analgésico inalatório, ou seja, a dose eficaz 
para 50% dos pacientes. Quanto menor a 
CAM de um anestésico inalatório, maior sua 
potência, pois será necessária uma 
concentração menor do anestésico para 
gerar o efeito farmacológico, e vice versa. O 
óxido nitroso é o que possui maior CAM e, 
consequentemente, menor potência. 
O coeficiente de partição sangue e 
gás, que é quão solúvel no sangue é o 
anestésico inalatório. Se alto, é um anestésico 
com maior solubilidade sanguínea e vice 
versa. Para um anestésico, é melhor o 
coeficiente ser baixo, pois demorará menos 
tempo para passar para o cérebro e gerar 
ação. 
Óxido nitroso 
Possui uma CAM alta, ou seja, é pouco 
potente, mas tem coeficiente de partição 
baixo, tendo início da ação rápida. É mais 
utilizado em associação com outros fármacos 
porque gera efeito segundo gás, acelerando 
o início de ação do outro medicamento, por 
causar expansão alveolar. 
Não depende de enzimas para ser 
metabolizado, sendo eliminado pelo ar 
exalado do pulmão. 
 
 
Halotano 
Tem baixa CAM, mas alto coeficiente 
de partição. Tem alto risco de gerar 
hipertermia maligna em pacientes 
susceptíveis, que necessita do antagonista 
dantroleno. 
Gera risco de arritmias cardíacas por 
sensibilizar o miocárdio às catecolaminas. 
Tem como metabólito o ácido 
triflioracetilacético, que gera lesão nas 
células hepáticas, podendo evoluir como 
necrose hepática. 
Isoflurano, enflurano, 
sevoflurano e desflurano 
Possuem coeficiente de partição mais 
baixo. 
Enflurano não é indicado para 
pacientes epilépticos. 
Sevoflurano gera como metabólito o 
composto A, que pode causar lesão renal. 
Desflurano não é interessante para 
indução, pois o odor é irritante, causando 
laringoespasmo, tosse etc. 
 
Aula 6 – 24/08/2021
Antipsicóticos 
Fármacos antipsicóticos também são 
chamados de tranquilizantes maiores, 
neurolépticos, antiesquizofrênicos etc. A 
principal psicose diagnosticada na clínica é a 
esquizofrenia, fazendo com que a classe 
também seja chamada assim. 
Esquizofrenia é uma doença 
caracterizada pela presença de dois tipos de 
sintomas totalmente diferentes, sendo os 
sintomas positivos e os sintomas negativos. 
Os sintomas positivos se assemelham a 
uma agitação psíquica, com alucinações, 
manias de perseguição, violência, delírios, 
distúrbios do pensamento, comportamentos 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
anormais, incoerência no discurso, posturas 
físicas bizarras etc. 
Já os sintomas negativos envolvem 
isolamento social, embotamento afetivo, 
déficit da função cognitiva, introversão, 
negativismo etc. 
A mudança de um tipo de sintoma 
para outro pode acontecer até no mesmo 
dia. 
Existem hipóteses que tentam explicar 
a fisiopatologia da esquizofrenia, sendo uma 
delas a genética, com uma alteração no 
cromossomo 5. Por isso, os sintomas podem 
aparecer somente na fase adulta, tendo o 
paciente uma infância normal até algum 
gatilho de ativação desse gene. 
Outra hipótese envolve as bases 
neuroquímicas, com deficiência de 
noradrenalina, hipofunção glutaminérgica e 
hiperfunção dopaminérgica. 
O principal neurotransmissor aqui é a 
dopamina. O indivíduo com esquizofrenia tem 
alteração dos níveis dopaminérgicos, 
podendo estar estes aumentados ou 
diminuídos. 
No sistema nervoso central tem-se 
várias vias dopaminérgicas diferentes, sendo 
quatro principais para o estudo da 
esquizofrenia: mesolímbica, mesocortical, 
nigroestrital e tuberoinfodibular. A dopamina 
de cada via atua em uma área diferente. 
Quando se produz dopamina em 
quantidades ideais nas vias mesolímbica e 
mesocortical, tem-se controle de emoções e 
comportamentos. 
Na via nigroestrital tem-se controle da 
coordenação motora. Se o paciente 
apresenta deficiência nessa via, tem-se o 
Parkinson. 
A via tuberoinfodibular gera dopamina 
para inibir a secreção de prolactina. 
No paciente esquizofrênico as vias 
mais afetadas são as mesolímbica e 
mesocortical. Tem-se excesso de dopamina 
na via mesolímbica e redução de dopamina 
na via mesocortical. 
O excesso de dopamina na via 
mesolímbica induz os sintomas positivos e a 
redução de dopamina na via mesocortical 
induz os sintomas negativos. 
 
 
Essa dualidade das vias mesolímbica e 
mesocortical faz ser complexo o tratamento 
de esquizofrenia. 
Os antipsicóticos são medicamentos 
úteis no tratamento da esquizofrenia, bem 
como outras psicoses de agitação. 
Existem dois grupos de antipsicóticos, 
os típicos ou de primeira geração ou os 
atípicos, de segunda geração. 
Dentro dos antipsicóticos típicos, tem-
se a clorpromazina (amplictil), a 
levomepromazina, a triflupromazina, 
tioridazina, flufenazina, haloperidol (haldol) 
etc. 
Os de segunda geração são 
clozapina, olanzapina, quetiapina, 
risperidona, ziprasidona, aripiprazol. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Antipsicóticos típicos 
O mecanismo de ação dos 
antipsicóticos típicos é pelo bloqueio dos 
receptores de dopamina do tipo D2 no 
sistema nervoso central. Assim, na via 
mesolímbica, tem-se bloqueio dos receptores 
de dopamina, fazendo com que o excesso 
de dopamina não consigase ligar e o 
paciente não apresente os sintomas positivos. 
Porém, esses medicamentos não são 
seletivos, bloqueando também os receptores 
D2 na via mesocortical, intensificando os 
sintomas negativos. Ainda, bloqueiam os 
receptores dopaminérgicos na via 
nigroestrital, gerando distúrbios de 
movimento, com sintomas extrapiramidais. 
Ainda, também bloqueiam os receptores de 
dopamina na via tuberoinfundibular, gerando 
secreção de prolactina. Essa 
hiperprolactinemia na corrente sanguínea 
pode gerar ginecomastia, secreção de leite 
pelas mamas, alterações de libido, aumento 
de pelos no corpo, amenorreia em mulheres 
etc. 
Ainda, antipsicóticos típicos bloqueiam 
receptores muscarínicos, gerando boca 
seca, dificuldade de urinar, constipação 
intestinal. Também bloqueiam receptores alfa 
adrenérgicos, gerando hipotensão 
ortostática. Bloqueiam receptores 
dopaminérgicos, gerando síndrome de 
Parkinson, acatasia, distonias. Bloqueiam 
receptores histamínicos, gerando sedação, 
aumento de peso. Bloqueiam receptores 
dopaminérgicos, gerando amenorreia, 
galactorreia, impotência, ginecomastia. 
Geram reação idiossincrásica, com síndrome 
maligna antipsicótica (hipertermia, rigidez, 
alterações de consciência). 
 
