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Direito Processual Penal II. Professor Alvim Prisões Cautelares (art. 282 a 350 do CPP) CONCEITO DE PRISÃO É a privação da liberdade de locomoção do indivíduo em virtude de seu recolhimento ao cárcere, seja por flagrante delito, ou por ordem escrita e fundamentada do juiz competente, seja em face de transgressão militar ou crime propriamente militar. Espécies de Prisão: Prisão Penal É aquela que resulta de sentença condenatória com trânsito em julgado, que impôs pena privativa de liberdade. No entanto, o STF alterou esse entendimento no HC n. 126.292. Assim, atualmente, conforme decidido pelo STF, prisão penal é aquela que resulta de acórdão condenatório proferido por tribunal de segunda instância. PRISÃO CAUTELAR É aquela prisão decretada antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, com o objetivo de resguardar a sociedade (cautelaridade social) ou assegurar a eficácia das investigações ou do processo criminal (cautelaridade processual). ESPECIES DE PRISÃO CAUTELAR A doutrina aponta três espécies: • Prisão em flagrante (há controvérsia acerca de sua natureza jurídica: cautelar ou medida precautelar); • Prisão preventiva; • Prisão temporária. CPP, art. 283: Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. Prisão Flagrante (art. 301 a 310) PRISÃO EM FLAGRANTE CONCEITO A prisão em flagrante é uma medida de autodefesa social, caracterizada pela privação da liberdade de locomoção, independentemente de prévia autorização judicial, daquele que é flagrado durante o cometimento de um delito ou momentos depois. • SUJEITOS DO FLAGRANTE Sujeito Ativo Obrigatório: Trata-se do flagrante da autoridade policial e seus agentes, que possuem o dever de efetuar a prisão em flagrante (dever de agir). Em razão do dever de agir, ao prender alguém em situação de flagrância, procede-se acobertado pelo estrito cumprimento do dever legal. Sujeito Ativo Facultativo: É o flagrante feito por qualquer pessoa do povo, desde que ela não seja autoridade policial e seus agentes. Não há obrigação, qualquer pessoa do povo pode efetuar uma prisão em flagrante. Caso o faça, não há responsabilidade penal, em razão de agir acobertado pelo exercício regular dedireito. Sujeito Ativo Flagrante Obrigatório ou Coercitivo Autoridade Policial e seus Agentes Estrito Cumprimento Dever Legal Flagrante Facultativo • Qualquer do Povo • Exercício regular do Direito Art. 301. CPP. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito Sujeito Passivo. Qualquer pessoa (Regra) Exceções: MENORES DE 18 ANOS Menores de 12 anos (crianças) não podem sofrer privação da liberdade, devendo ser encaminhadas ao Conselho Tutelar. Maiores de 12 e menores de 18 anos (adolescentes) podem ser apreendidos, mas não presos (arts. 101, 105 e 171 do ECA). PRESIDENTE DA REPÚBLICA NÃO ESTÁ SUJEITO À PRISÃO EM FLAGRANTE, pois só pode ser preso pela prática de crime comum após sentença condenatória, nos termos do art. 86, § 3° da Constituição. JUÍZES E MEMBROS DO MP Só podem ser presos em flagrante pela prática de crime INAFIANÇÁVEL. PARLAMENTARES DO CONGRESSO NACIONAL Só podem ser presos em flagrante de crime INAFIANÇÁVEL (art. 53, § 2° da CF/88). Aplica-se o mesmo aos Deputados Estaduais e Distritais (art. 27, § 1° da CF). DIPLOMATAS ESTRANGEIROS E CHEFES DE ESTADOS ESTRANGEIROS Não podem ser presos em flagrante (art. 1°, I do CPP). INFRATOR QUE ESPONTANEAMENTE SE APRESENTA Não pode ser preso em flagrante, pois a sua apresentação espontânea à autoridade impede a caracterização do flagrante (nos termos do art. 304 do CPP) Juizado Especial Lei n. 9.099/95, art. 69, parágrafo único: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Posse de Droga para consumo Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo FASES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 1 - Captura Verifica-se, aqui, se o agente está em situação de flagrância, nos termos do art. 302 do CPP. Quando houver resistência do agente, é possível o emprego da força, desde que o faça de maneira moderada, bem como seja utilizado apenas dos meios necessários. CPP, art. 292: Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto (auto de resistência) subscrito também por duas testemunhas. 2 - Condução coercitiva Após a prisão, a pessoa é conduzida de forma coercitiva. 3 - Lavratura do auto de prisão em flagrante. Lavrado o auto de prisão em flagrante, o indivíduo não será necessariamente recolhido à prisão, tendo em vista que poderá ser cabível a fiança: CPP, art. 322: A autoridade policial (Delegado de Polícia) somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei no12.403, de 2011). Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.. 4 - Recolhimento à prisão Caso não seja concedida a fiança, haverá o recolhimento à prisão Espécies Legais de Prisão em Flagrante. Flagrante próprio/perfeito/real/verdadeiro Previsão legal: Art. 302, I e II do CPP. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; Ocorre quando o agente está COMETENDO (consumando – atos executórios) a infração ou ACABOU DE COMETÊ-LA (delito consumado). Essa forma de flagrante deve ser realizada no locus delict. Exemplo: do supermercado. Os atos executórios do furto começam apenas depois de ultrapassado o caixa. Antes disso, tratam-se de atos preparatórios. A prisão, nesse caso, é ilegal. Flagrante impróprio/irreal/imperfeito/quase flagrante. Previsão legal: Art. 302, III. É perseguido, LOGO APÓS, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; Ocorre quando o agente, já tendo consumado o delito, ou em meio aos atos executórios, é interrompido por terceiros. Ao fugir, é perseguido e preso. A perseguição deve ser ininterrupta (não pode sofrer solução de continuidade), não importando o tempo de sua duração. ‘Logo após’ é o tempo entre o acionamento da polícia e o seu comparecimento ao local do crime para obtenção de informações quanto ao agente. Não se exige na perseguição o contato visual com o agente. Condições de validade: • Perseguição ininterrupta (art. 290, §1o, ‘a’ e ‘b’). • após a pratica do crime. Flagrante ficto/assimilado/presumido Previsão legal: Art. 302, IV do CPP. Art. 302 IV - é encontrado, LOGO DEPOIS, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Espécies Doutrinarias de Prisão em Flagrante. Flagrante preparado/provocado Sinônimos de crime impossível: “crime oco”, “tentativa inidônea” e “quase crime”. Caracteriza-se pelo induzimentoà prática do crime pelo agente provocador, que tomando as medidas necessárias, torna impossível a consumação do delito. Crime impossível é aquele no qual o comportamento do agente não tem condições de gerar o resultado delituoso, quer por total inadequação dos meios empregados, quer por absoluta impropriedade do objeto material. CP. Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Dois requisitos: • Indução à prática do crime pelo agente provocador (policial ou qualquer do povo); • Adoção de precauções para que o delito não se consume. Temos, aqui, uma hipótese de crime impossível, pela ineficácia do meio (tentativa inidônea). Por isso, não há possibilidade de prisão em flagrante. Em sendo feita a prisão, deverá ser relaxada, tendo em vista sua ilegalidade. Nesse sentido, a súmula 145 do STF: STF Súmula 145 - não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. • Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da residência, dona de casa deixa uma joia na mesa de centro da sala, ficando à espreita. No momento em que a empregada pega a joia, a dona de casa, auxiliada ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, já decorrente de flagrante preparado. Flagrante retardado/diferido/ação controlada. Consiste no retardamento da intervenção do Estado para fins de colheita de provas. Busca-se, aqui, a prisão do chefe de uma organização, ao invés de somente prisão de seus mandatários. Previsto nos seguintes dispositivos: Art. 4º-B da Lei de Lavagem de Capitais Art. 53 da Lei de Drogas Art. 8º da Lei 12.850/13 (Organização Criminosa) Art. 53. lei 11.343/06. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:. II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. • Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. • § 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. Flagrante esperado Não há agente provocador. Há a espera da autoridade policial até o momento da prática do delito. A polícia sabe que um crime será praticado, então espera até o início de sua execução para prender o agente. OBS: Venda simulada de drogas. Em relação ao verbo vender trata-se de flagrante preparado, provocado. Porém, como o delito de tráfico de drogas é um crime de ação múltipla, nada impede que o agente seja preso em flagrante por outro verbo núcleo, tal como ‘trazer consigo’, desde que a posse da droga seja preexistente. FLAGRANTE NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CRIMES Crimes permanentes É o crime cuja ação se prolonga no tempo, durante todo o período o agente continua dominado o fato, tendo o poder de cessar o ilícito. Enquanto não cessar a permanência a pessoa pode ser presa em flagrante (art. 303, CPP). CPP. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Crimes de ação penal privada/ação penal pública condicionada à representação É possível a prisão em flagrante, ficando a lavratura do APF condicionada à manifestação da vítima ou de seu representante legal. O prazo para que a vítima manifeste seu interesse na persecução penal seria de 24 horas, após a prática delituosa. Utiliza-se como fundamento o prazo que a autoridade policial tem para lavrar o auto de prisão em flagrante. Crimes formais É o crime de consumação antecipada, onde não se exige o resultado. Exemplo: Concussão (Art. 316 do CP), onde o recebimento indevido da vantagem é mero exaurimento. A prisão em flagrante é possível, mas deve ser feita no momento da consumação (exigência da vantagem indevida) e não no momento do exaurimento do delito (recebimento da vantagem).. Crime continuado É um benefício para o agente que pratica uma série de crimes nas mesmas situações. Na continuidade delitiva cabe flagrante em cada crime ISOLADAMENTE, por isso é chamado de flagrante fracionado. • Art. 304 §2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. Providências da Autoridade Policial (306,cpp) Imediatamente (306,Caput) Em ate 24 horas (306, §1º e 2º) Encaminhar copia integral do APF ao Juiz Encaminhar copia integral do APF a Defensoria.(Não tiver advogado) Entregar nota de culpa ao preso. • Assinada pela autoridade • Nome do condutor • Nomes das testemunhas Comunicar ao Juiz Comunicar ao MP Comunicar a família do preso ou pessoa por ele indicada Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312... http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i Providências do Juiz (art. 310. CPP) Ilegal Legal Converter em Prisão Prisão Preventiva Conceder Liberdade Provisória com fiança Conceder Liberdade Provisória semfiança Relaxar Prisão § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivaçãoidônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. ( § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3 AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO) Conceito Trata-se da realização de uma audiência sem demora após a prisão, permitindo o contato imediato do preso com o juiz, com um Defensor (público, dativo ou constituído) e com o Ministério Público. Costuma-se dizer que a audiência de custódia só seria necessária nos casos de prisão em flagrante. Porém, o art. 13 da Resolução n. 213 do CNJ deixa claro que a audiência de custódia também deve ser feita em outros casos, quais sejam: prisão cautelar ou prisão definitiva. Finalidades As finalidades principais da audiência de custódia são: • Verificar eventuais maus-tratos. • Conferir mais elementos para a convalidação judicial do flagrante (restrita aos casos de prisão em flagrante). Fundamento convencional A audiência de custódia não está prevista de maneira expressa no CPP, o PL 554/11 visa incluir. Há na Convenção Americana de Direitos Humanos dispositivo expresso quanto à audiência de custódia, vejamos: CADH, art. 7º, § 5º: Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. CONCEITO DE PRISÃO PREVENTIVA Cuida-se de espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente, mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais (CPP, art. 313) e ocorrerem os motivos autorizadores listados no art. 312 do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319). • Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação criminal e garantir a aplicação da pena. • Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis). Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra embasamento também no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal, que permite a prisão provisória, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva “por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente • Art. 5º LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei LEGITIMAÇÃO Diante do que dispõe o art. 5º, LXI, CF/88, no sentido de que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, resta claro que a prisão preventiva somente pode ser decretada por ordem judicial. Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. PRESSUPOSTOS • Como toda e qualquer medida cautelar, a prisão preventiva também está condicionada à presença concomitante do fumus boni iuris, aqui denominado de fumus comissi delicti, e do periculum in mora (periculum libertatis). Fumus comissi delicti • O fumus comissi delicti, indispensável para a decretação da prisão preventiva, vem previsto na parte final do art. 312 do CPP: prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. É indispensável, portanto, que o juiz verifique que a conduta supostamente praticada pelo agente é típica, ilícita e culpável, apontando as provas em que se apoia sua convicção. Periculum libertatis O periculum libertatis, indispensável para a segregação preventiva, está consubstanciado em um dos fundamentos do art. 312 do CPP: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado Para que a prisão preventiva seja decretada, não é necessária a presença concomitante de todos esses fundamentos. Basta a presença de um único destes para que o decreto prisional seja expedido. Logicamente, caso esteja presente mais de um fundamento (v.g., garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal), deve o magistrado fazer menção a cada um deles por ocasião da fundamentação da decisão, conferindo ainda mais legitimidade