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FARMACOTÉCNICA II Dhébora Mozena Dall Igna Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as principais bases galênicas usadas em formulações líquidas e semissólidas. � Identificar os principais componentes das bases galênicas. � Descrever a aplicabilidade das bases galênicas para fins farmacêuticos. Introdução As bases galênicas são formas farmacêuticas nas quais um ou mais princí- pios ativos podem ser administrados. Na aplicabilidade da terapia medi- camentosa, as bases galênicas têm as funções de facilitar a administração, garantir a precisão das doses, proteger o fármaco e facilitar a ingestão, mascarando sabores e odores desagradáveis. Já na aplicabilidade do uso cosmecêutico, elas possibilitam a veiculação de mesmos princípios ativos em diferentes formas, uma vez que cada uma tem aspectos particulares quanto à permeabilidade na pele. As bases galênicas têm um impacto importante na adesão dos consumidores ao tratamento. O profissional da área da farmácia deve estar atento a todos os princípios farmacotécnicos, aplicando técnicas adequadas de manipulação e controle de qualidade; qualificando seus fornecedores de insumos farmacêuticos, para que se garanta qualidade nos produtos finais; conhecendo os componentes das suas formulações; e estudando esses componentes, de modo a garantir estabilidade e adequabilidades às necessidades e exigências dos usuários. Neste capítulo, você vai estudar as principais bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas. Também vai ver quais são seus principais componentes e sua aplicabilidade para fins farmacêuticos. Principais bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas O Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira de 2012, ano em que foi lançada a sua segunda revisão, é o referencial inicial para os profissionais que atuam em farmacotécnica terem conhecimento quanto às formulações padrões que constituem veículos usados em bases líquidas ou semissólidas designadas à adição de ativos específicos, com aplicabilidade cosmética ou medicamentosa (BRASIL, 2012). O mesmo formulário salienta que, para a escolha da base para incorporação dos ativos medicamentosos e/ou cosméticos, primariamente devem ser levados em consideração critérios de objetivos da formulação, local de administração onde as formulações serão aplicadas e o efeito terapêutico que se deseja. Secundariamente, devem ser levados em consideração critérios de solubilidade, faixa de pH que mantêm a estabilidade dos ativos incorporados e possíveis incompatibilidades químicas que podem acontecer entre ativo-ativo e ativo-excipiente ou base galênica. As formas farmacêuticas podem ser classificadas quanto ao tipo de pres- crição, quanto à origem da matriz (natural ou de síntese) ou quanto a sua forma física. As formas magistrais são fórmulas cuja autoria é do prescritor e que o farmacêutico prepara na farmácia de manipulação ou farmácia ma- gistral seguindo tais documentos. As formas oficinais são constituídas por fórmula e técnica que se encontram inscritas e descritas nas farmacopeias, sendo preparadas na farmácia de manipulação. Já as formas farmacêuticas de especialidades são aquelas que se encontram já preparadas e embaladas, conhecidas como especialidades farmacêuticas. Preparações líquidas As preparações líquidas abrangem formulações de loções, suspensões, emul- sões, xaropes, elixires, tinturas, extratos, entre outras. Vejamos as mais comuns a seguir. Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas2 Soluções As soluções são preparados líquidos obtidos por dissolução de substâncias químicas em água (solução aquosa), em álcool (solução alcoólica), em óleo (solução oleosa), em mistura de álcool e glicerina ou em outro líquido. Têm um aspecto límpido e homogêneo. As soluções podem se destinar ao uso externo ou interno, e suas aplicabili- dades são inúmeras — por exemplo, usos tópico, oftálmico, oral e parenteral. As soluções destinadas à administração parenteral precisam ser manipuladas de forma totalmente estéril, sob requisitos específicos de boas práticas de manipulação e fabricação de injetáveis. As soluções podem conter um ou mais componentes químicos dissolvidos em um solvente ou em uma mistura de solventes, de