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Farmacotécnica em Manipulação

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
FARMACOTÉCNICA EM MANIPULAÇÃO 
 
 
 
1 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
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Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842f Farmacotécnica em manipulação / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2012. 
 153p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-66104-09-7 
 1. Farmacologia. 2. Medicamentos - Manipulação. 3. Tecnologia 
farmacêutica I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 615.4 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA................................................................................................... 7 
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES .................................................................................................................. 8 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS ............................................................................................. 10 
1.3 OPERAÇÕES BÁSICAS ......................................................................................................................... 11 
1.3.1 Conferência de Fórmulas ........................................................................................................................ 14 
1.3.1.1 Tipos de Prescrições ............................................................................................................................... 15 
1.3.2 Pesagem ................................................................................................................................................. 15 
1.3.2.1Tipos de Balança ..................................................................................................................................... 16 
1.3.2.2Cuidados na Pesagem ............................................................................................................................. 17 
1.3.3 Tomada de Volume ................................................................................................................................. 17 
1.3.4 Mistura ..................................................................................................................................................... 18 
1.4 COMPONENTES DE FORMULAÇÕES .................................................................................................. 19 
1.4.1 Princípios Ativos ...................................................................................................................................... 20 
1.4.2 Adjuvantes Farmacêuticos ...................................................................................................................... 21 
1.4.2.1Coadjuvantes Terapêuticos ..................................................................................................................... 21 
1.4.2.2Coadjuvantes Técnicos ............................................................................................................................ 23 
1.4.3 Veículos ................................................................................................................................................... 31 
1.4.3.1Veículos em Formas Líquidas ................................................................................................................. 32 
1.4.3.2Veículos em Formas Plásticas ................................................................................................................. 32 
1.4.3.3Veículos em Formas Sólidas ................................................................................................................... 32 
1.4.3.4Veículos em Formas Gasosas ................................................................................................................. 33 
 
 
3 
2 MATERIAIS PARA EMBALAGEM E ACONDICIONAMENTO .............................................................. 34 
2.1 TIPOS DE MATERIAIS DE ACONDICIONAMENTO .............................................................................. 35 
2.1.1 Vidros ...................................................................................................................................................... 36 
2.1.2 Plásticos .................................................................................................................................................. 38 
2.1.2.1Tipos de Plásticos .................................................................................................................................... 39 
2.1.3 Metais ...................................................................................................................................................... 41 
2.1.4 Borrachas ................................................................................................................................................ 41 
3 ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS .................................................................................................. 43 
3.1 EVIDÊNCIAS DE DETERIORAÇÃO ....................................................................................................... 44 
3.2 FATORES DE INSTABILIDADE .............................................................................................................. 44 
4 FORMAS FARMACÊUTICAS ................................................................................................................. 47 
4.1 FORMAS LÍQUIDAS................................................................................................................................ 48 
4.1.1 Soluções .................................................................................................................................................. 48 
4.1.1.1Técnicas de dissolução ............................................................................................................................ 49 
4.1.1.2Vantagens e Desvantagens das Soluções .............................................................................................. 50 
4.1.1.3Isotonia e pH em Soluções ...................................................................................................................... 51 
5 SUSPENSÕES ........................................................................................................................................ 63 
5.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS SUSPENSÕES ....................................................................... 64 
5.1.1 Pré-requisitos para uma Suspensão Ideal ............................................................................................... 65 
5.1.2 Aspectos Teóricos Envolvidos na Estabilidade Física de Dispersões ..................................................... 65 
5.1.3 Formulação de Suspensões .................................................................................................................... 70 
5.1.4 Emulsões ................................................................................................................................................. 70 
5.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EMULSÕES ........................................................................... 72 
5.2.1 Pré-requisitos das Emulsões ...................................................................................................................72 
 
 
4 
5.2.2 Cálculo de EHL ........................................................................................................................................ 74 
5.2.3 Formulação de Emulsões ........................................................................................................................ 79 
5.3 FORMAS PLÁSTICAS OU SEMISSÓLIDAS .......................................................................................... 82 
5.3.1 Penetrabilidade Percutânea .................................................................................................................... 82 
5.3.2 Classificação das formas Semissólidas ................................................................................................... 83 
5.3.3 Preparação de Formas Plásticas ............................................................................................................. 85 
5.3.3.1 Géis ......................................................................................................................................................... 87 
5.3.3.2 Pomadas ................................................................................................................................................. 90 
5.3.3.3 Supositórios, Óvulos e Velas ................................................................................................................... 91 
5.3.3.4 Pastas ...................................................................................................................................................... 94 
5.3.3.5 Cremes .................................................................................................................................................... 94 
5.4 FORMAS SÓLIDAS ................................................................................................................................. 95 
5.4.1 Pós .......................................................................................................................................................... 96 
5.4.1.1 Classificação dos Pós Medicamentosos ................................................................................................. 96 
5.4.1.2 Parâmetros fundamentais........................................................................................................................ 97 
5.4.1.3 Etapas de Obtenção ................................................................................................................................ 99 
5.4.1.4 Pós para uso externo ............................................................................................................................. 101 
5.4.1.5 Pós para Uso Interno .............................................................................................................................. 103 
5.5 GRANULADOS ...................................................................................................................................... 104 
5.5.1 Características desejáveis ...................................................................................................................... 104 
5.5.1.1 Processos de obtenção .......................................................................................................................... 105 
5.5.2 Cápsulas ................................................................................................................................................. 106 
5.5.2.1 Classificação .......................................................................................................................................... 107 
5.5.2.2 Invólucros das cápsulas ......................................................................................................................... 107 
 
 
5 
5.5.2.3 O Conteúdo das Cápsulas...................................................................................................................... 109 
5.5.2.4 Preparo de Cápsulas .............................................................................................................................. 109 
5.5.3 Comprimidos .......................................................................................................................................... 111 
5.5.3.1 Processos de produção .......................................................................................................................... 112 
5.5.3.2 Parâmetros Físicos ................................................................................................................................. 114 
5.5.3.3 Principais Adjuvantes em Comprimidos ................................................................................................. 115 
5.5.4 Comprimidos Revestidos ........................................................................................................................ 118 
5.5.4.1 Fatores relevantes ao revestimento ....................................................................................................... 118 
5.5.4.2 Drageamento .......................................................................................................................................... 119 
5.5.4.3 Revestimento Pelicular ........................................................................................................................... 122 
6 BIOFARMACOTÉCNICA ....................................................................................................................... 125 
6.1 FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO DE FÁRMACOS ................................................................ 125 
6.1.1 Fases da Ação de um Fármaco .............................................................................................................. 126 
6.1.2 Classificação Biofarmacotécnica dos Fármacos .................................................................................... 126 
6.2 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................... 126 
6.3 VIA TÓPICA ........................................................................................................................................... 128 
6.3.1 Anatomofisiologia da pele....................................................................................................................... 129 
6.3.2 Preparações Tópicas .............................................................................................................................. 131 
6.4 VIA NASAL ............................................................................................................................................. 134 
6.4.1Anatomofisiologia do Nariz ........................................................................................................................ 134 
6.4.1.1Preparações Nasais (Errinos) ................................................................................................................. 135 
6.5VIA OFTÁLMICA........................................................................................................................................... 135 
6.5.1 Anatomofisiologia do Olho ...................................................................................................................... 136 
6.5.1.1 Preparações Oftálmicas (Colírios) .......................................................................................................... 137 
 
 
6 
6.6 VIA INJETÁVEL ...................................................................................................................................... 138 
6.6.1 Intravenosa (IV) ...................................................................................................................................... 139 
6.6.2 Intramuscular (IM) ..................................................................................................................................139 
6.6.3 Intradérmica (ID) ..................................................................................................................................... 140 
6.6.4 Subcutânea (SC) .................................................................................................................................... 140 
6.6.5 Intrarraquidiana (IR) ............................................................................................................................... 141 
6.7 VIA ORAL ............................................................................................................................................... 141 
6.8 VIA RETAL ............................................................................................................................................. 141 
6.9 VIA VAGINAL E URETRAL .................................................................................................................... 142 
7 CÁLCULOS FARMACOTÉCNICOS ...................................................................................................... 143 
7.1 CÁLCULOS DE PESAGEM .................................................................................................................... 143 
7.2 EXEMPLOS PRÁTICOS......................................................................................................................... 145 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 150 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA 
 
