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Gestão da Inovação no Setor Público Inovação e o contexto do setor público1 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2021 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Produção de Web Carlos Eduardo dos Santos Conteudista Andrea Faria (conteudista, 2021) Equipe responsável: Priscila Campos Pereira (coordenadora, 2021) Paula Alves Tavares (coordenadora, 2021) Cindy Nagel Moura de Souza (revisão textual, 2021) Israel Silvino Batista Neto (diagramação e produção gráfica, 2021) Fernando Gianelli Constancio (desenho instrucional e implementação Articulate, 2021) Danielle Alves de Oliveira Tabosa (implementação Moodle, 2021) Curso produzido em Brasília 2021. Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e Funape. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1. Conceito e tipos de inovação ........................................................ 5 1.1 O que é inovação ............................................................................. 5 1.2 Desmistificando a inovação ............................................................. 7 1.3 Tipologia de inovação ...................................................................... 8 2. A importância da inovação para o setor público ......................... 10 2.1 Que mundo é esse? ....................................................................... 11 2.2 Por que inovar em governo? ......................................................... 12 2.3 Como inovar em governo .............................................................. 12 2.4 Governos inovam! ......................................................................... 14 3. Barreiras e incentivos para inovar no setor público ..................... 14 3.1 Barreiras ........................................................................................ 14 3.2 Incentivos ...................................................................................... 16 Referências .................................................................................... 18 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Olá! Desejamos boas-vindas ao primeiro módulo do curso Gestão da Inovação no Setor Público. Este curso tem o objetivo de fornecer aos servidores públicos conceitos, processos e experiências referentes à inovação, a fim de fomentar a cultura e os ecossistemas de inovação para criação de valor público. Neste primeiro módulo abordaremos os seguintes tópicos: Unidade 1. Conceito e tipos de inovação 1.1 O que é inovação 1.2 Desmistificando a inovação 1.3 Tipologia de inovação Unidade 2. A importância da inovação para o setor público 2.1 Que mundo é esse? 2.2 Por que inovar em governo? 2.3 Como inovar em governo 2.4 Governos inovam! Unidade 3. Barreiras e incentivos para inovar no setor público 3.1 Barreiras 3.2 Incentivos Desejamos um excelente estudo! Unidade 1. Conceito e tipos de inovação Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de reconhecer o conceito e os tipos de inovação. 1.1 O que é inovação Sabia que definir inovação não é tarefa trivial? Se você fizer uma busca no Google encontrará milhões de definições para a palavra inovação, M ód ul o Inovação e o contexto do setor público1 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública desde as mais técnicas, até as mais bem-humoradas, quase emotivas. Aqui você conhecerá as melhores! Aliás, acreditamos que melhor do que definir, é incorporar um pouco de inovação ao seu dia a dia. Então, preparados? Acompanhem este tópico procurando, principalmente, inspirar-se e desmistificar o termo, ok? Iniciando com um clássico, segundo o Manual de Oslo, uma publicação da OCDE, inovação é: “[…] a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado, no que se refere às suas características ou usos previstos, ou ainda, à implementação de métodos ou processos de produção, distribuição, marketing ou organizacionais novos ou significativamente melhorados” (OCDE, 2005, p. 55). De um clássico para outro, temos a definição de inovação segundo Steve Jobs: “Inovação é a capacidade de ver a mudança como uma oportunidade - não uma ameaça". Agora, outros empreendedores, designers e pesquisadores também criaram sua própria definição para inovação. Vejamos: Paul Sloane acha que “criatividade é pensar em algo novo. Inovação é a implementação de algo novo” (SKILLICORN, 2016). Por sua vez, Jeffrey Baumgartner entende que “inovação é a implementação de ideias criativas para gerar valor, geralmente incidindo em aumento dos lucros, redução dos custos ou ambos” (SKILLICORN, 2016). Para Paul Hobcraft inovação “é a maneira fundamental pela qual a empresa agrega valor constante aos negócios ou à vida de seus clientes e, consequentemente, a seus acionistas e stakeholders” (SKILLICORN, 2016). Por fim, Drew Boyd encerra nossa lista dizendo que “as maiores inovações são aquelas mais simples, aquelas que nos fazem dar um tapa na testa e dizer: Caramba!! Por que eu não pensei nisso antes?” (SKILLICORN, 2016). Figura 1 – Inovação Figura 2 – Veículo Autônomo (Fonte: Adaptado de www.seoul.co.kr/news/newsView.php?id=2 0200511010007) 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Então, após todas essas definições, elaboradas por especialistas, trouxemos um quadro que sintetiza os aspectos mais citados. 