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Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Rafaela Gontijo Lima @rafaela_gontijo Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Aula 1 – 10/08/2021 Hipnóticos e sedativos Sedativo é um medicamento capaz de causar uma leve depressão do sistema nervoso central, sendo usado para acalmar o paciente, reduzir ansiedade. Também são chamados de ansiolíticos. Hipnóticos causam sonolência, gerando uma depressão mais acentuada do sistema nervoso central, saindo do estado ansiolítico e passando para o hipnótico. Existem medicamentos que são sedativos e que passam a ser hipnóticos com aumento de dose. Se aumentar ainda mais a dose, tem-se anestesia geral. Progredindo, tem-se coma e óbito. Um benzodiazepínico, por exemplo, em doses baixas é sedativo, enquanto, em doses mais altas, é hipnótico. Existem medicamentos que são somente ansiolíticos, independente da dose utilizada. Também existem medicamentos somente hipnóticos, mesmo em doses baixas, como o zolpidem. Para o tratamento de insônia e ansiedade se utiliza hipnótico e sedativo, respectivamente. Insônia A insônia é quando o paciente tem dificuldade em iniciar o sono ou em manter o sono, tendo, em ambos, redução da qualidade do sono. Isso pode ocorrer por uso excessivo de dispositivos eletrônicos (a luz dos dispositivos diminui a produção de melatonina), alimentação inadequada etc. A insônia transitória é aquela que tem duração de menos de três dias. Pode advir de questões cotidianas como problemas familiares, no trabalho etc. Nesse caso, pode não ser necessário prescrever medicamento, mas, também, pode-se prescrever, uma vez que o tempo de uso do medicamento será curto. A qualidade de vida da pessoa será melhorada com o medicamento, mas este não deverá ser tomado por um maior período de tempo. A insônia de curta duração dura de três dias à três semanas. Acontece por um problema maior, como perda de um emprego, luto etc. Pode-se prescrever o medicamento, desde que não use por maior período de tempo. A insônia de longa duração dura mais de três semanas. Neste caso, o medicamento será contraindicado, pois pode gerar dependência e tolerância. Neste caso, deve- se buscar o problema base, como ansiedade, que está gerando a insônia. Medicamentos estimulantes do sistema nervoso central que agem à noite podem gerar insônia de longa duração. O tratamento da insônia deve começar com tratamento etiológico, buscando-se a causa da insônia. Em seguida, deve-se pensar na higiene do sono, que é mudar o estilo de vida para melhorar o sono, por exemplo, com melhor alimentação, prática de exercícios físicos, evitar dormir à tarde, evitar estimulantes etc. A terceira opção seria prescrever hipnóticos. Idosos têm insônia fisiológica. Ao se prescrever um hipnótico, primeiro deve-se observar se a insônia é no início da noite ou no terço médio/final da noite. No início da noite, deve-se prescrever um medicamento com característica de início de efeito rápido. Se a insônia for mais tardia, o paciente deve utilizar um medicamento com meia vida de eliminação longa. Porém, esses medicamentos causam sedação residual no próximo dia. Quando o motivo da insônia é ansiedade, o medicamento de meia vida de Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI excreção longa é interessante, pois tratará a ansiedade durante o próximo dia. Benzodiazepínicos É uma das classes mais antigas de medicamentos sedativos/hipnóticos, sendo uma das mais utilizadas pela população, porém caindo em desuso para outros medicamentos hipnóticos e sedativos. São medicamentos baratos e de fácil acesso, tendo vantagens sobre os barbitúricos, que são uma classe mais antiga. Uma das vantagens é uma grande margem de segurança, tendo um amplo índice terapêutico quando comparados com os barbitúricos. Isso quer dizer que a dose letal e a dose terapêutica dos barbitúricos é bem mais próxima do que dos benzodiazepínicos. Benzodiazepínicos também demoram mais para causar dependência física e psíquica. Porém, se utilizados por dez dias ou mais, deve-se fazer o desmame, para não se gerar crise de abstinência. Benzodiazepínicos geram menos interações medicamentosas a nível de metabolização. Isso, uma vez que não influenciam nas enzimas do citocromo P450, nem induzindo nem inibindo, não interferindo na metabolização de outros fármacos. Porém, benzodiazepínicos causam interações medicamentosas a nível de farmacodinâmica aditiva sinérgica quando o paciente já utiliza outra substância que gera depressão do sistema nervoso central. Existem medicamentos e substâncias que podem inibir o metabolismo do benzodiazepínico. Por exemplo, cimetidina (bloqueador de receptor A2 utilizado contra hiperacidez gástrica) é um inibidor enzimático, pois inibe as enzimas CYP3A4 e CYP2C19, que metabolizam o benzodiazepínico. Isso faz com que a excreção do benzodiazepínico demore mais para ser excretado. Mecanismo de ação O principal mecanismo de ação dos benzodiazepínicos é através do GABA, um neurotransmissor inibitório que permite a entrada de cloreto quando ativado, gerando uma hiperpolarização neuronal e a consequente depressão do sistema nervoso central. O receptor GABA é formado pelas subunidades alfa 1 e 2, beta 1 e 2 e gama 1 e 2. O benzodiazepínico se liga no receptor GABA, cada benzodiazepínico se ligando em uma subunidade diferente. Quando o benzodiazepínico se liga em seu sítio de ligação, que é diferente do sítio de ligação do GABA, ele gera uma modificação na conformação do receptor GABA, competindo com a GABA modulina. Isso aumenta a afinidade do receptor GABA com seu sítio de ligação, uma vez que a GABA modulina dificulta a transmissão nervosa das sinapses em que o GABA é mediador, gerando maior entrada de cloreto através da maior ligação do GABA, gerando maior hiperpolarização neuronal e consequente depressão do sistema nervoso central. Benzodiazepínico não deve ser tomado com etanol, por exemplo, uma vez que esses não competem com o sítio de ligação nem do GABA nem do etanol, gerando potencialização massiva do efeito Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI do GABA, com intensa depressão do sistema nervoso central. Isso, por sua vez, pode gerar potencialização das reações adversas, como depressão cardiovascular ou respiratória. Medicamentos Dentro da classe de benzodiazepínicos tem-se diferentes medicamentos com diferentes usos clínicos. Por exemplo, alprazolam e oxazepam são usados para transtorno de ansiedade. Clordiazepóxido é usado para transtorno de ansiedade, abstinência alcoólica, pré-medicação anestésica. Clonazepam é utilizado para convulsão, tratamento de mania e distúrbios de movimento. Clorazepato é utilizado para transtorno de ansiedade e convulsão. O diazepam é utilizado para transtorno de ansiedade, epilepsia, relaxar músculos, pré-medicação anestésica. O estazolam e o flurazepam são utilizados para insônia. O lorazepam é usado para tratamento de transtorno de ansiedade e pré- medicação anestésica. O midazolam é usado para medicação pré-anestésica e intra-operatória. Efeitos adversos O benzodiazepínico utilizado sozinho, no pico plasmático, gera como reações adversas delírio, lentidão, falta de coordenação motora, comprometimento de funções motoras, convulsão, amnésia anterógrada (quando o paciente não se lembra do que aconteceu quando em efeito do medicamento), sonolência diurna residual, fraqueza, visão borrada, dor de cabeça e náusea. Gera, também, efeitos paradoxais de dependência e tolerância. Já em overdose, geram depressão cardiovascular e/ou respiratória, o que pode ocorrer em doses terapêuticas em pacientes com DPOC ou apneia do sono. Lorazepam, triazolame midazolam geram metabólitos inativos, tendo curta duração de efeito, não dependendo do fígado para gerar metabólitos ativos. Já clordiazepóxido, diazepam e flurazepam têm longa meia vida de eliminação, sendo metabolizados no fígado. Assim, ao tratar um paciente idoso, é mais recomendado um benzodiazepínico de meia vida de eliminação curta, uma vez que o fígado do idoso gera menos enzimas metabolizadoras, e os de curta meia vida de eliminação não necessitam passar pelo fígado, como o lorazepam. Na lista de Beers tem-se medicamentos contra indicados para idosos, estando os benzodiazepínicos de longa meia vida de eliminação presentes nessa lista. O flumazenil é um antagonista dos benzodiazepínicos. Faz ligação competitiva ao receptor GABA. Consegue reverter os efeitos sedativos dos benzodiazepínicos e retorno da respiração espontânea e da consciência em UTI. Tem meia vida de uma hora, com efeito entre 30 e 60 minutos. O método de titulação é 0,2mg/ml gradualmente 0,1mg, no máximo 5mg para overdose. Se atingidos 5mg sem resultado, deve-se buscar outra fonte de intoxicação. Aula 2 – 12/08/2021 O boa noite cinderela contém benzodiazepínicos. Benzodiazepínicos são usados para tratar convulsões. Barbitúricos Barbitúricos são uma classe de medicamentos anterior aos Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI benzodiazepínicos e foram substituídos pelos mesmos. Mecanismo de ação Barbitúricos possuem mecanismo de ação parecido com o dos benzodiazepínicos, se ligando no receptor GABA e aumentando a hiperpolarização neuronal. Contudo, o sítio de ligação é diferente, também aumentando a afinidade do GABA pelo receptor e aumentando a entrada de cloreto. Contudo, o barbitúrico aumenta o tempo de abertura do canal de cloreto, enquanto o benzodiazepínico aumenta a frequência de abertura do canal de cloreto, porém ambos