Quanto mais efeito anticolinérgico e 
antimuscarínico o medicamento tiver, menos 
efeitos extrapiramidais ele gera. A 
clorpromazina é mais anticolinérgica do que 
o haloperidol. Isso, uma vez que o bloqueio 
dos receptores de acetilcolina gera aumento 
dos níveis de dopamina, uma vez que 
dopamina e acetilcolina se regulam entre si 
na via nigroestrital. 
Antipsicóticos atípicos 
Já o mecanismo de ação dos 
antipsicóticos atípicos é mais complexo. Eles 
também bloqueiam os receptores de 
dopamina do tipo D2. Porém, além de 
bloquear os receptores de dopamina, 
também bloqueiam os receptores de 
serotonina pré-sinápticos. 
Se a serotonina se liga no neurônio, 
para-se a liberação de dopamina 
(heterorregulação). Se bloqueado o receptor 
de serotonina (5 HT-2), a dopamina será 
liberada na fenda. Essa dopamina em 
excesso desloca o medicamento do receptor 
D2. Se a dopamina está ligando no seu 
receptor, a secreção de prolactina irá 
diminuir, tendo regulação da via 
tuberoinfundibular e não gerando 
hiperprolactinemia. 
Na via nigroestrital, o antipsicótico 
atípico irá novamente bloquear receptor de 
dopamina D2 e os receptores de serotonina 
5HT-2. Se a serotonina se ligasse no seu 
receptor, pararia a liberação de dopamina. 
Bloqueando o 5HT-2, a serotonina não se liga, 
não para a liberação de dopamina que, 
assim, ficará em excesso. O aumento da 
dopamina na fenda irá gerar competição 
com o antipsicótico pelo receptor D2. Assim, 
a dopamina se liga no seu receptor e o 
paciente, nessa via, não gera o distúrbio de 
movimento nem sintomas extrapiramidais. 
Na via mesocortical, ocorre a mesma 
sequência: bloqueio D2, bloqueio 5HT-2, 
excesso de dopamina, ligação da dopamina 
no D2. Com isso, os sintomas negativos serão 
tratados, com ligação da dopamina no 
receptor. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Na via mesolímbica, especificamente, 
a expressão de receptores 5HT é muito baixa. 
Assim, bloqueia-se os receptores D2, mas não 
se bloqueia 5HT, fazendo com que não haja 
liberação de dopamina, essa não compita 
com o medicamento pelo D2 e trate, 
também, os sintomas positivos. 
O aripiprazol é o mais novo 
antipsicótico atípico, tendo um mecanismo 
de ação um pouco diferente, sendo um 
agonista parcial de dopamina. Assim, ele se 
liga no receptor de dopamina e produz 50% 
da ação que a dopamina produziria. Assim, 
os pacientes não geram os efeitos positivos. 
Na mesocortical, o aripiprazol se liga, 
gera efeito da dopamina, mesmo que em 
menor intensidade, e também trata os 
sintomas negativos. 
Esse medicamento em especial é mais 
utilizado quando o paciente tem contra 
indicação dos outros medicamentos. 
A clozapina, um antipsicótico atípico, 
é utilizado em situações específicas, em um 
paciente de difícil tratamento, ou seja, 
pacientes esquizofrênicos refratários. Ela 
pode gerar agranulocitose, necessitando 
hemogramas semanais. Também pode gerar 
convulsões. Neutrófilos podem cair para 1500, 
leucócitos para 3000. 
A quetiapina possui uma estrutura 
química parecida com a clozapina, mas não 
gear o risco de agranulocitose, sendo, 
entretanto, menos eficaz que a clozapina. 
Porém, gera cefaleia, sonolência e tontura. 
A risperidona é um dos que menos 
produzem efeitos colaterais se utilizado em 
menores doses que 8mg/dia. 
A ziprasidona gera sonolência, 
obstipação, náuseas, astenia. Gera 
possibilidade de arritmias cardíacas 
(prolongamento do intervalo QT), não sendo 
indicada para cardiopatas. 
Aula 7 – 26/08/2021
Estabilizadores de humor 
É uma classe de medicamentos usada 
para tratamento do transtorno bipolar. No 
transtorno bipolar, o paciente possui episódios 
maníacos que ciclam com episódios 
depressivos. 
O estado maníaco é um estado de 
humor exaltado, permanecendo durante 
dias, semanas ou meses nesse episódio. 
Depois desse tempo, ele cicla para o episódio 
depressivo, onde permanece também por 
um período de tempo. 
As principais manifestações clínicas do 
paciente no episódio maníaco são: 
 Estado de humor 
elevado/excessivo, com alegria 
contagiante ou uma irritação 
agressiva; 
 Elevação brusca de alto-estima; 
 Sensação de grandiosidade, 
podendo chegar a manifestações 
delirante de grandeza, 
considerando-se uma pessoa 
especial; 
 Uma forte pressão para falar 
ininterruptamente (fuga de ideias). 
Já o estado depressivo, apresenta: 
 Humor depressivo; 
 Autoestima em baixa, com 
sentimentos de inferioridade; 
 Capacidade física comprometida, 
pois a sensação de cansaço é 
constante; 
 As ideias fluem com lentidão e 
dificuldade, a atenção é difícil de 
ser mantida; 
 Sono diminuído, mas não é um sono 
que satisfaça ou descanse, uma 
vez que o paciente acorda 
indisposto. 
Dentro dos medicamentos utilizados 
para tratamento do transtorno bipolar, 
destacam-se lítio, ácido valpróico e 
carbamazepina. O lítio é considerado padrão 
ouro para tratamento do transtorno bipolar. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
A melhor conduta é utilizar esses 
estabilizadores de humor para que o 
paciente não entre nem na fase maníaca 
nem na depressiva. 
Nas fases mais intensas de mania, 
pode-se usar, de forma temporária, os 
antipsicóticos. 
Nas depressões resistentes, pode-se 
usar, com muita cautela, antidepressivos. 
Porém, com esses medicamentos, o paciente 
pode passar para a fase maníaca, numa 
virada maníaca. 
Fisiopatologia 
No transtorno bipolar, tanto na fase 
maníaca quanto na fase depressiva, o 
paciente tem redução dos níveis de 
serotonina. Ainda, também também tanto na 
maníaca quanto na depressiva, o paciente 
tem excesso na atividade da enzima 
adenilatociclase e excesso da atividade de 
fosfolipase C. 
Lítio 
O lítio é um medicamento 
comercializado na forma de sal de lítio, pois o 
lítio puro é um cátion monovalente (Li+). São 
utilizados acetato, glutamato, citrato ou 
carbonato de lítio. O mais usado na clínica é 
o carbonato de lítio, conhecido 
comercialmente como carbolitium. 
O lítio é quase que completamente 
absorvido após a sua absorção oral, 8 horas 
após a utilização. O pico de concentração 
plasmática é observado depois de 2 a 4 horas 
de ingestão do fármaco. 
Ao atingir a corrente sanguínea, o lítio 
se liga muito pouco à proteínas plasmáticas e 
também possui um baixo volume de 
distribuição. A passagem do lítio pela barreira 
hematoencefálica é considerada lenta, uma 
