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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS BACHARELADO EM DIREITO MILENA PEREIRA MACHADO GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO LABOR FEMININO CAMAÇARI-BA 2020 MILENA PEREIRA MACHADO GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO LABOR FEMININO Monografia apresentada como requisito parcial de conclusão do curso de Bacharelado em Direito do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da Universidade do Estado da Bahia – Campus XIX. Orientador: Profa. Dra. Adriana Wyzykowski CAMAÇARI-BA 2020 FICHA CATALOGRÁFICA Sistema de Bibliotecas da UNEB Bibliotecária: Gicélia Bárbara Ribeiro Santos - CRB-5/820 S237p MACHADO, M. F Os impactos da reforma trabalhista no labor feminino/ Milena F. M. - Camaçari, 2020. 83 págs. Orientador: Prof. Me. Adriana. Trabalho de conclusão de curso (Graduação). Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias - Campus XIX. Graduação em Direito, 2019. 1. Labor feminino. 2. Direito do Trabalho. 3. Proteção social. MILENA PEREIRA MACHADO GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO LABOR FEMININO Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da Universidade do Estado da Bahia - Campus XIX, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito. Aprovada em 12/02//2020. Banca Examinadora Prof. Dra. Adriana Wyzykowski Brasil Vieira Prof. Me. Alan Rodrigues Sampaio Profa. Me. Aliana Alves de Souza A Deus. À minha família, com muito amor. AGRADECIMENTOS Concluo este trabalho com enorme sentimento de gratidão, agradeço primeiramente à Deus por sempre me conferir forças para recomeçar frente à cada obstáculo encontrado. A minha mãe e pai, por todo apoio, colo e principalmente por acreditar mais em mim do que eu mesma, por cada esforço feito em prol do meu crescimento pessoal. Eles, sem dúvida alguma, são minhas maiores inspirações. A meu irmão Erick, que tenho grande admiração e orgulho, obrigada por todo carinho e amor partilhado comigo. À minha família como um todo – meus avós, tias e tios, primos e primas em especial, a Amanda, Bibia, Joana, Juliana, Rafaela, Rafa e Kakau – por tanto carinho dedicado a mim, não só neste período, como em toda a minha trajetória. As minhas Panteras, e meus amigos do Ecassa, Priscila, Rivone, Geovane, Milena, Edivaldo, Matheus, Carine, Elaine e Lucas por compartilharem bons sentimentos e por se fazerem presente da época do colégio até os dias de hoje. Aos amigos do Gregor Mendel, Larissa, Diego, Luana, Sabrina, Ian, Melissa e Lyze, sou grata a todo apoio e momentos compartilhados, amizade construída na época do curso pré-vestibular, que perdure por longos anos. A cidade de Camaçari, por ter me acolhido, em especial aos amigos do CAJUC, pessoas que ajudaram a forjar boa parte da profissional que serei, obrigada por todo aprendizado, minhas “CHEFAS”, em especial Dra. Karina, que foi minha mentora por boa parte dos 3 anos que fiz parte do Cajuc, a Dr. Augusto por me dar a oportunidade de estagiar nesse órgão que tem lugar cativo em meu coração. A JÔ, Elaine, Joana e minha mascotinho( Mari ), por serem as melhores amigas que poderia ter a meu lado nessa jornada. A Marry e Sí, por cuidar tão bem de todos nós. A Ceci, a melhor amiga que o curso de direito me proporcionou. Sou grata às grandes companhias que a UNEB me proporcionou, em especial a meus Piranhudoxs (Thaylane, Siloé, Márlon, Raiane e Milena), a todos os meus 2014.2, aqui representados por, Elvinho, Tiago, Larissa, Amanda, Rafael, Pedro,Thaís, Nanda e Paulinha, por vivenciarem os mesmos dilemas oferecendo sempre o conforto de uma palavra amiga, e pelo sentimento de empatia, toda minha admiração e respeito a cada um de vocês. A Thaís Menezes, Karol Sampaio e Grey, por serem anjos colocados no meu caminho, mulheres que me espelho e tenho grande admiração. A Jess, a melhor companhia que poderia desejar, um ser de luz que entrou em minha vida no momento certo, teria muito a dizer sobre ela... mas, sem dúvida alguma, GRATIDÃO, resumiria tudo! Agradeço aos mestres por terem passado não só seus conhecimentos, mas também suas essências, em espacial a minha orientadora, Adriana Wyzykowski, sem a qual este trabalho jamais teria ocorrido. Devo a ela toda gratidão por tanto aprendizado compartilhado. Tenho grande admiração pelo ser humano, pela profissional e pela mulher que ela é. Meu muito obrigada a todos que de alguma forma estenderam a mão para que eu realizasse este sonho. Por fim, agradeço e dedico esse trabalho a todas as mulheres fortes e corajosas, que fizeram e fazem parte da minha vida. "Toda pessoa que trabalha tem o direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como a sua família uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social”. Declaração universal dos direitos do homem RESUMO O presente trabalho tem como objetivo abordar os impactos da reforma trabalhista no trabalho feminino. Desta forma, se delimita o objetivo geral deste trabalho: discutir os impactos da reforma trabalhista no labor feminino. Para isto, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos, quais são: analisar a perspectiva sociológica da desigualdade de gênero, o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho; abordar a proteção social do trabalho feminino, analisando a legislação de uma forma histórica; enfim, discutir como se dá o impacto no labor feminino a partir da reforma trabalhista. Neste sentido, levantou-se o seguinte questionamento, ou problematização da pesquisa: quais os impactos da reforma trabalhista no labor feminino? A hipótese sugerida para a suprareferida questão é que se deve analisar o contexto social, econômico e político para perceber os impactos da reforma trabalhista no labor feminino, destacando-se a questão da raça, classe e gênero como fatores preponderantes neste fenômeno. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa bibliográfica básica descritiva, de caráter exploratório, tomando-se como resultados a análise da legislação percebendo as modificações e flexões da reforma trabalhista no que tange ao trabalho da mulher. Palavras-chave: trabalho feminino, reforma trabalhista, desigualdade de gênero. ABSTRACT This paper aims to address the impacts of labor reform on women's work. In this way, the general objective of this work is delimited: to discuss the impacts of labor reform on female labor. For this, the following specific objectives were established, which are: to analyze the sociological perspective of gender inequality, the process of insertion of women in the labor market; addressing the social protection of female labor, analyzing legislation in a historical way; in short, to discuss how the impact on female labor occurs from the labor reform. In this sense, the following question, or questioning of the research, was raised: what are the impacts of labor reform on female labor? The suggested hypothesis for the aforementioned question is that one must analyze the social, economic and political context to understand the impacts of labor reform on female labor, highlighting the issue ofrace, class and gender as major factors in this phenomenon. The methodology used was based on a descriptive basic bibliographic research, of an exploratory nature, taking as results the analysis of the legislation perceiving the changes and flexions of the labor reform with respect to the work of women. Keywords: women's work, labor reform, gender inequality. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Art. Artigo CC-2002 Código Civil (Lei n.º 10.406 de 10 de janeiro de 2002) CRFB-1988 Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988 EUA Estados Unidos da América LDA-1998 Lei de Direitos Autorais em vigor (Lei n.º 9.610 de 19 de fevereiro de 1998) STJ Superior Tribunal de Justiça OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual ECAD Escritório Central de Arrecadação e Distribuição EU União Europeia 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................... 12 PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DA DESIGUALDADE DE GÊNERO: O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ................................................................................... 14 CONCEITO DE GÊNERO E A CONSTITUIÇÃO DA DESIGUALDADE ........................................................................................................ 14 ............................................................................................................ O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E O RETRATO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO16 A PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO FEMININO: UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO .................................................... 24 A QUESTÃO DE GÊNERO DENTRO DO DIREITO À IGUALDADE 24 Direito a igualdade ....................................................................... 24 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO ............... 26 A evolução do trabalho feminino seguindo a Organização Internacional do Trabalho – OIT ............................................... 27 A evolução do trabalho feminino no Brasil.............................. 