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EBOOK Fundamentos Históricos, Socioculturais, Éticos E Didática Aplicados à Educação Física

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, 
SOCIOCULTURAIS, ÉTICOS 
E DIDÁTICA APLICADOS À 
EDUCAÇÃO FÍSICA
PROF.A DRA. PAULA MARRONI 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 4
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................................................................... 6
1.1 A IMPORTÂNCIA DE ESTUDAR HISTÓRIA .......................................................................................................... 6
1.2 ELEMENTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA RELACIONADOS À PERIODIZAÇÃO: DA PRÉ-HISTÓRIA À 
TRANSIÇÃO DO MEDIEVO PARA A MODERNIDADE ............................................................................................... 11
2. A IMPORTÂNCIA DA ERA DAS REVOLUÇÕES, DO CIENTIFICISMO CRESCENTE E DAS NOVAS RELAÇÕES 
SOCIAIS ....................................................................................................................................................................... 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 20
CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA
PROF.A DRA. PAULA MARRONI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS, 
ÉTICOS E DIDÁTICA APLICADOS À EDUCAÇÃO 
FÍSICA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo(a) à apostila de “Fundamentos Históricos, Socioculturais, Éticos e 
Didática Aplicados à Educação Física”. Eu vou acompanhar você ao longo do desenvolvimento de 
uma disciplina muito importante para a sua formação como futuro professor de educação física.
Esta disciplina é determinante para que você assuma uma postura ante sua profissão. 
Muitas vezes, ao ingressar em um curso de educação física, seja ele bacharelado ou licenciatura, 
temos muita ânsia de aprender os conteúdos específicos de trabalho, mais práticos ou mais 
direcionados à atuação direta, como os esportes ou as danças, não acreditando muito na 
importância de disciplinas de formação inicial ou básica.
Minha tarefa para esta disciplina é, portanto, bastante desafiadora: ao mesmo tempo em 
que é necessário apresentar todos os conteúdos a respeito da nossa formação, também tenho a 
tarefa de aproximar você desse conteúdo com novo olhar, que entende a importância desse tipo 
de disciplina para a formação profissional.
Sendo assim, posso iniciar com alguns questionamentos para que você entenda qual a 
necessidade de estudar sobre esses assuntos. Por exemplo, muito em breve, você terá um diploma 
de educação física e irá trabalhar na área, se tudo correr bem. 
Quando te questionarem sobre a diferença entre licenciatura e bacharelado, como 
você pode responder? 
Você entende os movimentos históricos e sociais que levaram a educação física 
a separar e, em seguida, assumir novamente uma formação só? 
Quanto tempo faz que a educação física é separada em licenciatura e bacharelado?
Aliás, o que é educação física para você? 
Você está estudando este assunto há algum tempo já, como você define educação 
física? 
E quando ela surgiu? 
Será que ela sempre existiu ou ela dependeu de alguns elementos de contexto 
histórico, econômico, político, cultural e social para se estabelecer como ela é 
hoje?
O que você sabe sobre as relações sociais que determinaram a educação física 
como área de conhecimento? 
Ela é igual aqui no Brasil e nos outros países? 
Qual a formação necessária para ser professor de educação física?
Como você observa, por exemplo, as musas fitness, os influenciadores digitais, 
que não são professores de educação física indicando treinos? 
E como você observa também instrutores de academia prescrevendo suplementos?
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Todas essas discussões são possíveis quando você se dedica a estudar uma disciplina de 
formação como esta. Não que ela responda a todas essas questões, mas ela lhe oferece meios para 
poder refletir sobre todas essas questões e formular a sua própria opinião.
Vamos conhecer, então, como ela vai se dividir? Possuímos quatro unidades: reservaremos 
as duas primeiras para o que chamamos de introdução à educação física, e as duas últimas para o 
que chamamos de didática em educação física. Os elementos históricos, sociais e éticos perpassam 
todas as unidades. 
Na primeira unidade, abordaremos especificamente a história da educação física, a 
importância de se estudar história e uma reflexão sobre todas as disciplinas que se iniciam com 
retomadas históricas. Trataremos brevemente da relação entre a história das práticas corporais 
e os diferentes períodos históricos. Assim, abordaremos, de certa forma, a educação física da 
pré-história até à revolução industrial, pois precisamos de um pouco de espaço para entender as 
relações entre as estruturas capitalistas e a instituição da educação física. 
Já na segunda unidade, avançaremos para algumas das raízes europeias da educação física 
no Brasil e abordaremos as revoluções conceituais que a nossa área sofreu no Brasil a partir da 
década de 1970. Assim, poderemos atingir o objetivo da segunda unidade, que, apesar de iniciar 
com o fim da retomada histórica, se propõe a abordar um pouquinho mais a respeito dos dilemas 
entre licenciatura e bacharelado, principalmente ao final da década de 1990 e início dos anos 
2000. 
Essa discussão a respeito da formação profissional também introduz o estudo a respeito da 
ética na nossa profissão. Sendo assim, encerramos com a discussão a respeito de ética profissional 
a primeira parte da nossa disciplina destinada à introdução à educação física.
Na terceira unidade, iniciamos a compreensão da didática retomando relações históricas 
com o tipo de abordagem e seu contexto. Trataremos desde abordagens pedagógicas mais 
amplas,do fim do século 19 até a década de 1980, e a partir da década de 1990, especificamente 
as metodologias emergentes em educação física. O objetivo é que você consiga definir uma forma 
de abordagem para suas aulas, e até entenda como foram realizadas as aulas de educação física 
quando você era estudante.
Na quarta e última unidade, abordaremos alguns aspectos técnicos e formais, que são 
objetos de estudo da didática. Os dois principais são plano de ensino e plano de aula. No plano de 
ensino, compreenderemos as questões relacionadas à ementa, aos objetivos, conteúdos, tipos de 
avaliação, às estruturas de currículo. 
Brevemente, teremos contato com algumas questões relacionadas às políticas públicas 
para a educação, para que você entenda um pouco mais sobre diretrizes curriculares e base 
nacional comum curricular aplicadas à educação física.
No que se refere ao plano de aula, abordaremos as estruturas de espaço para as aulas, 
recursos pessoais, físicos e materiais, abordagens pedagógicas predominantes e referências que 
fundamentam cada plano de aula.
Como você pôde observar, é uma disciplina de conteúdo bastante extenso, amplo 
e complexo, para ser reduzida apenas a uma apostila como esta. Mas esperamos que, ao final 
deste desafio, seja um pouco mais fácil para você responder as perguntas que fiz no início desta 
introdução. Vamos lá?
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Iniciamos as nossas reflexões na primeira unidade. Esta unidade se propõe a tratar 
dos elementos históricos da educação física. Para desenvolver esse conteúdo, relembraremos a 
importância de se estudar história e as relações com as retomadas históricas realizadas em cada 
uma das disciplinas do seu curso.
Em seguida, abordaremos alguns elementos mais especificamente relacionados à história 
da educação física e direcionaremos a nossa atenção aos primórdios das relações capitalistas, das 
revoluções burguesas e industriais, dos manuais europeus e das retomadas de jogos olímpicos. 
Esse período é muito intenso, importante para o desenvolvimento do conhecimento 
a respeito da nossa área e das relações que ocorreram e que possuem desdobramentos até os 
tempos atuais.
Você vai perceber aqui uma transição com a próxima unidade, na qual abordaremos 
também alguns elementos relacionados às raízes europeias na história do Brasil, teoria defendida 
por Soares (2004), que se configura como uma das teorias bastante consideradas quando 
abordamos a história da educação física brasileira até hoje. 
1.1 A Importância de Estudar História
Durante o desenvolvimento do seu curso, você já deve ter se acostumado com o fato de 
que a grande maioria das disciplinas, principalmente as de cunho específico da educação física, 
estão iniciando as suas abordagens com retomadas históricas.
Caso as retomadas não aconteçam no primeiro momento, a relação entre história e o 
objeto do estudo em questão ocorre em algum ponto do desenvolvimento da disciplina. Isso 
se dá porque cada uma das disciplinas precisa apontar contextualização histórica, para que seja 
mais fácil compreender outros elementos, como a contextualização social, econômica, política 
e cultural. A contextualização histórica auxilia também a compreender como uma disciplina é 
caracterizada atualmente, e por qual razão ela possui desmembramentos e às vezes panoramas 
que não fazem sentido se não forem observados pelo viés da história.
