Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ministério dos Direitos Humanos Secretaria Executiva do Ministério dos Direitos Humanos Departamento de Promoção dos Direitos Humanos Coordenação Geral de Educação em Direitos Humanos Brasília/Distrito Federal 2018 Criança e Adolescente: módulo básico para Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente. 2 Criança e Adolescente: módulo básico para Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Apresentação Este curso foi desenhado para contribuir com uma formação básica em direitos da criança e do adolescente de Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Os direitos de crianças e adolescentes e o papel do sistema de garantia de direitos na efetivação de tais direitos são, portanto, o eixo central dos conteúdos trabalhados. O curso para Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares está dividido em dois módulos. No primeiro será abordado o tema direitos humanos das crianças e adolescentes, a partir da construção histórica, documentos internacionais e nacionais. No segundo, serão discutidas as Políticas de Promoção, Garantia e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no Brasil, os novos temas e cenários que impactam no atendimento individualizado a esse público. Os módulos foram estruturados com o objetivo de proporcionar familiarização em temas gerais ligados aos direitos humanos da criança e do adolescente. Optou-se por trazer os conceitos básicos deste campo e propor o diálogo dos aspectos teóricos com a prática dos conselhos por meio de infográfi cos, estudos de caso, sugestão de vídeos e leituras externas. Ao fi nal de cada aula o aluno contará com um resumo do conteúdo e os resultados alcançados. Trata-se, portanto, de um curso introdutório que servirá de linha de base para o aprofundamento da prática dos conselhos embasada em aspectos teóricos relevantes. Assim, não tem o objetivo de esgotar o debate, ao contrário, pretende instrumentalizar a discussão sobre a importância da ação qualifi cada desses conselhos e seu papel na garantia dos direitos das crianças e adolescentes no Brasil e na afi rmação da democracia. Com essa premissa, alguns documentos normativos nacionais e internacionais, como tratados internacionais, atos normativos, estudos, artigos científi cos e pesquisas serão referenciados durante as apresentações e também nas questões avaliativas. Apresentação Este curso foi desenhado para contribuir com uma formação básica em direitos da criança e do adolescente de Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescen- te. Os direitos de crianças e adolescentes e o papel do sistema de garantia de direitos na efetivação de tais direitos são, portan- to, o eixo central dos conteúdos trabalhados. Objetivo Geral Contribuir para o desenvolvimento profissional dos consel- heiros dos direitos da criança e do adolescente e conselheiros tutelares, instrumentalizando-os para o exercício de seu papel de fortalecer a garantia dos direitos infantojuvenis, conforme os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adoles- cente (ECA) e pela Convenção sobre os Direitos da Criança, frente aos novos desafios da pós-modernidade. Objetivos específicos Desenvolver o material didático-pedagógico, no formato de ensino à distância (EaD), para utilização nos processos de formação e capacitação dos conselheiros de direitos e conse - lheiros tutelares, na área de direitos humanos da criança e do adolescente. Capacitar integrantes dos conselhos de direitos e conselhos tutelares para uma atuação embasada em preceitos normativos nacionais e internacionais, a partir de metodologia interdisci- plinar. Instrumentalizar conselhos de direitos e conselhos tutelares para a atuação qualificada em prol da garantia dos direitos humanos da criança e do adolescente. O curso será realizado na modalidade a distância, por meio de plataforma Moodle, executado na Escola Virtual da Enap, tanto para apresentação e facilitação do conteúdo quanto para cumpri- mento das atividades avaliativas. O conteúdo será formulado a partir de referenciais teóricos e normativos e terá como linha de base uma pesquisa com conse - lheiros sobre as maiores lacunas na sua formação que impactam no cotidiano de sua atuação. Será disponibilizado conteúdo teórico escrito e apresentação de vídeos. Para tornar o conteúdo o mais próximo do cotidiano dos conselheiros dos direitos da criança e conselheiros tutelares, será utilizada a metodologia de estudo de casos. Para facilitar a aprendizagem será elaborado um grupo de questões orientadoras para cada estudo de caso apresentado. Espera-se assim, facilitar ao público do curso o estabelecimento de um link do caso com o conteúdo teórico, compondo assim, um acervo de 09 (nove) estudos com vídeos explicativos que estarão disponíveis para compor uma casoteca sobre o tema. Módulo 1. Direitos Humanos da Crianças e do Adoles- centes. Aula 1. O Conceito de Infância e os desafios da pós-moder- nidade. Aula 2. Normativas Internacionais e Nacionais. Aula 3. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adoles- cente (SDGCA). Módulo 2. Políticas Públicas de Promoção, Garantia e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. Aula 4. Educação em Direitos Humanos para Criança e Adolescente. Aula 5. Direito à Convivência Familiar e Comunitária. Aula 6. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducati- vo- SINASE. Aula 7. O Enfrentamento às Violências contra a Criança e ao Adolescente. Aula 8. Atenção Integral à Saúde de Crianças e Adoles- centes. Aula 9. A Diversidade e Interseccionalidade. METODOLOGIA CRIANÇA E ADOLESCENTE: MÓDULO BÁSICO PARA CONSELHOS TUTELARES E CONSELHOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE conselheiro Sistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de Direitos ControleControleControleControleControleControlePromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização DefesaDefesaDefesaDefesaDefesaDefesa 3 Apresentação Este curso foi desenhado para contribuir com uma formação básica em direitos da criança e do adolescente de Conselhos Tutelares e Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescen- te. Os direitos de crianças e adolescentes e o papel do sistema de garantia de direitos na efetivação de tais direitos são, portan- to, o eixo central dos conteúdos trabalhados. Objetivo Geral Contribuir para o desenvolvimento profissional dos consel- heiros dos direitos da criança e do adolescente e conselheiros tutelares, instrumentalizando-os para o exercício de seu papel de fortalecer a garantia dos direitos infantojuvenis, conforme os princípios estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adoles- cente (ECA) e pela Convenção sobre os Direitosda Criança, frente aos novos desafios da pós-modernidade. Objetivos específicos Desenvolver o material didático-pedagógico, no formato de ensino à distância (EaD), para utilização nos processos de formação e capacitação dos conselheiros de direitos e conse - lheiros tutelares, na área de direitos humanos da criança e do adolescente. Capacitar integrantes dos conselhos de direitos e conselhos tutelares para uma atuação embasada em preceitos normativos nacionais e internacionais, a partir de metodologia interdisci- plinar. Instrumentalizar conselhos de direitos e conselhos tutelares para a atuação qualificada em prol da garantia dos direitos humanos da criança e do adolescente. O curso será realizado na modalidade a distância, por meio de plataforma Moodle, executado na Escola Virtual da Enap, tanto para apresentação e facilitação do conteúdo quanto para cumpri- mento das atividades avaliativas. O conteúdo será formulado a partir de referenciais teóricos e normativos e terá como linha de base uma pesquisa com conse - lheiros sobre as maiores lacunas na sua formação que impactam no cotidiano de sua atuação. Será disponibilizado conteúdo teórico escrito e apresentação de vídeos. Para tornar o conteúdo o mais próximo do cotidiano dos conselheiros dos direitos da criança e conselheiros tutelares, será utilizada a metodologia de estudo de casos. Para facilitar a aprendizagem será elaborado um grupo de questões orientadoras para cada estudo de caso apresentado. Espera-se assim, facilitar ao público do curso o estabelecimento de um link do caso com o conteúdo teórico, compondo assim, um acervo de 09 (nove) estudos com vídeos explicativos que estarão disponíveis para compor uma casoteca sobre o tema. Módulo 1. Direitos Humanos da Crianças e do Adoles- centes. Aula 1. O Conceito de Infância e os desafios da pós-moder- nidade. Aula 2. Normativas Internacionais e Nacionais. Aula 3. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adoles- cente (SDGCA). Módulo 2. Políticas Públicas de Promoção, Garantia e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. Aula 4. Educação em Direitos Humanos para Criança e Adolescente. Aula 5. Direito à Convivência Familiar e Comunitária. Aula 6. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducati- vo- SINASE. Aula 7. O Enfrentamento às Violências contra a Criança e ao Adolescente. Aula 8. Atenção Integral à Saúde de Crianças e Adoles- centes. Aula 9. A Diversidade e Interseccionalidade. METODOLOGIA CRIANÇA E ADOLESCENTE: MÓDULO BÁSICO PARA CONSELHOS TUTELARES E CONSELHOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE conselheiro Sistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de DireitosSistema de Garantia de Direitos ControleControleControleControleControleControlePromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoçãoPromoção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Análise da Situação Atendimento Prevenção Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Articulação e Mobilização Protagonismo Juvenil Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização Defesa e Responsabilização DefesaDefesaDefesaDefesaDefesaDefesa 4 MÓDULO 1. DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Carga Horária: 6h Aula 1. O Conceito de Infância e os desafi os da Pós-modernidade • Conteúdo Programático: o Origem e construção do conceito de infância no Brasil. o Conceito de infância contemporâneo e as novas narrativas. o Pós-modernidade e os destinos da infância e da adolescência. • Análise e discussão de estudos de caso. • Estudo de caso 1. 1.1. Origem e construção do conceito de infância no Brasil A criança recebe o estatuto de “criança” instituído através de políticas sociais introduzidas pelo Estado, apenas a partir do século XVIII. Essa infantilização da criança não é natural nem generalizável a todas as sociedades. Relata-se que até o início da época moderna, a criança passava a ser independente, cuidar de si mesma e frequentar o mundo dos adultos como uma igual por volta dos sete anos. O processo de infantilização se inicia a partir de um interesse acentuado pela educação da criança, desenvolvido pelo Estado, com objetivos de assegurar uma população adulta saudável, adaptada e produtiva. Essa política aguça o interesse dos eclesiásticos e higienistas, que se apresentavam antes de tudo, como moralistas. A família deixa de ser capacitada a educar os fi lhos e estes passam a ser educados sob a tutela da escola. Apenas no século XIX a criança foi objeto da primeira norma legal de proteção que estabelecia o limite mínimo de idade para o trabalho nas minas de carvão. Com a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, surge a necessidade de criação de mecanismos jurídicos de proteção da criança no ambiente de trabalho. A ideia de proteção à infância surgiu apenas no fi nal do século XIX e início do século XX, porém como aplicação dos direitos do homem à infância, somente nos últimos vinte anos do século XX. 5 O século XVIII ainda enxergava as crianças como “menores” que precisariam de alguma proteção do Estado, através de um sistema disciplinador, até conseguirem alcançar condições para ingressarem no modo de produção econômica. Em 1919, com a criação da OIT, sua Carta do Trabalho, do mesmo ano, documento que regeria a atuação da OIT, explicitamente prevê na alínea “f” a “abolição do trabalho Infantil.” Em 1924, A Liga ou Sociedade das Nações, considerada a antecessora da Organização das Nações Unidas (ONU), publicou a Declaração sobre os Direitos da Criança, composta por um preâmbulo e cinco princípios. Esse documento serviu de base para a Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959. No pós-Segunda Guerra surge o Fundo de Emergência das Nações Unidas para as Crianças (UNICEF), criado para auxiliar as crianças dos países assolados pela guerra. Em 1953 o Fundo foi transformado em agência permanente e especializada da ONU para a assistência à infância dos países em desenvolvimento. Com a criação das Nações Unidas surgiram inúmeros documentos referenciais atinentes à infância. Declarações, Resoluções e Tratados internacionais passaram a se ocupar da proteção da criança no âmbito global, aliados a sistemas regionais de direitos humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948 marcou uma nova etapa do sistema de valores no âmbito internacional, transcendendo a questões ideológicas, culturais ou religiosas, e se apresentou como universal (direcionada a todos os seres humanos, sem distinção), além de situá-los no mesmo plano os direitos civis, políticos econômicos, sociais e culturais. A DUDH tornou-se referência e fundamentação de todas as declarações e tratados internacionais de Direitos Humanos que lhe seguiram. Em relação às crianças, a Declaração de 1948 faz expressa menção ao direito a cuidados especiais para a maternidade e a infância, tema que foi retomado posteriormente na Declaração dos Direitos da Criança, de 1959, e na Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), de 1989. 6 A partir da Declaração dos Direitos da Criança a realidadeda infância sofre alteração, ainda numa perspectiva simbólica muito mais normativa do que com reais participações sociais ou políticas. Porém, a alteração da norma internacional impôs uma evolução hoje bastante sentida, sobretudo no Brasil, que elaborou uma norma muito avançada do ponto de vista da garantia dos direitos da criança. Essa evolução tem imposto novos debates sobre reais práticas de efetivação dos direitos protagonizados na Convenção sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e do Adolescente. 1.2. Conceito de infância contemporâneo e as novas narrativas Com todos os estudos, debates e práticas realizadas a partir do ECA e após 28 anos de aprendizagem de instituições e da população brasileira, o momento atual demanda um exercício de repensar o conceito de infância. O paradigma atual precisa reconhecer a infância e adolescência enquanto população que participa da vida social, ocupa espaços públicos, altera as dinâmicas das cidades e até tem infl uenciado no mercado. Esse contexto impõe a redefi nição de conteúdos, métodos, processos, práticas e resultados que levem em conta a participação desse público e dos demais atores sociais. Para esse novo olhar é preciso reduzir as diferenças entre adultos e crianças, sobretudo de oportunidades. Produzir, portanto, novas narrativas que deem conta de localizar a criança e o adolescente como sujeitos subjetivos com sua origem e história infl uenciando o seu lugar social atual. Não defende-se aqui uma aproximação do conceito de criança e adulto, mas de reconhecimento de que essa diferença varia segundo épocas e culturas, ou seja, a diferença é produzida social e historicamente. O lugar da infância sofre alteração sobretudo com a eclosão da rede internacional de computadores. O deslocamento virtual e o acesso à informação aproximam adultos a crianças e, por outro lado, ressaltam a existência de diversas infâncias. Nesse sentido, é inadiável considerar o conceito de infância de forma dinâmica, em evolução, de acordo com um novo lugar social, com direitos 7 positivados e com participação social efetiva, entre pares e com adultos, sem contudo, perder a lógica da proteção de direitos. Esse novo olhar permitirá o reconhecimento de uma infância muito mais conectada com o mundo adulto e com o mundo de outras infâncias. A chamada “fi cção universalizante da infância” precisa ser repensada principalmente pelos órgãos de atendimento e, no Brasil, pelo Sistema de Garantia dos Direitos. 1.3. Pós-modernidade e os destinos da infância e da adolescência A criança não se constitui no amanhã: ela é hoje, no seu presente, um ser que participa da construção da história e da cultura de seu tempo” (Jobim e Souza, 1994, p.159). Pensar a criança como um sujeito de direitos em uma perspectiva presente e não como um promessa para o futuro. Esse olhar implica noutro modo de conceber a sociedade e a vida humana. A sociedade ocidental tende a inserir tudo em modelos e a infância não fugiu a tal tendência. Assim, tudo que escapa aos padrões é considerado desvio, ou ‘um menos’ ou ‘ainda não’ que precisa se enquadrar ou evoluir até o modelo estabelecido como ideal. As crianças são concebidas assim, devem se comportar dentro de um padrão. São interpretações criadas por seres humanos em determinados contextos sócio-históricos e, como tais, podem e devem ser constantemente questionados e transmutados. Em contraposição a este pensamento, pode-se ter maior facilidade para entender a infância na contemporaneidade dentro de um pensamento processual, em que não existe uma forma pré-fi xada, mas uma construção permanente, admitido novos formatos de relações dos adultos, com a criança e o adolescente, baseadas sobretudo no respeito aos direitos humanos, iguais e indivisíveis, reconhecendo a participação igualitária como premissa para um novo marco civilizatório. 