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PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL - RESUMO

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Direito
	
	Me. Elisângela Ap. de Medeiros 
	Direito Processual Civil I
	
	Estudo Dirigido
	Turma: DIR34
	Nome – 
	Matricula: 
	Assinatura
	Valor da Prova: 10
	Nota:
	
	Data: 04.10.2021
	
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
I- O ESTUDO DIRIGIDO DEVERÁ SER RESPONDIDO E ORIENTADO À PARTIR DOS MATERIAIS DISPONIILIZADOS VIA PLATAFORMA E BIBLIOTECA VIRTUAL. 
II- PODERÁ SER REALIZADO DE DUPLA
III- DEVERÁ SER ENCAMINHADO VIA PLATAFORMA DE FORMA MANUSCRITA
IV- DATA LIMITE PARA ENTREGA: 04.10.21
V- Pontuação: 5 pontos trabalho escrito/digitado e 5 pontos apresentação.
SEMINÁRIO 1
PRINCÍPIOS E NORMAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
A dupla deverá realizar um estudo sobre os princípios abaixo indicados preparando um resumo sobre tais temas, disponibilizando-os para toda turma. Façam os resumos completos, pois, como já dito, deverão ser posteriormente enviados via plataforma para todos os demais alunos. Também se atentarem para a inclusão de exemplos.
No dia da vista de prova (04.10.21) faremos uma breve apresentação, em torno de 10 min para cada grupo. (a escolha do tema será aleatória, portanto, a dupla tem que conhecer de todos os princípios).
Grupos de 02 integrantes 
Princípios e Normas Fundamentais do Direito Processual Civil
1- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O princípio do devido processo legal não constitui um principio processual por si só, como também um princípio garantido constitucionalmente, a todos os cidadãos brasileiros, em respeito ao Estado Democrático de Direito.
Internacionalmente, tem origem na Carta Magna das Liberdade Inglesa, instituída pelo Rei João Sem Terra, sendo mencionado em seu art. 39. No direito anglo-saxão, o devido processo legal teria como objetivo, estritamente, o seguimento da lei pelos julgadores e operadores do Direito.
Tal princípio é consagrado pelo art. 5º, inciso LIV, da Carta Magna, apresentando-se como um dos princípios mais importantes no âmbito processual, haja vista que garantem maior justiça no andamento da demanda no âmbito do Poder Judiciário, incidindo ao processo o emprego de técnicas adequadas e conducentes à tutela pretendida pelas partes. Como princípio normatizado constitucionalmente, ele pode exercer a função de base para muitos outros princípios e normas que complementem sua função e seu objetivo principais. Assim, o princípio do devido processo legal constitui uma norma geradora de muitas outras normas autônomas.
O devido processo legal, de maneira literal, é uma tradução do termo due processo of law, este último significando direito e não lei, diferente da concepção estrita existente no âmbito do direito anglo-saxão. Assim o processo deve estar em consonância não apenas com a lei em si mesma, mas com o direito como um todo. Além 
2- PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da dignidade humana é garantido constitucionalmente, o que significa que todas as normas infraconstitucionais devem estar em consonância com o referido princípio, inclusive as normas processuais civis.
Bom, sobre o princípio em comento, importa ressaltar que ele está relacionado intimamente com a ideia de oriunda dos Direitos Humanos, na medida em que visa a proteção do ser humano como uma figura importante e autônoma, sendo esta um fim em si mesmo.
Por si mesmo, portanto, o princípio da dignidade humana tem como objetivo a proteção do cidadão brasileiro com relação ao próprio Estado, no âmbito da produção normativa, e a promoção da própria autonomia individual.
No CPC/2015, essa noção é indicada no art. 8º, o qual institui que, ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e à exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
3- PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Segundo o mestre Ellio Fazzalari, o processo é constituído de um procedimento em contraditório. De acordo com ele, esse seria o principal ponto de um Estado Democrático Constitucional.
O contraditório, junto com a dialética, é o meio pelo qual o processo garante a qualidade da decisão judicial e em razão disso ele está para o processo assim como a dignidade da pessoa humana está para o direito material. Deve ser reconhecido como fonte do ordenamento jurídico processual.
O direito de participação e influência no processo é um limite ao poder do juiz e, como seu fenômeno correlato, a existência de um dever de debate por parte desse juiz, mesmo nos casos em que seja possível e recomendável a sua atuação de ofício. Para Fazzalari, o que difere o processo do procedimento é a existência e constância no contraditório do "módulo processual”, ou seja, o direito de participação das partes na formação do ato final.
