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1 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS Enfisema, bronquite crônica, asma e bronquiectasia Caracterizadas pelo aumento da resistência ao fluxo aéreo devido a uma obstrução parcial ou completa em qualquer nível da árvore brônquica. Testes de função pulmonar caracterizados por menores taxas de fluxo aéreo máximo durante a expiração forçada. Padrão obstrutivo na espirometria, com sibilos. Fatores de risco: tabagismo, poluição, agentes ocupacionais (relacionados ao trabalho), pós- infecciosos, polimorfismos genéticos. DPOC – enfisema + bronquite crônica. Principal fator: tabagismo COPD – overlap syndrome (padrões respiratórios de enfisema, bronquite crônica e asma) Asma não é totalmente reversível, pois tem casos de asma crônica que o quadro não é revertido. • ENFISEMA Dilatação permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal com destruição das paredes sem fibrose* *pode ter alguma fibrose, mas é mínima. Ácino: bronquíolo respiratório + ductos alveolares + sacos alveolares + alvéolos Lóbulo: 3 a 5 ácinos + bronquíolo terminal. Enfisema: desbalanço de protease e antiprotease. O enfisema parece resultar do efeito destrutivo de uma elevada atividade de protease em indivíduos com baixa atividade antiprotease. Indivíduos com fibrose cística tem deficiência de α1-AT. 2 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 A antiprotease inibe as proteases que são secretadas por neutrófilos. Protease (elastase) degrada fibras elásticas e rompem a parede do alvéolo. Alfa 1 anti-tripsina (protege os septos alveolares e a ligação de um alvéolo ao outro; destrói organelas, vírus, afins/ presente principalmente no alvéolo distal) age como antiprotease e inativa a elastase. O fumo e outras substâncias agressoras inaladas induzem aumento do número e da atividade de células inflamatórias, que liberam enzimas hidrolíticas e radicais livres. O fumo também inativa a α1-AT. Por tudo isso, o enfisema pulmonar parece resultar da interação de fatores constitucionais (deficiência de α1-AT) e ambientais (fumo e outros irritantes da mucosa respiratória), que atuam sinergicamente e levam à destruição tecidual característica da doença. o Enfisema centroacinar/ centrolobular Mais comum, acometimento dos bronquíolos respiratórios (partes centrais dos ácinos) sem afetar alvéolos distais, fumantes. São mais comuns e mais severas nos lobos superiores. o Enfisema pan-acinar Todo ácino acometido, relacionado à deficiência de alfa 1 antitripsina. o Enfisema acinar distal/parasseptal Acometimento da porção distal, mais notável nas regiões subpleurais, pode formar espaços císticos. o Enfisema irregular Sem padrão anatômico de envolvimento do ácino, cicatrizes de processos inflamatórios (fibrose). 3 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 Morfologia: pulmões volumosos, grandes alvéolos, microscopicamente vemos alvéolos anormalmente grandes, separados por septos delgados. • Bronquite crônica Tosse produtiva (escarro) por no mínimo 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos – geralmente manhã/ inverno. Geralmente associado ao enfisema. Sinal clássico: sibilo Hipertrofia de glândulas submucosas/ aumento de células caliciformes – hipersecreção de muco (reação protetora contra a fumaça do tabaco e outros poluentes) Principalmente fumante (faz metaplasia escamosa, perde muco e cílios e assim inflama cada vez mais o tecido - epitélio de condução) Chance de fazer pneumonia e infecção de repetição devido à redução dos cílios e diminuição da capacidade de eliminar bactérias. Macroscopicamente: hiperemia, tumefação e edema das membranas mucosas. Microscopicamente: muitos linfócitos, aumento das glândulas secretoras de muco da traqueia e brônquios. Hiperplasia da glândula mucosa. A) pulmão normal, b) pulmão enfisematoso Enfisema acinar distal em pct longilíneos. Destruição dos septos, enchem o pulmão de ar e destrói a pleura → pneumotórax espontâneo. A) Enfisema, paredes com um saco sem conexão; B) normal 4 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 • Asma Hiper-reatividade brônquica e hipersecreção de muco e inflamação das paredes brônquicas em resposta a variados estímulos. Broncoconstrição episódica, sibilos, dispneia, tosse. Dividida em: i. Atópica, quando há evidências de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos, geralmente em indivíduos que têm história familiar da doença e apresentam também eczema e rinite alérgica; ii. Não atópica, quando não se identifica um alérgeno predisponente. iii. Asma induzida por medicamentos, como a aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides. Nesses casos, o indivíduo pode apresentar também urticária. iv. Asma ocupacional, relacionada a exposição ao ambiente de trabalho com certas substâncias (plásticos, madeira, algodão, tolueno) Inflamação – papel central – liberação de mediadores e remodelamento da via aérea (hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa brônquica, dano epitelial, aumento da vascularidade das vias aéreas, maior hiperplasia/hipertrofia das glândulas mucosas subepiteliais e deposição de colágeno subepitelial) Th2/ IgE – resposta inadequada a antígenos – broncoconstrição, aumento na produção de muco, vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. 