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GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO OS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO LABOR FEMININO

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
MILENA PEREIRA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA 
TRABALHISTA NO LABOR FEMININO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMAÇARI-BA 
2020 
 
 
MILENA PEREIRA MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA 
TRABALHISTA NO LABOR FEMININO 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
de conclusão do curso de Bacharelado em 
Direito do Departamento de Ciências Humanas 
e Tecnologias da Universidade do Estado da 
Bahia – Campus XIX. 
 
Orientador: Profa. Dra. Adriana Wyzykowski 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMAÇARI-BA 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
Sistema de Bibliotecas da UNEB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Bibliotecária: Gicélia Bárbara Ribeiro Santos - CRB-5/820 
 
 
S237p MACHADO, M. F 
Os impactos da reforma trabalhista no labor feminino/ Milena F. M. - Camaçari, 2020. 
83 págs. 
 
Orientador: Prof. Me. Adriana. 
Trabalho de conclusão de curso (Graduação). Universidade do Estado da Bahia. 
Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias - Campus XIX. Graduação em Direito, 2019. 
 
 
1. Labor feminino. 2. Direito do Trabalho. 3. Proteção social. 
 
 
MILENA PEREIRA MACHADO 
 
 
 
GÊNERO E O MUNDO DO TRABALHO: OS IMPACTOS DA REFORMA 
TRABALHISTA NO LABOR FEMININO 
 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da 
Universidade do Estado da Bahia - Campus XIX, como requisito para obtenção do 
grau de Bacharel em Direito. 
 
 
Aprovada em 12/02//2020. 
 
 
Banca Examinadora 
 
 
Prof. Dra. Adriana Wyzykowski Brasil Vieira 
 
 
Prof. Me. Alan Rodrigues Sampaio 
 
 
Profa. Me. Aliana Alves de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus. 
À minha família, com muito amor. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Concluo este trabalho com enorme sentimento de gratidão, agradeço primeiramente 
à Deus por sempre me conferir forças para recomeçar frente à cada obstáculo 
encontrado. 
 
A minha mãe e pai, por todo apoio, colo e principalmente por acreditar mais em mim 
do que eu mesma, por cada esforço feito em prol do meu crescimento pessoal. Eles, 
sem dúvida alguma, são minhas maiores inspirações. 
 
A meu irmão Erick, que tenho grande admiração e orgulho, obrigada por todo carinho 
e amor partilhado comigo. 
 
À minha família como um todo – meus avós, tias e tios, primos e primas em especial, 
a Amanda, Bibia, Joana, Juliana, Rafaela, Rafa e Kakau – por tanto carinho dedicado 
a mim, não só neste período, como em toda a minha trajetória. 
 
As minhas Panteras, e meus amigos do Ecassa, Priscila, Rivone, Geovane, Milena, 
Edivaldo, Matheus, Carine, Elaine e Lucas por compartilharem bons sentimentos e 
por se fazerem presente da época do colégio até os dias de hoje. 
 
Aos amigos do Gregor Mendel, Larissa, Diego, Luana, Sabrina, Ian, Melissa e Lyze, 
sou grata a todo apoio e momentos compartilhados, amizade construída na época do 
curso pré-vestibular, que perdure por longos anos. 
 
A cidade de Camaçari, por ter me acolhido, em especial aos amigos do CAJUC, 
pessoas que ajudaram a forjar boa parte da profissional que serei, obrigada por todo 
aprendizado, minhas “CHEFAS”, em especial Dra. Karina, que foi minha mentora por 
boa parte dos 3 anos que fiz parte do Cajuc, a Dr. Augusto por me dar a oportunidade 
de estagiar nesse órgão que tem lugar cativo em meu coração. A JÔ, Elaine, Joana e 
minha mascotinho( Mari ), por serem as melhores amigas que poderia ter a meu lado 
nessa jornada. A Marry e Sí, por cuidar tão bem de todos nós. 
 
 
 
A Ceci, a melhor amiga que o curso de direito me proporcionou. Sou grata às grandes 
companhias que a UNEB me proporcionou, em especial a meus Piranhudoxs 
(Thaylane, Siloé, Márlon, Raiane e Milena), a todos os meus 2014.2, aqui 
representados por, Elvinho, Tiago, Larissa, Amanda, Rafael, Pedro,Thaís, Nanda e 
Paulinha, por vivenciarem os mesmos dilemas oferecendo sempre o conforto de uma 
palavra amiga, e pelo sentimento de empatia, toda minha admiração e respeito a cada 
um de vocês. 
A Thaís Menezes, Karol Sampaio e Grey, por serem anjos colocados no meu caminho, 
mulheres que me espelho e tenho grande admiração. 
 
A Jess, a melhor companhia que poderia desejar, um ser de luz que entrou em minha 
vida no momento certo, teria muito a dizer sobre ela... mas, sem dúvida alguma, 
GRATIDÃO, resumiria tudo! 
 
Agradeço aos mestres por terem passado não só seus conhecimentos, mas também 
suas essências, em espacial a minha orientadora, Adriana Wyzykowski, sem a qual 
este trabalho jamais teria ocorrido. Devo a ela toda gratidão por tanto aprendizado 
compartilhado. Tenho grande admiração pelo ser humano, pela profissional e pela 
mulher que ela é. 
 
Meu muito obrigada a todos que de alguma forma estenderam a mão para que eu 
realizasse este sonho. 
 
Por fim, agradeço e dedico esse trabalho a todas as mulheres fortes e corajosas, que 
fizeram e fazem parte da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Toda pessoa que trabalha tem o direito a 
uma remuneração justa e satisfatória que 
lhe assegure, assim como a sua família 
uma existência compatível com a 
dignidade humana, e a que se 
acrescentarão, se necessário, outros 
meios de proteção social”. 
 
Declaração universal dos direitos do 
homem 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho tem como objetivo abordar os impactos da reforma trabalhista no 
trabalho feminino. Desta forma, se delimita o objetivo geral deste trabalho: discutir os 
impactos da reforma trabalhista no labor feminino. Para isto, estabeleceram-se os 
seguintes objetivos específicos, quais são: analisar a perspectiva sociológica da 
desigualdade de gênero, o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho; 
abordar a proteção social do trabalho feminino, analisando a legislação de uma forma 
histórica; enfim, discutir como se dá o impacto no labor feminino a partir da reforma 
trabalhista. Neste sentido, levantou-se o seguinte questionamento, ou 
problematização da pesquisa: quais os impactos da reforma trabalhista no labor 
feminino? A hipótese sugerida para a suprareferida questão é que se deve analisar o 
contexto social, econômico e político para perceber os impactos da reforma trabalhista 
no labor feminino, destacando-se a questão da raça, classe e gênero como fatores 
preponderantes neste fenômeno. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa 
bibliográfica básica descritiva, de caráter exploratório, tomando-se como resultados a 
análise da legislação percebendo as modificações e flexões da reforma trabalhista no 
que tange ao trabalho da mulher. 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: trabalho feminino, reforma trabalhista, desigualdade de gênero. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
This paper aims to address the impacts of labor reform on women's work. In this way, 
the general objective of this work is delimited: to discuss the impacts of labor reform 
on female labor. For this, the following specific objectives were established, which are: 
to analyze the sociological perspective of gender inequality, the process of insertion of 
women in the labor market; addressing the social protection of female labor, analyzing 
legislation in a historical way; in short, to discuss how the impact on female labor 
occurs from the labor reform. In this sense, the following question, or questioning of 
the research, was raised: what are the impacts of labor reform on female labor? The 
suggested hypothesis for the aforementioned question is that one must analyze the 
social, economic and political context to understand the impacts of labor reform on 
female labor, highlighting the issue ofrace, class and gender as major factors in this 
phenomenon. The methodology used was based on a descriptive basic bibliographic 
research, of an exploratory nature, taking as results the analysis of the legislation 
perceiving the changes and flexions of the labor reform with respect to the work of 
women. 
 
 
 
 
 
Keywords: women's work, labor reform, gender inequality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Art. Artigo 
CC-2002 Código Civil (Lei n.º 10.406 de 10 de janeiro de 2002) 
CRFB-1988 Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro 
de 1988 
EUA Estados Unidos da América 
LDA-1998 Lei de Direitos Autorais em vigor (Lei n.º 9.610 de 19 de 
fevereiro de 1998) 
STJ Superior Tribunal de Justiça 
OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual 
ECAD Escritório Central de Arrecadação e Distribuição 
EU União Europeia 
 
 
 
11 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................... 12 
PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DA DESIGUALDADE DE GÊNERO: O 
PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE 
TRABALHO ................................................................................... 14 
CONCEITO DE GÊNERO E A CONSTITUIÇÃO DA DESIGUALDADE
 ........................................................................................................ 14 
 ............................................................................................................ 
O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE 
TRABALHO E O RETRATO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO16 
A PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO FEMININO: UMA ANÁLISE 
HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO .................................................... 24 
A QUESTÃO DE GÊNERO DENTRO DO DIREITO À IGUALDADE 24 
Direito a igualdade ....................................................................... 24 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO ............... 26 
A evolução do trabalho feminino seguindo a Organização 
Internacional do Trabalho – OIT ............................................... 27 
A evolução do trabalho feminino no Brasil.............................. 30 
A REFORMA TRABALHISTA E O SEU IMPACTO NO LABOR 
FEMININO...................................................................................... 33 
ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS: O TRABALHO FEMININO 
INFORMAL E OS IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO 
 ........................................................................................................ 33 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 43 
REFERÊNCIAS ............................................................................ 44 
ANEXO A – LEI EM ANÁLISE .................................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
2 
 