30 A REFORMA TRABALHISTA E O SEU IMPACTO NO LABOR FEMININO...................................................................................... 33 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS: O TRABALHO FEMININO INFORMAL E OS IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO ........................................................................................................ 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 43 REFERÊNCIAS ............................................................................ 44 ANEXO A – LEI EM ANÁLISE .................................................... 48 1 2 2.1 2.2 3 3.1 3.1.1 3.2 3.2.1 3.2.2 4 4.1 5 12 1 INTRODUÇÃO O ingresso da mulher no mercado do trabalho, de acordo com a história, traz à tona a opressão derivada da desigualdade de gênero construída ao longo do tempo. O mercado de trabalho é dividido de acordo com o gênero, o que muito convém ao estado e ao capitalismo sustentado pelo machismo, em que usa desta estrutura para explorar a mulher. Percebeu-se um afastamento das legislações em proteger um pouco as mulheres, entretanto muitos direitos ainda as resguardam, mas modificados conforme a modernização da realidade a qual as leis estão pautadas. As mudanças refletem em muito em possíveis situações que podem ocorrer com a gestante, vez que, nesta reforma, o trabalho de grávidas e lactantes em ambientes insalubres afetará não apenas a trabalhadora, mas os recém-nascidos, “promovendo-se com isso padrão predatório da força de trabalho já antes do nascimento dos futuros trabalhadores, quando começarão a ser atingidos por agentes contaminantes de adoecimento” (MELO, 2018). A discussão do tema justifica-se à medida que, a partir do momento que há mudanças que afetem a esfera social, é necessário dissipar o conhecimento e discussão sobre o assunto, enquanto que, também, a esfera acadêmica deve estar ciente das incongruências entre a teoria e a prática e, principalmente, se estão sendo respeitados os direitos humanos e fundamentais, de acordo com o princípio da dignidade humana. Neste sentido, levantou-se o seguinte questionamento, ou problematização da pesquisa: quais os impactos da reforma trabalhista no labor feminino? A hipótese sugerida para a suprareferida questão é que se deve analisar o contexto social, econômico e político para perceber os impactos da reforma trabalhista no labor feminino, destacando-se a questão da raça, classe e gênero como fatores preponderantes neste fenômeno. Desta forma, se delimita o objetivo geral da presente monografia: discutir os impactos da reforma trabalhista no labor feminino. Para isto, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos, quais são: analisar a perspectiva sociológica da 13 desigualdade de gênero, o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho; abordar a proteção social do trabalho feminino, analisando a legislação de uma forma histórica; enfim, discutir como se dá o impacto no labor feminino a partir da reforma trabalhista. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa bibliográfica básica descritiva, que de acordo com Marconi e Lakatos (1987, p. 15), a pesquisa bibliográfica “é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. No que se trata dos fins, esta pesquisa foi de caráter exploratório, a qual “se restringe a definir objetivos e buscar mais informação sobre determinado assunto de estudo” (VERGARA, 2004, p. 45). Enquanto que no que tange aos meios, a pesquisa foi bibliográfica, a qual, segundo Vergara (2004) é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. A estrutura do trabalho será dividida em cinco capítulos, sendo estes: o primeiro, uma introdução sobre os objetos de estudo, objetivos gerais e específicos, estrutura do trabalho, problema, hipótese e justificativas para este ser realizado; o segundo capítulo será sobre a perspectiva sociológica da desigualdade de gênero no processo de inserção da mulher no mercado de trabalho, bem como conceito de gênero e a constituição da desigualdade; o terceiro capítulo será respaldado na proteção social do trabalho feminino: uma análise histórica da legislação, a questão de gênero dentro do direito à igualdade, direito a igualdade, uma perspectiva do laboro feminino em relação à garantia de igualdade e evolução histórica do trabalho feminino, e, no quarto capítulo, os impactos das alterações na legislação; enfim, no quinto capítulo, se fará as considerações finais do presente trabalho e logo após serão apresentadas as referências. 14 2 PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DA DESIGUALDADE DE GÊNERO: O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Apesar dos significativos avanços no decorrer do tempo a respeito da busca da equidade de gênero, percebe-se, ainda, a desigualdade de gênero evidente nas relações de trabalho e contextos laborais, bem como de interações cotidianas no ambiente de trabalho em instituições públicas e privadas. Para adentrar-se nos motivos e adendos de como constitui-se esta desigualdade, faz-se necessário abordar sobre gênero e a sua construção. 2.1 CONCEITO DE GÊNERO E A CONSTITUIÇÃO DA DESIGUALDADE O conceito de gênero pode ser definido como a forma que separa e diferencia os homens e as mulheres. Nada obstante, diante dos avanços da sociedade nas últimas décadas, a partir de muitasdiscussões, debates, luta e resistência do grupo minoritário que sofre por não se encaixar nesses padrões pré-estabelecidos, esse termo se tornou deveras obsoleto para definir a complexidade que é a conceituação de gênero (VECCHIATTI, 2012). O autor complementa: O termo gênero significa o conjunto de características atribuídas às pessoas por conta de seu sexo biológico. A partir da presunção de que determinadas atitudes e posturas seriam inerentes ao homem ou à mulher (essencialismo), criaram-se conceitos de masculinidade e feminilidade para designar as atitudes que se espera/exige de homens (masculinidade) e de mulheres (feminilidade) (...). Porém, cabe lembrar que a literatura já demonstrou que os conceitos de masculinidade e feminilidade são relativos (construtivismo), variáveis conforme cada sociedade e dependentes dos valores a elas inerentes, restando refutado qualquer cientificidade de argumentos que diga que determinadas atitudes éticas e/ou morais sejam inerentes ao sexo biológico (VECCHIATTI, 2012, p. 10). Pode-se depreender a partir do ponto de vista da psicologia e das ciências sociais, que o gênero passou a ser compreendido como aquilo que define socialmente as pessoas, não deixando de abrigar âmbitos histórico-culturais atribuídos aos indivíduos. Ao afirmar que gênero institui a identidade do sujeito pretendeu-se referir a algo que transcende o mero desempenho de papeis entendendo que gênero faz parte do 15 sujeito constituindo-o e construindo. Gênero contrapõe a lógica de ideias singulares de masculinidade e feminilidade, a emergia do conceito de gênero tem total distinção em relação ao sexo e a sexualidade, visto que a sexualidade faz parte da personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida, compreender também que tudo que se sente e vivencia em nosso corpo, portanto, não é possível separar a sexualidade do corpo ou pensar no corpo sem considerar a sexualidade. Neste sentido: (...) quando se chega a questões de identidade sexual, a "construção social da identidade" deve inevitavelmente dar lugar aos imperativos da biologia e da natureza. Você pode aceitar que os comportamentos sociais que rotulamos como "masculinos" ou "femininos" - isto é, questões de gênero - sejam socialmente definidos. Mas o que é socialmente construído ou culturalmente definido acerca da sexualidade? (SEGAL, 1997, p. 184) O uso da palavra gênero tem uma história que nasce de movimentos sociais de mulheres, feministas, gays e lésbicas e tem uma trajetória que acompanha a luta por direitos civis, direitos humanos, igualdade e respeito. Burtle (2010), afirma que sexo é natural e gênero construído. Estes conceitos definem as diversas faces assumidas pela esfera sexual humana. Para tratar da diversidade sexual primeiro é necessário conceituar sexo e a sexualidade. Sexo refere-se às características específicas e biológicas dos aparelhos reprodutores feminino e masculino, ao seu funcionamento e aos caracteres sexuais secundários decorrentes dos hormônios. O sexo determina que as mulheres têm vagina e os homens têm pênis; apenas isso. O sexo não determina por si só a identidade de gênero, e muito menos, a orientação sexual de uma pessoa. Em outro conceito necessário, segundo os estudos de Burtle (2010), gênero não é um conceito biológico, é um conceito mais subjetivo, pode-se dizer que é uma questão cultural e social. Gênero é uma construção social, vez que é preciso um investimento, a influência direta da família e da sociedade para transformar um bebê em 'mulher' ou 'homem'. Essa construção é realizada, reforçada, e também fiscalizada ao longo do tempo, principalmente, pelas instituições sociais, como a igreja, a família e a escola (KOTLINSKI, 2017, p. 1). Já a sexualidade humana é formada por uma múltipla combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais e é basicamente composta por três elementos: sexo 16 biológico, orientação sexual e identidade de gênero. “Ser mulher e ser homem são fatos socioculturais e históricos e há um complexo de determinações e características econômicas e sociais que constituem o gênero, relação entre biologia, sociedade e cultura” (OLIVEIRA, 2017, p. 26). Consideram-se a diversidade sexual as infinitas formas de vivência e expressão da sexualidade. Sobre a sexualidade, Louro (1997) acrescenta: Os sujeitos podem exercer sua sexualidade de diferentes formas, eles podem "viver seus desejos e prazeres corporais" de muitos modos. Suas identidades sexuais se constituiriam, pois, através das formas como vivem sua sexualidade, com parceiros/as do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os sexos ou sem parceiros/as. Por outro lado, os sujeitos também se identificam, social e historicamente, como masculinos ou femininos e assim constroem suas identidades de gênero (1997, p.26). Com as mudanças que se deram quanto ao papel da mulher na sociedade, insta discutir também, como se dará no próximo capítulo, sobre como o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho trás o retrato da desigualdade de gênero e percepção do assédio moral e sexual advindo dos estereótipos construídos outrora no papel predeterminado da mulher no âmbito social. 