 
No rol das Ciências Farmacêuticas, a Farmacotécnica destaca-se por reunir subsídios 
teóricos e práticos para aquele que, talvez, seja o maior objetivo do profissional farmacêutico: 
produzir medicamentos. E, quando se fala em medicamentos, fala-se de um produto que, por ser 
destinado à promoção da saúde, é atrelado a um rígido controle de qualidade. 
Desde os mais remotos tempos, a qualidade é embasada nas relações da 
Farmacotécnica com as demais Ciências Farmacêuticas. O próprio Galeno, considerado o pai da 
Farmacotécnica (se não da profissão farmacêutica), em seus escritos no início da Era Cristã, 
demonstrava uma enorme coerência científica, sendo que algumas de suas fórmulas são 
utilizadas ainda hoje. 
Quando se pensa na técnica e todas as implicações relacionadas à escolha da forma 
física do medicamento, dependemos de pré-requisitos muito importantes, como a Química - em 
especial a Físico-Química e a Química Orgânica. O conhecimento da primeira leva à otimização 
da técnica de preparo, e orienta quanto ao perfil biofarmacêutico (velocidade de absorção) que 
se pretende atingir. Já a Química Orgânica, além de sua importância nesses aspectos técnicos, 
também subsidia nas questões críticas, como a estabilidade dos componentes envolvidos em 
uma formulação e suas incompatibilidades. 
Por outro lado, quando se pensa no propósito do medicamento, ou seja, a que se 
destina, um dos pré-requisitos mais importantes da Farmacotécnica é a Farmacologia, e 
consequentemente, Fisiologia, Bioquímica, Anatomia, entre outras ciências. O conhecimento da 
Farmacologia definirá a melhor via de administração do medicamento para o sucesso 
terapêutico, a melhor forma de apresentação e, por conseguinte, a técnica envolvida no preparo. 
Outras Ciências Farmacêuticas, como a Farmacognosia e a Química Farmacêutica, 
têm relação direta com a produção de medicamento, uma vez que são responsáveis pela 
obtenção e desenvolvimento dos princípios ativos. Desse modo, estão relacionadas num eixo 
horizontal e vertical com a Farmacotécnica. 
De modo semelhante, as disciplinas de Controle de Qualidade têm também esta 
característica - exceto pelo fato de que no eixo vertical elas complementam a Farmacotécnica, 
 
 
8 
enquanto a Farmacognosia e Química Farmacêutica poderiam até ser consideradas como pré-
requisitos. 
A Deontologia, por sua vez, vem complementar a questão do medicamento nos 
aspectos legais e éticos, assumindo uma relação paralela com a Farmacotécnica. 
Farmacotécnica é, enfim, a ciência responsável pelo desenvolvimento e produção de 
medicamentos, levando-se em conta o efeito terapêutico e a estabilidade (prazo de validade) 
desejados, condições de acondicionamento, transporte e armazenamento, bem como a forma 
ideal de administração e dispensação. Seus principais pré-requisitos incluem outras Ciências 
Farmacêuticas, como Farmacologia, Farmacognosia e Química Farmacêutica, além de ciências 
básicas, como Físico-Química, Química Geral e Orgânica, Fisiologia, Patologia, Parasitologia e 
Microbiologia. 
 
 
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
 
 
Considerando-se que a Farmacotécnica tem como função básica desenvolver 
medicamentos ou meios de veiculação e administração de fármacos, alguns conceitos se fazem 
importantes. Segundo a Farmacopeia Brasileira, em sua quarta edição, temos como definições: 
Fármaco: substância ativa, droga, insumo farmacêutico ou matéria-prima empregada 
para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa 
a qual se administra o medicamento. 
Medicamento: produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, que contém 
um ou mais fármacos juntamente com outras substâncias, com a finalidade profilática, curativa, 
paliativa ou para fins de diagnóstico. 
Medicamento magistral: medicamento preparado na farmácia cuja prescrição 
estabelece a composição, a forma farmacêutica e a posologia. 
 
 
9 
Medicamento oficinal: medicamento preparado na farmácia ou industrializado, cuja 
fórmula está descrita nos compêndios oficiais (farmacopeias, formulários). 
Especialidade farmacêutica: produto farmacêutico industrializado que pode ser: 
a) Medicamento de referência: medicamento cuja patente expirou, podendo então ser 
reformulado. 
b) Medicamento genérico: bioequivalente a um medicamento de referência. 
b.1) Medicamentos bioequivalentes: medicamentos que não apresentam diferenças 
estatísticas no perfil farmacocinético (quantidade absorvida e velocidade de absorção). 
c) Medicamento similar: possui o mesmo princípio ativo, forma farmacêutica e dose 
do medicamento de referência. 
c.1) Equivalentes farmacêuticos: são medicamentos que contêm o mesmo fármaco 
(ou mesmo sal, ou mesmo éster da molécula terapeuticamente ativa) na mesma quantidade e 
forma farmacêutica, podendo ou não conter excipientes idênticos. 
c.2) Alternativas terapêuticas: são medicamentos que contêm a mesma molécula 
terapeuticamente ativa ou seu precursor, mas não necessariamente na mesma dose, forma 
farmacêutica, sal ou éster. 
 
Forma farmacêutica: é a forma na qual o medicamento é apresentado, podendo ser 
líquida (ex.: gotas, xarope, elixir), sólida (ex.: comprimidos, cápsulas), semissólida (ex.: creme, 
gel, pomada) ou gasosa (ex.: spray, aerossol). 
Fórmula farmacêutica: composição do medicamento, considerando a dose do 
fármaco e percentuais dos demais componentes. 
Dose: quantidade de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico ideal. 
A dose usual segura e eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores fisiológicos, 
patológicos e genéticos. 
Posologia: frequência com que uma dose é administrada para manter níveis 
plasmáticos terapêuticos. Pode ser determinada empiricamente ou por estudos farmacocinéticos, 
por meio de duas possíveis abordagens: 
 
 
10 
a) Abordagem empírica: administração de determinada dose e observação do efeito. 
Reajuste da dose e dos intervalos e nova observação. 
b) Abordagem cinética: os efeitos terapêuticos e tóxicos relacionam-se com a 
concentração plasmática. Envolve a avaliação farmacocinética da absorção, distribuição, 
metabolismo e excreção do fármaco no organismo. 
 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS 
 
 
Assim como os fármacos, que podem ser divididos em específicos ou inespecíficos,e 
subclassificados sob vários aspectos (químico, farmacodinâmico, terapêutico), os medicamentos 
também podem ser classificados sob vários critérios. Entre os critérios mais populares está a 
forma de apresentação: comprimido, drágea, solução, creme, supositório, pó, pomada, entre 
outros. 
Quanto à farmacografia, ou seja, à forma de prescrição, existem preparações oficinais 
(ex.: farmacopeicas), magistrais (prescritas pelo médico, veterinário ou dentista) e as 
especialidades (registradas no Ministério da Saúde e produzidas em escala industrial). Por outro 
lado, segundo o princípio terapêutico, existem medicamentos alopáticos e homeopáticos. 
Quanto ao grau de dispersão ou diâmetro () das partículas dispersas dos ativos e 
coadjuvantes no veículo, temos as dispersões moleculares ( < 0,01 ), dispersões coloidais 
(entre 0,01 e 0,5 ), dispersões finas (entre 0,05 e 10 ), e dispersões grosseiras (< 10 
). As dispersões moleculares são favorecidas pela afinidade com que as interações 
intermoleculares ocorrem. Nos demais casos, a falta de afinidade pode requerer o uso de 
técnicas especiais e maior número de operações unitárias. São exemplos de dispersões 
moleculares: as soluções líquidas, as ligas metálicas e algumas formas plásticas, como 
pomadas, supositórios e géis. Como exemplos de dispersões coloidais, temos alguns géis e 
suspensões. As dispersões grosseiras incluem a maioria das suspensões, emulsões e formas 
sólidas. As dispersões não moleculares são também conhecidas como dispersões mecânicas. 
 
 
11 
Assim, quanto à técnica de preparo (dispersão) temos dispersões moleculares e mecânicas. 
No que diz respeito à segurança, os medicamentos são classificados quanto ao seu 
uso: medicamentos de uso externo ou interno, que podem também, dependendo da ação 
desejada, ser classificados como medicamentos de ação sistêmica ou local. 
Nesse contexto, quando se pensa no local seguro para utilização do medicamento, há 
ainda a classificação quanto à via de administração, que é uma das mais importantes e merece 
um capítulo à parte. Entre as principais vias de administração temos: oral, injetável, 
intramuscular, tópica, oftálmica, nasal, auricular, retal e vaginal. 
Finalmente, uma das classificações mais úteis do ponto de vista farmacotécnico diz 
respeito à forma física: 
Líquidos: soluções, suspensões e emulsões. 
Plásticos: formas semissólidas (pomadas, géis, pastas e cremes), supositórios, óvulos 
e velas. 
Sólidos: pós, granulados, cápsulas, comprimidos, drágeas, pílulas, pastilhas, entre 
outros. 
Gasosos: sprays, aerossóis, fumigações, entre outros. 
 
 
1.3 OPERAÇÕES BÁSICAS 
 
 
Embora o número de operações envolvidas na elaboração de medicamentos seja 
bastante grande, existem duas ou três operações básicas que podem ser consideradas 
inevitáveis – entre estas a Pesagem e/ou Tomada de Volume e o processo de Mistura. As duas 
primeiras justificam-se pela necessidade de garantirmos a correta dosagem do principio ativo, e 
a terceira garante a uniformidade do medicamento. 
 
 
12 
Outras operações, até comuns, podem ser consideradas secundárias ou derivadas dos 
processos de mistura. Como exemplo, podemos citar a Trituração, que consiste em subdividir 
partículas sólidas, e a Tamisação, que consiste em separar partículas de tamanhos bem 
definidos. 
Para entender a importância destas operações, basta entender os medicamentos como 
formas de dosagem e liberação de fármacos. Essa ideia implica que a proporção do princípio 
ativo na formulação deve ser respeitada. Logo, a pesagem ou tomada de volume de cada 
componente deve ser feita sempre com muita exatidão. Da mesma forma, a liberação dos 
fármacos ou princípios ativos deve ocorrer de maneira adequada. Para tanto, esta liberação 
precisa ser uniforme em cada dose terapêutica da forma farmacêutica, encerrando quantidades 
equivalentes dos ativos. A mistura dos componentes do medicamento buscando, se não um 
sistema homogêneo, ao menos uniforme, é fundamental. 
Convém ressaltar ainda que, além das práticas supracitadas, são também 
imprescindíveis em uma farmácia magistral às práticas relacionadas ao Controle de Qualidade 
de matérias-primas (MP), que na verdade antecedem a manipulação. Segundo as exigências da 
RDC 067, de 2007 (Anvisa), são operações básicas no controle de qualidade de MP: 
a) Caracteres organolépticos; 
b) Solubilidade; 
c) pH; 
d) Peso; 
e) Volume; 
f) Ponto de fusão; 
g) Densidade; 
h) Avaliação do laudo de análise do fabricante/fornecedor. 
 