 
2.1 
2.2 
 
3 
 
3.1 
3.1.1 
3.2 
3.2.1 
 
3.2.2 
4 
 
4.1 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O ingresso da mulher no mercado do trabalho, de acordo com a história, traz à 
tona a opressão derivada da desigualdade de gênero construída ao longo do tempo. 
O mercado de trabalho é dividido de acordo com o gênero, o que muito convém ao 
estado e ao capitalismo sustentado pelo machismo, em que usa desta estrutura para 
explorar a mulher. 
Percebeu-se um afastamento das legislações em proteger um pouco as 
mulheres, entretanto muitos direitos ainda as resguardam, mas modificados conforme 
a modernização da realidade a qual as leis estão pautadas. 
As mudanças refletem em muito em possíveis situações que podem ocorrer 
com a gestante, vez que, nesta reforma, o trabalho de grávidas e lactantes em 
ambientes insalubres afetará não apenas a trabalhadora, mas os recém-nascidos, 
“promovendo-se com isso padrão predatório da força de trabalho já antes do 
nascimento dos futuros trabalhadores, quando começarão a ser atingidos por agentes 
contaminantes de adoecimento” (MELO, 2018). 
A discussão do tema justifica-se à medida que, a partir do momento que há 
mudanças que afetem a esfera social, é necessário dissipar o conhecimento e 
discussão sobre o assunto, enquanto que, também, a esfera acadêmica deve estar 
ciente das incongruências entre a teoria e a prática e, principalmente, se estão sendo 
respeitados os direitos humanos e fundamentais, de acordo com o princípio da 
dignidade humana. 
Neste sentido, levantou-se o seguinte questionamento, ou problematização da 
pesquisa: quais os impactos da reforma trabalhista no labor feminino? 
A hipótese sugerida para a suprareferida questão é que se deve analisar o 
contexto social, econômico e político para perceber os impactos da reforma trabalhista 
no labor feminino, destacando-se a questão da raça, classe e gênero como fatores 
preponderantes neste fenômeno. 
Desta forma, se delimita o objetivo geral da presente monografia: discutir os 
impactos da reforma trabalhista no labor feminino. Para isto, estabeleceram-se os 
seguintes objetivos específicos, quais são: analisar a perspectiva sociológica da 
13 
 
desigualdade de gênero, o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho; 
abordar a proteção social do trabalho feminino, analisando a legislação de uma forma 
histórica; enfim, discutir como se dá o impacto no labor feminino a partir da reforma 
trabalhista. 
A metodologia utilizada baseou-se em pesquisa bibliográfica básica descritiva, 
que de acordo com Marconi e Lakatos (1987, p. 15), a pesquisa bibliográfica “é um 
procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento 
científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir 
verdades parciais”. 
No que se trata dos fins, esta pesquisa foi de caráter exploratório, a qual “se 
restringe a definir objetivos e buscar mais informação sobre determinado assunto de 
estudo” (VERGARA, 2004, p. 45). Enquanto que no que tange aos meios, a pesquisa 
foi bibliográfica, a qual, segundo Vergara (2004) é o estudo sistematizado 
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes 
eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. 
A estrutura do trabalho será dividida em cinco capítulos, sendo estes: o 
primeiro, uma introdução sobre os objetos de estudo, objetivos gerais e específicos, 
estrutura do trabalho, problema, hipótese e justificativas para este ser realizado; o 
segundo capítulo será sobre a perspectiva sociológica da desigualdade de gênero no 
processo de inserção da mulher no mercado de trabalho, bem como conceito de 
gênero e a constituição da desigualdade; o terceiro capítulo será respaldado na 
proteção social do trabalho feminino: uma análise histórica da legislação, a questão 
de gênero dentro do direito à igualdade, direito a igualdade, uma perspectiva do laboro 
feminino em relação à garantia de igualdade e evolução histórica do trabalho feminino, 
e, no quarto capítulo, os impactos das alterações na legislação; enfim, no quinto 
capítulo, se fará as considerações finais do presente trabalho e logo após serão 
apresentadas as referências. 
 
 
14 
 
2 PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DA DESIGUALDADE DE GÊNERO: O 
PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 
 
 Apesar dos significativos avanços no decorrer do tempo a respeito da busca 
da equidade de gênero, percebe-se, ainda, a desigualdade de gênero evidente nas 
relações de trabalho e contextos laborais, bem como de interações cotidianas no 
ambiente de trabalho em instituições públicas e privadas. Para adentrar-se nos 
motivos e adendos de como constitui-se esta desigualdade, faz-se necessário 
abordar sobre gênero e a sua construção. 
 
2.1 CONCEITO DE GÊNERO E A CONSTITUIÇÃO DA DESIGUALDADE 
 
O conceito de gênero pode ser definido como a forma que separa e diferencia 
os homens e as mulheres. Nada obstante, diante dos avanços da sociedade nas 
últimas décadas, a partir de muitasdiscussões, debates, luta e resistência do grupo 
minoritário que sofre por não se encaixar nesses padrões pré-estabelecidos, esse 
termo se tornou deveras obsoleto para definir a complexidade que é a conceituação 
de gênero (VECCHIATTI, 2012). O autor complementa: 
 
O termo gênero significa o conjunto de características atribuídas às 
pessoas por conta de seu sexo biológico. A partir da presunção de 
que determinadas atitudes e posturas seriam inerentes ao homem ou 
à mulher (essencialismo), criaram-se conceitos de masculinidade e 
feminilidade para designar as atitudes que se espera/exige de 
homens (masculinidade) e de mulheres (feminilidade) (...). Porém, 
cabe lembrar que a literatura já demonstrou que os conceitos de 
masculinidade e feminilidade são relativos (construtivismo), variáveis 
conforme cada sociedade e dependentes dos valores a elas 
inerentes, restando refutado qualquer cientificidade de argumentos 
que diga que determinadas atitudes éticas e/ou morais sejam 
inerentes ao sexo biológico (VECCHIATTI, 2012, p. 10). 
 
Pode-se depreender a partir do ponto de vista da psicologia e das ciências 
sociais, que o gênero passou a ser compreendido como aquilo que define 
socialmente as pessoas, não deixando de abrigar âmbitos histórico-culturais 
atribuídos aos indivíduos. 
Ao afirmar que gênero institui a identidade do sujeito pretendeu-se referir a algo 
que transcende o mero desempenho de papeis entendendo que gênero faz parte do 
15 
 
sujeito constituindo-o e construindo. Gênero contrapõe a lógica de ideias singulares 
de masculinidade e feminilidade, a emergia do conceito de gênero tem total distinção 
em relação ao sexo e a sexualidade, visto que a sexualidade faz parte da 
personalidade de cada um, é uma necessidade básica e um aspecto do ser humano 
que não pode ser separado de outros aspectos da vida, compreender também que 
tudo que se sente e vivencia em nosso corpo, portanto, não é possível separar a 
sexualidade do corpo ou pensar no corpo sem considerar a sexualidade. Neste 
sentido: 
(...) quando se chega a questões de identidade sexual, a "construção 
social da identidade" deve inevitavelmente dar lugar aos imperativos 
da biologia e da natureza. Você pode aceitar que os comportamentos 
sociais que rotulamos como "masculinos" ou "femininos" - isto é, 
questões de gênero - sejam socialmente definidos. Mas o que é 
socialmente construído ou culturalmente definido acerca da 
sexualidade? (SEGAL, 1997, p. 184) 
 
O uso da palavra gênero tem uma história que nasce de movimentos sociais 
de mulheres, feministas, gays e lésbicas e tem uma trajetória que acompanha a luta 
por direitos civis, direitos humanos, igualdade e respeito. Burtle (2010), afirma que 
sexo é natural e gênero construído. Estes conceitos definem as diversas faces 
assumidas pela esfera sexual humana. Para tratar da diversidade sexual primeiro é 
necessário conceituar sexo e a sexualidade. Sexo refere-se às características 
específicas e biológicas dos aparelhos reprodutores feminino e masculino, ao seu 
funcionamento e aos caracteres sexuais secundários decorrentes dos hormônios. O 
sexo determina que as mulheres têm vagina e os homens têm pênis; apenas isso. O 
sexo não determina por si só a identidade de gênero, e muito menos, a orientação 
sexual de uma pessoa. 
Em outro conceito necessário, segundo os estudos de Burtle (2010), gênero 
não é um conceito biológico, é um conceito mais subjetivo, pode-se dizer que é uma 
questão cultural e social. Gênero é uma construção social, vez que é preciso um 
investimento, a influência direta da família e da sociedade para transformar um bebê 
em 'mulher' ou 'homem'. Essa construção é realizada, reforçada, e também 
fiscalizada ao longo do tempo, principalmente, pelas instituições sociais, como a 
igreja, a família e a escola (KOTLINSKI, 2017, p. 1). 
Já a sexualidade humana é formada por uma múltipla combinação de fatores 
biológicos, psicológicos e sociais e é basicamente composta por três elementos: sexo 
16 
 
biológico, orientação sexual e identidade de gênero. “Ser mulher e ser homem são 
fatos socioculturais e históricos e há um complexo de determinações e características 
econômicas e sociais que constituem o gênero, relação entre biologia, sociedade e 
cultura” (OLIVEIRA, 2017, p. 26). Consideram-se a diversidade sexual as infinitas 
formas de vivência e expressão da sexualidade. 
Sobre a sexualidade, Louro (1997) acrescenta: 
 
Os sujeitos podem exercer sua sexualidade de diferentes formas, eles 
podem "viver seus desejos e prazeres corporais" de muitos modos. 
Suas identidades sexuais se constituiriam, pois, através das formas 
como vivem sua sexualidade, com parceiros/as do mesmo sexo, do 
sexo oposto, de ambos os sexos ou sem parceiros/as. Por outro lado, 
os sujeitos também se identificam, social e historicamente, como 
masculinos ou femininos e assim constroem suas identidades de 
gênero (1997, p.26). 
 