2.2 O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO E O RETRATO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO O ingresso da mulher no mercado do trabalho, de acordo com a história, traz à tona a opressão derivada da desigualdade de gênero construída ao longo do tempo. Segundo Queiroz (2011), o mercado de trabalho é dividido de acordo com o gênero, o que muito convém ao estado e ao capitalismo sustentado pelo machismo, em que usa desta estrutura para explorar a mulher. Desde a Revolução Industrial e principalmente após as guerras mundiais (1914 a 1945) que se deu a entrada da mulher no mundo trabalho devido ao fato da evasão dos homens a guerra e a transferência de responsabilidade a mulher. “Menciona o princípio da igualdade e, posteriormente, descreve a evolução dos direitos da mulher durante o século passado e início deste, citando algumas modificações nos dispositivos de nossa legislação” (GITAHY; MATOS, 2007), como o Estatuto da 17 Mulher Casada de 1962, Lei do Divórcio de 1977, a atual Constituição Federal e o novo Código Civil. É necessário se voltar à história para entender e contextualizar os dilemas enfrentados pelo sexo feminino na sua interação na sociedade e os fatores que a impulsionaram a inserção no mercado de trabalho e que ocasionaram a figura feminina de hoje. O movimento feminista surge com a intenção de estabelecer direitos iguais entre homens e mulheres, dentro de uma sociedade machista que exalta a soberania patriarcal, submetendo as mulheres ao um regime de submissão, e uma fantasiosa característica de frágil e não lhes dá a oportunidade de serem protagonistas da sua história e participar dos processos de discussão e transformação dos espaços (OLIVEIRA, 2017, p. 31, 47-48). Assim: O feminismo é um dos mais importantes movimentos políticos e teóricos das últimas décadas, tendo contribuído de forma decisiva para o avanço das humanidades. Outrossim, a crítica feminista à criminologia (ortodoxa e crítica) provocou verdadeira “ferida narcísica”, pois não apenas deu visibilidade à violência praticada pelos homens contra as mulheres, mas apresentou as metarregras sexistas que orientam a elaboração, a aplicação e a execução do direito (penal), bem como expôs a lacuna das investigações críticas em relação ao caráter falocêntrico do sistema penal. É incompreensível, portanto, que a criminologia tenha ignorado por décadas as análises feministas e que tenha se preocupado com esta nova forma de enfrentar os problemas do sistema penal apenas quando em questão a necessidade de responsabilização dos homens pelas violências contra as mulheres.Isto tudo porque não é aceitável – para um modelo de pensamento criminológico que se intitule crítico – o tradicional olhar androcêntrico que demonstra complacência com os danos provocados às mulheres quando autoras ou vítimas de delitos (CAMPOS; CARVALHO, 2011, p.165). Historicamente, as civilizações, de certa forma, enraizaram o patriarcado, pois uniram aspectos culturais e institucionais, criando padrões de estrutura para a vida humana. A historiografia brasileira possui uma lacuna sobre a história da mulher justamente por esta ser silenciada nas construções históricas do país. Hahner, em Emancipação do Sexo Feminino: a luta pelos direitos da mulher no Brasil, 1850 – 1940 (2003), aborda sobre como se deu a evolução histórica do movimento e da luta pela inserção das mulheres no mercado de trabalho, através, primeiramente, da educação. As primeiras defensoras dos direitos da mulher no Brasil acreditavam que a educação garantia a emancipação feminina. Assim, pressionaram os formuladores de leis ao direito à educação. A partir disto, as mulheres buscam seus 18 direitos por educação de qualidade, ainda que o que se seguia era a frustração de um ensino frágil, como explica o autor in verbis: A educação das mulheres concentrava-se na preparação para o seu destino último: esposas e mães. Mesmo os homens brasileiros que se consideravam progressistas e que aprovavam a ‘igualdade universal proclamada pelo Cristianismo’, acreditavam que o objetivo da educação feminina era a preparação para a maternidade. Basicamente, as meninas deveriam aprender a cuidar bem de suas casas, pois lhes cabia a obrigação de garantir a felicidade dos homens. Todavia, alguma educação era bem acolhida, pois se tornariam melhores mães para os filhos e melhores companheiras para os maridos. Embora o homem tradicional e progressista assumissem juntos que as mulheres pertenciam ao lar, o segundo admitia ampliar o papel da mulher na família, enfatizando-lhe o poder de orientar moralmente suas crianças e fornecer bons cidadãos ao país (HAHNER, 2003, p. 123-124). Durante décadas, as mulheres não foram consideradas aptas a votar e seu direito ao voto sequer fora pensado, sendo o sufrágio “universal” garantido apenas aos homens. Apenas em 1932, através do Código Eleitoral, que o voto feminino veio a ser assegurado na legislação infraconstitucional brasileira, estabelecendo como eleitores “os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos” (BRASIL, 1934). Isto somente após muitos anos de luta, articulação do movimento feminista e diversos debates. Ou seja, as relações de gênero são os paradigmas das relações de desigualdade sociais entre homens e mulheres, onde cada um tem um papel social determinado por diferenças sexuais. A sociedade utiliza essa diferenciação para hierarquizar as atividades, e, portanto, os sexos, em suma, para criar um sistema de gênero que traduz a relação de poder dos homens sobre a mulher desde o surgimento da sociedade. Desta forma: A própria mulher reconhece que o universo em seu conjunto é masculino; os homens modelaram-no, dirigiram-no e ainda hoje o dominam; ela não se considera responsável; [...] nunca emergiu, como um sujeito, em face dos outros membros da coletividade; fechada em sua carne, em sua casa, aprende-se como passiva em face desses deuses de figura humana que definem fins e valores (BEAUVOIR,1980 p. 364). Se por um lado esse aumento leva a hipótese que a violência de fato pode estar se agravando, a criação e implantação de instrumentos e recursos de atendimento à 19 mulher violentada é também uma outra causa do aumento de notificações. Segundo Almeida (2009), em seu livro A construção social do ser homem e ser mulher, “a desigualdade social entre o masculino e o feminino é uma construção social, cultural e guarda uma transitoriedade histórica” (p. 13). Ou seja, a socialização e os ensinamentos de como cada gênero devem agir partem do meio familiar, escolar e demais instituições tradicionais. Essas escolas sociais de “como devo ser” preponderou com sua fonte machista e se reproduziu através da mídia ao longo do tempo (ALMEIDA, 2009, p. 14). Com efeito, tal fato histórico legitimou as desigualdades entre os sexos e, com isso, permitiu a banalização das diversas formas de assédio contra as mulheres, assim como a violência psicológica e ideológica que é imposta à sociedade pelos veículos midiáticos. A autora complementa mais sobre como ocorre a construção da desigualdade entre homens e mulheres: Cada sociedade constrói padrões de comportamento para o masculino e o feminino que extrapolam as diferenças sexuais, (...) com base na consolidação intermitente desses princípios, sobrevivem ainda hoje em nossa sociedade estereótipos do homem sexo forte, dominador e ativo, em oposição à mulher o sexo fraco, dominável e passivo, para além de todas as conquistas pessoais e sociais (ALMEIDA, 2009, p. 17). As dimensões sociais das mulheres no Brasil enfrentam dificuldades para se estabelecer e encontrar a igualdade entre os gêneros, visto que o cenário do poder é basicamente dominado pelos homens. Atualmente, as desconstruções dessas relações de poder e distinção sexual vêm ocorrendo pelo movimento feminista, considerando que os diferentes não são desiguais. E os estereótipos sexuais, dividindo homem e mulher, são usados como ferramentas para atribuir privilégios, atividades