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ANESTESIOLOGIA ANIMAL (APS)

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TRABALHO DE ANESTESIOLOGIA
Caso: Piometra e cardiopata
● IDENTIFICAÇÃO
Nome: Nina
Espécie: canina
Raça: maltês
Sexo: fêmea
Idade: 12 anos
Peso: 4kg
● ANAMNESE
Tutor relata animal com tosse noturna e intolerância ao exercício. Relata hiporexia nos
últimos 5 dias, mas emagrecimento progressivo há 6 meses. Nega diarréia. Relata apatia,
êmese ontem apenas, poliúria e polidipsia. Nega dispneia, nega síncope, nega qualquer
alteração neurolocomotor. Animal vacinado, vermifugado e com controle de ectoparasitas.
Sem acesso à rua e sem contactantes.
● EXAME FÍSICO
-FC: 140 bpm
-FR: 30 mrm
-Ausculta cardiopulmonar: arritmia, sopro sistólico grau III, campos pulmonares
normais.
-Temperatura: 39,9º C
-Mucosas: Normocorada
-Hidratação: desidratação moderada
-TPC: 3 s (aumentado)
-Linfonodos: não reativos
-Palpação abdominal: aumento de volume na região epi-meso-hipogástrica.
Fármacos de uso contínuo: (estágio C)
- Furosemida 10mg: ¼ de comprimido BID
- Benazepril 5mg: toma ¼ de comprimido SID
- Pimobendan 1mg: manipulado, 1 comprimido BID
- Espironolactona 25mg: ¼ de comprimido SID
- Ração hipossódica para cardiopatas da Royal Canin
● EXAMES COMPLEMENTARES
- Eletrocardiograma: extrassístoles, alargamento da onda P e do complexo
QRS
- Ecocardiograma: folhetos da mitral espessados, com leve prolapso valvar.
Doppler mostra sangue regurgitante ao átrio esquerdo do coração. Leve
hipertrofia excêntrica do átrio esquerdo. Não tem hipertensão arterial
pulmonar.
- Hemograma: leucocitose, caracterizada pelo aumento de leucócitos acima do
valor de referência
- Bioquímico: azotemia caracterizada pelo aumento de uréia e creatinina acima
do valor de referência
- Urinálise: densidade 1.017
- Ultrassom: cornos uterinos aumentados e com conteúdo anecogênico
- PAS: 170 mmHg
Portanto, animal ASA III
PREPARO DO PACIENTE
● Animal com jejum hídrico de 7 horas e alimentar de 8h
● Hidratação:
- Duração da cirurgia = 3h
- Tempo de privação hídrica = 10h
- Sangue perdido = 14 mL
Volume mínimo= 2 X peso X tempo de privação hídrica + (3 X volume de sangue
perdido)
Volume mínimo= 2 X 4 X 10 + (3 X 14)
Volume mínimo= 80 + 42
Volume mínimo= 122 mL
MEDICAÇÃO PRÉ ANESTÉSICA
ANTICOLINÉRGICOS: utilizado para inibir bradiarritimias, reduzir a motilidade visceral e
inibir efeitos deletérios de fármacos parassimpatomiméticos. A Escopolamina seria um
fármaco de escolha para melhorar a dor da piometra, porém nosso paciente tem
taquiarritmia, e é contraindicado.
TRANQUILIZANTES: utilizado para tranquilização, como antiemético e antihistamínico. É
contraindicada para cardiopatas devido a hipotensão que ela causa, que seria difícil deste
animal compensar com o inotropismo positivo e aumento da frequência cardíaca.
BENZODIAZEPÍNICOS: é miorrelaxante, anticonvulsivante, antiemético e seguro em
relação à alterações hemodinâmicas. O Midazolam é indicado para nosso paciente
cardiopata, por ser o benzodiazepínico melhor para pacientes de risco. Deve ser aplicado
junto ao anestésico, de forma lenta. Porém pode ter o efeito paradoxal (excitar invés de
sedar).
ALFA-2-AGONISTAS: este grupo de medicação pré anestésica tem efeitos como analgesia
visceral discreta, relaxamento muscular e sedação. Sua ação é parassimpatomimética e por
isso não podem ser utilizados para pacientes debilitados, como o nosso cardiopata. Além
disso, poderia causar mais desidratação no animal pela diminuição do ADH. Outro efeito
que seria desfavorável ao nosso paciente é a hipertensão que ele causa, seguido de
hipotensão, o que é difícil de um cardiopata controlar.
OPIÓIDES: Os opióides são os melhores para analgesia, e portanto deve ser usado em
todos os pacientes. Além da analgesia, tem poder de sedação. Eles promovem poucas
alterações hemodinâmicas e são consideravelmente seguros para uso em cardiopatas. A
ovariosalpingohisterectomia é uma cirurgia dolorosa por si só, sendo agravada pela
piometra, logo seria recomendado uso de Morfina.
MIORRELAXANTE DE AÇÃO CENTRAL: não se usa em pequenos animais.