vez que o lítio é um cátion, tendo cargas, o 
que dificulta sua passagem para o SNC. Por 
isso, seu início de ação é considerado lento. 
É quase que completamente 
excretado pelos rins, sendo filtrado pelos 
glomérulos renais e 80% delesendo 
reabsorvido no túbulo contorcido proximal e 
alça de Henle. Assim, os diuréticos que atuam 
no túbulo contorcido distal não influenciam 
na eliminação do lítio. 
O lítio tem meia vida de eliminação de 
24 a 48 horas. Isso significa que, depois de em 
média 30 horas de utilização do lítio, ele terá 
sido aproximadamente 50% eliminado do 
organismo. 
Para entender o período de tempo 
que o lítio necessita para exercer seu efeito 
farmacológico máximo, calcula-se 5 vezes 
seu tempo de meia vida de eliminação. 
O lítio possui um baixo índice 
terapêutico, ou seja, baixa margem de 
segurança. Por esse motivo, é necessário 
monitorização terapêutica com o lítio, isto é, 
dosagem das concentrações plasmáticas do 
lítio para avaliar se ele está dentro das 
concentrações necessárias para o 
tratamento, isso devendo ser feito após 5 a 7 
dias o início do uso do lítio. A concentração 
plasmática deve estar entre 0,6 a 0,8 mEq/L, 
estando dentro da concentração 
intermediária. 
Em pacientes idosos e em pacientes 
com problemas renais, pode-se encontrar 
concentrações plasmáticas menores. Em 
idosos deve ser de 0,4 a 0,6 mEq/L, pois, para 
idosos, a dose do lítio administrada é menor. 
No paciente que está em fase 
maníaca, pode-se necessitar uma dose maior 
de lítio, encontrando, também, uma 
concentração plasmática maior, de 0,8 a 1.0 
mEq/L. 
O lítio possui três mecanismos de ação 
importantes. 
 O lítio aumenta a síntese de 
serotonina no organismo do 
paciente por aumento da 
captação do triptofano pelos 
neurônios do paciente, e o 
triptofano é um precursor para a 
síntese de serotonina; 
 O lítio também inibe a adenilato 
ciclase, impedindo a formação de 
AMPc e, consequente, a atividade 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
da PKA. Isso também é responsável 
pelo aparecimento de efeitos 
colaterais, como poliúria e redução 
T3 e T4. O ADH possui um receptor 
nos rins, precisando ativar a 
adenilato ciclase para ter uma 
ação antidiurética. A redução dos 
hormônios tireoidianos se dá por o 
lítio produzir um falso 
hipotireoidismo. Isso, uma vez que o 
receptor de TSH na tireoide é 
acoplado à proteína G; 
 Ainda, o lítio também inibe a 
atividade da fosfolipase C por 
reduzir a formação de bifosfato de 
fosfatidilinositol. 
O lítio tem uma baixa margem de 
segurança, com risco de toxicidade se usado 
em maiores doses. 
Em doses terapêuticas, o lítio produz 
reações adversas como: 
 Distúrbios cognitivos 
(embotamento afetivo, 
indiferença, diminuição da 
criatividade, atenção, 
concentração e memória); 
 Tremor dose dependente 
(podendo ser utilizados 
betabloqueadores); 
 Náuseas, vômitos, diarreias, cólicas 
(no início do tratamento); 
 Arritmias reversíveis; 
 Poliúria dose dependente, 
interferindo na vida normal e sono 
do paciente; 
 Redução de T3 e T4, que devem ser 
dosados a cada 6 meses; 
 Moderada leucocitose; 
 Reações dermatológicas 
idiossincrásicas (acne, psoríase 
etc.) 
Ainda, o lítio pode gerar intoxicação se 
usado em doses maiores do que as 
terapêuticas. 
O diagnóstico de intoxicação se dá 
pelo exame clínico e pelos níveis séricos, 
maiores que 1,0 mEq/L. 
A intoxicação leve caracteriza por: 
apatia, letargia, lentificação, sonolência, 
fraqueza muscular, dificuldade de 
concentração e tremor grosseiro das mãos. 
Deve-se ter suspensão do uso. 
Esses sintomas também aparecem na 
intoxicação moderada de forma mais 
intensa, aparecendo, também disartria 
(distúrbio de articulação de fala) e ataxia 
(perda do controle muscular durante 
movimentos voluntários). 
Na intoxicação grave, apresenta-se, 
além dos outros sintomas, confusão mental, 
delírio, crises convulsivas, alteração na 
consciência. Necessitam de cuidados 
cardiorrespiratórios. 
No tratamento da intoxicação, de 
maneira geral, suspende-se o uso do lítio. Na 
intoxicação leve, somente a retirada do lítio 
já é eficiente. Se a concentração sérica for 
menor que 3 mEq/L, deve-se suspender o lítio 
e fazer infusão de solução salina, desde que 
o paciente tenha função cardíaca e renal 
adequada. 
Agora, se a concentração plasmática 
de lítio for maior que 3 mEq/L, ele deve fazer 
diálise. 
Ácido valpróico 
É um anticonvulsivante, importante 
para pacientes que não respondem ao lítio. 
Pacientes com transtorno bipolar 
também têm redução dos níveis de GABA em 
ambas as fazes do transtorno. O ácido 
valpróico potencializa a ação do GABA, 
dificultando que o paciente entre tanto na 
fase maníaca quanto na depressiva. 
Pode ser associado com o lítio, se 
somente este não gerar resposta adequada 
no paciente. 
Carbamazepina 
Também potencializa a ação do 
GABA, melhorando o estado de humor do 
paciente. Pode ser associado ao lítio. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Aula 8 – 02/08/2021
Analgésicos opioides 
São medicamentos utilizados no 
tratamento da dor em geral. São fármacos 
que atuam no SNC, impedindo a condução 
do impulso doloroso. Consequentemente, 
podem causar dependência e tolerância, 
sendo prescritos com cautela, sendo a dor de 
moderada a intensa, que não é tratada com 
analgésico periférico. 
Existe a escala analógica visual (EAV), 
com uma régua com expressões faciais que 
a pessoa aponta para qual o nível da dor. 
Utilizado principalmente por criança. Para 
adultos, já se pode perguntar de 1 a 10. 
Analgésicos opioides são derivados da 
papoula, da qual se extrai um alcaloide, o 
ópio, do qual se extrai, por exemplo, morfina, 
considerada o modelo de analgésico 
opioide. 
Existem outros analgésicos, até 
sintéticos, com uma potência analgésica 
maior que a da morfina. 
O organismo produz endogenamente 
os peptídeos opioides endógenos, sendo os 
principais as endorfinas, as dinorfinas e as 
encefalinas. Esses opioides se ligam em 
receptores opioides, sendo eles os mi, os 
kappa e os delta. 
Cada peptídeo opioide pode se ligar 
com uma afinidade diferente a um receptor. 
As endorfinas se ligam com maior afinidade 
nos receptores do tipo mi, enquanto as 
dinorfinas se ligam com maior afinidade nos 
receptores do tipo kappa e as encefalinas nos 
do tipo delta. 
 