modo que sejam miscíveis entre si. Os fármacos ali solubilizados provocam efeitos sistêmicos, assim como as formas sólidas, como drágeas e comprimidos, e as suspensões para uso oral. Comparativamente, as soluções são mais rapidamente absorvidas do que as suspensões e as formas sólidas, pelo fato de as suspensões apresentarem maior viscosidade que as soluções e pelo fato de as formas sólidas necessitarem de solubilização prévia no local de absorção para então apresentarem efeito sistêmico completo. A dificuldade maior em trabalhar com as soluções é sua susceptibilidade a contami- nações microbianas e instabilidades térmicas. Em virtude disso, o profissional deve estar atento aos dados de estabilidade e solubilidade dos ativos nos veículos, para que escolha adequadamente o pH e os adjuvantes que auxiliarão nessas características. A fim de que os medicamentos se tornem mais atrativos e palatáveis aos consumidores, a grande maioria das soluções destinadas à administração oral deve ser acrescida de flavorizantes e edulcorantes, e, se necessário, co- rantes, visando à adequação das características organolépticas do produto. É importante saber se os consumidores dessas fórmulas têm alguma restrição específica no uso de tais substâncias, para que se evitem situações de sensi- bilização ou intolerância. 3Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Segundo Allen Jr, Popovich e Ansel (2013), soluções orais comuns abrangem soluções para reidratação oral, soluções orais específicas por classe terapêutica, como as soluções de fármacos antidepressivos, broncodiladores, corticoides e vitaminas. Já exemplos de soluções tópicas compreendem as que veiculam fármacos, como antifúngicos, despigmentantes, antissépticos, entre outros. Suspensões As suspensões são preparações líquidas de aspecto turvo ou leitoso, constitu- ídas pela dispersão de um ou vários sólidos insolúveis em um veículo aquoso. A correta administração depende, fundamentalmente, da agitação dessa base, já que os sólidos suspensos tendem a decantar no fundo. Há suspensões orais, bucais, cutâneas, suspensões oftálmicas (como alguns colírios), auriculares, nasais, vaginais, retais (também conhecidas como enemas), suspensões para inalação por nebulização e suspensões injetáveis. O profissional deve sinalizar aos consumidores esse tipo de forma far- macêutica, para que façam o correto uso, agitando-a, e, quando necessário, armazenando-a sob refrigeração. Suspensões muito comuns são as que veicu- lam fármacos antibióticos, antivirais, anti-helmínticas, ansiolíticas, antiácidas e antieméticos. Xaropes Os xaropes são preparações farmacêuticas líquidas e límpidas, constituídas por uma solução aquosa que contém açúcar, como a sacarose. Se o xarope não contém outras substâncias, denomina-se xarope simples; se contém substâncias ativas, chama-se xarope composto ou xarope medicamentoso. Os xaropes destinam-se à administração por via oral. Diabéticos e indi- víduos com sobrepeso e obesidade devem fazer uso de xaropes específicos, sem açúcares. Os elixires são preparações de xaropes acrescidas de álcool. Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas4 Os xaropes simples são veículos comuns utilizados nas farmácias e indús- trias de medicamentos, porque são agradáveis e a incorporação de ativos é relativamente simples. Representam uma opção viável para indivíduos que, porventura, tenham dificuldade com a administração de outras formas far- macêuticas (comprimidos, drágeas, cápsulas ou pós), como idosos e crianças.Assim como nas soluções e suspensões, os profissionais farmacêuticos devem conhecer as características químicas e exigências de estabilidade e solubilidade dos fármacos, de modo a garantir sua solubilidade neste tipo de veículo. São muitos os exemplos de xaropes medicamentosos, como os que veiculam fármacos analgésicos, antiepiléticos, anti-histamínicos, antitussígenos, expectorantes, entre outros. Preparações semissólidas As preparações semissólidas abrangem formulações de cremes, géis, pastas, pomadas, unguentos, entre outras. Vejamos quais são as principais. Pomadas As pomadas são preparações farmacêuticas destinadas à aplicação externa, para ação tópica ou sistêmica, e também para ação emoliente ou protetora. São misturas de gorduras e emolientes dotados de propriedades de moldagem ou adesividade à pele, e podem conter pós (materiais sólidos insolúveis), como amido, dióxido de titânio e óxido de zinco, incorporados em até 10% do peso da fórmula. As pomadas apresentam uma consistência mole e untuosa. Podem ser lipossolúveis, como as formuladas com vaselina e óleos emolientes diversos, ou hidrossolúveis, quando formuladas com base em componentes do tipo polietilenoglicóis. Tais formulações semissólidas têm aplicabilidade cutânea (a mais comum), mas também podem ter aplicabilidade na região oftálmica, vaginal, retal, nasal e auricular. 5Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Fármacos comuns veiculados em pomadas são corticoides, antibióticos, antimicóticos e anti-inflamatórios. Pastas As pastas são formulações com cerca de 30 a 50% de materiais sólidos inso- lúveis — que podem ser os mesmos citados nas pomadas —, dispersos em excipiente gorduroso. O alto percentual de pó torna a ação das pastas mais voltada a promover um efeito de adsorção, secativo e protetor. Em critérios de permeabilidade cutânea, as pastas são muito pouco permeáveis, ao contrário das pomadas, existindo as pastas cutâneas e as pastas dentifrícias, com uso maior na odontologia. Pastas d’água e pastas de lassar são dois exemplos de formulações inseridas no portfólio do Formulário Nacional. Cremes Os cremes configuram um tipo de emulsão, que, por sua vez, caracteriza-se como uma base que pode se apresentar tanto como líquida quanto como semissólida, de acordo com sua viscosidade. As emulsões, por sua vez, são consideradas sistemas heterogêneos, cuja fase dispersa é composta por gotículas de um líquido, distribuídas em um veículo no qual é imiscível ou parcialmente miscível (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). Quando abordamos o conceito de viscosidade de formulações semissólidas do tipo emulsões, verificamos a sua consistência; portanto, se uma emulsão possuir viscosidade baixa, ela é classificada como leite; se possuir viscosidade intermediária, ela é classificada como loção; e se possuir uma viscosidade alta, ela é classificada como creme. A aplicação dos cremes é, essencialmente, de uso tópico, podendo veicular ativos cosméticos e farmacológicos diversos. Os cremes são constituídos por duas fases — a fase aquosa e a fase oleosa —, que apresentam aspecto homogêneo no produto final devido à adição de emulsificantes ou tensoativos, que diminuem a tensão superficial existente entre dois líquidos imiscíveis. Associados a tais componentes, podem estar presentes espessantes, que alteram a característica da viscosidade final do produto. Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas6 Os cremes podem ser considerados pesados ou leves, de acordo com o caráter oleoso da formulação, o que impacta diretamente no poder de permea- bilidade do produto. As vantagens dos cremes se concentram na possibilidade de se solubilizar o fármaco/ativo na fase interna ou externa; no mascaramento de odor desagradável de certos fármacos por meio de sua solubilização na fase interna; no sensorial agradável; e na boa biodisponibilidade e biocompatibi- lidade. As desvantagens estão associadas à baixa estabilidade físico-química e à menor uniformidade. Géis Os géis são sistemas semissólidos nos quais o movimento do meio dispersante, que normalmente é a água, é restrito por uma rede tridimensional de partículas inorgânicas entrelaçadas solvatadas — os chamados polímeros gelificantes —, presentes na fase dispersa (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). Nos géis, não se distinguem duas fases como nos cremes, e os polímeros podem ser de fonte natural, semissintética ou sintética. Além do gel cutâneo, temos o gel oftálmico, auricular, nasal, vaginal e retal. As vantagens dos géis são sua fácil aplicabilidade, viscosidade homogênea e uniformidade. Além disso, não formam oclusão e são facilmente removíveis com água. Já as desvantagens estão associadas à limitação do uso de aditivos e princípios ativos, por serem transparentes, ao ressecamento (em especial os que contêm álcool como componente) e ao fato de apresentarem baixa permeabilidade cutânea. Os géis podem ser inorgânicos, como o de hidróxido de alumínio; orgâni- cos, como os de goma adragante e polímero carbopol; hidrogéis, constituídos por derivados de celulose, como metilcelulose e carboximetilcelulose sódica; e organogéis, constituídos por compostos graxos e hidrocarbonados, como óleo mineral e polietilenoglicóis (ALLEN JR; POPOVICH; ANSEL, 2013). Tanto preparações líquidas quanto semissólidas necessitam de controles de qualidade específicos. Esses controles devem ser realizados a cada novo lote manipulado e devem ser arquivados pelas farmácias. 7Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Componentes das bases galênicas Preparações cosméticas As bases galênicas líquidas e semissólidas exigem componentes específicos, que garantem estabilidade e validade às formulações, desde que estudos relacionados a elas sejam feitos antes da liberação dos produtos acabados. Os conservantes protegem o cosmético de contaminações microbianas e de oxidações indesejáveis, assegurando seu prazo de validade e oferendo segurança ao usuário. Podem ser classificados em bactericidas, fungicidas ou antioxidantes, como parabenos, imidazolinidil ureia, álcool benzílico, BHT/BHA. Os corretores de pH, ou tamponantes, corrigem o pH da formulação, propiciando estabilidade aos ativos e fármacos incorporados. Exemplos de tamponantes são hidróxido de sódio, trietanolamina e ácido cítrico. Os emolientes evitam ou atenuam o ressecamento da pele e cabelos. São res- ponsáveis pelo toque final do produto. Todos os óleos atuam como emolientes, além de compostos como estearato de octila e isononanoato de cetoestearila. Os emulsionantes ou emulsificantes promovem a mistura entre as fases aquosa e oleosa, sendo os polissorbatos e os monoestearatos bastante utilizados. Os espessantes ou estabilizantes impedem a mobilidade da fase aquosa, al- terando sua viscosidade e auxiliando o emulsionante, impedindo o rompimento da emulsão. Em xampus, o cloreto de sódio é muito utilizado e, em emulsões, os álcoois cetílico, ceoestearílico, berrênico, metacrilato de poliglicerila e os monoestearatos são extensivamente utilizados. Agentes sequestrantes ou quelantes são necessários porque retiram os íons indesejáveis da formulação, complexando íons metálicos como cálcio e ferro. EDTA dissódico e EDTA tetrassódico são os mais comuns. Os solubilizantes promovem a solubilização de uma substância em meio a um dispersante. São muito utilizados para dissolver corantes e conservantes. Monooleato de glicerina, propilenoglicol e etoxidiglicol são exemplos da classe. Os umectantes são capazes de reter a água na formulação, ao mesmo tempo que mantêm a superfície da pele umedecida. Apresentam propriedade higroscópica (absorvedora de água do ambiente). Glicerina, propilenoglicol e sorbitol são componentes comuns. Os tensoativos ou surfactantes possuem em sua molécula um agrupamento com característica polar e um agrupamento com característica apolar. Modi- ficam a tensão superficiale interfacial de substâncias. Exemplos são cloreto de cetiltrimetil amônio, lauril sulfato de sódio, lauril éter sulfato de sódio. Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas8 Os silicones em geral compreendem componentes específicos de for- mulações semissólidas cosméticas, que formam uma película na pele com finalidade protetora, que confere maciez e sedosidade, além de resistência à água, emoliência, substantividade e dispersão. Os veículos, também chamados de excipientes, constituem a base na qual o produto é formulado — por exemplo água, álcool, óleo, propilenoglicol, gel, sérum, suspensão, emulsão ou pó são os mais simples. Já os veículos vetoriais são estruturas que podem levar o princípio ativo hidrossolúvel ou lipossolúvel para dentro da epiderme. Usualmente, são veículos que abrangem os lipossomas e as ciclodextrinas. Os veículos vetoriais exibem inúmeras vantagens quando comparados aos veículos comuns, sendo hoje uma alternativa bastante viável quando se fala em carrear ativos para além da epiderme, aumentando sua eficácia, biodisponibilidade e permeabilidade. Preparações medicamentosas As preparações medicamentosas são constituídas por um ou mais fármacos veiculados em bases líquidas e semissólidas. Do mesmo modo que as pre- parações cosméticas, as destinadas para uso medicamentoso dependem de componentes específicos. Os componentes básicos são