e poder de forma distinta. Além de que a comunicação em massa tende a fazer uma representação ideológica desse esquema sexual. Apesar da Constituição Federal, em seu art. 5º, caput, dispõe que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, há uma igualdade substancial entre as pessoas que necessita de discussão. “A completar o quadro, era usual a utilização das chamadas “meias-forças”, ou seja, , trabalho da mulher, cuja remuneração era ainda inferior a do trabalhador maior, do sexo masculino. A 20 consequência foi o aviltamento das condições de trabalho” (SOUZA; CARNEIRO, 2008, p. 1) Ainda sobre a desigualdade social entre homens e mulher, Rocha (1994) pontua que a evolução no aspecto emancipação das mulheres, sobretudo no âmbito ocidental, tem se mostrado constante durante o decorrer da história, mas, vale ressaltar que, apesar da melhora gradual, ainda não se atingiu o nível necessário que corrobore com a erradicação das desigualdades entre homens e mulheres. O gênero transformou-se, desta forma, numa categoria de análise extremamente importante, comparável, por exemplo, a categorias como raça e classe social. E, hoje, não apenas a família é vista de uma nova perspectiva, como também todas as outras instituições sociais, econômicas e políticas que são influenciadas, direta ou indiretamente, pelos estereótipos acerca de homens e mulheres. Os estudos de gênero, ao questionarem a visão convencional doas atributos masculinos e femininos, segundo o qual a sociedade era caracterizada por uma divisão social do trabalho – que situava homem no espaço público e confinava a mulher no espaço privado do lar -, levaram à visão de que estes atributos e está divisão não são resultados de forças naturais, mas, antes, são parte de todo um complexo de fenômenos cultural e historicamente determinados (ROCHA, 1994,p.16). Apesar da desigualdade de gênero ser algo antigo a manutenção da mulher na esfera doméstica advém da revolução industrial e a manutenção da mulher nessa esfera perpassa pelos mais diversos métodos para dominar e tornar fosco todos os possíveis desejos que essas podem nutrir, portanto, existe, sim uma violência nessa situação pela qual as mulheres são trancafiadas em determinados nichos de convivência social, trazendo o aspecto de inferioridade, sobretudo no que tange o pai de família que detinha o poder sobre todos que ali residiam e deveriam assim respeitar a vontade do mesmo. As convençõesdo século passado ditavam relações sociais pautadas em costumes patriarcais, cabia ao marido a representação legal da família, enquanto a mulher exercia uma posição de submissão perante o homem, marcada pelo silêncio e pela discriminação. O homem era tido como provedor e protetor do lar, enquanto as funções femininas eram cuidar da educação dos filhos, do marido, gerenciar e cuidar dos afazeres domésticos. Afastando qualquer possibilidade de a mulher ser inserida no mercado de trabalho, as mulheres eram excluídas, discriminadas de várias formas: nas atividades profissionais era explorada e recebia salário inferior ao trabalho do 21 homem, na educação, pela família, nas responsabilidades sociais, decorrente da inexistência de representatividade (MACEDO; MACEDO, 2004). Ao longo do século XX começou um processo evolutivo de transformação de uma realidade de opressão, dominação e silenciamento, em uma história de luta e resistência em busca de igualdade e autonomia social. A mulher enfrentou obstáculos desproporcionais para se firmar no mercado de trabalho,preconceito, imposição e reclusão, determinados pela sociedade patriarcal dominadora. A partir do momento que sai em busca do mercado formal de trabalho,a mulher deixou de ser um mero acessório e passou a assumir espaços e papeis de importância na sociedade que antes só cabiam ao homem (CISNE, 2012). A violência de gênero é uma forma, portanto, comportamental que pode provocar lesões corporais, morais e psicológicas à vítima. É considerada violência de gênero aquela que é exercida de um sexo sobre outro. Em geral, o conceito refere-se à violência contra a mulher, pois decorre da desigualdade entre os sexos, sendo que o sujeito passivo é em regra uma pessoa do gênero feminino, devido ao patriarcalismo no qual a sociedade foi organizada, onde o homem detém de maior autoridade, poder e liderança (BOURDIEU, 2003). A violência acontece a partir do sentido de desigualdade social que se instala na não inserção da mulher no mercado de trabalho com mesmos salários e possibilidades de carreira como os homens. A modernização e progresso das sociedades diversificou as bases sociais e permitiram a introdução da mulher no mercado formal de trabalho, abrindo horizontes antes não permitidos. Conceitua-se quatro elementos que contribuíram para a redefinição dos arranjos sociais: “o crescimento da economia informacional, as mudanças no processo tecnológico de reprodução, os movimentos feministas e a difusão de ideias em massa, com o advento da globalização” (CASTELLS,1999. p. 208). Com a ausência da força de trabalho dos homens, as mulheres tiveram que se mobilizar e ocupar os espaços de trabalhos terciários para que a produção permanecesse e manter o sustento do lar. Rompendo com as tradições dos séculos anteriores que davam apenas ao homem o direito de ser o único provedor das necessidades da casa. Mesmo após o retorno dos homens, as mulheres continuaram a estar presentes no mercado de trabalho, pois o número da população masculina capaz de trabalhar estava diminuído, já que muitos voltavam mutilados, enquanto outros nem ao menos voltavam. O trabalho feminino era desvalorizado, em condições 22 prejudiciais à saúde, as mulheres eram submetidas à jornada de trabalho de até 16 horas diárias, e o salário não era nem a metade dos salários pagos aos homens, sendo desta forma, mais vantajoso contratar a mão de obra feminina (DEL PRIORE, 2004). Deste modo os mais diversos aspectos que visam manter a mulher como submissa estão implícitos e passam desapercebidos pela maior parte da sociedade, haja vista que estes estão em lugares como: música, televisão, filmes, teatro. Ou seja, toda cultura gira em torno de uma sociedade patriarcal pela qual se propaga conceitos tidos como verdadeiros por várias gerações. Somente uma profunda reeducação poderia mudar este comportamento, inclusive, com a inclusão da temática de gênero nas grades escolares e no treinamento de diversas carreiras públicas, uma vez que a inferiorização da mulher está presente nas mais variadas instâncias, tanto que, na prática, o próprio Estado Brasileiro não leva a questão da violência doméstica tão a sério como deveria, deixando de investir recursos absolutamente necessários, mesmo existindo leis específicas que determinem isso. 23 3 A PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO FEMININO: UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO Diante de todo o exposto, tratado no capítulo anterior, sobre as percepções sociológicas da inserção da mulher no mercado de trabalho, através de muito esforço, luta e enfrentamento do patriarcado, este capítulo tende a analisar, de forma progressiva, como se deu a proteção social da mulher no trabalho com base nas leis e da questão do direito a igualdade. 3.1 A QUESTÃO DE GÊNERO DENTRO DO DIREITO À IGUALDADE Uma vez que há predeterminações que impõem os papeis sociais da mulher, a sua posição nos postos de trabalhos e suas funções tendem a ser vistas como inferiores ou não qualificado em comparação ao gênero masculino. Não há, até então, leis eficazes que regulem o labor feminino, talvez com o objetivo mesmo de desestimulá-las a adentrar nestes ambientes. 3.1.1 Direito a igualdade O Estado de Direito está caracterizado como estado moderno onde se contrapõe ao estado absolutista, sendo a lei a principal fonte de padronização das relações sociais. Esse estado foi fruto de um longo processo de transformações sociais em que se combateu o poder do monarca e seus privilégios, na busca do reconhecimento do homem com valor absoluto e no centro de todas as decisões. O estado democrático de direito para alcançar seus objetivos deve ser usado como um instrumento a serviço da população, dando condições do pleno exercício e respeito dos direitos fundamentais, sendo assim, a constituição cidadã de 88, tem como fundamento de Estado o respeito da dignidade da pessoa humana. Para a efetiva proteção da dignidade da pessoa humana, o estado brasileiro deve atuar em duas vertentes, primeiramente, no combate da erradicação da desigualdade sociais e da pobreza dando condições dignas de existências para a população e por outro lado, na luta contra a tortura ou qualquer tratamento degradante por parte de seus agentes (SARLET, 2012). 