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Criminologia: Movimentos Ideológicos de Direito Penal

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Aula 08
Criminologia p/ Carreira Jurídica 2021
(Curso Regular)-Profs. Paulo Bilynskyj e
Beatriz Pestilli
Autores:
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo
Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
Aula 08
29 de Março de 2021
35881692373 - Batista Lima Souza
 
Sumário 
1. Introdução ao Estudo do Pensamento Penal Ideológico ............................................................................... 3 
2 – Movimentos atuais de políticas criminais ou Movimentos ideológicos de direito Penal ........................... 5 
2.1 – (DES) Legitimação do sistema penal: O Abolicionismo ......................................................................... 5 
2.2.1 – Abolicionismo de Louk Hulsman ......................................................................................................................... 11 
2.2.2 – Abolicionismo de Thomas Mathiesen ................................................................................................................. 13 
2.2.3 – Abolicionismo de Nils Christie ............................................................................................................................ 14 
2.2.4 – Michael Foucault ................................................................................................................................................ 15 
2.2 – Minimalismo ........................................................................................................................................ 19 
2.2.1 – Princípios do Minimalismo Penal ........................................................................................................................ 20 
2.2.1.1 – Princípio da Legalidade .................................................................................................................................... 21 
2.2.1.2 – Princípio da Intervenção Mínima ..................................................................................................................... 23 
2.2.1.2.1 – Fragmentariedade ........................................................................................................................................ 24 
2.2.1.2.2 – Princípio da Subsidiariedade ........................................................................................................................ 24 
2.2.1.3 – Princípio da Adequação Social ......................................................................................................................... 25 
2.2.1.4 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ..................................................................................................... 25 
2.2.1.5 – Princípio da Lesividade – Nullum crimen sine iniuria ....................................................................................... 25 
2.2.1.6 – Princípio da Insignificância .............................................................................................................................. 26 
2.2.1.7 – Princípio da Culpabilidade ............................................................................................................................... 27 
2.2.2 – Conclusões sobre o minimalismo ....................................................................................................................... 27 
2.3 – Correcionalismo ................................................................................................................................... 29 
2.3.1 – Correcionalismo e Determinismo Social ............................................................................................................. 30 
2.4 – Garantismo .......................................................................................................................................... 31 
2.5 – A Nova Defesa Social ........................................................................................................................... 32 
2.5.1 – Adolphe Prins ...................................................................................................................................................... 32 
2.5.2 – Filippo Gramático................................................................................................................................................ 33 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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2.5.3 – Marc Ancel .......................................................................................................................................................... 34 
2.5.4 – Conclusões sobre o movimento da Nova Defesa Social ..................................................................................... 34 
2.6 – Movimento Lei e Ordem ...................................................................................................................... 35 
3 – Temas Especiais .......................................................................................................................................... 36 
3.1 – Tendências Securitária, Justicialista E Belicista ................................................................................... 37 
3.1.1 – Movimento Lei e Ordem sob a perspectiva securitária ...................................................................................... 38 
3.1.2 – Tolerância Zero ................................................................................................................................................... 38 
3.1.3 – Estado de Polícia ................................................................................................................................................. 39 
3.2 – Direito Penal do Inimigo ...................................................................................................................... 39 
Resumo ............................................................................................................................................................. 41 
Destaque a Legislação e Jurisprudência ........................................................................................................... 48 
Legislação ..................................................................................................................................................... 48 
Jurisprudência .............................................................................................................................................. 55 
Considerações finais ......................................................................................................................................... 56 
Questões comentadas...................................................................................................................................... 56 
Lista de questões .............................................................................................................................................. 76 
Gabarito ....................................................................................................................................................... 87 
 
 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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MOVIMENTOS IDEOLÓGICOS DO DIREITO PENAL 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO PENSAMENTO PENAL IDEOLÓGICO 
Doutores, 
Há quem diga que “para saber o grau de violência institucional de uma sociedade, não é preciso muito, 
basta olhar o modelo de política criminal implementado”. 
Isso porque, o modelo de política criminal adotado e o conjunto dos procedimentos pelos quais o corpo 
social organiza as respostas ao fenômeno criminal1. 
Por isso, em nossoestudo, é fundamental que saibamos diferenciar: 
 I) O modelo de política criminal dos II) Movimentos políticos-criminais. 
Se de um lado, o primeiro é determinado pelas correntes ideológicas e traçados que orientam a política 
Criminal, de outro lado, o segundo, trabalha as grandes influências ideológicas que vão de comandar a 
política criminal. 
É exatamente o que diz Delmas-Marty: 
As grandes influências ideológicas que comandam as escolhas de política criminal situam-se em três eixos 
principais: liberdade, igualdade e autoridade2. 
Nesse sentido, a partir deste raciocínio de Delmas, pode-se dizer que essas grandes influências ideológicas 
que determinam as escolhas de política criminal, dividem-se em três vieses, quais sejam: 
1. Liberdade; 
2. Igualdade; 
3. Autoridade. 
 
 
1 MIRELLE, Delmas-Marty. Os grandes sistemas de política criminal; trad. Denise Radanovic Vieira. 
Baueri, SP: Manoele, 2004, p. 3 (destaque original) 
2 Ibidem, p. 95-321. 
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Evidentemente, a liberdade é proclamada por uma corrente liberal. Esta corrente possui origem num 
movimento ilustrado que se apoia, evidentemente e fundamentalmente, na primazia da liberdade do ser 
humano. 
Por outro lado, a igualdade é defendida por aqueles de corrente igualitária. É que a corrente igualitária se 
alicerça num fundamento crítico, voltado diretamente ao liberalismo e à desigualdade que produz na 
realidade. 
Para isso, se subdivide em duas vertentes, quais sejam: 
✓ Movimento libertatório ou anarquista: o movimento é conhecido por pregar uma liberdade 
ilimitada e igualdade total; 
✓ É um movimento com tendência autoritária. 
 
Guerreiro, importante destacar que os movimentos político-criminais NÃO representam uma concepção 
de ideias, ao contrário, esses movimentos representam muitos mais. 
 
Por isso, diz-se que os Movimentos político-criminais representam a concretização ou mesmo a 
positivação daquela ideologia. Noutras palavras, significa dizer que é um modelo de orientação, 
seja punitivista ou não intervencionista, seguido pelas agências formais de controle social. 
Seja como for, predomina hoje a tendência de tolerância no sistema penal. Eu sei e você também sabe. 
Ocorre que essa tendência, como já disse o Professor Eduardo Viana em seu Manual (Criminologia, 2018, p. 
374), prende-se ao fato de que as pessoas são levadas a crer que a prisão conduz à emenda do criminoso. 
Despreza-se, portanto, o fato de que a verdadeira irracionalidade da prisão é um dos segredos melhor 
guardados em nossa sociedade3. Se esse segredo fosse revelado, destruiria as raízes do sistema atual e 
implicaria no começo de sua ruína (Mathiesen, 1997, p.277). Segundo a reação social, responsável pela 
 
 
3 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Salvador: Editora 
JusPodivm,2018. Pg. 374. 
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consolidação definitiva da carreira criminosa, propiciando a formação de um padrão comportamental 
subcultural, esta é a verdade. 
Seja como for, entendemos que faz sentido de certa maneira, se olharmos sobre o binômio: legitimidade – 
necessidade do sistema penal que hoje gravita o abolicionismo – neste caso, considerando-o como 
vertente da Criminologia crítica - e o movimento de política criminal Lei e Ordem. 
É que, de um lado, tem-se a defesa de que o mal causado pelo sistema penal é muito mais grave do que o 
fato que gera sua intervenção, pregada pelo abolicionismo. Vale lembrar inclusive que, em sua vertente 
mais radical, há proposta até de abolição. 
Em sentido contrário, ideias de intervenção máxima no sistema penal representam o movimento lei e 
ordem. 
Mas acalmem-se, falaremos sobre tudo isso com detalhes, afinal, esse é o tema da nossa aula de hoje. 
 