1.2 Desmistificando a inovação Você acha que para ser considerado inovador, um produto ou serviço precisa englobar tecnologia de ponta? Você também acha que uma ideia para ser inovadora precisa ser inédita? Olha, precisamos conversar! Para muitos, para ser classificado como inovador, um produto ou serviço tem de ser tecnológico. É comum, ao conversarmos sobre inovação, surgirem menções a drones, realidade virtual etc. Sim, certamente encontramos inovação nesses exemplos! Porém, inovação nem sempre tem a ver com tecnologia. Inovação está sempre relacionada ao atendimento de um anseio, à solução de um problema, à oferta de valor para uma pessoa, comunidade ou empresa. Outra ideia usualmente associada à inovação é a necessidade de ineditismo. Atribuem a seguinte frase a Picasso: “Bons artistas emprestam, grandes artistas roubam”. Este “roubo”, no sentido de inspiração, transposição de uma ideia, de um contexto para outro, pode ser aplicado a qualquer setor e pode criar inovação real, não apenas imitações derivadas. Figura 3 – Quadro-síntese dos aspectos mais comuns em definições sobre inovação Figura 4 – Inovação não precisa, necessariamente, ser tecnológica (Fonte: Adaptada de https://jovemadministrador.com.br/maximizar-a-satisfacao-do-cliente-pode-te-levar-a-falencia/) 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Desmistificar o conceito de inovação é importante, pois nos inspira a desenvolver soluções inovadoras no nosso dia a dia, no nosso ambiente de trabalho, sem que seja imprescindível o domínio de complexas tecnologias. Assim, é importante fomentar um modelo mental inovador nas equipes, no qual seja possível questionar o status quo e convenções, criar novas regras, conviver com outros pontos de vista, criando condições para que novas ideias surjam, sejam discutidas e, quiçá, implementadas. 1.3 Tipologia de inovação Aqui, novamente, identificamos diversas tipologias para inovação. Mas calma! As tipologias existem para nos ajudar, para agrupar os similares e ampliar nosso conhecimento. Ou seja, é uma ferramenta que deve auxiliar-nos, e não confundir. Tenha em mente que uma inovação pode pertencer a duas ou mais dessas categorias. Figura 7 – Velocidade do avanço tecnológicoem televisores (Fonte: Adaptada de https://jovemadministrador.com.br/maximizar-a-satisfacao-do-cliente-pode-te-levar-a-falencia/) Figura 5 – Exemplo de inovação com tecnologia acessível (Fonte: https://www.tinypulse.com/blog/problem-solving-india-jugaad) Figura 6 – Exemplo de inovação tecnológica (Fonte: https://www.yankodesign.com/2013/12/13/copy-paste/) 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os tipos de inovação, segundo o Manual de Oslo, são: Inovação de produtos É a introdução de melhorias significativas nos produtos (bens ou serviços) com a melhoria em especificações técnicas e materiais, alterando suas características funcionais. Inovação de processo É a mudança nos processos de produção e comercialização para reduzir custos e melhorar a eficiência, mesmo que não tenha sido alterada a funcionalidade do produto. Inovação de marketing Introduz mudanças na concepção, posicionamento e promoção de produtos. Inovação organizacional É a capacidade de converter criatividade e conhecimento do mercado em melhores práticas de negócio. A inovação também pode ser classificada quanto aos impactos que gera. Inovação do dia a dia Mudanças ou simplificações de processos, rotinas ou produtos já existentes. Exemplo: formulário para solicitação de férias revisado. Incremental Representam mudanças significativas em produtos ou serviços já existentes. Exemplos: um novo modelo de celular ou os aperfeiçoamentos da urna eleitoral eletrônica. Radical Apontam para a criação de novos produtos, negócios ou serviços. Exemplos: as cápsulas de café expresso; a partir delas, muitas pessoas passaram a ter máquina de café expresso em casa. 