Sermões do Padre Antônio Vieira

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Sermões do Padre Antônio 
Vieira
Nasceu em Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, 
em 1697;
Veio para o Brasil com 7 anos;
Entrou para a Companhia de Jesus
Fonte: 
https://www.grupoescolar.com/pesquisa
/padre-antonio-vieira-16081697.html
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Por defender posições favoráveis aos
índios e aos judeus, foi condenado a 2
anos de prisão pela Inquisição;
Responsável pelo desenvolvimento da
prosa no período Barroco, no Brasil;
É conhecido pelos sermões polêmicos
em que critica o despotismo dos
colonos portugueses, o
Protestantismo, os pregadores que
não cumpriam bem seu ofício e a
própria Inquisição;
Defendia os índios e sua
evangelização, condenando os
horrores vivenciados por eles nas
mãos de colonos e dos cristãos novos
(Judeus convertidos ao catolicismo);
Acreditava na volta do Sebastianismo –
volta do Rei de Portugal D. Sebastião
para transformar Portugal novamente
em uma grande potência;
Além dos Sermões, escreveu cartas e
profecias;
Escreveu cerca de 200 Sermões em estilo
Conceptista – privilégio da retórica e
encadeamento lógico de ideias e conceitos.
Os Sermões estão formalmente divididos
em 3 partes:
- Intróito ou Exórdio: a apresentação,
introdução do assunto;
- -Desenvolvimento ou argumento: defesa
de uma ideia com base na argumentação;
- - Peroração: parte final, conclusão.
Cultismo X Conceptismo
São estilos literários muito explorados no
período Barroco;
O cultismo valoriza a forma textual. O
conceptismo valoriza o conteúdo;
Cultismo = jogo de palavras. Preciosismo
vocabular, linguagem rebuscada para
expressar ideias;
Conceptismo = jogo de ideias. Retórica
aprimorada, imposição de conceitos,
apresentação de diversas ideias.
Vieira utiliza passagens da Bíblia para
escrever os Sermões;
Menciona temas como Deus, os
homens, o pregador, o evangelho;
Pragmatismo – palavra leva à ação.
Acreditava que os jesuítas deveriam ter
o monopólio dos negócios indígenas –
política indianista que visava separar
os índios de seus costumes.
Visão do indígena
Os jesuítas acreditavam que os
indígenas tinham a natureza boa
deformada pelos costumes viciosos
acumulados pelo tempo e que iriam
conseguir recuperar essa natureza
através da conversão.
Principais Sermões
Sermão pelo bom sucesso das armas 
de Portugal contra as da Holanda 
(1640)
Sermão de Santo Antônio aos Peixes 
(1654)
Sermão da Sexagésima (1655)
Os sermões apresentam texto em 
prosa.
O sermão era considerado um gênero
literário superior, resultado de um
enorme esforço intelectual;
Os jesuítas os criavam com base em
estudos de retórica. Estudavam a forma
de exposição, a ordem dos argumentos,
praticavam impostação da voz,
gestualidade e posição do corpo.
Sermão pelo bom sucesso das 
armas de Portugal contra as da 
Holanda
Foi pregado em 1640, na Igreja de
Nossa Senhora da ajuda, Bahia.
Nesse ano, a Bahia lutava contra o
domínio holandês, que buscava a sua
fatia no mercado do comércio
açucareiro, até então monopólio
ibérico.
“Se acaso for assim — o que vós não permitais — e está
determinado em vosso secreto juízo, que entrem os hereges na
Bahia, o que só vos represento humildemente, e muito deveras, é
que, antes da execução da sentença, repareis bem, Senhor, no que
vos pode suceder depois, e que o consulteis com vosso coração
enquanto é tempo, porque melhor será arrepender agora, que
quando o mal passado não tenha remédio. Bem estais na
intenção e alusão com que digo isto, e na razão, fundada em vós
mesmo, que tenho para o dizer. Também antes do dilúvio estáveis
vós mui colérico e irado contra os homens, e por mais que Noé
orava em todos aqueles cem anos, nunca houve remédio para
que se aplacasse vossa ira. Romperam-se enfim as cataratas do
céu, cresceu o mar até os cumes dos montes, alagou-se o mundo
todo: já estaria satisfeita vossa justiça, senão quando ao terceiro
dia começaram a boiar os corpos mortos, e a surgir e aparecer
em multidão infinita aquelas figuras pálidas, e então se
representou sobre as ondas a mais triste e funesta tragédia que
nunca viram os anjos, que homens que a vissem, não os havia.”
O objetivo de Vieira com esse sermão foi
fortalecer os ânimos da população para
lutar contra os “hereges” holandeses.
Defende a superioridade da igreja
católica.
Ele dirige-se indiretamente ao público
enquanto conversa com Deus, de quem
exige uma solução.
Utiliza passagens bíblicas para fazer
alusão a problemas do presente.
Encerra com pedidos de perdão.
Sermão de Santo Antônio aos 
Peixes
Foi pregado em São Luís, Maranhão, em
1654, no âmbito das lutas que dividiam os
jesuítas e os colonos em função dos
índios.