2 – MOVIMENTOS ATUAIS DE POLÍTICAS CRIMINAIS OU MOVIMENTOS 
IDEOLÓGICOS DE DIREITO PENAL 
Ao falar em movimentos ideológicos de Direito Penal, ou ainda, como diz a doutrina, nos movimentos 
atuais de políticas criminais, 04 (quatro) movimentos ganham destaques, a saber: 
 
1. O abolicionismo; 
2. O minimalismo; 
3. O correcionalismo; e 
4. O garantismo. 
Passaremos agora ao estudo de cada um deles. 
2.1 – (DES) LEGITIMAÇÃO DO SISTEMA PENAL: O ABOLICIONISMO 
O abolicionismo remonta à década de 90, com a criação da Associação Sueca Nacional para a Reforma 
Penal, o krum, na Escandinávia. 
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A vertente mais pacífica parte da premissa de que o mal causado pelo sistema penal à sociedade é muito 
mais grave que o proporcionado pelo fato que gera sua intervenção4. 
Noutro giro, a vertente mais radical vai nos dizer muito sobre o niilismo penal, isso significa 
discursos de descrença absoluta ou redução ao nada. 
Note que o nome do movimento nos remete de forma intuitiva ao seu próprio conceito ou à filosofia que 
se prega. Com isso, é dizer que, para este movimento, qualquer que seja o instrumento de repressão ao 
crime, seja ele o Direito Penal, o processo penal ou mesmo as legislações extravagantes, é considerado 
nocivo à sociedade e, por isso, deve ser completamente extinto. 
Vale dizer que o discurso tem suas bases assentadas na teoria do etiquetamento ou Labeling Approach em 
que os comportamentos desviantes seriam produzidos pela própria sociedade. 
E caso você não se lembre, aqui vai um parêntese sobre a Teoria Labelling Approach. 
ESCOLA/CRIMINOLOGIA INTERACIONISTA OU LABELLING APPROACH5 
Considerada a escola criminológica mais rica em teorias, a Criminologia Interacionista pugna 
por estudar o aspecto social do criminoso e do delinquente. Para ela, a sociedade tem grande 
parcela de contribuição na formatação do criminoso, não sendo o livre-arbítrio sozinho uma 
vertente capaz de causar o surgimento do crime e do criminoso. A teoria do labelling approach 
(interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou reação social) é uma das mais 
importantes teorias de conflito. Surgida nos anos 1960, nos Estados Unidos, seus principais 
expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker. Por meio dessa forma de pensar, a 
criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo 
de estigmatização. Assim, o criminoso apenas se diferencia do homem comum em razão do 
estigma que sofre e do rótulo que recebe. Nessa linha de pensar, o tema central é o processo 
de interação em que o indivíduo é chamado de criminoso. A sociedade define, por meio dos 
controles sociais informais, o que se entende por comportamento desviado, isto é, todo 
comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se 
 
 
4 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 236. 
5 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva. 
2018. p. 40. 
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comportarem dessa forma. Condutas desviantes são aquelas que as pessoas de uma sociedade 
rotulam às outras que as praticam. A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de 
estigmatização para oscondenados, funcionando a pena como algo que acentua as 
desigualdades. Nessa interação estigmatizante, o sujeito acaba sofrendo reação da família, de 
amigos, conhecidos e colegas, acarretando a marginalização nos diferentes meios sociais. De 
forma a ilustrar o pensamento desse importante marco teórico da Criminologia, pode ser 
apontado o determinismo como um fenômeno social que cria o criminoso tendo em vista o 
local em que ele vive e relaciona-se com outras pessoas. Veja-se o exemplo de um menino que 
mora numa comunidade carente. Ora, essa pessoa é vítima constante do Estado, uma vez que 
não possui os direitos básicos como cidadão, apesar de a Constituição Federal pugnar em seu 
art. 6º que 
 
 “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição”. 
 
Esse mesmo menino tem sua matrícula indeferida na escola local por ausência de vagas; ele 
também perde a sua mãe em virtude de uma infecção generalizada adquirida na unidade de 
pronto-atendimento da comunidade carente, uma vez que os órgãos sanitários não fizeram a 
devida fiscalização; por fim, seu pai é baleado por um policial quando voltava do trabalho, pois 
fora confundido com um traficante local. O Estado em vez de dar educação, saúde e segurança 
pública, ao contrário, retirou os seus entes queridos de sua convivência. Tal fragilização permite 
que ele fique vulnerável aos traficantes locais, que o assediam para trabalhar para eles de 
“aviãozinho” no tráfico, fazendo com que se torne um criminoso. Ora, o meio social é que o 
transformou num criminoso que veio a praticar crimes, sendo o Estado o grande incentivador 
com sua ausência constante nos grotões de pobreza. 
 
Fechado nosso parêntese. 
Note que por todos esses motivos e com as bases alicerçadas nesta teoria é que o abolicionismo 
representa pelo fim das prisões e do próprio Direito Penal, por exemplo. Por considerá-los instrumentos de 
manejo por grupos sociais dominantes para definição das condutas criminosas, seu fim é medida que se 
impõe. 
Mas atenção! 
 O discurso de redução ao nada não é só para o Direito Penal, mas também ao processo penal 
e às legislações extravagantes e todos os demais instrumentos que representam ou que corroborem para 
manejo, do ponto de vista abolicionista, devem ser abolidos. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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Até lá? 
Bem, até lá, na visão abolicionista, o crime é justificado por uma realidade construída de forma arbitrária 
ou por conveniência. O termo crime é substituído pela expressão situação-problema, seria uma forma de 
prestigiar os meios alternativos de solução de conflitos como a conciliação, a compensação, a arbitragem, 
medidas terapêuticas, dentre outras. 
Merece destaque a segunda crítica mirada no Direito Penal, neste caso, o elevado índice da cifra negra. 
A cifra negra, também chamada de zona obscura, dark number ou ciffre noir, representa apenas uma 
pequena parcela dos crimes. 
Christiano Gonzaga nos explica6: 
Proposta por Edwin Sutherland, nas chamadas cifras negras ou ocultas estão os crimes de 
colarinho-branco que não são descobertos e ficam fora das estatísticas sociais. Como os seus 
autores gozam do chamado “cinturão da impunidade”, os seus delitos ficam encobertos, 
ocorrendo o que se chama de cifra oculta ou negra da criminalidade. Cumpre ressaltar que tais 
delitos são infinitamente superiores aos delitos que são descobertos e que entram nas 
estatísticas sociais, uma vez que os crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e contra a 
administração pública que realmente ocorrem e não são punidos constituem a grande maioria. 
Já as chamadas cifras douradas ou de ouro correlacionam-se aos crimes de colarinho-branco 
que são oficialmente conhecidos e punidos, o que, claramente, constituem uma minoria ínfima 
perto dos que acontecem e não são descobertos. Os crimes de colarinho-branco conhecidos 
oficialmente e punidos são bem menores e são chamados de cifras de ouro. Essa é a ideia de 
cifras negras e douradas em Sutherland. 
Todavia, numa versão brasileira, muitos professores e doutrinadores trouxeram o conceito de 
cifras negras e douradas para o Brasil com a simples máxima entre os crimes conhecidos e 
punidos e os não conhecidos e não punidos, sem reservar o estudo apenas para os crimes de 
colarinho-branco, como foi a ideia originária de Edwin Sutherland. Para aclarar o que se 
entende pela expressão cifras ocultas da criminalidade no Brasil, é citado o escólio de Salo de 
Carvalho, bem elucidativo por sinal, in verbis: “A cifra oculta da criminalidade corresponderia, 
pois, à lacuna existente entre a totalidade dos eventos criminalizados ocorridos em 
determinados tempo e local (criminalidade real) e as condutas que efetivamente são tratadas 
como delito pelos aparelhos de persecução criminal (criminalidade registrada). E os fatores 
explicativos da taxa de ineficiência do sistema penal são inúmeros e dos mais distintos, 
incluindo desde sua incapacidade operativa até o desinteresse das pessoas em comunicar os 
 
