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PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA HEMOSTASIA INFORMAÇÕES GERAIS É a suspensão de um sangramento, ou até mesmo a interrupção de fluxo. Neste contexto, o principal objetivo é a produção de fibrina. Temos então: - Hemostasia primária/tampão primário: está relacionada as plaquetas, sendo presente em pequenos defeitos. Este tampão é pouco efetivo e instável. A partir disto, outros fatores/enzimas são ativados. - Hemostasia secundária/tampão secundário: está relacionado a fibrina. As enzimas e fatores citados anteriormente captam o fibrinogênio circulante e o convertem em fibrina. É mais duradouro e firme. PLAQUETAS/TROMBÓCITOS São estruturas produzidas na medula óssea, a partir do megacariócito. Este megacariócito possui projeções citoplasmáticas no interior das cavernas medulares, e tais projeções são “guilhotinadas” pela medula, dando origem a plaqueta. A plaquetas são anucleadas e menores que as hemácias! FUNÇÃO PRINCIPAL - Formar o tampão primário e aderir ao endotélio lesado. Para que isso ocorra, o próprio endotélio libera substâncias que atraem as plaquetas para si, e partir disso, as plaquetas “fofoqueiras” se juntam em agregados. Uma porção destas plaquetas tem o poder de liberar fibrinogênio e até mesmo ativar outros fatores que convertem o mesmo. Durante seu tempo de vida na lesão, liberam substâncias que realizam a manutenção do coágulo e também o expulsam/dissolvem quando necessário. CONCENTRAÇÕES Trombocitose: concentração plaquetária acima do limite superior. Indica uma predisposição de formação de coágulos no organismo. Trombocitopenia: concentração plaquetária abaixo do limite inferior. Indica uma predisposição a hemorragias. PRODUTOS Glicoproteína plasmática (fator de Von Willebrand) Fator responsável pela agregação plaquetária e adesão do agregado ao endotélio lesado, formando a hemostasia primária. A doença de Von Willebrand está relacionada a deficiência na produção desta substância, sendo dividida em graus. Sua detecção ocorre através de testes de ELISA e imunoeletroforese. Para avaliar hemostasia, deve se coletar sangue em tubo com citrato de sódio (tubo azul). PROCESSOS DE HEMOSTASIA A hemostasia se dá em processos, e sua etapas estão intimamente conectadas. Só se desenvolve a etapa seguinte se a anterior fornecer componentes essenciais! Um dos objetivos é a formação de trombina (fator IIa), que por sua vez converte o fibrinogênio solúvel (fator I) em tampão de fibrina insolúvel (tampão hemostático secundário). PROCESSO DE COAGULAÇÃO ENZIMA + COFATOR + SUBSTRATO = PRODUTO Neste caso, a enzima é estimulada pelo cofator a quebrar o substrato e produzir algo. Isso ocorre na membrana fosfolipídica endotelial, onde o Ca2+ é extremamente necessário! COAGULAÇÃO VIA EXTRÍNSICA – FATOR TECIDUAL → Temos o fator VII que é ativado através de um fator tecidual (produzido por um trauma), formando o fator VIIa. → Após isso, o fator VIIa, juntamente com Ca2+, ativam o fator X, transformando-o em fator Xa. → O fator Xa por si só faz parte da via comum, e es mula a produção de trombina. Essa trombina faz a conversão de fibrinogênio em fibrina. VIA INTRÍNSICA – INDUZIDA PELA SUPERFÍCIE → Temos o fator XII que é ativado a partir de um trauma sanguíneo/no vaso ou contato com colágeno, formando o fator XIIa. → Após isso, o fator XIIa, juntamente com cininogênio e prekalikreína (cofatores), ativam o fator XI, transformando-o em XIa. → O fator XIa, com o auxílio do Ca2+, transformam o fator IX em IXa. Em consequência, o fator VIII também é ativado. → Então, o fator VIIIa, com o auxílio do Ca2+, transforma o fator X em fator Xa. → O fator Xa por si só faz parte da via comum, e es mula a produção de trombina. Essa trombina, junto do Ca2+, fazem a conversão de fibrinogênio em fibrina. VIA COMUM → O fator Xa es mula o fator V, transformando-o em Va. → Os fatores Xa e Va ativam o fator II (protrombina) e o transformam em fator IIa (trombina). → A trombina converte fibrinogênio (fator I) em fibrina (fator Ia). FATORES ENVOLVIDOS FATORES ENZIMÁTICOS Pelo menos 99% das enzimas envolvidas são produzidas nos hepatócitos e estão, normalmente, em sua forma zimogênia (inativa). Tendo isso em mente, QUALQUER problema no fígado pode culminar em problemas na coagulação! Além disso, alguns fatores (II, VII, IX e X) dependem de vitamina K, estando sujeitos a não ativação caso esta não esteja disponível. FATORES NÃO ENZIMÁTICOS