os solubilizantes, os estabilizantes, os agentes suspensores, os espessantes, os diluentes, os emulsionantes, os conservantes, os antioxidantes e os modificadores de sensorial, como os corantes, flavori- zantes e edulcorantes. Agentes solubilizantes mais comuns compreendem água, álcoois, glicóis, cetonas, óleos e ciclodextrinas. Os conservantes antimicrobianos incluem ácido benzoico, ácido sórbico, benzoato de potássio e a família dos parabenos — estes últimos estando relatados em trabalhos científicos como disruptores endócrinos, considerados de risco por muitos profissionais. Ácido ascórbico e metabissulfitos atuam como antioxidantes. Os ácidos tartárico e málico são usados como acidulantes; bicarbonato de sódio e carbonato de sódio como agentes alcalinizantes; enquanto citrato de potássio, fosfato de potássio dibásico e fosfato de potássio monobásico atuam como agentes de tampona- mento. Amidos, carbômeros e gomas agem como suspensores e indutores de viscosidade. Maltol e glutamato monossódico são flavorizantes, enquanto acessulfame potássico, aspartame, dextrose, sorbitol e sucralose são extensiva- mente usados como agentes edulcorantes (THOMPSON; DAVIDOW, 2016). 9Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Quer saber mais sobre veículos vetoriais? No link a seguir você encontra um interessante artigo sobre o assunto. https://qrgo.page.link/6BZdt Bases galênicas de aplicabilidade farmacêutica As bases galênicas são conhecidas por serem veículos compostos por um ou mais insumos farmacêuticos, manipuladas e preparadas a partir de uma formulação farmacotécnica definida. Além dos conhecimentos que se referem à incorporação dos ativos, também são de fundamental importância ao profis- sional conhecimentos de avaliação de controle de qualidade e estabilidade de tais bases, para que se garanta a estabilidade físico-química das preparações. Tratando-se de controle de qualidade aplicado às formulações líquidas e semissólidas, que é de competência técnica do farmacêutico, o Conselho Federal de Farmácia (CFF), em sua resolução número 467, de 28 de novembro de 2007, indica: Art. 9º - O farmacêutico é responsável pelo controle de qualidade do pro- cesso de manipulação de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos magistrais, cabendo-lhe no exercício dessa atividade: I - Especificar a matéria-prima de acordo com a referência estabelecida; II - Aprovar ou rejeitar matéria-prima, produto semiacabado, produto acabado e material de embalagem; III - Selecionar e definir literatura, métodos e equipamentos; IV - Estabelecer procedimentos para especificações, amostragens e métodos de ensaio; V – Manter o registro das análises efetuadas; VI – Garantir e registrar a manutenção dos equipamentos; VII – Definir a periodicidade e registrar a calibração dos equipamentos, quando aplicável (BRASIL, 2007, documento on-line). Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas10 Se você quiser ler na íntegra o texto da Resolução nº 467/2007 do Conselho Federal de Farmácia, acesse o link a seguir: https://qrgo.page.link/xCs5n As bases galênicas podem ser formuladas nos próprios estabelecimentos de manipulação e/ou magistrais, ou podem ser adquiridas de fornecedores de insumos farmacêuticos. As manipulações devem seguir a formulação- -referência, que deve estar padronizada e validada para o preparo em cada estabelecimento. O volume de bases preparadas deve obedecer à demanda e aos processos internos de trabalho, de modo que se garanta a estabilidade e a validade adequadas durante a manipulação e o estoque, bem como se garanta os mesmos requisitos nos produtos acabados que são utilizados pelos clientes. Todo o processo farmacotécnico de preparo das bases galênicas, desde a seleção dos lotes de insumos até os controles de qualidade de produtos acabados devem ser registrados. É importante que esse controle não se limite apenas à verificação de aspectos físico-químicos, como características organolép- ticas, densidade, viscosidade e aspectos microbiológicos, sendo igualmente importante a verificação de aspectos sensoriais como índices de pegajosidade, umidade, espalhamento e resíduos. O profissional da farmácia deve utilizar os resultados dessas análises não apenas para arquivamento; as análises devem ser utilizadas como base para a verificação de melhorias nos aspectos de estabilidade e sensorial dos produtos, critérios que determinarão a aceitabilidade dos usuários. As aplicabilidades farmacêuticas das bases galênicas são muitas, sendo as de uso interno e tópico as mais comuns. Especialmente no uso tópico, a farma- cotécnica aplicada às bases destinadas a veicular cosméticos tem ganhado des- taque, principalmente quando se fala de agentes químicos que promovem a per- meação cutânea, também chamados de promotores de permeação. O Quadro 1 lista alguns componentes que desempenham esse papel nas formulações. 11Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Fonte: Adaptado de Rafeiro (2013). Classificação química Potenciador Álcoois Álcoois de cadeia curta (etanol, álcool isopropílico) Álcoois de cadeia longa (decanol, hexanol, álcool laurílico, álcool miristílico, octanol, dodecanol octil, álcool linoleico) Amidos Amidos cíclicos (azona) Ésteres Ésteres de alquilo (acetato de etilo) Ésteres de benzoato (salicilato de octilo) Ésteres de ácidos gordos (miristato isopropilo) Ácidos gordos Ácido oleico Glicóis Propilenoglicol (PG) Pirrolidonas N-metil-2-pirrolidona (NMP) Sulfóxidos Dimetil sulfóxido (DMSO) Surfactantes Surfactante aniônico (Lauril Sulfato de Sódio (SLS)) Surfactantes catiônicos Surfactantes não iônicos (Brij e Tween 80) Óleos essenciais Mentol Ciclodextrinas α-ciclodextrinas β-ciclodextrinas γ-ciclodextrinas Quadro 1. Promotores químicos de permeação cutânea A difícil solubilização e dissolução de fármacos pouco solúveis ou pouco biodisponíveis e estáveis é um problema dentro da biotecnologia e da farmacotécnica farmacêuticas. Uma solução para minimizar esses entraves é a aplicação de ciclodextrinas em formas farmacêuticas diversas, incluindo as líquidas e semissólidas. Compreenda de que forma isso acontece com a sugestão de leitura disponível no link a seguir: https://qrgo.page.link/adQLX Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas12 ALLEN JR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Formulário na- cional da farmacopeia brasileira. 2. ed. Brasília, DF, Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259372/FNFB+2_Revisao_2_CO- FAR_setembro_2012_atual.pdf/20eb2969-57a9-46e2-8c3b-6d79dccf0741. Acesso em: 12 nov. 2019. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 467 de 28 de novembro de 2007. Define, regulamenta e estabelece as atribuições e competências do farmacêutico na manipulação de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos. Brasília, DF, 2007. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/467.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019. RAFEIRO, D. F. B. Novas estratégias de promoção da permeação transdérmica. 2013. Dis- sertação (Mestrado)- Universidade Lusófona, Lisboa, 2013. Disponível em: http:// recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/4376/Tese%20Final_Daniela%20Ra- feiro_20094910.pdf?sequence=1. Acesso em: 12 nov. 2019. THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medica- mentos. Porto Alegre: Artmed, 2016. Leituras recomendadas GUEDES, F. de L. et al. Ciclodextrinas como adjuvante tecnológico para melhorar a biodisponibilidade de fármacos. Revista Brasileira de Farmácia, v. 89, n. 3, p. 220−225, 2008. Disponível em: http://rbfarma.org.br/files/140_pag_220a225_ciclodextrinas. pdf. Acesso em: 12 nov. 2019. MEDEIROS, M. dos S.; GARRUTI, D. dos S. Estudos de palatabilidade de medicamentos: análise sensorial e aceitabilidade de formulações pediátricas. Vigilância Sanitária em Debate, v. 6, n. 2, p. 44−53, 2018. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/ index.php/visaemdebate/article/view/1011/444. Acesso em: 12 nov. 2019. THE COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES. Commission Decision of 9 February 2006: amending Decision 96/335/EC establishing an inventory and a common nomen- clature of ingredients employed in cosmetic products. Official Journal of the European Union, 2006. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/PDF/?u ri=CELEX:32006D0257&from=EN. Acesso em: 12 nov. 2019. 13Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Bases galênicas utilizadas em formulações líquidas e semissólidas14
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