5 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 Dano grave e agudo da asma; tem muco, sangue, musculatura lisa está necrótica, vasocongestão. Epitélio respiratório em necrose. Macroscopicamente: oclusões de brônquios e bronquíolos por tampões de muco. Microscopicamente: secreção abundante na luz das vias respiratórias, descamação epitelial, espessamento da membrana basal, edema da submucosa, hipertrofia da musculatura lisa e infiltrado inflamatório de mononucleares e eosinófilos. DOENÇAS INTERSTICIAIS DIFUSAS CRÔNICAS (restritivas) Caracterizada pela redução da expansão do parênquima pulmonar e diminuição da capacidade pulmonar total. Os defeitos restritivos ocorrem por distúrbios da parede torácica ou por doenças intersticiais e infiltrativas crônicas. Restritivas (padrão na espirometria) – inflamação e fibrose do interstício pulmonar. Clínica de dispneia e taquipneia sem sinais de obstrução, sem sibilos. Vidro fosco – fibrose intersticial 6 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 Categorias: fibrosantes, granulomatosas, eosinofílica, relacionada ao tabagismo. • Fibrose pulmonar idiopática Fibrose pulmonar + insuficiência respiratória. Resposta/reparo anormal a lesão celular alveolar recorrente → ciclos repetidos de ativação/lesão epitelial por algum agente não identificado. Padrão histológico: pneumonia intersticial usual, porém tem várias causas Fatores de risco: tabagismo, irritantes ambientais, DRGE, genéticos, idade. Sem tto estabelecido (transplante pulmonar). Inflamação destrói o alvéolo (amputação da via aérea distal) e substitui por fibrose. Macroscopicamente: superfícies pleurais do pulmão apresentam aspecto de pedras de calçamento como resultado da retração das cicatrizes ao longo dos septos interlobulares. Fibrose – áreas brancas firmes, predominante nos lobos inferiores. Microscopicamente: fibrose intersticial irregular, destruição da arquitetura alveolar e formação de espaços císticos revestidos por epitélio respiratório. no local de alvéolos tem cistos revestidos por epitélio respiratório. • Pneumoconioses Doenças causadas por inalação de partículas (geralmente ocupacionais). Dependem da quantidade, tamanho, solubilidade e efeitos adicionais de outros irritantes, como tabaco. Partículas de 1 a 5 micrômetro são as mais perigosas porque atingem as pequenas vias aéreas distais. Depende também da solubilidade. o Dos mineradores de carvão (PMC) Formação de nódulos antracóticos (benigno). 7 JaíneMiotto Candaten ATM 2024/2 PMC simples: máculas de carvão (macrófagos carregados de carbono) e nódulos de carvão. PMC complicada: cicatrizes intensamente escurecidas, colágeno denso e pigmento, o centro da lesão normalmente é necrótico relacionado à isquemia local, Fibrose progressiva maciça – intensa fibrose com comprometimento da função pulmonar o Silicose Inalação de sílica – décadas após a inalação (progressivo mesmo suspendida a inalação) Pneumoconiose mais comum relacionada ao trabalho → Mineradores, jatos de areia, fundição. Relacionada a maior suscetibilidade a tuberculose. Macroscopicamente: início – pequenos nódulos pouco palpáveis, pálidos a escurecidos (se poeira de carvão estiver presente), progressão – nódulos coalescem e formam cicatrizes colagenosas duras, calcificação em casca de ovo, fibrose maciça progressiva. Microscopicamente: lesões nodulares em camadas concêntricas de colágeno hielinizado cercado por uma cápsula densa de colágeno mais condensado. o Asbestose Amianto – telhas, tubulações. Placas fibrosas pleurais, derrame pleural recorrente, fibrose intersticial parenquimatosa, mesotelioma, carcinomas pulmonares, neoplasias laríngeas. 8 Jaíne Miotto Candaten ATM 2024/2 corpos de asbestos. Placas subpleurais. • Doenças granulomatosas o Sarcoidose Pulmão + linfadenopatia hilar – maioria dos casos Sem causa definida – diagnóstico por exclusão. Adultos, sexo feminino, afrodescendentes são mais suscetíveis. Granulomas epitelioides sem necrose caseosa! Remissão ou evolução para fibrose pulmonar – 20% Regulação imune desordenada – resposta a algum antígeno /patógeno. Além de acometer o pulmão, pode atingir linfonodos, baço, fígado, medula óssea, pele. Microscopicamente: granulomas não caseosos, corpos de Schaumann e corpos asteroides. Granuloma do tipo sarcoídico (duro).
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