 
6 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva. 
2018. p. 48. 
Beatriz V. P. Pestilli, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj
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crimes dos quais foram vítimas ou testemunhas. Como variável obtém-se o diagnóstico da baixa 
capacidade de o sistema penal oferecer resposta adequada aos conflitos que pretende 
solucionar, visto que sua atuação é subsidiária, localizada e, não esporadicamente, filtrada de 
forma arbitrária e seletiva pelas agências policiais (repressivas, preventivas ou 
investigativas).”46 No Brasil, portanto, a ideia que persiste é a de que os crimes conhecidos e 
punidos (cifras de ouro) são os crimes cometidos por pessoas de baixa renda, ou chamados de 
blue-collar, enquanto os crimes não conhecidos, e por isso não punidos, possuem o conceito de 
cifras ocultas e são cometidos pelas pessoas de alta renda (white-collar). Da mesma forma que, 
na versão originária de Sutherland, as chamadas cifras negras são bem maiores que as cifras 
douradas, pois os crimes que de fato acontecem e não são descobertos são infinitamente 
superiores, tais cifras no Brasil referem-se aos crimes de colarinho-branco e também aos de 
colarinho-azul. Foi nessa toada que surgiu o antagonismo entre criminosos de colarinho-branco 
e colarinho-azul, quando se quer referir aos tipos de infrações penais cometidos por pessoas de 
diferentes classes sociais, sendo muito comum em provas de concursos públicos a utilização de 
tais expressões, devendo apenas ser atentado para o que foi o pensamento original em 
Sutherland e o que é o pensamento atual, sendo ambas as formas corretas, devendo apenas 
ser identificado qual momento histórico está sendo questionado. 
O tema em provas 
(Investigador de Polícia – 2009) considera-se cifra negra a criminalidade: 
a. Registrada, mas não investigada pela polícia. 
b. Registrada, investigada pela Polícia, mas não elucidada. 
c. Não registrada pela Polícia, elucidada, mas não punida pelo Judiciária. 
d. Não registrada pela Polícia, desconhecida, não elucidada, nem punida. 
e. Não registrada pela Polícia, porém conhecida e denunciada diretamente pelo Ministério 
Público. 
Gabarito: D 
 
Destaca-se que há seletividade no sistema penal. Este apenas atuará em determinados casos, de acordo 
com a classe social a que pertence o ator do fato, operando uma espécie de eleição de ocorrênciae de 
infratores. (Natacha Alves, 2018. p. 236) 
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Finalmente, é a partir dessa deslegitimação do sistema penal, que o movimento abolicionista vai sustentar 
a necessidade de abandono da programação “criminalizante seletiva” e também do controle repressivo na 
forma em que é realizado, a fim de que se implementem sistemas alternativos. A ideia é que essa 
alternatividade seja capaz de buscar ou oferecer uma solução informal e composição de conflitos7, 
mediante uma intervenção das partes envolvidas. 
De forma resumida, podemos dizer que os principais argumentos do movimento abolicionista (e por isso 
os mais explorados em provas) para extinção do sistema penal são: 
 
➔ Um sistema penal anômico. Se o sistema penal não cumpre as normas penais sua 
função preventiva se manifesta; 
➔ Sistema Penal é seletivo e estigmatizante; 
➔ Sistema penal marginaliza a vítima e, como consequência, coloca-a numa posição 
secundária no processo; 
➔ A prisão é irracional. Ora, a prisão não cumpre as finalidades a que se propõe, portanto, 
só pode ser considerada irracional; 
➔ Sistema penal produz dor inútil, de maneira que se as normas penais não são capazes 
de cumprir sua função e a execução penal não recupera o desviante, as penas são 
perdidas. 
Isto posto, a doutrina destaca os representantes deste movimento. Vale esclarecer que o 
tema é divergente!!! 
Se de um lado Zaffaroni nos aponta 04 (quatro vertentes) do pensamento abolicionista, representadas, 
portanto, por: Louk Hulsman, Thomas Mathiesen, Nils Christie e Michael Foucault. 
 
 
7 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 236. 
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De outro, Führer e também José César Naves de Lima Júnior, asseveram que o abolicionismo apresente 03 
(três) vertentes representadas pelos seus maiores expoentes8, a saber: Louk Hulsman, Thomas Mathiesen 
e Nils Christie. 
É o que veremos a partir de agora. 
 
Zaffaroni Führer e José Cesar Naves 
Apresenta 04 (quatro vertentes) do pensamento 
abolicionista 
Apresentam 03 (três vertentes) do pensamento 
abolicionista. 
Louk Hulsman, Thomas Mathiesen , Nils Christie e 
Michael Foucault. 
Louk Hulsman, Thomas Mathiesen e Nils Christie. 
Perceba que a divergência está localizada na figura de Michael Focault e cuidado para não errar isso em 
prova. 
 
2.2.1 – Abolicionismo de Louk Hulsman 
Louk era catedrático de Rotterdam, autor de Penas Perdidas – O Sistema penal em questão (1982) ficou 
conhecido por tratar o abolicionismo sob uma perspectiva fenomenológica, estabelecendo suas críticas a 
partir da realidade do sistema (Natacha Alves, 2018. p. 236). 
No abolicionismo pregado por Louk, a palavra de ordem é abolir por completo o sistema penal uma vez 
que cabe aos envolvidos resolver seus próprios problemas. José César Naves nos ensina, in verbis: 
No abolicionismo de Louk Hulsman, o correto seria abolir completamente o sistema penal, de forma que o 
Estado não atuaria mais na solução de situações-problema. Caberia às pessoas envolvidas resolver os próprios 
conflitos, pois as leis sociais já seriam suficientes aos homens. Para ele a justiça penal é incontrolável e 
causadora de sofrimentos desnecessários, além de discriminatória e lesiva aos direitos dos envolvidos em 
conflitos. 
Note que Louk parte de uma negativa acerca da existência de uma realidade ontológica do crime, 
propondo uma nova abordagem da infração, a forma desvinculada. Significa dizer que a situação-problema 
(crime) deve ser desvinculado do Direito Penal. 
 
 
8 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 157. 
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É que o Direito Penal, na ótica de Louk, é por si só um problema. Isso porque é materialmente desigual, 
causador de sofrimento e expropriador de direitos dos envolvidos, sobretudo das vítimas. É por isso que 
seus discursos são contemplados pela completa abolição. 
Essa linha de pensamento destaca o caráter lesivo e discriminatório da Justiça Criminal. Verbera que as 
cifras negras da criminalidade, acabam sendo solucionados na informalidade e longe da justiça, concluindo 
que a concentração das espécies de resposta no Estado e a violência do sistema penal afastam os meios 
alternativos de solução de conflitos, como a compensação, arbitragem e terapia. 
Por esse pensar, é sustentada inclusive a necessidade de mudança da própria terminologia penal, de forma 
que os crimes sejam tratados como situações problemáticas, e isto porque, ao se atribuir a um fato a 
qualidade de crime, estaria sendo excluída previamente todas as outras maneiras ou possibilidades de 
pacificação social do conflito, que se vê reduzida a uma só alternativa emanada da estrutura burocrática do 
Estado. A transformação conceitual propiciaria também a substituição da lógica punitivista de modo a 
descriminalizar determinadas condutas e promover a descarcerização de outras, além de possibilitar no 
processo penal meios mais flexíveis de solução de conflitos, à semelhança do que ocorre nas esferas cíveis 
e administrativas. (José César Naves de Lima Júnior, 2018. p. 190). 
Importante, portanto, é destacar que nessa vertente o abolicionismo vai apresentar duas vertentes, quais 
sejam: o abolicionismo institucional e abolicionismo acadêmico. 
Em resumo, Lima Júnior (2017. p. 181) apresenta as duas posturas da seguinte forma: 
A. ABOLICIONISMO INSTITUCIONAL: É o movimento social que abrange mudanças pessoais na 
percepção, atitude e comportamento daqueles que se empenham nas transformações do 
sistema penal, visando à extinção da Justiça Criminal, reconhecida como um instrumento 
ilegítimo de controle social da situação-problema, por oferecer uma resposta inefetiva, 
dissociada da realidade dos fatos. 
Por outro lado, o Abolicionismo acadêmico é acolchoado da seguinte forma: 
B. ABOLICIONISMO ACADÊMICO: refere-se à abordagem acadêmica do fenômeno criminal e da 
Justiça Penal em uma perspectiva crítica, que, em contraposição ao discurso jurídico 
dominante, questione sua falta de independência em relação às práticas sociais existentes, bem 
como a ideia de uma justiça criminal natural e necessária. Nesse sentido, propõe a mudança da 
linguagem e da forma de percepção da Justiça Criminal, com a substituição de expressões, 
como comportamento por situação, natureza ilegal por problemática, etc. Com isso, pretende-
se assegurar a adoção das formas alternativas de resolução de conflitos e tratar a situação 
problemática como um fato trágico acidental, rechaçando a visão maniqueísta segregadora e 
estigmatizadora que categoriza os envolvidos no conflito como autores e vítimas. 
De forma resumida, pode se dizer que para a pacificação do conflito, além da abolição gradual do sistema 
penal com a ampla descriminalização e descarceirização, proposta inicialmente, visa também à 
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substituição do sistema de justiça criminal por um mecanismo informale flexível, bem parecido aos da 
justiça administrativa ou cível, por exemplo. 
 