Ao se ligarem nos receptores, os 
peptídeos opioides promovem como 
principal efeito a analgesia, não sendo uma 
analgesia intensa. Além da analgesia, esses 
peptídeos podem produzir outros efeitos. 
Os analgésicos opioides possuem 
estrutura química semelhante aos peptídeos 
opioides, mas, que na forma de 
medicamento, se ligam nos receptores com 
maior intensidade, gerando uma analgesia 
mais intensa. 
Os analgésicos opioides possuem 
maior afinidade pelos receptores do tipo mi, 
gerando uma analgesia mais intensa, porém, 
gerando também outros efeitos. 
Um dos efeitos é a euforia, ou seja, 
sensação de bem estar, com redução da 
sensação de ansiedade. Isso é um dos 
principais motivos da dependência ao 
medicamento. 
Os medicamentos opioides também 
podem causar contração da pupila por atuar 
no nervo oculomotor, gerando a miose, que 
é importante para diagnóstico de 
intoxicação por opioide. Nessa intoxicação, a 
pupila fica puntiforme. Drogas opioides como 
a heroína também geram esse efeito. 
Também causam bradicardia, com 
exceção da meperidina, ou dolantina, que 
causa taquicardia por ter ação 
anticolinérgica. 
Um dos principais efeitos colaterais dos 
analgésicos opioides é sua capacidade de 
causar depressão respiratória. Isso por atuar 
no tronco encefálico, região responsável por 
controle da respiração. É um dos principais 
motivos de morte dos pacientes intoxicados 
com substâncias opioides. Essa depressão 
respiratória também pode vir por os 
analgésicos opioides aumentarem a rigidez 
torácica, diminuindo a complacência 
pulmonar (capacidade de expansão dos 
pulmões). 
Analgésicos opioides também geram 
sedação, principalmente em idosos e 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLIpacientes que fazem uso de outros 
medicamentos depressores do sistema 
nervoso central. 
Os opioides também podem causar 
efeitos colaterais fora do sistema nervoso 
central. Isso, uma vez que existem receptores 
opioides fora do SNC, como no intestino. 
Quando o medicamento se liga nos 
receptores presentes no intestino, ele diminui 
o peristaltismo intestinal, apresentando 
quadros de constipação. 
 