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Disruptiva Novas tecnologias, novos modelos de negócio. Cria mercados e necessidades que você nem sabia que existia/precisava. Impacta fortemente a tecnologia ou o serviço anterior, podendo levar à obsolescência. Exemplos: celular ou o sistema eleitoral eletrônico. Observe que uma inovação pode ser classificada como disruptiva no seu surgimento (implantação do sistema de votação eletrônico) e, posteriormente, ter suas melhorias classificadas como inovações incrementais. Por fim, muitas empresas ou instituições têm alguma dificuldade em implantar ações ou produtos inovadores. Existem duas causas para que isso ocorra com certa frequência: uma visão ultrapassada sobre inovação e desconhecimento de ferramentas que ajudariam a colocá-la em prática. Esperamos que neste curso você avance nestes dois temas. Afinal, como definiu Sthephen Shapiro, “inovação é permanecer relevante”. Se você quiser conhecer mais sobre as definições básicas referentes à inovação, leia o capítulo 3 do Manual de Oslo (OCDE, 2015). Unidade 2. A importância da inovação para o setor público Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de reconhecer a importância da inovação para o setor público. http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.1 Que mundo é esse? Você concorda que os últimos 10 anos provocaram mais mudanças no nosso estilo de vida que os 50 anos anteriores? O avanço tecnológico foi, sem dúvida, o principal motor para essa transformação, mas não o único. Vivenciamos um movimento migratório como nunca visto antes. Alterações climáticas são mais fortemente percebidas e, também, novos comportamentos de consumo, uma conectividade massiva, enfim, mudanças de comportamento. Pare um momento e faça um exercício. Liste serviços, tecnologias ou aplicativos que são frequentes e até imprescindíveis à sua rotina pessoal, em seguida pesquise o ano em que foram lançados. Se você considerar um intervalo de 10, 15 anos, provavelmente ficará evidente, no seu dia a dia, os impactos decorrentes dos avanços da ciência, tecnologia e comportamento. É, portanto, nesse contexto altamente dinâmico que surgem grandes desafios aos governos! Figura 8 – Sobre adaptação em um cenário altamente dinâmico Figura 9 – Equipamentos utilizados nos anos 1990 atualmente substitúdos pelo celular (Fonte: Adaptada de https://i.pinimg.com/originals/ca/dd/13/cadd135919c7b015bfb869186019b33a.jpg) 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.2 Por que inovar em governo? Nos últimos anos, os governos tiveram que se adaptar às mudanças, que vão do campo tecnológico até as necessidades da população – que também mudam. Críticas frequentes ao modo burocrático da administração pública apontam déficit de desempenho e baixa qualidade na prestação dos serviços públicos. Como responder aos anseios em relação aos serviços governamentais com mais qualidade, controle, transparência e governança? Como impulsionar a produtividade e o crescimento? Como estimular uma força de trabalho resiliente para o futuro? Como associar o desenvolvimento econômico com os anseios por igualdade e sustentabilidade? Observe que governos têm procurado reagir, investindo no desenvolvimento de capacidades institucionais para inovação e transformação digital, reconhecendo a insuficiência das soluções tradicionais para resolver problemas complexos que afetam a vida dos cidadãos e elevam o custo de transação das interações do setor produtivo com as instituições governamentais. 2.3 Como inovar em governo? Para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a inovação deveria estar no centro da Figura 10 – Ano de criação dos principais aplicativos tecnológicos em utilização atualmente Figura 11 – Sobre mudanças e obsolescência (Fonte: Adaptada de https://marketoonist.com/) 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública reinvenção do estado moderno e da modernização da gestão pública, especialmente em tempos de austeridade fiscal e restrições orçamentárias. A seguir, algumas ações que os governos vêm tomando para fomentar a inovação: • investindo em ciência, tecnologia e inovação, por exemplo, em pesquisa básica e aplicada, criando as condições para o mercado inovar e gerando as grandes fontes de inovação; • utilizando seu poder de compra para estimular novas tecnologias e produtos, incorporando valores e princípios, tais como a sustentabilidade; • desenvolvendo soluções institucionais que objetivem ambiente de negócios mais ágil, transparente e eficiente; • repensando os serviços públicos. Como podemos torná-los mais simples, eficientes e rápidos; • induzindo a criação de unidades de empatia e experimentação, os laboratórios de inovação, voltados aos processos de inovação; • disponibilizando seus dados e informações para a sociedade, apoiando políticas nacionais de dados abertos; e • fomentando uma cultura de inovação. Conhecimento impulsiona inovação, inovação impulsiona a produtividade, isto impulsiona o crescimento e impulsiona os padrões de vida. É por meio da inovação que os governos e as empresas encontram maneiras de gerar mais valor a partir dos recursos existentes. Como resultado, a inovação é, direta ou indiretamente, o principal fator de crescimento da produtividade, e é a principal fonte de prosperidade nacional. Destaque h, h, h, h, Uma cultura de inovação é uma mentalidade que abraça criativamente a mudança como uma oportunidade. Considera agilidade, velocidade e competitividade como pré-requisitos para capturar o momento em questão para benefício econômico e social inclusivo. Ele está pronto, disposto e determinado a jogar um longo jogo para alcançar o sucesso econômico, social e sustentável. Considerando as várias maneiras pelas quais a inovação afeta a economia, a OCDE (2018) estima que a inovação é responsável por uma parcela substancial do crescimento econômico, geralmente cerca de 50% do crescimento total do PIB, dependendo do país. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.4 Governos inovam! Gostaríamos de terminar essa seção desfazendo uma ideia bem comum: a de que governos não inovam. Sim, eles inovam, mas enfrentam diversasbarreiras para isso. De acordo com Mariana Mazzucato, autora do livro O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado, publicado em 2014, O Estado, através de sucessivos governos, tem tentado impulsionar a inovação, desde a era das grandes ferrovias até o advento da internet. Em boa parte das inovações de larga escala da iniciativa privada, foram os governos que aceitaram suportar e custear os riscos iniciais, quando as incertezas são tradicionalmente maiores. Em uma série de casos, organizações públicas foram pioneiras no desenvolvimento e financiamento de tecnologias básicas que, a posteriori, geraram inovações de produtos e serviços com a participação de agentes privados (MAZZUCATO, 2014). Olha a dica: se quiser conhecer melhor algumas iniciativas inovadoras em governo, uma excelente fonte é o repositório do Concurso Inovação em Gestão da Enap. Assista ao TED Talk de Mariana Mazzucato para saber mais sobre os papéis de investidor e inovador assumidos pelo governo. O vídeo está publicado na plataforma YouTube, no canal TED. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=3r1IPsldbBg Unidade 3. Barreiras e incentivos para inovar no setor público Objetivo de aprendizagem: Ao final da unidade, você será capaz de identificar barreiras e incentivos para inovação no setor público. 3.1 Barreiras Discutiremos agora as barreiras e os indutores para a inovação no setor público. As barreiras são quaisquer fatores que influenciam negativamente o processo de inovação, muitas delas são sutis, como a falta de diálogo ou a abertura para apresentação de novas ideias https://www.youtube.com/watch?v=3r1IPsldbBg https://www.youtube.com/watch?v=3r1IPsldbBg 15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública aos colegas e superiores. Outras barreiras são vistosas, complexas, tais como algum regramento legal ou escassez, o tamanho e a complexidade da máquina pública. A seguir, listaremos as barreiras mais comumente relatadas por aqueles que desejam inovar no setor público: Legislação Não é fácil lidar com um marco normativo composto por leis, normas ou regulamentos que não conversam entre si e muitas vezes com um grau de obsolescência. A legislação frequentemente impõe barreiras burocráticas ligadas a procedimentos e regulamentações que inibem a inovação e favorecem a manutenção do status quo e a padronização do comportamento dos membros na organização pública. Tamanho e complexidade da administração pública Países com território continental como o Brasil e com uma população na ordem de centenas de milhões certamente representam um desafio para a gestão pública. Assim, são usuais desenvolvimento de barreiras internas, como dificuldades na comunicação e carência em termos de acordo objetivo para a resolução de dado problema. Aversão ao risco Existe uma forte percepção de risco na atividade do agente público. Essa resistência inerente à implementação de mudanças no setor público é fortemente motivada pelo medo e pela percepção de risco. Assim, esses servidores, receosos por um eventual descumprimento do intricado marco normativo, permanecem paralisados e mantêm rotinas que poderiam ser aperfeiçoadas. Figura 12 – Dificuldade na apresentação de novas ideias (Fonte: Adaptada de https://marketoonist.com/) 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Acomodação Organizações do setor público são frequentemente propensas a práticas e procedimentos cristalizados no tempo. Muitas vezes é preferível conviver com rotinas burocráticas e ultrapassadas do que enfrentar o esforço e o risco da mudança. Deficiência de diálogo Infelizmente, ainda é comum a baixa integração dos departamentos e das equipes de trabalho, o que dificulta a geração de novas ideias. Perfil público/político Nem toda mudança resulta exitosa. Existe o risco do insucesso. Gestores, em geral, costumam ser cautelosos com mudanças que podem resultar em resultados negativos, especialmente se forem alvos da mídia. Assim, a vontade política pode gerar resistência a mudanças. Rigidez da estrutura hierárquica Assim como a falta de diálogo, uma estrutura organizacional que seja muito estratificada, rígida, burocrática, com alto grau de centralização e formalização configura-se numa importante barreira à inovação. Dessa forma, limita-se os canais de comunicação e a informação disponível. 