 
2.2.2 – Abolicionismo de Thomas Mathiesen 
Thomas foi professor de sociológica do direito em Oslo, faculdade local, também autor da obra The Politics 
Of Abolition (1974), apresentando uma perspectiva marxista do abolicionismo. 
Mathiesen vincula a existência do sistema penal à estrutura produtiva capitalista, de modo a enxergá-lo 
como mais um instrumento de dominação de classe e, por isso, deveria ser extinto. Ocorre que essa 
extinção, a seu ver, deveria ser feita de forma que se abolisse ou reduzisse em quantidade e tamanho as 
instituições penitenciárias, chegando a negar a possibilidade de penas alternativas. 
José César Naves9 explica: 
A proposta de Thomas concentrava-se na criação de estruturas para uma revolução nas instituições punitivas 
que não procurasse propriamente reformar o sistema de penas, mas de mantê-lo aberto a outras medidas, 
como o melhoramento das condições de vida, ampliação do regime de visitas, aumento do período das saídas 
temporárias, etc. 
Importante esclarecer que a ideia de prisão é admitida. 
No entanto, merece atenção o fato de que o plano de fundo é a crença de que as políticas sociais e 
descriminalização de drogas irão gradualmente demonstrar a (des)necessidade do sistema penal. 
Sugerindo, portanto, a compensação R$$$$$ (financeira) pelo Estado como forma de proteger a vítima. 
Consequentemente, ao invés de um recrudescimento penal como forma de enfretamento de certas 
infrações, a solução idealizada estaria no aumento de apoio às vítimas que, como visto, iria variar conforme 
a gravidade do delito10. 
 
 
9 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 192. 
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Merece destaque que foi a partir da política abolicionista de Thomas Mathiesen que ocorreu a 
criação da Organização Norueguesa Anti-carcerária, a KRON. Os recursos eram completamente voltados à 
abolição do cárcere, negando, inclusive, a possibilidade de penas alternativas. 
Finalmente, podemos resumir o pensamento de Thomas na criação de espaço público alternativo na 
política criminal contendo três premissas, de acordo com José Naves (2018. p. 193), a saber: 
➢ Libertar o corpo social dos meios de comunicação de massa; 
➢ Reestabelecimento dos movimentos sociais e; 
➢ Restauração do compromisso de pesquisa das intelectualidades em prol dos interesses do homem 
comum. 
 
2.2.3 – Abolicionismo de Nils Christie 
Quanto à Nils Christie, sociólogo e criminologista norueguês, professor de Criminologia da faculdade de 
Direito da Universidade de Oslo pregava uma perspectiva fenomenológica-historicista.11 
Isso significa que seus discursos eram assentados na crítica ao sistema penal, mas pelo viés de dor e 
sofrimento. Explico. 
É que, para Nils, o sistema penal opera mediante a produção de sofrimento e dor, assentando, portanto, 
falsas premissas dissociadas na realidade do homem, da sociedade e das formas de controle social da 
criminalidade, bem como por estabelecer uma classificação dicotômica entre culpado e inocente destrutiva 
dos vínculos sociais horizontais. (Natacha Alves, 2018. p. 240) 
A partir disso, a solução proposta por Nils Christie como solução para o delito ou situação-problema é a 
criação e implementação de comitês responsáveis por encontrar soluções alternativas, como por 
exemplo, a compensação da vítima, a mediação, mas sem falar em imposição de pena. Para Nils, a 
imposição de pena não era uma opção. Nas entrelinhas, é possível perceber a defesa de uma justiça 
 
 
10 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 192. 
11 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 239. 
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participativa e comunitária com proximidades entre relações privadas e afastamento de modelos 
minimamente punitivos. 
José César Naves (2018. p.193) vai dizer que esse modelo proposto por Nils Christie se distancia das penas 
privativas de liberdades, bem como das restritivas, para se aproximar da indenização dos danos, da 
informalidade e da participação da vítima na solução do caso. 
Outro ponto que merece destaque é o antagonismo doutrinário justificacionista do direito de punir 
conferido ao Estado. 
É que, se de um lado esse antagonismo busca justificar a pena imposta a quem praticou o delito, a 
epistemologia estudada até aqui defende o fim do Direito Penal em virtude da carência de legitimidade, 
entendendo que a substituição dele por medidas pedagógicas e por meios de controle social informal 
teriam mais efetividade com menos custos para a pessoa humana. 
 
2.2.4 – Michael Foucault 
Foucault é um de quatro apontados por Zaffaroni como principais representantes do 
movimento penal abolicionista que justifica seu apontamento dizendo que embora Foucault “não possa ser 
considerado um abolicionista no sentido dos demais autores” foi inequivocamente um abolicionista por ter 
produzido, em uma perspectiva estruturalista, subsídio teórico a este saber contracultura. 
Em sua obra VIGIAR E PUNIR (1975), Foucault problematizou o saber difundido pelo discurso científico da 
Criminologia tradicional, responsável pela legitimação do poder punitivo ocidental por meio do falso 
discurso humanista ressocializador, bem como rompeu com a noção de sistema punitivo, ao demonstrar 
as estruturas capilares de poder - invisibilidade do poder -, sobretudo às relativas ao sistema carcerário 
(Carvalho, 2017. p. 246). 
Assim, ao analisar a forma com que se aplicavam as sanções criminais, Foucault ofereceu vasto material 
crítico para que outros pensadores pudessem desenvolver uma política alternativa a essa espécie de 
restrição da liberdade, uma vez que os presídios eram vistos apenas como estruturas voltadas para 
encarcerar e sem nenhum viés ressocializador. A forma precisa e cruel com que Foucault expôs as 
entranhas do sistema carcerário fez com que houvesse uma revisitação das ideias punitivas e novas 
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concepções foram pensadas, dando ensejo até mesmo para ideias mais liberais, que podem ser chamadas 
de abolicionistas12. 
Nessa senda, Foucault afirma: 
 
A prisão fracassa na tarefa de reduzir a prática de crimes e, contrariamente, apresenta-se como 
meio hábil à produção da delinquência, que seria uma forma política ou economicamente 
menos perigosa de ilegalidade. Assim, produz-se o delinquente como sujeito patologizado, 
aparentemente marginalizado, mas centralmente controlado. Desta feita, a prisão objetiva a 
delinquência por trás da infração, consolidando a delinquência no movimento das ilegalidades. 
Além disso, frente à alusão direta de teses que vão ao encontro do abolicionismo, destacou-se a 
expropriação dos conflitos pelo poder quando da formação dos Estados nacionais, negando o modelo de 
uma instância superior decisória que se sobreponha ao litigante. 
 
O tema em provas 
(FCC / DPE SP Defensor Público – 2015) “O atestado de que a prisão fracassa em reduzir os 
crimes deve talvez ser substituído pela hipótese de que a prisão conseguiu muitobem 
produzir a delinquência, tipo especificado, forma política ou economicamente menos 
perigosa − talvez até utilizável − de ilegalidade; produzir delinquentes, meio aparentemente 
marginalizado mas centralmente controlado; produzir o delinquente como sujeito 
patologizado”. 
 