Com as mudanças que se deram quanto ao papel da mulher na sociedade, 
insta discutir também, como se dará no próximo capítulo, sobre como o processo de 
inserção da mulher no mercado de trabalho trás o retrato da desigualdade de gênero 
e percepção do assédio moral e sexual advindo dos estereótipos construídos outrora 
no papel predeterminado da mulher no âmbito social. 
 
2.2 O PROCESSO DE INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 
E O RETRATO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO 
 
O ingresso da mulher no mercado do trabalho, de acordo com a história, traz à 
tona a opressão derivada da desigualdade de gênero construída ao longo do tempo. 
Segundo Queiroz (2011), o mercado de trabalho é dividido de acordo com o gênero, 
o que muito convém ao estado e ao capitalismo sustentado pelo machismo, em que 
usa desta estrutura para explorar a mulher. 
Desde a Revolução Industrial e principalmente após as guerras mundiais (1914 
a 1945) que se deu a entrada da mulher no mundo trabalho devido ao fato da evasão 
dos homens a guerra e a transferência de responsabilidade a mulher. “Menciona o 
princípio da igualdade e, posteriormente, descreve a evolução dos direitos da mulher 
durante o século passado e início deste, citando algumas modificações nos 
dispositivos de nossa legislação” (GITAHY; MATOS, 2007), como o Estatuto da 
17 
 
Mulher Casada de 1962, Lei do Divórcio de 1977, a atual Constituição Federal e o 
novo Código Civil. 
É necessário se voltar à história para entender e contextualizar os dilemas 
enfrentados pelo sexo feminino na sua interação na sociedade e os fatores que a 
impulsionaram a inserção no mercado de trabalho e que ocasionaram a figura 
feminina de hoje. O movimento feminista surge com a intenção de estabelecer direitos 
iguais entre homens e mulheres, dentro de uma sociedade machista que exalta a 
soberania patriarcal, submetendo as mulheres ao um regime de submissão, e uma 
fantasiosa característica de frágil e não lhes dá a oportunidade de serem protagonistas 
da sua história e participar dos processos de discussão e transformação dos espaços 
(OLIVEIRA, 2017, p. 31, 47-48). Assim: 
 
O feminismo é um dos mais importantes movimentos políticos e 
teóricos das últimas décadas, tendo contribuído de forma decisiva 
para o avanço das humanidades. Outrossim, a crítica feminista à 
criminologia (ortodoxa e crítica) provocou verdadeira “ferida narcísica”, 
pois não apenas deu visibilidade à violência praticada pelos homens 
contra as mulheres, mas apresentou as metarregras sexistas que 
orientam a elaboração, a aplicação e a execução do direito (penal), 
bem como expôs a lacuna das investigações críticas em relação ao 
caráter falocêntrico do sistema penal. É incompreensível, portanto, 
que a criminologia tenha ignorado por décadas as análises feministas 
e que tenha se preocupado com esta nova forma de enfrentar os 
problemas do sistema penal apenas quando em questão a 
necessidade de responsabilização dos homens pelas violências contra 
as mulheres.Isto tudo porque não é aceitável – para um modelo de 
pensamento criminológico que se intitule crítico – o tradicional olhar 
androcêntrico que demonstra complacência com os danos provocados 
às mulheres quando autoras ou vítimas de delitos (CAMPOS; 
CARVALHO, 2011, p.165). 
 
Historicamente, as civilizações, de certa forma, enraizaram o patriarcado, pois 
uniram aspectos culturais e institucionais, criando padrões de estrutura para a vida 
humana. A historiografia brasileira possui uma lacuna sobre a história da mulher 
justamente por esta ser silenciada nas construções históricas do país. 
Hahner, em Emancipação do Sexo Feminino: a luta pelos direitos da mulher no 
Brasil, 1850 – 1940 (2003), aborda sobre como se deu a evolução histórica do 
movimento e da luta pela inserção das mulheres no mercado de trabalho, através, 
primeiramente, da educação. As primeiras defensoras dos direitos da mulher no Brasil 
acreditavam que a educação garantia a emancipação feminina. Assim, pressionaram 
os formuladores de leis ao direito à educação. A partir disto, as mulheres buscam seus 
18 
 
direitos por educação de qualidade, ainda que o que se seguia era a frustração de um 
ensino frágil, como explica o autor in verbis: 
 
A educação das mulheres concentrava-se na preparação para o seu 
destino último: esposas e mães. Mesmo os homens brasileiros que se 
consideravam progressistas e que aprovavam a ‘igualdade universal 
proclamada pelo Cristianismo’, acreditavam que o objetivo da 
educação feminina era a preparação para a maternidade. 
Basicamente, as meninas deveriam aprender a cuidar bem de suas 
casas, pois lhes cabia a obrigação de garantir a felicidade dos homens. 
Todavia, alguma educação era bem acolhida, pois se tornariam 
melhores mães para os filhos e melhores companheiras para os 
maridos. Embora o homem tradicional e progressista assumissem 
juntos que as mulheres pertenciam ao lar, o segundo admitia ampliar 
o papel da mulher na família, enfatizando-lhe o poder de orientar 
moralmente suas crianças e fornecer bons cidadãos ao país 
(HAHNER, 2003, p. 123-124). 
 
Durante décadas, as mulheres não foram consideradas aptas a votar e seu 
direito ao voto sequer fora pensado, sendo o sufrágio “universal” garantido apenas 
aos homens. Apenas em 1932, através do Código Eleitoral, que o voto feminino veio 
a ser assegurado na legislação infraconstitucional brasileira, estabelecendo como 
eleitores “os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos” (BRASIL, 1934). 
Isto somente após muitos anos de luta, articulação do movimento feminista e diversos 
debates. 
Ou seja, as relações de gênero são os paradigmas das relações de 
desigualdade sociais entre homens e mulheres, onde cada um tem um papel social 
determinado por diferenças sexuais. A sociedade utiliza essa diferenciação para 
hierarquizar as atividades, e, portanto, os sexos, em suma, para criar um sistema de 
gênero que traduz a relação de poder dos homens sobre a mulher desde o surgimento 
da sociedade. Desta forma: 
 
A própria mulher reconhece que o universo em seu conjunto é 
masculino; os homens modelaram-no, dirigiram-no e ainda hoje o 
dominam; ela não se considera responsável; [...] nunca emergiu, como 
um sujeito, em face dos outros membros da coletividade; fechada em 
sua carne, em sua casa, aprende-se como passiva em face desses 
deuses de figura humana que definem fins e valores (BEAUVOIR,1980 
p. 364). 
 
Se por um lado esse aumento leva a hipótese que a violência de fato pode estar 
se agravando, a criação e implantação de instrumentos e recursos de atendimento à 
19 
 
mulher violentada é também uma outra causa do aumento de notificações. Segundo 
Almeida (2009), em seu livro A construção social do ser homem e ser mulher, “a 
desigualdade social entre o masculino e o feminino é uma construção social, cultural 
e guarda uma transitoriedade histórica” (p. 13). Ou seja, a socialização e os 
ensinamentos de como cada gênero devem agir partem do meio familiar, escolar e 
demais instituições tradicionais. Essas escolas sociais de “como devo ser” 
preponderou com sua fonte machista e se reproduziu através da mídia ao longo do 
tempo (ALMEIDA, 2009, p. 14). 
Com efeito, tal fato histórico legitimou as desigualdades entre os sexos e, com 
isso, permitiu a banalização das diversas formas de assédio contra as mulheres, assim 
como a violência psicológica e ideológica que é imposta à sociedade pelos veículos 
midiáticos. 
A autora complementa mais sobre como ocorre a construção da desigualdade 
entre homens e mulheres: 
 
Cada sociedade constrói padrões de comportamento para o masculino 
e o feminino que extrapolam as diferenças sexuais, (...) com base na 
consolidação intermitente desses princípios, sobrevivem ainda hoje 
em nossa sociedade estereótipos do homem sexo forte, dominador e 
ativo, em oposição à mulher o sexo fraco, dominável e passivo, para 
além de todas as conquistas pessoais e sociais (ALMEIDA, 2009, p. 
17). 
 
As dimensões sociais das mulheres no Brasil enfrentam dificuldades para se 
estabelecer e encontrar a igualdade entre os gêneros, visto que o cenário do poder é 
basicamente dominado pelos homens. Atualmente, as desconstruções dessas 
relações de poder e distinção sexual vêm ocorrendo pelo movimento feminista, 
considerando que os diferentes não são desiguais. E os estereótipos sexuais, 
dividindo homem e mulher, são usados como ferramentas para atribuir privilégios, 
atividades e poder de forma distinta. Além de que a comunicação em massa tende a 
fazer uma representação ideológica desse esquema sexual. 
Apesar da Constituição Federal, em seu art. 5º, caput, dispõe que todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, há uma igualdade substancial 
entre as pessoas que necessita de discussão. “A completar o quadro, era usual a 
utilização das chamadas “meias-forças”, ou seja, , trabalho da mulher, cuja 
remuneração era ainda inferior a do trabalhador maior, do sexo masculino. A 
20 
 
consequência foi o aviltamento das condições de trabalho” (SOUZA; CARNEIRO, 
2008, p. 1) 
Ainda sobre a desigualdade social entre homens e mulher, Rocha (1994) 
pontua que a evolução no aspecto emancipação das mulheres, sobretudo no âmbito 
ocidental, tem se mostrado constante durante o decorrer da história, mas, vale 
ressaltar que, apesar da melhora gradual, ainda não se atingiu o nível necessário que 
corrobore com a erradicação das desigualdades entre homens e mulheres. 
 