É por essa razão que a nossa abordagem histórica a respeito da educação física acaba 
sendo um pouco mais abrangente, mas também focaliza alguns elementos que podem tangenciar 
conhecimentos que você já tenha adquirido. 
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Espero que você já tenha feito isso. Lá vem o spoiler: não vou dar essa resposta ao final 
desta apostila. Você mesma ou você mesmo é que vai, ao final da apostila, comparar o que você 
escreveu ou pensou agora com o que vai acumular de conhecimento nos próximos módulos. Isso 
vai ajudá-lo, enquanto profissional, a observar como você entende e a que se destina a educação 
física em sua opinião. 
Aqui você já tem uma pista sobre algo que vai nortear um pouco as nossas duas primeiras 
unidades: muitos autores apontam que a educação física passa por uma espécie de “crise de 
identidade”, já que ela não se define de apenas uma forma, e muito do que um profissional acredita 
que é a educação física diz respeito ao modo como esse profissional enxerga a área. Eu vou lhe 
contar o que penso que é a educação física, no meu ponto de vista, na segunda unidade.
Voltando às diferentes observações que cada disciplina faz sobre os momentos históricos, 
é por essa razão que não precisamos passar por todos os momentos históricos para poder abordar 
a história da educação física. De certa forma, podemos nos dar ao luxo de elencar alguns que têm 
uma relação maior com o assunto central de que estamos tratando, que é basicamente a nossa 
formação profissional e a história da disciplina nesse contexto.
Você sabe que já teve condição de observar, ao longo dos seus estudos para se formar em 
educação física, que a importância do estudo da história nos auxilia no processo de entender o 
que o homem acumulou de conhecimento ao longo do tempo e busca trazer e perpetuar como 
conhecimento para as próximas gerações.
Essa ideia de trazer conhecimento ao homem ou humanidade ao homem é uma ideia 
desenvolvida e defendida por um grande teórico da educação chamado Dermeval Saviani (2005). 
Apesar de não ser um teórico específico da educação física, muitos de seus desenvolvimentos 
reverberam em nossa área e, por essa razão, é muito importante entender a sua participação em 
nossa área.
Isso já deve ter acontecido com você: estudando, seja história da dança, seja 
história da ginástica, seja história dos jogos, perceber que algo já não é estranho 
e você já ouviu alguma coisa sobre aquele momento histórico em questão. A 
boa notícia é que isso vai acontecer bastante e que você vai refinar, cada vez 
mais, seus conhecimentos e ir conseguindo reconhecer essas diversas nuances 
sobre as contextualizações históricas, de forma que um assunto vai ajudá-lo a 
compreender melhor o outro.
Portanto, não se trata aqui de substituir nenhum texto, os conhecimentos, muito 
menos hierarquizá-los, e sim somar todo esse conhecimento ao que você vem 
construindo sobre o que é e como se constituiu a educação física. Sua opinião 
sobre o assunto vai sendo reformulada a cada disciplina. Isso é construção de 
conhecimento!
Pense nisso. Vamos já fazer um exercício? Escreva no seu caderno, com suas 
palavras, o que é educação física para você, hoje, agora, antes de ter acesso ao 
conhecimento e conteúdo desta disciplina. Se não tiver como escrever agora, ao 
menos, pense. O spoiler está chegando.
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É importante também elencar que o estudo da história não deve ser realizado somente a 
partir de teóricos da educação física. Esse elemento eu defendi no módulo de Ginástica e no de 
Dança. Se você foi ou for meu aluno ou minha aluna em um dos dois, reconhecerá a discussão. 
O estudo da história possui uma forma de pesquisa e de base específica e possui também os seus 
próprios métodos de desenvolvimento.
É muito importante destacar isso, porque, muitas vezes, nós apenas reproduzimos autores 
da educação física e, quando estudamos história, entendemos que se trata de fontes secundárias 
ou terciárias a respeito de um assunto. 
Retomando a discussão sobrefonte, que também já foi realizada em algumas disciplinas 
do seu curso, apenas para relembrar: as fontes primárias são aqueles objetos ou comprovações 
primordiais a respeito de um assunto. As fontes secundárias são os escritos resultantes do contato 
de alguém com a fonte primária e sua descrição ou afirmações a respeito da experiência que teve 
no contato com a fonte primária. A fonte terciária é aquela que se apropria do conhecimento 
passado pela fonte secundária e elabora sua teoria sem ter tido contato com a fonte primária. 
Gosto sempre de usar a Idade Média como exemplo, pois foi o foco do meu doutorado. 
Quando reproduzimos ideias de que a idade média era uma época sem educação, sem o 
desenvolvimento de práticas corporais porque a igreja nos proibia, estamos fazendo uso de uma 
fonte terciária para o estudo da história, reproduzindo autores da educação física que possuem 
uma visão renascentista de como eram as práticas corporais na idade média.
Quando temos o acesso a uma fonte primária, como, por exemplo, O livro da ordem de 
cavalaria, de Raimundo Lúlio, um livro do século 12, e percebemos que o autor buscava teorizar 
sobre como deveria acontecer o treinamento do cavaleiro para a cruzada, podemos entender que, 
durante a idade média, existiam livros escritos a respeito das práticas corporais e da tentativa de 
se registrar em palavras e ações realizadas com o corpo (MARRONI, 2015). Eu pessoalmente tive 
contato com uma transcrição desse livro, que pode ser considerada uma fonte secundária, pois 
eu não vi o original, mas como busca reproduzir as palavras existentes na fonte original, pode ser 
considerada uma fonte de pesquisa.
Nossa sugestão aqui é que você conheça uma obra 
que se originou dos estudos sobre o trabalho de 
Saviani (2005). Ela se c’hama Uma didática para a 
pedagogia histórico-crítica. Elaborada por João Luiz 
Gasparin, um professor e pesquisador maringaense, 
a obra busca organizar os elementos da pedagogia 
histórico-crítica de forma a transformar essa 
abordagem pedagógica em uma materialidade em 
termos didáticos. A referência encontra-se ao final 
desta apostila.
Fonte: Saraiva (2020).
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Agora, por favor, siga o raciocínio comigo: compartilhando essa história com você, eu me 
torno a fonte secundária sobre a informação contida no livro, pois você não viu essa informação, 
você lê o que falo sobre ela. Inclusive, para os mais conservadores, me torno a fonte terciária, já 
que eu sei o que estava escrito a partir de uma transcrição do livro original. Legal, né? 
A partir dessa relação, você foi capaz de entender que existe um livro, entre muitos outros 
livros na idade média, que abordou o assunto práticas corporais. Assim, a partir disso, pode 
refletir a respeito de tudo o que já ouviu até hoje, de que, na idade média, não acontecia nada 
relacionado às práticas corporais, porque as pessoas supostamente eram proibidas pela igreja, por 
exemplo.
Você consegue perceber, nesse exemplo dado, a importância de se estudar história pelo 
viés da história, e não somente pelo viés da educação física? É por essa razão que trazemos alguns 
elementos da historiografia e da história para que você entenda melhor que a relação com a 
história de uma área de conhecimento depende também do olhar e do ponto de vista que é 
estabelecido para aquela área de conhecimento.
Muitas vezes, o ponto de vista é da classe dominante, ou dos que venceram a batalha e 
queimaram todas as outras informações a respeito dos povos que eles dominaram. Muitas vezes, 
estamos abordando também histórias de povos que reproduzem as suas falas de geração para 
geração de forma oral, sem escrevê-las. Neste sentido, se o seu ponto de vista é o de que é história 
apenas o que está escrito, não há validade nas informações que são passadas de geração para 
geração, até que elas estejam escritas em algum lugar. 
Caso você se interesse em saber mais, indico a leitura da tese O 
Livro da ordem de cavalaria, de Raimundo Lúlio: uma proposta de 
educação social pautada no modelo de conduta virtuosa. Nele, você 
pode encontrar, no primeiro capítulo, uma arqueologia da fonte, na 
qual explico as formas de se acessar a fonte primária e reflexões a 
respeito do seu uso. A referência encontra-se ao final desta apostila, 
mas você pode acessá-la pelo link: http://www.ppe.uem.br/teses/2015%20-%20
Paula%20Marroni.pdf.