A busca pela melhoria da qualidade de produtos manipulados vem sendo perseguida 
pelas farmácias não apenas como um diferencial, mas também pela reconquista de sua 
credibilidade frente aos produtos industrializados. Para tanto, a garantia da qualidade dependerá 
 
 
13 
não apenas da implementação do Controle de Qualidade, mas de um sistema de qualidade 
regido por um Manual de Qualidade e Boas Práticas de Manipulação (RDC 210 de 2003) que 
envolva todos os processos da produção do medicamento. Tais processos dizem respeito a 
todas as etapas, que vão desde a compra das matérias-primas até o acompanhamento 
terapêutico. 
Entre as principais responsabilidades e atribuições do profissional farmacêutico 
responsável técnico estão: 
 Supervisionar a preparação, incluindo a conferência das fórmulas, o que exige 
do farmacêutico, competência prática e conhecimentos científicos. 
 Estudar e acompanhar a legislação vigente. 
 Adquirir matérias-primas de fornecedores confiáveis e qualificados, criando 
meios e critérios para este procedimento. 
 Avaliar certificados de análise emitidos pelos fornecedores. 
 Implementar e supervisionar o controle de qualidade de acordo com aspectos 
éticos e legais. 
 Avaliar prescrições médicas quanto a sua adequação, concentração, 
compatibilidades, posologia e via de administração. 
 Estipular as condições adequadas de manipulação, conservação, transporte, 
dispensação e controle do produto. 
 Elaborar procedimentos operacionais padrão (POP´s), treinando e qualificando o 
pessoal responsável para que sejam seguidos com rigor. 
 Supervisionar e inspecionar rotinas operacionais de manipulação. 
 Conferir o rótulo. 
 Fazer a manutenção de arquivos informatizados de documentação 
correspondente às etapas envolvidas no processo: laudos de compra, 
certificados de análise de fornecedores e controle de qualidade, relatórios de 
preparação da formulação, datas de entrada e saída, entre outras. 
 Registrar as substâncias e medicamentos controlados. 
 Participar e viabilizar a participação de membros da equipe em programas de 
qualificação continuada em todas as áreas pertinentes à produção, incluindo: 
desenvolvimento de formulações, garantia de qualidade, farmacovigilância, 
informática, entre outras. 
 
 
14 
 Prestar atenção farmacêutica necessária aos pacientes, objetivando a 
administração correta dos produtos. 
 
 
1.3.1 Conferência de Fórmulas 
 
 
A receita médica em uma farmácia de manipulação poderia ser comparada a uma 
ordem de serviço. Entretanto, antes de iniciar a produção de um medicamento, o responsável 
técnico farmacêutico deve analisar a prescrição com atenção. Os aspectos relevantes a serem 
observados podem ser divididos em questões legais e técnicas. 
No que diz respeito às questões técnicas, a conferência da prescrição exigirá 
conhecimentos específicos relacionados a problemas de incompatibilidade, erro de dosagem, 
bem como a simples questão de cálculos matemáticos. 
Em relação aos aspectos legais, um receituário ou prescrição deve apresentar os 
seguintes requisitos: 
 Identificação do médico, incluindo o número de registro no Conselho Regional 
de Medicina (CRM); 
 Identificação do paciente; 
 Data; 
 Legibilidade da receita e concordância dos termos segundo a DCB; 
 Dose do fármaco e indicação posológica. 
 
Em caso de dúvida, o profissional deve entrar emcontato com o prescritor (receitante), 
não sendo conveniente aviar a receita. Juridicamente, somente o farmacêutico será 
responsabilizado por acidentes relacionados a erro de receituário. 
 
 
 
 
15 
1.3.1.1 Tipos de Prescrições 
 
 
As prescrições podem ser de três tipos: especialidades farmacêuticas, oficinais e 
magistrais. 
As especialidades dizem respeito aos medicamentos industrializados. Logo, cabe ao 
profissional competente prestar atenção farmacêutica, avaliando questões relacionadas à 
posologia, interações medicamentosas, bem como perfil fisiológico do cliente. 
No caso das preparações oficinais, em geral não apresentam erros de dosagem, já que 
são descritas em literatura confiável. Entretanto, a atenção farmacêutica se estende também à 
área de manipulação, assim sendo, é passível de erro nos cálculos matemáticos, e a conferência 
desses se faz imprescindível. 
Por fim, temos as prescrições magistrais, as quais são elaboradas por médicos, 
veterinários ou dentistas, profissionais esses especializados em clínica e terapia, e não em 
medicamentos. Assim sendo, cabe ao profissional farmacêutico, sempre que pertinente, 
consultar a literatura de referência a fim de evitar danos algumas vezes irreparáveis. 
 
 
1.3.2 Pesagem 
 
 
A pesagem de fármacos ou insumos farmacêuticos é um procedimento essencial, pois 
pretende garantir a correta proporção do princípio ativo no medicamento. Sem a garantia de uma 
proporção predefinida e adequada do fármaco, o medicamento perde seu valor terapêutico e a 
farmácia perde sua credibilidade. 
 
Entre os erros ou acidentes mais comuns no processo de pesagem estão: 
 
 
16 
1. Falha na interpretação ou conversão das unidades, por exemplo: miligramas (mg) 
por gramas (g). 
2. Descuido na observância de fatores de conversão (Fc) sal-base (por exemplo: 
fluoxetina base PM = 309,33; fluoxetina cloridrato PM = 345,79; Fc = 1,12). 
3. Descuido na observação dos fatores de correção relacionados à diluição aplicados 
a fármacos muito potentes (por exemplo: o hormônio T3 é convenientemente diluído 
geometricamente 1:100, logo deve-se aplicar fator 100). 
4. Não observação de concentrações constantes nos laudos de qualidade emitidos 
pelos fornecedores (por exemplo: na vitamina E 50% deve-se aplicar fator 2; no 
betacaroteno a 10 % deve-se aplicar fator 10). 
 
 
1.3.2.1 Tipos de Balança 
 
 
Entre os vários modelos de balanças disponíveis, os mais comuns poderiam ser 
divididos quanto a sua precisão em: 
 Balança Roberval: para pesagem de massa maior que 1 g, utilizada para produções em 
grande escala. 
 Balança Granatária: para pesagem de massa a partir de 0,01 g, útil em situações de 
emergência (como um “apagão”) e em caso de produções em pequena escala. 
 Balança semianalítica: com precisão para pesagens a partir de 0,001 g, sendo a mais 
utilizada na rotina das farmácias. 
 Balança analítica: de grande precisão (0,0001 g), útil no controle de qualidade. 
 
O custo das balanças varia de acordo com o modelo e fabricante e, em geral, aumenta 
em ordem crescente em função da precisão e capacidade. 
 
 
 
 
17 
1.3.2.2 Cuidados na Pesagem 
 
 
Independentemente do tipo de balança todas requerem os seguintes cuidados básicos: 
1. Acerto do prumo (nível); 
2. Uso de recipientes leves ou compatíveis*; 
3. Tara da balança; 
4. Tempo de estabilização de aproximadamente 15 minutos (para balanças eletrônicas). 
 
 *O recipiente deve ser o mais leve possível e grande o suficiente para garantir que não haja 
queda de insumos no equipamento, especialmente se esses forem corrosivos. 
 
 
1.3.3 Tomada de Volume 
 
 
A tomada de volume de líquidos, assim como a pesagem de insumos sólidos, pretende 
garantir a proporção correta entre o(s) princípio(s) ativo(s), o(s) coadjuvante(s) técnico(s) e o 
veículo. 
Para esse procedimento utilizam-se diversas vidrarias, sendo as mais comuns, em 
ordem crescente de precisão: béquer, cálice, proveta e pipeta. Estas podem ainda ser 
encontradas na versão de material plástico, úteis para formulações que contenham substâncias 
que atacam o vidro, como ácido fluorídrico ou hidróxidos alcalinos muito concentrados. 
Ressalta-se ainda que no caso de líquidos viscosos, como a glicerina, a trietanolamina 
e os óleos vegetais, em geral, opta-se pela pesagem ao invés da tomada de volume, sendo 
proibido o uso de pipetas. 
 