gerando a hiperpolarização neuronal. Ainda, os barbitúricos possuem um mecanismo adicional de depressão ao inibirem o mecanismo de despolarização, pois bloqueiam os receptores de AMPA, que são os receptores de glutamato, fazendo com que o glutamato não se ligue, não entre carga positiva no neurônio e ele fique hiperpolarizado. Os barbitúricos são considerados medicamentos menos seguros que os benzodiazepínicos. A medida que se usa uma dose de benzodiazepínico, tem-se respostas menores dos benzodiazepínicos do que se teria com a mesma dose de barbitúricos. Os barbitúricos tem uma capacidade de causar maior depressão do sistema nervoso central, colocando o paciente em maior risco, fazendo esse medicamento cair em desuso para o benzodiazepínico, considerado mais seguro. Ao se tentar suicídio com o benzodiazepínico Clonazepam (rivotril) ou barbitúrico fenobarbital (gardenal), por exemplo, muitas pessoas optam pelo Clonazepam, que é tarja preta, enquanto o fenobarbital é faixa vermelha, assumindo-se que o clonazepam é mais perigoso e, consequentemente, mais letal. Contudo, é o inverso. Tipos de barbitúricos Existem barbitúricos de ação ultra rápida e ultra curta, que fazem efeito em segundos, mas sua duração de ação é somente de 15 a 20 minutos. O principal medicamento aqui é o tiopental, um anestésico geral. Também existem barbitúricos de ação rápida e curta. Agem de 10 a 15 minutos, mas sua ação só dura até 3 horas. São pentobarbital e secobarbital. Os barbitúricos de ação intermediária têm ação de 8 a 10 horas. São indicados para pacientes com ansiedade, pois a sonolência residual ajudará a tratá-la. São o butabarbital e amobarbital. Os barbitúricos de ação longa possuem duração de ação de 20 horas. São antiepiléticos e anticonvulsivantes. São o fenobarbital (gardenal) e barbital (veronal). Efeitos adversos Porém, barbitúricos como o fenobarbital, possuem alguns efeitos adversos, como: sonolência residual (meia vida de eliminação longa); risco de toxicidade; alterações de humor; vertigens, náuseas e vômitos ou diarreia; excitação paradoxal (efeito contrário do esperado); hipersensibilidade; alteração no metabolismo de outros fármacos e substâncias endógenas (indutor enzimático); aumentam a síntese de porfirinas. A CYP3A4 é a principal enzima que é induzida pelo fenobarbital, podendo causar interação com vários outros medicamentos, incluindo contraceptivos orais. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Existe a porfiria intermitente aguda, que atuam na síntese do grupo HEME e causam placas avermelhadas na pele e outros sintomas sistêmicos. Os barbitúricos induzem/predispõem os pacientes a ter crise de porfiria, por induzirem a enzima ALA- sintetase responsável pela síntese de porfirinas. Os barbitúricos, por serem muito depressores do sistema nervoso central, causam depressão respiratória. Ainda, no aparelho cardiovascular, doses normais podem causar leve hipotensão e bradicardia e superdosagem podem causar depressão miocárdica (acentuada hipotensão, bradicardia, grave arritmia e parada cardíaca). No fígado acontecem interações medicamentosas de aumento do metabolismo de vitaminas D e K e de hormônios esteroides. No aparelho urinário, em superdosagem, causa oligúria e anúria. Intoxicação Intoxicação por barbitúrico não é tratado com flumazenil, pois se liga em um sítio diferente dos benzodiazepínicos. Para tratar, faz-se alcalinização da urina com bicarbonato de sódio (medicamento ácido) se o paciente tiver uma função renal adequada ou, se necessário, hemodiálise. A intoxicação aguda por barbitúricos causam perda de consciência, deficiência respiratória, cianose, abolição dos reflexos, hipotensão e hipotermia. Na intoxicação crônica, gera-se dependência física e psíquica, tolerância e possível síndrome de abstinência por causa da dependência. Se um paciente chega intoxicado com fenobarbital, além de tratar a intoxicação, deve-se tratar os sintomas, por exemplo, iniciando ventilação mecânica. Buspirona É um medicamento que não se encaixa nas outras classes. Possui vários nomes comerciais. Ela ajusta os níveis de serotonina no sistema nervoso central. Buspirona é um agonista dos receptores 5-HT, que são receptores de serotonina no neurônio pré-sináptico. Serotonina é elevada nos pacientes com ansiedade. Se a serotonina se liga no receptor pré-sináptico, a liberação de serotonina pelo neurônio irá diminuir. A Buspirona é um agonista (mímico) da serotonina, sendo usada para tratar essa ansiedade. A buspirona possui um início de ação lento, de 4 a 6 semanas. Então, um paciente com crise de ansiedade não se beneficiaria desse medicamento. Porém, a buspirona possui a vantagem de não casar sonolência residual e não causa dependência. Por isso, geralmente é usada por substituição enquanto faz o desmame de benzodiazepínicos. Betabloqueadores Betabloqueadores são antagonistas dos receptores beta adrenérgicos. Eles reduzem ansiedade, mas não causam sono. Propranolol, atenolol etc. fazem parte dessa classe. Uma contraindicação do propranolol é pessoa com problema respiratório, como asma, pois é beta bloqueador não seletivo, bloqueando beta 2 no pulmão, causando broncoconstrição. Novos hipnóticos São medicamentos que mesmo em doses mínimas geram sono. Melatonina Melatonina é o hormônio do sono produzido na glândula pineal e se liga em receptores no núcleo supraquiasmático MT1 e MT2. Quando a melatonina se liga nos receptores MT1, ela gera o sono e, quando se liga nos receptores MT2, ela regula o ciclo sono-vigília. A meia vida de melatonina endógena é muito curta, com cerca de meia hora. Por isso, foi desenvolvido uma melatonina de ação prolongada. Ela deve ser ingerida uma Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI hora antes do paciente ir se deitar e possui uma vantagem de não produzir dependência,por ser um hormônio produzido pelo próprio organismo. Existem pacientes com dependência em benzodiazepínicos que tentam parar com os mesmos e substituí-los por melatonina. Nessa situação, a melatonina não gera efeito, pois o benzodiazepínico gera um sono pesado, ao contrário da melatonina. Ramelteona Ramelteona é um agonista de melatonina, se ligando nos receptores MT1 e MT2 e produzindo os mesmos efeitos da melatonina. Contudo, a Ramelteona interage mais com outros medicamentos, gera sonolência residual por gerar metabólitos ativos. Classe dos compostos Z Essa classe leva esse nome por quase todos os medicamentos incluídos nela iniciarem o nome com essa letra. Os compostos Z possuem o mesmo mecanismo de ação dos benzodiazepínicos, se ligando no mesmo receptor e mesmo sítio, mas não sendo classificados juntos por terem estruturas químicas diferentes. Se o paciente se intoxica com algum medicamento dos compostos Z, trata-se com flumazenil, uma vez que são os mesmos sítios de ligação. Os compostos Z produzem menor dependência. Contudo, seu único uso clínico é de hipnótico, por terem afinidade somente com o receptor alfa 1 do GABA, só gerando efeito hipnótico. Zolpidem possui indicação para rápida indução do sono. A meia vida de eliminação deste composto é de duas a três horas. Possui duração de ação maior em idosos, por ser metabolizado no fígado, geralmente mais lento em idosos. Zoleplone possui indicação para rápida indução do sono, mais para o meio da noite ou até quatro horas antes de se levantar. Sua meia vida de eliminação é de uma hora. É indicado para insônia esporádica no meio da noite por ter início de ação rápida e ser eliminado também rapidamente, uma vez que não gera metabólitos ativos. Zopiclone apresenta maior potencial de sonolência residual pela manhã, pois sua meia vida de eliminação é de seis horas. Gera gosto metálico na boca por ser um pouco eliminado pela saliva. Aula 3 – 17/08/2021 Metabolismo do álcool Até o século XIX, as bebidas eram diluídas com álcool para evitar a multiplicação de microrganismos. Já atualmente, o álcool é utilizado como forma de recreação, porém acompanhado de uso abusivo por alguns indivíduos, apresentando o alcoolismo. A molécula de etanol é pequena e hidrossolúvel, gerando absorção rápida no trato gastrointestinal, principalmente no estômago e no intestino delgado. Na corrente sanguínea, o etanol é distribuído rapidamente até os tecidos, principalmente até o sistema nervoso central. Aqui, o álcool pode produzir dependência. Vias de metabolismo O álcool é biotransformado no fígado pela álcool desidrogenase. Estudos afirmam que homens possuem mais dessa enzima, conseguindo, assim, metabolizar mais rápido o álcool do que mulheres. Ainda no fígado, o NAD retira um H+ do etanol e o passa para acetaldeído e este para acetato, que é solúvel na urina. Contudo, o acetato pode ir para o tecido adiposo e aumentar a síntese de lipídeos no paciente. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Quando a concentração ultrapassa a quantidade de 100mg/dl, a via de metabolismo da desidrogenase satura. Aqui, ativa-se a via alternativa, o sistema microssômico de oxidação do etanol (SMOE). Aqui, entra a enzima do citocromo P450, a CYP2E1. Essa enzima passa um hidrogênio do etanol para a NAD P, que passa para NAD PH, e o etanol passa para acetaldeído. Quanto maior o período de tempo que o indivíduo consome álcool, mais CYP2E1 é sintetizada, o que gera tolerância. Vias de excreção A principal é pela urina, mas uma porcentagem também pode ser excretada pelos pulmões, o que é detectado pelo teste do bafômetro. Tratamento da intoxicação aguda O tratamento da intoxicação aguda visa impedir aspiração do vômito e depressão respiratória. Nesse tratamento, é utilizado glicose. O álcool inibe a neoglicogênese, fazendo a concentração de glicose do organismo cair rapidamente, afetando muito o sistema nervoso central. Ainda, administra-se soluções eletrolíticas (soro), pois é um paciente que urina muito e vomita muito. O álcool inibe o ADH, fazendo o paciente urinar mais. Com isso, ele perde muito líquido e íons. A tiamina (vitamina B1) também pode ser administrada, pois o álcool inibe a absorção dessa substância. A queda drástica dessa vitamina pode ocasionar a síndrome de Werneck-Korsakoff. Tratamento da síndrome de abstinência Aqui, pode-se ter síndrome de abstinência, que acontece aproximadamente após seis horas. O paciente tem tremores, podendo chegar a convulsionar. Nesse paciente deve-se administrar tiamina e drogas sedativas-hipnóticas, principalmente benzodiazepínicos, que irão “substituir” a ação do álcool. Os principais benzodiazepínicos utilizados são diazepam, clordiazepóxido e lorazepam, principalmente os dois primeiros, que possuem meia vida de eliminação longa, evitando a síndrome de abstinência por mais tempo. Contudo, se o paciente possui lesão hepática, não se deve utilizar um medicamento de meia vida de eliminação longa, utilizando, aqui, lorazepam. Tratamento da intoxicação crônica Se a pessoa quer parar de beber, mas não consegue sozinho, existem medicamentos atuantes nessa situação. Dissulfiram é inibidor da acetaldeído desidrogenase, acumulando acetaldeído. Como ele não tira a vontade de beber, se esse paciente bebe, acumula-se tanto acetaldeído que o paciente não irá aguentar a ressaca, fazendo com que ele pare de beber. Porém esse medicamento foi retirado do mercado. Existem alguns medicamentos que causam o efeito Antabuse (efeito dissulfiram), que não devem ser administrados na presença do álcool. Em alternativa ao dissulfiram, tem-se a naltrexona. É um medicamento que inibe a vontade de beber. O consumo de álcool libera opioides, que gera prazer ao consumir o álcool. A naltrexona é um antagonista dos receptores opioides. Assim, ela bloqueia os receptores opioides. Porém, esse medicamento não deve ser tomado por períodos de tempo longo, por elevarem as aminotransferases (AST e ALT). Por isso torna-se importante a psicoterapia, que ajudará o paciente a não voltar a beber. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Ainda, o paciente pode ser dependente de opioides, como heroína, além do álcool. Se, nesse caso, for prescrito naltrexona, ele entrará em abstinência, porque bloqueará o receptor que a heroína irá ligar. O acamprosato é outro medicamento utilizado para tratamento do alcoolismo. Não depende do fígado para ser metabolizado; não é hepatotóxico. Porém, sua frequência posológica é ruim, devendo ser ingerido um comprimido de duas a três vezes por dia. O acamprosato é um antagonista fraco do receptor NMDA e um antagonista GABAa. Ele ocupa o sitio de ligação no receptor gabaérgico e não deixa o paciente entrar em síndrome de abstinência. Os receptores NMDA são receptores de glutamato. Se bloqueados, o paciente não sentirá excitação etc. Aula 4 – 19/08/2021 Antidepressivos Podem ser usados para tratamento de depressão e também de dores de origem neurológica. Depressão é uma patologia diagnosticada clinicamente pelo psiquiatra. Para esse diagnóstico, deve-se ter um dos seguintes: humor deprimido, interesse ou prazer diminuídos e perda ou ganho significativo de peso, junto de mais cinco dos seguintes: insônia ou hipersônia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se e pensamentos de morte recorrente. Os sintomas também devem durar mais de 30 dias. O indivíduo com depressão, de maneira geral, tem redução de neurotransmissores no sistema nervoso central, principalmente serotonina, noradrenalina e dopamina. Os medicamentos que tratamdepressão visam aumentar esses neurotransmissores. Antidepressivos tricíclicos (ADT) Foram os primeiros depressivos. Antes deles fazia-se eletroconvulsoterapia, que ainda é realizada caso o paciente não possa utilizar os medicamentos. São medicamentos lipossolúveis. Mecanismo de ação Seu mecanismo de ação é inibir a recaptação dos neurotransmissores da fenda sináptica para o neurônio pré-sináptico, principalmente noradrenalina e serotonina, aumentando a quantidade desses neurotransmissores na fenda. São subdivididos em aminas terciárias e aminas secundárias. Das aminas terciárias, os principais são amitriptilina, clomipramina e imipramina. Das secundárias são desipramina e nortriptilina. As aminas terciárias inibem principalmente a recaptação de serotonina, enquanto as aminas secundárias inibem principalmente a recaptação de noradrenalina. Porém, quando as terciárias são metabolizadas, são passadas para aminas secundárias. Efeitos adversos As aminas terciárias estão mais envolvidas em reações adversas. Por isso, em idosos, é preferível aminas secundárias, que geram menos bloqueios de outros receptores. Bloqueiam os receptores de histamina do tipo H1. Isso pode fazer o paciente apresentar sonolência. Também aumenta o apetite, gerando ganho de peso. Bloqueiam os receptores muscarínicos de acetilcolina. Com isso, apresentam boca seca, dificuldade de ir ao banheiro, retenção urinária. Pode ser utilizado pilocarpina Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI (colinérgico direto) se boca seca. Se retenção urinária, betanecol (colinérgico). Bloqueiam alfa1 adrenérgicos, podendo gerar redução da pressão arterial, quadros de tontura e quedas. Também são cardiotóxicos. Interações medicamentosas Sofrem intenso metabolismo de primeira passagem pela CYP2E6, uma enzima com grande variabilidade genética. Também é uma enzima muito influenciada por outros medicamentos como fenobarbital (indutor), o que faria que o tricíclico seja mais metabolizado e seu efeito farmacológico seja inibido. Fluoxetina é inibidor de CYP2E6. Inibidores da MAO (IMAO) MAO é a enzima monoaminaoxidase. Existe, principalmente, no tipo A e B, que diferem em localização e no neurotransmissor que degradam (serotonina e dopamina, respectivamente). IMAO podem ser seletivos para MAO A, como clorgilina e moclobemida. Podem ser seletivos para MAO B, como selegilina (mais usada para tratamento do Parkinson). E existem os não seletivos, como fenelzina, iproniazida, pargilina e tranilcipromina. Existem inibidores reversíveis de MAO e não reversíveis de MAO. Moclobemida é um inibidor seletivo de MAO A e reversível. Tranilcipromina é um inibidor irreversível de MAO A e MAO B. Interação A MAO A do trato gastrointestinal é responsável por degradar a tiramina, presente em vários alimentos. Se essa tiramina não é degradada e é absorvida, aumenta-se a liberação de noradrenalina no paciente, podendo gerar uma crise hipertensiva. Se um paciente tomava um IMAO irreversível e volta a comer os alimentos (queijo, vinho, fígado de galinha, chocolate) imediatamente, antes de o organismo sintetizar novas MAO, ele terá a crise hipertensiva. Essa síntese ocorre de sete a quinze dias. Inibidores seletivos da recaptura de serotonina (ISRS) São fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram (mais seletivo da classe) e fluvoxamina. Possuem meia vida de eliminação mais longa, sendo usados menos vezes ao dia. Não interagem com alimentos. Fluoxetina e paroxetina inibem enzimas do citocromo P450, como dos tricíclicos. É uma das classes mais utilizadas por idosos. Efeitos adversos Geram distúrbios do trato gastrointestinal por a serotonina se ligar nos receptores 5-HT3 no TGI, receptores nos quais antieméticos (como ondasetrona) se ligam. Geram disfunções sexuais como perda de libido. Associações com IMAO terá um grande acúmulo de serotonina, que não será degradada nem recaptada. Gera síndrome seratoninérgica, que gera hipertemia, rigidez muscular, mioclonia, confusão mental, excitação. Fluoxetina é um dos fármacos que menos causa síndrome de descontinuação se for retirada rapidamente por sua meia vida de eliminação longa. Inibidores da recaptura de serotonina e noradrenalina (IRSN) Venlafaxina possui o mesmo mecanismo de ação dos tricíclicos, porém com estrutura química diferente. Possui, Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI também, a vantagem de não bloquear outros receptores, não produzindo os efeitos colaterais produzidos pelos tricíclicos. Quando tomada em doses maiores que 225mg/dia pode ter aumento da frequência cardíaca e de pressão arterial por acúmulo de noradrenalina. Existe na forma XR (liberação longa), devendo ser tomada uma vez ao dia, enquanto na forma não XR é tomada até três vezes ao dia. Antidepressivo noradrenérgico e serotoninérgico específico (ANASE) Mirtazapina é um exemplo de medicamento dessa classe. No neurônio serotoninérgico pré sináptico tem um receptor de serotonina, que, se ligados, irá parar a liberação de serotonina. Contudo, nesse neurônio também tem receptores alfa adrenérgicos (de noradrenalina). Quando a noradrenalina se liga, para a liberação de serotonina. A Mirtazapina bloqueia os receptores alfa adrenérgicos nos neurônios serotoninérgicos. Mirtazapina é indicada para tratamento da depressão ansiosa, uma vez que bloqueia receptor H1, causando sonolência. Bloqueadores da recaptura de noradrenalina e dopamina (IRND) Bupropiona trata ansiedade, é ansiolítica, trata depressão e é usada para tratamento para abandonar o hábito de fumar, uma vez que esse hábito gera elevação dos níveis de dopamina no SNC, o que gera prazer em fumar. É um medicamento que deve ser usado com cuidado