Pode parecer muito distante esse exemplo, mas podemos abordar cantigas 
de roda, que vão sendo passadas de geração para geração pela tradição oral e 
que carregam em si uma série de ensinamentos e objetivos que nos permitem 
entender um pouco mais sobre a cultura daqueles povos. Podemos abordar as 
brincadeiras de rua que você fazia quando era criança e que algum amiguinho ou 
amiguinha sua, que veio de outra cidade, brincava a mesma coisa, mas de algum 
jeito diferente: porque naquela região houve alguma modificação nesse ensino de 
geração para geração.
http://www.ppe.uem.br/teses/2015%20-%20Paula%20Marroni.pdf
http://www.ppe.uem.br/teses/2015%20-%20Paula%20Marroni.pdf
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Quando estudamos folclore ou outros elementos relacionados à cultura, entendemos 
mais o quanto esse tipo de registro acaba sendo usado como fonte principal em detrimento das 
informações ricas e das inúmeras possibilidades que a cultura oral pode nos passar. É por essa 
razão que alguns historiadores realizaram o que a gente chama de revolução documental, no fim 
da década de 1970 do século passado (BLOCH, 2001).
Para eles, estudar a história oral, os silêncios não ditos pelas pessoas silenciadas ao longo 
da história e outros elementos devem ser considerados, e não somente a história oficial dos 
documentos militares ou dos registros escritos e desenhados. Hoje até consideramos um pouco 
mais comum falar sobre os silenciados da história ou considerar a história por meio de registros 
não escritos, como quando retomamos a história do circo por meio de cartazes e de bilhetes de 
entrada. Mas, antes dessa revolução documental, não era tão comum assim.
Essa história nos permite refletir a respeito de uma série de relações antropológicas entre 
os gestos corporais que nós executamos hoje e o seu passado histórico. Como exemplo, temos 
a retomada antropológica que muitos autores fazem dos movimentos realizados no atletismo 
ou dos movimentos realizados na ginástica e sua relação com o homem primitivo, que buscava 
sobrevivência e abrigo. Talvez você não tenha percebido, mas já entramos fundo na história da 
educação física!
Após entender o conceito de fonte e o conceito de revolução documental, o último 
elemento que gostamos de trazer à tona quando abordamos essas relações de retomada histórica 
é o conceito de periodização, ou seja, a divisão dos momentos históricos. A periodização clássica 
define cinco períodos históricos pelos quais teríamos passado, e alguns marcos históricos para 
que seja definida a passagem de um para outro deles.
Figura 1 - Periodização histórica. 
Fonte: História fácil (2020).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Os cinco períodos históricos mais conhecidos são os seguintes. O período pré-histórico, 
antes da invenção da escrita. Em seguida, a antiguidade clássica, representada principalmente 
pelo apogeu das civilizações greco-romana, egípcia e mesopotâmica. Neste, a grande maioria 
das informações que temos é do leste europeu ou do centro da Eurásia e norte da África, o 
que não quer dizer que não existam elementos importantesna Ásia, Oceania e Américas. Em 
seguida, o período medieval, no qual a grande maioria das informações que temos é da Europa, 
leste europeu e África perto da região do mar mediterrâneo, e em seu final o período em que se 
iniciaram as grandes navegações. Na sequência, temos o período marcado pela história moderna, 
período de grandes colonizações ao redor do mundo e no qual o centro europeu sai de uma vida 
feudal para uma vida citadina e as estruturas sociais se consolidam de forma a culminar nas 
chamadas revoluções burguesas e industriais, que marcam o início da quinta e última fase, a era 
contemporânea. Para alguns autores, ainda nos localizamos na era contemporânea e, para outros, 
já estamos em uma nova era, que pode ser chamada de tecnológica ou digital.
É importante ressaltar que a história é realizada por intermédio de rupturas e permanências. 
Isso significa que algumas das estruturas antigas ou medievais permanecem até hoje, enquanto 
outras estruturas já não são mais parte, não fazem sentido no mundo em que vivemos. São essas 
permanências e rupturas que, muitas vezes, nos fazem confundir uma época ou outra, pois trazem 
traços de sociedades que já não mais existem sobrepostos a características de outras sociedades.
Sobre tudo isso de que tratamos até o momento, você já conseguiu observar que, quando 
abordamos a história da educação física, falamos um pouquinho de momentos que você já vem 
conhecendo ao longo das outras disciplinas. Por isso, retomaremos alguns deles que podem nos 
auxiliar mais agora.
1.2 Elementos da História da Educação Física Relacionados à Periodização: 
da Pré-História à Transição do Medievo para a Modernidade
Quando tratamos dos elementos da história da educação física, tendo em vista uma 
organização baseada na periodização já mencionada, nos propomos a abordar brevemente um 
pouco da história das práticas corporais em cada uma das épocas. 
Entretanto, os elementos da cultura corporal, tais como os que tratamos como conteúdos 
estruturantes da educação física (jogos, dança, ginásticas, lutas, atividades na natureza e esportes 
individuais e coletivos), possuem um direcionamento histórico mais específico e se direcionam 
mais profundamente em cada disciplina. 
Nesse sentido, retomaremos alguns aspectos mais gerais acerca das relações entre história 
e práticas corporais nos períodos pré-história, história antiga, história medieval e história 
moderna. O período de transição entre a história medieval e moderna é tão profuso para nossa 
área, que continuará no próximo tópico. Além disso, a história contemporânea possui um link 
entre esta unidade e a Unidade 2. 
No que se refere à pré-história, ou seja, época em que não tínhamos ainda a história 
escrita, voltamos às nossas prerrogativas em cima de conhecimentos acumulados pelos cientistas 
das ciências biológicas, da história, da sociologia, da antropologia. Esses teóricos levam em 
consideração um conjunto de informações para trazer os elementos para entender o homem 
primitivo.
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O referido filme tenta colocar a relação entre três diferentes grupos de seres humanos, 
cada um em um nível de evolução. Eles não necessariamente se encontraram na vida real, mas o 
desenrolar da história de encontros entre eles é para explicar, em um sentido figurativo, a relação 
entre esses três tipos diferentes de humanos e o nível de desenvolvimento civilizatório em que 
eles se encontravam.
Resumidamente, os primeiros eram ainda peludos e selvagens, comunicavam-se por 
brunidos e viviam em cavernas. O segundo grupo era formado por homens já sem tantos pelos 
e que usavam roupas de animais, pois caçavam e guerreavam, o que significa que já dominavam 
o uso das mãos nas atividades produtivas e na manipulação das pedras lascadas, por exemplo.
No terceiro nível, temos a representação de uma mulher sem pelos, que tomava banho, 
que pintava o corpo e que sabia fazer fogo. Os grupos anteriores usavam o fogo que vivia aceso, 
advindo de algum raio ou incêndio, sem que ninguém apagasse, pois não sabiam fazê-lo. Era o 
grande tesouro do grupo de nômades, que se revezavam em quem seria o guardião do fogo, ou o 
responsável para que aquela chama não se apagasse e pudesse ser útil à noite, quando parassem a 
caminhada para dormir, se aquecerem e se alimentarem com o calor do fogo.
Essa mulher, do terceiro grupo, já vivia em uma civilização, com organização social e um 
líder. A organização da vida já estava em grupos, mas sempre mantendo a relação mútua com a 
natureza. 
Salientamos que, provavelmente, a atividade corporal dessa época realiza-se com vistas à 
sobrevivência. Aos poucos, o desenvolvimento e o progresso cultural podem ser observados ao 
longo da lapidação, do trabalho manual, da linguagem e da organização.
Com o tempo, o trabalho também auxilia no desenvolvimento do corpo e vice-versa, com 
o aperfeiçoamento de habilidades que vão auxiliar no processo de sobrevivência. Nesse momento, 
o corpo era utilizado principalmente para a produção, a caça, a pesca e as lutas.
A respeito desse assunto, um dos filmes mais comumente 
evocados para que compreendamos esse período histórico 
é a Guerra do fogo (ANNAUD, 1981). Deixamos aqui como 
sugestão para você. 
Figura 2 - A guerra do fogo.
Fonte: Annaud (1981).
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Com o passar do tempo, sugere-se que foi sendo inserido aos poucos a origem do lazer 
e da cultura física, de forma que o treinamento do corpo, com o objetivo de que estivesse pronto 
para situações de guerra, passou a ser uma prática realizada pelos grupos de humanos. A guerra e 
a sobrevivência ainda poderiam ser o foco principal, mas, ao invés de adquirirem a musculatura 
rígida por essas atividades, adquiriam-na antes, em treinamentos, podendo usufruir do vigor e da 
força física nos momentos de guerra. Você percebe a diferença?