24 Conceituar dignidade da pessoa humana não é tarefa fácil, porém Sarlet (2012, p. 94) o faz: Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida. A dignidade da pessoa humana se refere aos direitos mais intrínsecos do ser humano, ou seja, estão relacionados com condição digna do ser, sendo um preceito imprescritível e irrenunciável estando expressamente na constituição federal. O fortalecimento da democracia de um pais passa pelo devido respeito da vida digna do ser humano, devendo, o estado, o fiel cumprimento das garantias individuais asseguradas na constituição. No que tange ao respeito ao ser humano, Sarlet (2012, p. 75), diz: O que se percebe, em última análise, é que onde não houver respeito pela vida e pela integridade física e moral do ser humano, em que as condições mínimas para uma existência digna não forem asseguradas, não havendo limitação do poder, enfim, onde a liberdade e a autonomia, a igualdade (em direitose dignidade) e os direitos fundamentais não forem reconhecidos e minimamente assegurados, não há espaço para a dignidade da pessoa humana e está (a pessoa) por sua vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças. De acordo com as Nações Unidas os direitos inerentes a pessoa humana são “garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana” , tendo como exemplo de direitos humanos os direitos à integridade física, direito à vida, direito a dignidade, quando esses direitos são incorporados nas constituições nacionais eles passam a ser reconhecidos como direitos fundamentais. Os princípios da liberdade e igualdade resultam no reconhecimento dos direitos políticos, culturais, sociais, econômicos e civis. Essa grande conquista está expressa no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Todos os seres humanos 25 nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados como estão de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. O primeiro documento jurídico em que foi estabelecido a limitação do exercício do poder do Estado Monárquico em relação aos seus súditos foi a Carta Magna da Inglaterra de 1215,em que juntamente com o ‘’habeas corpos’’ que restringia as prisões arbitrarias e o ‘’Bill of Rights’’, limitou os poderes dos monarcas dando garantias contra as arbitrariedades, em seu artigo 28 ressalta que nenhum homem livre seria punido ou encarcerado de sua liberdade sem antes passar por um tribunal justo que garantisse seus direitos. A Carta Magna é considerada como propulsora nas garantias dos direitos individuais influenciando a maioria das constituições européias. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi o marco resultante de grandes lutas e conquistas na história das civilizações ocidentais sendo verificados em vários momentos. No que tange a isonomia, esta assume uma face substancial a medida que um Estado social passa a intervir com vistas a garantir a existência e asseguração dos direitos do indivíduo. Seu intuito aqui, portanto, é corrigir as desigualdades existentes na sociedade, uma vez que os indivíduos são desiguais. Ou seja, mais vulneráveis ou que necessitam de tratamento diferenciado. Portanto, não se pode conceber que sejam os mesmos tratados pelo Ordenamento Jurídico como se idênticos fossem (MALLET, 2013). 3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO Com a visível luta das mulheres para a inserção e permanência no mercado de trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) voltou-se à abordar sobre o tema em regulamentações específicas. Conforme se verá no subtítulo a seguir: 3.2.1 A evolução do trabalho feminino seguindo a Organização Internacional do Trabalho – OIT A autora Camila Almeida (2019, p. 4) aborda em seu painel “Mulheres no mundo do trabalho no contexto atual” sobre a preocupação da OIT em promover, em sua criação, em 1919, não só a justiça social, mas a paz universal, reconhecendo, assim, os direitos humanos. 26 Foi a partir do ano de 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, que se percebeu a maior inclusão da mulher no mercado de trabalho. Por ter sido uma longa guerra, houve diminuição significativa da força de trabalho masculina e, consequentemente, maior participação da mão de obra feminina para suprir essa ausência. Vale ressaltar que, nessa época, as tarefas estavam voltadas para o trabalho agrícola e para as atividades nas pequenas empresas manufatureiras e comerciais. Já na década de 1940, houve uma contribuição mais expressiva da inserção da mulher no mercado de trabalho em razão do processo de industrialização e do aumento das empresas dos ramos siderúrgicos, petrolíferos, químicos e automobilísticos (SCHLICKMANN e PIZARRO, 2003). Ainda segundo a autora, depois da Revolução Industrial, a sociedade passa a perceber as condições precárias em que se encontram os trabalhadores masculinos, com péssimas condições de labor e preocupação com a proteção garantida nas já poucas leis existentes (ALMEIDA, 2019). Se já se vê esta mínima preocupação com os trabalhadores do gênero masculino, como estarão então, as mulheres, neste período em que suas funções desempenhadas ainda são consideradas inferiores e menos qualificadas, onde há uma pretensa exploração do seu trabalho? Nascimento (2003, p. 857-858) salienta que: por ocasião da Revolução Industrial do século XVIII, o trabalho feminino foi aproveitado em larga escala, a ponto de ser preterida a mão-de-obra masculina. Os menores salários pagos à mulher constituíam a causa maior que determinava essa preferência pelo elemento feminino. O Estado, no intervindo nas relações jurídicas de trabalho, permitia, com a sua omissão, toda sorte de explorações. Nenhuma limitação da jornada de trabalho, idênticas exigências dos empregadores quanto às mulheres e homens, indistintamente, insensibilidade diante da maternidade e dos problemas que pode acarretar à mulher, quer quanto às condições pessoais, quer quanto às responsabilidades de amamentação e cuidados dos filhos em idade de amamentação etc. O processo industrial criou um problema que não era conhecido quando a mulher em épocas remotas dedicava-se aos trabalhos de natureza familiar e de índole doméstica. A indústria tirou a mulher do lar por 14, 15 ou 16 horas diárias, expondo-a a uma atividade profissional em ambientes insalubres e cumprindo obrigações muitas vezes superiores às suas possibilidades físicas (NASCIMENTO, 2003, p. 857-858). Somente a partir disto, desta percepção sobre as condições do labor feminino, que a OIT passa a figurar a necessidade de atenção às premissas humanitárias, sociais, econômicas e políticas também às mulheres trabalhadoras, vez que estas têm relação direta com sua saúde e bem estar social. Por isto a necessidade de adequação ao que se considera boa condição de trabalho ou não, ou seja, o que se considera uma condição de trabalho “decente”. 27 Almeida a descreve como “aquela que é adequadamente remunerada, exercida em liberdade, equidade e segurança, garantindo, assim, uma vida digna” (ALMEIDA, 2017, p. 4). Diante disto, Barros (1995, p. 33) atenta-se em como a OIT se relação na questão de gênero: A igualdade de gênero é uma questão de justiça social e se funda no enfoque baseado nos direitos e na eficiência econômica. Quando todos os atores da sociedade podem participar, aumentam as possibilidades de se alcançar a justiça social e a eficiência econômica, assim como o crescimento econômico e o desenvolvimento. Em “A mulher e o direito do trabalho”, Barros (1995) salienta que a OIT, primeiramente, buscava garantir condições de trabalho dignas, com a preocupação em sua função fora do trabalho, a de reprodutora, assegurando a integridade física das mulheres no período materno. Foram através das Convenções 3 e 4 que se fez a normatização, a fim de proibir determinadas funções que comprometessem a permanência também dos papeis sociais das mulheres, como mãe e esposa. A revisão desta convenção, em 1948, solicitada por diversos países insatisfeitos com a ausência de algum recurso governamental que assegurasse o período de resguardo da mulher e incluísse mulheres agrícolas, por exemplo, nesta convenção (OIT, 2017). Ouviu-se a Organização Mundial da Saúde (OMS), no que tange aos aspectos da saúde das gestantes neste período e as sugestões foram incorporadas nos regulamentos da OIT. Convenção OIT Com base a 3º convenção ratificada no Brasil, Relativa ao Emprego das mulheres antes e depois do parto (Proteção à Maternidade) Adoção OIT: 1919 Ratificação Brasil: 26/04/1934 Status: Não está em vigor Nota: Denunciada, como resultado da ratificação da Convenção n.