em pacientes com epilepsias, pois aumenta a excitabilidade neuronal, aumentando o risco de convulsão. Aula 5 – 19/08/2021 Anestésicos gerais Podem ser venosos ou inalatórios. Os anestésicos gerais foram descobertos em 1846 por um pesquisador dentista que buscava substâncias que poderiam ter atividade anestésica. A primeira substância com sucesso foi o éter, que não é mais utilizado. No século XIX várias outras substâncias foram sendo tesadas com o intuito de serem anestésicos gerais, e algumas obtiveram sucesso. Anestésicos gerais são fármacos que inibem de maneira não seletiva, porém reversível, o SNC, produzindo analgesia, perda de consciência, relaxamento da musculatura esquelética e redução da atividade reflexa (quatro pilares). Os anestésicos endovenosos são administrados através de acesso venoso e não necessitam de absorção, com efeito quase imediato. São mais utilizados para indução anestésica. Os anestésicos gerais inalatórios são administrados pelo sistema de ventilação do aparelho de anestesia. Tem absorção para corrente sanguínea através dos alvéolos. O início dos efeitos pode demorar, sendo mais utilizado para manter anestesia do que para induzir. Características ideais para os anestésicos gerais Rápida indução e recuperação da anestesia; Que o aprofundamento dos níveis da anestesia se dê de maneira sutil e rápida (os estágios são analgesia, excitação, anestesia e depressão bulbar); Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Que o relaxamento da musculatura esquelética seja satisfatório; Boa margem de segurança; Menor número de efeitos colaterais. Pode-se ter anestesia balanceada ao utilizar-se outro medicamento concomitante com o anestésico geral em busca de atingir essas características. Um exemplo é um benzodiazepínico, ou um bloqueador neuromuscular, ou um analgésico opioide. Anestésicos endovenosos Tiopental Tiopental é um anestésico da classe dos barbitúricos. Possui alta lipossolubilidade,o que causa indução anestésica rápida, mas curta duração de ação. Isso faz com que ele não seja interessante para atuar na manutenção da anestesia. Por ser muito lipossolúvel, também tem grande afinidade por tecido adiposo, onde será captado e passará por redistribuição. Isso faz com que o tempo de recuperação do paciente seja lento. É um medicamento que se liga extensamente à proteínas plasmáticas. Assim, paciente com hipoalbuminemia ou problemas hepáticos aumentará a liberação do tiopental e aumentará seu efeito. O tiopental potencializa o risco do paciente ter porfiria intermitente aguda. Pode causar depressão respiratória, indo para apneia. Diminui pressão intracraniana e pressão intraocular. Causa queda de pressão arterial por depressão miocárdica e vasodilatação periférica (o que gera taquicardia compensatória). Propofol Tem início de ação rápido, mas tem rápida recuperação por ter amplas rotas de biotransformação (hepática e extra- hepática, como no pulmão). É capaz de reduzir pressão arterial por ter vasodilatação periférica e inotropismo. Pode causar depressão respiratória. Reduz pressão intracraniana e intraocular. Possui ação antiemética. Etomidato Também deprime sistema nervoso central, mas interessante para pacientes com reserva cardiovascular limitada, por ter maior margem de segurança entre a dose anestésica e a dose que causa depressão cardiorrespiratória. Pode produzir movimentos involuntários, sendo, assim, interessante associar benzodiazepínico. Causa depressão da função da suprarrenal. Assim, a produção de cortisol será reduzida, podendo gerar problemas hidroeletrolíticos, alteração de pressão arterial. Cetamina Enquanto todos os outros potencializam as sinapses inibitórias, enquanto a Cetamina inibe as sinapses excitatórias por bloquear o receptor NMDA (glutamato). Gera anestesia dissociativa, podendo gerar alucinações, delírios etc., reduzido com associação de benzodiazepínicos. Aumenta o risco de hipertensão e aumenta a pressão intracraniana por inibir a recaptação de noradrenalina no neurônio. Pode ser utilizada na sequência da intubação orotraqueal. Aumenta adrenalina e broncodilatação, consequentemente. Anestésicos inalatórios São subclassificados naqueles que já são gases, como óxido nitroso (N2O), conhecido como gás hilariante; ou halogenados, que são comprados na forma líquida e são vaporizados, como halotano, enflurano, isoflurano, desflurano, sevoflurano etc. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI De maneira geral, todos podem aumentar a pressão intracraniana e reduzir a pressão arterial. CAM é a concentração alveolar mínima, que é a medida de potência de um analgésico inalatório, ou seja, a dose eficaz para 50% dos pacientes. Quanto menor a CAM de um anestésico inalatório, maior sua potência, pois será necessária uma concentração menor do anestésico para gerar o efeito farmacológico, e vice versa. O óxido nitroso é o que possui maior CAM e, consequentemente, menor potência. O coeficiente de partição sangue e gás, que é quão solúvel no sangue é o anestésico inalatório. Se alto, é um anestésico com maior solubilidade sanguínea e vice versa. Para um anestésico, é melhor o coeficiente ser baixo, pois demorará menos tempo para passar para o cérebro e gerar ação. Óxido nitroso Possui uma CAM alta, ou seja, é pouco potente, mas tem coeficiente de partição baixo, tendo início da ação rápida. É mais utilizado em associação com outros fármacos porque gera efeito segundo gás, acelerando o início de ação do outro medicamento, por causar expansão alveolar. Não depende de enzimas para ser metabolizado, sendo eliminado pelo ar exalado do pulmão. Halotano Tem baixa CAM, mas alto coeficiente de partição. Tem alto risco de gerar hipertermia maligna em pacientes susceptíveis, que necessita do antagonista dantroleno. Gera risco de arritmias cardíacas por sensibilizar o miocárdio às catecolaminas. Tem como metabólito o ácido triflioracetilacético, que gera lesão nas células hepáticas, podendo evoluir como necrose hepática. Isoflurano, enflurano, sevoflurano e desflurano Possuem coeficiente de partição mais baixo. Enflurano não é indicado para pacientes epilépticos. Sevoflurano gera como metabólito o composto A, que pode causar lesão renal. Desflurano não é interessante para indução, pois o odor é irritante, causando laringoespasmo, tosse etc. Aula 6 – 24/08/2021 Antipsicóticos Fármacos antipsicóticos também são chamados de tranquilizantes maiores, neurolépticos, antiesquizofrênicos etc. A principal psicose diagnosticada na clínica é a esquizofrenia, fazendo com que a classe também seja chamada assim. Esquizofrenia é uma doença caracterizada pela presença de dois tipos de sintomas totalmente diferentes, sendo os sintomas positivos e os sintomas negativos. Os sintomas positivos se assemelham a uma agitação psíquica, com alucinações, manias de perseguição, violência, delírios, distúrbios do pensamento, comportamentos Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI anormais, incoerência no discurso, posturas físicas bizarras etc. Já os sintomas negativos envolvem isolamento social, embotamento afetivo, déficit da função cognitiva, introversão, negativismo etc. A mudança de um tipo de sintoma para outro pode acontecer até no mesmo dia. Existem hipóteses que tentam explicar a fisiopatologia da esquizofrenia, sendo uma delas a genética, com uma alteração no cromossomo 5. Por isso, os sintomas podem aparecer somente na fase adulta, tendo o paciente uma infância normal até algum gatilho de ativação desse gene. Outra hipótese envolve as bases neuroquímicas, com deficiência de noradrenalina, hipofunção glutaminérgica e hiperfunção dopaminérgica. O principal neurotransmissor aqui é a dopamina. O indivíduo com esquizofrenia tem alteração dos níveis dopaminérgicos, podendo estar estes aumentados ou diminuídos. No sistema nervoso central tem-se várias vias dopaminérgicas diferentes, sendo quatro principais para o estudo da esquizofrenia: mesolímbica, mesocortical, nigroestrital e tuberoinfodibular. A dopamina de cada via atua em uma área diferente. Quando se produz dopamina em quantidades ideais nas vias mesolímbica e mesocortical, tem-se controle de emoções e comportamentos. Na via nigroestrital tem-se controle da coordenação motora. Se o paciente apresenta deficiência nessa via, tem-se o Parkinson. A via tuberoinfodibular gera dopamina para inibir a secreção de prolactina. No paciente esquizofrênico as vias mais afetadas são as mesolímbica e mesocortical. Tem-se excesso de dopamina na via mesolímbica e redução de dopamina na via mesocortical. O excesso de dopamina na via mesolímbica induz os sintomas positivos e a redução de dopamina na via mesocortical induz os sintomas negativos. Essa dualidade das vias mesolímbica e mesocortical faz ser complexo o tratamento de esquizofrenia. Os antipsicóticos são medicamentos úteis no tratamento da esquizofrenia, bem como outras psicoses de agitação. Existem dois grupos de antipsicóticos, os típicos ou de primeira geração ou os atípicos, de segunda geração. Dentro dos antipsicóticos típicos, tem- se a clorpromazina (amplictil), a levomepromazina, a triflupromazina, tioridazina, flufenazina, haloperidol (haldol) etc. Os de segunda geração são clozapina, olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona, aripiprazol. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Antipsicóticos típicos O mecanismo de ação dos antipsicóticos típicos é pelo bloqueio dos receptores de dopamina do tipo D2 no sistema nervoso central. Assim, na via mesolímbica, tem-se bloqueio dos receptores de dopamina, fazendo com que o excesso de dopamina não consigase ligar e o paciente não apresente os sintomas positivos. Porém, esses medicamentos não são seletivos, bloqueando também os receptores D2 na via mesocortical, intensificando os sintomas negativos. Ainda, bloqueiam os receptores dopaminérgicos na via nigroestrital, gerando distúrbios de movimento, com sintomas extrapiramidais. Ainda, também bloqueiam os receptores de dopamina na via tuberoinfundibular, gerando secreção de prolactina. Essa hiperprolactinemia na corrente sanguínea pode gerar ginecomastia, secreção de leite pelas mamas, alterações de libido, aumento de pelos no corpo, amenorreia em mulheres etc. Ainda, antipsicóticos típicos bloqueiam receptores muscarínicos, gerando boca seca, dificuldade de urinar, constipação intestinal. Também bloqueiam receptores alfa adrenérgicos, gerando hipotensão ortostática. Bloqueiam receptores dopaminérgicos, gerando síndrome de Parkinson, acatasia, distonias. Bloqueiam receptores histamínicos, gerando sedação, aumento de peso. Bloqueiam receptores dopaminérgicos, gerando amenorreia, galactorreia, impotência, ginecomastia. Geram reação idiossincrásica, com síndrome maligna antipsicótica (hipertermia, rigidez, alterações de consciência). Quanto mais efeito anticolinérgico e antimuscarínico o medicamento tiver, menos efeitos extrapiramidais ele gera. A clorpromazina é mais anticolinérgica do que o haloperidol. Isso, uma vez que o bloqueio dos receptores de acetilcolina gera aumento dos níveis de dopamina, uma vez que dopamina e acetilcolina se regulam entre si na via nigroestrital. Antipsicóticos atípicos Já o mecanismo de ação dos antipsicóticos atípicos é mais complexo. Eles também bloqueiam os receptores de dopamina do tipo D2. Porém, além de bloquear os receptores de dopamina, também bloqueiam os receptores de serotonina pré-sinápticos. Se a serotonina se liga no neurônio, para-se a liberação de dopamina (heterorregulação). Se bloqueado o receptor de serotonina (5 HT-2), a dopamina será liberada na fenda. Essa dopamina em excesso desloca o medicamento do receptor D2. Se a dopamina está ligando no seu receptor, a secreção de prolactina irá diminuir, tendo regulação da via tuberoinfundibular e não gerando hiperprolactinemia. Na via nigroestrital, o antipsicótico atípico irá novamente bloquear receptor de dopamina D2 e os receptores de serotonina 5HT-2. Se a serotonina se ligasse no seu receptor, pararia a liberação de dopamina. Bloqueando o 5HT-2, a serotonina não se liga, não para a liberação de dopamina que, assim, ficará em excesso. O aumento da dopamina na fenda irá gerar competição com o antipsicótico pelo receptor D2. Assim, a dopamina se liga no seu receptor e o paciente, nessa via, não gera o distúrbio de movimento nem sintomas extrapiramidais. Na via mesocortical, ocorre a mesma sequência: bloqueio D2, bloqueio 5HT-2, excesso de dopamina, ligação da dopamina no D2. Com isso, os sintomas negativos serão tratados, com ligação da dopamina no receptor. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Na via mesolímbica, especificamente, a expressão de receptores 5HT é muito baixa. Assim, bloqueia-se os receptores D2, mas não se bloqueia 5HT, fazendo com que não haja liberação de dopamina, essa não compita com o medicamento pelo D2 e trate, também, os sintomas positivos. O aripiprazol é o mais novo antipsicótico atípico, tendo um mecanismo de ação um pouco diferente, sendo um agonista parcial de dopamina. Assim, ele se liga no receptor de dopamina e produz 50% da ação que a dopamina produziria. Assim, os pacientes não geram os efeitos positivos. Na mesocortical, o aripiprazol se liga, gera efeito da dopamina, mesmo que em menor intensidade, e também trata os sintomas negativos. Esse medicamento em especial é mais utilizado quando o paciente tem contra indicação dos outros medicamentos. A clozapina, um antipsicótico atípico, é utilizado em situações específicas, em um paciente de difícil tratamento, ou seja, pacientes esquizofrênicos refratários. Ela pode gerar agranulocitose, necessitando hemogramas semanais. Também pode gerar convulsões. Neutrófilos podem cair para 1500, leucócitos para 3000. A quetiapina possui uma estrutura química parecida com a clozapina, mas não gear o risco de agranulocitose, sendo, entretanto, menos eficaz que a clozapina. Porém, gera cefaleia, sonolência e tontura. A risperidona é um dos que menos produzem efeitos colaterais se utilizado em menores doses que 8mg/dia. A ziprasidona gera sonolência, obstipação, náuseas, astenia. Gera possibilidade de arritmias cardíacas (prolongamento do intervalo QT), não sendo indicada para cardiopatas. Aula 7 – 26/08/2021 Estabilizadores de humor É uma classe de medicamentos usada para tratamento do transtorno bipolar. No transtorno bipolar, o paciente possui episódios maníacos que ciclam com episódios depressivos. O estado maníaco é um estado de humor exaltado, permanecendo durante dias, semanas ou meses nesse episódio. Depois desse tempo, ele cicla para o episódio depressivo, onde permanece também por um período de tempo. As principais manifestações clínicas do paciente no episódio maníaco são: Estado de humor elevado/excessivo, com alegria contagiante ou uma irritação agressiva; Elevação brusca de alto-estima; Sensação de grandiosidade, podendo chegar a manifestações delirante de grandeza, considerando-se uma pessoa especial; Uma forte pressão para falar ininterruptamente (fuga de ideias). Já o estado depressivo, apresenta: Humor depressivo; Autoestima em baixa, com sentimentos de inferioridade; Capacidade física comprometida, pois a sensação de cansaço é constante; As ideias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida; Sono diminuído, mas não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Dentro dos medicamentos utilizados para tratamento do transtorno bipolar, destacam-se lítio, ácido valpróico e carbamazepina. O lítio é considerado padrão ouro para tratamento do transtorno bipolar. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI A melhor conduta é utilizar esses estabilizadores de humor para que o paciente não entre nem na fase maníaca nem na depressiva. Nas fases mais intensas de mania, pode-se usar, de forma temporária, os antipsicóticos. Nas depressões resistentes, pode-se usar, com muita cautela, antidepressivos. Porém, com esses medicamentos, o paciente pode passar para a fase maníaca, numa virada maníaca. Fisiopatologia No transtorno bipolar, tanto na fase maníaca quanto na fase depressiva, o paciente tem redução dos níveis de serotonina. Ainda, também também tanto na maníaca quanto na depressiva, o paciente tem excesso na atividade da enzima adenilatociclase e excesso da atividade de fosfolipase C. Lítio O lítio é um medicamento comercializado na forma de sal de lítio, pois o lítio puro é um cátion monovalente (Li+). São utilizados acetato, glutamato, citrato ou carbonato de lítio. O mais usado na clínica é o carbonato de lítio, conhecido comercialmente como carbolitium. O lítio é quase que completamente absorvido após a sua absorção oral, 8 horas após a utilização. O pico de concentração plasmática é observado depois de 2 a 4 horas de ingestão do fármaco. Ao atingir a corrente sanguínea, o lítio se liga muito pouco à proteínas plasmáticas e também possui um baixo volume de distribuição. A passagem do lítio pela barreira hematoencefálica é considerada lenta, uma vez que o lítio é um cátion, tendo cargas, o que dificulta sua passagem para o SNC. Por isso, seu início de ação é considerado lento. É quase que completamente excretado pelos rins, sendo filtrado pelos glomérulos renais e 80% delesendo reabsorvido no túbulo contorcido proximal e alça de Henle. Assim, os diuréticos que atuam no túbulo contorcido distal não influenciam na eliminação do lítio. O lítio tem meia vida de eliminação de 24 a 48 horas. Isso significa que, depois de em média 30 horas de utilização do lítio, ele terá sido aproximadamente 50% eliminado do organismo. Para entender o período de tempo que o lítio necessita para exercer seu efeito farmacológico máximo, calcula-se 5 vezes seu tempo de meia vida de eliminação. O lítio possui um baixo índice terapêutico, ou seja, baixa margem de segurança. Por esse motivo, é necessário monitorização terapêutica com o lítio, isto é, dosagem das concentrações plasmáticas do lítio para avaliar se ele está dentro das concentrações necessárias para o tratamento, isso devendo ser feito após 5 a 7 dias o início do uso do lítio. A concentração plasmática deve estar entre 0,6 a 0,8 mEq/L, estando dentro da concentração intermediária. Em pacientes idosos e em pacientes com problemas renais, pode-se encontrar concentrações plasmáticas menores. Em idosos deve ser de 0,4 a 0,6 mEq/L, pois, para idosos, a dose do lítio administrada é menor. No paciente que está em fase maníaca, pode-se necessitar uma dose maior de lítio, encontrando, também, uma concentração plasmática maior, de 0,8 a 1.0 mEq/L. O lítio possui três mecanismos de ação importantes. O lítio aumenta a síntese de serotonina no organismo do paciente por aumento da captação do triptofano pelos neurônios do paciente, e o triptofano é um precursor para a síntese de serotonina; O lítio também inibe a adenilato ciclase, impedindo a formação de AMPc e, consequente, a atividade Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI da PKA. Isso também é responsável pelo aparecimento de efeitos colaterais, como poliúria e redução T3 e T4. O ADH possui um receptor