Com o passar do tempo, as organizações sociais também permitiram a crescente divisão 
de classes entre os dominantes e os dominados. Porém, vale ressaltar que as necessidades foram 
supridas, uma por uma. Inclusive, existem teorias que trazem a ideia de que é a criação de 
necessidades e a busca por saná-las que trazem o desenvolvimento humano. 
Com o tempo, também foi possível entender as relações de afetividade e sentimento. 
Dessa forma, não temos apenas as características biológicas de uma sociedade primitiva, mas 
uma sociedade que possui relações comunitárias e que evolui, consequentemente, faz-se uma 
sociedade com distinção entre as pessoas. 
Quando a comunicação passou a ser registrada, temos a ideia de escrita, que comumente 
é usada como o marco de transferência entre o período pré-histórico e o período histórico. O 
período histórico inicia-se com a antiguidade, ou história antiga. Estamos falando de alguns mil 
anos antes da era cristã, ou na nossa contagem de tempo a partir do ano 0 como referência. 
Nesse período, temos mais informações a respeito da região da Mesopotâmia, da Grécia 
ou do território que hoje chamamos de Grécia, e do antigo Egito. Porém, não se esqueça: isso não 
quer dizer que não tenhamos a possibilidade de descobrir muitas informações sobre as histórias 
das práticas corporais em outros locais do mundo, na mesma época.
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Nós, da educação física, gostamos de focar bastante a nossa atenção na sociedade grega, 
por conta de algumas características que remontam à história da educação física no que se refere 
à própria constituição da ginásticae dos jogos olímpicos, da educação dos corpos e da relação 
saudável entre corpo e mente.
Figura 3 - Os jogos olímpicos da Antiguidade.
Fonte: Iglesias (2016).
A sociedade grega passou por diferentes períodos: homérico, arcaico, clássico e helenístico. 
Existem registros de que as comemorações das vitórias com jogos e competições homenageando 
os deuses do Olimpo e os mortos na guerra tenham iniciado ainda no período homérico, de 1150 
a 800 antes de Cristo.
Você sabe por que tratamos esse período como “homérico”? O autor de duas 
obras importantes, Ilíada e Odisseia, teria sido Homero. Sobre esse período, temos 
poucas informações, e todas as que temos estão baseadas nas linhas dessas 
duas epopeias. É por essa razão que tratamos esse período como homérico.
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Se pensarmos nos jogos para as comemorações de vitória, chamados de pan-helenísticos, 
é importante ressaltar que havia então mais de uma necessidade para um corpo com musculatura 
definida e força: não somente necessários para a guerra, mas também necessários para o esporte, 
um treino por vontade própria e não mais por sobrevivência.
Avançando no tempo, no período arcaico, esses jogos passaram a ser tratados como os 
Jogos Olímpicos. Esses jogos determinavam se, para os deuses do Olimpo, poderiam ser cessadas 
as guerras e celebrar a harmonia entre os povos. Informações nos trazem a data de 776 a. C. 
como um dos primeiros Jogos Olímpicos registrados. Já adiantamos que eles terão uma grande 
pausa entre os anos 78 a. C. e 1896 d. C., quando retomamos os Jogos Olímpicos da Era Moderna. 
Falaremos desse assunto na próxima unidade.
É também nesse período que, considerando as divisões sociais entre homens livres e 
escravos, temos um grupo que pôde se dedicar, principalmente se tratamos do período clássico, 
ao que chamamos de ócio. O ócio grego não tem muita relação com a vulgarização do termo na 
atualidade. Se hoje o tempo ocioso é visto de forma negativa como um tempo de desocupados, na 
Grécia antiga, o ócio era considerado o tempo que sobrava para se fazer ciência. 
A própria ginástica, usada como treinamento do corpo, que podia ou não ser aproveitada 
para a guerra e para os esportes, passa a ser praticada por seu apelo à sanidade mental e bons 
pensamentos que poderia trazer. É dessa época, na Grécia Antiga, a relação que se dá entre mente 
sã e corpo são, e a primeira característica que temos de valorização das práticas de atividade física 
para a qualidade de vida, mesmo que ela não tenha esse nome ainda nessa época.
Normalmente, quando se trata de antiguidade, abordamos um pouco de algumas 
características que aconteceram no império romano, até mesmo antes de ele se tornar um império.
O povo romano era um povo agropastoril, mas que possuía a prática de conquistar as 
terras vizinhas e anexá-las ao próprio território. Isso gerava algumas crises e algumas brigas 
internas, revelando inclusive uma luta de classes, o que fazia com que o povo romano fosse esse 
grupo muito voltado à guerra, seja contra agentes externos, seja com as brigas internas. 
Não é à toa que, normalmente, as características da história da educação física relacionadas 
ao povo romano envolvem mais a guerra, o desapego pela vida e o gosto pela violência e pelas 
práticas corporais que envolviam as lutas. Essas lutas podiam ocorrer entre homens, lutas entre 
homens e animais e gosto por assistir a lutas entre animais.
Não podemos perder de vista a importância da religião nesse processo, da crescente 
formação de seitas que pregavam a igualdade social. Em uma delas, especificamente o cristianismo, 
o império romano encontrou solo fértil para sua expansão. Não percamos de vista, também, 
a importância que a religião cristã tem nesse processo de transição entre o que chamamos de 
antiguidade e medievo. 
Um dos marcos mais conhecidos para essa transição são as invasões bárbaras, a invasões 
de povos do Norte europeu, que auxiliarão no processo de fuga e direcionamento das pessoas 
para os interiores, o campo, que de forma crescente vão ser propriedades rurais constituídas 
como feudos.
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Mas, atenção! Estamos abordando aqui uma história de aproximadamente 1000 anos, 
entre o início da idade média e seu apogeu e queda. Portanto, é muito importante destacar que a 
idade média não foi linear, ela possui uma série de fases. Resumidamente, essas fases vão desde 
o processo inicial de agrupamento e estabelecimento de relações pessoais, que vão resultar no 
futuro entre senhores feudais e seus vassalos. Além disso, são essas relações sociais que vão se 
materializar na constituição dos homens camponeses, que buscam abrigo em feudos, para poder 
ter segurança e um solo e, em troca, oferecem os alimentos básicos para a subsistência para os 
senhores.
Figura 4 - Sociedade medieval.
Fonte: Besen (2011).
Como temos pouco espaço para abordar essas questões, é necessário que você tenha em 
mente que toda a magnitude da idade média e suas complexas relações não se resumem a esse 
parágrafo. São muitos os desenvolvimentos tecnológicos relacionados aos processos de plantio de 
produtividade agrícola, que vão sendo responsáveis pela existência de excedentes agrícolas, que 
permitem trocas com outras propriedades rurais. 
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Essas trocas, aos poucos, vão se constituir em grandes feiras populares e pontos de 
comércio e rotas de comerciantes de peregrinos e de exércitos. Essas rotas comerciais acabam 
estabelecendo alguns pontos de parada para dormir para se alimentar; aos poucos, vão sendo 
agrupados novos negócios, e não à toa as cidades acabam ressurgindo em locais estratégicos 
originados pelas rotas de comércio. Esse período, que marca o crescimento do comércio, a 
existência de vizinhos e de organizações que vão chamar de cidades, marca a transição entre o 
medievo e a idade moderna. 
As práticas destinadas ao lazer, à recreação também não deixaram de existir e foram 
passadas de geração para geração, algumas mais evidentes e relacionadas às festas e folguedos, 
às comemorações religiosas e às celebrações de guerra, outras um pouco mais relacionadas à 
diversão e às práticas dentro da vida privada, dentro das paredes do castelo e dos salões de baile.
O corpo nunca deixou de ter o seu espaço, das mais variadas formas, conforme registrado 
por pintores do fim dessa época, que registram as práticas relacionadas às brincadeiras e ao 
cotidiano das pessoas.
Nessa época, nós temos também os empreendimentos importantes realizados com fins 
religiosos e econômicos chamados de cruzadas, além do início do que tratamos como expansão 
marítima, que se relaciona à busca de novas terras que vão ser colonizadas e permitir o envio 
de matérias-primas para serem manufaturadas. Estamos em um período muito importante de 
transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.
Antes de encerrar essa parte da periodização, vamos refletir mais um pouco: 
onde ficou o corpo durante a idade média? O tempo todo, em todos os lugares, 
conforme você pôde observar, estudando a história das outras manifestações da 
cultura corporal de movimento. Você vai ver, ou relembrar, que os jogos, as lutas, 
os esportes, as danças, a ginástica e todas as práticas relacionadas ao corpo 
nunca deixaram de existir. 