3.2 Incentivos Por sua vez, encontramos também incentivos para inovar no setor público. Os incentivos correspondem a qualquer elemento de influência positiva que induza ou fomente atividades inovadoras. Listaremos alguns a seguir: Apoio político e novas lideranças O ambiente político pode ser um indutor da inovação, pois a mudança estratégica no setor público exige muitas vezes uma ação de cima para baixo, acoplada com o reconhecimento político de que a mudança é necessária para a alocação de recursos substanciais. No jargão dos servidores públicos envolvidos com a inovação temos um patrocínio! Cultura de inovação 17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Aqui entendida como um contexto multidimensional que inclui o modelo mental pessoal, a infraestrutura de suporte e o ambiente para implementação. Estímulos à experimentação Cada vez mais tem sido comum no setor público a utilização de protótipos e pilotos como uma maneira de controlar a implantação de uma política ou projeto e receber um feedback que o ajude na tomada de decisão. Sistema de recompensa Cada vez mais frequentes e valorizados, os concursos de ideias inovadoras em governo tentam captar insights para futuros projetos de inovação. Como também os concursos de inovação que premiam iniciativas inovadoras em governo já implantadas. Crise Os orientais costumam encarar as crises como momentos de intensa necessidade, e consequente, estímulo à inovação. Apesar de indesejadas, crises podem disparar um importante movimento de inovação no governo. Terminaremos essa seção apresentando as quatro competências que são fundamentais à inovação e que devem ser desenvolvidas pelos gestores públicos em geral. Essas competências foram identificadas em um estudo recente do Observatório de Inovação no Setor Público da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), financiado pelo governo brasileiro. São elas: Modelo mental Relaciona-se com a forma como os gestores públicos lideram e afetam os outros. Os líderes devem desenvolver um espírito, permanente, de empatia pelos funcionários públicos e pelo povo de seu país e de sua liderança. Habilidades em inovação Os líderes devem ter uma compreensão dos métodos de inovação, mentalidades e estratégias para liderar, apoiar e abraçar soluções novas e diferentes. Visão de negócios 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Relaciona-se à liderança organizacional tradicional, gerenciamento financeiro, gerenciamento de capital humano, transparência e prestação de contas. Ética e valor Fundamentos basilares da gestão pública. Referências BURGELMAN, Robert A.; CHRISTENSEN, Clayton M.; WHEELWRIGHT, Steven C. Gestão estratégica da tecnologia e da inovação: conceitos e soluções. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. CAVALCANTE, Pedro; CAMÕES, Marizaura; CUNHA, Bruno; SEVERO, Wilber (Orgs.). Inovação no setor público: teoria, tendências e casos no Brasil. Brasília: Enap: Ipea, 2017. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/8785. Acesso em: 20 set. 2020. MAZZUCATO, Mariana. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica. 3. ed. São Paulo: Finep, 2005. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. O sistema de inovação do serviço público do Brasil: conclusões preliminares da OCDE. Paris: OECD Publishing, 2018. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3628.Acesso em: 20 set. 2020. SKILLICORN, Nick. O que é inovação? 15 especialistas compartilham sua definição de inovação, [S. l.], mar. 2016. Disponível em: https://www.ideatovalue.com/inno/nickskillicorn/2016/03/ innovation-15-experts-share-innovation-definition/#ultimatedefinition. Acesso em: 30 jun. 2020. URNA eletrônica no Brasil completa 22 anos com muito mais segurança. Jornal Nacional, [S. l.], 27 set. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/09/27/urna- eletronica-no-brasil-completa-22-anos-com-muito-mais-seguranca.ghtml. Acesso em: 3 abr. 2021. https://www.ideatovalue.com/inno/nickskillicorn/2016/03/innovation-15-experts-share-innovation-definition/#ultimatedefinition https://www.ideatovalue.com/inno/nickskillicorn/2016/03/innovation-15-experts-share-innovation-definition/#ultimatedefinition https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/09/27/urna-eletronica-no-brasil-completa-22-anos-com-muito-mais-seguranca.ghtml https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/09/27/urna-eletronica-no-brasil-completa-22-anos-com-muito-mais-seguranca.ghtml