8 Estudo de caso: Ana, 20 anos, está grávida e procura o único hospital de referência do seu município para fazer o acompanhamento pré-natal. Ao chegar ao hospital não consegue ser inserida no atendimento. A equipe do hospital responde que não tem verba para o atendimento integral, e a verba do serviço pré-natal foi deslocada para a ala infantil que tem prioridade, no caso de Ana ela é adulta. Inconformada procura o Conselho Tutelar, para solicitar providências. Nesse caso, o que pode ser feito? Qual o embasamento legal? O Conselho Tutelar poderá requisitar serviço de atendimento público, com base no art. 136, inciso III, alínea “a” do ECA que dá poderes administrativos ao Conselho para requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Nesse caso, a justifi cativa da equipe do hospital é completamente ilegal, pois a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Enquanto nascituro, conforme o artigo 8º é assegurado à gestante no pré e pós- parto, pelo sistema único de saúde, atendimento adequado e acompanhamento médico na fase pré-natal. - CONTEÚDO O Conceito de Infância e os desafios da pós-modernidade. Origem e construção do conceito de infância no Brasil. Conceito de infância contemporâneo e as novas narrativas. Pós-modernidade e os destinos da infância e da adolescência. A doutrina sobre a história da humanidade transparece uma invisibilidade da infância no mundo. A criança recebe o estatuto de “criança” instituído através de políticas sociais introduzidas pelo Estado, apenas a partir do século XVIII. Apenas no século XIX a criança foi objeto da primeira norma legal de proteção que estabelecia o limite mínimo de idade para o trabalho nas minas de carvão. Com todos os estudos, debates e práticas realizadas a partir do ECA e após 28 anos de aprendizagem de instituições e da população brasileira, o momento atual demanda um exercício de repensar o conceito de infância. É inadiável considerar o conceito de infância de forma dinâmica, em evolução de acordo com um novo lugar social, com direitos positivados e com participação social efetiva, entre pares e com adultos, sem contudo, perder a lógica da proteção de direitos. Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948. Declaração dos Direitos da Criança – 1959. Convenção sobre os Direitos da Criança – 1989. Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8.069/1990. RESUMO DO CONTEÚDO DOCUMENTOS REFERENCIAIS NA PRÁTICA QUER ENTENDER MELHOR? RESULTADO Estudo de caso Ana, 20 anos, está grávida e procura o único hospital de referência do seu município para fazer o acompanhamento pré-natal. Ao chegar ao hospital não consegue ser inserida no atendimento. A equipe do hospital responde que não tem verba para o atendimento integral, e a verba do serviço pré-natal foi deslocada para a ala infantil que tem prioridade, no caso de Ana ela é adulta. Inconformada procura o Conselho Tutelar, para solicitar providências. Nesse caso, o que pode ser feito? Qual o embasamento legal? O Conselho Tutelar poderá requisitar serviço de atendimento público, com base no art. 136, inciso III, alínea “a” do ECA que dá poderes administrativos ao Conselho para requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Nesse caso, a justificativa da equipe do hospital é completamente ilegal, pois a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Enquanto nascituro, conforme o artigo 8º é assegurado à gestante no pré e pós-parto,pelo sistema único de saúde, atendimento adequado e acompanhamento médico na fase pré-natal. Adquiriu conhecimentos básicos sobre o conceito da infância no mundo e no Brasil, sua evolução histórica e os atuais desafios para a garantia dos direitos da criança e do adolescente. A invenção da Infância - https://www.youtube.com/watch?v=c0L82N1C7AQ TV Escola - 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente - https://www.youtube.com/watch?v=- tO0q1b7ygb4 RESUMO AULA1 9 - CONTEÚDO O Conceito de Infância e os desafios da pós-modernidade. Origem e construção do conceito de infância no Brasil. Conceito de infância contemporâneo e as novas narrativas. Pós-modernidade e os destinos da infância e da adolescência. A doutrina sobre a história da humanidade transparece uma invisibilidade da infância no mundo. A criança recebe o estatuto de “criança” instituído através de políticas sociais introduzidas pelo Estado, apenas a partir do século XVIII. Apenas no século XIX a criança foi objeto da primeira norma legal de proteção que estabelecia o limite mínimo de idade para o trabalho nas minas de carvão. Com todos os estudos, debates e práticas realizadas a partir do ECA e após 28 anos de aprendizagem de instituições e da população brasileira, o momento atual demanda um exercício de repensar o conceito de infância. É inadiável considerar o conceito de infância de forma dinâmica, em evolução de acordo com um novo lugar social, com direitos positivados e com participação social efetiva, entre pares e com adultos, sem contudo, perder a lógica da proteção de direitos. Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948. Declaração dos Direitos da Criança – 1959. Convenção sobre os Direitos da Criança – 1989. Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei 8.069/1990. RESUMO DO CONTEÚDO DOCUMENTOS REFERENCIAIS NA PRÁTICA QUER ENTENDER MELHOR? RESULTADO Estudo de caso Ana, 20 anos, está grávida e procura o único hospital de referência do seu município para fazer o acompanhamento pré-natal. Ao chegar ao hospital não consegue ser inserida no atendimento. A equipe do hospital responde que não tem verba para o atendimento integral, e a verba do serviço pré-natal foi deslocada para a ala infantil que tem prioridade, no caso de Ana ela é adulta. Inconformada procura o Conselho Tutelar, para solicitar providências. Nesse caso, o que pode ser feito? Qual o embasamento legal? O Conselho Tutelar poderá requisitar serviço de atendimento público, com base no art. 136, inciso III, alínea “a” do ECA que dá poderes administrativos ao Conselho para requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança. Nesse caso, a justificativa da equipe do hospital é completamente ilegal, pois a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Enquanto nascituro, conforme o artigo 8º é assegurado à gestante no pré e pós-parto, pelo sistema único de saúde, atendimento adequado e acompanhamento médico na fase pré-natal. Adquiriu conhecimentos básicos sobre o conceito da infância no mundo e no Brasil, sua evolução histórica e os atuais desafios para a garantia dos direitos da criança e do adolescente. A invenção da Infância - https://www.youtube.com/watch?v=c0L82N1C7AQ TV Escola - 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente - https://www.youtube.com/watch?v=- tO0q1b7ygb4 RESUMO AULA1 10 Aula 2. Normas Internacionais e Nacionais 2.1. Normas Internacionais No Brasil do fi nal dos anos 80, ao tempo da realização do processo constituinte brasileiro (1988), se conclui o longo processo de estabelecimento da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), tratado de direitos humanos que reconhece a titularidade da criança como sujeito de direitos humanos gerais e especiais no sistema internacional de direitos humanos. Nesse período, o Criança Constituinte e o Criança Prioridade Nacional, dois movimentos da sociedade civil, pautam o estabelecimento dos princípios da proteção integral dos direitos da criança e do adolescente com absoluta prioridade no texto constitucional nascente. Indiscutivelmente operou-se uma mudança paradigmática. A visão da “crianç a-objeto”, da “criança menor”, ou seja, a visão higienista, menorista e correicional é confrontada, por força criativa da mobilização social, pela visão da criança como sujeito de direitos. O mais importante neste movimento é a afi rmação da universalidade dos direitos da criança. Todo esse movimento surge a partir da construção de alguns marcos normativos internacionais: 11 A partir da ratifi cação pelo Brasil da CDC, esta – tornando-se norma supralegal (acima das demais legais) e infraconstitucional – passou a ser a base normativa dos princípios contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de todas as demais leis infraconstitucionais na área. Durante a primeira década do século XXI a comunidade internacional prosseguiu trabalhando ligada aos direitos humanos. Dentre os diversos 12 documentos ligados à questão da infância destacam-se os três protocolos à CDC: Destaca-se, ainda, o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Palermo, 2000), relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfi co de Pessoas, em especial Mulheres e Crianças e o recente Terceiro Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração de crianças e Adolescentes. Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 2.2. Dispositivos da Constituição Federal Utilizando-se uma proposta didática desenvolvida pelo professor Antônio Carlos Gomes da Costa, é possível compreender a dimensão da promoção de direitos, trabalhando-os a partir de três macro conceitos: o direito à sobrevivência, o direito ao desenvolvimento e o direito à integridade, que, traduzidos, refl etem, em diferentes momentos, o estabelecido pelo art. 227, da Constituição, e o art. 4º, do ECA: Vida, saúde e alimentação são consideradas como direito à sobrevivência. Educação, cultura, profi ssionalização e lazer são defi nidos como direito ao desenvolvimento pessoal e social. Art. 227 É dever da família, da sociedade e do traduzidos, refl etem, em diferentes momentos, o estabelecido pelo art. 227, da 13 Assim, é possível construir todas as possibilidades de reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente relacionados a uma perspectiva de desenvolvimento humano. 