Existe um medicamento opioide 
utilizado para tratamento da diarreia, a 
loperamida, ou imosec. No intestino, a 
loperamida se liga nos receptores do tipo mi 
e diminui o peristaltismo intestinal. Não exige 
retenção de receita por não ultrapassar a 
barreira hematoencefálica, atuando apenas 
perifericamente, não gerando dependência. 
Outro medicamento que atua dessa 
forma é o difenoxilato. Também é um opioide 
que não ultrapassa a barreira 
hematoencefálica. 
Mecanismo de ação 
 
Os receptores opioides são 
metabotrópicos (acoplados a proteína G, 
associados a adenilato ciclase). Quando o 
paciente utiliza o analgésico opioide, ele se 
liga nos receptores opioides mi no neurônio 
pré-sináptico. Nisso, a adenilato ciclase será 
inibida e os canais de cálcio irão se fechar, 
não ocorrendo a liberação do 
neurotransmissor e não tendo a transmissão 
do impulso nervoso. 
Porém, o medicamento também atua 
no neurônio pós-sináptico, que também 
possui receptor do tipo mi. Quando se liga 
aqui, também inibe a adenilato ciclase, mas 
a sinalização será diferente, para abertura 
dos canais de potássio, mais expressivos nos 
neurônios pós-sinápticos. O potássio irá sair 
(carga positiva), deixando o neurônio 
negativo, hiperpolarizado, inibido, 
conduzindo ainda menos o impulso nervoso. 
Classificação dos opioides 
Os opioides de maneira em geral são 
classificados. 
A primeira classe é os agonistas puros, 
agonistas dos receptores opioides, imitando a 
ação dos opioides endógenos. São: morfina, 
metadona, petidina (meperidina), fentanil, 
alfentanil, sufentanil, remifentanil, codeína, 
oxicodona, propoxifeno e difenoxilato. 
Todo analgésico opioide tem sua 
potência comparada com a da morfina, 
considerada 1. Por exemplo, meperidina e 
tramadol são 10 vezes menos potentes que a 
morfina. A codeína, é 12 vezes menor. A 
oxicodona é 2 vezes maior. O alfentanil é de 
10 a 20 vezes maior; remifentanil 50 a 100; 
fentanil 100; sufentanil de 500 a 1000. 
Oxicodona deve ser utilizada por um 
período de 15 dias, pois pode causar 
dependência. 
Existe adesivo de fentanil. O restante 
mais potente que a morfina é somente por via 
endovenosa. 
Metadona é utilizada para tratar 
dependência por opioides, principalmente 
na crise de abstinência. A metadona possui 
uma meia vida de eliminação longa e 
demora mais tempo para gerar 
dependência. Junto da metadona, é feito 
um tratamento psicoterápico. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
A buprenorfina também é usada para 
tratar dependência por ser um agonista 
parcial. 
Já na intoxicação, precisa-se de um 
antagonista opioide, como a naltrexona, a 
naloxona e o nalmefeno. 
A naloxona é indicado para reversão 
dos efeitos agonistas, agindo de 1 a 3 minutos. 
A meia vida de eliminação é curta, de 30 a 80 
minutos (requer doses adicionais). É 
metabolizado no fígado, primeiro por 
conjugação com glicuronídio e excretado 
pela urina. A dose habitual é de 0,1 a 0,4mg 
por via IV para depressão respiratória e do 
SNC. A naloxona também existe na forma de 
spray nasal. 
Já nalbufina e butorfanol são agonista-
antagonistas. São agonistas para os 
receptores opioides do tipo kappa e 
antagonistas dos receptores opioides do tipo 
mi. É uma opção para pacientes com 
doenças respiratórias, mas possuem menor 
potência. 
 
Farmacocinética 
De maneira em geral, os analgésicos 
opioides podem ser utilizados por via 
endovenosa, oral, transdérmica, nasal etc. 
São todos muito bem absorvidos por serem 
muito lipossolúveis. 
Quando usados por via oral, a resposta 
farmacológica pode variar de paciente para 
paciente, pois opioides sofrem muito 
metabolismo de primeira passagem no trato 
gastrointestinal. 
Quando o opioide chega na corrente 
sanguínea, se liga a proteínas plasmáticas e 
são distribuídos para tecidos com grande 
vascularização. Podem ficar acumulados em 
tecidos menos perfundidos, como o tecido 
adiposo. 
Deve ser biotransformado para ser 
transformado em hidrossolúvel e ser 
excretado pela urina. Isso ocorre por 
conjugação com ácido glicurônico, 
principalmente no fígado. As enzimas 
atuantes aqui são CYP3A4 e CYP2D6. 
Um opioide não depende do 
citocromo P450, o remifentanil, que sofre 
hidrólise pelas esterases teciduais. Importante 
para pacientes com problemas hepáticos. 
Quando a morfina é metabolizada 
gera dois metabólitos: morfina-3-glicuronídeo, 
que é neuroexcitatória, induzindo o paciente 
a crises convulsivas; e o metabólito morfina-6-
glicuronídeo, considerado mais potente que 
a própria morfina. Em indivíduos com 
doenças renais, a morfina-6-glicuronideo 
pode causar quadros de sedação. 
Resumo 
Os analgésicos opioides podem ser 
utilizados para analgesia, tosse (inibem o 
centro da tosse), diarreia e anestesia. 
A toxicidade de efeitos indesejados 
são depressão respiratória, náusea, vômitos e 
constipação, além de tolerância e 
dependência. 
As contra indicações são uso de 
agonistas puros com agonistas parciais 
fracos; pacientes com lesões 
cranioencefálicas (aumenta pressão 
intracraniana, já aumentada na lesão); 
gravidez (ultrapassam barreira placentária); 
comprometimento pulmonar, hepática e 
renal. 
Um paciente dependente de 
naltrexona com prescrição de analgésico 
opioide não terá efeito. 
 
 
 