Como fibrinogênio, fator tecidual, fatores V e VIII, Ca2+ e fosfolipídeos de membrana. PROCESSAMENTO DE AMOSTRAS Utilizar tubo com citrato (azul). A amostra pode permanecer refrigerada por até 8-12 horas para realização do exame de ELISA. Após a coleta, homogeneizar e observar a presença ou ausência de coágulos. Para obter o plasma, centrifugar e colocá-lo no eppendorf. TESTES REALIZADOS TEMPO DE COAGULAÇÃO DE SANGUE TOTAL Lee - White Utilizado em último caso, a campo! Coletar o sangue em tubo vermelho e aguardar (4-15 minutos: equinos e bovinos). Caso não ocorra a coagulação nestes intervalos, existe um problema de coagulação nestas espécies. NÃO REALIZAR em cães e gatos. Tempo de Coagulação ativado (TCA) Para que plaquetas sejam ativadas, devem entrar em contato com um fator de carga negativa (ex: terra diatomácea). Com isso, a via intrínseca é ativada. Também utilizada em último caso! TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVADO (TTPA) Avalia a via intrínseca e comum. Colocar o plasma para aquecer a 37°C e acrescentar cloreto de Cálcio pré aquecido. Homogeneizar em uma cubeta e aguardar a coagulação, marcando o tempo. A coagulação antes do tempo é incomum, e ao passar de um minuto, o TTPA é considerado prolongado. Isso é sugestivo de deficiência de fatores ou consumo exacerbado. TEMPO DE PROTROMBINA (TP) Avalia a via extrínseca e comum. Tempo acima do limite superior indica inibição, deficiência ou consumo exacerbado de fatores. TEMPO DE TROMBINA (TT) Avalia a via extrínseca e comum. Útil para observação se a fibrina está sendo produzida adequadamente! Avalia a conversão do fibrinogênio. Utilizar sangue do tubo azul acrescentado de Cálcio e fosfolipídios, para formar coágulos. Tempo de Trombina (TT) Prolongamentos no TT podem ser associados a problemas hepáticos (fibrinogênio é produzido lá), disfibrinogenemia (0 produção de fibrina) ou utilização de heparina. INTERPRETAÇÕES TP (via extrínseca) TTPA (via intrínseca) INTERPRETAÇÕES CLÍNICAS Prolongado Normal Deficiência de fator: VII Normal Prolongado Deficiência de fator: X, IX, VII, XI ou XII Prolongado Prolongado Problema hepático: não produção Deficiência de fator: V, X, II ou I Normal Normal Indivíduo normal Deficiência de coagulação plaquetária TERMOS UTILIZADOS NA ROTINA TROMBOSE Coágulo in vivo. Basicamente, ocorre uma inibição da fibrinólise (remoção do coágulo, após período específico). TROMBO O trombo é um coágulo que se soltou e iniciou seu caminho na circulação. FIBRINÓLISE Faz parte do processo de hemostasia, tratando-se da retirada fisiológica da fibrina após reestabelecimento do endotélio vascular. Caso não ocorra, pode haver a formação de trombose e posteriormente, trombo. Após coagulação, o plasminogênio (em forma inativa) se liga a fibrina. A partir do momento em que o endotélio reestabelece sua integridade, ocorre liberação de t-PA (fator de ativação do plasminogênio). O t-PA se liga ao complexo formado pela fibrina e plasminogênio, e o cliva/ativa, transformando-o em plasmina. A plasmina, ainda ligada a fibrina, inicia o processo de degradação da fibrina, produzindo PDF (produto de degradação da fibrina). A depuração dos PDF ocorre nos rins e no fígado, por serem menores e solúveis. Podemos então mensurar a concentração de PDF, para detectar se está ocorrendo fibrinólise acelerada. DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA Está ocorrendo uma formação excessiva de coágulos no interior do vasosanguíneos. Ocorre trombocitopenia (↓ [fibrinogênio e plaquetas]), aumento de PDF e TTPA e TP. COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS Deficiência no fator de coagulação. COAGULOPATIAS ADQUIRIDAS Ocorrem através de envenenamento por dicumarínicos, rodenticidas. Para reverter, realizar administração de vitamina K. TROMBOCITOPENIA Queda na concentração de plaquetas, para abaixo do limite inferior. Causas: medicamentos, neoplasias, CID, ehrlichiose e distúrbios imunomediados. SEMPRE pesquisar todas as causas! DISFUNÇÕES PLAQUETÁRIAS ADQUIRIDAS Provocadas por alguns AINES, AAS (ácido acetil salicílico, que impede a agregação plaquetária) e proteínas plasmáticas total anormais. DISFUNÇÕES PLAQUETÁRIAS HEREDITÁRIAS Provocadas pela doença de Von Willenbrand e anormalidades nos receptores plaquetários. CAUSAS VASCULARES DE HEMORRAGIAS ADQUIRIDAS Causadas por lesão endotelial (febre maculosa) e doenças inflamatórias localizadas.
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