nos rins, precisando ativar a adenilato ciclase para ter uma ação antidiurética. A redução dos hormônios tireoidianos se dá por o lítio produzir um falso hipotireoidismo. Isso, uma vez que o receptor de TSH na tireoide é acoplado à proteína G; Ainda, o lítio também inibe a atividade da fosfolipase C por reduzir a formação de bifosfato de fosfatidilinositol. O lítio tem uma baixa margem de segurança, com risco de toxicidade se usado em maiores doses. Em doses terapêuticas, o lítio produz reações adversas como: Distúrbios cognitivos (embotamento afetivo, indiferença, diminuição da criatividade, atenção, concentração e memória); Tremor dose dependente (podendo ser utilizados betabloqueadores); Náuseas, vômitos, diarreias, cólicas (no início do tratamento); Arritmias reversíveis; Poliúria dose dependente, interferindo na vida normal e sono do paciente; Redução de T3 e T4, que devem ser dosados a cada 6 meses; Moderada leucocitose; Reações dermatológicas idiossincrásicas (acne, psoríase etc.) Ainda, o lítio pode gerar intoxicação se usado em doses maiores do que as terapêuticas. O diagnóstico de intoxicação se dá pelo exame clínico e pelos níveis séricos, maiores que 1,0 mEq/L. A intoxicação leve caracteriza por: apatia, letargia, lentificação, sonolência, fraqueza muscular, dificuldade de concentração e tremor grosseiro das mãos. Deve-se ter suspensão do uso. Esses sintomas também aparecem na intoxicação moderada de forma mais intensa, aparecendo, também disartria (distúrbio de articulação de fala) e ataxia (perda do controle muscular durante movimentos voluntários). Na intoxicação grave, apresenta-se, além dos outros sintomas, confusão mental, delírio, crises convulsivas, alteração na consciência. Necessitam de cuidados cardiorrespiratórios. No tratamento da intoxicação, de maneira geral, suspende-se o uso do lítio. Na intoxicação leve, somente a retirada do lítio já é eficiente. Se a concentração sérica for menor que 3 mEq/L, deve-se suspender o lítio e fazer infusão de solução salina, desde que o paciente tenha função cardíaca e renal adequada. Agora, se a concentração plasmática de lítio for maior que 3 mEq/L, ele deve fazer diálise. Ácido valpróico É um anticonvulsivante, importante para pacientes que não respondem ao lítio. Pacientes com transtorno bipolar também têm redução dos níveis de GABA em ambas as fazes do transtorno. O ácido valpróico potencializa a ação do GABA, dificultando que o paciente entre tanto na fase maníaca quanto na depressiva. Pode ser associado com o lítio, se somente este não gerar resposta adequada no paciente. Carbamazepina Também potencializa a ação do GABA, melhorando o estado de humor do paciente. Pode ser associado ao lítio. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Aula 8 – 02/08/2021 Analgésicos opioides São medicamentos utilizados no tratamento da dor em geral. São fármacos que atuam no SNC, impedindo a condução do impulso doloroso. Consequentemente, podem causar dependência e tolerância, sendo prescritos com cautela, sendo a dor de moderada a intensa, que não é tratada com analgésico periférico. Existe a escala analógica visual (EAV), com uma régua com expressões faciais que a pessoa aponta para qual o nível da dor. Utilizado principalmente por criança. Para adultos, já se pode perguntar de 1 a 10. Analgésicos opioides são derivados da papoula, da qual se extrai um alcaloide, o ópio, do qual se extrai, por exemplo, morfina, considerada o modelo de analgésico opioide. Existem outros analgésicos, até sintéticos, com uma potência analgésica maior que a da morfina. O organismo produz endogenamente os peptídeos opioides endógenos, sendo os principais as endorfinas, as dinorfinas e as encefalinas. Esses opioides se ligam em receptores opioides, sendo eles os mi, os kappa e os delta. Cada peptídeo opioide pode se ligar com uma afinidade diferente a um receptor. As endorfinas se ligam com maior afinidade nos receptores do tipo mi, enquanto as dinorfinas se ligam com maior afinidade nos receptores do tipo kappa e as encefalinas nos do tipo delta. Ao se ligarem nos receptores, os peptídeos opioides promovem como principal efeito a analgesia, não sendo uma analgesia intensa. Além da analgesia, esses peptídeos podem produzir outros efeitos. Os analgésicos opioides possuem estrutura química semelhante aos peptídeos opioides, mas, que na forma de medicamento, se ligam nos receptores com maior intensidade, gerando uma analgesia mais intensa. Os analgésicos opioides possuem maior afinidade pelos receptores do tipo mi, gerando uma analgesia mais intensa, porém, gerando também outros efeitos. Um dos efeitos é a euforia, ou seja, sensação de bem estar, com redução da sensação de ansiedade. Isso é um dos principais motivos da dependência ao medicamento. Os medicamentos opioides também podem causar contração da pupila por atuar no nervo oculomotor, gerando a miose, que é importante para diagnóstico de intoxicação por opioide. Nessa intoxicação, a pupila fica puntiforme. Drogas opioides como a heroína também geram esse efeito. Também causam bradicardia, com exceção da meperidina, ou dolantina, que causa taquicardia por ter ação anticolinérgica. Um dos principais efeitos colaterais dos analgésicos opioides é sua capacidade de causar depressão respiratória. Isso por atuar no tronco encefálico, região responsável por controle da respiração. É um dos principais motivos de morte dos pacientes intoxicados com substâncias opioides. Essa depressão respiratória também pode vir por os analgésicos opioides aumentarem a rigidez torácica, diminuindo a complacência pulmonar (capacidade de expansão dos pulmões). Analgésicos opioides também geram sedação, principalmente em idosos e Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLIpacientes que fazem uso de outros medicamentos depressores do sistema nervoso central. Os opioides também podem causar efeitos colaterais fora do sistema nervoso central. Isso, uma vez que existem receptores opioides fora do SNC, como no intestino. Quando o medicamento se liga nos receptores presentes no intestino, ele diminui o peristaltismo intestinal, apresentando quadros de constipação. Existe um medicamento opioide utilizado para tratamento da diarreia, a loperamida, ou imosec. No intestino, a loperamida se liga nos receptores do tipo mi e diminui o peristaltismo intestinal. Não exige retenção de receita por não ultrapassar a barreira hematoencefálica, atuando apenas perifericamente, não gerando dependência. Outro medicamento que atua dessa forma é o difenoxilato. Também é um opioide que não ultrapassa a barreira hematoencefálica. Mecanismo de ação Os receptores opioides são metabotrópicos (acoplados a proteína G, associados a adenilato ciclase). Quando o paciente utiliza o analgésico opioide, ele se liga nos receptores opioides mi no neurônio pré-sináptico. Nisso, a adenilato ciclase será inibida e os canais de cálcio irão se fechar, não ocorrendo a liberação do neurotransmissor e não tendo a transmissão do impulso nervoso. Porém, o medicamento também atua no neurônio pós-sináptico, que também possui receptor do tipo mi. Quando se liga aqui, também inibe a adenilato ciclase, mas a sinalização será diferente, para abertura dos canais de potássio, mais expressivos nos neurônios pós-sinápticos. O potássio irá sair (carga positiva), deixando o neurônio negativo, hiperpolarizado, inibido, conduzindo ainda menos o impulso nervoso. Classificação dos opioides Os opioides de maneira em geral são classificados. A primeira classe é os agonistas puros, agonistas dos receptores opioides, imitando a ação dos opioides endógenos. São: morfina, metadona, petidina (meperidina), fentanil, alfentanil, sufentanil, remifentanil, codeína, oxicodona, propoxifeno e difenoxilato. Todo analgésico opioide tem sua potência comparada com a da morfina, considerada 1. Por exemplo, meperidina e tramadol são 10 vezes menos potentes que a morfina. A codeína, é 12 vezes menor. A oxicodona é 2 vezes maior. O alfentanil é de 10 a 20 vezes maior; remifentanil 50 a 100; fentanil 100; sufentanil de 500 a 1000. Oxicodona deve ser utilizada por um período de 15 dias, pois pode causar dependência. Existe adesivo de fentanil. O restante mais potente que a morfina é somente por via endovenosa. Metadona é utilizada para tratar dependência por opioides, principalmente na crise de abstinência. A metadona possui uma meia vida de eliminação longa e demora mais tempo para gerar dependência. Junto da metadona, é feito um tratamento psicoterápico. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI A buprenorfina também é usada para tratar dependência por ser um agonista parcial. Já na intoxicação, precisa-se de um antagonista opioide, como a naltrexona, a naloxona e o nalmefeno. A naloxona é indicado para reversão dos efeitos agonistas, agindo de 1 a 3 minutos. A meia vida de eliminação é curta, de 30 a 80 minutos (requer doses adicionais). É metabolizado no fígado, primeiro por conjugação com glicuronídio e excretado pela urina. A dose habitual é de 0,1 a 0,4mg por via IV para depressão respiratória e do SNC. A naloxona também existe na forma de spray nasal. Já nalbufina e butorfanol são agonista- antagonistas. São agonistas para os receptores opioides do tipo kappa e antagonistas dos receptores opioides do tipo mi. É uma opção para pacientes com doenças respiratórias, mas possuem menor potência. Farmacocinética De maneira em geral, os analgésicos opioides podem ser utilizados por via endovenosa, oral, transdérmica, nasal etc. São todos muito bem absorvidos por serem muito lipossolúveis. Quando usados por via oral, a resposta farmacológica pode variar de paciente para paciente, pois opioides sofrem muito metabolismo de primeira passagem no trato gastrointestinal. Quando o opioide chega na corrente sanguínea, se liga a proteínas plasmáticas e são distribuídos para tecidos com grande vascularização. Podem ficar acumulados em tecidos menos perfundidos, como o tecido adiposo. Deve ser biotransformado para ser transformado em hidrossolúvel e ser excretado pela urina. Isso ocorre por conjugação com ácido glicurônico, principalmente no fígado. As enzimas atuantes aqui são CYP3A4 e CYP2D6. Um opioide não depende do citocromo P450, o remifentanil, que sofre hidrólise pelas esterases teciduais. Importante para pacientes com problemas hepáticos. Quando a morfina é metabolizada gera dois metabólitos: morfina-3-glicuronídeo, que é neuroexcitatória, induzindo o paciente a crises convulsivas; e o metabólito morfina-6- glicuronídeo, considerado mais potente que a própria morfina. Em indivíduos com doenças renais, a morfina-6-glicuronideo pode causar quadros de sedação. Resumo Os analgésicos opioides podem ser utilizados para analgesia, tosse (inibem o centro da tosse), diarreia e anestesia. A toxicidade de efeitos indesejados são depressão respiratória, náusea, vômitos e constipação, além de tolerância e dependência. As contra indicações são uso de agonistas puros com agonistas parciais fracos; pacientes com lesões cranioencefálicas (aumenta pressão intracraniana, já aumentada na lesão); gravidez (ultrapassam barreira placentária); comprometimento pulmonar, hepática e renal. Um paciente dependente de naltrexona com prescrição de analgésico opioide não terá efeito. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Aula 9 – 09/09/2021 Distúrbios neurodegenerativos antiparkinsonianos O Parkinson é uma das doenças neurodegenerativas mais diagnosticadas. A fisiopatologia é a perda de neurônios da substância negra. São neurônios responsáveis pela síntese e liberação de dopamina. Fazem conexão com os gânglios de base, sendo putâmen, núcleo caudado e globo pálido. A via nigroestrital faz o controle dos movimentos. A dopamina da via nigroestrital inibe a liberação de acetilcolina. No paciente com Parkinson tem-se perda desses neurônios da substância negra, gerando depleção de dopamina no sistema extrapiramidal. A faixa etária acometida por Parkinson é principalmente entre a quinta e sexta décadas de vida. Existem três sintomas clássicos do Parkinson: Bradicinesia (dificuldade em iniciar os movimentos); Tremor de repouso; e Rigidez muscular. Outros sintomas são instabilidade postural, sintomas autonômicos, alterações emocionais, alterações de voz e espasmos dolorosos. Antiparkinsonianos O objetivo do tratamento é reverter os sintomas responsáveis por imobilidade, fraturas e infecções a que estão sujeitos os pacientes. O tratamento deve iniciar quando os sintomas começarem a prejudicar o desempenho profissional ou as tarefas diárias dos pacientes. O esquema posológico pode ser reavaliado ou reajustado. Os tratamentos envolvem farmacologia, exercícios físicos, terapia ocupacional, psicoterapia e suporte familiar. Quando se tem parkinsonismo secundário, deve-se tratar a causa base. Precursor dopaminérgico A levodopa é padrão ouro no tratamento do Parkinson. Gera aumento da biossíntese da dopamina no cérebro. Tem-se redução significativa dos sintomas na maioria dos pacientes (principalmente bradicinesia e rigidez). A dopa descarboxilase transforma a levodopa em dopamina. Existe periférica e central. Para não ser degradada perifericamente, não deve ser utilizada isolada, sendo produzida com carbidopa ou benzerasida por estes inibirem a dopa descarboxilase periférica. Os efeitos colaterais advêm da dopaterapia por conversão da levodopa perifericamente,podendo gerar náuseas e vômitos, arritmias cardíacas, hipotensão ortostática etc. A associação de levodopa e barbidopa ou benzerasida é importante para aumento da concentração plasmática da levodopa, diminuindo a dose necessária de levodopa e também diminuindo os efeitos colaterais. É bem absorvida no intestino delgado, com pico entre 1 e 2 horas. Muitos pacientes precisam de associação da levodopa com outros medicamentos. Anticolinérgicos Os dois mais utilizados na clínica são triexifenidil e biperideno, que bloqueiam os receptores de acetilcolina no SNC. Porém, também bloqueiam perifericamente, gerando vários efeitos colaterais antimuscarínico, taquicardia, midríase, boca Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI seca, constipação intestinal, retenção urinária etc. Anticolinérgicos podem comprometer a absorção da levodopa. Inibidores de MAO B Tratam Parkinson por inibirem a MAO B, que degrada dopamina. Os mais usados são selegilina e rasagilina. São usadas para tratamento de Parkinson leve. São interessantes para associação em levodopa por potenciar sua ação. Os IMAO também são neuroprotetores, impedindo a perda do neurônio e progressão da doença. Isso, uma vez que a dopamina, quando metabolizada no SNC, gera H2O2, que por si só já é oxidante, mas, também, reage com o ferro na reação de Fenton, gerando o íon hidroxila, um radical livre altamente oxidante. Inibidores da COMT COMT é catecol-O-metiltransferase, que é outra enzima responsável pelo metabolismo da dopamina. São o entacapona e o tolcapona. Imagem: a levodopa, perifericamente, também é metabolizada pela COMT em menor proporção. Bloqueando COMT e MAO, tem-se muito mais dopamina. Tolcapona é inibidor de COMT periférica e central. Entacapona é inibidor apenas da COMT periférica. Porém, o tolcapona é muito hepatotóxico, necessitando rotineiramente de provas de função hepática. Liberadores de dopamina São representados pela amantadina, desenvolvida inicialmente como antiviral. Porém, foi-se observado que esse medicamento também aumenta a liberação de dopamina pelas vesículas pré sinápticas. Em monoterapia, é usada para terapia inicial da doença de Parkinson leve. Podem causar interação medicamentosa com antipsicóticos, que bloqueiam os receptores de dopamina, diminuindo o efeito do antipsicótico por a maior liberação de dopamina deslocar o antipsicótico do receptor. Agonistas dopaminérgicos Um agonista dopaminérgico imita a ação da dopamina, realizando a mesma função da dopamina endógena. Porém, não geram morte neuronal igual a dopamina, sendo neuroprotetores. São fármacos altamente eficazes, tratando desde o Parkinson leve até os quadros mais avançados da doença. Exemplos são bromocriptina e pergolida mais antigos, gerando mais efeitos colaterais; e ropirinol e pramipexol, que são mais seletivos pros receptores dopaminérgicos no SNC (D2). Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Aula 10 – 14/09/2021 Anticonvulsivantes Podem ser chamados de antiepiléticos, mas é um conceito errado, pois epilepsia é uma doença/afecção na qual uma pessoa apresenta crises epilépticas recorrentes desencadeadas por um processo subjacente crônico. As crises ocorrem devido a uma atividade elétrica anormal e excessiva dos neurônios, geralmente causada por alterações estruturais e/ou bioquímicas e que envolvem predominantemente o córtex cerebral. Assim, antiepiléticos são para uma doença crônica, enquanto a crise convulsiva pode ocorrer pontualmente. Quando um indivíduo tem epilepsia, a doença pode ser considerada incapacitante, mas existiram muitos personagens importantes historicamente que eram epilépticos. A epilepsia, então, não é incapacitante, mas é limitante. Atualmente, as crises convulsivas são classificadas em dois tipos: as focais, e as generalizadas. Na crise convulsiva focal, tem- se um excesso de despolarização neuronal em uma região específica do SNC, em somente um dos hemisféricos. É classificada, ainda, em crise focal simples e crise focal complexa. Na simples, tem-se preservação de consciência. Dura de 30 segundos a 1 minuto. Já na crise focal complexa, tem-se comprometimento da consciência e dura até cerca de 2 minutos. É caracterizada por contorcer de mãos e estalar de lábios. Pode evoluir para uma crise generalizada. A generalizada tem uma despolarização neuronal no SNC como um todo, nos dois hemisférios, gerando perda de consciência sempre. Se divide em tônico- clônica, durando de 1 a 2 minutos; e mioclônica, com contrações breves e curtas, de 1 a 2 segundos. Ainda, tem-se a crise de ausência, sem abalos, mas com perda de consciência, apresentando olhar fixo e sendo constantes. No tratamento, depende do tipo de crise apresentada pelo paciente. A carbamazepina, por exemplo, é um anticonvulsivante antigo muito utilizado, com bom expecto de ação contra crise focal complexa, por exemplo, mas podendo piorar o quadro clínico da crise de ausência. Anticonvulsivantes são, de maneira geral, fármacos que deprimem seletivamente o SNC, sendo usados na supressão de crises convulsivas. Drogas utilizadas nas crises parciais (focais) e crises tônico- clônicas generalizadas A fenitoína é um dos fármacos mais antigos, porém muito eficaz. É considerado não sedativo, não gerando sonolência. Bloqueia canais de sódio na membrana do neurônio pós-sináptico, inibindo potenciais de ação repetidos, impedindo a despolarização. É considerado um fármaco ácido, sendo bem absorvido no estômago e na primeira porção do intestino. Sendo tomado com antiácido pode ter absorção diminuída. Possui farmacocinética podendo gerar interações medicamentosas. Se liga muito à albumina, podendo gerar competição, com, por exemplo, o ácido valpróico, outro anticonvulsivante. A fenitoína também é indutora enzimática da CYP3A4, aumentando metabolismo de contraceptivos. Ainda, fenitoína segue uma cinética de saturação, ou seja, se utilizada em dose menor, as enzimas hepáticas metabolizam e a droga é excretada adequadamente. Com o aumento da dose, as enzimas podem se saturar. Isso requer a monitoração plasmática de fenitoína, que deve estar entre 10 e 20 microgramas/ml. Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Dentro as reações adversas, como: Efeitos estéticos indesejáveis (hirsutismo, ou aumento do crescimento de pelos); Hiperplasia gengival (fenitoína aumenta a síntese de fibroblastos gengivais, aumentando síntese de colágeno); Má-formação fetal hidantoínica (sela nasal, labo leporino, fenda palatina, alteração de desenvolvimento de membros, retardo mental); Problemas ósseos em pacientes jovens (inibe a síntese de osteoblastos). Outro medicamento é o fenobarbital, com mecanismo de ação através da ligação a um sítio regulador do GABA, potencializando-o e prolongando a frequência de abertura dos canais de cloreto. É sedativo, mas possui a vantagem de meia vida de eliminação longa (100 horas), fazendo o medicamento ser utilizado menos vezes ao dia, além de ser barato. Possui grande eficácia na crise tônico- clônica. A primidona é um medicamento anticonvulsivante, que também potencializa a ação do GABA, mas gera dois metabólitos, sendo um o fenobarbital e outro o PEMA, que também são anticonvulsivantes, sendo o PEMA com atividade contra as crises focais complexas. Assim, a primidona possui um expecto de ação melhor que o do fenobarbital. Outro medicamento anticonvulsivante é a carbamazepina, ou tegretol. O mecanismo de ação é bloquear os receptores de sódio na membrana do neurônio pós-sináptico, impedindo a despolarização neuronal. Deve-se começar com doses menores, de cerca de 200mg, sendo aumentada gradativamente para ficar entre 400 à 1600mg.Existem pacientes que podem necessitar de até 2000mg/dia de carbamazepina. Ao ser metabolizado, carbamazepina gera 10-11 epóxido, responsável por gerar vários efeitos colaterais. O oxcarbazepina é um medicamento que possui o mesmo mecanismo de ação da carbamazepina, mas com as vantagens terapêuticas, por não ser considerado indutor enzimático, diferentemente da carbamazepina, que induz várias enzimas do citocromo P450, inclusive a CYP3A4. Ainda, oxcarbazepina não gera o 10-11 epóxido como metabólito, gerando efeitos colaterais mais leves, mas sendo considerada menos potente, necessitando de uma dose maior para gerar o mesmo efeito farmacológico da carbamazepina, necessitando 50% a mais da dose. Não é comum associação de medicamentos anticonvulsivantes, uma vez que todos esses medicamentos induzem enzimas do citocromo P450, gerando interações medicamentosas entre eles. Os medicamentos falados até agora são mais antigos. Existem dois mais novos, a vigabatrina e a tiagabina. Esses medicamentos agem na enzima GABA T (transaminase), que está presente no neurônio pré-sináptico e é responsável por metabolizar o GABA. A vigabatrina inibe de maneira irreversível a GABA T, sendo, esse, mais liberado na fenda, se ligando mais no receptor, entrando mais cloreto no neurônio. O GAT1 é o transportador de GABA do tipo 1, que faz recaptação do GABA. A tiagabina inibe o GAT1, deixando mais GABA livre na fenda e potencializando sua ação. Esses dois fármacos produzem menos efeitos adversos e menos interações farmacológicas. Não inibem nem induzem enzimas do citocromo P450. Outro medicamento é o topiramato, muito utilizado até mesmo para dor de cabeça, pois impede a condução de impulso nervoso. Ele possui três mecanismos de ação anticonvulsivantes, inibindo sinapses excitatórias por bloquear a descarga repetitiva de neurônios por bloqueio de Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI canais de sódio dependente de voltagem; potencializa o efeito inibitório do GABA; e deprime ação excitatória nos receptores AMPA de glutamato. O topiramato também se liga pouco a proteínas plasmáticas. Também é uma droga excretada na sua forma inalterada na urina, não dependendo do fígado, mas devendo ser prescrevido com cuidado para pacientes nefropatas. Drogas utilizadas nas crises generalizadas de ausência A crise de ausência acontece por causa do excesso da entrada de cálcio (carga positiva) no neurônio. Assim, o neurônio despolariza muito. Um dos fármacos que mais bloqueia canais de cálcio é a etossuximida. Bloqueia os canais de cálcio tipo T voltagem dependente. Causa poucas interações medicamentosas, mas gera alterações gástricas, devendo começar com dose baixa sendo aumentada gradativamente; ou deve ser ingerido junto de alimentos. Outro fármaco é o ácido valpróico, que pode ser utilizado para o tratamento de vários tipos de crise, por possuir vários mecanismos de ação: Bloqueia canal de cálcio; Inibe GABA transaminase (potencializa ação do GABA); Bloqueia canal de sódio. É interessante para pacientes com mais de um tipo de crise. Porém, é hepatotóxico, necessitando monitorização. É o único anticonvulsivante inibidor enzimático. Junto da fenitoína, o ácido valpróico interage podendo deslocar a fenitoína da proteína plasmática, aumentando sua fração livre. Também pode inibir o metabolismo da fenitoína, inibindo sua excreção e aumentando sua concentração plasmática. A fenitoína, por sua vez, teriam aumentados seus efeitos adversos. Grupos especiais Na gravidez, a frequência das crises pode aumentar por efeitos endócrinos da gravidez sobre o SNC, variações farmacocinéticas e adesão ao tratamento. Deve-se ser feito avaliação em intervalos frequentes e monitorização de níveis séricos. Deve-se usar um medicamento que não gere efeitos teratogênicos, para não gerar anormalidades fetais. Os medicamentos de 1ª geração geram como efeitos mais apresentados dimorfismo facial, fenda labial, fenda palatina, defeitos cardíacos, hipoplasia digital e defeitos do tubo neural. O ácido fólico deve ser reposto em maior dose, por o anticonvulsivante aumenta o metabolismo dessa substância, assim como de vitamina K pelo risco de hemorragia neonatal. Aula 11 – 23/09/2021 Anti-hipertensivos A hipertensão arterial é considera uma condição clínica que pode ser ocasionada por vários fatores, sendo multifatorial, caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Associa frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvos (LOA) (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. Fisiopatologia geral Mecanismos envolvidos no controle são: Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI Volume intravascular (Na+); Sistema nervoso autônomo; Renina-angiotensina-aldosterona; Mecanismos vasculares; Aumento da concentração intracelular de cálcio. Medicamentos que causam redução do débito cardíaco ou diminuição da resistência vascular periférica vão reduzir a pressão arterial. Tratamento O tratamento é baseado no valor da pressão arterial do indivíduo (> 140x90 mmHg). Ainda tem-se os estágios, 1, 2 e 3. Ainda, o tratamento se baseia no risco cardiovascular do paciente. Se o paciente tem hipertensão 1 com risco cardiovascular baixo, inicia-se o tratamento não medicamentoso, como controle de peso. Para cada 5% de perda de peso corporal, a pressão diminui de 20-30%. Também pode-se restringir o consumo de sódio. BCC – Bloqueador de canais de cálcio Os BCC bloqueiam os canais de cálcio tipo L, presentes nos vasos sanguíneos, nas células musculares lisas. Existem três subclasses: diidropiridinas; benzotiazepínicos e fenilalquilaminas. As diidropiridinas são amlodipino, nifedipino, felodipino etc. Bloqueiam os canais de cálcio dos vasos sanguíneo, reduzindo a resistência vascular periférica do paciente. Os benzotiazepínicos destacam o diltiazem, que bloqueia canais de cálcio tanto nos vasos sanguíneos quanto no coração. A fenilalquilamina é verapamil, que possui afinidade pelos canais de cálcio presentes no coração. Reduzem o débito cardíaco. Os BCC não são fármacos de primeira escolha para tratamento da HAS por poderem gerar uma queda brusca de pressão arterial, podendo gerar reações adversas, como hipotensão, tontura, queda da própria altura etc. São utilizados principalmente quando o paciente não possui melhora clínica, ou quando o paciente necessita de associação de medicamentos. São interessantes na formulação de liberação controlada. Em curta duração podem causar cefaleia, tontura, rubor facial, edema de extremidades (por comprometimento do retorno venoso), constipação intestinal por bloqueio dos canais de cálcio no TGI, bloqueando peristaltismo (principalmente verapamil), bradicardia (ou taquicardia reflexa), além de hipotensão. Verapamil e diltiazem podem causar depressão miocárdio. Inibidores de ECA São, por exemplo, captopril, enalapril etc. Angiotensina II faz vasoconstrição por ligação nos receptores AT1, nas células musculares lisas no vaso. Ainda, angiotensina II também aumenta liberação de aldosterona, aumentando a retenção de sódio e de água, aumentando a pressão arterial. IECA inibem a conversão de angiotensina I para angiotensina II. Porém, a ECA também é responsável por degradar a bradicinina, que é vasodilatadora. O aumento da bradicinina, acumulando no pulmão, gera os efeitos Farmacologia II Rafaela Gontijo Lima XLI colaterais de tosse seca. Isso por ativar o centro da tosse do indivíduo. Outros efeitos colaterais são perda de paladar, possível hiperpotassemia (pela inibição
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