É possível dizer que o contraditório exterioriza a defesa, ou que a defesa é o fundamento do contraditório. Porém, tais conceitos, ainda que corretos, são incompletos, uma vez que o direito de ação também necessita do contraditório. A confusão certamente deriva da circunstância de que a defesa, para ser exercida em sua fase inicial, requer a efetivação do contraditório, que tecnicamente pressupõe informação, possibilidade de reação e possibilidade de influência nos rumos da decisão. Ou seja, relaciona-se defesa e contraditório porque o réu necessita ser informado e ter a sua disposição os meios técnicos capazes de lhe permitir a reação e influência. 
4- PRINCÍPIO AMPLA DEFESA
O princípio da ampla defesa também constitui princípio essencial para a existência do próprio devido processo legal. Constitucionalmente, constitui o direito do demandado. É direito à resistência no processo e, à luz da necessidade de paridade de armas no processo, deve ser simetricamente construído a partir do direito de ação. 
O direito de defesa deve considerar as garantias constitucionais e os princípios e mecanismos técnicos-jurídicos necessários e suficientes para assegurar uma efetiva participação do réu na dialética do processo e na formação do convencimento do juiz. Não deve ser estudada somente a partir do binômio ação/defesa e, sim, inserindo-a entre os pilares de sustentação da atividade jurisdicional desenvolvida no processo. Fala-se, pois, em direito de defesa e garantia constitucional de defesa.
A ação é exercida contra o Estado, que tem o dever de prestar a tutela jurisdicional efetiva, e diante do réu, que pode ser atingido pelos efeitos jurídicos da eventual tutela do direito solicitada pelo autor. Apenas por isso é intuitivo o direito do réu de se defender diante do exercício da ação, objetivando a não concessão da tutela do direito.
A jurisdição, para responder ao direito de ação, deve necessariamente atender ao direito de defesa. Isso pela simples razão de que o poder, para ser exercido de forma legítima, depende da participação dos sujeitos que podem ser atingidos pelos efeitos da decisão. Sem a efetividade do direito de defesa, portanto, estaria comprometida a própria legitimidade do exercício do poder jurisdicional. Ação e defesa são posições inelimináveis do direito ao processo justo.
5- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade, na CF, aparece nos seguintes termos:
Publicidade (LX, 93 IX): a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Bom, a publicidade dos atos processuais não garante apenas o devido processo legal, como também o próprio direito ao contraditório e à ampla defesa, na medida que ambos são possibilitados no momento em que se tornam evidentes todos os elementos processuais que envolvem as partes. 
6- PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO
A Convenção Americana de Direitos Humanos prevê, em seu art. 81, que toda pessoa tem direito a ser ouvida com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável. O Brasil é signatário desse Pacto.
A EC n. 45/2004, que reformou constitucionalmente o Poder Judiciário, incluiu o inciso LXXVIII no art. S º da CF /1988: "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo eos meios que garantam a celeridade de sua tramitação". 
Os critérios originais da jurisprudência da Corte Europeia de Direitos Humanos para que um processo tenha uma duração razoável: (a) complexidade da causa; (b) comportamento das partes; (c) comportamento do juiz na condução do processo, acrescentou-se, ainda, um quarto critério, denominado posta in gioco, consistente na relevância da causa para a vida das pessoas envolvidas, para a dignidade da pessoa humana (valor-fonte dos Estados Democráticos Constitucionais). Isso quer dizer que há uma prioridade subjetiva de certas causas em relação às outras. 
O CPC/2015 prevê o princípio da razoável duração do processo em vários dispositivos, como no art. 4º (tutela tempestiva do processo como uma de suas finalidades), art. 6º (cooperação entre os sujeitos para atingir tal finalidade), art. 12 (ordem cronológica de julgamento), art. 191 (calendarização processual), art. 1.048 (prioridade legal de tramitação) e art. 139, IV (dilação de prazos).
O CPC/2015 busca mudar a lógica da impropriedade dos prazos processuais para juízes e impor um certo grau de responsabilidade, uma vinculatividade mitigada, que, se não observada, deva ser motivada adequadamente a partir dos valores que orientam o ordenamento jurídico.
7- PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE
A CF é a fonte normativa do princípio da igualdade processual. 
Da primeira parte do art. 7o do CPC decorre, diretamente, em um plano infraconstitucional, o princípio da igualdade processual. A redação é prolixa, mas o propósito é simples: as partes devem ser tratadas com igualdade. 