Os pintores Georges Seurat e Peter Brueguel realizaram elementos muito 
importantes acerca de registros sobre as práticas corporais na idade média.
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2. A IMPORTÂNCIA DA ERA DAS REVOLUÇÕES, DO CIENTIFICISMO 
CRESCENTE E DAS NOVAS RELAÇÕES SOCIAIS
Conforme já salientei anteriormente, esse período, que transita entre a idade média e a 
idade moderna, possui tantas possibilidades de observação que também não seria possível de 
resumir aqui. Mas, no momento, vamos focar duas: o nascimento do capitalismo e os manuais 
científicos. 
Para tornar mais fácil a compreensão, quando abordamos o capitalismo, tratamos das 
relações de trabalho, que vão permitir a existência do ócio / lazer, a utilidade do corpo de forma 
saudável para proteger a população dos males e estarem mais saudáveis e aptos para o trabalho. 
Já quando tratamos dos manuais científicos, observamos a crescente cientifização, que busca 
registrar os elementos já acumulados pelo homem até então, em todas as áreas, movimento que 
começou já na última parte da idade média. 
Para isso, precisamos nos lembrar das relações entre os artesãos, que eram proprietários 
das oficinas de instrumentos de trabalho e de matérias-primas e que atuavam como pequenos 
empresários independentes. Nesse período, já não atuavam mais dentro do sistema manufatureiro 
doméstico. Alguns possuíam os materiais, as pequenas máquinas. Outros não possuíam nada, 
mas sabiam executar suas funções.
Aqui temos as raízes do que chamamos de sistema capitalista, no qual um grupo vai deter 
os meios de produção e o outro grupo vai deter a sua força, que não tinha acesso às matérias-
primas nem aos instrumentos para produção, mas sabia realizar a tarefa, vendia sua força de 
trabalho em troca, inicialmente, de produtos e, em seguida, de alimentos e, com o passar do 
tempo, em troca de uma moeda que se convencionou chamar de salário. 
Essas relações sociais vão culminar nos elementos adiante, que se relacionam com 
os horários de trabalho e a compreensão crescente, por parte dos proprietários dos meios de 
produção, de que era necessário aos trabalhadores que fossem saudáveis. As práticas corporais 
ao ar livre passam a ser incentivadas, de forma que o corpo permaneça forte e vigoroso para o 
trabalho e que os proprietários tenham menos funcionários doentes. 
Não havia leis trabalhistas como conhecemos, pois elas são fruto de tensões sociais, lutas 
e greves, nas quais os trabalhadores foram conquistando, aos poucos, o direito a ter, para além 
do período de descanso, um período sem trabalho, o que vai se chamar tempo livre, de direito ao 
lazer. 
Essa luta foi intencional e o oferecimento desse horário foi intencional também, já que 
os proprietários foram percebendo a necessidade de consumo da matéria-prima excedente 
no horário livre, além do relaxamento e descarga de emoções do trabalho, que permitiam ao 
trabalhador estar mais concentrado, apto e produtivo no dia seguinte.
Paralelamente a toda essa situação das raízes capitalistas, que permitem a consideração 
das práticas corporais como uma forma de manter a sociedade saudável, o que vai demandar, aos 
poucos, profissionais que sejam capazes de lidar com essas questões, e também de momentos de 
lazer, que vai demandar equipamentos específicos para isso, nós temos a importância do processo 
de cientificismo. 
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Sobre esse assunto, resumidamente, abordamos que crescia, cada vez mais, a preocupação 
das sociedades europeias e do norte da África em registrar todos os elementos que haviam sido 
conhecidos e acumulados pelo ser humano, todas as sabedorias em todas as áreas técnicas, 
tecnológicas, científicas, sociais, humanas, artísticas e também corporais, entre outras. A 
preocupação com o registro dessas informações já vinha de alguns homens da idade média, e 
passa a ser uma prática mais profusa e intensa nos séculos seguintes, na Idade Moderna. 
Registrar em manuais as técnicas conhecidas, entre elas, as técnicas corporais, portanto, 
passa a ser uma prática crescente que vai culminar nos séculos 17 e 18. Em se tratando 
especificamente da Educação Física, nessa época, existem o que chamamos de manuais de 
ginástica, que buscam resolver um problema que a educação física sempre teve e sempre terá: 
registrar, em forma de linguagem escrita, os gestos corporais e sua amplitude de possibilidades 
e significados, que possuem uma matriz diferente da verbal e, por isso, difícil de se colocar em 
palavras. 
Essa dificuldade de descrever em palavras os gestos corporais você pode observar 
até hoje, quando você tenta descrever em palavras uma atividade de dança ou 
de recreação, e conseguir que algum colega consiga entender a prática à qual 
você se refere. Por essa razão, usamos tantas imagens, para tentar especificar um 
pouco mais o gesto ao qual estamos nos referindo em alguma descrição. Essa 
dificuldade que você sente, as pessoas sempre sentiram. E, provavelmente, vão 
sentir.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
São inúmeras as obras que buscam o registro dos gestos corporais de forma escrita. Sobre 
o medievo, já citamos O Livro da ordem de cavalaria, de Raimundo Lúlio (1272-1283), mas 
também temos O livro dos jogos, de Afonso X. Em se tratando dos períodos da Idade Moderna, 
uma das mais emblemáticas são os manuais de ginástica do século XVIII, como Ginástica e moral, 
do Coronel Amoros y Odeano, Ginástica para a juventude, de Guts Muths, entre outros.
Vale ressaltar que, se as práticas corporais se conectavam, ao longo da história, bastante 
com a guerra, é importante compreender por qual razão as primeiras práticas de educação 
física, já na Idade Moderna, com vistas a práticas importantes para uma sociedade saudável, são 
realizadas, muitas vezes, por militares e ex-militares. É daí que você pode reconhecer as práticas 
de ginásticas calistênicas, de termos como educação física militarista, entre outros elementos. 
Perceba que há uma conexão muito intensa entre as práticas corporais da sociedade sendo 
conduzidas pelos militares e ex-militares.
Continuaremos abordando algumas dessas características na segunda unidade, pois 
traremos algumas dessas relações capitalistas e dos manuais de ginástica para a educação física 
no Brasil.
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 22
1. COMPREENDENDO AS RELAÇÕES ENTRE AS MATRIZES EUROPEIAS PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA 
BRASILEIRA ................................................................................................................................................................ 23
2. A EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO NO BRASIL: LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA...................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 35
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL E O PARADOXO 
LICENCIATURA E BACHARELADO: FRONTEIRAS COM 
A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
PROF.A DRA. PAULA MARRONI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS, 
ÉTICOS E DIDÁTICA APLICADOS À EDUCAÇÃO 
FÍSICA
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INTRODUÇÃO
Nossa missão nesta unidade é bastante ousada! Avançar nas matrizes históricas da 
educação física no Brasil, entendendo por qual razão háuma crítica na constituição da educação 
física brasileira nos moldes europeus, para corpos europeus e não brasileiros. Essa é a primeira 
parte de nossa unidade.
Em seguida, vamos avançar para alguns elementos da educação física no Brasil em 
termos do que chamamos de crise de identidade da educação física em nosso país: afinal, o que 
é educação física? Essa discussão fica ainda mais acentuada na década de 1970, com o retorno de 
profissionais brasileiros que fizeram seus estudos em outros países e começaram a se agrupar em 
congressos, estudos, grupos de trabalho. 
De posse desse conhecimento, você vai perceber, na próxima unidade, que esse momento 
do fim dos anos 1970 possui muita relação com as manifestações das abordagens pedagógicas da 
educação física no Brasil. Por isso, é necessário dar muita atenção aqui, pois retomaremos esse 
período de discussão entre a década de 1980 e 1990 e a educação física ao tratarmos de didática, 
na próxima unidade.
Além disso, abordaremos algumas questões relacionadas à legislação brasileira e à 
educação física, focalizando algumas políticas públicas da educação aplicadas à educação física. 
Vamos nos concentrar em abordar a Constituição Federal de 1988 e o papel da educação e da 
educação física na LDB 9394/96 como os dois momentos mais importantes referentes à educação 
e à educação física. São as leis que embasam nossa área em todo o território nacional.
Avançaremos então nos movimentos que culminaram no estabelecimento do profissional 
de educação física amparado por lei, que permitiu a formação de cursos de bacharelado no país 
e posterior ingresso único das habilitações entre licenciatura e bacharelado. Obviamente, este 
assunto é bastante dinâmico e vale observar, dependendo de quando você está tendo acesso a este 
material, se ele está atualizado nesse aspecto. Preparado?