ANESTESIA GERAL INTRAVENOSA
Para indução anestésica, o fármaco de escolha é o Etomidato, pois raramente
provoca arritmias, alterações de frequência cardíaca, pressão arterial sistêmica, débito
cardíaco, não sensibiliza o miocárdio e não gera resistência vascular periférica. É seguro
para animais cardiopatas e com alterações hemodinâmicas. Porém, o Etomidato tem
qualidade de indução ruim e reduz a cortisolemia (por isso é perigoso se feito em infusão
contínua ou se reaplicado).
O Tiopental não é indicado para cardiopatas, pois é um grande depressor
cardiovascular (reduz débito cardíaco e gera arritmias). O Propofol não deve ser usado
também pela depressão cardiovascular (deprime o miocárdio, causando hipotensão com
mínima alteração na frequência cardíaca, pois o que é alterado é a força de contração).
ANESTESIA INALATÓRIA
A anestesia consiste na administração, por via respiratória, de uma mistura de gases
ricos em oxigênio que veicula os vapores de agentes anestésicos voláteis.
O recurso à anestesia volátil requer a utilização de equipamento específico
(aparelho de anestesia volátil), o controle das vias aéreas (intubação endotraqueal) e uma
monitorização anestésica contínua. Os anestésicos voláteis podem ser utilizados para a
indução anestésica, mas são essencialmente agentes de manutenção que sucedem à
indução intravenosa.
Três anestésicos voláteis podem atualmente ser utilizados em medicina veterinária:
o Halotano, o Isoflurano e o Sevoflurano.
O Halotano além de ser muito metabolizável podendo causar lesão hepática, tem
efeito muito negativo ao sistema cardiovascular diminuindo débito cardíaco, assim como a
pressão arterial e percepção dos barorreceptores que ficam menos reativos a hipotensão.
Halotano também sensibiliza muito miocárdio a ação da adrenalina, podendo causar
fibrilação ventricular. Sendo assim, totalmente contra indicado para cardiopatas.
Os anestésicos inalatórios estão entre os fármacos que promovem alterações no
sistema cardiovascular, porém o Isoflurano e Sevoflurano são os que apresentam menor
efeito depressor, sendo assim os mais recomendados a pacientes cardiopatas. A depressão
(inotropismo negativo) promovida por ambos é dose dependente sendo seguro uso de até
1,5 a 2%.
A manutenção da anestesia será realizada com o Isoflurano, pois ele vasodilata
melhor que o Sevofluorano, sendo benéfico para um paciente com insuficiência de mitral.
O Isoflurano é pouco arritmogênico (não sensibiliza o miocárdio para as
catecolaminas) e é minimamente metabolizado no organismo, não afetando os rins ou o
fígado. Tem um início de ação e recuperação anestésica rápida (mesmo depois de
anestesias prolongadas), devido à sua baixa solubilidade sanguínea.
Aplicaremos então isoflurano em uma concentração de 1,5%, utilizando um sistema
circular semi-fechado, com fluxo de oxigênio de 10ml/kg e óxido nitroso de 20ml/kg, e
ventilados mecanicamente após 10 minutos de anestesia volátil, com volume corrente
pulmonar variando de 10 a 20ml/kg e pressão inspiratória de 15 a 18cm de H2O.
ANALGESIA TRANSOPERATÓRIA
Infusão contínua de Fentanil, associado à Lidocaína e Cetamina (FLK)
Fentanil: 1 a 5 µg/kg/hora
Lidocaína: 50 µg/kg/min
Cetamina: 10 µg/kg/min
O Fentanil é um opióide agonista de extremo poder analgésico, com rápido início de
ação e curta duração. É indicado administrar Fentanil em bolus intravenoso, na dose de 1 a
5 µg/kg, antes de dar início à infusão contínua.
A Lidocaína intravenosa tem efeitos analgésicos, ajudando a prevenir a resposta
simpática do organismo em decorrência da estimulação cirúrgica, sem causar instabilidades
hemodinâmicas significativas.
A Cetamina em dose baixa promove inibição dos receptores NMDA e analgesia
somática, sem causar alterações hemodinâmicas significativas.
Em associação, é possível promover uma analgesia multimodal, diminuindo a
necessidade de analgésicos potentes no pós operatório, diminuindo repercussões
fisiológicasda dor no organismo, e diminuindo também o tempo de recuperação do
paciente, garantindo maior conforto.
PROTOCOLO:
- MPA (15 minutos antes): Morfina 0,5mg/kg IM
- Indução anestésica: Midazolam 0,5 mg/kg IV + Etomidato 1 a 2 mg/kg IV
- Anestesia inalatória: isoflurano 1,5%
- Analgesia transoperatória: bolus de Fentanil 2 µg/kg IV + CRI Fentanil 2 µg/kg/hora
+ CRI Lidocaína 50 µg/kg/min + CRI Cetamina 10 µg/kg/min

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