 
 
18 
1.3.4 Mistura 
 
 
Após a tomada dos insumos farmacêuticos em suas devidas proporções, deve-se 
misturá-los de forma a obter um medicamento com aspecto o mais homogêneo possível. 
No caso de formas farmacêuticas líquidas nas quais os sólidos são livremente solúveis, 
ou os líquidos são miscíveis ao veículo utilizado, tem-se uma solução (sistema homogêneo). 
Entende-se por mistura todo processo que busca a dispersão entre partículas com a 
maior uniformidade possível. Já por dissolução entende-se como sendo uma mistura na qual, por 
exemplo, partículas sólidas se dispersariam intimamente em um líquido de modo a obter-se um 
sistema homogêneo verdadeiro (dispersão molecular). Bons exemplos de dispersões 
moleculares são os casos das ligas metálicas (solução de aço: carvão e ferro; solução de latão: 
cobre e zinco) e das pomadas (pomada amarela: vaselina e lanolina; pomada branca: vaselina e 
cera branca), sistemas estes que, embora não sejam líquidos, constituem dispersões 
moleculares. 
Assim, percebe-se que uma dissolução é um processo de mistura, mas nem toda 
mistura caracteriza-se por um processo de dissolução, ou seja, por uma dispersão molecular. 
Para que uma dissolução ocorra, é necessário que soluto e solvente apresentem 
afinidades, como, por exemplo, graus de polaridade ou constante dielétrica semelhante. De 
modo que o processo de dissolução é facilitado por estes aspectos físico-químicos. 
Já nos casos de sistemas de polaridade muito distintos, o grau de miscibilidade ou 
solubilidade será mínimo ou desprezível, e o processo de mistura se caracterizará por uma 
dispersão mecânica. Nesses sistemas, têm-se as dispersões grosseiras, cujo diâmetro da 
partícula é superior a 0,5 , e as dispersões coloidais, que apresentam dimensões 
intermediárias entre as soluções e as suspensões (0,01 a 0,5 ). São exemplos de misturas não 
moleculares: pó antisséptico, suspensão de leite de magnésia, loção hidratante, leite, café, entre 
outras. 
Independente do tipo de dispersão, os medicamentos devem possuir, sempre que 
possível, o máximo de uniformidade. Para tanto, vários procedimentos farmacotécnicos são 
 
 
19 
empregados, os quais envolvem uso de coadjuvantes técnicos e de tecnologias específicas. De 
modo geral, as partículas sólidas devem ser trituradas e tamisadas antes de serem misturadas, 
tanto no preparo de um pó quanto de uma suspensão. Para misturas entre líquidos não miscíveis 
(loções e cremes), uma melhor uniformidade pode ser garantida com o uso adequado de 
tensoativos ou substâncias anfifílicas. 
 
 
1.4 COMPONENTES DE FORMULAÇÕES 
 
 
Uma formulação medicamentosa é composta basicamente por três classes de 
componentes: os princípios ativos (fármacos), os coadjuvantes e os veículos, dos quais da 
combinação correta depende o sucesso de uma farmacoterapia. Igualmente, não 
necessariamente um medicamento será composto pelas três classes, havendo três 
possibilidades: 
 
i. FÁRMACO 
ii. FÁRMACO + VEÍCULO 
iii. FÁRMACO + ADJUVANTES + VEÍCULO 
 
Os fármacos são responsáveis pela ação farmacodinâmica propriamente dita, 
enquanto os coadjuvantes atuam na promoção da estabilidade ou biodisponibilidade, bem como 
correção de propriedades organolépticas. Já os veículos, em princípio, são inertes e têm a 
função básica de veicular o fármaco, ou seja, conduzi-lo pela via de administração escolhida em 
sua devida proporção. 
 
 
 
 
 
20 
1.4.1 Princípios Ativos 
 
 
Os princípios ativos ou fármacos são os elementos-chave responsáveispela ação 
terapêutica de um medicamento alopático ou fitoterápico. São classificados em função de vários 
aspectos, como: classe química, classe terapêutica, alvo molecular ou especificidade. 
Quanto à especificidade, existem apenas duas classes: a dos fármacos específicos e a 
dos inespecíficos. 
Os específicos correspondem à maioria dos mais de sete mil fármacos constantes no 
arsenal terapêutico, tais como os analgésicos e anti-inflamatórios, os agentes cardiovasculares, 
anti-histamínicos, hormônios, agentes antiparasitários diversos, antineoplásicos, entre outros. 
Já os fármacos inespecíficos, em número bastante reduzido, são aqueles que não 
atuam seletivamente sobre determinados receptores. A ação farmacodinâmica desta classe 
depende apenas de suas propriedades físico-químicas, sendo esses pouco vulneráveis às 
modificações estruturais. 
Entre os fármacos inespecíficos mais comumente manipulados temos os antissépticos, 
rubefacientes, vesificantes, adstringentes, emolientes, umectantes, hidratantes, queratoplásticos, 
queratolíticos e cáusticos. 
Os antissépticos podem atuar por mecanismos diversos, tais como poder redox, pKa 
(acidez), quelação, alquilação. 
Os rubefacientes e vesificantes possuem ação irritante que provoca aumento da 
circulação local e contribui para dissipar processos inflamatórios. 
Os adstringentes causam precipitação de proteínas e, consequentemente, auxiliam no 
bloqueio da difusão de um processo inflamatório. 
Os emolientes atuam na epiderme por meio da sua hidrofobicidade, impedindo a 
desidratação da pele. Da ação de manter os tecidos mais macios ou moles deriva o termo 
emoliente. Por outro lado, tecidos mais hidratados viabilizam a dispersão da inflamação ou, 
muitas vezes, processos de absorção. 
 
 
21 
Os umectantes são substâncias hidrofílicas, em geral compostos sintéticos poli-
hidroxilados, que por sua natureza mantêm a pele umedecida, enquanto os hidratantes possuem 
características igualmente hidrofílicas. Entretanto, são mais absorvíveis, dada sua origem natural 
(bioquímica), sendo capazes de hidratar os tecidos em níveis mais profundos, incluso intra e 
intercelular. 
Os queratoplásticos e queratolíticos, por sua vez, não possuem nenhuma relação com 
processos inflamatórios, e sim com síntese e lise de proteínas, respectivamente. 
Enfim, os agentes cáusticos são agentes corrosivos utilizados com fins terapêuticos na 
remoção de verrugas e calosidades. 
 
 
1.4.2 Adjuvantes Farmacêuticos 
 
 
Os adjuvantes ou coadjuvantes são componentes ou excipientes que integram os 
medicamentos com funções diversas. 
Dependendo de suas aplicações, podem ser divididos em coadjuvantes terapêuticos e 
coadjuvantes técnicos. 
 
 
1.4.2.1 Coadjuvantes Terapêuticos 
 
 
O emprego do termo coadjuvante terapêutico está diretamente ligado às fases 
farmacodinâmica e farmacocinética, sendo, principalmente, de competência da Farmacologia. 
Nesse campo, tem-se uma infinidade de associações medicamentosas entre fármacos 
 
 
22 
“principais” e “coadjuvantes”, seja para sinergismo, redução de efeitos adversos ou aumento da 
meia-vida. Assim, temos a carbidopa e ácido clavulânico, que associados à levodopa e penicilina 
aumentam a meia-vida destes por inibição metabólica. 
A diferença entre o papel terapêutico e técnico do coadjuvante poderia ser traduzida, 
de modo simplista, pela influência deste, respectivamente, nos aspectos farmacológicos e físico-
químicos. Entretanto, muitas vezes, é impossível definir uma fronteira entre tais funções. 
Alguns exemplos de componentes que poderiam ser considerados como coadjuvantes 
terapêuticos são: os queratolíticos, os emolientes, os promotores de penetração percutânea, os 
molhantes, os tampões, todos relacionados à eficácia de ação do fármaco. 
Como exemplos, temos o ácido salicílico, que atua como coadjuvante terapêutico em 
preparações antimicóticas por sua ação queratolítica, removendo tecido necrosado e viabilizando 
a ação dos princípios ativos antifúngicos. 
Pomadas indicadas em contusões superficiais têm, na inerente ação emoliente de suas 
bases lipófilas, funções de veículos e coadjuvantes terapêuticos de fármacos anti-inflamatórios 
específicos. 
Muitos medicamentos de uso tópico poderiam ser inúteis sem os promotores de 
penetração percutânea. Estes agentes, em geral, são solventes polares e apróticos, tais como 
dimetil sulfóxido (DMSO) e dimetilformamida (DMF), moléculas anfifílicas como polietilenoglicol, 
propilenoglicol, etanol, derivados da ureia, tensoativos, ou ainda compostos apolares como ácido 
oleico e miristato de isopropilo. 
 
FIGURA 1 – PROMOTORES DE ABSORÇÃO PERCUTÂNEA 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor 
 
 
23 
Nesse contexto, os molhantes e tampões, além de suas funções técnicas, são 
imprescindíveis no processo de absorção de fármacos hidrofóbicos ou impermeáveis, 
desempenhando, assim, também uma ação coadjuvante terapêutica. 
 
 
1.4.2.2 Coadjuvantes Técnicos 
 
 
O uso correto e adequado de coadjuvantes técnicos é de competência direta do 
farmacotécnico. Os coadjuvantes técnicos possuem as mais variadas e importantes funções, 
podendo interferir nos aspectos químicos, físicos, físico-químicos e biológicos da formulação. 
Entre os coadjuvantes técnicos que influem nos aspectos químicos destacam-se os 
estabilizantes químicos, que atuam reduzindo a susceptibilidade de um ou mais componentes da 
formulação a reações químicas diversas. 
No que diz respeito aos aspectos físicos, estão relacionados à estabilidade física do 
medicamento. Os aspectos físico-químicos dizem respeito às interações físico-químicas 
envolvidas na estabilidade de um medicamento e marcam a interface entre as duas classes 
anteriores. Com relação aos aspectos biológicos, temos os coadjuvantes envolvidos na 
resistência do medicamento frente à contaminação microbiana e aqueles envolvidos nas 
propriedades organolépticas. 
 