 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Aula 9 – 09/09/2021
Distúrbios neurodegenerativos 
antiparkinsonianos 
O Parkinson é uma das doenças 
neurodegenerativas mais diagnosticadas. A 
fisiopatologia é a perda de neurônios da 
substância negra. São neurônios responsáveis 
pela síntese e liberação de dopamina. Fazem 
conexão com os gânglios de base, sendo 
putâmen, núcleo caudado e globo pálido. 
A via nigroestrital faz o controle dos 
movimentos. A dopamina da via nigroestrital 
inibe a liberação de acetilcolina. 
No paciente com Parkinson tem-se 
perda desses neurônios da substância negra, 
gerando depleção de dopamina no sistema 
extrapiramidal. 
A faixa etária acometida por Parkinson 
é principalmente entre a quinta e sexta 
décadas de vida. 
Existem três sintomas clássicos do 
Parkinson: 
 Bradicinesia (dificuldade em iniciar 
os movimentos); 
 Tremor de repouso; e 
 Rigidez muscular. 
Outros sintomas são instabilidade 
postural, sintomas autonômicos, alterações 
emocionais, alterações de voz e espasmos 
dolorosos. 
Antiparkinsonianos 
O objetivo do tratamento é reverter os 
sintomas responsáveis por imobilidade, 
fraturas e infecções a que estão sujeitos os 
pacientes. 
O tratamento deve iniciar quando os 
sintomas começarem a prejudicar o 
desempenho profissional ou as tarefas diárias 
dos pacientes. 
O esquema posológico pode ser 
reavaliado ou reajustado. 
Os tratamentos envolvem 
farmacologia, exercícios físicos, terapia 
ocupacional, psicoterapia e suporte familiar. 
Quando se tem parkinsonismo 
secundário, deve-se tratar a causa base. 
Precursor dopaminérgico 
A levodopa é padrão ouro no 
tratamento do Parkinson. Gera aumento da 
biossíntese da dopamina no cérebro. Tem-se 
redução significativa dos sintomas na maioria 
dos pacientes (principalmente bradicinesia e 
rigidez). 
A dopa descarboxilase transforma a 
levodopa em dopamina. Existe periférica e 
central. Para não ser degradada 
perifericamente, não deve ser utilizada 
isolada, sendo produzida com carbidopa ou 
benzerasida por estes inibirem a dopa 
descarboxilase periférica. 
Os efeitos colaterais advêm da 
dopaterapia por conversão da levodopa 
perifericamente,podendo gerar náuseas e 
vômitos, arritmias cardíacas, hipotensão 
ortostática etc. 
A associação de levodopa e 
barbidopa ou benzerasida é importante para 
aumento da concentração plasmática da 
levodopa, diminuindo a dose necessária de 
levodopa e também diminuindo os efeitos 
colaterais. 
É bem absorvida no intestino delgado, 
com pico entre 1 e 2 horas. 
Muitos pacientes precisam de 
associação da levodopa com outros 
medicamentos. 
Anticolinérgicos 
Os dois mais utilizados na clínica são 
triexifenidil e biperideno, que bloqueiam os 
receptores de acetilcolina no SNC. Porém, 
também bloqueiam perifericamente, 
gerando vários efeitos colaterais 
antimuscarínico, taquicardia, midríase, boca 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
seca, constipação intestinal, retenção 
urinária etc. 
Anticolinérgicos podem comprometer 
a absorção da levodopa. 
Inibidores de MAO B 
Tratam Parkinson por inibirem a MAO B, 
que degrada dopamina. Os mais usados são 
selegilina e rasagilina. São usadas para 
tratamento de Parkinson leve. 
São interessantes para associação em 
levodopa por potenciar sua ação. 
Os IMAO também são neuroprotetores, 
impedindo a perda do neurônio e progressão 
da doença. Isso, uma vez que a dopamina, 
quando metabolizada no SNC, gera H2O2, 
que por si só já é oxidante, mas, também, 
reage com o ferro na reação de Fenton, 
gerando o íon hidroxila, um radical livre 
altamente oxidante. 
Inibidores da COMT 
COMT é catecol-O-metiltransferase, 
que é outra enzima responsável pelo 
metabolismo da dopamina. São o 
entacapona e o tolcapona. 
 
Imagem: a levodopa, perifericamente, 
também é metabolizada pela COMT em 
menor proporção. Bloqueando COMT e 
MAO, tem-se muito mais dopamina. 
Tolcapona é inibidor de COMT 
periférica e central. Entacapona é inibidor 
apenas da COMT periférica. Porém, o 
tolcapona é muito hepatotóxico, 
necessitando rotineiramente de provas de 
função hepática. 
Liberadores de dopamina 
São representados pela amantadina, 
desenvolvida inicialmente como antiviral. 
Porém, foi-se observado que esse 
medicamento também aumenta a liberação 
de dopamina pelas vesículas pré sinápticas. 
Em monoterapia, é usada para terapia 
inicial da doença de Parkinson leve. 
Podem causar interação 
medicamentosa com antipsicóticos, que 
bloqueiam os receptores de dopamina, 
diminuindo o efeito do antipsicótico por a 
maior liberação de dopamina deslocar o 
antipsicótico do receptor. 
Agonistas dopaminérgicos 
Um agonista dopaminérgico imita a 
ação da dopamina, realizando a mesma 
função da dopamina endógena. 
Porém, não geram morte neuronal 
igual a dopamina, sendo neuroprotetores. 
São fármacos altamente eficazes, 
tratando desde o Parkinson leve até os 
quadros mais avançados da doença. 
Exemplos são bromocriptina e 
pergolida mais antigos, gerando mais efeitos 
colaterais; e ropirinol e pramipexol, que são 
mais seletivos pros receptores 
dopaminérgicos no SNC (D2). 
 
 
 