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1. COMPREENDENDO AS RELAÇÕES ENTRE AS MATRIZES EUROPEIAS 
PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA
Conforme vimos na unidade anterior, dois elementos muito importantes para a 
constituição da educação física como conhecemos hoje originam-se na Idade Moderna. Tanto 
a transição para o sistema capitalista, e todo o contexto de necessidade de saúde da população, 
quanto a elaboração de manuais de exercícios físicos, marcam o que chamamos de início da 
educação física enquanto área de conhecimento, como conhecemos hoje. 
Salientamos que, conforme você já compreendeu, isso não significa que as práticas 
corporais não tivessem acontecido antes na história da humanidade. Elas só não eram nomeadas 
como “educação física”.
Os manuais de exercícios físicos, ou de ginástica, elaborados no século XVIII, possuem 
relação direta com as matrizes de escolas de ginástica da Europa. Nesse sentido, os movimentos 
ginásticos europeus relacionam-se com as escolas inglesa, alemã, nórdica e francesa. Esse é um 
assunto mais especificamente abordado nas disciplinas de Ginástica, mas é retomado aqui pela 
sua importância e relação com a temática.
Quando abordamos os movimentos ginásticos europeus (SOARES, 2004), estamos falando 
de um homem saudável e necessário para o contexto específico daquela época. O contexto desse 
homem necessariamente saudável é apresentado por Soares, para quem o homem produtivo e 
biologicamente saudável era necessário para a sociedade que estava adentrando paulatinamente 
o sistema capitalista. Esse corpo se tratava de um corpo social, e não apenas individual. 
Era um corpo que vivia em sociedade e, se fosse saudável, auxiliaria no processo de seu 
desenvolvimento e, se fosse doente, prejudicaria não somente a si e aos seus, mas toda a força da 
cadeia produtiva. Para isso, era necessário que esse corpo possuísse saúde, disciplina e civismo.
O livro Imagens da educação no corpo, de Carmen 
Lúcia Soares, salienta a importância da transição 
da idade média para a idade moderna e essas 
relações sociais que permeiam os manuais de 
ginástica e de moral. Ela pauta-se principalmente 
no manual de Ginástica e moral de Amoros y 
Odeano. A referência encontra-se ao final desta 
apostila.
 
Fonte: Amazon (2020).
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Essas três características são bastante comuns a todos os movimentos ginásticos europeus: 
saúde, disciplina e civismo. Entretanto, existem algumas especificidades, mas, ainda que com 
especificidades, esses movimentos ginásticos são elaborados no contexto da Europa e é por essa 
razão que eles são criticados quando se trata de educação física no Brasil.
Afinal, para quem ainda não entendeu por qual razão nós estamos falando a respeito 
de como a educação física se consolidava na Europa, aqui vai uma explicação um pouco mais 
evidente: a matriz da educação física do nosso país veio dessa ambientação europeia, e muito se 
critica a respeito desse assunto. 
Sendo assim, quando tratamos da educação física no Brasil, são esses movimentos 
ginásticos europeus que se relacionam com a história das instituições médicas e militares em 
nosso país. Foram esses movimentos que inspiraram as raízes da educação física em nosso 
território nacional e, podemos dizer, que inspiraram toda a constituição da educação física no 
nosso país.
Por essa razão, a educação física no Brasil também está carregada dos mesmos elementos: 
saúde, disciplina e civismo. Nesse sentido, tratamos aqui de uma prática corporal com foco nas 
práticas médicas e higiênicas, o que chamamos de medicalização da sociedade, dentro de um 
projeto burguês de civilidade que foi esboçado para o nosso país. 
Segundo Herold Júnior (2005), o século 19 é particularmente importante para o 
entendimento da educação física no Brasil, uma vez que os elementos importados de uma 
ginástica e uma educação corporal como disciplina obrigatória na Europa trouxeram as mesmas 
bases de valores sociais: ordem, força e fortes componentes morais.
Em alguns ambientes, era importante verificar a simplicidade e a naturalidade dos 
movimentos, já que eles eram direcionados para o corpo do trabalhador. Não poderia, portanto, 
ser muito difícil em termos de execução, justamente porque uma técnica muito elaborada seria 
inacessível e não seria útil para seu objetivo final de manter a saúde do trabalhador, incentivando 
suas forças produtivas. 
Para este assunto, a melhor indicação de leitura é 
o livro Educação Física: raízes europeias e Brasil, 
de Carmen Lúcia Soares. Ela aborda cada um dos 
movimentos ginásticos europeus e tece reflexões 
acerca de como os movimentos ginásticos, 
importados para o Brasil sem as especificidades do 
público brasileiro, podem ter contribuído para uma 
educação física que, em seu início, seguia padrões 
higienistas e eugenistas, fundamentando-se 
prioritariamente em práticas similares às militares.
Fonte: Amazon (2020).
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A este assunto, ainda segundo Herold Júnior (2005), a educação física no Brasil era 
considerada instrução física, pautada no patriotismo, mola propulsora de energia para o progresso 
do país e para educação de todos. Por essa razão, havia grande preconceito em relação a exercícios 
que fossem somente acrobáticos ou que possuíssem uma carga de excesso atlético, considerados 
até mesmo narcisistas.
Essas práticas utilitárias ainda possuem mais matrizes. Sobre esse assunto, Herold Júnior 
(2005) traz uma citação do instrutor de práticas físicas Fernando de Azevedo. Este, no contexto 
do início do século XX no Brasil, sugere que, na educação física, é saudável e necessário mantera 
rotina de exercícios formais e excluir das escolas as práticas de funambulismo. Traduzimos essas 
práticas de funambulismo como práticas de ginástica ou de uma educação física mais acrobática. 
Ele ainda completa dizendo que, se tais práticas utilitárias fossem bastante realizadas, abrir-se-
iam mais escolas e fechar-se-iam mais hospitais, pois a população seria saudável.
Essas questões são muito importantes de serem mencionadas, pois a educação física no 
nosso país era tratada de forma higienista, considerada uma forma de retirar os males da sociedade, 
reduzindo os aspectos prejudiciais (os males) e as doenças que atrapalhavam os trabalhadores no 
seu dia a dia, de forma a torná-los mais sadios e dispostos e, por isso, mais produtivos.
Ainda a respeito dessas raízes históricas da educação física no Brasil, segundo Ferreira 
Neto (1999), o início dos regulamentos de ensino sobre a educação física refere-se ao sistema de 
ensino militar entre 1889 e 1995. A sistematização da educação física entre militares e civis ocorre 
em 1919 com a criação da Associação Atlética da Escola Militar. 
Entre 1920 e 1945, essa associação se torna um dos elementos mais importantes do 
exército. Atenção: não podemos esquecer que, quando tratamos desse período, estamos tratando 
do período entre guerras, ou seja, mais uma relação importante para a educação física e as práticas 
de treinamento militar.
A este período Ferreira Neto (1999) também relaciona as práticas higiênicas no início 
do século XX com Fernando de Azevedo, da mesma forma que Herold Júnior (2010). Fernando 
de Azevedo era um pedagogo patriota que era diretor da instrução pública no Rio de janeiro e 
pregava a existência da ginástica na escola.
Observe que ponto importante temos aqui, ao observar que também no Brasil, 
o exercício físico possuía uma visão utilitária em termos de saúde social. Essa 
situação lembra muito a crítica que Soares (1998) realiza quando trata da 
educação física e dos movimentos ginásticos europeus na França, de forma 
que os Saltimbancos e os praticantes de acrobacias (que mais tarde farão parte 
do ambiente circense) fossem observados com atenção pela autoridade, pois 
transmitiam sentimentos dúbios de maravilhamento e medo, em práticas que não 
eram consideradas úteis para a sociedade. 
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Para você ter uma ideia, segundo Ferreira Neto (1999), a concepção de utilidade para as 
práticas corporais, ou seja, de práticas que possuíam alguma função para a sociedade, e não mera 
apresentação e arte, relacionava-se ao método francês de ensino da Ginástica. Isso se deu, segundo 
o autor, pelo fato de que os brasileiros da época consideravam que os processos da educação física 
e das práticas corporais resultavam no conhecimento prático do homem em movimento.
Figura 1 - Excerto de informação histórica sobre a Ginástica no início do século passado.
Fonte: Goellner (2010).