º 103 em 26/07/1961. Artigo 3º Em todos os estabelecimentos indústrias ou comerciais, públicosou privados, ou nas suas dependências, com exceção dos estabelecimentos onde só são empregados os membros de uma mesma família, uma mulher a) não será autorizada a trabalhar durante um período de seis semanas, depois do parto; b) terá o direito de deixar o seu trabalho, mediante a exibição de um atestado medico que declare esperar-se o parto, provavelmente dentro em seis semanas; c) receberá durante todo o período em que permanecer ausente, em virtude dos parágrafos (a) e (b), uma indemnização suficiente para a sua manutenção e a do filho, em boas condições de higiene; a referida indemnização, cujo total êxito será fixado pela autoridade competente em cada país, terá dotada pelos fundos públicos ou satisfeita por meio de um sistema de seguros. Terá direito, ainda, aos cuidados gratuitos 28 de um medico ou de uma parteira. Nenhum erro, Revista Pensar Direito, Vol. 9, No.2 , JUL/2018 da parte do medico ou da parteira, no calculo da data do parto, poderá impedir uma mulher de receber a indemnização, á qual tem direito a contar da data do atestado medico até aquela em que se produzir o parto; d) terá direito em todos os casos, si amamenta o filho, duas folgas de meia hora que lhe permita o aleitamento. Artigo 4º No caso em que uma mulher se ausente do trabalho em virtude dos parágrafos (a) e (b) do artigo 3º da presente Convenção ou dele se afaste, por um período mais longo, depois de uma doença provada por atestado medico, como resultado da gravidez ou do parto, e que a reduza á incapacidade de voltar ao trabalho, será ilegal, para o seu patrão, até que a sua ausência tenha atingido uma duração máxima, fixada pela autoridade competente de cada país, notificar à sua, dispensa, durante a referida ausência ou em uma data tal que, produzindo-se o pré-aviso expire o prazo no decurso da ausência acima mencionada. Quanto a Convenção de n. 4, esta foi revisada somente em 1919, prevendo sobre o trabalho noturno das mulheres, as impedindo de trabalhar durante a noite, ainda que maior de idade ou em qualquer tipo de local de trabalho. Percebe-se, então, uma preocupação que vai além das boas condições de trabalho da mulher, mas perpassa uma questão moralista neste âmbito (MAGALHÃES, 2017). Nesse sentido diz Alice Monteiro (1995, P. 35) que: As medidas destinadas a proteger as mulheres em decorrência de gravidez ou de parto, vinculadas a um contrato de trabalho, não constituem discriminação; seu fundamento reside na salvaguarda da saúde da mulher e das futuras gerações. Considera-se, portanto, que as mulheres tem travado uma luta contra aos padrões de funções que devem ser exercidas impostamente por elas na sociedade e que isto foi a base para a exclusão, a priori, e então desigualdade de gênero no âmbito do trabalho. Diante disto, será abordado então como se deu a evolução das garantias de condições de trabalho dignas no Brasil. 3.2.2 A evolução do trabalho feminino no Brasil A Era Vargas, com seu fito em se voltar para as questões sociais, deparou-se com a preocupação em tutelar os trabalhadores. A então CLT, Consolidação das Leis do Trabalho é introduzida em 1943. Tem-se, a partir disto, a regulamentação e 29 proteção das condições de trabalho dos trabalhadores do país. No entanto, quais foram as garantias dadas às mulheres neste sentido? Insta salientar que a CLT teve apenas a sua reunião de leis já existentes sobre o trabalho e sua regulamentação. Em relação do trabalho feminino, vê-se que há referências no Capítulo III do Título III da CLT com o título “Da proteção do trabalho da mulher”, prevendo sobre a duração da carga horária, das condições de trabalho, descanso e, também, sobre a possível gravidez e maternidade (CALIL, 2000, p.41). Entretanto, é importante relembrar que a busca pelos direitos da mulher sempre teve relação com os movimentos feministas, para Rachel Soihet: Em 1920, dá os seus primeiros passos um movimento de mulheres proeminentes, literatas, vinculadas à elite, com educação superior que queriam emancipação econômica, intelectual e política. Estas conseguiram vitórias em terrenos como o trabalho feminino, a saúde, educação e direitos políticos, garantindo a cidadania para a mulher (SOIHET, 1989, p. 178). Este processo de busca por proteção também das mulheres no local de trabalho se deu de forma graduativa. Almeida (2017, p. 14) descreve este processo e o divide em três etapas, sendo elas: a primeira, fundacional, vez que se preocupa com a sua função como reprodutora na sociedade; então, na segunda, estimula-se o interesse em equilibrar as oportunidades oferecidas no mercado, para suprirem também as mulheres, de forma semelhante; por fim, a terceira, vê-se uma preocupação com a relação familiar e laboral, bem como sua conciliação. Esta primeira etapa, em muito, tem influencia nas resoluções dadas pela OIT, com sua base em conceitos de mulheres como frágeis e que devem ser dedicadas ao lar e a maternidade. Em diversos segmentos da indústria, o emprego de mulheres representava “uma sensível redução do custo de produção, a absorção de mão-de- obra barata, em suma, um meio eficiente e simples para enfrentar a concorrência” (GOMES; GOTTSCHALK, 2008, p. 420). A CLT brasileira, nos artigos 379 e 380, já se mostrava com esta ideologia, visto que se proibia o trabalho noturno, ou em subterrâneos, serviços perigosos e insalubres, conforme salienta Barros (2013). Somente em 1989 que foram revogadas estas leis, na Lei 7.855 de 24 de outubro de 1989 (BRASIL, 1989). 30 Percebe-se influencia das mudanças retiradas das regulamentações ao trabalho da mulher em nível mundial com a proibição da Inglaterra aos trabalhos de mulheres em subterrâneos, de acordo com Nascimento (2003, p. 858): Em 19 de agosto de 1842, a Inglaterra proibiu o trabalho das mulheres em subterrâneos. Em 1844, foi limitada a sua jornada de trabalho a 10 horas e meia, devendo, aos sábados, terminar antes das 16:30 horas. Na França, em 1848 surgiram leis de proteção ao trabalho feminino. Na Alemanha, o Código Industrial, de 1891, também se ocupou do problema, fixando algumas normas mínimas. Uma das mais expressivas regulamentações é o Tratado de Versailles, que estabelece o princípio da igualdade salarial entre homens e mulheres, inserindo em algumas constituições, dentre as quais a do Brasil, e destinado a impedir a exploração salarial da mulher (NASCIMENTO, 2003, p. 858). Então, a Constituição de 1988 é um marco no que tange ao trabalho feminino ante o seu caráter protetor e isonômico, conforme o que se vê: Em relação à Constituição de 1988, Delgado afirma que: A Constituição de 1988, entretanto, firmemente, eliminou do Direito brasileiro qualquer prática discriminatória contra a mulher no contexto empregatício – ou que lhe pudesse restringir o mercado de trabalho – , ainda que justificada a prática jurídica pelo fundamento da proteção e da tutela. Nesse quadro, revogou inclusive alguns dispositivos da CLT que, sob o aparentemente generoso manto tutelar, produziam efeito claramente discriminatório com relação à mulher obreira (DELGADO, 2008, p. 782). Delgado acrescenta que, em 1995, foram revisadas outras leis que visavam combater a desigualdade entre homem e mulher no trabalho, tais como as leis n 9.029, de 13 de abril de 1995 e nº 9.799, de 26 de maio de 1999, proibindo a “adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade” (BRASIL, 1995), além de exprimir parâmetros antidiscriminatórios, referindo-se a “utilização de referências ou critérios fundados em sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez para fins de anúncios de empregos, critérios de admissão, remuneração, promoção ou dispensa” (DELGADO, 2008, p. 783-784), no que tangea aperfeiçoamento profissional. 31 Desde então, as mulheres têm ocupado seu espaço no mercado de trabalho, distribuindo-se em diversos ramos e seguimentos, sem qualquer restrição quanto ao gênero ao qual pertence, ainda que haja ressalvas e mudanças pertinentes a serem feitas. 32 4 A REFORMA TRABALHISTA E O SEU IMPACTO NO LABOR FEMININO Diante de contexto histórico, em especial após a Revolução Industrial quando as relações no trabalho ao redor do mundo se modificam, o Direito do Trabalho passou a ser visto, comumente, como um meio de proteção das garantias, porém, no Brasil, tudo tem mudado desde meados do ano de 2015, quando se propôs técnicas de flexibilização, as quais põe em preocupação a proteção social prometida com o direito do trabalho. Desde a aprovação da reforma dos direitos trabalhistas pelo senado no dia 13 de julho de 2017 da Lei n 13.467, as diversas alterações tem sido alvo de considerações e críticas, vez que esta criou e alterou mais de cem artigos e parágrafos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS: O TRABALHO FEMININO E OS IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO No que tange ao labor feminino, ao longo do tempo, o Direito do Trabalho, ao regulamentar as relações jurídicas trabalhistas, em razão de todo o contexto histórico que ensejou seu fortalecimento, buscou proteger a mulher trabalhadora, concedendo a este uma série de direitos que, o que, por si só, influencia de forma intensa e direta nos lucros patronais, que passam a ser reduzidos em razão do maior “gasto’’ que se tem para manter a mulher trabalhadora. Principalmente mulheres, que, devido a biologia e as questões sociais que constroem o ser mulher, engravidam e possuem peculiaridades evidentes. O art. 1°, IV, e art. 170, caput, da Constituição Federal de 1988, traz de forma expressa que a República Federativa do Brasil tem como fundamento “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. A valorização do trabalho humano e o princípio da livre iniciativa são extraídos destes dispositivos, com o objetivo de construir uma existência digna para as cidadãs. Sabendo a importância do estudo que compõe as relações humana, bem como se dá as relações de poder no sistema estruturado para abarcar os interesses masculinos, o estudo da parte hipossuficiente, no caso a empregada, é importante destacar a presença do Princípio da Proteção ao Hipossuficiente. Isto é o que orienta o operador do Direito na sua atividade interpretativa. Servirá como base para o 33 legislador, uma vez que este princípio se faz presente em todo ordenamento jurídico. O Direito do Trabalho, portanto, tem o interesse em estabelecer as normas que orientam as relações