à determinação judicial. Assim o fazendo, na eventualidade de impetração de habeas corpus, ainda que o juízo ad quem reconheça a inexistência de um dos fundamentos, a prisão preventiva poderá ser mantida. a) Garantia da ordem pública A expressão “garantia da ordem pública” é extremamente vaga e indeterminada, gerando controvérsias na doutrina e na jurisprudência quanto ao seu real significado. entende-se garantia da ordem pública como risco considerável de reiteração de ações delituosas por parte do acusado, caso permaneça em liberdade, seja porque se trata de pessoa propensa à prática delituosa, seja porque, se solto, teria os mesmos estímulos relacionados com o delito cometido, inclusive pela possibilidade de voltar ao convívio com os parceiros do crime. Acertadamente, essa corrente, que é a majoritária, sustenta que a prisão preventiva poderá ser decretada com o objetivo de resguardar a sociedade da reiteração de crimes em virtude da periculosidade do agente. Compreendendo-se garantia da ordem pública como expressão sinônima de periculosidade do agente, não é possível a decretação da prisão preventiva em virtude da gravidade em abstrato do delito, porquanto a gravidade da infração pela sua natureza, de per si, é uma circunstância inerente ao delito. Assim, a simples assertiva de que se trata de autor de crime de homicídio cometido mediante disparo de arma de fogo não é suficiente, por si só, para justificar a custódia cautelar. Também não será possível a decretação da prisão preventiva em virtude da repercussão da infração ou do clamor social provocado pelo crime, isoladamente considerados. Tais argumentos, de per si, não são justificativas para a tutela penal cautelar. Nessas hipóteses de clamor público e repercussão social do fato delituoso, não se vislumbra periculum Ubertatis,eis que a prisão preventiva não seria decretada em virtude da necessidade do processo, mas simplesmente em virtude da gravidade abstrata do delito, satisfazendo aos anseios da população e da mídia. Não por outro motivo, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que não constituem fundamentos idôneos, por si sós, à prisão preventiva: a) o chamado clamor público provocado pelo fato atribuído ao réu, mormente quando confundido, como é freqüente, com a sua repercussão nos veículos de comunicação de massa; b) a consideração de que, interrogado, o acusado não haja demonstrado interesse em colaborar com a Justiça; ao indiciado não cabe o ônus de cooperar de qualquer modo com a apuração dos fatos que o possam incriminar - que é todo dos organismos estatais da repressão penal; c) a afirmação a ser o acusado capaz de interferir nas provas e influir em testemunhas, quando despida de qualquer base empírica; d) o subtrair-se o acusado, escondendo-se, ao cumprimento de decreto anterior ilegal de prisão processual b) Garantia de ordem econômica • Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente, causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa área. • Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, na medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na vida das pessoas, do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer. Esses crimes que atentam contra a ordem econômica estão previstos na Lei n° 1.521/51 (crimes contra a economia popular), Lei n° 7.134/83 (crimes de aplicação ilegal de créditos, financiamentos e incentivos fiscais), Lei n° 7.492/86 (crimes contra o sistema financeiro nacional), Lei n° 8.078/90 (crimes previstos no Código de Defesa do Consumidor), Lei n° 8.137/90 (crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo), Lei n° 8.176/91 (crimes contra a ordem econômica), Lei n° 9.279/96 (crimes em matéria de propriedade industrial) e Lei n° 9.613/98 (crimes de lavagem de capitais). c) Conveniência da instrução criminal É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em relação ao acusado, não autoriza o decreto da prisão preventiva. Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução criminal quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório (acareação, reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio. Se a prisão preventiva foi decretada exclusivamente com base na conveniência da instrução criminal, uma vez encerrada a instrução, não há mais motivo para subsistir o decreto, impondo-se, então, a revogação, conforme se infere dos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do CPP. Do contrário, passa a preventiva a se constituir uma forma de execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal d) Garantia da aplicação da lei penal Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da infração penal. É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença penal por impossibilidade de aplicação da pena cominada. Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não há motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, também já teve a oportunidade de asseverar que a mera evasão do distrito da culpa - seja para evitar a configuração do estado de flagrância, seja, ainda, para questionar a legalidade e/ou validade da própria decisão de custódia cautelar – não basta, só por si, para justificar a decretação ou manutenção da medida excepcional de privação da liberdade do indiciado ou do réu.320 Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas cautelares § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art282. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 313 • Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração penal ou sob certas circunstâncias. Trata-se das condições de admissibilidade previstas no artigo 313 do CPP. A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS: Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes dolosos com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos. O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado definitivamente, o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido, se condenado o agente não irá, a princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso quando incide a seu favor a presunção da inocência. Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir a pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao cárcere à noite. B) SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO PRAZO DE 05 ANOS DA REINCIDÊNCIA Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos do art. 312 do CPP. Convém ressaltar que, se for reincidente, mas não em crime doloso (registra contra si sentença condenatória transitada em julgado por crime culposo e depois pratica crime doloso), somente será possível decretar a prisão preventiva se a pena máxima cominada ao delito superar 04 (quatro) anos, se previsto um dos fundamentos do artigo 312 do CPP. C) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Além das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a nova redação do artigo 313 do CPP incluiu os casos de violência doméstica, não só em relação à mulher, mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com deficiência. Essas medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), e arts. 98 a 101 do ECA (Lei 8069/90). Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de imposição anterior das cautelares protetivas de urgência. Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou não fornecimento de elementos suficientes para seu esclarecimento• § 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê- la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i • Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. • Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. PRISÃO TEMPORÁRIA: Lei 7960/89. CONCEITO DE PRISÃO TEMPORÁRIA Cuida-se de espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase preliminar de investigações, com prazo preestabelecido de duração, quando a privação da liberdade de locomoção do indivíduo for indispensável para a obtenção de elementos de informação quanto à autoria e materialidade das infrações penais mencionadas no art. 1º, inciso III, da Lei n° 7.960/89, assim como em relação aos crimes hediondos e equiparados (Lei n° 8.072/90, art. 2o, § 4º), viabilizando a instauração da persecutio criminis in judicio. Como espécie de medida cautelar, visa assegurar a eficácia das investigações - tutela-meio -, para, em momento posterior, fornecer elementos informativos capazes de justificar o oferecimento de uma denúncia, fornecendo justa causa para a instauração de um processo penal, e, enfim, garantir eventual sentença condenatória - tutela-fim. REQUISITOS Art. 1° Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: De acordo com a doutrina majoritária, com o objetivo de consertar a falta de técnica do legislador, somente é possível decretar a prisão temporária quando houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes listados no inciso III do art. 1º, associada à imprescindibilidade da segregação cautelar para a investigação policial ou à situação de ausência de residência certa ou identidade incontroversa. Tendo em conta tratar-se a prisão temporária de espécie de prisão cautelar, conjugam-se, assim, seus pressupostos: 1) fumus comissi delicti, previsto no inciso III; 2) periculum libertatis, previsto no inciso I ou no inciso II Da imprescindibilidade da prisão temporária para as investigações • Acerca do primeiro requisito caracterizador do periculum libertatis (inciso I do art. Io da Lei n° 7.960/B9), é indispensável a existência de prévia investigação (não necessariamente de um inquérito policial), apresentando-se a privação cautelar da liberdade de locomoção do indivíduo como recurso indispensável para para a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da conduta delituosa. • Deve a autoridade requerente demonstrar ao juiz o que faz ser considerado “imprescindível ” o encarceramento do suspeito para elucidar o fato delituoso, como, por exemplo, a ocultação de provas, o aliciamento ou a ameaça às testemunhas, a impossibilidade de se proceder ao reconhecimento do acusado por se encontrar em local incerto, etc Ausência de residência fixa e não fornecimento de elementos necessários ao esclarecimento da identidade do indiciado Não ter residência fixa tem sido entendido pela doutrina como sendo a ausência total de um endereço onde possa o indiciado ser localizado. De fato, alguém pode perambular sempre pelas mesmas ruas de uma cidade, em um estado de total miserabilidade, sem que isso importe em presunção de fuga. Daí ter concluído a Suprema Corte ser ilegal a decretação de prisão cautelar pelo simples fato de o agente não possuir residência fixa, decorrente de sua condição de morador de rua. A custódia cautelar sob o argumento de que se destina a conhecer a identidade do indiciado só pode ser aceitável, portanto, no caso de fracasso das diligências policiais que devem ocorrer previamente e, mesmo assim, o tempo limite de cárcere temporário deve ser o estritamente necessário para submeter o indivíduo à identificação criminal, sem que seja necessário cumprir todo o prazo previsto na lei. Fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes listados no inciso III do art. Io da Lei n° 7.960/89 e no art. 2º, § 4º, da Lei n° 8.072/90 Prisão temporária decretada em relação a crime que não esteja previsto no rol do inciso III do art. 1º, da Lei n° 7.960/89, bem como no tocante a crimes hediondos e equiparados (art. 2º , § 4º , da Lei n° 8.072/90), é completamente ilegal, devendo ser objeto de relaxamento. Assim, será ilegal, por exemplo, a prisão temporária por homicídio culposo, estelionato, apropriação indébita, etc. a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n. 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n. 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986). p) crimes previstos na Lei de Terrorismo a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2o): atente-se para o fato de que o homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V, VI e VII), e o homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, são considerados hediondos (Lei n° 8.072/90, art. 1º, I, com redação determinada pela Lei n° 13.104/15), daí por que, em relação a tais delitos, a prisão temporária poderá ser decretada pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidadeº c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ Io, 2o e 3o): com vigência em data de 24 de abril de 2018, a Lei n. 13.654/18 uma nova causa de aumento de pena ao crime de roubo. De acordo com o art. 157, §2°-A, “a pena aumenta-se de 2/3 (dois terços); I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II - se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. A despeito da criação dessa nova majorante para o crime de roubo,a Lei dos Crimes Hediondos e a Lei da Prisão Temporária não foram alteradas a fim de se nelas fazer inserir expressamente o art. 157, §2°-A, do CP, do que se poderia concluir que a prisão temporária não seria cabível em relação a tal delito. Com a devida vênia, esse raciocínio não nos parece ser o mais acertado. A Lei n° 13.654/18 não criou um delito autônomo. Na verdade, o §2°-A do art. 157 do CP funciona apenas como um desdobramento do tipo do crime de roubo, uma vez que o legislador apenas definiu um modus operandi do referido delito. Deveras, é pressuposto para o reconhecimento do roubo circunstanciado do §2°-A a prática da ação prevista no caput do art. 157 do CP, razão pela qual não é possível dissociar o crime majorado das circunstâncias a serem sopesadas na figura típica do art. 157. Logo, se a modalidade simples de roubo prevista no caput do art. 157 admite a decretação da prisão temporária, seria absurdo concluirmos que referida espécie de prisão cautelar não seria cabível em relação à figura circunstanciada do §2°-A; d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ Io e 2o): por força da Lei n° 11.923/09, foi acrescido o § 3o ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o denominado seqüestro relâmpago (“Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente”). Com base nos mesmos argumentos acima expostos em relação ao §2°-A do art. 157 do CP, reputamos que a prisão temporária também é cabível em relação ao crime do art. 158, §3°, do CP; f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único): o art. 223, caput, e parágrafo único, do Código Penal, foram revogados pela Lei n° 12.015/09. Quanto à nova figura delituosa do estupro de vulnerável, prevista no art. 217-A do CP, certo é que o legislador não teve o cuidado de fazer inserir o referido delito no rol