I) Estabilizantes Químicos 
 
Os coadjuvantes técnicos deste grupo desempenham papel direto na estabilidade 
química da formulação. A baixa estabilidade química está relacionada à maior reatividade 
química de uma substância, ou seja, sua capacidade de se decompor ou de combinar com 
outras moléculas gerando outros compostos químicos. A importância de promover a estabilidade 
 
 
24 
química de uma formulação está no simples fato de que os compostos gerados podem ser 
potencialmente tóxicos ou farmacologicamente inativos. 
Entre os principais tipos de estabilizantes químicos temos: os antioxidantes, quelantes, 
tamponantes, acidificantes e alcalinizantes. 
 
a) Antioxidantes 
 
São agentes adicionados para prevenir a oxidação do princípio ativo ou do 
medicamento como um todo. Podem ser hidro ou lipossolúveis, naturais ou sintéticos, bem como 
orgânicos ou inorgânicos. São exemplos de antioxidantes: o ácido ascórbico, metabissulfito de 
sódio, sulfito de sódio, tioureia, BHA, BHT e tocoferol. 
 
b) Quelantes 
 
São agentes que complexam com metais (traços contaminantes), evitando que estes 
catalisem (acelerem) um processo de oxidação. São exemplos de quelantes o EDTA, ácido 
cítrico, ácido tartárico. 
 
c) Tamponantes 
 
São agentes que mantêm o pH em uma faixa estreita ótima de estabilidade. São ainda 
importantes quanto ao aspecto fisiológico, processo de solubilização de determinados fármacos 
e processo de absorção. Os principais sistemas tampão são: citrato de sódio/ácido cítrico; 
fosfatos alcalinos, bicarbonato/gás carbônico. 
 
 
 
 
25 
d) Acidificantes 
 
Têm a função de baixar o pH para um valor biocompátivel e de maior estabilidade, 
especialmente frente à hidrólise. Podem ainda, em medicamentos de uso oral, conferir à 
formulação um sabor ácido agradável, sendo nestes casos usualmente denominados 
acidulantes. Alguns exemplos de acidificantes de uso farmacotécnico incluem: ácido cítrico, 
ácido clorídrico, ácido tartárico, di-hidrogenofosfatode sódio. 
 
e) Alcalinizantes 
 
Possuem a função de elevar o pH. Como exemplos, temos o hidróxido de sódio, 
carbonato de sódio, citrato de sódio, amônia, trietanolamina e fosfato disódico. 
 
II) Estabilizantes Físico-químicos 
 
Os coadjuvantes técnicos deste grupo exercem mudanças quimicamente reversíveis 
na interação entre a fase dispersa (ex.: fármaco) e veículo. Dessas mudanças há a estabilização 
da formulação medicamentosa frente a deteriorações comumente classificadas como físicas (ex.: 
separação de fases numa emulsão). Entre os processos físico-químicos envolvidos na 
estabilização de um medicamento temos a ionização, ou protonação, a solvatação, alteração da 
constante dielétrica, redução da tensão interfacial, efeitos de eletrólitos sobre o potencial zeta. 
Os principais coadjuvantes envolvidos nesta classe são: tensoativos (emulsificantes e 
mollhantes); cossolventes e solventes, acidulantes, alcalinizantes, eletrólitos, floculantes e 
coagulantes. 
 
 
 
 
 
26 
a) Tensoativos, Emulsificantes e Molhantes 
 
Agentes que diminuem a tensão interfacial entre duas fases de polaridades distintas. 
Possuem uma porção polar e outra apolar, sendo que, dependendo da característica da parte 
polar, classificam-se em: 
 
FIGURA 2 – EXEMPLOS DE TENSOATIVOS ANIÔNICOS, CATIÔNICOS, ANFÓTEROS E NÃO IÔNICOS 
 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor 
 
 
 Aniônicos - quando a parte polar possui carga efetiva negativa; 
 Catiônicos - quando a carga é positiva; 
 Não iônicos - quando a parte polar é um grupo hidrofílico, tal como hidroxila ou 
amina primária; 
 Anfóteros - quando há uma parte polar ionizável positiva e outra negativa, tal 
qual aminoácidos. 
 
Lauril sulfato de sódio - LSS 
Dodecil benzeno sulfonato de sódio 
Cloreto de n-dodecil piridina 
Monoéster de sorbitano 
Dodecil betaína 
Lauril mono etanolamida 
Octil fenol polietoxilado 
 
 
27 
Já os emulsificantes são tensoativos utilizados na estabilização de emulsões, que são 
sistemas constituídos por líquidos imiscíveis (ex.: óleo-água). Entre os principais tensoativos 
temos: lauril sulfato de sódio (LSS), estearato de sódio, oleato de sódio, alquil ésteres de 
sorbitano, ésteres de sorbitano, álcool cetílico, estearatos de polioxietileno. 
Por outro lado, entende-se por molhantes os tensoativos utilizados com o intuito de 
diminuir a tensão interfacial e superficial num sistema sólido-líquido-gasoso promovendo o 
contato sólido-líquido e o deslocando gás adsorvido. 
Esses processos resultam no aumento da molhabilidade da partícula sólida e, 
consequentemente, favorecem sua dispersão no veículo. São molhantes os tensoativos 
sintéticos (LSS, Span®, Tween®) e naturais (lecitina, colesterol, gomas). 
 
b) Alcalinizantes e Acidificantes 
 
Podem, além de garantir estabilidade química, promover a estabilidade física por 
promoção da dissolução via ionização, ou por interferirem nos estados reológicos de sistemas 
poliméricos, via modificações de interações inter e intramoleculares. 
 
c) Eletrólitos, Coagulantes e Floculantes 
 
São coadjuvantes que atuam sobre cargas superficiais residuais de partículas sólidas 
ou amorfas, atenuando, evitando ou modificando processos de sedimentação. Exemplos: 
complexos e sais metálicos, polímeros hidrofílicos, bem como acidificantes e alcalinizantes. 
 
III) Estabilizantes Físicos 
 
As características que diferem estabilizantes físicos de físico-químicos são muito sutis. 
Basicamente, a ação de ambos está relacionada a ações tipicamente físico-químicas. Entretanto, 
 
 
28 
os coadjuvantes aqui classificados como físicos não interferem diretamente nas propriedades de 
outro componente. 
Entre os estabilizantes físicos temos aqueles relacionados à estabilidade física do 
produto em processo, na prateleira e em uso. Entre os coadjuvantes envolvidos na estabilidade 
física propriamente dita, temos os agentes doadores de consistência (viscosificantes, 
espessantes e/ou agentes suspensores), os agentes envolvidos na coesão do pó (aglutinantes) 
e os agentes de revestimento ou cobertura (plastificantes, formadores de película, revestimentos 
entérico e revestimento de açúcar). 
Aqueles envolvidos na estabilização das propriedades físicas durante o processo, tal 
como os envolvidos nas propriedades de fluxo de pó (lubrificantes, antiaderentes e deslizantes), 
são importantes para uniformidade do produto final. 
Já os desagregantes, assim como os agentes de cobertura, estão envolvidos na 
estabilidade do produto durante a administração do medicamento e definem a velocidade de 
absorção (biodisponibilidade) do medicamento. 
 
a) Viscosificantes, Agentes Suspensores e Espessantes 
 
São agentes que diminuem a fluidez ou conferem consistência. São úteis no sentido de 
aumentar o tempo de sedimentação das suspensões. 
O termo viscosificante é atribuído a líquidos viscosos (ex.: glicerina, propilenoglicol, 
trietanolamina), enquanto os agentes suspensores são mais associados a polímeros ou agentes 
sólidos hidrofílicos empregados em suspensões ou formas semissólidas, como géis. São 
exemplos de agentes suspensores: carboximetilcelulose (CMC), Carbopol®, Natrosol®, 
bentonita, Veegum®, caolin, ágar, goma arábica, goma guar, goma xantana, goma adraganta. Já 
o termo espessante é associado frequentemente a agentes doadores de consistência 
empregados em cremes e pomadas lipófilas (ex.: parafina, ceras, álcool estearílico, álcool 
cetílico, Lanett N® e ácido esteárico). 
 
 
 
 
29 
b) Lubrificante, Deslizantes e Antiaderentes 
 
Melhoram as características reológicas do pó, uniformizando o peso de comprimidos e 
cápsulas durante o processo de enchimento. Evitam também avarias no equipamento, tais como 
riscos nas punções e matrizes das máquinas de compressão causadas por fricção. São 
lubrificantes: estearato de magnésio, estearato de cálcio, estearato de zinco, silicone, parafina e 
polietilenoglicol. Entre os deslizantes mais utilizados estão à sílica coloidal, amido de milho e 
talco; e como antiaderentes, o estearato de magnésio e o talco. 
 
c) Aglutinantes 
 
São utilizados para garantir a coesão de granulados e comprimidos. São, na maioria, 
de natureza polimérica, e sua ação se dá por interações intermoleculares do tipo ponte de 
hidrogênio, entre as partículas do pó. Entre os principais aglutinantes temos as gomas, o ácido 
algínico, a carboximetilcelulose, a etilcelulose, povidona, gelatina e Nu-Tab®. 
 
d) Agentes de Cobertura 
 
São agentes utilizados para revestir comprimidos ou cápsulas a fim de conferir-lhes 
proteção adicional contra a decomposição química ou sabores desagradáveis. A película de 
cobertura pode ser de três naturezas distintas: cobertura de açúcar (ex.: glicose líquida, 
sacarose), cobertura polimérica (hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose, 
hidroxipropilmetilcelulose, metilcelulose) e revestimentos entéricos (etilcelulose, acetoftalato de 
celulose, goma laca 35%). 
 