O gênero transformou-se, desta forma, numa categoria de análise 
extremamente importante, comparável, por exemplo, a categorias 
como raça e classe social. E, hoje, não apenas a família é vista de 
uma nova perspectiva, como também todas as outras instituições 
sociais, econômicas e políticas que são influenciadas, direta ou 
indiretamente, pelos estereótipos acerca de homens e mulheres. Os 
estudos de gênero, ao questionarem a visão convencional doas 
atributos masculinos e femininos, segundo o qual a sociedade era 
caracterizada por uma divisão social do trabalho – que situava homem 
no espaço público e confinava a mulher no espaço privado do lar -, 
levaram à visão de que estes atributos e está divisão não são 
resultados de forças naturais, mas, antes, são parte de todo um 
complexo de fenômenos cultural e historicamente determinados 
(ROCHA, 1994,p.16). 
 
Apesar da desigualdade de gênero ser algo antigo a manutenção da mulher na 
esfera doméstica advém da revolução industrial e a manutenção da mulher nessa 
esfera perpassa pelos mais diversos métodos para dominar e tornar fosco todos os 
possíveis desejos que essas podem nutrir, portanto, existe, sim uma violência nessa 
situação pela qual as mulheres são trancafiadas em determinados nichos de 
convivência social, trazendo o aspecto de inferioridade, sobretudo no que tange o pai 
de família que detinha o poder sobre todos que ali residiam e deveriam assim respeitar 
a vontade do mesmo. 
As convençõesdo século passado ditavam relações sociais pautadas em 
costumes patriarcais, cabia ao marido a representação legal da família, enquanto a 
mulher exercia uma posição de submissão perante o homem, marcada pelo silêncio 
e pela discriminação. O homem era tido como provedor e protetor do lar, enquanto as 
funções femininas eram cuidar da educação dos filhos, do marido, gerenciar e cuidar 
dos afazeres domésticos. Afastando qualquer possibilidade de a mulher ser inserida 
no mercado de trabalho, as mulheres eram excluídas, discriminadas de várias formas: 
nas atividades profissionais era explorada e recebia salário inferior ao trabalho do 
21 
 
homem, na educação, pela família, nas responsabilidades sociais, decorrente da 
inexistência de representatividade (MACEDO; MACEDO, 2004). 
Ao longo do século XX começou um processo evolutivo de transformação de 
uma realidade de opressão, dominação e silenciamento, em uma história de luta e 
resistência em busca de igualdade e autonomia social. A mulher enfrentou obstáculos 
desproporcionais para se firmar no mercado de trabalho,preconceito, imposição e 
reclusão, determinados pela sociedade patriarcal dominadora. A partir do momento 
que sai em busca do mercado formal de trabalho,a mulher deixou de ser um mero 
acessório e passou a assumir espaços e papeis de importância na sociedade que 
antes só cabiam ao homem (CISNE, 2012). 
A violência de gênero é uma forma, portanto, comportamental que pode 
provocar lesões corporais, morais e psicológicas à vítima. É considerada violência de 
gênero aquela que é exercida de um sexo sobre outro. Em geral, o conceito refere-se 
à violência contra a mulher, pois decorre da desigualdade entre os sexos, sendo que 
o sujeito passivo é em regra uma pessoa do gênero feminino, devido ao patriarcalismo 
no qual a sociedade foi organizada, onde o homem detém de maior autoridade, poder 
e liderança (BOURDIEU, 2003). A violência acontece a partir do sentido de 
desigualdade social que se instala na não inserção da mulher no mercado de trabalho 
com mesmos salários e possibilidades de carreira como os homens. 
A modernização e progresso das sociedades diversificou as bases sociais e 
permitiram a introdução da mulher no mercado formal de trabalho, abrindo horizontes 
antes não permitidos. Conceitua-se quatro elementos que contribuíram para a 
redefinição dos arranjos sociais: “o crescimento da economia informacional, as 
mudanças no processo tecnológico de reprodução, os movimentos feministas e a 
difusão de ideias em massa, com o advento da globalização” (CASTELLS,1999. p. 
208). 
Com a ausência da força de trabalho dos homens, as mulheres tiveram que se 
mobilizar e ocupar os espaços de trabalhos terciários para que a produção 
permanecesse e manter o sustento do lar. Rompendo com as tradições dos séculos 
anteriores que davam apenas ao homem o direito de ser o único provedor das 
necessidades da casa. Mesmo após o retorno dos homens, as mulheres continuaram 
a estar presentes no mercado de trabalho, pois o número da população masculina 
capaz de trabalhar estava diminuído, já que muitos voltavam mutilados, enquanto 
outros nem ao menos voltavam. O trabalho feminino era desvalorizado, em condições 
22 
 
prejudiciais à saúde, as mulheres eram submetidas à jornada de trabalho de até 16 
horas diárias, e o salário não era nem a metade dos salários pagos aos homens, 
sendo desta forma, mais vantajoso contratar a mão de obra feminina (DEL PRIORE, 
2004). 
Deste modo os mais diversos aspectos que visam manter a mulher como 
submissa estão implícitos e passam desapercebidos pela maior parte da sociedade, 
haja vista que estes estão em lugares como: música, televisão, filmes, teatro. Ou seja, 
toda cultura gira em torno de uma sociedade patriarcal pela qual se propaga conceitos 
tidos como verdadeiros por várias gerações. 
Somente uma profunda reeducação poderia mudar este comportamento, 
inclusive, com a inclusão da temática de gênero nas grades escolares e no 
treinamento de diversas carreiras públicas, uma vez que a inferiorização da mulher 
está presente nas mais variadas instâncias, tanto que, na prática, o próprio Estado 
Brasileiro não leva a questão da violência doméstica tão a sério como deveria, 
deixando de investir recursos absolutamente necessários, mesmo existindo leis 
específicas que determinem isso. 
 
23 
 
3 A PROTEÇÃO SOCIAL DO TRABALHO FEMININO: UMA ANÁLISE 
HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO 
 
Diante de todo o exposto, tratado no capítulo anterior, sobre as percepções 
sociológicas da inserção da mulher no mercado de trabalho, através de muito esforço, 
luta e enfrentamento do patriarcado, este capítulo tende a analisar, de forma 
progressiva, como se deu a proteção social da mulher no trabalho com base nas leis 
e da questão do direito a igualdade. 
 
3.1 A QUESTÃO DE GÊNERO DENTRO DO DIREITO À IGUALDADE 
 
Uma vez que há predeterminações que impõem os papeis sociais da mulher, a 
sua posição nos postos de trabalhos e suas funções tendem a ser vistas como 
inferiores ou não qualificado em comparação ao gênero masculino. Não há, até então, 
leis eficazes que regulem o labor feminino, talvez com o objetivo mesmo de 
desestimulá-las a adentrar nestes ambientes. 
 
3.1.1 Direito a igualdade 
 
O Estado de Direito está caracterizado como estado moderno onde se 
contrapõe ao estado absolutista, sendo a lei a principal fonte de padronização das 
relações sociais. Esse estado foi fruto de um longo processo de transformações 
sociais em que se combateu o poder do monarca e seus privilégios, na busca do 
reconhecimento do homem com valor absoluto e no centro de todas as decisões. 
O estado democrático de direito para alcançar seus objetivos deve ser usado 
como um instrumento a serviço da população, dando condições do pleno exercício e 
respeito dos direitos fundamentais, sendo assim, a constituição cidadã de 88, tem 
como fundamento de Estado o respeito da dignidade da pessoa humana. Para a 
efetiva proteção da dignidade da pessoa humana, o estado brasileiro deve atuar em 
duas vertentes, primeiramente, no combate da erradicação da desigualdade sociais e 
da pobreza dando condições dignas de existências para a população e por outro lado, 
na luta contra a tortura ou qualquer tratamento degradante por parte de seus agentes 
(SARLET, 2012). 
24 
 
Conceituar dignidade da pessoa humana não é tarefa fácil, porém Sarlet (2012, 
p. 94) o faz: 
 
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e 
distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do 
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, 
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres 
fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer 
ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as 
condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de 
propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos 
destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais 
seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que 
integram a rede da vida. 
 
A dignidade da pessoa humana se refere aos direitos mais intrínsecos do ser 
humano, ou seja, estão relacionados com condição digna do ser, sendo um preceito 
imprescritível e irrenunciável estando expressamente na constituição federal. 
O fortalecimento da democracia de um pais passa pelo devido respeito da vida 
digna do ser humano, devendo, o estado, o fiel cumprimento das garantias individuais 
asseguradas na constituição. 
 No que tange ao respeito ao ser humano, Sarlet (2012, p. 75), diz: 
 
O que se percebe, em última análise, é que onde não houver respeito 
pela vida e pela integridade física e moral do ser humano, em que as 
condições mínimas para uma existência digna não forem 
asseguradas, não havendo limitação do poder, enfim, onde a liberdade 
e a autonomia, a igualdade (em direitose dignidade) e os direitos 
fundamentais não forem reconhecidos e minimamente assegurados, 
não há espaço para a dignidade da pessoa humana e está (a pessoa) 
por sua vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças. 
 