do art. Io, inciso III, da Lei n° 7.960/89. Não obstante, a partir do momento em que a Lei n° 12.015/09 inseriu o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A) no rol dos crimes hediondos (Lei n° 8.072/90, art. Io, inciso VI), admitir-se-á a prisão temporária com fundamento no art. 2o, § 4o, da Lei n° 8.072/90; g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único): o art. 214 do Código Penal foi revogado pela Lei n° 12.015/09. Isso, no entanto, não significa dizer que teria havido abolitio criminis, já que houve continuidade norma- tivo-típica. Referida conduta delituosa, consubstanciada no constrangimento de alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal, simplesmente migrou do revogado art. 214 para o atual art. 213 do CP; h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único): o crime de rapto (art. 219) foi eliminado do Código Penal pela Lei n° 11.106/05. No entanto, não se pode falar em abolitio criminis, pois não houve descriminalização total da conduta (princípio da continuidade normativo-típica), na medida em que o art. 148, § Io, V, do Código Penal, acabou absorvendo a figura típica do antigo art. 219. Assim, como o crime de seqüestro ou cárcere privado (art. Io, inciso III, alínea “b”) comporta prisão temporária, esta ainda pode ser decretada em relação a tal delito;409 DO PROCEDIMENTO A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. Quando houver representação da autoridade policial, deve o Ministério Público ser obrigatoriamente ouvido, a fim de que se manifeste quanto à presença dos pressupostos indispensáveis à privação cautelar da liberdade-fumus comissi delicti (inciso III do art. Io) epericulum libertatis (inciso I ou II do art. Io). Na hipótese de uma prisão temporária ser decretada de ofício, ou diante de mera representação policial, sem a obrigatória e prévia manifestação do Ministério Público, ter-se-á manifesto constrangimento ilegal, leitura do art. 2o, caput, da Lei n° 7.960/89, depreende-se que a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz. Prazo Diversamente da prisão preventiva, que não possui prazo predefinido, o prazo de duração da prisão temporária é de, no máximo, 5 (cinco) dias, prorrogável uma única vez por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. De acordo com o art. 2o, § 4o, da Lei n° 8.072/90, esse prazo é de, no máximo, 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, no caso de crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas e terrorismo. Essa prorrogação do prazo da prisão temporária não é automática, devendo sua imprescindibilidade ser comprovada com base em elementos colhidos enquanto o acusado estava preso. Na verdade, apenas diligências novas, diversas daquelas inicialmente pensadas pela autoridade policial, podem efetivamente autorizar a prorrogação do prazo da prisão temporária Decorrido o prazo da prisão temporária, o preso deverá ser colocado imediatamente em liberdade, sem necessidade de expedição de alvará de soltura, salvo se houver prorrogação da temporária ou se tiver sido decretada sua prisão preventiva Relembre-se que a prisão temporária não pode ser decretada ou mantida após o recebimento da peça acusatória • Além dos direitos e garantias constitucionais atinentes a toda e qualquer prisão cautelar, tópico abordado anteriormente, dispõe o art. 3o, caput, da Lei n° 7.960/89, que os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais detentos a prisão temporária não é admissível em contravenções penais, nem tampouco em crimes culposos; Só existe no inquérito policial. O juiz não pode decretar de ofício. Prazo determinado: 5 dias prorrogáveis por mais 5 dias, ou 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias (crime hediondo ou assemelhado). A prorrogação só em casos de extrema e comprovada necessidade. O juiz não pode prorrogar de oficio. O juiz não pode decretar a prisão com sua prorrogação desde logo. Quando vence o prazo da temporária, a pessoa é solta sem necessidade de alvará de soltura. Antes do termino do prazo, há necessidade de alvará de soltura. Se o juiz decretar a prisão preventiva após a prisão temporária, haverá nova contagem do prazo para encerramento do inquérito policial. Não Prisão em Flagrante (Artigo 301/310 do CPP) Prisão Preventiva (artigo 311/316 do CPP ) Prisão Temporária Lei 7.960/89 ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Liberdade Provisória Revogação de prisão preventiva BASE LEGAL: art. 316 do CPP Revogação de prisão temporária Base Legal: art. 5º, LXV, da CF/88 Liberdade Provisória base no art. 310, inciso III, do CPP, art. 321 do CPP, e art. 5º, LXVI, da CF profedivaldoalvim QUESTÃO 4 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO (por conta da falta de luz no dia da prova geral da 2ª fase) Maria, primária e com bons antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de transporte de crianças. Certo dia, após mudar o itinerário sempre observado, resolve fazer compras em um supermercado, onde permaneceu por duas horas, esquecendo de entregar uma das crianças de 03 anos na residência da mesma.Ao retornar ao veículo, encontra a criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não conseguindo, porém, evitar o óbito. Acabou denunciada e condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do Código Penal (abandono de incapaz com resultado morte) à pena de 04 anos de reclusão em regime aberto. Apesar de ter respondido ao processo em liberdade, não foi permitido à Maria apelar em liberdade, fundamentando o juiz a ordem de prisão na grande comoção social que o fato causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) procurou para que assumisse a defesa de Maria. Considerando apenas as informações narradas na situação hipotética, responda aos itens a seguir. A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual recurso defensivo para evitar a punição de Maria pelo crime pelo qual foi denunciada? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual a medida que deve ser adotada na busca da liberdade imediata de Maria e com qual fundamento? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. • A. A tese a ser alegada é que Maria deve ser absolvida ou ter sua conduta desclassificada para o crime de homicídio culposo (0,30), pois o abandono decorreu de culpa e não de dolo (0,35). 0,65 • B. O advogado deveria impetrar habeas corpus (0,25), alegando que não houve alteração fática a justificar o decreto prisional OU que a comoção social não é motivação idônea, OU porque com a aplicação do regime aberto, a medida cautelar acabaria sendo mais gravoso que a definitiva (0,35). 0,60 QUESTÃO 03 - VI OAB Caio, Mévio, Tício e José, após se conhecerem em um evento esportivo de sua cidade, resolveram praticar um estelionato em detrimento de um senhor idoso. Logrando êxito em sua empreitada criminosa, os quatro dividiram os lucros e continuaram a vida normal. Ao longo da investigação policial, apurou-se a autoria do delito por meio dos depoimentos de diversas testemunhas que presenciaram a fraude. Em decorrência de tal informação, o promotor de justiça denunciou Caio, Mévio, Tício e José, alegando se tratar de uma quadrilha de estelionatários, tendo requerido a decretação da prisão temporária dos denunciados. Recebida a denúncia, a prisão temporária foi deferida pelo juízo competente. Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Qual(is) o(s) meio(s) de se impugnar tal decisão e a quem deverá(ão) ser endereçado(s)? (Valor: 0,6) b) Quais fundamentos deverão ser alegados? (Valor: 0,65) Distribuição dos Pontos Item a) Relaxamento da prisão (0,3), endereçado ao juiz de direito estadual (0,3) OU habeas corpus (0,3), endereçado ao Tribunal de Justiça estadual (0,3). 0,6 b1) Ilegalidade da prisão, pois não há formação de quadrilha quando a reunião se deu para a prática de apenas um delito. (0,25) Não se poderia decretar a prisão temporária, pois estelionato não está previsto no artigo 1º, III, da Lei 7.960/89. (0,2) 0,45 b2) A prisão temporária é medida exclusiva do inquérito policial. (0,2) Prisão em Flagrante (Artigo 301/310 do CPP) Prisão Preventiva (artigo 311/316 do CPP ) Prisão Temporária Lei 7.960/89 ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA ILEGAL LEGAL DESNECESSARIA Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Cabe relaxamento de prisão BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 Liberdade Provisória Revogação de prisão preventiva BASE LEGAL: art. 316 do CPP Revogação de prisão temporária Base Legal: art. 5º, LXV, da CF/88 Liberdade Provisória base no art. 310, inciso III, do CPP, art. 321 do CPP, e art. 5º, LXVI, da CF profedivaldoalvim Como espécies de provimentos de natureza cautelar, as medidas cautelares de natureza pessoal jamais poderão ser adotadas como efeito automático da prática de determinada infração penal. Sua decretação também está condicionada à presença do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. A luz da garantia da presunção de não culpabilidade e da própria redação do art. 282 do CPP, nenhuma dessas medidas pode ser aplicada sem que existam os pressupostos do fumus comissi delicti e do periculum libertatis Medidas Cautelares Diversas da Prisão Medidas Cautelares Diversas da Prisão Consoante a nova redação do art. 282, inciso I, do CPP, as medidas cautelares de natureza pessoal deverão ser aplicadas observando-se a necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais. Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; Outro aspecto importante: cuidado para não confundir o art. 319, I, (comparecimento periódico em juízo) com o comparecimento imposto no art. 310, §único, do CPP. Art. 310. Parágrafo único. Se o JUIZ verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Medidas Cautelares Diversas da Prisão II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; A expressão acesso deve ser compreendida como a simples ação de entrar ou ingressar em determinado local, não tendo qualquer conotação de reiteração ou repetição III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; Dentre outras finalidades dessa medida cautelar, podemos destacar: a) proteção de determinada pessoa, colocada em situação de risco em virtude do comportamento do agente. b) impedir que, em liberdade total e absoluta, possa o agente influenciar o depoimento de um ofendido e/ou testemunha, causando prejuízo à descoberta dos fatos. IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; Ao tratar dessa medida cautelar, o legislador parece coloca-la ligada à necessidade de que o acusado permaneça na comarca, de modo a auxiliar na investigação ou instrução. V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos. Esta medida também pode ser imposta cumulativamente com o monitoramento eletrônico, o que ajuda no seu controle. O recolhimento domiciliar, no período noturno e nos dias de folga, não se confunde com a prisão domiciliar VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; Esta medida cautelar, evidentemente, visa impedir a prática de novos crimes funcionais ou contra a ordem econômica financeira. VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; O dispositivo é bem didático e trazendo de forma clara os requisitos para a medida cautelar diversa da infração. Visa impedir a prática de novos delitos. Trata-se de medida assemelhada à garantia da ordem pública. VIII- fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; Cuidado com uma mudança interessante: antes da Lei 12.403/11, a fiança era apenas uma medida de contracautela substitutiva de anterior prisão em flagrante. A fiança agora foi colocada no rol das medidas cautelares diversas da prisão. IX - monitoração eletrônica Consiste no uso da telemática e de meios tecnológicos, geralmente por meio da afixação ao corpo do indivíduo, de dispositivo não ostensivo de monitoração eletrônica (ex.: braceletes, pulseiras ou tornozeleiras), permitindo que, à distância e com respeito à dignidade da pessoa a ele sujeito, seja possível observar sua presença ou ausência em determinado local e período em que ali deva ou não estar, cuja utilização deve ser feita mediante condições fixadas por determinação judicial. Medidas cautelares diversas da prisão previstas na legislação especial Também há medidas cautelares de natureza pessoal diversas da prisão que estão previstas em lei especial. Primeiro, importante lembrar as medidas protetivas de urgência da LMP (lei 11.340/06), que continuam com sua aplicação possível, sem problema algum! Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV - determinar a separação de corpos. Vejam que muitas destas medidas já eram previstas no nosso ordenamento jurídico, só que como penas restritivas de direitos ou outras medidas, de natureza não cautelar. • O que a lei fez foi possibilitar que estas medidas pudessem ser aplicadas com caráter CAUTELAR, sempre que puder ser evitada a aplicação da PRISÃO PREVENTIVA As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Juiz pode usar Medidas inominadas. 319, CPP não é um rol taxativo. Descumprimento: Substituir Impor outra cumulação Decretar preventiva. O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. • De nada adianta a imposição de determinada medida cautelar se a ela não se emprestar força coercitiva. É nesse sentido que se destaca a importância dos arts. 282, § 4o, e 312, parágrafo único, ambos do CPP, com redação determinada pela Lei n° 12.403/11. • Verificado o descumprimento injustificado das medidas cautelares diversas da prisão, o que demonstra que o acusado não soube fazer por merecer o benefício da medida menos gravosa, é possível que o juiz determine a substituição da medida, a imposição de outra em cumulação, ou, em última hipótese, a própria prisão preventiva. • O magistrado não está obrigado a seguir a ordem indicada no art. 282, § 4o, do CPP. Na verdade, incumbe a ele analisar qual das medidas é mais adequada para a situação concreta. • § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único) Vejam que o simples fato de estar o acusado sendo processado criminalmente não lhe retira o direito de se ausentar do país. No entanto, esta pode ser uma medida cautelar a ser decretada pelo Juiz, quando for necessário e adequado ao caso, Nesta hipótese, aplica-se a regra do art. 320 do CPP: Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando- se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Da prisão domiciliar Conceito Está previsto no art. 317 do CPP. Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial Cabimento Funciona como substitutivo de prisão preventiva (cautelar). O art. 318 do CPP traz as hipóteses de cabimento da prisão domiciliar, este artigo foi alterado, recentemente, pela Lei 13.257/2016 (Estatuto da Primeira Infância). Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência V - gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código Estes requisitos são autônomos, ou seja, estando o indivíduo em qualquer destas situações (e não em todas ou algumas cumulativamente), poderá ser substituída a prisão preventiva pela prisão domiciliar, que consiste no recolhimento do indivíduo em sua residência, só podendo sair dela com autorização judicial. • As hipóteses de prisão domiciliar previstas nos incisos do art. 318 do CPP são sempre obrigatórias? Em outras palavras, se alguma delas estiver presente, o juiz terá que, automaticamente, conceder a prisão domiciliar sem analisar qualquer outra circunstância? • Renato Brasileiro entende que não. Para o referido autor, "(...) a presença de um dos pressupostos indicados no art. 318, isoladamente considerado, não assegura ao acusado, automaticamente, o direito à substituição da prisão preventiva pela domiciliar. O princípio da adequação também deve ser aplicado à substituição (CPP, art. 282, II), de modo que a prisão preventiva somente pode ser substituída pela domiciliar se se mostrar adequada à situação concreta. Do contrário, bastaria que o acusado atingisse a idade de 80 (oitenta) anos par que tivesse direito automático à prisão domiciliar, com o que não se pode concordar. • Portanto, a presença de um dos pressupostos do art. 318 do CPP funciona como requisito mínimo, mas não suficiente, de per si, para a substituição, cabendo ao magistrado verificar se, no caso concreto, a prisão domiciliar seria suficiente para neutralizar o periculum libertatis que deu ensejo à decretação da prisão preventiva do acusado." (Manual de Direito Processual Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 998) PRISÃO DOMICILIAR PREVISTA NA LEP PRISÃO DOMICILIAR PREVISTA NO CPP Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: Veja os arts. 317 e 318: Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o ag I - condenado maior de 70 (setenta) anos; I - maior de 80 (oitenta) anos; II - condenado acometidode doença grave; II - EXTREMAMENTE DEBILITADO por motivo de doença grave III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; III - IMPRESCINDÍVEL AOS CUIDADOS ESPECIAIS de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV - condenada gestante. IV - gestante; Sem correspondência V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos Sem correspondência VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos Liberdade Provisória com Fiança COM FIANÇA, sempre que o Juiz suspeite de que o réu não comparecerá a todos os atos do processo e pretenda com isso (arbitramento da fiança), que o réu se sinta compelido na comparecer aos atos processuais, de forma a que não sofra reflexos no seu BOLSO. Liberdade provisória sem fiança: 1. art. 310, parágrafo único, CPP: se o crime foi praticado abarcado por causa excludente da ilicitude então será concedida a liberdade provisória sem fiança. 2. art. 321, CPP: se o juiz verificar que estão ausentes os motivos que autorizam a prisão preventiva irá conceder a liberdade provisória com ou sem cautelar. 3. art. 350, CPP: réu pobre. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. Procedimento: feito o pedido, o MP se manifesta e o juiz decide. Fiança pelo delegado A autoridade policial só poderá arbitrar a fiança nos crimes cuja pena máxima não seja superior a quatro anos. Caso o crime possua pena máxima superior a 04 anos, a fiança deverá ser requerida ao Juiz, que a arbitrará em até 48 horas, nos termos do art. 322 do CPP: Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas Rol dos crimes: o CPP estabelece quais são os crimes inafiançáveis e por exclusão tudo que estiver fora desse rol (art. 323 e 324, CPP) é afiançável. Crimes Inafiançáveis art. 323 I – nos crimes de racismo; II – nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Situação de Inafiançabilidade art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: I – aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; II – em caso de prisão civil ou militar; III – (Revogado); IV – quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312). Procedimento (Art. 333, CPP): Não é o procedimento do delegado, e sim em juízo. Feita a petição, o juiz defere e o MP analisa. Arbitramento (art. 325 e 326, CPP): procedimento bifásico. 1ª fase: art. 325, CPP. O juiz precisa verificar qual a faixa do crime: pena máxima menor ou igual a 4 anos: 1 a 100 salários mínimos . pena máxima maior que 4 anos: 10 a 200 salários mínimos. • 2ª fase: art. 326, CPP. O juiz leva em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, a importância provável das custas ao final do processo. Pode haver modificações no valor da fiança o juiz pode aumentar o valor em até 1.000 vezes, artigo 325, parágrafo 1º, inciso III. O juiz pode reduzir em até 2/3 o valor da fiança. Pode dispensar a fiança nos termos do art.325, Parágrafo 1º, inciso I. Deveres da fiança (Artigos 327 e 328 do CPP) a) Comparecimentos aos atos do inquérito ou da instrução; b) Não pode mudar de residência sem autorização judicial; c) Não pode se ausentar da comarca por mais de 8 dias sem comunicar o juiz. • Perda da fiança (Art. 344, CPP): e não comparecer para o inicio do cumprimento da pena, então haverá a perda da fiança. Essa perda significa a perda da integralidade do valor. Quebra (Art. 341, CPP): hipóteses: “Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; V - praticar nova infração penal dolosa.” (NR) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art341 Consequências da quebra (Art. 343, CPP): Do ponto de vista patrimonial, haverá perda da metade do valor. Do ponto de vista pessoal, o juiz decidirá sobre a imposição de outras cautelares e se for o caso irá decretar a preventiva. Com base no Código de Processo Penal, assinale abaixo a situação em que é possível a concessão de fiança: A)Quando o réu estiver sendo investigado pela prática de crime de tortura. B)Quando o réu tiver praticado infrações penais de menor potencial ofensivo. C)Quando o réu tiver sofrido prisão civil ou militar. D)Quando estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva. E)Quando o réu estiver sendo investigado pela prática de crimes hediondos. • Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 4ª REGIÃO Prova: FCC - 2019 - TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal Considere as seguintes hipóteses: I. Maria, grávida, atualmente com 4 meses de gestação, é presa em flagrante por crime de tráfico de drogas. II. Flávia, grávida, atualmente com 2 meses de gestação, é presa em flagrante por crime de roubo. III. Ricarda, grávida, atualmente com 6 meses de gestação, é presa em flagrante por crime de lesão corporal grave praticada contra o seu filho José. IV. Patrícia, funcionária pública, grávida e atualmente com 8 meses de gestação, é presa em flagrante por crime de peculato. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fcc https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/trf-4-regiao https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fcc-2019-trf-4-regiao-analista-judiciario-oficial-de-justica-avaliador-federal Nas audiências de custódia, realizadas dentro de 24 horas contadas a partir da prisão de cada uma das mulheres acima referidas, nos termos estabelecidos pelo Código de Processo Penal, sem prejuízo da análise de eventual direito das presas ao benefício da liberdade provisória, o Magistrado competente substituirá a prisão preventiva por prisão domiciliar APENAS em A - I e IV. B - I, III e IV. C - III. D- II e III. E - II. Sujeitos Processuais (251 a 281) Sujeitos Principais (ou essenciais): são aqueles cuja existência é fundamental para que se tenha uma relação jurídica processual regularmente instaurada. Consiste na figura do juiz, do acusador (Ministério Público ou querelante) e do réu; Secundários (ou acessórios): são aqueles que, apesar de não serem imprescindíveis, poderão intervir no processo a título eventual. É o caso do assistente de acusação e do terceiro interessado. Há, também, um grupo de indivíduos que apesar de não integrarem propriamente a relação processual, nela intervêm através de atos que concorrem para o regular tramitar do processo penal. Como exemplos, os auxiliares da justiça, peritos, terceiros não interessados etc. Do Juiz • Ao Juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. É o Juiz quem conduz o processo, proferindo a decisão final. O Juiz exerce poderes de polícia — para garantiro desenvolvimento regular e tolher atos capazes de perturbar o bom andamento do processo — e poderes jurisdicionais — que compreendem atos ordinatórios, que ordenam e impulsionam o processo, e instrutórios, que compreendem a colheita de provas. • Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. • Provimento: no juízo de 1º grau se dará por concurso público • + 3 anos de atividade jurídica (STF), a contar no ato da inscrição no concurso, não na posse. • A promoção para entrância superior, com abertura de vagas em cada localidade ou juízo, a serem providas, alternadamente, por antiguidade e merecimento • A promoção para entrância superior, com abertura de vagas em cada localidade ou juízo, a serem providas, alternadamente, por antiguidade e merecimento A doutrina, legitimando o status de Juiz, atribuiu alguns princípios inerentes aos Juízes. São eles: Inamovibilidade: Garante ao juiz a permanência no local em que se encontra classificado, salvo por razões de interesse público, por meio de decisão por voto da maioria absoluta do Tribunal a que estiver vinculado ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa. CF, Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público Irredutibilidade de subsídios. redutibilidade de subsídio Resguarda o magistrado de perseguições de ordem financeira por parte dos governantes. Art. 95, III. Os juízes gozam das seguintes garantias: irredutibilidade de subsídio Vitaliciedade: Os juízes gozam das seguintes garantias: CF, Art. 95. I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; Como forma de assegurar a imparcialidade do Juiz, dá-se luz aos artigos 252 a 256, os quais versam sobre a suspeição e impedimento. Apesar da necessidade de ser imparcial, o juiz não deixa de ser uma pessoa. Assim, a lei antecipa a proibição de o juiz exercer a jurisdição em determinados casos, presumindo a possibilidade de parcialidade. No caso dos impedimentos, tal presunção é absoluta (jure et jure). Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Segundo entendimento do STF, as hipóteses de impedimento previstas no CPP constituem rol taxativo e, portanto, não podem ser ampliadas. Incompatibilidade Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. O impedimento deverá ser reconhecido ex officio pelo juiz. Não o fazendo, poderá ser arguido o impedimento por qualquer das partes. Suspeição As causas de suspeição, conhecidas como motivos de incapacidade subjetiva do juiz, abrangem situações em que é duvidosa a imparcialidade do magistrado. Há, nestes art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Diferentemente do impedimento, as hipóteses de suspeição constituem rol exemplificativocasos, presunção relativa de incapacidade (juris tantum). Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. Presunção Absoluta x Relativa A presunção absoluta, também conhecida como presunção juris et de jure, caracteriza-se pela impossibilidade de prova em contrário. Como exemplo disso, em direito penal, tem-se a imputabilidade dos menores de 18 anos, pois presume-se de forma absoluta que os mesmos não possuem condições de entender o caráter ilícito dos fatos e de se determinarem de acordo com tal entendimento. A presunção relativa, por sua vez, tem como conseqüência a inversão do ônus da prova, ou seja, quem está sofrendo a imputação do fato é que vai ter que demonstrar que quem acusa está errado. Cessação do Impedimento e da Suspeição Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. • Casamento Dissolvido + Filhos: Permanece o impedimento e a suspeição. • Casamento Dissolvido Sem Descendentes: Acaba o impedimento e a suspeição em relação à esposa, mas não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no process XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO Situação-Problema Questão 2 Em inquérito policial, Antônio é indiciado pela prática de crime de estupro de vulnerável, figurando como vítima Joana, filha da grande amiga da Promotora de Justiça Carla, que, inclusive, aconselhou a família sobre como agir diante do ocorrido. Segundo consta do inquérito, Antônio encontrou Joana durante uma festa de música eletrônica e, após conversa em que Joana afirmara que cursava a Faculdade de Direito, foram para um motel onde mantiveram relações sexuais, vindo Antônio, posteriormente, a tomar conhecimento de que Joana tinha apenas 13 anos de idade. Recebido o inquérito concluído, Carla oferece denúncia em face de Antônio, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 217-A do Código Penal, ressaltando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que, para a configuração do delito, não se deve analisar o passado da vítima, bastando que a mesma seja menor de 14 anos. Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Antônio, responda aos itens a seguir. A) Existe alguma medida a ser apresentada pela defesa técnica para impedir Carla de participar do processo? Justifique. (Valor: 0,60) B) Qual a principal alegação defensiva de direito material a ser apresentada em busca da absolvição do denunciado? Justifique.(Valor: 0,65) A) Sim, o advogado de Antônio, já no momento de apresentar resposta à acusação, deveria apresentar exceção de suspeição em face da Promotora de Justiça, tendo em vista a presença da causa de suspeição prevista no Art. 254, incisos I e IV, do Código de Processo Penal (CPP). Prevê o dispositivo em questão que o juiz dar-se-á por suspeito quando for amigo íntimo de alguma das partes ou quando tiver aconselhado uma das partes. Carla é muito amiga da genitora da vítima e ainda aconselhou a ofendida e sua família sobre como agir diante do ocorrido. Ademais, o Art. 258 do CPP estabelece que as previsões referentes às causas de impedimento e suspeição do magistrado são
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