2.3. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) O Brasil foi o primeiro país a promulgar um marco legal, o ECA, em 1990, em consonância com a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), decorrido apenas um ano de sua aprovação no âmbito das Nações Unidas. Estima-se que o ECA tenha inspirado mais de 15 reformas legislativas em outros países, em especial na América Latina. Entende-se, portanto, que o arcabouço normativo internacional e nacional expressam uma opção ético-jurídico-política. Ao reconhecer a cidadania e a condição humana da criança e do adolescente e a condição de sujeitos de direitos, assumem todos a responsabilidade pela promoção, controle e garantia desses direitos. Esse é um devir histórico. O ECA apresenta inovações que, até hoje, não encontram similaridadeem outros países, a exemplo dos Conselhos dos Direitos, com composição paritária e caráter formulador, deliberativo e de controle social das políticas públicas destinadas a crianças e adolescentes, bem como os Conselhos Tutelares, eleitos na própria comunidade e com independência em relação aos Três Poderes, com as funções de ouvidoria comunitária e de fi scalização dos programas de atendimento. Na sua primeira parte, que vai do art. 1º até o art. 85, o ECA traz uma síntese de toda a sua essencialidade e riqueza, quando aponta caminhos (as políticas de garantia de direitos) como deveres da sociedade, do Estado e da família. Esses dispositivos propõem e detalham os deveres de instituições e atores em relação ao tratamento a ser dispensado a crianças e adolescentes no país. É importante destacar que os deveres estão vinculados a uma tríplice responsabilidade, conforme determina o art. 227, da Constituição Federal. Liberdade, respeito e dignidade se enquadram como direito à integridade física, psicológica e moral. 14 Esse conjunto de direitos deriva de bases normativas internacionais, principalmente da CDC, que a Constituição de 1988, de forma antecipada, cuidou de incorporar como lições cidadãs. Toda essa conquista, na verdade, decorre de um processo histórico cujo desfecho somente foi possível alcançar na década de 1990. Durante vários anos, sobretudo na década de 1970, a construção da história social brasileira em relação a esses segmentos foi sendo construída de forma bastante equivocada, adotando por referência a Doutrina da Situação Irregular, que permeou todo o conjunto das políticas sociais brasileiras com um caráter paternalista, assistencialista e tutelar. Essa doutrina considerava que crianças e adolescentes, hoje reconhecidos como sujeitos ou titulares de direitos, eram apenas “portadores de necessidades”, cujas vidas fi cavam quase sempre vinculadas ao perfi l dos então chamados Juízes de Menores. Essas autoridades – dentro de uma nova concepção – passam a trabalhar com uma nova visão, não mais considerando crianças e adolescentes como seres tutelados pela Justiça. A superação do assistencialismo e do paternalismo ocorre quando se assume a importância do atendimento das necessidades básicas dessa população não como um favor ou caridade, mas como direitos assegurados por lei. Com a vigência do ECA, impõe-se uma outra forma de compreender e agir em relação a crianças e adolescentes, sustentada pela inovadora concepção da Doutrina da Proteção Integral. Essa doutrina estabelece um novo paradigma nos campos jurídico e social, ao criar vínculos normativos que asseguram a efetividade dos direitos públicos subjetivos dessa população. 2.4. Resoluções do Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente O Conselho Nacional dos Direitos da Criança (CONANDA) tem, dentre outras, a competência de elaborar normas gerais da política nacional de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, fi scalizando as ações de execução, observadas as linhas de ação e as diretrizes estabelecidas nos arts. 87 e 88 do ECA. Por meio de resoluções, o CONANDA tem dado visibilidade aos 15 seus atos administrativos, decisões ou recomendações. Todas as resoluções são publicadas no Diário Ofi cial da União. CONHEÇA AS RESOLUÇÕES E DO FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE DIREITOS. Acesso no link um vídeo de um Conselheiro sobre o tema: https://drive.enap.gov.br/index.php/s/IEZzZmY11shudXS Acesse no link abaixo todas as resoluções do CONANDA: http://www.direitosdacrianca.gov.br/resolucoes/conanda/resolucoes/lista CONHEÇA AS RESOLUÇÕES E DO FUNCIONAMENTO DOS Estudo de caso: O Sr. João Andrade, procura o Conselho de Direitos de seu Estado, no dia 02 de fevereiro de 2018, para fazer a doação de um terreno para os projetos de atendimento a crianças e adolescentes do seu Estado, porém tem algumas dúvidas: 1. Se ele pode doar um bem imóvel; se essa doação poderá ser declarada na sua declaração anual de renda para obter desconto no valor a pagar; como ele poderia formalizar essa doação? Como Conselheiro como responderia para o Sr. João? A doação poderá ser realizada para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente do seu Estado(FEDCA) ou do seu Município (FMDCA). O artigo 260-C, do ECA, com redação determinada pela referida Lei nº 12.594/2012, estabelece que as doações podem ser efetuadas em bens ou espécie, sendo que aquelas efetuadas em espécie devem ser depositadas em conta específi ca, em instituição fi nanceira pública, vinculada aos respectivos fundos de que trata o art. 260, do mesmo Diploma Legal. Quanto à dedução, a mesma Lei também estabelecidos novos limites e regras para dedução no imposto de renda das doações devidamente comprovadas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais. A partir da Lei nº 12.594/2012, as doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, devidamente comprovadas, podem ser integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os limites de: Pessoas Físicas: 6% (seis por cento) do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual (Modelo Completo), observando-se que tal limite corresponde ao somatório das deduções relativas 16 às doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente juntamente com as deduções relativas a doações aos Fundos do Idoso; investimentos e patrocínios em obras audiovisuais; doações e patrocínios de projetos culturais e; doações e patrocínios em projetos desportivos e paradesportivos (artigo 260, inciso II, da Lei nº 8.069/1990, RIR/99 e Instrução Normativa RFB nº 1.131/2011, arts. 1º a 8º e 54 a 60); Embora a lei permita que a pessoa física doe anualmente até 6% do imposto de renda devido, conforme disposto no artigos 260 e 260-A, da Lei nº 8.069/2012, os depósitos realizados entre 1º de janeiro a 30 de abril do ano corrente poderão ser deduzidos do imposto apurado na Declaração de Imposto de Renda/Pessoa Física deste mesmo período, até o limite de 3%, ou seja, os valores doados até abril não precisam necessariamente aguardar até a entrega da declaração do exercício seguinte para serem utilizados como benefício fi scal. As doações deste período que excederem o limite de 3% poderão ser deduzidas do imposto apurado na declaração do exercício seguinte, respeitando-se o limite anual de 6%. No caso do Sr. Andrade, o valor será o valor de mercado do imóvel ou o constante na Declaração de Bens e Direitos da Declaração de Ajuste Anual do imposto sobre a renda ou ainda, caso ele tenha comprado o imóvel em 2018 ( mesmo ano da doação) será considerado o valor pago. 1717 18 Aula 3. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGD) 3.1. O ECA e o SGD em detalhes As disposições contidas na Constituição Federal de 1988 e no ECA estabeleceram uma nova confi guração jurídica em relação aos direitos da infância, da adolescência e da juventude no Brasil. O ECA – mais do que uma lei – é um projeto de sociedade! As disposições ali contidas devem ser analisadas, portanto, a partir de uma dimensão ética, de pressupostos sociais, fi losófi cos e políticos que orientam toda a sua concepção, considerada paradigmática em conteúdo e forma. São, desta forma, previstos os direitos à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à convivência familiar e comunitária, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profi ssionalização e à proteção no trabalho. O ECA divide-se em dois livros. O Livro Primeiro defi ne os direitos fundamentais - à vida e à saúde (arts. 7º a 14); à liberdade, ao respeito e à dignidade (arts. 15 a 18); à convivência familiar e comunitária (arts. 19 a 24); à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (arts. 53 a 59); à profi ssionalizaçãoe à proteção no trabalho (arts. 60 a 69) - e o dever, defi nido como sendo de todos, de prevenção da ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (arts. 70 a 85). A inobservância das normas de prevenção importa em responsabilidade da pessoa física ou jurídica (art. 73). O Livro Segundo fi xa as diretrizes da Política de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente (arts. 86 a 89); dispõe sobre as entidades prestadoras de atendimento e sua fi scalização e sobre as formas de atendimento (arts. 90 a 97); e especifi ca as medidas de proteção de crianças e adolescentes em situação de risco (arts. 98 a 102). Defi ne, ainda, a prática de ato infracional (arts. 103 a 105), os direitos do adolescente autor de infração (arts. 106 a 109), as garantias processuais (arts. 110 e 111), as medidas socioeducativas (arts. 112 a 125), as atribuições e o funcionamento da Justiça da Infância e da Juventude (arts. 145 a 151). Dispõe, por fi m, sobre os crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão (arts. 225 a 244), bem como sobre as 19 infrações administrativas cometidas em prejuízo dos direitos da criança e do adolescente (arts. 245 a 258). Uma das inovações do ECA é a proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos (artigos 208 a 224) assegurados à criança e ao adolescente. O Estatuto dispõe sobre as ações de responsabilidade e as ações cíveis em caso de violação desses direitos e seu foco fundamental constitui-se na democracia participativa da sociedade civil para coordenar e controlar as Políticas Públicas nos Conselhos dos Direitos . Embora possam parecer uma reunião de conceitos com fortes características de natureza subjetiva, a Doutrina da Proteção Integral impõe que seja afi rmada a concepção de responsabilidade ante as violações praticadas contra crianças e adolescentes. O ECA reúne todas as respostas possíveis quando se dá conta de que o Estado, a família e a sociedade não favorecem o espaço necessário para a garantia dos direitos. O Brasil dispõe de instrumentos jurídicos efi cazes para o exercício de uma avaliação comparativa entre o que determina a lei e o que demonstra a realidade. É essa dimensão jurídica que dá legitimidade e sustentação à Doutrina da Proteção Integral. O ECA reconhece que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos, em desenvolvimento e, por isso, vulneráveis, a demandar a proteção integral do Estado, da família e da sociedade. É importante observar que, ao eleger essas três grandes fi guras, o ECA impõe a cada uma delas obrigações e responsabilidades: à família, a obrigação de criar, de educar; à sociedade, a obrigação de zelar por todas essas crianças e adolescentes; e ao Estado, a competência de executar e promover políticas públicas capazes de garantir o atendimento dos direitos assegurados por lei. Tratar do SGD à luz do ECA signifi ca, portanto, assegurar que direitos fundamentais relacionados a crianças e adolescentes sejam operacionalizados por instituições que integram o referido sistema. ¹ art. 88., II, da Lei Federal nº 8.069/1990 – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária, por meio de organizações representativas, segundo leis federais, estaduais e municipais. 20 Sistema, aqui, deve ser entendido como um conjunto ordenado de instituições responsáveis pela garantia dos direitos previstos em lei. A partir do art. 4º, do ECA, é feita toda uma incursão nesses direitos, defi nindo-se a quem cabe a responsabilidade de assegurá-los. Para isso, o legislador, sabiamente, faz uma descrição a partir da estrutura de um sistema. Tudo deve funcionar de forma articulada e integrada. Ao descrever o art. 19, referindo-se ao direito à convivência familiar e comunitária, o legislador estabelece um conjunto de situações que precisam ser destacadas. A criança nasce vocacionada para viver em família. É tão forte esse sentimento em assegurar essa condição que se ela não puder ser criada pela família original, são defi nidas opções: adoção, tutela ou guarda. Se ela não tiver quem a adote, quem a tutele ou quem a guarde, então cabe ao Estado funcionar como seu guardião, para garantir a sua vocação natural de viver e conviver com a família. Quando o ECA dispõe sobre o direito à educação, à saúde, ao lazer, à profi ssionalização, em cada um desses artigos determina também a quem cabe fazer o quê. Ao Estado? Em que condições? Desde a creche? E ao Estado, quanto à saúde? Em que condições? Desde quando está no ventre da mãe, antes de nascer? Ao lazer? À cultura? Desde que se lhe garanta o direito de brincar, que é o mais universal para todas as crianças do mundo, cabendo ao Estado prover as condições propícias, como disponibilização de praças e equipamentos culturais etc., além de estimular que tudo isso esteja realmente ao alcance dessa população. 3.2. Sistema de Garantia dos Direitos Todo esse conjunto de direitos está muito bem descrito, e se expressa no SGD, em que são defi nidos papéis, limites, responsabilidades e competências, em Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. Art. 4º É dever da família, da 21 diferentes níveis e âmbitos: Executivo, Legislativo, Judiciário; federal, estadual, municipal. Essas defi nições estão expressas no art. 86 do ECA, que trata da política de atendimento de crianças e adolescentes. Nesse dispositivo, encontra- se todo o conjunto de atribuições para cada um dos atores que compõem o SGD, construído exatamente para que haja uma dinâmica na aplicação dos instrumentos e uma total interação dos atores. O SGD dispõe de uma arquitetura muito bem montada. Quando falha um ator, o outro chega, discute e corrige. Tudo deve ser feito de maneira que esse segmento não venha a sofrer situações graves de violação dos seus direitos. Por que falar também de um sistema de proteção especial? Porque no conjunto da população de crianças e adolescentes, encontram-se determinados segmentos para os quais nunca foi garantido o acesso aos direitos básicos. São aquelas situações consideradas as mais graves, como, por exemplo: crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual; ou submetidos às mais diferentes formas de tortura; ao trabalho infantil; ou envolvidas em situações que demandam medidas socioeducativas, por cometimento de atos infracionais; ou ainda, crianças em situação de alta vulnerabilidade social, pessoal (crianças portadoras de HIV/aids, ou envolvidas com drogadição etc). O SGD tem a fi nalidade específi ca de promover a exigibilidade do direito, na hipótese em que o Estado, a sociedade e a família deixarem de cumprir seus deveres. Nesse sentido, deve ser concebido exatamente para que possam ser delimitadas as suas responsabilidades pessoais, familiares, profi ssionais e institucionais. Discutir essas responsabilidades é também tratar dos direitos que foram ameaçados ou violados.No eixo de defesa, propõe-se envolver os atores que foram escolhidos pela sociedade ou pelo poder público, para garantir a validade, a legitimidade e a efi cácia da lei. O SGD também trata da construção da igualdade da organização política e social por meio dos espaços públicos e institucionais. A responsabilidade pela correção do desvio da realidade social, econômica e política envolve toda a sociedade. O SGD possibilita o exercícioda efetividade, da efi ciência e da efi cácia na garantia dos direitos. Muitas vezes o poder público considera que já está fazendo a sua parte. E acredita que com isso todos os 22 problemas estão resolvidos. Mas é preciso ir além. É o compromisso de fazer e fazer bem feito. É o compromisso da efi cácia com a política pública, garantindo que os recursos destinados a essa área efetivamente priorizem a população mais vulnerável. É o SGD que vai garantir a democratização e a transparência das ações públicas, das políticas, para que elas se tornem mais efi cazes. Por outro lado, deve-se fazer um acompanhamento sistemático de todas as ações relacionadas aos direitos de crianças e adolescentes. Nessa perspectiva, deve-se destacar que o SGD só funciona se a população de fato participar de todo o processo de implementação das políticas públicas, inclusive na fi scalização da aplicação dos recursos destinados a essa população. Assim, toda a base do SGD está orientada para concretizar e operacionalizar a política de atendimento à criança e ao adolescente. A legislação determina que o município seja um ator privilegiado nesse processo. É no município que se constrói e se consolida o direito. O ECA, portanto, organiza suas ações por meio do SGD, que desenha a ação de vários órgãos ou instituições de forma integrada. Para desenhar melhor a atuação desses órgãos ou instituições, o ECA os distribuiu em três eixos: promoção, defesa e controle. 