entre empregados e empregadores (CAIRO Jr, 2015, p. 87). Desde a revolução industrial e principalmente após as guerras mundiais (1914 a 1945) que se deu a entrada da mulher no mundo trabalho devido ao fato da evasão dos homens a guerra e a transferência de responsabilidade a mulher. Então, diante disto, em 1932, segundo Nogueira (2006), se admite as mulheres como mão de obra não qualificada e mais barata na indústria preconizada na Constituição (1932): “sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois;”. Ou seja, ao menos teoricamente, dá-se aqui a igualdade de gênero perante a constituição federal da época, o que pode-se dizer um avanço neste sentido. Entretanto, pode-se observar que as recentes reformas, algumas, se pautaram na isonomia entre homens e mulheres, conforme os tópicos a seguir. Visivelmente há uma diferença de tratamento, vivencias e tratos sociais entre o empregador e empregada versus empregador e empregado e a existência de disparidade entre as partes que compõe a ralação de trabalho dá o reconhecimento da hipossuficiência do empregado em relação ao empregador que se revela a necessidade do Direito tutelar tal situação de modo a priorizar esse lado mais fraco para que possa haver paridade na relação trabalhista. Ao se falar em Princípio da Proteção, percebe-se o quanto ele é considerado o principal princípio do Direito do Trabalho, constituindo-se a própria essência do Direito Laboral e é considerado, pela maioria dos juristas, o guardião dos direitos fundamentais do obreiro. Conforme Cairo junior (2015, p. 01) destaca que: O princípio da proteção desmembra-se em três outros, o in dubio para o operário, o da aplicação da norma mais favorável e o da condição mais benéfica. O propósito do princípio da proteção é diminuir a grande disparidade existente entre empregador e empregado, impedindo a exploração de capital em cima do trabalho humano e possibilitando melhoria na qualidade e no bem-estar social dos obreiros. Tal regra tem aplicação universal e é preconizada pela Organização Internacional do Trabalho, na sua Constituição, art. 19, item 8: 34 Art. 19, item 8. Em nenhum caso poderá considerar – se que a adoção de um convênio ou de uma recomendação pela Conferência, ou ratificação de um convênio por qualquer Membro, prejudicará qualquer lei, sentença, costume ou acordo que garanta aos trabalhadores condições mais favoráveis que as que figurem no convênio ou na recomendação. O Direito do Trabalho, nesse contexto, é visto como o ramo da árvore jurídica criado exatamente para compensar a desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral. Os valores desse ramo se contrapõem às ideias de buscas incansáveis pelo lucro, a todo custo, entretanto, diversos são os questionamentos e críticas dirigidas no sentindo de disparidade entre os fundamentos do Direito do Trabalho e as situações fáticas de crises econômicas que abalam o mercado de trabalho e a própria relação de emprego. Conceituando, primeiramente, as atividades com intervalos especiais, estas são aquelas que fogem à regra geral, ou seja, não se restringem aquela intrajornada ou interjornada tratados no nosso texto publicado tempos atrás. Para conhecê-lo acesse o texto intervalos intrajornada e entre jornada. Uma das primeiras mudanças propostas pela reforma trabalhista foi a revogação do artigo 385 da CLT, que previa o direito à mulher de 15 minutos de intervalo especiais antes de sua jornada de horas extras, sob a justificativa da isonomia entre homens e mulheres preconizada nos princípios constitucionais (AHAD, 2017). “Art. 384 – Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período extraordinário do trabalho. (BRASIL, 1943). O que foi considerado é que tal dispositivo foi inserido anteriormente, na CLT de 1943, devido a autorização que as mulheres eram obrigadas a pedir aos seus maridos que pudessem permanecer até mais tarde no trabalho. O objetivo aqui, portanto, era modernizar a lei, vez que não há necessidade prática para tal. No entanto, mesmo após a reforma, uma juíza, em 2018, reconheceu o intervalo para mulheres. Ela disse que “o intervalo de 15 minutos destinado às mulheres antes do inicio de jornada extraordinária de trabalho é necessário diante das distinções fisiológicas e psicológicas das trabalhadoras” (MARTINELLI, 2018), garantindo em sua sentença horas extras à reclamante em compensação as horas negadas pela instituição. Em uma jurisprudência, também, com recurso provido, foi sinalizado que o artigo 384 da CLT assegura um intervalo mínimo e obrigatório de 15 (quinze) minutos 35 em caso de prorrogação da jornada normal, sem fazer nenhuma limitação ao período de duração da sobrejornada. Trata-se de uma norma de caráter cogente que estabelece uma garantia mínima à empregada,constituindo uma medida de higiene, saúde e segurança do trabalho e, portanto, insuscetível de supressão . Recurso de revista conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE HORAS EXTRAORDINÁRIAS. INTERVALO INTRAJORNADA. ARTIGO 384 DA CLT. DIREITO DO TRABALHO DA MULHER. PROVIMENTO. Por disciplina judiciária, curvo-me ao entendimento do Tribunal Pleno desta Corte que, reconhecendo a constitucionalidade do artigo 384 da CLT de que trata do intervalo de 15 minutos garantido às mulheres trabalhadoras antes da prestação de horas extraordinárias, considerou que a concessão de condições especiais à mulher não fere o princípio da igualdade entre homens e mulheres contido no artigo 5º, I, da Constituição Federal. Desse modo, não sendo concedido o referido intervalo, são devidas horas extraordinárias a ele pertinentes. Precedentes desta Corte. Recurso de revista conhecido e provido. A (TST – ARR: 5320920135150120, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 11/02/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/02/2015). ARTIGO 384 DA CLT. INTERVALO DE 15 MINUTOS PARA MULHERES ANTES DO LABOR EM SOBREJORNADA NÃO GOZADO. PAGAMENTO COMO HORAS EXTRAS. ARTIGO 71, § 4º, DA CLT. Esta Corte possui entendimento pacificado de que o artigo 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, conforme sedimentado no julgamento do Processo nº TST-IIN-RR- 1.540/2005-046,12- 00.5, ocorrido na sessão do Tribunal Pleno em 17/11/2008. Homens e mulheres, embora iguais em direitos e obrigações, diferenciam-se em alguns pontos, a exemplo do aspecto fisiológico, merecendo, assim, a mulher um tratamento distinto quando o trabalho lhe exige um desgaste físico maior, como nas ocasiões em que presta horas extras, motivo por que são devidas como extras as horas decorrentes da não concessão do intervalo previsto no artigo 384 da CLT. Recurso de revista conhecido e provido. (TST – RR: 2683320125090010, Data de Julgamento: 18/05/2015, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015). Com o objetivo de beneficiar o bebê e incentivar a amamentação continuada, além de aumentar o tempo de convívio e vínculo mãe-bebê, importante para o desenvolvimento do bebê, o artigo 396 da CLT propõe dois descansos especiais de 30 minutos, até os 6 meses do menor, conforme o que se vê: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731047/inciso-i-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10758754/artigo-71-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10758617/par%C3%A1grafo-4-artigo-71-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 36 Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de adoção, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos especiais de meia hora cada um (BRASIL, 1943). Entretanto, após a Lei 13.467 de 2017, algumas alterações foram feitas no artigo anterior da CLT, como esclarecer sobre o descanso também para mães adotivas. Inseriu-se também um parágrafo ao artigo, determinando que quando a saúde do filho precisar, este período de até seis meses pode ser prorrogado a critério da autoridade (BRASIL, 2017). Também foi acrescentado um segundo artigo, preconizando que os horários de descanso poderão ser dividido sob uma negociação entre empregador e empregado, vez que antes da reforma, esta negociação já ocorria de forma informal, devido à isto, a legislação foi mudada, a fim de adequar a realidade, de forma que não prejudique nenhuma das partes. Na doutrina de Sergio Pinto Martins, o ilustre jurista pondera que: O preceito em comentário conflita com o inciso I do artigo 5º da Revista Pensar Direito, Vol. 9, No.2 , JUL/2018 Constituição, em que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Não há tal descanso para o homem. Quanto à mulher, tal preceito mostra-se discriminatório, pois o empregador pode preferir a contratação de homens, em vez de mulheres, para o caso de prorrogação do horário normal, pois não precisará conceder o intervalo de 15 minutos para prorrogar a jornada de trabalho da mulher (2017, p. 1). Nesse mesmo sentido posicionou-se igualmente Alice Monteiro de Barros: Considerando que é um dever do estudioso do direito contribuir para o desenvolvimento de uma normativa que esteja em harmonia com a realidade social, propomos a revogação expressa do artigo 376 da CLT, por traduzir um obstáculo legal que impede o acesso igualitário da mulher no mercado de trabalho (1995, p. 20). O detalhe desta negociação é que os intervalos não podem interferir