 
 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Aula 10 – 14/09/2021
Anticonvulsivantes 
Podem ser chamados de 
antiepiléticos, mas é um conceito errado, pois 
epilepsia é uma doença/afecção na qual 
uma pessoa apresenta crises epilépticas 
recorrentes desencadeadas por um processo 
subjacente crônico. 
As crises ocorrem devido a uma 
atividade elétrica anormal e excessiva dos 
neurônios, geralmente causada por 
alterações estruturais e/ou bioquímicas e que 
envolvem predominantemente o córtex 
cerebral. 
Assim, antiepiléticos são para uma 
doença crônica, enquanto a crise convulsiva 
pode ocorrer pontualmente. 
Quando um indivíduo tem epilepsia, a 
doença pode ser considerada 
incapacitante, mas existiram muitos 
personagens importantes historicamente que 
eram epilépticos. A epilepsia, então, não é 
incapacitante, mas é limitante. 
Atualmente, as crises convulsivas são 
classificadas em dois tipos: as focais, e as 
generalizadas. Na crise convulsiva focal, tem-
se um excesso de despolarização neuronal 
em uma região específica do SNC, em 
somente um dos hemisféricos. É classificada, 
ainda, em crise focal simples e crise focal 
complexa. Na simples, tem-se preservação 
de consciência. Dura de 30 segundos a 1 
minuto. Já na crise focal complexa, tem-se 
comprometimento da consciência e dura até 
cerca de 2 minutos. É caracterizada por 
contorcer de mãos e estalar de lábios. Pode 
evoluir para uma crise generalizada. 
A generalizada tem uma 
despolarização neuronal no SNC como um 
todo, nos dois hemisférios, gerando perda de 
consciência sempre. Se divide em tônico-
clônica, durando de 1 a 2 minutos; e 
mioclônica, com contrações breves e curtas, 
de 1 a 2 segundos. Ainda, tem-se a crise de 
ausência, sem abalos, mas com perda de 
consciência, apresentando olhar fixo e sendo 
constantes. 
No tratamento, depende do tipo de 
crise apresentada pelo paciente. 
A carbamazepina, por exemplo, é um 
anticonvulsivante antigo muito utilizado, com 
bom expecto de ação contra crise focal 
complexa, por exemplo, mas podendo piorar 
o quadro clínico da crise de ausência. 
Anticonvulsivantes são, de maneira 
geral, fármacos que deprimem seletivamente 
o SNC, sendo usados na supressão de crises 
convulsivas. 
Drogas utilizadas nas crises 
parciais (focais) e crises tônico-
clônicas generalizadas 
A fenitoína é um dos fármacos mais 
antigos, porém muito eficaz. É considerado 
não sedativo, não gerando sonolência. 
Bloqueia canais de sódio na membrana do 
neurônio pós-sináptico, inibindo potenciais de 
ação repetidos, impedindo a despolarização. 
É considerado um fármaco ácido, 
sendo bem absorvido no estômago e na 
primeira porção do intestino. Sendo tomado 
com antiácido pode ter absorção diminuída. 
Possui farmacocinética podendo gerar 
interações medicamentosas. Se liga muito à 
albumina, podendo gerar competição, com, 
por exemplo, o ácido valpróico, outro 
anticonvulsivante. 
A fenitoína também é indutora 
enzimática da CYP3A4, aumentando 
metabolismo de contraceptivos. 
Ainda, fenitoína segue uma cinética 
de saturação, ou seja, se utilizada em dose 
menor, as enzimas hepáticas metabolizam e 
a droga é excretada adequadamente. Com 
o aumento da dose, as enzimas podem se 
saturar. Isso requer a monitoração plasmática 
de fenitoína, que deve estar entre 10 e 20 
microgramas/ml. 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
Dentro as reações adversas, como: 
 Efeitos estéticos indesejáveis 
(hirsutismo, ou aumento do 
crescimento de pelos); 
 Hiperplasia gengival (fenitoína 
aumenta a síntese de fibroblastos 
gengivais, aumentando síntese de 
colágeno); 
 Má-formação fetal hidantoínica 
(sela nasal, labo leporino, fenda 
palatina, alteração de 
desenvolvimento de membros, 
retardo mental); 
 Problemas ósseos em pacientes 
jovens (inibe a síntese de 
osteoblastos). 
Outro medicamento é o fenobarbital, 
com mecanismo de ação através da ligação 
a um sítio regulador do GABA, 
potencializando-o e prolongando a 
frequência de abertura dos canais de cloreto. 
É sedativo, mas possui a vantagem de 
meia vida de eliminação longa (100 horas), 
fazendo o medicamento ser utilizado menos 
vezes ao dia, além de ser barato. 
Possui grande eficácia na crise tônico-
clônica. 
A primidona é um medicamento 
anticonvulsivante, que também potencializa 
a ação do GABA, mas gera dois metabólitos, 
sendo um o fenobarbital e outro o PEMA, que 
também são anticonvulsivantes, sendo o 
PEMA com atividade contra as crises focais 
complexas. Assim, a primidona possui um 
expecto de ação melhor que o do 
fenobarbital. 
Outro medicamento anticonvulsivante 
é a carbamazepina, ou tegretol. O 
mecanismo de ação é bloquear os 
receptores de sódio na membrana do 
neurônio pós-sináptico, impedindo a 
despolarização neuronal. Deve-se começar 
com doses menores, de cerca de 200mg, 
sendo aumentada gradativamente para 
ficar entre 400 à 1600mg.Existem pacientes 
que podem necessitar de até 2000mg/dia de 
carbamazepina. 
Ao ser metabolizado, carbamazepina 
gera 10-11 epóxido, responsável por gerar 
vários efeitos colaterais. 
O oxcarbazepina é um medicamento 
que possui o mesmo mecanismo de ação da 
carbamazepina, mas com as vantagens 
terapêuticas, por não ser considerado indutor 
enzimático, diferentemente da 
carbamazepina, que induz várias enzimas do 
citocromo P450, inclusive a CYP3A4. Ainda, 
oxcarbazepina não gera o 10-11 epóxido 
como metabólito, gerando efeitos colaterais 
mais leves, mas sendo considerada menos 
potente, necessitando de uma dose maior 
para gerar o mesmo efeito farmacológico da 
carbamazepina, necessitando 50% a mais da 
dose. 
Não é comum associação de 
medicamentos anticonvulsivantes, uma vez 
que todos esses medicamentos induzem 
enzimas do citocromo P450, gerando 
interações medicamentosas entre eles. 
Os medicamentos falados até agora 
são mais antigos. Existem dois mais novos, a 
vigabatrina e a tiagabina. 
Esses medicamentos agem na enzima 
GABA T (transaminase), que está presente no 
neurônio pré-sináptico e é responsável por 
metabolizar o GABA. A vigabatrina inibe de 
maneira irreversível a GABA T, sendo, esse, 
mais liberado na fenda, se ligando mais no 
receptor, entrando mais cloreto no neurônio. 
O GAT1 é o transportador de GABA do 
tipo 1, que faz recaptação do GABA. A 
tiagabina inibe o GAT1, deixando mais GABA 
livre na fenda e potencializando sua ação. 
Esses dois fármacos produzem menos 
efeitos adversos e menos interações 
farmacológicas. Não inibem nem induzem 
enzimas do citocromo P450. 
Outro medicamento é o topiramato, 
muito utilizado até mesmo para dor de 
cabeça, pois impede a condução de impulso 
nervoso. Ele possui três mecanismos de ação 
anticonvulsivantes, inibindo sinapses 
excitatórias por bloquear a descarga 
repetitiva de neurônios por bloqueio de 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
canais de sódio dependente de voltagem; 
potencializa o efeito inibitório do GABA; e 
deprime ação excitatória nos receptores 
AMPA de glutamato. 
O topiramato também se liga pouco a 
proteínas plasmáticas. Também é uma droga 
excretada na sua forma inalterada na urina, 
não dependendo do fígado, mas devendo 
ser prescrevido com cuidado para pacientes 
nefropatas. 
Drogas utilizadas nas crises 
generalizadas de ausência 
A crise de ausência acontece por 
causa do excesso da entrada de cálcio 
(carga positiva) no neurônio. Assim, o 
neurônio despolariza muito. 
Um dos fármacos que mais bloqueia 
canais de cálcio é a etossuximida. Bloqueia 
os canais de cálcio tipo T voltagem 
dependente. Causa poucas interações 
medicamentosas, mas gera alterações 
gástricas, devendo começar com dose baixa 
sendo aumentada gradativamente; ou deve 
ser ingerido junto de alimentos. 
Outro fármaco é o ácido valpróico, 
que pode ser utilizado para o tratamento de 
vários tipos de crise, por possuir vários 
mecanismos de ação: 
 Bloqueia canal de cálcio; 
 Inibe GABA transaminase 
(potencializa ação do GABA); 
 Bloqueia canal de sódio. 
É interessante para pacientes com 
mais de um tipo de crise. 
Porém, é hepatotóxico, necessitando 
monitorização. É o único anticonvulsivante 
inibidor enzimático. 
Junto da fenitoína, o ácido valpróico 
interage podendo deslocar a fenitoína da 
proteína plasmática, aumentando sua fração 
livre. Também pode inibir o metabolismo da 
fenitoína, inibindo sua excreção e 
aumentando sua concentração plasmática. 
A fenitoína, por sua vez, teriam aumentados 
seus efeitos adversos. 
Grupos especiais 
Na gravidez, a frequência das crises 
pode aumentar por efeitos endócrinos da 
gravidez sobre o SNC, variações 
farmacocinéticas e adesão ao tratamento. 
Deve-se ser feito avaliação em 
intervalos frequentes e monitorização de 
níveis séricos. 
Deve-se usar um medicamento que 
não gere efeitos teratogênicos, para não 
gerar anormalidades fetais. 
Os medicamentos de 1ª geração 
geram como efeitos mais apresentados 
dimorfismo facial, fenda labial, fenda 
palatina, defeitos cardíacos, hipoplasia 
digital e defeitos do tubo neural. 
O ácido fólico deve ser reposto em 
maior dose, por o anticonvulsivante aumenta 
o metabolismo dessa substância, assim como 
de vitamina K pelo risco de hemorragia 
neonatal. 
Aula 11 – 23/09/2021
Anti-hipertensivos 
A hipertensão arterial é considera uma 
condição clínica que pode ser ocasionada 
por vários fatores, sendo multifatorial, 
caracterizada por níveis elevados e 
sustentados de pressão arterial. Associa 
frequentemente a alterações funcionais e/ou 
estruturais dos órgãos-alvos (LOA) (coração, 
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a 
alterações metabólicas, com consequente 
aumento do risco de eventos 
cardiovasculares fatais e não-fatais. 
Fisiopatologia geral 
Mecanismos envolvidos no controle 
são: 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
 Volume intravascular (Na+); 
 Sistema nervoso autônomo; 
 Renina-angiotensina-aldosterona; 
 Mecanismos vasculares; 
 Aumento da concentração 
intracelular de cálcio. 
Medicamentos que causam redução 
do débito cardíaco ou diminuição da 
resistência vascular periférica vão reduzir a 
pressão arterial. 
Tratamento 
O tratamento é baseado no valor da 
pressão arterial do indivíduo (> 140x90 
mmHg). 
 