A igualdade processual deve observar os aspectos:
· imparcialidade do juiz (equidistância em relação às partes);
· igualdade no acesso à justiça, sem discriminação (gênero, orientação sexual, raça, nacionalidade etc.)
· redução das desigualdades que dificultam o acesso à justiça, como a financeira, a geográfica, a de comunicação, etc.
· igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório.
É importante registrar que o princípio da igualdade no processo costuma revelar-se com mais clareza nos casos em que se criam regras para tratamento diferenciado, pois, em alguns casos, a única forma de igualar as partes é dando a elas tratamento diferenciado.
A partir da noção de contraditório como potencialidade de influência, a igualdade passa a ser compreendida como oportunidades equilibradas de influência, análogos poderes de influenciar a formação da decisão.
8- PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência passou a ser constitucional a partir da Emenda Constitucional nº19, em 1998. Uma vez que o Poder Judiciário, relacionado ao processo civil em obviedade, faz parte da Administração Pública, aplica-se a ele, também, o princípio da eficiência.
O termo eficiência implica na utilização dos meios dos quais dispões para que sejam alcançados os fins desejados, de maneira efetiva e proveitosa, com o máximo de aproveitamento possível. Assim, no Poder Judiciário, urge que a aplicação dos meios disponível por referido Poder sejam utilizados de modo a garantir que o processo corra com a maior eficiência, celeridade e justiça possível, de modo que a prestação jurisdicional seja aplicada de maneira correta e sem vícios.
A aplicação da eficiência no processo civil, hoje, visa a promoção de maior celeridade processual e de menor possibilidade de prolação de sentença contraditória possível, bem como a presteza pela resolução consensual dos conflitos e o lançamento em mão de todas as medidas necessárias para que as decisões judiciais sejam cumpridas.
9- PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL
O princípio da boa-fé processual determina que todos os agentes do processo se comportem de acordo com os seguimentos descritos pela boa-fé objetiva, participando do processo a partir das condutas observantes da lealdade e da boa-fé, nos termos do art. 14, inciso II, do Código de Processo Civil.
De maneira mais concreta, a boa-fé prezada pelo Código de Processo Civil é a boa-fé objetiva, revelando-se no comportamento merecedor de fé e confiança, que não pratique abuso de direito.
10- PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
O princípio da efetividade, por sua vez, é utilizado como um dos instrumentos de tutela dos direitos, podendo ser divididos em tutela efetiva virtuosa e tutela efetiva malsã. Ocorre que este garante o direito fundamental à tutela executiva dos direitos, sendo consagrado pela Constituição Federal da República.
O princípio da efetividade da jurisdição, também denominado pela doutrina como “efetividade do processo”, tem por escopo fundamental assegurar o resultado útil da jurisdição na proferição da sentença, de forma que o trâmite processual – a soma de todos os atos processuais realizados desde o momento em que a parte buscou o Judiciário até o proferimento da sentença – seja um resultado útil (Moretti & Costa).
Ou seja, a efetividade da tutela jurisdicional diz respeito ao resultado do processo. Mais precisamente, concerne à necessidade de o resultado da demanda espelhar o mais possível o direito material, propiciando às partes sempre tutela específica – ou tutela pelo resultado prático equivalente (Moretti & Costa).
E isso se relaciona também ao princípio da inafastabilidade, na medida em que se configura direito fundamental o direito ao acesso à justiça.
O Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, inscrito no inc. XXXV, do art 5º, da CF, não assegura apenas o acesso formal aos órgãos judiciários, mas sim o acesso à Justiça que propicie a efetiva e tempestiva proteção contra qualquer forma de denegação da justiça e também o que, certamente, está ainda muito distante de ser concretizado, e, pela falibilidade do ser humano, seguramente jamais o atingiremos em sua intereza. Mas a permanente manutenção desse ideal na mente e no coração dos operadores do direito é uma necessidade para que o ordenamento jurídico esteja em contínua evolução (Kazuo Watanabe).