De acordo com as Nações Unidas os direitos inerentes a pessoa humana são 
“garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou 
omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana” , tendo como 
exemplo de direitos humanos os direitos à integridade física, direito à vida, direito a 
dignidade, quando esses direitos são incorporados nas constituições nacionais eles 
passam a ser reconhecidos como direitos fundamentais. 
Os princípios da liberdade e igualdade resultam no reconhecimento dos direitos 
políticos, culturais, sociais, econômicos e civis. Essa grande conquista está expressa 
no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Todos os seres humanos 
25 
 
nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados como estão de razão e 
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. 
O primeiro documento jurídico em que foi estabelecido a limitação do exercício 
do poder do Estado Monárquico em relação aos seus súditos foi a Carta Magna da 
Inglaterra de 1215,em que juntamente com o ‘’habeas corpos’’ que restringia as 
prisões arbitrarias e o ‘’Bill of Rights’’, limitou os poderes dos monarcas dando 
garantias contra as arbitrariedades, em seu artigo 28 ressalta que nenhum homem 
livre seria punido ou encarcerado de sua liberdade sem antes passar por um tribunal 
justo que garantisse seus direitos. A Carta Magna é considerada como propulsora nas 
garantias dos direitos individuais influenciando a maioria das constituições européias. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi o marco resultante de 
grandes lutas e conquistas na história das civilizações ocidentais sendo verificados 
em vários momentos. No que tange a isonomia, esta assume uma face substancial a 
medida que um Estado social passa a intervir com vistas a garantir a existência e 
asseguração dos direitos do indivíduo. Seu intuito aqui, portanto, é corrigir as 
desigualdades existentes na sociedade, uma vez que os indivíduos são desiguais. Ou 
seja, mais vulneráveis ou que necessitam de tratamento diferenciado. Portanto, não se 
pode conceber que sejam os mesmos tratados pelo Ordenamento Jurídico como se 
idênticos fossem (MALLET, 2013). 
 
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO 
 
Com a visível luta das mulheres para a inserção e permanência no mercado de 
trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) voltou-se à abordar sobre o 
tema em regulamentações específicas. Conforme se verá no subtítulo a seguir: 
 
3.2.1 A evolução do trabalho feminino seguindo a Organização Internacional 
do Trabalho – OIT 
 
A autora Camila Almeida (2019, p. 4) aborda em seu painel “Mulheres no 
mundo do trabalho no contexto atual” sobre a preocupação da OIT em promover, em 
sua criação, em 1919, não só a justiça social, mas a paz universal, reconhecendo, 
assim, os direitos humanos. 
 
26 
 
Foi a partir do ano de 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, que 
se percebeu a maior inclusão da mulher no mercado de trabalho. Por 
ter sido uma longa guerra, houve diminuição significativa da força de 
trabalho masculina e, consequentemente, maior participação da mão 
de obra feminina para suprir essa ausência. Vale ressaltar que, nessa 
época, as tarefas estavam voltadas para o trabalho agrícola e para as 
atividades nas pequenas empresas manufatureiras e comerciais. Já 
na década de 1940, houve uma contribuição mais expressiva da 
inserção da mulher no mercado de trabalho em razão do processo de 
industrialização e do aumento das empresas dos ramos siderúrgicos, 
petrolíferos, químicos e automobilísticos (SCHLICKMANN e 
PIZARRO, 2003). 
 
Ainda segundo a autora, depois da Revolução Industrial, a sociedade passa a 
perceber as condições precárias em que se encontram os trabalhadores masculinos, 
com péssimas condições de labor e preocupação com a proteção garantida nas já 
poucas leis existentes (ALMEIDA, 2019). Se já se vê esta mínima preocupação com 
os trabalhadores do gênero masculino, como estarão então, as mulheres, neste 
período em que suas funções desempenhadas ainda são consideradas inferiores e 
menos qualificadas, onde há uma pretensa exploração do seu trabalho? Nascimento 
(2003, p. 857-858) salienta que: 
 
por ocasião da Revolução Industrial do século XVIII, o trabalho 
feminino foi aproveitado em larga escala, a ponto de ser preterida a 
mão-de-obra masculina. Os menores salários pagos à mulher 
constituíam a causa maior que determinava essa preferência pelo 
elemento feminino. O Estado, no intervindo nas relações jurídicas de 
trabalho, permitia, com a sua omissão, toda sorte de explorações. 
Nenhuma limitação da jornada de trabalho, idênticas exigências dos 
empregadores quanto às mulheres e homens, indistintamente, 
insensibilidade diante da maternidade e dos problemas que pode 
acarretar à mulher, quer quanto às condições pessoais, quer quanto 
às responsabilidades de amamentação e cuidados dos filhos em idade 
de amamentação etc. O processo industrial criou um problema que 
não era conhecido quando a mulher em épocas remotas dedicava-se 
aos trabalhos de natureza familiar e de índole doméstica. A indústria 
tirou a mulher do lar por 14, 15 ou 16 horas diárias, expondo-a a uma 
atividade profissional em ambientes insalubres e cumprindo 
obrigações muitas vezes superiores às suas possibilidades físicas 
(NASCIMENTO, 2003, p. 857-858). 
 
Somente a partir disto, desta percepção sobre as condições do labor feminino, 
que a OIT passa a figurar a necessidade de atenção às premissas humanitárias, 
sociais, econômicas e políticas também às mulheres trabalhadoras, vez que estas têm 
relação direta com sua saúde e bem estar social. 
Por isto a necessidade de adequação ao que se considera boa condição de 
trabalho ou não, ou seja, o que se considera uma condição de trabalho “decente”. 
27 
 
Almeida a descreve como “aquela que é adequadamente remunerada, exercida em 
liberdade, equidade e segurança, garantindo, assim, uma vida digna” (ALMEIDA, 
2017, p. 4). 
Diante disto, Barros (1995, p. 33) atenta-se em como a OIT se relação na 
questão de gênero: 
 
A igualdade de gênero é uma questão de justiça social e se funda no 
enfoque baseado nos direitos e na eficiência econômica. Quando 
todos os atores da sociedade podem participar, aumentam as 
possibilidades de se alcançar a justiça social e a eficiência econômica, 
assim como o crescimento econômico e o desenvolvimento. 
 
Em “A mulher e o direito do trabalho”, Barros (1995) salienta que a OIT, 
primeiramente, buscava garantir condições de trabalho dignas, com a preocupação 
em sua função fora do trabalho, a de reprodutora, assegurando a integridade física 
das mulheres no período materno. 
Foram através das Convenções 3 e 4 que se fez a normatização, a fim de proibir 
determinadas funções que comprometessem a permanência também dos papeis 
sociais das mulheres, como mãe e esposa. 
A revisão desta convenção, em 1948, solicitada por diversos países 
insatisfeitos com a ausência de algum recurso governamental que assegurasse o 
período de resguardo da mulher e incluísse mulheres agrícolas, por exemplo, nesta 
convenção (OIT, 2017). Ouviu-se a Organização Mundial da Saúde (OMS), no que 
tange aos aspectos da saúde das gestantes neste período e as sugestões foram 
incorporadas nos regulamentos da OIT. 
 
Convenção OIT Com base a 3º convenção ratificada no Brasil, 
Relativa ao Emprego das mulheres antes e depois do parto (Proteção 
à Maternidade) Adoção OIT: 1919 Ratificação Brasil: 26/04/1934 
Status: Não está em vigor Nota: Denunciada, como resultado da 
ratificação da Convenção n.º 103 em 26/07/1961. Artigo 3º Em todos 
os estabelecimentos indústrias ou comerciais, públicosou privados, 
ou nas suas dependências, com exceção dos estabelecimentos onde 
só são empregados os membros de uma mesma família, uma mulher 
a) não será autorizada a trabalhar durante um período de seis 
semanas, depois do parto; b) terá o direito de deixar o seu trabalho, 
mediante a exibição de um atestado medico que declare esperar-se o 
parto, provavelmente dentro em seis semanas; c) receberá durante 
todo o período em que permanecer ausente, em virtude dos 
parágrafos (a) e (b), uma indemnização suficiente para a sua 
manutenção e a do filho, em boas condições de higiene; a referida 
indemnização, cujo total êxito será fixado pela autoridade competente 
em cada país, terá dotada pelos fundos públicos ou satisfeita por meio 
de um sistema de seguros. Terá direito, ainda, aos cuidados gratuitos 
28 
 
de um medico ou de uma parteira. Nenhum erro, Revista Pensar 
Direito, Vol. 9, No.2 , JUL/2018 da parte do medico ou da parteira, no 
calculo da data do parto, poderá impedir uma mulher de receber a 
indemnização, á qual tem direito a contar da data do atestado medico 
até aquela em que se produzir o parto; d) terá direito em todos os 
casos, si amamenta o filho, duas folgas de meia hora que lhe permita 
o aleitamento. Artigo 4º No caso em que uma mulher se ausente do 
trabalho em virtude dos parágrafos (a) e (b) do artigo 3º da presente 
Convenção ou dele se afaste, por um período mais longo, depois de 
uma doença provada por atestado medico, como resultado da 
gravidez ou do parto, e que a reduza á incapacidade de voltar ao 
trabalho, será ilegal, para o seu patrão, até que a sua ausência tenha 
atingido uma duração máxima, fixada pela autoridade competente de 
cada país, notificar à sua, dispensa, durante a referida ausência ou em 
uma data tal que, produzindo-se o pré-aviso expire o prazo no decurso 
da ausência acima mencionada. 
 