23 O EIXO PROMOÇÃO OU ATENDIMENTO caracteriza-se pelo desenvolvimento da “política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente” e subdivide-se em três tipos de programas, serviços e ações públicas: I – serviços e programas das políticas públicas, especialmente das políticas sociais, afetos aos fi ns da política de atendimento dos direitos de crianças e adolescentes; II – serviços e programas de execução de medidas de proteção de direitos humanos; e III – serviços e programas de execução de medidas socioeducativas e assemelhadas. Assim, de forma mais clara, como é possível reconhecer esse eixo? É fácil. Pelos serviços, nas seguintes áreas: • Assistência Social: O Centro de Referência da Assistência Social (Cras) atua como a principal porta de entrada do Sistema Único de Assistência Social (Suas), e é responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica nas áreas de vulnerabilidade e risco social, com serviços mais gerais, como prevenção e aumento do acesso aos direitos de cidadania. O principal serviço ofertado pelo 24 Cras é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif). O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) oferta serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos (violência física, psicológica e sexual, tráfi co de pessoas, cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto etc.). A oferta de atenção especializada e continuada deve ter como foco a família e a situação vivenciada. É comum que o CRAS e o CREAS funcionem no mesmo espaço físico. • Saúde O Sistema Único de Saúde (SUS) abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. O SUS compõe-se de diferentes estruturas, destacando-se: Programa Saúde da Família (PSF); Postos de Saúde; Unidades de Pronto Atendimento ou Pronto-Socorro; Hospitais; Centros de Atenção Psicossocial (Caps). • Educação A educação escolar compõe-se de Educação Básica (Infantil, Fundamental e Ensino Médio) e Ensino Superior. A Educação Infantil abrange as creches e pré-escolas (0 a 6 anos de idade). O Ensino Fundamental vai da 1ª à 9ª série (em 9 anos), e o Ensino Médio vai do 1º ao 3º ano. Há, ainda, a Educação Profi ssional Técnica de Nível Médio, a Educação de Jovens e Adultos, a Educação Profi ssional e Tecnológica e o Ensino Superior. • Serviços de Atendimento Socioeducativo. • Serviços de Acolhimento Institucional. • Disque Denúncia. O EIXO DE DEFESA dos direitos de crianças e adolescentes caracteriza- se pela garantia do acesso à Justiça, ou seja, pelo recurso às instâncias públicas e mecanismos jurídicos de proteção legal dos direitos humanos, gerais e especiais, da infância e da adolescência. Compõe-se das seguintes instituições: • Conselhos Tutelares. 25 • Forças de Segurança (Polícia) destacam-se: Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. • Defensoria Pública. • Sistema de Justiça – especialmente as varas da infância e da juventude e suas equipes multiprofi ssionais, as varas criminais especializadas, os tribunais do júri, as comissões judiciais de adoção, os tribunais de justiça, as corregedorias gerais de Justiça. • Ministério Público – especialmente as promotorias de justiça, os centros de apoio operacional, as procuradorias de justiça, as procuradorias gerais de justiça, as corregedorias gerais do Ministério Publico. • Ouvidorias. • Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. O EIXO DO CONTROLE das ações públicas de promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente se dará por meio de espaços de discussão coletiva, onde estejam presentes órgãos governamentais e entidades sociais. Várias instâncias fazem parte desse eixo, destacando-se: • Conselhos dos direitos de crianças e adolescentes – nesse caso, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, que atuam também no eixo promoção. • Conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas – dentre eles, destacam-se: Conselho Municipal de Assistência Social, Conselho Municipal de Saúde, Conselho Municipal de Educação, Conselho Municipal de Juventude etc. 26 Estudo de caso: Maria é uma criança com 7 anos, sua professora, suspeita que ela seja vítima de maus tratos e negligência familiar. Chega sempre atrasada, sonolenta e triste. A escola não conhece muito sobre a história de vida da aluna, pois todas as tentativas de conversar com a família foram frustradas, ninguém nunca compareceu. A professora resolve ocultar o caso da direção para evitar problemas. Qual a orientação correta para a escola? Ao fazer uma análise do caso com base no ECA, atendo-se principalmente nos Títulos: II – Dos Direitos Fundamentais ( Cap. I – Art.º 7º e Cap. IV – Art. 56); II – Das Medidas de Proteção (Cap. I e II) e VII – Das Infrações Administrativas (Cap. II – Art. 245), verifi ca-se que de acordo com o ECA, esta criança deveria ser encaminhada ao Conselho Tutelar para providências junto a sua família, podendo ser aplicada algumas destas medidas a fi m de sanar os problemas existentes neste grupo familiar: encaminhamento aos pais ou responsável, mediante, termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento ofi cial de ensino fundamental; inclusão em programa comunitário ou ofi cial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa ofi cial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;abrigo em entidade; colocação em família substituta. Além disso, deveria ser tomada também medidas administrativas junto a professora, pois estar ocultando um caso de maus-tratos dentro de seu âmbito escolar, pois de acordo com o ECA, ela está sujeita a multa. A escola e a professora deveria providenciar um relatório dos acontecimentos da família, juntamente com os sintomas apresentados pela criança e levar ao Conselho Tutelar da região para que sejam tomadas as devidas providências. 2727 28 MÓDULO 2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROMOÇÃO, GARANTIA E DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Carga Horária: 14h Aula 4. Educação em Direitos Humanos para Criança e Adolescente. • Conteúdo Programático: o Direitos de crianças e adolescentes no Brasil e a abordagem da mídia. o Diretrizes de Direitos Humanos para Criança e Adolescente no Brasil. o Direitos Humanos nas Relações Pedagógicas. o A Base Nacional Comum Curricular e a Educação em Direitos Humanos para a Criança e o Adolescente. • Análise e discussão de estudos de caso. • Estudo de caso 4: Os resultados de uma educação de qualidade devem necessariamente abranger capacidades relativas ao respeito e valorização dos direitos humanos e à cidadania ativa. De acordo com as diretrizes do ECA e dos documentos internacionais, o desenvolvimento de condições pessoais e sociais mais favoráveis ao exercício de todos esses direitos humanos devem expressar a abertura e a valorização do pluralismo e da diversidade. Tratar da Educação em Direitos Humanos no Brasil é uma das exigências e urgências para que possamos ter uma formação mais humanizadora das pessoas e o fortalecimento dos regimes políticos democráticos na sociedade. As expectativas sobre a promoção dos direitos humanos por meio da educação têm implicações diretas no conceito de qualidade e de educação enquanto um direito. O debate em torno da importância da educação em direitos humanos se intensifi ca a partir da publicação dos Planos Nacionais de Direitos Humanos. A amplitude do tema demonstrada no documento exemplifi ca a necessidade de mudança de cultura para que os direito humanos sejam considerados. Para tanto um amplo processo educativo será necessário. 29 Algumas iniciativas nesse sentido ganham relevância, seja pelo aprofundamento teórico do tema, ou pela publicação de diretrizes sobre o tema quanto pela capilarização do debate, estendido para organizações governamentais e não governamentais. Assim, tal como ocorrido em outros países da América Latina, essa proposta de educação no Brasil se apresenta como prática recente. É nesse contexto que surgem as primeiras versões do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), produzidos entre os anos de 1996 e 2002. Dentre os documentos produzidos a respeito desse programa, no que diz respeito ao tema da Educação em Direitos Humanos, destaca-se o PNDH-3, de 2010, que apresenta um eixo orientador destinado especifi camente para a promoção e garantia da Educação e Cultura em Direitos Humanos. Em 2003, Educação em Direitos Humanos ganhará um Plano Nacional (PNEDH), revisto em 2006, aprofundando questões do Programa Nacional de Direitos Humanos e incorporando aspectos dos principais documentos internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário. Esse documento é portanto, a política educacional voltada para os direitos humanos e educação. O PNEDH está dividido em cinco áreas: educação básica, educação superior, educação não-formal, mídia e formação de profi ssionais dos sistemas de segurança e justiça. Também defi ne a Educação em Direitos Humanos como um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões: a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; b) afi rmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, cultural e político; d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; 30 