 
12 GONZAGA, Christiano. Manual de Criminologia. 1ª. Edição. 2018. São Paulo: Editora Saraiva. 
2018. p. 39. 
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O trecho acima, extraído de “Vigiar e punir”, sintetiza uma importante conclusão de Michel 
Foucault decorrente de suas análises sobre a prisão como uma instituição disciplinar 
moderna. Para o autor, a prisão permite 
a. Reduzir a delinquência através do controle e controlar a delinquência por meio da 
repressão. 
b. Combater a delinquência por meio da punição e erradicar a delinquência do meio social. 
c. Controlar a delinquência por meio da repressão e diferenciar a delinquência da 
periculosidade. 
d. Objetivar a delinquência por trás da infração e consolidar a delinquência no movimento das 
ilegalidades. 
e. Classificar a delinquência em suas categorias e erradicar a delinquência do meio social. 
Gabarito: D 
 
O tema em provas 
(FCC/ DPE SP Defensor Público – 2013) “Levado pela onipresença dos dispositivos de 
disciplina, apoiando-se em todas as aparelhagens carcerárias, este poder se tornou uma das 
funções mais importantes de nossa sociedade. Nela há juízes da normalidade em toda parte. 
Estamos na sociedade do professor-juiz, do médico-juiz, do educador-juiz, do ‘assistente 
social’-juiz; todos fazem reinar a universalidade do normativo; e cada um no ponto em que se 
encontra, aí submete o corpo, os gestos, os comportamentos, as condutas, as aptidões, os 
desempenhos”. 
No trecho acima, extraído da obra Vigiar e punir, Michel Foucault refere-se ao tipo de poder 
cujo grande apoio, na sociedade moderna, foi a rede carcerária, em suas formas concentradas 
ou disseminadas, com seus sistemas de inserção, distribuição, vigilância, observação. Este 
poder é denominado pelo filósofo de poder: 
a. Totalitário 
b. Total 
c. Judiciário 
d. massificador 
e. normalizador 
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Gabarito: E 
 
QUADRO SINÓPTICO DO ABOLICIONISMO 
Guerreiros, 
Em síntese, são as palavras chaves que precisam ser lembradas por vocês no dia da prova: 
 
 
Figura 1: Quadro sinóptico - Representantes do movimento abolicionista 
 
 
• Perspetiva 
Fenomenológica-
historicista
• Perspectiva 
Estruturalista
• Perspectiva 
Marxista
• Perspectiva 
fenomenológica
Louk 
Hulsman
Thomas 
Mathiesen
Nils 
Christie
Michel 
Foucault
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2.2 – MINIMALISMO 
Se de um lado o abolicionismo prega a (des)legitimização do sistema penal, propondo, como o próprio 
nome sugere uma intervenção mínima do Direito Penal, de outro lado, o movimento minimalista, o Direito 
Penal deve procurar intervir somente em situações excepcionais e relevantes para a sociedade13, aqui, fala-
se então última ratio legis do Direito Penal. 
Noutras palavras significa que o Direito Penal pode atuar, mas tão somente naqueles casos em que 
inexistam outros meios ou recursos para a manutenção da ordem jurídica do Estado. Caso contrário, na 
visão minimalista, tornar-se-ia um instrumento de graves injustiças, punindo quem deveria proteger, além 
de contribuir, de certa forma, para impunidade ao abarrotar o judiciário com processos de somenos 
importância mediante uma prevenção e retribucionismo flagrantemente exagerados14. 
Atualmente, considera-se esse movimento uma forma atenuada de abolicionismo. 
Zaffaroni chega a justificar que o movimento só existe como uma etapa ou fase intermediária entre o 
Direito Penal máximo – movimento lei e ordem – e o abolicionismo, ou seja, uma espécie de transição 
entre dois extremos. 
O tema em provas 
(MPE/ MPE SC Promotor de justiça) O minimalismo, enquanto movimento crítico ao sistema 
de justiça penal, foi concebido com a proposta de supressão integral do sistema por outras 
instâncias de controle social. Em sentido oposto, revelou-se o movimento “Lei e Ordem”, que 
reconhecia no direito penal máximo o instrumento primordial à resolução dos problemas que 
afligem a sociedade. 
a. Certo 
b. Errado 
 
Gabarito: Errado 
 
 
13 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 195. 
14 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 196. 
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Vale frisar, foi um movimento que cresceu, fortalecendo-se após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a 
consolidação do Estado Democrático de Direito, do liberalismo e da filosofia humana. 
 
2.2.1 – Princípios do Minimalismo Penal 
O minimalismo consiste num movimento que procura atribuir ao Direito Penal apenas 
a tutela de bens jurídicos relevantes, quer dizer, indispensáveis ao convívio harmonioso e em sociedade 
(José César Naves, 2018. p. 196). Isso significa que a base desse movimento é alicerçada em princípios, cujo 
destaque basilar é claramente o princípio da intervenção mínima, do qual são corolários vários outros 
princípios, como o da fragmentariedade e ofensividade, por exemplo. 
E aqui, vale um parêntese. 
O doutrinador Lima Júnior15 nos diz que: 
Um princípio de direito representa o mandamento nuclear de um sistema, portanto, sua ofensa é muito mais 
grave do que a perpetrada isoladamente contra um determinado dispositivo legal, pois a lesão atinge o 
ordenamento jurídico como um todo, e não apenas uma parte. 
Partindo-se dessa lógica, é imprescindível a análise de alguns dos princípios que representam a base do 
Direito Penal mínimo visando sua adequada compreensão. 
Veja nosso quadro sinóptico. 
 
 
 
 
15 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 196. 
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2.2.1.1 – Princípio da Legalidade 
Também conhecido como princípio da reserva legal, está previsto no art. 5ª da Constituição Federal, e 
ainda no art. 1º do Código Penal, in verbis: 
 Art. 5º, CR/88: (...) 
(...) 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
Em reforço: 
 Anterioridade da Lei 
 Art. 1º - CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
Cleber Masson (2017, p. 24) vai nos dizer que este princípio preceitua, basicamente, a exclusividade da lei 
para a criação de delitos e contravenções penais, possuindo indiscutível dimensão democrática, pois revela 
a aceitação pelo povo, representado pelo Congresso Nacional, pela opção legislativa no âmbito criminal. De 
fato, não há crime sem lei que o defina,nem pena sem cominação legal: nullum crime nulla poena sine 
lege. 
Isso significa que o princípio da reserva legal possui dois fundamentos básicos, sendo um de natureza 
jurídica e outro de natureza política. O primeiro é a taxatividade, certeza ou determinação, pois implica, 
por parte do legislador, a determinação precisa, ainda que mínima do conteúdo do tipo penal e da pena a 
P
ri
n
cí
p
io
s 
d
o
 
m
in
im
al
is
m
o
Legalidade 
Intervenção 
Mínima
Subsidiariedade
Fragmentariedade 
Adequeção social 
Dignidade da 
pessoa humana 
Lesividade 
Insignificância
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ser aplicada, bem como, da parte do juiz na máxima vinculação ao mandamento legal, inclusive apreciação 
de benefícios16. 
Para o STJ17: 
O princípio da reserva legal atua como expressiva limitação constitucional ao aplicador judicial da lei, cuja 
competência jurisdicional, por tal razão, não se reveste de idoneidade suficiente para que lhe permita a 
ordem jurídica ao ponto de conceder benefícios proibidos pela norma vigente, sob pena de incidir em 
domínio reservado ao âmbito de atuação do Poder Legislativo. 
Assim, a natureza política é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado no exercício do seu 
poder punitivo, enquadrando-se entre os direitos fundamentais de 1ª geração. 
Em complemento, se é que precisamos, significa consistência numa verdadeira garantia para qualquer 
cidadão, à medida que limita o jus puniendi do Estado, que manifesta em 04 (quatro) dimensões, a saber: 
 
1. Nullum crimen, nulla poena sine lege praveia. 
Estabelece a anterioridade da lei penal, pela qual não há crime sem lei prévia. A norma penal 
incriminadora só pode ser aplicada para fatos ocorridos a partir de sua vigência, não podendo 
retroagir para alcançar fatos passados, salvo para beneficiar o réu – retroatividade da lei 
benéfica18. 
 
2. Nullum crimen, nulla poena sine lege scripta. 
Não há crime sem lei escrita. Apenas a lei formal a qual pode criar infrações penais e cominar 
sanções penais, não sendo legítima a criação de crimes e penas pelo direito consuetudinário – 
costume19. 
3. Nullum crimen, nulla poena sine lege stricta. 
 