Quanto a Convenção de n. 4, esta foi revisada somente em 1919, prevendo 
sobre o trabalho noturno das mulheres, as impedindo de trabalhar durante a noite, 
ainda que maior de idade ou em qualquer tipo de local de trabalho. Percebe-se, então, 
uma preocupação que vai além das boas condições de trabalho da mulher, mas 
perpassa uma questão moralista neste âmbito (MAGALHÃES, 2017). 
Nesse sentido diz Alice Monteiro (1995, P. 35) que: 
 
As medidas destinadas a proteger as mulheres em decorrência de 
gravidez ou de parto, vinculadas a um contrato de trabalho, não 
constituem discriminação; seu fundamento reside na salvaguarda da 
saúde da mulher e das futuras gerações. 
 
 
 Considera-se, portanto, que as mulheres tem travado uma luta contra aos 
padrões de funções que devem ser exercidas impostamente por elas na sociedade e 
que isto foi a base para a exclusão, a priori, e então desigualdade de gênero no 
âmbito do trabalho. Diante disto, será abordado então como se deu a evolução das 
garantias de condições de trabalho dignas no Brasil. 
 
 
 
3.2.2 A evolução do trabalho feminino no Brasil 
 
A Era Vargas, com seu fito em se voltar para as questões sociais, deparou-se 
com a preocupação em tutelar os trabalhadores. A então CLT, Consolidação das Leis 
do Trabalho é introduzida em 1943. Tem-se, a partir disto, a regulamentação e 
29 
 
proteção das condições de trabalho dos trabalhadores do país. No entanto, quais 
foram as garantias dadas às mulheres neste sentido? 
Insta salientar que a CLT teve apenas a sua reunião de leis já existentes sobre 
o trabalho e sua regulamentação. Em relação do trabalho feminino, vê-se que há 
referências no Capítulo III do Título III da CLT com o título “Da proteção do trabalho 
da mulher”, prevendo sobre a duração da carga horária, das condições de trabalho, 
descanso e, também, sobre a possível gravidez e maternidade (CALIL, 2000, p.41). 
Entretanto, é importante relembrar que a busca pelos direitos da mulher sempre 
teve relação com os movimentos feministas, para Rachel Soihet: 
 
Em 1920, dá os seus primeiros passos um movimento de mulheres 
proeminentes, literatas, vinculadas à elite, com educação superior que 
queriam emancipação econômica, intelectual e política. Estas 
conseguiram vitórias em terrenos como o trabalho feminino, a saúde, 
educação e direitos políticos, garantindo a cidadania para a mulher 
(SOIHET, 1989, p. 178). 
 
Este processo de busca por proteção também das mulheres no local de 
trabalho se deu de forma graduativa. Almeida (2017, p. 14) descreve este processo e 
o divide em três etapas, sendo elas: a primeira, fundacional, vez que se preocupa com 
a sua função como reprodutora na sociedade; então, na segunda, estimula-se o 
interesse em equilibrar as oportunidades oferecidas no mercado, para suprirem 
também as mulheres, de forma semelhante; por fim, a terceira, vê-se uma 
preocupação com a relação familiar e laboral, bem como sua conciliação. 
Esta primeira etapa, em muito, tem influencia nas resoluções dadas pela OIT, 
com sua base em conceitos de mulheres como frágeis e que devem ser dedicadas ao 
lar e a maternidade. Em diversos segmentos da indústria, o emprego de mulheres 
representava “uma sensível redução do custo de produção, a absorção de mão-de-
obra barata, em suma, um meio eficiente e simples para enfrentar a concorrência” 
(GOMES; GOTTSCHALK, 2008, p. 420). 
A CLT brasileira, nos artigos 379 e 380, já se mostrava com esta ideologia, visto 
que se proibia o trabalho noturno, ou em subterrâneos, serviços perigosos e 
insalubres, conforme salienta Barros (2013). Somente em 1989 que foram revogadas 
estas leis, na Lei 7.855 de 24 de outubro de 1989 (BRASIL, 1989). 
30 
 
Percebe-se influencia das mudanças retiradas das regulamentações ao 
trabalho da mulher em nível mundial com a proibição da Inglaterra aos trabalhos de 
mulheres em subterrâneos, de acordo com Nascimento (2003, p. 858): 
 
Em 19 de agosto de 1842, a Inglaterra proibiu o trabalho das mulheres 
em subterrâneos. Em 1844, foi limitada a sua jornada de trabalho a 10 
horas e meia, devendo, aos sábados, terminar antes das 16:30 horas. 
Na França, em 1848 surgiram leis de proteção ao trabalho feminino. 
Na Alemanha, o Código Industrial, de 1891, também se ocupou do 
problema, fixando algumas normas mínimas. Uma das mais 
expressivas regulamentações é o Tratado de Versailles, que 
estabelece o princípio da igualdade salarial entre homens e mulheres, 
inserindo em algumas constituições, dentre as quais a do Brasil, e 
destinado a impedir a exploração salarial da mulher (NASCIMENTO, 
2003, p. 858). 
 
Então, a Constituição de 1988 é um marco no que tange ao trabalho feminino 
ante o seu caráter protetor e isonômico, conforme o que se vê: 
 
Em relação à Constituição de 1988, Delgado afirma que: A 
Constituição de 1988, entretanto, firmemente, eliminou do Direito 
brasileiro qualquer prática discriminatória contra a mulher no contexto 
empregatício – ou que lhe pudesse restringir o mercado de trabalho –
, ainda que justificada a prática jurídica pelo fundamento da proteção 
e da tutela. Nesse quadro, revogou inclusive alguns dispositivos da 
CLT que, sob o aparentemente generoso manto tutelar, produziam 
efeito claramente discriminatório com relação à mulher obreira 
(DELGADO, 2008, p. 782). 
 
 
Delgado acrescenta que, em 1995, foram revisadas outras leis que visavam 
combater a desigualdade entre homem e mulher no trabalho, tais como as leis n 9.029, 
de 13 de abril de 1995 e nº 9.799, de 26 de maio de 1999, proibindo a “adoção de 
qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de 
emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, 
situação familiar ou idade” (BRASIL, 1995), além de exprimir parâmetros 
antidiscriminatórios, referindo-se a “utilização de referências ou critérios fundados em 
sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez para fins de anúncios de 
empregos, critérios de admissão, remuneração, promoção ou dispensa” (DELGADO, 
2008, p. 783-784), no que tangea aperfeiçoamento profissional. 
31 
 
Desde então, as mulheres têm ocupado seu espaço no mercado de trabalho, 
distribuindo-se em diversos ramos e seguimentos, sem qualquer restrição quanto ao 
gênero ao qual pertence, ainda que haja ressalvas e mudanças pertinentes a serem 
feitas. 
 
32 
 
4 A REFORMA TRABALHISTA E O SEU IMPACTO NO LABOR FEMININO
 
Diante de contexto histórico, em especial após a Revolução Industrial quando 
as relações no trabalho ao redor do mundo se modificam, o Direito do Trabalho passou 
a ser visto, comumente, como um meio de proteção das garantias, porém, no Brasil, 
tudo tem mudado desde meados do ano de 2015, quando se propôs técnicas de 
flexibilização, as quais põe em preocupação a proteção social prometida com o direito 
do trabalho. 
Desde a aprovação da reforma dos direitos trabalhistas pelo senado no dia 13 
de julho de 2017 da Lei n 13.467, as diversas alterações tem sido alvo de 
considerações e críticas, vez que esta criou e alterou mais de cem artigos e parágrafos 
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
 
4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS: O TRABALHO FEMININO E 
OS IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO 
 
No que tange ao labor feminino, ao longo do tempo, o Direito do Trabalho, ao 
regulamentar as relações jurídicas trabalhistas, em razão de todo o contexto histórico 
que ensejou seu fortalecimento, buscou proteger a mulher trabalhadora, concedendo 
a este uma série de direitos que, o que, por si só, influencia de forma intensa e direta 
nos lucros patronais, que passam a ser reduzidos em razão do maior “gasto’’ que se 
tem para manter a mulher trabalhadora. Principalmente mulheres, que, devido a 
biologia e as questões sociais que constroem o ser mulher, engravidam e possuem 
peculiaridades evidentes. 
O art. 1°, IV, e art. 170, caput, da Constituição Federal de 1988, traz de forma 
expressa que a República Federativa do Brasil tem como fundamento “os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa”. A valorização do trabalho humano e o princípio 
da livre iniciativa são extraídos destes dispositivos, com o objetivo de construir uma 
existência digna para as cidadãs. 
Sabendo a importância do estudo que compõe as relações humana, bem como 
se dá as relações de poder no sistema estruturado para abarcar os interesses 
masculinos, o estudo da parte hipossuficiente, no caso a empregada, é importante 
destacar a presença do Princípio da Proteção ao Hipossuficiente. Isto é o que orienta 
o operador do Direito na sua atividade interpretativa. Servirá como base para o 
33 
 