e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações. O Conselho Nacional de Educação também tem se posicionado a respeito da relação entre Educação e Direitos Humanos por meio de seus atos normativos. Como exemplo podem ser citadas as Diretrizes Gerais para a Educação Básica, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e para o Ensino Médio. Nas Diretrizes Gerais para a Educação Básica o direito à educação é concebido como direito inalienável de todos/as os/as cidadãos/ãs e condição primeira para o exercício pleno dos Direitos Humanos. O parecer do CNE/CEB nº 7/2010, recomenda que o tema dos Direitos Humanos deverá ser abordado ao longo do desenvolvimento de componentes curriculares com os quais guardam intensa ou relativa relação temática, em função de prescrição defi nida pelos órgãos do sistema educativo ou pela comunidade educacional, respeitadas as características próprias da etapa da Educação Básica que a justifi ca (BRASIL, 2010, p. 24). Neste sentido, afi rma que uma escola de qualidade social deve considerar as diversidades, o respeito aos Direitos Humanos, individuais e coletivos, na sua tarefa de construir uma cultura de Direitos Humanos formando cidadãos plenos. O parecer do CNE/CEB nº 7/2010, recomenda que o tema dos Direitos Humanos deverá ser abordado ao longo do desenvolvimento de componentes curriculares. O Parecer CNE/CEB nº 5/2011 que fundamenta essas diretrizes reconhece a educação como parte fundamental dos Direitos Humanos. Nesse sentido, todos os órgãos do SGD precisam estar atentos à educação em direitos humanos nos processos de formação de seus agentes. É necessário implementar processos educacionais que promovam a cidadania, o conhecimento dos direitos fundamentais, o reconhecimento e a valorização da diversidade étnica e cultural, de identidade de gênero, de orientação sexual, religiosa, dentre outras, enquanto formas de combate ao preconceito e à discriminação. O CNE ainda aborda a temática dos Direitos Humanos na Educação por 31 meio de normativas específi cas voltadas para as modalidades da Educação Escolar Indígena, Educação Para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos Estabelecimentos Penais, Educação Especial, Educação Escolar Quilombola (em elaboração), Educação Ambiental (em elaboração), Educação de Jovens e Adultos, dentre outras. Quanto às escolas, atores que não estão tão integradas ao SGD, mas que compõem esse sistema, precisam ser agregadas cada vez mais pois nesse contexto assumem papel decisivo na garantia dos Direitos Humanos. PRINCIPAIS REFERÊNCIAS NORMATIVAS E POSICIONAMENTOS TÉCNICOS Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias= 2191-plano-nacional-pdf&Itemid=30192 Decreto Nº 186/08 - Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Defi ciência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Decreto nº 6.949/09 - Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Defi ciência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Decreto Nº 6.214/07 - Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência. Decreto Nº 6.571/08 - Dispõe sobre o atendimento educacional especializado - AEE. Decreto nº 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Decreto nº 5.296/04 - Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade. Decreto nº 3.956/01 – (Convenção da Guatemala) Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Defi ciência. Parecer do CNE/CEB nº 7/2010 Nota Técnica nº 04 - Orientação quanto a documentos comprobatórios de alunos 32 com defi ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação no Censo Escolar. Nota Técnica nº 24 - Orientação aos Sistemas de Ensino para a implementação da Lei nº 12.764-2012. Nota Técnica nº 28 - Uso do Sistema de FM na Escolarização de Estudantes com Defi ciência Auditiva. Nota Técnica nº 29 - Termo de Referência para aquisição de brinquedos e mobiliários acessíveis. Nota Técnica nº 35 / 2016 / DPEE / SECADI / MEC - Recomenda a adoção imediata dos critérios para o funcionamento, avaliação e supervisão das instituições públicas e privadas comunitárias, confessionais ou fi lantrópicas sem fi ns lucrativos especializadas em educação especial. Estudo de caso: João Carlos, pai de Davi, criança com defi ciência física de 7 anos, procura o Conselho Tutelar para denunciar que tentou matricular seu fi lho em uma escola particular e foi impedida porque o diretor alegou que não tem acessibilidade na estrutura física de escola. Como o Conselho deve agir? Uma das principais decorrências do estabelecido na Constituição Federal, em relação à educação, é que a mesma é um direito de todos (CF. Art. 205). Logo, toda criança ou adolescente tem o direito à educação, pouco importando as suas características pessoais ou eventuais defi ciências. Como consequência desta regra constitucional, as escolas estaduais, municipais e particulares devem se preparar para receber o citado aluno, não somente em relação à eventual acessibilidade, mas também no aspecto pedagógico. Destarte, ainda que haja resistência das instituições privadas ao oferecimento de atendimento educacional especializado às pessoas com defi ciência, pode-se afi rmar que estas exercem atividade estatal de forma delegada, não podendo sobrepor os seus interesses particulares aos princípios constitucionais, dentre os quais, podemos destacar a formação de uma sociedade livre justa e solidária, em igualdade de condições. 33 Percebe-se, portanto, que por força do dever constitucional constante do artigo 205 da Lei Maior, compete às instituições públicas e privadas providenciar a adaptação necessária ao efetivo desenvolvimento dos alunos portadores de defi ciência. Isto porque, apenas com a efetivação da educação inclusiva nas escolas regulares é que os fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil serão atingidos. Assim, o Conselho Tutelar deve requisitar a inclusão da criança e caso não seja atendido deve comunicar ao Ministério Público. IMPORTANTE. A autoridade, o agente público ou funcionário que rejeitar a requisição pode ser processado no âmbito criminal por cometer crime de impedir ou embaraçar a ação de membro do Conselho Tutelar no exercício de sua função, o que deve ser provado (artigo 236 do ECA), ou na Justiça da Infância e da Juventude por infração administrativa de descumprir, dolosa ou culposamente, determinação do Conselho Tutelar, tudo com amplo direito de defesa aos acusados (artigo 249 do ECA). 35 Aula 5. Direito à Convivência Familiar e Comunitária A Constituição Federal (CF/88), em seu art. 226, reconhece a família como a base da sociedade. Relacionando diversas formas de família: a) Formal – decorrente do casamento; b) Informal – decorrente da união estável; c) Monoparental – formada por apenas um dos pais e os fi lhos. Já o ECA traz uma classifi cação trinária de família: a) natural – de origem biológica; b) extensa ou ampliada – vai além da unidade pais e fi lhos ou unidade do casal, engloba parentes com os quais a criança e/ou adolescente convivem e mantém vínculos de afi nidade e afetividade; c) substituta – aquela exercida mediante guarda, tutela e adoção. O rol do art. 226, da CF/88, é exemplifi cativo, no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e da maioria dos doutrinadores, consagrando o princípio da pluralidade das famílias. A CF não esgota o tema. Outras formas de famílias são admitidas no direito brasileiro, a fi m de que se acompanhe a evolução da sociedade. O STF entendeu que o art. 226 traz implícito o princípio do pluralismo familiar. A doutrina moderna defende que as famílias não devem estar arroladas na CF e nem em legislação infraconstitucional, não há como delimitar ou prever todas as formas de família. A família deve ser compreendida como parte formadora de cada indivíduo que a acompanha, sendo certo que todo ser humano nasce sem direção e merece a oportunidade afetiva de que lhe sejam impostos limites capazes de construir ideais dignos, possíveis de englobar o indivíduo num meio social harmônico e coerente. O direito à convivência familiar e comunitária é um direito fundamental de toda criança e adolescente, considerados pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento físico, moral e psicológico. O art. 19, do ECA, com redação dada pela Lei 13.257/2016, diz que: 36 A Lei 12.010/2009, Lei Nacional de Adoção, trouxe várias mudanças ao ECA, sedimentando a afi nidade e a afetividade como elementos consagradores de novas famílias. Em regra, a criança e o adolescente devem ser mantidos junto à família natural. Em casos excepcionais, tais como falta de alimentação, maus tratos ou violência, o afastamento temporário da criança ou adolescente de sua família natural torna-se necessário para garantir sua segurança e integridade física e psicológica. Num primeiro momento, o afastamento deve ser temporário, a fi m de que a situação seja solucionada, não podendo o juiz determinar a retirada da família natural e imediata colocação para adoção. Há uma sequência que deve ser respeitada após o afastamento da criança e do adolescente: 1º. Família extensa ou ampliada: avós, tios, irmãos; 2º. Terceiros que convivam e que mantenham vínculos de afi nidade e afetividade com a criança ou adolescente, tais como vizinhos e padrinhos; 3º. Acolhimento familiar: medida de proteção em que a criança ou adolescente irá conviver com certas pessoas, por um determinado período, não se confundindo com adoção. Essa medida é utilizada toda vez que a criança ou adolescente esteja em situação de risco, seja por sua própria conduta, dos pais ou do Estado; 4º. Acolhimento institucional: crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e que são recebidas em entidades. Esta é a última alternativa, não se confundindo com as instituições destinadas ao cumprimento de medida socioeducativa de internação. Em caso de maus tratos, é possível que o juiz decrete a perda do poder familiar e a criança ou adolescente seja disponibilizado para adoção. Até 2017, era preciso uma manifestação formal de não interesse, em audiência, de todas as É um direito da criança e adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. 