 
16 MASSON, Cleber. Direito Penal - parte geral. 11ª. Edição. Revista atualizada e ampliada. Rio de 
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. Pg. 10. 
17 HC 92.010/ES, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª. Turma. J. 21.02.2008 
18 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 244. 
19 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 234. 
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Não há crime sem lei estrita. A competência para criar e cominar penas é do Poder legislativo, 
por meio de lei, não podendo outros poderes (Executivo e Judiciário) fazê-lo. É vedado o 
emprego da analogia in malan partem, isto é, para criar crimes ou agravar penas20. 
 
4. Nullum crimen, nulla poena lege certa. 
Consagra o princípio da taxatividade, pelo qual não há crime nem pena sem lei certa. Assim, 
deve o tipo penal conter a descrição exata da conduta proibida, vedando-se a edição de normas 
penais vagas ou indeterminadas21. 
 
2.2.1.2 – Princípio da Intervenção Mínima 
No campo penal, o princípio da reserva legal não basta para salvaguardar o indivíduo. O Estado, respeitada 
a prévia legalidade dos delitos e das penas, pode criar tipos penais iníquos e instituir penas vexatórias à 
dignidade da pessoa humana. Para enfrentar esse problema, estatuiu a Declaração do Homem e do 
Cidadão (1789), em seu art. 8, in verbis: 
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido 
senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 
Surge aqui o princípio da intervenção mínima ou, como chamado por outra parte da doutrina, princípio da 
necessidade. 
A afirmação é de que é legitima a intervenção penal, mas apenas quando a criminalização de um fato se 
constitui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado 
por outros ramos do ordenamento jurídico. (Cleber Masson, 2017. P. 52) 
Em reforço, o STJ22: 
A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em decorrência 
disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos mais 
relevantes e em casos de lesões de maior gravidade. 
 
 
20 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 244. 
21 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 245. 
22 HC 50.863/PE, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 6ª. Turma, j. 04.04.2006. 
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24 
 
Finalmente, vale alertar que, embora o princípio da intervenção mínima seja usado para amparar a 
corrente do minimalismo, a compreensão daquilo que se entende por intervenção mínima varia de acordo 
com as correntes penais e com a interpretação dos operadores do direito. Nesse sentido, o STJ23: 
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição 
de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das 
pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em 
que os valores penalmente tutelados se exponham a dano efetivo ou potencial, impregnado de significativa 
lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultados, cujo desvalor – por não 
importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo prejuízo 
importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. 
Do princípio da intervenção mínima surgem outros dois, a saber: fragmentariedade e subsidiariedade. 
 
2.2.1.2.1 – Fragmentariedade 
O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, como por exemplo, 
a vida, liberdade, patrimônio, dignidade sexual etc. Assim, apenas devem configurar infrações penais os 
ilícitos que atentem contra valores fundamentais para a manutenção da sociedade. Conclui-se, assim, que 
o Direito Penal é a última dimensão de proteção do bem jurídico. Diz-se que o Direito Penal é fragmentário, 
pois, dentro do universo de ilicitude, seleciona os comportamentos (fragmentos) lesivos a bens jurídicos de 
suma importância, os quais constituirão infrações penais24. 
 
2.2.1.2.2 – Princípio da Subsidiariedade 
O Direito Penal deve atuar de forma subsidiária, como ultima ratio, isto é, quando insuficientes as demais 
formas de controle social – formais ou informais – mais brandas e, portanto, menos invasivas da liberdade 
individual. 
 
 
23 HC 92.463/RS, rel. Min. Celso de Mello, 2ª. Turma, j. 16.12.2007. 
24 OLIVEIRA, Natacha Alves de Oliveira. Manual de Criminologia. Salvador: Editora JusPodivm,2018. 
Pg. 246. 
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2.2.1.3 – Princípio da Adequação Social 
De acordo com esse princípio, que funciona como causa supralegal de exclusão da tipicidade pela 
ausência da tipicidade material, não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, 
embora tipificado em lei, não afronta o sentimento social de justiça. É o caso, dos trotes acadêmicos 
moderados e da circuncisão realizada pelos judeus. (Masson, 2017. p. 51) 
Num de seus julgados o STJ25 manifestou da seguinte forma, in verbis: 
É incabível a aplicação do princípio da adequação social, segundo o qual, dada a natureza subsidiária e 
fragmentária do direito penal, não se pode reputar como criminosa uma ação ou uma omissão aceita e 
tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo penal incriminador. 
Assim sendo, a partir desse princípio, pode-se concluir que não se justifica incriminar condutas toleradas 
pela sociedade e que não atentem contra bens ou quaisquer interesses relevantes. 
 
2.2.1.4 – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
Trata-se de princípio consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, do qual é consectária a 
vedação da pena de morte, de caráter perpétuo, de trabalho forçado e desumana ou cruel a imposição de 
respeito à integridade física e moral do preso (Natacha Alves, 2018. p. 244). 
 
2.2.1.5 – Princípio da Lesividade – Nullum crimen sine iniuria 
Também conhecido como princípio da ofensividade ou da lesividade. 
Traduz a ideia de que não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de 
lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de delimitação do Direito Penal, tanto 
em nível legislativo como no âmbito jurisdicional (Masson, 2017. p. 59). 
Para Francesco Palazzo26: 
 
 
25 RHC 60.611/DF, rel. Min. Rogério Schuetti Cruz, 6ª. Turma, j. 15.09.2015 
26 PALAZZO, Francesco C. Valores constitucionais e direito penal. Trad. Gérson Pereira dos Santos. 
Porto Alegre: Fabris, 1989. p. 80 
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Em nível de legislativo, o princípio da lesividade ou ofensividade, enquanto dotado de natureza constitucional, 
deve impedir o legislador de configurar tipos penais que hajam sido construídos, in abstracto, como fatores 
indiferentes e preexistentes à norma. Do ponto de vista, pois, do valor e dos interesses sociais, já foram 
consagrados como inofensivos. Em nível jurisdicional-aplicativo, a integral atuação do princípio da lesividade 
deve comportar, para o juiz, o dever de excluir a subsistência do crime quando o fato, no mais, em tudo se 
apresenta na conformidade do tipo, mas ainda assim, concretamente é inofensivo ao bem jurídico específico 
tutelado pela norma. 
Em síntese, pode-se dizer que 04 (quatro) são as funções desse princípio, apontadas pela 
doutrina majoritária, a saber: 
 
1. Proibir a incriminação de uma atitude interna; 
2. Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor – princípio 
da alteridade; 
3. Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais; 
4. Proibir a incriminação de conditas desviadas que não causem lesão ou perigo de lesão a 
qualquer bem jurídico – princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos. 
 
2.2.1.6 – Princípio da Insignificância 
Trata-se de um princípio idealizado por Roxin, pelo qual, para que haja uma infração penal, é necessário 
que exista lesão grave, efetiva ou potencial, ao bem jurídico tutelado pelo ordenamento jurídico. Em caso 
de lesão ínfima, exclui-se a tipicidade material da conduta, passando a ser considerada fato atípico (STF, HC 
nº 84.412/SP, Rel. Min. Celso de Mello, in Dj 18/11/2004). 
Nesse ínterim, vale destacar que a jurisprudência brasileira apresenta os seguintes requisitos para o 
reconhecimento da incidência do princípio da insignificância: 
 
 
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Mínima ofensividade da conduta praticada; 
Ausência de periculosidade social da ação; 
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
Inexpressividade da lesão jurídica provocada 
 
2.2.1.7 – Princípio da Culpabilidade 
Finalmente, convém destacar o princípio da culpabilidade, pelo qual não é possível uma responsabilização 
de alguém sem culpa – nullum crimen sine culpa. Outrora bastava a produção de resultado para surgir 
responsabilidade penal do autor, isto é, uma responsabilidade penal objetiva27. 
 