 
 
 
 
30 
e) Desagregantes 
 
São usados em comprimidos para promover sua desintegração, facilitando a dispersão 
e a absorção. Podem atuar por três mecanismos: intumescimento (ex.: celulose microcristalina, 
alginato de sódio, croscarmelose), por formação de canalículos (ex.: glicose, frutose, lactose, 
sacarose, maltose) e por efervescência (bicarbonato de sódio). 
 
IV) Estabilizantes Biológicos 
 
Basicamente, os estabilizantes biológicos são os coadjuvantes utilizados contra a 
proliferação microbiana. Podem ser conservantes antimicrobianos ou antifúngicos. 
 
a) Conservantes Antimicrobianos 
 
São os agentes que evitam a proliferação de microrganismos em geral (ex.: Nipagin®, 
Nipazol®, álcool benzílico, cloreto de cetilpiridínio, cloreto de benzalcônio, clorobutanol). 
 
b) Conservantes Antifúngicos 
 
Utilizados na prevenção do crescimento de fungos. Os exemplos incluem: 
butilparabeno, etilparabeno, metilparabeno (Nipagin®), propilparabeno(Nipazol®), ácido 
benzoico, propionato de sódio e benzoato de sódio. 
 
 
 
 
 
31 
V) Agentes Corretivos 
 
Têm a função de modificar as propriedades organolépticas de cor, sabor e aroma. 
 
a) Corantes 
 
Dão cor ao medicamento com a finalidade estética, marcadora ou como parâmetro de 
dispersibilidade (ex.: amarelo de tartrazina, azul de metileno, urucum). 
 
b) Flavorizantes 
 
Agentes que conferem sabor e aroma (ex.: menta, vanilina, essências de abacaxi, 
hortelã, tutti-fruti, canela). 
 
c) Edulcorantes 
 
Agentes que conferem sabor doce (ex.: xarope, glicose, frutose, maltose, sorbitol, 
glicerina e adoçantes, como a sacarina, ciclamato e aspartame). 
 
 
1.4.3 Veículos 
 
Veículos são os agentes carreadores do fármaco. Devem ser inertes e inócuos. Têm a 
função de completar a forma de dosagem aumentando o volume, possibilitando a quantificação 
da dose certa de fármaco e permiti sua administração. 
 
 
32 
1.4.3.1 Veículos em Formas Líquidas 
 
 
Têm a função de dar volume final ao medicamento e são, em geral, relacionados às 
formas farmacêuticas líquidas (ex.: água destilada, etanol, glicerina, óleos e propilenoglicol). 
 
 
1.4.3.2 Veículos em Formas Plásticas 
 
 
São geralmente denominados bases, sendo que, quando lipófilas, caracterizam-se pela 
mistura de ceras (ex.: cera de abelhas, parafina, álcool cetílico) e óleos (ex.: óleos vegetais, 
óleos de silicone e óleo mineral) diversos. Por outro lado, quando hidrófilas caracterizam-se por 
sistemas gel, os quais são formados por polímeros hidrofílicos (tais como derivados de celulose, 
ácido carboxivinílico e polipeptídeos) e encerram acima de 90% de água. 
 
 
1.4.3.3 Veículos em Formas Sólidas 
 
 
Enquanto para formas medicamentosas líquidas e plásticas os veículos encerram 
proporções majoritárias, em formas sólidas, muitas vezes, o próprio fármaco é o componente em 
maior proporção na formulação. Assim, termos como excipiente e diluente podem ser associados 
a veículos em formas sólidas. 
 
 
 
33 
I) Excipientes 
 
É o conjunto de componentes da formulação, sem o(s) princípio(s) ativo(s) que 
compõem a fórmula. Em geral apresentam, além da função diluente, funções agregadas, tais 
como a de aglutinantes, desagregantes, edulcorantes, entre outras. 
 
II) Diluentes 
 
São componentes cuja função básica é a de complementar o peso de formas sólidas 
(ex.: amido, celulose microcristalina e lactose). 
 
 
1.4.3.4 Veículos em Formas Gasosas 
 
 
Os Propelentes teriam a função de veículo em formas gasosas, pois são agentes 
responsáveis pelo desenvolvimento da pressão necessária em um frasco de aerossol, permitindo 
a expulsão do produto quando a válvula é acionada. Exemplos incluem CO2 e CFC´s como 
diclorofluorometano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
2 MATERIAIS PARA EMBALAGEM E ACONDICIONAMENTO 
 
 
Como qualquer produto de consumo, as formas farmacêuticas devem obrigatoriamente 
ser acondicionadas e embaladas de forma adequada antes de expostas nas prateleiras. 
O material utilizado para acondicionamento (container) tem como função garantir a 
qualidade, a segurança e a estabilidade de seu conteúdo. Já a embalagem, além de ser uma 
proteção secundária, apresenta também uma função “mercadológica” na apresentação do 
produto. 
A combinação entre materiais de acondicionamento e embalagem deve apresentar os 
seguintes requisitos: 
1. Proteger o medicamento de danos físicos e químicos: vibração (ex.: no transporte), 
compressão (ex.: pressão aplicada durante estocagem), choque (ex.: impactos 
durante desaceleração brusca em um transporte), abrasão. 
2. Ser inerte: não pode interagir com o produto, seja por migração, adsorção, 
absorção, extração ou qualquer reação química (ex.: perda de conservantes por 
absorção em tampas de borracha, amolecimento de containers de plástico por 
ésteres ou ácido salicílico). 
3. Suportar extremos de temperatura e umidade característicos das diferentes 
estações do ano. 
4. Ser impermeável a gases da atmosfera, tais como O2 e CO2, evitando assim 
processos de oxidação e/ou o crescimento de microrganismos comumente 
favorecidos pela presença de O2, bem como mudanças de pH pela presença de 
CO2. 
5. Evitar a perda de gases voláteis (ex.: perda de fármacos voláteis como salicilato de 
metila, ou de álcool ou éter, aumentando a concentração de fármacos não voláteis). 
6. Proteger da ação da luz, especialmente para fármacos fotossensíveis. 
7. Serem suficientemente transparentes para permitir a inspeção do conteúdo. 
8. Proteger o medicamento de partículas contaminantes do ar, tais como 
microrganismos e poeira. 
9. Proteger de animais (ex.: insetos e roedores). 
 
 
35 
10. Ser inócuo: não liberar partículas para o conteúdo (ex.: fiapos de vidro ou metal), 
não liberar substâncias tóxicas ou que comprometam a estabilidade do conteúdo 
(ex.: unidades poliméricas de materiais plásticos ou álcalis de vidro). 
11. Ser fácil de identificar e rotular. 
12. Apresentar elegância. 
13. Ser de fácil uso e conveniente. 
14. Ser barata e econômica. 
Algumas diferenças entre acondicionamento e embalagem podem ser exemplificadas 
no Quadro abaixo: 
 
Acondicionamento Embalagem 
a) Contato direto, devendo ser inerte, inócuo e 
estável. 
b) Função técnica (proteção e envase). 
c) Proteção primária contra luz, umidade, CO2, 
O2, microrganismos, poeira, insetos. 
d) Materiais usuais: vidro, plástico e metal, bem 
como de uso exclusivo para tampas de borracha. 
a) Contato indireto (envolve o material já 
embalado). 
b) Função comercial (apresentação). 
c) Proteção secundária contra luz, poeira, insetos 
e choque mecânico (protege o medicamento por 
proteger acondicionamento). 
d) Materiais usuais: papel ou cartolina. 
 
 
2.1 TIPOS DE MATERIAIS DE ACONDICIONAMENTO 
 
 
Os acondicionamentos utilizados para medicamentos podem ser de material plástico, 
metálico ou vidro. As características de cada tipo de material variam, assim como suas 
aplicações. 
 
 
 
36 
2.1.1 Vidros 
 
 
São compostos constituídos de uma mistura de óxidos metálicos nos quais predomina 
o dióxido de silício (SiO2). Embora fisicamente tenham aspecto de sólido, trata-se de um líquido 
de elevada viscosidade. 
A adição de óxido de cálcio e magnésio aumenta a resistência hidrolítica de vidros 
alcalinos, sendo que o óxido de magnésio reduz a tendência de desvitricação. 
Já a adição de óxido de bário pode levar à redução do ponto de fusão de vidros de 
sílica ou borossilícico, aumentando sua fusibilidade. 
O óxido de alumínio, por sua vez, é empregado na confecção de vidros refratários. 
Óxidos de ferro, como Fe2O3, conferem ao vidro cor ligeiramente amarelo-esverdeada, 
enquanto o FeO gera uma coloração azul-esverdeada. A cor âmbar é formada pela combinação 
de óxidos de íons Fe3+ (Fe2O3) e enxofre (S=), junto com os íons Na+. Óxido crômico (Cr2O3) é o 
agente corante primário para todos os vidros verdes. 
A principal desvantagem dos vidros, em geral, está na baixa resistência a choques 
mecânicos. Como vantagens, estes materiais: 
 Podem ser moldados em uma grande variedade de formas e tamanhos 
(fusibilidade). 
 Podem ser transparentes ou âmbar. 
 Podem ser selados hermeticamente com ou sem o uso tampas. 
 São impermeáveis à umidade e gases atmosféricos. 
 São baratos e de fácil rotulagem. 
 