37 pessoas da família extensa, aptas a recebê-las. A partir de uma alteração legal, a omissão dos membros da família extensa, como o seu não comparecimento à audiência, é sufi ciente para o juiz decretar a perda do poder familiar. Essa modalidade de proteção é utilizada também pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados deMorte - PPCAAM (Instituído pelo Decreto Presidencial 6.231/2007), casos em que a criança e o adolescente possuem necessidade de proteção, porém não possuem uma retaguarda familiar para acompanhá-lo. A convivência familiar e comunitária é um direito fundamental da criança e do adolescente garantido pela CF/88 e pelo ECA. Esse direito é tão importante quanto o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade. A CF/88 diz que a “família é a base da sociedade” (art. 226) e que compete a ela, ao Estado, à sociedade em geral e às comunidades “assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (art. 227). O art. 226, § 8º, da CF/88, também determina que o Estado deve dar assistência aos membros da família e impedir a violência dentro dela. O art. 229 diz que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os fi lhos menores, e os fi lhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. O QUE DIZ A LEI? No máximo a cada três meses, a criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada. A autoridade judiciária competente, baseada em relatório elaborado por equipe interprofi ssional ou multidisciplinar, decidirá de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família substituta (artigo 19, § 1º, do ECA). A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não ultrapassará o prazo máximo de dezoito meses, exceto se comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, desde que fundamentada por autoridade judiciária (artigo 19, § 2º, do ECA). 38 Com exceção de situações de emergência, a decisão de afastar a criança ou o adolescente da sua família de origem deve ser baseada em recomendação técnica, a partir de um diagnóstico elaborado por equipe qualifi cada de psicólogo, assistente social e em articulação com a Justiça da Infância e da Juventude e o Ministério Público. O diagnóstico deve incluir uma avaliação dos riscos que a criança ou adolescente corre, levar em conta sua segurança, seu bem-estar, cuidado e desenvolvimento a longo prazo e as condições da família para superar as violações e dar-lhe proteção. A análise deve incluir todas as pessoas envolvidas, inclusive a criança ou adolescente, pois a decisão pelo afastamento do convívio familiar é extremamente séria e terá profundas implicações, tanto para a criança ou adolescente, quanto para a família. Portanto, deve ser aplicada apenas quando representar o melhor interesse da criança ou do adolescente e o menor prejuízo ao seu processo de desenvolvimento. Antes de se encaminhar a criança ou adolescente para um abrigo, é preciso verifi car se entre os parentes ou na comunidade há pessoas que lhe tenham afeto e queiram se responsabilizar pelos seus cuidados e proteção. Nos casos de violência física, abuso sexual ou outras formas de violência intrafamiliar, a medida prevista no art. 130, do ECA (afastamento do agressor da moradia comum) deve sempre ser considerada antes de se recorrer ao encaminhamento para serviço de acolhimento. Tem-se ainda o Plano Nacional de Proteção, Promoção e Defesa do Direito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária - PNCFC (2006) que visa fortalecer, detalhar e aprofundar os conceitos básicos defi nidos pelo ECA. Prioriza a família como núcleo do desenvolvimento e reafi rma apoio e proteção para que possa cuidar de seus fi lhos e protegê-los. Três áreas temáticas compõem o Direito à Convivência Familiar e Comunitária: 1º.A primeira diz respeito à importância de preservar os vínculos familiares e comunitários e do papel das políticas públicas de apoio sociofamiliar; 2º.A segunda aborda a necessidade de intervenção institucional nas situações de rompimento ou ameaça de rompimento dos vínculos familiares, do 39 reordenamento dos Programas de Acolhimento Institucional e da implementação dos Programas de Famílias Acolhedoras (observado o caráter de excepcionalidade destas medidas); 3º.Por último, a adoção. 5.1. Crianças e Adolescentes em Situação de Acolhimento O relatório do Unicef Pobreza na infância e na adolescência, divulgado em agosto de 2018, revela que, no Brasil, a pobreza na infância e na adolescência é complexa e tem múltiplas dimensões, que vão além do dinheiro e da legislação. Afi rma o coordenador da Comissão da Infância e do Juventude do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos de São Paulo), Ariel de Castro Alves: “O Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo para proteger crianças e adolescentes, mas também é um dos países onde crianças e adolescentes estão mais desprotegidos”. Conforme dados do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA), coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil têm mais de 47 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento, que vivem atualmente nas quase 4 mil entidades credenciadas junto ao Judiciário de todo o País, As famílias acolhedoras se responsabilizam por cuidar da criança ou adolescente até que este retorne à família de origem ou seja encaminhado para adoção. Assim, não se comprometem a assumir a criança ou adolescente como um fi lho, mas a acolher e prestar cuidados durante o período de acolhimento. A família se torna, dessa forma, parceira do serviço de acolhimento na preparação da criança ou adolescente para o retorno à convivência familiar ou para a adoção, se for o caso. De acordo com o censo do Sistema Único de Assistência Social (Suas), de 2016, o serviço de acolhimento está presente em 522 municípios brasileiros e, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), há 2.341 famílias cadastradas para acolher 1.837 mil crianças e adolescentes. Quase sempre o acolhimento ocorre quando o Conselho Tutelar entende necessário o afastamento do seu convívio familiar e comunica o fato ao Ministério 40 Público, prestando esclarecimento sobre os motivos de tal entendimento e sobre as providências já tomadas no sentido da orientação, apoio e promoção social da família. 5.2. Os Desafi os dos Espaços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes no Brasil Diante de relações fragilizadas tanto na família como na escola – o que comporta fator de risco na vida dos sujeitos em desenvolvimento – surge o grande desafi o das instituições no resgate à proteção da criança e do adolescente em situação de vulnerabilidade. Os profi ssionais que compõem a rede socioassistencial de crianças e adolescentes precisam estar atentos às questões que aumentam a vulnerabilidade desse público e ferem as construções familiares e o ambiente escolar, assim como aos preconceitos e estigmas que geram, pois são estes espaços de socialização que compõem as primeiras relações das crianças e dos adolescentes e, quando bem trabalhadas, são importantes redes de apoio ao seu desenvolvimento saudável. Sabe-se que a criança e o adolescente que estão sob a medida protetiva de abrigo (Art. 101, ECA), aguardando retorno à família de origem ou encaminhamento para família substituta, precisam ter nesses contextos (em um caso ou em outro) fi guras de autoridade, de proteção e cuidado para seu desenvolvimento saudável. As famílias devem ser auxiliadas na construção de novas possibilidades de convivência, apesar da separação vivida. Os serviços socioassistenciais devem propiciar novas formas de interação da criança e do adolescente com a família e a escola, buscando uma vinculação de melhor qualidade. As condições adversas vividas por essas crianças e adolescentes, e suas famílias, exercem forte infl uência também sobre as crenças dos profi ssionais
Compartilhar