2.2.2 – Conclusões sobre o minimalismo 
Guerreiros, 
Notem que, a concretização do Direito Penal mínimo pode ser vista tanto na criação como na revogação da 
lei ou no momento em que é aplicada, observado os princípios que norteiam essa espécie de movimento 
ideológico. Assim, o legislador deverá criteriosamente selecionar os bens jurídicos que pela importância na 
sociedade exigem a tutela penal. 
Óbvio que, conforme já destacava Hungria, não se pode exigir uma perfeição do texto legal a ponto de 
levá-lo ao automatismo, sendo mais importante submetê-lo ao processo exegético para se atingir a sua 
real finalidade, in vebis28: 
O monopólio legal do direito repressivo não podia oferecer ou assegurar a mirífica perfeição dos textos da lei. 
Para reduzir a função do juiz ao puro automatismo na aplicação literal deles. Mesmo os textos aparentemente 
mais claros não estão isentos da necessidade de explicação, pois seu verdadeiro alcance pode ficar aquém ou 
além das letras [...] não foi reservado ao legislador a condição impecável justeza da expressão [...] A lei, por 
mais cuidada na forma e no fundo, dificilmente se exime à diversidade de entendimento. Nem é preocupação 
 
 
27 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 200. 
28 HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal. Vol. I. Arts. 1º a 27º. São Paulo: Forense, 1949, 
p. 47-48-49. 
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constante na fatura das leis, e de sua escrupulosa correção [...] como toda norma jurídica, a norma penal não 
pode prescindir do processo exegético, tendente a explicar-lhe o verdadeiro sentido, o juto pensamento, a real 
vontade, a exata razão finalística, quase nunca devidamente expressos com todas as letras. 
 
O tema em provas 
(MPE/MPE SC Promotor de Justiça – 2011) Julgue as alternativas a seguir: 
I. FRANZ VON LISZT, ao desenvolver o Programa de Marburgo (1882), criou um modelo 
integrado e relativamente harmônico entre dogmática e política criminal, postulando ser 
tarefa da ciência jurídica estabelecer instrumentos flexíveis e multifuncionais, com escopo de 
ressocializar e intimidar as mais diversas classes de delinquentes. 
II – KARL BINDING (1841-1920), em sua mais famosa obra “As normas e sua contravenção”, 
desenvolve a definição de normas como proibições ou mandatos de ação. 
III – A Teoria da Anomia caracteriza-se por ser uma política ativa de prevenção que intenta 
tutelar a sociedade, protegendo também o delinquente, pois visaria assegurar-lhe, através de 
condições e vias legais, um tratamento apropriado. 
IV – EUGENIO RAÚL ZAFFARONI pauta o seu pensamento abolicionista no entendimento de 
que o sistema penal se caracteriza por sua inutilidade e incapacidade de resolução dos 
problemas para os quais se propõe solucionar. Defende a tese de que o sistema penal poderia 
ser substituído por outrasformas alternativas de controle social, como, por exemplo, a 
reparação e a conciliação. 
V – O modelo penal de Defesa Social nega totalmente o livre-arbítrio (pressuposto da 
culpabilidade), pelo fato de o crime não ser mais o resultado de vontade livre do sujeito, mas 
sim de (pré)condições individuais, físicas ou sociais. 
 
a. Apenas as assertivas II e IV estão corretas. 
b. Apenas as assertivas I e II estão corretas. 
c. Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas. 
d. Apenas as assertivas I, III, IV e V estão corretas. 
e. Todas as assertivas estão corretas. 
 
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Gabarito: B 
 
2.3 – CORRECIONALISMO 
O correcionalismo é abordado por Oswaldo Henrique Duek29, e explica que o alemão Cárlos David Augusto 
Röder, no século XIX (precisamente em 1939), postulava a pena com o fim de corrigir a vontade perversa 
do criminoso, argumentando ainda que poderia ser o primeiro a defender a reprimenda de duração 
indeterminada, quer dizer, condicionada à reforma do delinquente. Conta ainda que Röder pregava a pena 
correcional, ou seja, um remédio que atua na esfera psíquica do autor de um delito no intuito de 
reestabelecer a efetividade da lei e saúde social. Acreditava, em epítome, que a correção moral do 
delinquente e sua reforma interior seriam a base e finalidade de todo o sistema penal. 
Marques expõe ainda o pensamento correcionalista a partir de Dorado Montero, professor da 
Universidade da Espanha e, naturalmente, expoente do correcionalismo, in verbis: 
Como comenta Dorado Montero: “Para Röder, [...] a correção moral, a transformação interna dos criminosos, 
é a base e a finalidade exclusiva de toda atividade penal, o nisus formativus de todo o sistema penal. Todavia, 
as ideias de Röder só iriam difundir-se, de forma marcante, no final do século XIX, principalmente com as 
obras de Concepción Arenal e Pedro Dorado Montero. Diante da crise da pena retributiva, ambos propõem a 
imposição de métodos corretivos durante a execução penal, não como objetivo de castigar, mas com objetivo 
de recuperar o delinquente e torná-lo útil a sociedade. Na visão desses autores, não há criminosos 
incorrigíveis, mas somente não corrigíveis. [...] Para Dorado Montero, o delito nada mais é do que um sintoma 
da anormalidade psíquica do infrator, uma prova de seu desequilíbrio moral, que denota a necessidade de um 
remédio racional destinado à sua emenda, em seu próprio benefício. Dessa forma, a pedagogia correcional 
substituiu o sistema penal puramente repressivo, alicerçado no malum passionais propter malum actionis, 
sem nenhuma utilidade para o delinquente ou para a comunidade30. 
Exposto isto, podemos afirmar que o movimento do correcionalismo era um movimento ideológico que 
considerava o Direito Penal protetor dos delinquentes, onde a pena era tratada como um direito de 
recuperação e adaptação, enfim, de caráter eminentemente pedagógico. Frise-se ainda que não havia 
delito natural, pois toda espécie de delito era criação artificial da sociedade que selecionava determinados 
comportamentos como sendo criminosos. 
 
 
29 MARQUES, Oswaldo Henrique Duek. Fundamentos da pena. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 
114-115. 
30 MARQUES, 2008 apud MONTERO, 1973, p. 276. 
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2.3.1 – Correcionalismo e Determinismo Social 
Importante destacar que o correcionalismo tem como premissa ideias deterministas. Por isso, parte da 
doutrina vai justificar como vertente da Escola Positiva. 
Daí porque, nesse contexto, como o proceder desviante está emparelhado a motivos determinantes o 
conceito de responsabilidade vai variar, uma vez que a índole caminha para a responsabilidade coletiva ou 
difusa, atribuindo-se ao corpo social uma espécie de responsabilidade solidária. 
Assim, se a pena está desatrelada dos fins retribucionistas, deve ser aplicada apenas como meio de 
defesa social. Sob essa ótica, serve para prevenir perigos que se atribuem ao delinquente através de sua 
recuperação. Logo, significa dizer: 
Pena não é castigo, mas sim um direito de se adaptar à sociedade. 
Este raciocínio permite-nos perceber, como plano de fundo, a unificação. Significa um modelo de Direito 
Penal em que poder judiciário, polícias e demais órgãos de controle social fossem unificados a fim de 
constituir um corpo de polícia social31. 
A finalidade? 
Bem, a finalidade dessa composição seria promover o bem-estar da sociedade tratando o delinquente 
como uma pessoa que necessita de ajuda. A partir de sua adaptação deixaria de constituir elemento de 
perturbação e perigo a toda coletividade (José César Naves, 2018. p. 202). 
 
 
 
31 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 203. 
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31 
 
2.4 – GARANTISMO 
O modelo de movimento garantista encontra fundamento nos princípios da legalidade estrita, 
lesividade, responsabilidade pessoal, presunção de não culpabilidade e contraditório, remetendo-nos, 
notadamente, ao iluminismo e liberalismo para justificar sua origem. 
Daí o parêntese. 
 