Tipos de Vidros 
 
a) Sílica (quartzo): SiO2 
 
 
37 
 
Apresentam boa transparência, maior ponto de fusão, maior custo, maior resistência 
hidrolítica (menor número de grupos silanóis livres OH-), menor resistência mecânica. 
Uso: cubetas de quartzo são úteis como recipiente para análises espectrofotométricas 
na região do UV, por não absorverem radiação nesta faixa de frequência. 
 
b) Sódico cálcico: (SiO2, NaO2, CaO) Tipo III 
 
Apresentam menor ponto de fusão, são mais baratos, têm menor resistência hidrolítica 
(transfere basicidade). 
2 Na2 SiO3 + H2O Na2 Si2O5 + NaOH 
Uso: xaropes, solução oral e pós, desde que não sejam muito incompatíveis a álcalis 
como Na+ e K+. 
 
c) Sódico cálcico tratado: Tipo II e IV 
 
Boa fusibilidade, boa resistência hidrolítica, menor custo que a sílica (quartzo) e tipo I. 
Tipo II até 100 mL, Tipo IV para volumes maiores que 100 ml. 
São obtidos com tratamento do Tipo I com vapor de água e SO2. 
Si-O-Na + H2O  Si-OH + NaOH 
2 NaOH + SO2 + ½ O2  Na2SO4 + H2O 
Si-O-H + H-O-Si   T oC  Si-O-Si + H2O 
Uso: liofilizados, extratos hepáticos, soluções de antibióticos, soluções injetáveis de 
grande volume (tipo IV). 
 
 
38 
d) Borossilícico: (SiO2, B2O3) Tipo I 
 
Possuem maior resistência térmica (Pyrex®) e coeficiente de dilatação, boa resistência 
hidrolítica (exceto para poliálcoois), menor ponto de fusão. 
Uso: pós (suspensões) injetáveis, soluções aquosas com catalisadores ou soluções 
alcalinas. Não devem ser usados com polióis como glicerina, propilenoglicol, entre outros. 
 
 
2.1.2 Plásticos 
 
 
Grupo de resinas sintéticas (polímeros) de altos pesos moleculares, obtidos pela 
condensação ou adição de unidades denominadas monômeros, podendo, durante o processo de 
fabricação, ser moldados em diversas formas. 
No processo de polimerização, seja por adição (ex.: PVC e polietileno) ou por 
condensação (ex.: poliamida ou nylon), podem ser adicionadas substâncias com diversas 
funções, tais como: plastificantes, estabilizantes, fungicidas, antiestáticos, retardadores de 
combustão e antioxidantes e corantes. 
Como vantagens, estes materiais, dependendo do polímero, podem: 
 Apresentar boa inocuidade e estabilidade; 
 Ser transparentes, impermeáveis e inertes; 
 Apresentar boa estabilidade térmica. 
 
 
 
 
 
 
39 
2.1.2.1 Tipos de Plásticos 
 
 
Os plásticos podem, dependendo da composição, apresentar características diversas 
no que diz respeito à permeabilidade, estabilidade térmica, flexibilidade, transparência (Quadro 
1). 
Os polímeros de cloreto de polivinila, polietileno, poliestireno, poliamidas, poliuretanos, 
policarbonatos, celofane, poliacrílicos e polipropileno, por exemplo, integram o grupo dos 
chamados termoplásticos. Já a baquelite, o cascolac e a fórmica são exemplos de materiais 
plásticos bastante rígidos (duroplásticos). 
 
Quadro 1 – Tipos de plásticos, características e aplicações. 
 
Tipo de plástico 
Permeabilidade 
a gases e 
vapores 
Transparência 
Termorresistênc
ia 
Autoclavação Outros Aplicações 
Celulósicos 
(metil, etil, 
hidroxi, etil, 
carboximetil 
celulose) 
Impermeável Boa 
Decompõe em 
água quente 
Não suporta 
Folhas 
plastificantes 
Comprimido
s, pós e 
cápsulas 
Polivinílicos 
(acetato de 
polivinila e PVC) 
Pouco permeável Boa Alta Sim 
Frascos e 
cintas 
Comprimido
s, pós e 
cápsulas e 
líquidos. 
Poliestireno Pouco permeável Boa Até 90o C 
Não nas 
condições 
normais 
Acondiciona
mento de sólidos 
em geral 
Frascos 
 
 
40 
Polipropileno Permeável Opaco Boa Sim 
Líquidos e 
sólidos 
(revestiment
os) 
Frascos 
Teflon - 
politetrafluoroetil
eno 
- Opaco Até 200 oC - 
Pouca 
adesividade 
Revestiment
o de 
superfícies 
Poliacrilatos 
(polimetacrilato 
de metila) 
- Boa Baixa Não - Frascos 
Poliamidas 
(nylon) 
Impermeável Boa Boa Sim - Filmes 
Policarbonatos 
(ésteres do ácido 
carbônico) 
Impermeável a 
vapor e pouco 
permeável a 
gases 
- Boa Não 
Leve e 
resistente ao 
choque 
mecânico 
Frascos 
Polietileno 
(baixa pressão) 
Pouco permeável Opaco Boa Sim - 
Frascos p/ 
injetáveis 
Polietileno 
(alta pressão) 
Permeável Opaco Baixa Não - Frascos 
 
Uso: formas líquidas, semissólidas e sólidas. 
Os plásticos celulósicos são usados para embalar comprimidos, cápsulas e pós. 
Plásticos polivinílicos são usados para acondicionamento de comprimidos, cápsulas, 
pós e formas líquidas, bem como no revestimento de metais e papéis. 
O poliestireno é mais empregado no acondicionamento de formas sólidas. 
 
 
41 
Plásticos termorresistentes rígidos ou flexíveis de PVC, polietileno polipropileno e 
poliestireno de alta densidade podem ser utilizados no acondicionamento de injetáveis, desde 
que não haja cedência de plastificante. 
 
 
2.1.3 Metais 
 
São muito úteis na dispensação de formas semissólidas (ex.: pomadas, cremes). Entre 
os mais utilizados, temos os tubos de estanho e alumínio. Ambos são leves e maleáveis, 
impermeáveis, apresentam boa plasticidade, boa proteção contra luz e boa resistência térmica, 
são inodoros, não são tóxicos e podem ser moldados facilmente. Como principal desvantagem 
dos acondicionamentos metálicos está a possibilidade de ocorrer catálise oxidativa. 
O estanho Sn, embora mais caro, é mais quimicamente inerte que o alumínio, que em 
alguns casos exige revestimento interno com vernizes. 
Uso: formas semissólidas, como pomadas e cremes. 
 
 
2.1.4 Borrachas 
 
 
São hidrocarbonetos polimerizados de origem natural (ex.: polímeros do isopreno) ou 
sintética (ex.: polímeros do butadieno, siloxano ou cloropreno). São empregados na vedação dos 
frascos (borracha natural só aplicável a soluções aquosas). 
De acordo com o tratamento dado, as borrachas podem apresentar como 
características: elasticidade, resistência térmica e mecânica. 
 
 
42 
Como tratamentos, temos a vulcanização, que inclui a adição de dióxido de enxofre 
(SO2), zinco (Zn), entre outros compostos com função de ativadores, aceleradores, cargas, 
amolecedores ou antioxidantes. 
A composição complexa das borrachas acarreta possibilidades diversas de interação 
com o conteúdo. O SO2 e o Zn atacam o anel -lactâmico das penicilinas. Igualmente, as 
borrachas podem absorver conservantes ou antioxidantes, viabilizando indiretamente a 
proliferação de microrganismos e oxidação. 
Uso: são utilizadas em tampas de acondicionamento de produtos injetáveis de doses 
múltiplas. Esses recipientes fechados com tampas de borracha permitem a retirada com agulhas 
de sucessivas porções do medicamento destinado à administração parenteral sem alterar 
concentração, qualidade ou pureza das porções restantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
3 ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS 
 
 
Todo medicamento em condições adequadas de acondicionamento e armazenamento 
deve apresentar, dentro dos limites oficialmente estabelecidos e do seu prazo de validade, 
atributos de eficácia e segurança referentes à manutenção das suas características físicas, 
químicas, microbiológicas, terapêuticas e toxicológicas. 
O tempo de manutenção destas características se relaciona e depende da maior ou 
menor estabilidade do medicamento. Por sua vez, este tempo (prazo de validade) é determinado 
por estudos de estabilidade. 
Portanto, prazo de validade é o intervalo de tempo que decorre entre a fabricação e o 
acondicionamento do medicamento até o momento em que a atividade química (ou potência) 
do(s) fármaco(s) não seja menor que o limite estabelecido pelas especificações (em geral de 95 
a 105%, ou de 90 a 110%), ou suas características físicas, químicas e microbiológicas não 
mudem apreciavelmente (dentro das especificações), e desde que os produtos resultantes sejam 
conhecidos, estudados e que não aumentem ou alterem a toxicidade da preparação. 
Todo medicamento deve apresentar, no rótulo e/ou embalagem, o mês e ano de 
vencimento da validade. 
De modo geral, o prazo de validade para produtos extemporâneos após violação de 
acondicionamento, segundo USP/NF, segue o Quadro 2. 
 