legislador, uma vez que este princípio se faz presente em todo ordenamento jurídico. 
O Direito do Trabalho, portanto, tem o interesse em estabelecer as normas que 
orientam as relações entre empregados e empregadores (CAIRO Jr, 2015, p. 87). 
Desde a revolução industrial e principalmente após as guerras mundiais (1914 
a 1945) que se deu a entrada da mulher no mundo trabalho devido ao fato da evasão 
dos homens a guerra e a transferência de responsabilidade a mulher. Então, diante 
disto, em 1932, segundo Nogueira (2006), se admite as mulheres como mão de obra 
não qualificada e mais barata na indústria preconizada na Constituição (1932): “sem 
distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual; veda-se 
o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher 
grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas 
depois;”. Ou seja, ao menos teoricamente, dá-se aqui a igualdade de gênero perante 
a constituição federal da época, o que pode-se dizer um avanço neste sentido. 
Entretanto, pode-se observar que as recentes reformas, algumas, se pautaram 
na isonomia entre homens e mulheres, conforme os tópicos a seguir. 
Visivelmente há uma diferença de tratamento, vivencias e tratos sociais entre o 
empregador e empregada versus empregador e empregado e a existência de 
disparidade entre as partes que compõe a ralação de trabalho dá o reconhecimento 
da hipossuficiência do empregado em relação ao empregador que se revela a 
necessidade do Direito tutelar tal situação de modo a priorizar esse lado mais fraco 
para que possa haver paridade na relação trabalhista. 
Ao se falar em Princípio da Proteção, percebe-se o quanto ele é considerado o 
principal princípio do Direito do Trabalho, constituindo-se a própria essência do Direito 
Laboral e é considerado, pela maioria dos juristas, o guardião dos direitos 
fundamentais do obreiro. Conforme Cairo junior (2015, p. 01) destaca que: 
O princípio da proteção desmembra-se em três outros, o in dubio para 
o operário, o da aplicação da norma mais favorável e o da condição 
mais benéfica. O propósito do princípio da proteção é diminuir a 
grande disparidade existente entre empregador e empregado, 
impedindo a exploração de capital em cima do trabalho humano e 
possibilitando melhoria na qualidade e no bem-estar social dos 
obreiros. 
 
Tal regra tem aplicação universal e é preconizada pela Organização 
Internacional do Trabalho, na sua Constituição, art. 19, item 8: 
 
34 
 
Art. 19, item 8. Em nenhum caso poderá considerar – se que a adoção 
de um convênio ou de uma recomendação pela Conferência, ou 
ratificação de um convênio por qualquer Membro, prejudicará qualquer 
lei, sentença, costume ou acordo que garanta aos trabalhadores 
condições mais favoráveis que as que figurem no convênio ou na 
recomendação. 
 
O Direito do Trabalho, nesse contexto, é visto como o ramo da árvore jurídica 
criado exatamente para compensar a desigualdade real existente entre empregado e 
empregador, naturais litigantes do processo laboral. Os valores desse ramo se 
contrapõem às ideias de buscas incansáveis pelo lucro, a todo custo, entretanto, 
diversos são os questionamentos e críticas dirigidas no sentindo de disparidade entre 
os fundamentos do Direito do Trabalho e as situações fáticas de crises econômicas 
que abalam o mercado de trabalho e a própria relação de emprego. 
Conceituando, primeiramente, as atividades com intervalos especiais, estas 
são aquelas que fogem à regra geral, ou seja, não se restringem aquela intrajornada 
ou interjornada tratados no nosso texto publicado tempos atrás. Para conhecê-lo 
acesse o texto intervalos intrajornada e entre jornada. Uma das primeiras mudanças 
propostas pela reforma trabalhista foi a revogação do artigo 385 da CLT, que previa o 
direito à mulher de 15 minutos de intervalo especiais antes de sua jornada de horas 
extras, sob a justificativa da isonomia entre homens e mulheres preconizada nos 
princípios constitucionais (AHAD, 2017). “Art. 384 – Em caso de prorrogação do 
horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes 
do início do período extraordinário do trabalho. (BRASIL, 1943). 
O que foi considerado é que tal dispositivo foi inserido anteriormente, na CLT 
de 1943, devido a autorização que as mulheres eram obrigadas a pedir aos seus 
maridos que pudessem permanecer até mais tarde no trabalho. O objetivo aqui, 
portanto, era modernizar a lei, vez que não há necessidade prática para tal. 
No entanto, mesmo após a reforma, uma juíza, em 2018, reconheceu o 
intervalo para mulheres. Ela disse que “o intervalo de 15 minutos destinado às 
mulheres antes do inicio de jornada extraordinária de trabalho é necessário diante das 
distinções fisiológicas e psicológicas das trabalhadoras” (MARTINELLI, 2018), 
garantindo em sua sentença horas extras à reclamante em compensação as horas 
negadas pela instituição. 
Em uma jurisprudência, também, com recurso provido, foi sinalizado que o 
artigo 384 da CLT assegura um intervalo mínimo e obrigatório de 15 (quinze) minutos 
35 
 
em caso de prorrogação da jornada normal, sem fazer nenhuma limitação ao período 
de duração da sobrejornada. Trata-se de uma norma de caráter cogente que 
estabelece uma garantia mínima à empregada,constituindo uma medida de higiene, 
saúde e segurança do trabalho e, portanto, insuscetível de supressão . Recurso de 
revista conhecido e provido. 
 
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE HORAS 
EXTRAORDINÁRIAS. INTERVALO INTRAJORNADA. 
ARTIGO 384 DA CLT. DIREITO DO TRABALHO DA MULHER. 
PROVIMENTO. Por disciplina judiciária, curvo-me ao 
entendimento do Tribunal Pleno desta Corte que, reconhecendo 
a constitucionalidade do artigo 384 da CLT de que trata do 
intervalo de 15 minutos garantido às mulheres trabalhadoras 
antes da prestação de horas extraordinárias, considerou que a 
concessão de condições especiais à mulher não fere o princípio 
da igualdade entre homens e mulheres contido no artigo 5º, I, 
da Constituição Federal. Desse modo, não sendo concedido o 
referido intervalo, são devidas horas extraordinárias a ele 
pertinentes. Precedentes desta Corte. Recurso de revista 
conhecido e provido. A (TST – ARR: 5320920135150120, 
Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de 
Julgamento: 11/02/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 
20/02/2015). 
ARTIGO 384 DA CLT. INTERVALO DE 15 MINUTOS PARA 
MULHERES ANTES DO LABOR EM SOBREJORNADA NÃO 
GOZADO. PAGAMENTO COMO HORAS EXTRAS. 
ARTIGO 71, § 4º, DA CLT. Esta Corte possui entendimento 
pacificado de que o artigo 384 da CLT foi recepcionado 
pela Constituição Federal de 1988, conforme sedimentado no 
julgamento do Processo nº TST-IIN-RR- 1.540/2005-046,12-
00.5, ocorrido na sessão do Tribunal Pleno em 17/11/2008. 
Homens e mulheres, embora iguais em direitos e obrigações, 
diferenciam-se em alguns pontos, a exemplo do aspecto 
fisiológico, merecendo, assim, a mulher um tratamento distinto 
quando o trabalho lhe exige um desgaste físico maior, como nas 
ocasiões em que presta horas extras, motivo por que são 
devidas como extras as horas decorrentes da não concessão do 
intervalo previsto no artigo 384 da CLT. Recurso de revista 
conhecido e provido. (TST – RR: 2683320125090010, Data de 
Julgamento: 18/05/2015, Data de Publicação: DEJT 
05/06/2015). 
 
Com o objetivo de beneficiar o bebê e incentivar a amamentação continuada, 
além de aumentar o tempo de convívio e vínculo mãe-bebê, importante para o 
desenvolvimento do bebê, o artigo 396 da CLT propõe dois descansos especiais de 
30 minutos, até os 6 meses do menor, conforme o que se vê: 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731047/inciso-i-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10758754/artigo-71-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10758617/par%C3%A1grafo-4-artigo-71-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10722729/artigo-384-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
36 
 
 
Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de adoção, até que 
este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher terá direito, durante a 
jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos especiais de meia hora cada um 
(BRASIL, 1943). 
 
Entretanto, após a Lei 13.467 de 2017, algumas alterações foram feitas no 
artigo anterior da CLT, como esclarecer sobre o descanso também para mães 
adotivas. Inseriu-se também um parágrafo ao artigo, determinando que quando a 
saúde do filho precisar, este período de até seis meses pode ser prorrogado a critério 
da autoridade (BRASIL, 2017). 
 Também foi acrescentado um segundo artigo, preconizando que os horários 
de descanso poderão ser dividido sob uma negociação entre empregador e 
empregado, vez que antes da reforma, esta negociação já ocorria de forma informal, 
devido à isto, a legislação foi mudada, a fim de adequar a realidade, de forma que não 
prejudique nenhuma das partes. 
Na doutrina de Sergio Pinto Martins, o ilustre jurista pondera que: 
 
O preceito em comentário conflita com o inciso I do artigo 5º da Revista 
Pensar Direito, Vol. 9, No.2 , JUL/2018 Constituição, em que homens 
e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Não há tal descanso 
para o homem. Quanto à mulher, tal preceito mostra-se 
discriminatório, pois o empregador pode preferir a contratação de 
homens, em vez de mulheres, para o caso de prorrogação do horário 
normal, pois não precisará conceder o intervalo de 15 minutos para 
prorrogar a jornada de trabalho da mulher (2017, p. 1). 
 
Nesse mesmo sentido posicionou-se igualmente Alice Monteiro de Barros: 
 
Considerando que é um dever do estudioso do direito contribuir para 
o desenvolvimento de uma normativa que esteja em harmonia com a 
realidade social, propomos a revogação expressa do artigo 376 da 
CLT, por traduzir um obstáculo legal que impede o acesso igualitário 
da mulher no mercado de trabalho (1995, p. 20). 
 