nos intervalos já existentes para almoço, ou em alguns casos, repouso. Deve-se preocupar que tais intervalos devem ser devidamente registrados no cartão de ponto. Esclarecendo mais sobre esses pontos, Carlos Modanês (2018) destaca que o entendimento jurisprudencial desses intervalos para amamentação “abrangem 37 também a amamentação através de mamadeiras”, uma vez que existem mães que não possuem leite próprio e que amamentam seus filhos por meio de mamadeiras. Portanto não importa a forma desta amamentação, mas o tempo mãe-bebê. Vê-se que esta amamentação é um direito fundamental e portanto deve ser protegido. Se caso o empregador descumprir, pode ocorrer o “ajuizamento de uma ação trabalhista, este poderá ser condenado a remunerar esse período suprimido como horas extraordinárias” (MODANÊS, 2018). O artigo 394 preconizava que a empregada gestante seria afastada, caso o local de trabalho fosse insalubre, conforme o que se lê: “Art. 394 – A empregada gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer suas atividades em local salubre”. Entretanto, com a reforma trabalhista, o art. 394 passou a dizer Art. 394 –A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: I – atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação; II – atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a gestação; III – atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado de saúde, emitidopor médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a lactação (BRASIL,2017) . Ou seja, só deve ser afastada se realmente exercer o trabalho em locais com insalubridade em grau máximo, se médio ou mínimo, somente afastaria com apresentação de atestado médico. O mesmo para lactantes. Vê-se que perde-se, de certa forma, a proteção da mulher e suas condições biológicas no mercado de trabalho. Houve uma Medida Provisória, a 808/2017, quanto à isto, mas ela não está mais vigente. Voltando a vigorar, então, a Lei da reforma. A flexibilização das normas trabalhistas vem sendo apontada como uma das saídas do empregador para solução do cenário de crise laborativo. As empresas se utilizam de alternativas de estipulação das condições de trabalho através de negociação coletiva, dos contratos individuais de trabalho ou dos próprios empresários. Dessa forma, percebe-se que foi ampliado o rol de possibilidades de complementação do ordenamento legal, bem como se permite a adaptação de 38 normas ligadas às peculiaridades regionais ou do setor econômico, admitindo, também, a derrogação de questões anteriormente discutidas, para adaptá-las a novas situações (CARLEIAL, 2010.). O termo livre iniciativa representa o ideal de liberdade de ingresso em um mercado e poder nele competir com as empresas já estabelecidas, assim, entende- se por liberdade a não intervenção do governo nas relações da economia. Tal ideologia defende ainda que as interações de mercado devem se dar de formas voluntárias, e que assim todos os participantes necessariamente se beneficiariam que seriam todos aqueles que estão dispostos a ser produtivos, ou seja, tem uma função social. Por valorização do trabalho humano entende-se não apenas a criação de medidas de proteção ao trabalhador, apesar deste também ser um ponto importante, mas busca-se admitir o trabalho e o trabalhador como principal agente de transformação da ordem econômica e social. Desde os primórdios as relações de trabalho tem sido um reflexo do egoísmo humano a fim de alcançar riqueza e poder. E com atenção à este contexto que se deve buscar cada dia mais a valorização do trabalho humano, com intuito de garantir ao trabalhador gozar de um ambiente que garanta uma vida laboral digna. Se comparado à livre iniciativa é importante destacar, que em uma perspectiva protecionista, os valores sociais do trabalho humano devem ser priorizados ante as questões pertinentes à livre iniciativa e aos valores de mercado, cabendo a estes se adequarem aos valores sociais do trabalho e à dignidade da pessoa humana a fim de alcançar ordem econômica. Ao caracteriza-lá como fundamento não é dizer que ela está expressa no texto constitucional, mas simplesmente que é um preceito a ser seguido, e deve nortear todo ordenamento jurídico. Tal primazia do trabalho está expressa no art.193 da Constituição Federal, o qual dispõe que a “ordem social tem como base o primado trabalho”. O legislador quis deixar claro no corpo da lei que a ordem social tem apoio no primado trabalho e com isso buscar o resgate do valor do trabalho. No âmbito do Direito do Trabalho pensar em valorização é investir no desenvolvimento, é construir bases sólidas para trabalhador, assim como o crescimento da cadeia produtiva. Dizer que o trabalho deve ser valorizado, é garantir a todos o exercício das atividades lícitas, cabendo a sociedade considerar o valor social do trabalho, como valor fundamental, buscando assim proporcionar mais 39 oportunidades de empregos para todos. Porém, por outro lado, cabe a ordem jurídica garantir ao indivíduo a possibilidade de cumprir com seu dever sem restrições de qualquer espécie, havendo ampla liberdade de iniciativa, o que gera um outro preceito de valorização. Destaca-se que o trabalho a qual se refere a Constituição não é apenas aquele fruto da relação de emprego, mas toda forma de trabalho, gerador de riqueza, tanto para quem presta para o trabalho como para a sociedade no geral. No contexto social a valorização do trabalho humano tem como fundamento o Estado Democrático de Direito, ou seja, que tal valorização envolve amadurecimento histórico, em busca da concretização a partir de ensinamentos de vivências passadas. Assim, diante de toda a carga principiológia da Constituição Federal de 1988, bem como com a ideia de “constitucionalização dos ramos do Direito “tem-se, na visão protecionista uma sobreposição da valorização do trabalho em detrimento dos principios da livre iniciativa. As causas ensejadoras de tal ideal de flexibilização, via de regra, possuem conotação econômica, são fatores determinantes para criação e desenvolvimento dos conceitos pertinentes à flexibilização trabalhista (ROBORTELLA, 1994). A crise econômica que o Brasil vem enfrentando, tem como seu corolário, dificuldades financeiras causadas às empresas (empregadoras por excelência), influenciando-se de forma direta a oferta empregatícia. Segundo o IBGE, no último censo o número de desempregados passava dos 11 milhões, diante disso, a flexibilização, já proposta no governo de Fernando Henrique Cardoso, ressurge como alternativa para aumentar a produtividade da economia e reduzir os riscos e custos para as empresas na mantença da relação laboral, objetivando a compatibilização das normas trabalhistas à conjuntura econômica. A relativização de algumas normas jurídicas trabalhistas se apresenta como um meio hábil para criação ou manutenção dos postos de trabalho, entretanto, muitas são as critícas que que refutam com veemência a possibilidade de qualquer prejuízo aos direitos trabalhistas, ainda que em situação econômica emergencial. Maurício Godinho Delgado (2008, p. 10) leciona no seguinte sentido: Essa disparidade de posições na realidade concreta fez emergir um Direito individual do Trabalho largamente protetivo, caracterizado por métodos, princípios e regras que buscam reequilibrar, juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego. 40 A terceira corrente, defende que a flexibilização dos direitos dos trabalhadores somente teria cabimento se o órgão coletivo (sindicato) destes intervisse de forma autônoma no âmbito coletivo, uma vez que representados pelo sindicato, haveria uma maior proteção aos seus direitos. Tal entendimento valoriza de forma plena a autonomia provada coletiva, havendo uma desregulamentação do Direito Coletivo do Trabalho, por meio das convenções ou acordos coletivos (MARTINS, 2009). O presente trabalho alcançou o seu objetivo principal de tratar de alguns pontos da reforma trabalhistas quanto à mulher no mercado de trabalho. Percebeu-se um afastamento das legislações em proteger um pouco as mulheres, entretanto muitos direitos ainda a resguardam, mas modificados conforme a modernização da realidade a qual as leis estão pautadas. As mudanças refletem em muito em possíveis situações que podem ocorrer com a gestante, vez que, nesta reforma, o trabalho de grávidas e lactantes em ambientes insalubres afetará não apenas a trabalhadora, mas os recém-nascidos, “promovendo-se com isso padrão predatório da força de trabalho já antes do nascimento dos futuros trabalhadores, quando começarão a ser atingidos por agentes contaminantes de adoecimento” (MELO, 2018). 41 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer deste trabalho pretendeu-se trazer a tona as principais alterações legislativa que ocorreram gradativamente em relação às normas de proteção a saúde da mulher. Alem disso, revelaram-se as barreiras sociais enfrentadas por mulheres antes dos adventos da CLT de 1943, da convenção nº3 da OIT e da recepção da constituição cidadã de 1988. Dentre as normas que asseguram os direitos femininos, destaca-se o principio constitucional da isonomia, que visa a diminuição da desigualdade feminina em relação a trabalho e salário,
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