Esse conhecimento prático do homem em movimento resultava no desenvolvimento 
harmonioso e na melhor exploração de todas as qualidades físicas e morais que constituem um 
aperfeiçoamento da natureza humana. Essas questões são proferidas principalmente pelo Estado 
Maior do Exército, em 1934 (FERREIRA NETO, 1999). 
Para essas práticas, o objetivo era assegurar o desenvolvimento do organismo e manter 
o indivíduo com boa saúde. Além disso, com as adaptações apropriadas para uma função 
profissional, o objetivo era também aumentar o rendimento do trabalhador. 
Levando esses elementos em consideração, podemos sugerir que as bases da ginástica 
laboral estavam estabelecidas e a consideração da educação física neste patamar, com essa função, 
abarcava praticamente a totalidade do que se supunha ser educação física na época. 
Essa visão perdurou por muito tempo em nosso país, e foi se abrir para outras 
possibilidades, principalmente a partir da década de 1970, quando, segundo Tani (2011), a 
maioria dos profissionais que tinha saído para estudar fora do Brasil retornava com uma nova 
visão sobre a educação física, sobre seu potencial e todas as bases que poderiam constituir a 
educação física naquele contexto. Novos rumos estavam se abrindo, abarcando, além dos esportes 
e das ginásticas, muitas outras práticas corporais.
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O processo de consolidação da educação física enquanto identidade de área de 
conhecimento é demorado e passa por uma série de processos. Cada um dos elementos que 
hoje conhecemos como conteúdos estruturantes da educação física (jogos, danças, lutas, esporte, 
ginástica e, a partir da BNCC, atividades na natureza), foi sendo considerado aos poucos e por 
intermédio de muitas mudanças. 
Para entender melhor esse aspecto, exemplificamos com os conteúdos dança e lutas, que, 
historicamente, são praticadas e ensinadas por pessoas que não necessariamente pertencem à 
área de conhecimento da educação física. 
Figura 2 - As lutas ensinadas por mestres e não somente professores de educação física.
Fonte: FEPLAM (2020).
É possível observar também, atualmente, a busca por inserção de novas práticas corporais 
ou reconhecimento de que essas práticas corporais também fazem parte da educação física. Esse 
movimento é bastante dinâmico e vale observar que, por não ser estático, dependendo de quando 
você tiver acesso a este material, novas possibilidades de práticas já estejam inseridas no que 
consideramos hoje educação física.
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Se considerarmos a Base Nacional Comum Curricular, por exemplo, ela determinou 
oficialmente em nosso país que as atividades físicas na natureza sejam consideradas parte da 
educação física, isso aconteceu em 2019. Observamos também uma série de teóricos que estudam 
a manifestação circense, como busca de uma legitimidade dentro da educação física para essa 
área, que atualmente vem sempre conectada com os elementos da ginástica.
2. A EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO NO BRASIL: LEGISLAÇÃO 
EDUCACIONAL BRASILEIRA
Conforme já adiantamos na introdução desta unidade, lembre-se de que retornaremos a 
discutir alguns elementos sobre essa parte, quando abordarmos a história da didática e as relações 
da didática com a educação física. 
Esse período foi bastante profícuo no que se refere ao surgimento de novas abordagens e 
metodologias de ensino da educação e também da educação física. Por essa razão, continuamos a 
discussão desse período na próxima unidade, que objetiva aprofundar as abordagens pedagógicas 
e metodológicas para a educação física, que trataremos aqui como assunto de didática. A respeito 
desta unidade, seguiremos falando a respeito do final do século XX e alguns processos que 
relacionam educação física com a educação no Brasil.
Entender um pouquinho a respeito da legislação brasileira e sua relação com a educação 
física é o objetivo deste subitem, para que a compreensão sobre a nossa formação profissional 
seja fundamentada. Sabemos que você já teve acesso ao conhecimento a respeito das políticas 
públicas e da legislação educacional brasileira, porém retomamos brevemente esse assunto aqui 
para que ele fique mais materializado para você, já que agora ele vai ser aplicado à educação física. 
Por essa razão, vamos abordar a Constituição Federal de 1988 e o papel da educação 
e da educação física nesse contexto, com a LDB 9394/96, e avançaremos para a compreensão 
de algumas situações relacionadas a órgãos internacionais que fomentam a educação no Brasil, 
e alguns indicadores que auxiliam nesseprocesso, que são previstos em planos decenais de 
educação. 
Existem outros documentos que auxiliam no processo também, que são os norteadores 
dos conteúdos a serem ensinados em todo o território nacional. Atualmente, esse documento 
chama-se Base Nacional Comum Curricular, mas ele já foi representado pelos Parâmetros 
Curriculares Nacionais e pelas Diretrizes Curriculares.
O documento que norteia a educação no Brasil é a Constituição Federal de 1988. Em 
seu artigo 205, determina-se que a educação é responsabilidade do Estado e da família. Aqui 
colocamos na íntegra o artigo 205 da constituição federal de 1988: 
[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho (BRASIL, 1988).
É possível observar que a educação é direito de todos e dever do Estado. Silva (2018) 
salienta que a própria constituição federal possibilitaria a efetivação de uma qualificada prática 
pedagógica da educação física no ambiente escolar. Nesse sentido, a educação física deve 
contribuir visando a vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. 
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Outra lei que norteia a educação no nosso país e é muito importante de ser mencionada 
quando tratamos da Educação Física é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, ou LDB (BRASIL, 
1996). O número da LDB é 9394 e ela foi promulgada em 1996. Dessa forma, tratamos a ler como 
9394/96. 
De acordo com essa lei, a educação física torna-se obrigatória no ambiente escolar. Ela é 
colocada como aliada ao desenvolvimento biopsicossocial do aluno: de acordo com a atual Lei de 
Diretrizes e Bases da  Educação  brasileira (LDB 9394/96), art. 26, § 3º, “[...] a  Educação 
Física deve estar presente em todo o Ensino Básico, sendo componente curricular obrigatório 
da Educação Infantil ao Ensino Médio” (BRASIL, 1996).
 Presente no artigo 26 da lei, a educação física é colocada de forma integrada à proposta 
pedagógica da escola como um componente curricular obrigatório na educação básica, que deve 
se ajustar às faixas etárias e às condições da população escolar, de modo a contribuir para o 
desenvolvimento do organismo e da personalidade do educando. 
Figura 3 - A educação física escolar obrigatória.
Fonte: Cruz (2015).
No artigo A legislação educacional e a prática da Educação Física escolar, Beltrão 
e Ferreira (2013) traçam um panorama a respeito da legislação educacional 
brasileira e a educação física. As referências estão ao final desta apostila.
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Essa questão nos faz abordar o contexto da formação de professores de educação física em 
nosso país. Nessa época, 1996, nossa formação era especificada, em geral, como o que chamamos 
de licenciatura plena. Nesse sentido, todas as pessoas com licenciatura plena em educação física 
poderiam atuar nos diversos segmentos da nossa área, independentemente de os espaços serem 
escolares (formais) ou não. É por essa razão que se dizia que os licenciados em educação física 
poderiam atuar em espaços formais ou não formais do ensino.
Antes de avançar para a separação entre licenciatura e bacharelado, abordaremos 
brevemente aqui mais alguns documentos que podem ser interessantes para compreender a 
educação no nosso país.
Ainda que o levantamento de elementos de legislação educacional brasileira dê a impressão 
de que tratar da educação básica refere-se a tratar somente da licenciatura, a formação profissional 
de nossa área está relacionada diretamente com os elementos que norteiam a educação no nosso 
país. Portanto, tratar desses assuntos envolve tanto a licenciatura quanto o bacharelado.
Além da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (BRASIL, 1996), alguns documentos importantes para a educação em nosso país são os 
documentos que norteiam os conteúdos no território nacional e os planos decenais de educação. 
Sobre a Base Nacional Comum Curricular, sabemos que ela faz parte de uma série de 
tentativas já realizadas de se estabelecer conteúdos a serem ensinados, em cada série e disciplina, 
ao longo da extensão do território nacional. Com suas regionalidades observadas, são elaborados 
documentos que buscam sanar as lacunas a respeito da elaboração curricular ao longo do país. 
A primeira dessas tentativas foram o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que 
vigoraram principalmente na primeira década deste século em nosso país. Foram seguidos das 
Diretrizes Curriculares, que vigoraram até 2019. Em 2019, o documento que atualmente sustenta 
essa responsabilidade é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A respeito dos planos decenais de educação, eles são uma exigência para que sejam 
planificadas todas as metas a serem atingidas em 10 anos, com vistas a estabelecer uma espécie 
de prestação de contas às agências de fomento internacional que investem na educação brasileira. 