Ainda tem-se os estágios, 1, 2 e 3. 
Ainda, o tratamento se baseia no risco 
cardiovascular do paciente. 
Se o paciente tem hipertensão 1 com 
risco cardiovascular baixo, inicia-se o 
tratamento não medicamentoso, como 
controle de peso. Para cada 5% de perda de 
peso corporal, a pressão diminui de 20-30%. 
Também pode-se restringir o consumo de 
sódio. 
BCC – Bloqueador de canais de 
cálcio 
Os BCC bloqueiam os canais de cálcio 
tipo L, presentes nos vasos sanguíneos, nas 
células musculares lisas. 
Existem três subclasses: diidropiridinas; 
benzotiazepínicos e fenilalquilaminas. 
As diidropiridinas são amlodipino, 
nifedipino, felodipino etc. Bloqueiam os 
canais de cálcio dos vasos sanguíneo, 
reduzindo a resistência vascular periférica do 
paciente. 
Os benzotiazepínicos destacam o 
diltiazem, que bloqueia canais de cálcio 
tanto nos vasos sanguíneos quanto no 
coração. 
A fenilalquilamina é verapamil, que 
possui afinidade pelos canais de cálcio 
presentes no coração. Reduzem o débito 
cardíaco. 
Os BCC não são fármacos de primeira 
escolha para tratamento da HAS por 
poderem gerar uma queda brusca de 
pressão arterial, podendo gerar reações 
adversas, como hipotensão, tontura, queda 
da própria altura etc. São utilizados 
principalmente quando o paciente não 
possui melhora clínica, ou quando o paciente 
necessita de associação de medicamentos. 
São interessantes na formulação de 
liberação controlada. 
Em curta duração podem causar 
cefaleia, tontura, rubor facial, edema de 
extremidades (por comprometimento do 
retorno venoso), constipação intestinal por 
bloqueio dos canais de cálcio no TGI, 
bloqueando peristaltismo (principalmente 
verapamil), bradicardia (ou taquicardia 
reflexa), além de hipotensão. 
Verapamil e diltiazem podem causar 
depressão miocárdio. 
Inibidores de ECA 
São, por exemplo, captopril, enalapril 
etc. 
Angiotensina II faz vasoconstrição por 
ligação nos receptores AT1, nas células 
musculares lisas no vaso. Ainda, angiotensina 
II também aumenta liberação de 
aldosterona, aumentando a retenção de 
sódio e de água, aumentando a pressão 
arterial. 
IECA inibem a conversão de 
angiotensina I para angiotensina II. Porém, a 
ECA também é responsável por degradar a 
bradicinina, que é vasodilatadora. 
O aumento da bradicinina, 
acumulando no pulmão, gera os efeitos 
Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI 
colaterais de tosse seca. Isso por ativar o 
centro da tosse do indivíduo. 
Outros efeitos colaterais são perda de 
paladar, possível hiperpotassemia (pela 
inibição

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