O princípio da efetividade do processo também repousa na locução contida no art. 5º, XXXV, de que a lei não excluirá nenhuma lesão ou ameaça a direito da apreciação do Poder Judiciário, o mesmo que, rendeu ensejo à apresentação do “princípio do acesso à justiça. Este princípio, por vezes, é enunciado como “efetividade da jurisdição. (...) O princípio da efetividade do processo, volta-se mais especificamente aos resultados práticos deste reconhecimento do direito, na exata medida em que ele o seja, isto é, aos resultados da tutela jurisdicional no plano material, exterior ao processo (Cassio Scarpinella Bueno)
11- PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO
A adequação é um dos principais vetores do processo contemporâneo, dizendo respeito à aplicação do direito material e processual adequados à solução do caso concreto. Pode acontecer quanto à pessoa (sujeitos do processo), quanto ao objeto (ramos do direito envolvidos) e quanto à teologia (valores e bens da vida envolvidos na tutela).
Segundo Galeno Lacerda, a adequação pode ocorrer de três formas:
Adequação subjetiva: ponto de vista subjetivo, adequar o processo aos sujeitos, para garantir melhor acesso à justiça. Sob o ponto de vista desta, considera-se como variam as normas relacionadas com a legitimação processual das partes, conforme se tratar de capaz ou incapaz, de pessoa física ou jurídica, privada ou pública, ou de sujeito sem personalidade. Urge que o instrumento se adapte ao sujeito que o maneja.
Adequação objetiva: adequações ao objeto ao direito tutelado. Adequação do instrumento ao material trabalhado.
Adequação teleológica: ligada à finalidade, propósito do processo. Claro está que o processo de conhecimento requer atos e ritos distintos daqueles exigidos para a execução ou para o processo cautelar. Cabe registrar que as variações que se verificam no rito dos processos relativos a cada uma das funções resultam também de imperativos de adequação, seja a finalidades distintas de tutela, seja a realidades jurídicas diversas.
12- PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
As partes e o juiz cooperam para que o processo possa garantirde forma justa a tutela das pessoas e dos direitos, adequada, tempestiva e efetiva.
Esse princípio é um dos principais do CPC/2015, pois é o princípio estruturante das relações e da dinâmica entre os sujeitos processuais. 
Parcela da doutrina irá dizer que a cooperação é característica do processo isonômico, pois traduz a ideia de diálogo (Hermes Zaneti Jr. e Dierle Nunes). Isso não quer dizer que a relação entre as partes é de natureza idílica ou que as partes devem ser amigas entre si. 
O direito não regula comportamentos estáticos, mas comportamentos dinâmicos que se traduzem em poderes, deveres, ônus e faculdades durante todo o arco processual. Não só a relação jurídica bullowiana, mas todas as demais relações jurídicas, nelas incluídos os auxiliares do juiz, amicus curiae, MP, Defensoria, advogado, etc.
O processo é isonômico na condução, mas assimétrico no momento da decisão (Fredie Didier Jr. e Daniel Mitidiero). Para Daniel Mitidiero, as partes cooperam com o juiz e o juiz coopera com as partes, idéia que surge para eliminar a ideia de que as partes cooperam entre si. Para Hermes Zaneti Jr., o processo é isonômico na condução e na decisão, pois decidir é apenas a função do juiz, não há uma angularização.
A colaboração prevê uma comunidade de trabalho como um desdobramento dos comportamentos objetivos impostos.
A cooperação não é um tertium genrus entre o dispositivo inquisitório, mas busca combiná-los durante o arco processual. O princípio da demanda (dispositivo) limita a cooperação, de forma que ao juiz não é facultado exercer um comportamento ativo, salvo quando autorizado pelo direito material. A relação entre direito material e o direito processual desequilibra o arco da relação jurídica processual em favor da tutela daqueles direitos e acaba permitindo atos inquisitivos mais intensos do juiz.
O CPC estabelece uma série de sanções para o caso de descumprimento dos sujeitos processo em relação a condutas cooperativas, como, por exemplo, a revelia, a preclusão e as sanções do art. 77, CPC. 
A cooperação, como princípio, é objetiva e justifica a sanção de litigiosa de má-fé e o comportamento não-cooperativo pode gerar a responsabilidade civil, administrativa ou criminal, necessitando aferir a ocorrência de dolo ou culpa e o regime jurídico de responsabilização da parte que o descumpriu. A principal mudança é a adoção de um caráter objetivo, mas o caráter subjetivo persiste. O importante é notar a mudança de paradigma, porque a grande mudança do CPC é tornar regra o caráter objetivo da cooperação e da boa-fé, assim como a insanabilidade dos vícios processuais, agora, é regra e não mais exceção.
A omissão dos atos judiciais é falta de conduta cooperativa do juiz, verdadeiro comportamento desidioso (art. 253, § 3º, CPC).