O iluminismo pode ser definido como um movimento intelectual burguês que vigorou na 
Europa durante o século XVIII, e se caracterizava pela crítica generalizada ao antigo regime 
absolutista monárquico – “ao rei todo poder soberano”; tendo como principais defensores 
Montesquieu, Voltaire e Rousseau. 
Noutro giro, o liberalismo se apresenta em uma linha de pensamento do iluminismo, tendo 
como base a não intervenção do Estado nas relações privadas, no mercado, enfim, defendia o 
direito de propriedade, a liberdade individual e a igualdade perante o direito. John Locke, Adam 
Smitch, e David Ricardo, dentre outros são expoentes do liberalismo econômico que pode meio 
do Laissez-faire, Laissez passer; buscava criar uma ordem espontânea e por meio dela 
promover o bem-estar social.32 
Fechado o parêntese. 
Daí porque, José Naves (2017. p. 204) vai dizer que, em virtude desses movimentos e por um contexto 
paramentado pelas doutrinas do contratualismo, separação dos poderes, supremacia da lei, positivismo 
jurídico e utilitarismo penal, observava-se que não havia sentido unívoco e homogêneo entre tais 
 
 
32 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 204. 
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32 
 
princípios, tanto que poderiam assumir um papel garantista ou não, revelando certa ambivalência. Naves 
cita ainda o exemplo citado por Ferrajoli que em seu manual Direito e razão: teoria do garantismo penal 
vai dizer que, se o positivismo encontra-se embasado no princípio da legalidade estrita, poderia ainda 
sustentar modelos penais absolutistas em que o poder normativo do soberano não estaria sujeito a limites. 
O utilitarismo penal poderia conceber a pena como o último recurso necessário ao enfrentamento da 
criminalidade, isto é, a mínima aflição necessária, ou concebê-la sob a ótica antigarantista da prevenção 
especialcom vistas à máxima segurança possível. Distante dessa ambivalência, esses princípios, da maneira 
como foram consolidados em textos constitucionais, formaram um sistema harmonioso e unitário que no 
modelo garantista irá identificar o proceder desviante no intuito de assegurar a limitação do jus puniendi 
do Estado e proteger a pessoa humana contra abusos e arbitrariedades de toda a ordem. 
O garantismo busca o equilíbrio, ou seja, nem o excesso e nem a insuficiência da atuação estatal. Deve 
proteger os bens jurídicos e os direitos constitucionalmente assegurados, mas de modo que a resposta ao 
crime seja suficiente. 
 
2.5 – A NOVA DEFESA SOCIAL 
Trata-se de um movimento de política criminal com a finalidade voltada à modernização do direito, 
especialmente no que se refere às medidas protetivas. 
 
José César Naves explica: 
De caráter humanista e fundamentada no positivismo criminológico tem como expoente Adolphe Prins e o 
professor genovês Pilippo Gramática. Aquele autor da Obra Defesa Social e as transformações do Direito 
Penal, de 1910, concebe um direito penal humanista que deve proteger a pessoa humana, a vida e o 
patrimônio. [...] Diante da impossibilidade de se fixar a pena proporcional a lesão causada pelo direito, que a 
mesma seja estabelecida conforme a periculosidade do delinquente. As pessoas menos abastadas deveriam 
ser protegidas pela Nova Defesa Social, sendo inadmissível relegá-las a mercê da própria sorte nas mãos de 
criminosos. Alerta para o perigo de fomentar a transformação destas pessoas em delinquentes. 
 
2.5.1 – Adolphe Prins 
Notadamente, a doutrina de Prins defendia a necessidade de se perquirir a existência concreta da 
periculosidade individual do delinquente, e se ela justificaria uma medida de proteção social. 
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2.5.2 – Filippo Gramático 
Com o passar do tempo, já no período pós-guerra, surge Filippo Gramático (1901-1979) com 
a chama Defesa Social Radical. Um pensamento da Nova Defesa Social que prega a extinção do Direito 
Penal, a ser substituído por um direito de defesa a sociedade. 
José César Naves, explica33: 
As normas não passariam de meras convenções emanadas da coletividade por intermédio do estado, e por 
isso, teriam caráter relativo. A prática de delitos, por conseguinte, não deveria ser punida, mas sujeita a 
tentativa de adaptação do delinquente às normas sociais. Nesse particular, a medida de defesa social que não 
comporta tempo determinado visa substituir as penas e medidas de segurança, e pode ser aplicada antes ou 
depois da prática do delito. Por meio da precaução e da cura, tem como finalidade ressocializar o delinquente. 
Vale destacar que diante da indefinição conceitual acerca da antissocialidade, a teoria de Filippo Gramática 
sofreu duras críticas, pois para estes, a teoria era suscetível de manipulações. 
 
O Tema em provas 
(VUNESP/ PCSP Investigador de Polícia – 2014) A corrente do pensamento criminológico, que 
teve por precursor Filippo Gramatica e fundador Marc Ancel, a qual apregoa que o 
delinquente deve ser educado para assumir sua responsabilidade para com a sociedade, a fim 
de possibilitar saudável convívio de todos (pedagogia da responsabilidade), é denominada. 
a. Janelas Quebradas (Broken Windows). 
b. Escola Antropológica Criminal. 
 
 
33 LIMA JÚNIOR, José César Naves. Manual de Criminologia. 5ª. Edição. Revista atualizada e 
ampliada. Salvador: Editora JusPodivm,2018. Pg. 226. 
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c. Nova Defesa Social. 
d. Criminologia Crítica 
e. Lei e Ordem. 
 
Gabarito: C 
 
2.5.3 – Marc Ancel 
Um pouco mais à frente, precisamente em 1902-1990, uma nova teoria ganha destaque. Encabeçada pelo 
jurista Marc Ancel, professor e magistrado da Corte de Cassação Francesa, defendia para Nova Defesa 
Social os traços da escola clássica na medida em que defendia o livre-arbítrio, elemento crucial da 
responsabilidade individual. Ancel acreditava em outros meios de defesa e que esses deveriam 
compreender não apenas as medidas contra o delinquente, mas também contra todos aqueles que 
estivessem na iminência de praticar um delito. 
 
2.5.4 – Conclusões sobre o movimento da Nova Defesa Social 
Guerreiros, 
Embora existam, no movimento da Nova Defesa Social, variações de pensamento, é perceptível a 
ressocialização e a garantia de direitos individuais do delinquente como plano de fundo (traço comum em 
todas as correntes idealizadas). 
 
 
O Tema em provas 
(MPE/MPE SC Promotor de Justiça – 2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale 
se ele é verdadeiro ou falso. 
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A "Nova Defesa Social", inspirada na obra de Marc Ancel, foi um movimento extremista, 
caracterizado pela defesa de um corpo de doutrina estável, com uma programação acrítica. 
a. Verdadeiro 
b. Falso 
 
Gabarito: Falso 
 
2.6 – MOVIMENTO LEI E ORDEM 
Movimentos como o de Lei de Ordem vão ganhando espaço com eventos vivenciados pela humanidade, 
mas, antes de adentrarmos aos eventos, vamos à conceituação do tema. 
Nas palavras do Promotor de Justiça e Professor Christiano Gonzaga: 
[...] ressalta-se o Movimento da Lei e Ordem em que, no mesmo raciocínio da Política de Tolerância Zero e da 
teoria das janelas quebradas, apregoa a aplicação implacável da lei a qualquer conduta ilícita com o fim de 
manter a ordem social. Sem lei haverá uma completa anarquia da sociedade, em que cada um fará aquilo que 
bem entender, pois não deve submissão a nenhum regramento jurídico. Com a ideia rígida de a lei ser 
cumprida sempre, sem tergiversações, o sentimento de impunidade e desordem desaparece, fazendo com que 
todos pensem em obedecer aos preceitos legais, pois essa é a coisa certa a fazer. Sob esse enfoque, não se 
analisa se a lei é boa ou ruim, mas sim que ela deve ser aplicada por ser ela votada legitimamente para reger 
as condutas sociais. 
Quanto aos acontecimentos, podemos destacar o atentado de 11 de setembro de 2001, em que as torres 
gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque – EUA, deixaram a população atônita, provocando uma 
sensação de insegurança a ponto de exigir mudanças profundas no Direito para enfrentamento do 
terrorismo, por exemplo. 
Como reforço, a título de exemplo ainda podemos citar a, relativamente recente, eleição do republicano 
Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, sempre laureado na ideia de combater o Estado 
Islâmico, por este criar o caos e a desordem mundial. 
Ademais, não podíamos ficar de fora. Aqui no Brasil, demos uma guinada para esse tipo de pensamento 
eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República. É que a escolha, por si só, prega o pensamento 
militarizado com base na hierarquia, ordem e lei. É bom deixar claro que, não se está aqui criticando ou 
elogiando quaisquer das candidaturas, mas tão somente demonstrando as recentes adoções do 
Movimento da Lei e Ordem em várias frentes políticas. 
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É importante destacar que alguns autores denominam esse tipo de teoria (janelas

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