O sermão parte de um conceito presente na
Bíblia, em Mateus 5:13: “Vós sois o sal da
terra”. Vieira interpreta a sentença assim:
Vós = os pregadores jesuítas
Sal= a mensagem cristã
Terra= a colônia, a terra
“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os 
pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal 
da terra, porque quer que façam na terra o que 
faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; 
mas quando a terra se vê tão corrupta como está 
a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de 
sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta 
corrupção? (…) Enfim, que havemos de pregar 
hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos 
têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: 
ouvem e não falam. Uma só cousa pudera 
desconsolar o Pregador, que é serem gente os 
peixes que se não há-de converter. Mas esta dor 
é tão ordinária, que já pelo costume quase se 
não sente (…) Suposto isto, para que 
procedamos com clareza, dividirei, peixes, o 
vosso sermão em dois pontos: no primeiro 
louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo 
repreender-vos-ei os vossos vícios. (…)”
Vieira entende que os pregadores
deveriam conservar a nova terra com a
fé cristã.
Em seguida, procura os germes de
corrupção e os encontra nos próprios
pregadores, quando fracassam e agem
de acordo com interesses particulares; e
também nos ouvintes, quando não
agem conforme a doutrina.
Na Bíblia, Santo Antônio, não
encontrando quem ouvisse suas
palavras, pregou aos peixes. Vieira faz
o mesmo.
Em um primeiro momento, Vieira coloca 
os peixes acima dos seres humanos e 
trata de seus defeitos. 
Dirige-se aos peixes visando atingir os
homens.
O principal defeito apontado é a
voracidade. Por trás dessa alegoria está
uma crítica ao comportamento dos
colonos maranhenses em relação aos
índios.
O sermão é dividido em 6 partes. Termina
com louvação a Deus.
Sermão da Sexagésima (1655)
Dividido em 10 partes, é conhecido por
tratar da arte de pregar;
Nele, Vieira condena aqueles que
pregam a palavra de Deus de maneira
vazia;
Escrito em prosa;
Temática pautada na religiosidade;
Foi proferido na capela Real de Lisboa.
I
E se quisesse Deus que este tão ilustre
e tão numeroso auditório saísse hoje
tão desenganado da pregação, como
vem enganado com o pregador!
Ouçamos o Evangelho, e ouçamo-lo
todo, que todo é do caso que me
levou e trouxe de tão longe.
Intuito de convencer as pessoas a se 
converterem à religião católica;
Críticas os outros pregadores e a
ineficácia de seus discursos;
Este sermão é específico sobre a forma
de fazer sermões. Usa metalinguagem
para apresentar sua ideia central:
pregar é semear;
Com forte racionalidade (raciocínio
lógico), usa figuras de linguagem para
dar maisexpressividade ao texto
(comparação, metáfora, hipérbole).
Vieira está inserido no estilo artístico
Barroco;
O Barroco, no Brasil, foi introduzido
pelos jesuítas portugueses no período
colonial;
Manifestou-se na literatura, na
arquitetura, na pintura e nas artes
plásticas, ao longo dos séculos XVII e
XVIII.
 VII
 Será porventura a falta de ciência que há em
muitos pregadores? Muitos pregadores há
que vivem do que não colheram e semeiam
o que não trabalharam. Depois da sentença
de Adão, a terra não costuma dar fruto,
senão a quem come o seu pão com o suor
do seu rosto. Boa razão parece também esta.
O pregador há-de pregar o seu, e não o
alheio. Por isso diz Cristo que semeou o
lavrador do Evangelho o trigo seu: Semen
suum. Semeou o seu, e não o alheio, porque
o alheio e, o furtado não é bom para semear,
ainda que o furto seja de ciência.
A partir de diversas analogias, Vieira usa
da argumentação para responder
perguntas que ele mesmo faz;
Com a Reforma Protestante, a igreja
católica perdia cada vez mais seus fiéis.
Vieira tenta “incutir” na mente das
pessoas os dogmas da religião católica.
Vieira se preocupa com os efeitos da
pregação na vida social. No Sermão da
Sexagésima, ele diz que sermões
devem ser um instrumento de origem
divina, voltado para a expansão do
cristianismo.
Referências
 FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. 2 ed. Rio de Janeiro, 
Schmidt Editor, 1936. 
 HOLANDA, Sergio Buarque. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo, 
Companhia das Letras, 1995. 
 LINS, Ivan. Aspectos do Padre Antônio Vieira. Rio de Janeiro, 
Livraria São José, 1956. 
 PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 23 ed. 
São Paulo, Brasiliense, 1994. 
 VAINFAS, Ronaldo. Antônio Vieira. Série Perfis Brasileiros. São 
Paulo, Companhia das Letras, 2011. 
 WILLEKE, Venâncio. Franciscanos na história do Brasil. Petrópolis, 
Vozes, 1977. 
 ZENAIDE, Hélio Nóbrega. Vidal de Negreiros, o Padre Antônio Vieira e o 
cativeiro indígena no Maranhão. In: Revista do Instituto Histórico e 
Geográfico da Paraíba. João Pessoa, IHGP, ano LXXXI, 1995. 
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acesso em 3 de maio de 2020.
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