13- PRINCÍPIO DO RESPEITO AO AUTOREGRAMENTO DA VONTADE NO PROCESSO
O autorregramento da vontade se define como um complexo de poderes que podem ser exercidos pelos sujeitos de direito, em níveis de amplitude variada , de acordo com ordenamento jurídico. Do exercício desse poder, concretizado nos atos negociais, resultam, após a incidência da norma jurídica, situações jurídicas (gênero do qual as relações jurídicas são espécie). Defender o autorregramento da vontade no processo não é necessariamente defender um processo estruturado em um modelo adversarial. O respeito à liberdade convive com a atribuição de poderes ao órgão jurisdicional, até mesmo porque o poder de autorregramento da vontade no processo não é ilimitado, como, aliás, não o é em nenhum outro ramo do direito. Se não existe autonomia da vontade ilimitada nos demais ramos do Direito, não faria sentido que logo no Direito Processual Civil ela aparecesse (Fredie Didier Jr.).
O princípio do respeito ao autorregramento da vontade no processo visa, enfim, à obtenção de um ambiente processual em que o direito fundamental de autorregular-se possa ser exercido pelas partes sem restrições irrazoáveis ou injustificadas10. De modo mais simples, esse princípio visa tornar o processo jurisdicional um espaço propício para o exercício da liberdade.
O autorregramento, no CPC, é explícito na defesa da resolução consensual dos conflitos, na vontade das partes no que tange à delimitação do objeto litigioso do processo e na grande previsão diferenciada de negócios processuais típicos.
14- PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO
O princípio da primazia da decisão do mérito está voltado para a superação dos vícios processuais sanáveis, onde o julgador abre oportunidade para que as partes façam a sua correção, possibilitando a análise do mérito e a consequente solução do conflito por meio da decisão judicial. Esse princípio se faz presente tanto na primeira instância quanto na fase recursal (America Nejaim).
O princípio da primazia da resolução do mérito é importante no cenário jurídico atual, pois reflete a valorização dos postulados fundamentais no trâmite do processo, de modo que o sentido literal da expressão “efetividade do processo e da jurisdição” seja alcançado. Referido princípio vem previsto também no artigo 6º do NCPC, que trata acerca do dever de colaboração entre as partes. Segundo ele, todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Assim, de forma a garantir-se que o processo seja efetivo, ou seja, apresente resultado útil, que não intente em uma nova movimentação da máquina judiciária, deverá haver a real satisfação do direito material, por meio da análise do mérito da demanda. No entanto, esse dever não é somente do magistrado, mas de todos os sujeitos que compõem a relação jurídica processual triangular, quais sejam, autor, réu e juiz (Moretti & Costa).
15- PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA.
O princípio da proteção da confiança é diferenciado do princípio da segurança jurídica pelos seguintes critérios: (a) âmbito normativo – enquanto o princípio da segurança jurídica diz respeito ao ordenamento jurídico como um todo, focando o âmbito macrojurídico, o princípio da confiança legítima relaciona-se com um aspecto normativo do ordenamento jurídico, enfatizando um âmbito microjurídico; (b) âmbito pessoal – enquanto o princípio da segurança jurídica representa uma norma objetiva, não necessariamente vinculada a um sujeito específico, o princípio da confiança legítima protege o interesse de uma pessoa específica; (c) nível de concretização – enquanto o princípio da segurança jurídica refere-se, primordialmente, ao plano abstrato, o princípio da confiança legítima pressupõe o nível concreto de aplicação; (d) amplitude subjetiva de proteção – enquanto o princípio da segurança jurídica serve de instrumento de proteção de interesses coletivos, o princípio da proteção da segurança jurídica é neutro com relação ao interesse dos cidadãos, podendo tanto ser usado em seu favor quanto em seu desfavor, o princípio da proteção da confiança só é utilizado com a finalidade de proteger os interesses daqueles que se sentem prejudicados pelo exercício passado de liberdade juridicamente orientada (Humberto Àvila).
A finalidade do princípio da proteção da confiança é exatamente assegurar ao cidadão a estabilidade de suas expectativas legítimas em face de mudanças de posturas estatais que surpreendam o cidadão e/ou retroajam em seu desfavor, pois normas e atos emanados do Estado não podem ter um olhar oblíquo e único para o presente e projetar um futuro que desconsidere por completo as consequências dos atos individuais realizados sob um contexto passado, até então autorizado (Victor Roberto Corrêa de Souza)

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