São muitas as organizações internacionais que investem na educação brasileira. Como 
exemplo, temos o Banco Mundial, o FMI, a ONU, a UNESCO, entre outras agências de fomento 
internacionais.
A respeito do assunto educação física e Base Nacional Comum Curricular, sugerimos 
a leitura do artigo A educação física na BNCC: concepções e fundamentos políticos 
e pedagógicos, de Martineli et al. (2016). Nele, algumas reflexões são tecidas a 
respeito da especificidade da educação física escolar. A referência encontra-se ao 
final desta apostila.
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Quando o investimento é realizado por uma dessas agências na educação do nosso país, 
é necessário que apresentemos alguns resultados. Para que esses resultados sejam apresentados 
no tempo definido, é traçado um planejamento, que é apresentado no plano decenal de educação. 
Atualmente, estamos avançando no segundo plano. O primeiro deles foi feito de 2000 a 2010, 
com uma pausa de 4 anos para reflexão e reelaboração, e o segundo plano, tendo iniciado em 
2014, estende-se até 2024.
Ações como a reorganização das séries iniciais, trazendo uma nova série antes dos 8 anos 
de educação que tínhamos, são exemplos de ações que estão inseridas dentro desse plano: o 
objetivo é aumentar o tempo mínimo de educação na escolarização do nosso país. 
Algumas outras metas preveem alguns indicadores que são determinados por meio de 
avaliações realizadas em todo território nacional. A Prova Brasil e o Exame Nacional do Ensino 
Médio (Enem) são dois exemplos desses indicadores. No Ensino Superior, o exemplo desse 
indicador é o Exame Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Enade). 
No caso do Ensino Superior, esses indicadores auxiliam no processo de compreensão da 
formação e de outros aspectos relacionados à educação em nosso país. Por isso, quando tratamos 
do Enade, a nota determina se um curso é considerado apto ou inapto a continuar formando 
profissionais para trabalharem na área específica do teste realizado. É por essa razão que muitas 
instituições se preocupam bastante com os indicadores a serem apresentados no Enade, que se 
soma a outros indicadores relacionados à formação dos professores e suas publicações, à estrutura 
da instituição e outros elementos que implicam diretamente a formação do aluno para o mercado 
de trabalho.
Durante esse processo de formação profissional, muitas das áreas de formação buscam 
resolver demandas que aparecem conformeo tempo passa. Uma dessas demandas aconteceu 
em nossa área: a formação e uma luta crescente de profissionais que consideram que os quatro 
anos da licenciatura plena já não eram mais suficientes para formar um profissional que tivesse 
capacidade de atuar em dois campos muito distintos: a educação escolar (formal) e o ensino não 
formal. 
Essa consideração se dava pelo fato de que muitos profissionais saíam do meio acadêmico 
ou sem profundidade na sua formação como licenciados ou sem a devida profundidade na sua 
formação e atuação como bacharéis. Essa é uma das razões pelas quais podemos observar hoje 
uma separação da nossa área em bacharelado e licenciatura.
É muito importante ter em mente que os elementos relacionados à educação física 
enquanto duas habilitações independentes datam de esforços que se concretizaram a partir do 
ano de 2006. Até então, em nosso país, a habilitação mais comum era da licenciatura plena. 
Entretanto, a partir do ano de 2006, evidenciou-se a separação entre educação física licenciatura 
para atuação no ensino formal nas instituições escolares, e a educação física bacharelado, para ser 
ministrada com vistas a formar profissionais para trabalhar no ambiente não formal de ensino.
Uma das questões mais importantes que nos auxilia a compreender a separação entre a 
licenciatura e o bacharelado nos cursos de formação em educação física foi a consolidação dos 
conselhos nacionais e regionais de educação física. 
Os conselhos nacionais e regionais de educação física são um assunto bastante polêmico 
para a área. Aqui, mais do que concordar ou discordar da sua atuação, é importante entender 
quais são as propostas do conselho para a formação profissional, quais são as promessas e se essas 
fiscalizações têm sido realizadas ou não e se são benéficas para a formação profissional.
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O conselho federal de educação física, de acordo com as informações que são passadas 
no próprio site do Confef, remonta a uma origem já nos anos 1940, na busca da formação da 
Associação dos Professores de Educação Física (APEF), localizada no RJ, RS e SP. Essa associação, 
localizada em três estados, formou a Federação Brasileira de Associações de Professores de 
Educação Física (FBAPEF), em 1946. 
O caminho foi longo. Avançando alguns anos, cabe ressaltar que, no início de 1994, 
muitos estudantes de educação física se preocupavam com o aumento de pessoas que não tinham 
formação na área atuando no mercado emergente, principalmente como instrutores de atividades 
físicas. 
Essa grande teia de colaboradores, assim chamada, constituiu, em 1995, um movimento 
nacional pela regulamentação do profissional de educação física. A figura a seguir representa esse 
movimento sob a visão do conselho nacional de educação física.
Figura 4 - Teia de colaboradores do “Movimento nacional pela regulamentação do profissional de educação física”.
Fonte: Confef (2020).
Contudo, a aprovação da regulamentação da profissão de educação física no Brasil teve 
seu processo de regulamentação aprovado pelo congresso e promulgado pelo presidente da 
república em 1º de setembro de 1998. Por essa razão, o dia primeiro de setembro foi selecionado 
para comemoração do dia do profissional da educação física.
A figura a seguir representa o Diário Oficial da União do dia 2 de setembro de 1998, 
com a publicação da Lei 9696 de 1º de setembro de 1998, que dispõe sobre a regulamentação 
da profissão de educação física e cria os respectivos conselho federal e conselhos regionais de 
educação física.
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É muito importante entender o debate que foi permitido após a regulamentação da 
profissão do professor de educação física, com essa característica mais exclusiva relacionada a 
uma ação de bacharelado. Consideramos ser este um importante marco nessa questão relacionada 
à divisão do curso entre licenciatura e bacharelado.
Figura 5 - Diário Oficial da União de 2 de setembro de 1998.
Fonte: Confef (2020).
Entretanto, muitos profissionais da licenciatura permanecem comemorando o seu dia no 
dia 15 de outubro, dia do professor. Conforme salientamos, o movimento para reintegração de 
ambas as áreas da Educação Física é bastante intenso.
As tensões e relaxamentos acerca dessas diferentes habilitações nunca deixaram de existir. 
A partir do ano de 2020, foi estabelecida a habilitação única para as licenciaturas e bacharelados, 
de forma que, a partir do terceiro ano, o aluno opta por uma das duas habilitações e pode 
complementar com a outra ao final de sua formação. 
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O movimento que busca a reunificação do curso de educação física em uma habilitação 
que contemple as duas formações é bastante grande. Nesse aspecto, salientamos que é muito 
importante que você leve em consideração que, como essa luta é bastante dinâmica, é possível 
que o panorama atual do momento em que você estiver tendo contato com este material já seja 
diferente do panorama em que estamos agora. Isso significa que você terá a oportunidade de 
adotar esta apostila como uma referência sobre como a educação física estava no ano de 2020 no 
Brasil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer um pouco mais a respeito da 
constituição da educação física enquanto profissão e área de conhecimento em nosso país. Foi 
possível entender também que a educação física brasileira nasceu de uma forma relacionada ao 
que acontecia na educação física mundial, importada dos padrões europeus.
Observamos também nesta unidade elementos relacionados às políticas públicas da 
educação e a inserção da educação física nesses elementos, além da constituição do curso de 
educação física e sua formação profissional segmentada.
 De posse de todo esse conhecimento, na próxima unidade, vamos abordar um 
pouco mais a respeito das características do processo de ensino-aprendizagem, que no geral 
chamamos de didática e que se referem ao ato de ensinar.
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U N I D A D E
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................37
1. A FORMA DE ENSINAR E A DIDÁTICA ...................................................................................................................38
2. A RELAÇÃO ENTRE A DIDÁTICA E OS DIFERENTES MOMENTOS HISTÓRICOS .............................................. 41
3. AS ABORDAGENS METODOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 51
REFLEXÕES A RESPEITO DA FORMA DE 
ENSINAR E A DIDÁTICA
PROF.A DRA. PAULA MARRONI 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS, 
ÉTICOS E DIDÁTICA APLICADOS À EDUCAÇÃO 
FÍSICA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Após conhecer um pouco mais sobre o universo da educação física em termos históricos

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