Quadro 2 – Prazo de validade para produtos e matérias-primas violadas 
Matérias-primas Formulações aquosas 
Formulações 
não aquosas 
Máximo 6 meses Em geral 14 dias* 
25% do prazo original e no 
máximo 6 meses 
*Pode ser estendido caso haja informações justificáveis sobre a estabilidade. 
 
 
44 
3.1 EVIDÊNCIAS DE DETERIORAÇÃO 
 
 
As evidências de decomposição decorrentes da instabilidade de um produtopodem se 
manifestar por alterações físicas ou químicas. Enquanto as alterações físicas são facilmente 
detectáveis*, as alterações químicas**, em geral, requerem métodos analíticos sensíveis. 
*Alterações físicas: alterações de cor, odor, aspecto (todas as formas farmacêuticas), 
diminuição ou ganho de volume, turvação e presença de gás (todas as formas líquidas); 
separação de fases (emulsões), sedimentação (suspensões), fragmentação e caking (formas 
sólidas). 
**Alterações químicas: são evidenciadas pela formação de produtos de 
decomposição, os quais podem ser responsáveis diretos por diversas alterações físicas, tais 
como: mudança de cor ou odor, aparecimento de bolhas de gás ou mesmo turvação. Por sua 
vez, tanto as alterações físicas quanto químicas podem decorrer de alterações microbiológicas. 
 
 
3.2 FATORES DE INSTABILIDADE 
 
 
Os fatores relacionados à estabilidade de medicamentos e fármacos podem ser 
intrínsecos ou extrínsecos. Os fatores intrínsecos dizem respeito à reatividade química e/ou 
propriedades físico-químicas de cada componente da formulação, bem como, sob a ótica do 
medicamento, a incompatibilidades e ao tipo de acondicionamento. 
Existem três reações mais comuns envolvidas na decomposição de medicamentos: a 
oxidação, a hidrólise e a fotólise. 
Oxidação: processo em que átomo ou molécula perde um ou mais elétrons para um 
agente oxidante, sendo que no caso de átomos há aumento do no ox. No caso de 
 
 
45 
medicamentos, o principal agente oxidante é o oxigênio. Assim, neste tipo de decomposição há 
ganho de O e/ou perda de H. Os grupos susceptíveis à oxidação incluem: aldeídos, álcoois, 
tioálcoois, fenóis, amina, imina e grupos insaturados. 
Hidrólise: processo solvolítico no qual, a partir de reação com solvente, ocorre quebra 
de ligação (cisão) da molécula. Em se tratando de medicamentos, a água é o solvente mais 
utilizado, assim como o mais solvolítico. Exemplos de grupos susceptíveis incluem anidridos, 
ésteres, carbamatos, ureídas, amidas e imidas. 
Fotólise: a luz pode desencadear várias reações, incluindo oxidação, polimerização, 
rearranjos, entre outras. Os grupos mais vulneráveis são cromóforos com o máximo de 400 a 
800 nm e moléculas com S, N e/ou O. 
Já os fatores extrínsecos são aqueles que podem agravar os fatores intrínsecos, tais 
como temperatura, luz, oxigênio, umidade, gás carbono e tempo. As correlações entre fatores 
intrínsecos e extrínsecos, bem como exemplos de alterações ou fenômenos envolvidos, são 
mostradas no Quadro 3. 
 
Quadro 3 – Correlação entre fatores intrínsecos e extrínsecos com deterioração 
 
Fator 
extrínseco 
Fator intrínseco agravado 
Exemplos de fármacos 
susceptíveis 
Evidências 
associadas 
Luz 
Fotodecomposição, 
oxidação, rearranjos de 
ligação química. 
Clorpromazina, iodetos, 
fenóis, aloína, omeprazol, 
vit. B12, sulfadiazina. 
Escurecimento, perda 
de teor, formação de 
produtos tóxicos. 
Temperatura 
Oxidação, evaporação, 
hidrólise. 
Lovastatina, lactobacilus, 
haloperidol, imipramina, 
vitaminas, estrógenos. 
Mudança de cor, perda 
de volume, perda de 
teor. 
Umidade 
Hidrólise, proliferação 
microbiana, 
higroscopicidade. 
AAS, lactato de amônia, 
barbitúricos, ácido fólico, 
anestésicos, efedrina. 
Alteração de pH, perda 
de teor, ganho de 
volume. 
 
 
46 
CO2 
Reações ácido base, 
hidrólise, solubilidade em 
pH ácido. 
Gluconato de cálcio, 
hidróxido de magnésio. 
Precipitação, perda de 
teor, alteração de pH. 
Oxigênio Oxidação 
Vitamina B6, C, D2 e E, 
hidroquinona, ergotamina, 
tetraciclinas, adrenalina. 
Mudança de cor, perda 
de teor, formação de 
produtos tóxicos. 
Tempo Todos Todos Todas 
 
Enquanto os fatores intrínsecos são inerentes ao produto, os fatores extrínsecos 
podem e devem ser controlados, seja no desenvolvimento da formulação, na escolha do 
acondicionamento ou na determinação das condições de armazenamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
4 FORMAS FARMACÊUTICAS 
 
 
Forma farmacêutica é a maneira pela qual o fármaco é administrado ao paciente, ou 
seja, a forma de apresentação do medicamento (ex.: comprimido, xarope, colírio, supositório, 
injetável, creme). 
É definida pela via de administração, necessidades do paciente, fórmula e 
equipamentos disponíveis. Com base na relação paciente-doença define-se a melhor via de 
administração. A partir desta definição e das características físico-químicas do fármaco, 
determina-se a melhor forma farmacêutica. 
Por sua vez a forma define a fórmula farmacêutica, que se refere à composição, bem 
como o tipo de acondicionamento ideal e equipamentos de produção a serem utilizados. 
Todas as formas farmacêuticas devem atender aos seguintes atributos: 
 Conter a quantidade adequada de fármaco. 
 Ser livre de materiais estranhos (matérias-primas aprovadas de acordo com 
especificações oficiais). 
 Liberar o fármaco na quantidade e com a velocidade adequada. 
 Ser formulada de acordo com a via de administração a que se destina. 
 Ser bem aceita pelo paciente (ausência de efeitos indesejáveis, sabor agradável, 
estética). 
 Ser adequada à estabilidade do fármaco. 
 Fornecer ação farmacológica ótima. 
 
As formas farmacêuticas podem se apresentar nas seguintes formas físicas: sólida, 
semissólida, líquida ou gasosa. 
 
 
 
 
 
48 
4.1 FORMAS LÍQUIDAS 
 
 
As preparações líquidas podem conter uma ou mais substâncias químicas dissolvidas 
em um solvente adequado ou em uma mistura de solventes mutuamente miscíveis ou 
dispersíveis. 
No que diz respeito à preparação de formas líquidas, deve-se considerar a solubilidade 
dos solutos, o solvente empregado, a estabilidade e as compatibilidades. 
Já o número de operações unitárias e componentes necessários depende da escala de 
produção, prazo de validade pretendido e via de administração desejada. 
De modo geral, as formas líquidas podem ser divididas, quanto à complexidade 
tecnológica, em dois grupos: estéreis e não estéreis, os quais por sua vez podem ser 
subdivididos quanto à complexidade técnica em: soluções, suspensões e emulsões. 
 
 
4.1.1 Soluções 
 
 
As soluções são dispersões moleculares cujas partículas apresentam dimensões 
menores que 0,01 m. Interações intermoleculares com tal grau de dispersão requerem alta 
afinidade entre soluto e solvente. Assim, no desenvolvimento de uma solução medicamentosa, 
deve-se conhecer previamente a constante de solubilidade (Ks) de cada componente no veículo 
proposto. 
No que diz respeito ao veículo (solvente) a água, seguida pelo etanol, glicerina e óleos 
vegetais, é o mais utilizado. Dependendo do veículo utilizado as soluções podem ser 
classificadas em: hidróleos (água), alcoóleos (álcool), glicerina (gliceróleos), éter (eteróleos), 
cetóleos (acetona) e enóleos (vinho). Um tipo especial de solução são os xaropes (sacaróleos), 
 
 
49 
os quais contêm elevado teor de açúcar (sacarose), valor este que ultrapassa 80%. Tais 
soluções são excelentes para via oral, uma vez que além do valor energético do açúcar, 
viabilizam o mascaramento de sabor desagradável. Comparativamente, os elixires apresentam 
menor viscosidade e sabor menos adocicado do que os xaropes. Mas por se tratarem de 
soluções hidroalcoólicas, quando o valor de álcool ultrapassa 10% esses são autoconservantes. 
Do mesmo modo, os elixires apresentam possibilidade de dissolução de solutos solúveis em 
água ou álcool. 
Com relação ao valor da constante de solubilidade (Ks), quando este é alto, a 
dissolução é obtida facilmente. Assim sendo, do ponto de vista farmacotécnico, estas 
preparações são as mais simples. Entretanto, para situações em que o fármaco apresenta baixa 
solubilidade, o conhecimento das técnicas de dissolução é fundamental. 
 
 
4.1.1.1 Técnicas de dissolução 
 
 
As principais técnicas de dissolução são: 
Agitação mecânica: a convecção é a técnica de dispersão

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