 
O detalhe desta negociação é que os intervalos não podem interferir nos 
intervalos já existentes para almoço, ou em alguns casos, repouso. Deve-se 
preocupar que tais intervalos devem ser devidamente registrados no cartão de ponto. 
Esclarecendo mais sobre esses pontos, Carlos Modanês (2018) destaca que o 
entendimento jurisprudencial desses intervalos para amamentação “abrangem 
37 
 
também a amamentação através de mamadeiras”, uma vez que existem mães que 
não possuem leite próprio e que amamentam seus filhos por meio de mamadeiras. 
Portanto não importa a forma desta amamentação, mas o tempo mãe-bebê. 
Vê-se que esta amamentação é um direito fundamental e portanto deve ser 
protegido. Se caso o empregador descumprir, pode ocorrer o “ajuizamento de uma 
ação trabalhista, este poderá ser condenado a remunerar esse período suprimido 
como horas extraordinárias” (MODANÊS, 2018). 
O artigo 394 preconizava que a empregada gestante seria afastada, caso o 
local de trabalho fosse insalubre, conforme o que se lê: “Art. 394 – A empregada 
gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de 
quaisquer atividades, operações ou locais insalubres, devendo exercer suas 
atividades em local salubre”. 
Entretanto, com a reforma trabalhista, o art. 394 passou a dizer 
 
Art. 394 –A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do 
adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afastada de: 
 
I – atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a 
gestação; 
II – atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo quando 
apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, 
que recomende o afastamento durante a gestação; 
III – atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar 
atestado de saúde, emitidopor médico de confiança da mulher, que 
recomende o afastamento durante a lactação (BRASIL,2017) . 
 
Ou seja, só deve ser afastada se realmente exercer o trabalho em locais com 
insalubridade em grau máximo, se médio ou mínimo, somente afastaria com 
apresentação de atestado médico. O mesmo para lactantes. 
Vê-se que perde-se, de certa forma, a proteção da mulher e suas condições 
biológicas no mercado de trabalho. Houve uma Medida Provisória, a 808/2017, quanto 
à isto, mas ela não está mais vigente. Voltando a vigorar, então, a Lei da reforma. 
A flexibilização das normas trabalhistas vem sendo apontada como uma das 
saídas do empregador para solução do cenário de crise laborativo. As empresas se 
utilizam de alternativas de estipulação das condições de trabalho através de 
negociação coletiva, dos contratos individuais de trabalho ou dos próprios 
empresários. 
Dessa forma, percebe-se que foi ampliado o rol de possibilidades de 
complementação do ordenamento legal, bem como se permite a adaptação de 
38 
 
normas ligadas às peculiaridades regionais ou do setor econômico, admitindo, 
também, a derrogação de questões anteriormente discutidas, para adaptá-las a novas 
situações (CARLEIAL, 2010.). 
O termo livre iniciativa representa o ideal de liberdade de ingresso em um 
mercado e poder nele competir com as empresas já estabelecidas, assim, entende-
se por liberdade a não intervenção do governo nas relações da economia. Tal 
ideologia defende ainda que as interações de mercado devem se dar de formas 
voluntárias, e que assim todos os participantes necessariamente se beneficiariam que 
seriam todos aqueles que estão dispostos a ser produtivos, ou seja, tem uma função 
social. 
Por valorização do trabalho humano entende-se não apenas a criação de 
medidas de proteção ao trabalhador, apesar deste também ser um ponto importante, 
mas busca-se admitir o trabalho e o trabalhador como principal agente de 
transformação da ordem econômica e social. Desde os primórdios as relações de 
trabalho tem sido um reflexo do egoísmo humano a fim de alcançar riqueza e poder. 
E com atenção à este contexto que se deve buscar cada dia mais a valorização do 
trabalho humano, com intuito de garantir ao trabalhador gozar de um ambiente que 
garanta uma vida laboral digna. 
Se comparado à livre iniciativa é importante destacar, que em uma perspectiva 
protecionista, os valores sociais do trabalho humano devem ser priorizados ante as 
questões pertinentes à livre iniciativa e aos valores de mercado, cabendo a estes se 
adequarem aos valores sociais do trabalho e à dignidade da pessoa humana a fim de 
alcançar ordem econômica. Ao caracteriza-lá como fundamento não é dizer que ela 
está expressa no texto constitucional, mas simplesmente que é um preceito a ser 
seguido, e deve nortear todo ordenamento jurídico. 
Tal primazia do trabalho está expressa no art.193 da Constituição Federal, o 
qual dispõe que a “ordem social tem como base o primado trabalho”. O legislador quis 
deixar claro no corpo da lei que a ordem social tem apoio no primado trabalho e com 
isso buscar o resgate do valor do trabalho. 
No âmbito do Direito do Trabalho pensar em valorização é investir no 
desenvolvimento, é construir bases sólidas para trabalhador, assim como o 
crescimento da cadeia produtiva. Dizer que o trabalho deve ser valorizado, é garantir 
a todos o exercício das atividades lícitas, cabendo a sociedade considerar o valor 
social do trabalho, como valor fundamental, buscando assim proporcionar mais 
39 
 
oportunidades de empregos para todos. Porém, por outro lado, cabe a ordem jurídica 
garantir ao indivíduo a possibilidade de cumprir com seu dever sem restrições de 
qualquer espécie, havendo ampla liberdade de iniciativa, o que gera um outro preceito 
de valorização. 
Destaca-se que o trabalho a qual se refere a Constituição não é apenas aquele 
fruto da relação de emprego, mas toda forma de trabalho, gerador de riqueza, tanto 
para quem presta para o trabalho como para a sociedade no geral. No contexto social 
a valorização do trabalho humano tem como fundamento o Estado Democrático de 
Direito, ou seja, que tal valorização envolve amadurecimento histórico, em busca da 
concretização a partir de ensinamentos de vivências passadas. 
Assim, diante de toda a carga principiológia da Constituição Federal de 1988, 
bem como com a ideia de “constitucionalização dos ramos do Direito “tem-se, na visão 
protecionista uma sobreposição da valorização do trabalho em detrimento dos 
principios da livre iniciativa. 
As causas ensejadoras de tal ideal de flexibilização, via de regra, possuem 
conotação econômica, são fatores determinantes para criação e desenvolvimento dos 
conceitos pertinentes à flexibilização trabalhista (ROBORTELLA, 1994). A crise 
econômica que o Brasil vem enfrentando, tem como seu corolário, dificuldades 
financeiras causadas às empresas (empregadoras por excelência), influenciando-se 
de forma direta a oferta empregatícia. Segundo o IBGE, no último censo o número de 
desempregados passava dos 11 milhões, diante disso, a flexibilização, já proposta no 
governo de Fernando Henrique Cardoso, ressurge como alternativa para aumentar a 
produtividade da economia e reduzir os riscos e custos para as empresas na 
mantença da relação laboral, objetivando a compatibilização das normas trabalhistas 
à conjuntura econômica. 
A relativização de algumas normas jurídicas trabalhistas se apresenta como um 
meio hábil para criação ou manutenção dos postos de trabalho, entretanto, muitas são 
as critícas que que refutam com veemência a possibilidade de qualquer prejuízo aos 
direitos trabalhistas, ainda que em situação econômica emergencial. 
Maurício Godinho Delgado (2008, p. 10) leciona no seguinte sentido: 
 
Essa disparidade de posições na realidade concreta fez emergir um Direito 
individual do Trabalho largamente protetivo, caracterizado por métodos, 
princípios e regras que buscam reequilibrar, juridicamente, a relação desigual 
vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego. 
 
40 
 
A terceira corrente, defende que a flexibilização dos direitos dos trabalhadores 
somente teria cabimento se o órgão coletivo (sindicato) destes intervisse de forma 
autônoma no âmbito coletivo, uma vez que representados pelo sindicato, haveria uma 
maior proteção aos seus direitos. Tal entendimento valoriza de forma plena a 
autonomia provada coletiva, havendo uma desregulamentação do Direito Coletivo do 
Trabalho, por meio das convenções ou acordos coletivos (MARTINS, 2009). 
O presente trabalho alcançou o seu objetivo principal de tratar de alguns 
pontos da reforma trabalhistas quanto à mulher no mercado de trabalho. 
Percebeu-se um afastamento das legislações em proteger um pouco as 
mulheres, entretanto muitos direitos ainda a resguardam, mas modificados conforme 
a modernização da realidade a qual as leis estão pautadas. 
As mudanças refletem em muito em possíveis situações que podem ocorrer 
com a gestante, vez que, nesta reforma, o trabalho de grávidas e lactantes em 
ambientes insalubres afetará não apenas a trabalhadora, mas os recém-nascidos, 
“promovendo-se com isso padrão predatório da força de trabalho já antes do 
nascimento dos futuros trabalhadores, quando começarão a ser atingidos por agentes 
contaminantes de adoecimento” (MELO, 2018). 
 
41 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No decorrer deste trabalho pretendeu-se trazer a tona as principais alterações 
legislativa que ocorreram gradativamente em relação às normas de proteção a saúde 
da mulher. Alem disso, revelaram-se as barreiras sociais enfrentadas por mulheres 
antes dos adventos da CLT de 1943, da convenção nº3 da OIT e da recepção da 
constituição cidadã de 1988. 
Dentre as normas que asseguram os direitos femininos, destaca-se o principio 
constitucional da isonomia, que visa a diminuição da desigualdade feminina em 
relação a trabalho e salário,

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